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PROCESSO SAÚDE E DOENÇA Prof.ª Enf.ª Diana Fráguas CONCEITOS Prática clínica: • “Ausência de doença” • “Doença: Falta ou perturbação da saúde” • OMS (1948): “Saúde é um completo estado de bem estar físico, mental e social.” • Aurélio: “Saúde é o estado do indivíduo cujas funções orgânicas, físicas e mentais se acham em situação normal.” CONCEITO DE SAÚDE SER HUMANO BIOPSICOSOCIAL • Saúde é a resultante das condições de alimentação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso e posse da terra, acesso a serviços de saúde.... resultado de formas de organização social de produção, as quais podem gerar profundas desigualdades no níveis de saúde. 8a. Conferência Nacional de Saúde CONCEITO DE DOENÇA Qualidade de vida • A doença é um sinal da alteração do equilíbrio homem-ambiente, estatisticamente relevante e precocemente calculável, produzida pelas transformações produtivas, territoriais, demográficas e culturais. • A qualidade de vida resulta da adequação das condições sócio-ambientais às exigências humanas. DOENÇA A doença não pode ser compreendida apenas por meio das medições fisiopatológicas, pois quem estabelece o estado da doença é o sofrimento, a dor, o prazer, enfim os valores e sentimentos expressos pelo corpo subjetivo que adoece (CANGUILHEM; CAPONI apud BRÊTAS e GAMBA,2006). HISTÓRICO Na antiguidade, quando das religiões politeístas, acreditava-se que a saúde era dádiva e a doença castigo dos deuses, com o decorrer dos séculos e com o advento das religiões monoteístas a dádiva da saúde e o castigo da doença passou a ser da responsabilidade de um único Deus. HISTÓRICO A história da saúde e da doença é, desde os tempos mais longínquos, uma história de construções de significações sobre: ✓a natureza, ✓as funções e a estrutura do corpo, ✓ e ainda sobre as relações corpo-espírito e pessoa-ambiente. HISTÓRICO Até o século VI a.C. predominava na Grécia uma concepção mística do mundo, as práticas médicas continuavam sendo baseadas nas superstições e nos mitos. Por volta do século V a.C. surgiram alguns médicos com novas teorias do funcionamento do corpo humano: ➢Hipócrates: as mudanças mais significativas à medicina. ➢Rompeu com a superstição e a prática mágica da saúde primitiva, ➢Transformou o conhecimento médico numa ciência sistemática. HISTÓRICO Por volta do séculoV a.C.HIPÓCRATES: ➢ “via o homem como uma unidade organizada e entendia a doença como uma desorganização deste estado” ➢ Se preocupava com a relação médico-paciente no processo de cura. ➢Por 2.000 anos permaneceu praticamente intacto. ➢ considerava que o ambiente e o estilo de vida da pessoa influenciavam o seu estado de saúde. ➢A saúde significava mente sã em corpo são e só podia ser mantida se a pessoa seguisse um estilo de vida consonante com as leis naturais. HISTÓRICO 475 d.C. queda do Império Romano : ✓ Submissão a uma nova força espiritual: a Igreja Cristã. ✓ Durante a Idade Média, a Igreja interferia: ✓Em questões políticas, morais, educacionais e jurídicas da sociedade medieval. ✓ Influenciava as concepções sobre saúde e doença e as respectivas práticas médicas ✓ As doenças atribuídas aos pecados (vistas como punição) ✓Tratamentos por meio de preces, penitências e assistência dos santos HISTÓRICO Século XIV. Crise na Europa: ➢Guerras, fome e muitas epidemias (mais famosa foi a peste negra) ➢Declínio do período feudal; ➢ Início a uma nova forma de organização da sociedade e, consequentemente, a uma ressignificação da saúde. HISTÓRICO A partir do Século XV- Renascimento na Europa: Campo da medicina: ✓Vesálio (médico belga) - desafiando a proibição religiosa ✓Anatomia humana ✓ Servet (méd espanhol) e Harvey (méd britânico) ✓Circulação sanguínea Nunca antes, na história da humanidade, o saber havia sido tão fértil, porém apesar dos avanços, o quadro sanitário não modificava. HISTÓRICO Século XVII- Ruptura entre mente e corpo; ✓O corpo era uma máquina perfeita; ✓A mente, uma expressão divina, estava fora do alcance da ciência e ficava aos cuidados da Igreja. Século XVII - Descartes ( França, 1596 —1650) ✓ O corpo humano:Máquina ✓ Composto por partes (órgãos) ✓As doenças: “problema de funcionamento”, temporário ou permanente das partes, ou de uma das partes. HISTÓRICO Século XVIII – Rev. Industrial – ING e ALE Condições insalubres Migração e aglomeração das pessoas nas cidades Difusão dos microorganismos em ambientes de trabalho Alteração do perfil de adoecimento Questões de saneamento + miséria + péssimas condições de trabalho Acidentes e doenças infecto-contagiosas ◦ Muitas mortes por tuberculose, sarampo, pneumonia, gripe e outras doenças HISTÓRICO Século XVIII – Rev. Industrial – ING e ALE Perdas econômicas suscitaram a intervenção dos governos dentro das fábricas O Estado: ◦ Tornou-se responsável pelo do bem estar sanitário da população. ◦ Medidas de saúde pública começaram a ser realizadas. HISTÓRICO O modelo biomédico, aplicado à saúde pública, desenvolveu-se, devido ao reconhecimento de que: ✓ as doenças infecciosas eram difíceis senão impossíveis de curar e, uma vez instaladas no adulto, o seu tratamento e a sua cura eram dispendiosos; ✓ os indivíduos contraíam doenças infecciosas em contato com o meio ambiente físico e social que continha o agente patogénico; ✓ as doenças infecciosas não se contraíam a não ser que o organismo hospedeiro fornecesse um meio favorável ao desenvolvimento do agente infeccioso. HISTÓRICO Para prevenir as doenças era necessário controlar os agentes patogénicos: ✓ construção de sistemas de esgotos, distribuição de água potável, clorificação das águas de consumo. Quando essas medidas falhavam, intervinha a medicina curativa. Frequentes enfermidades Invasões e a imigração provocaram aumento dos povoados; Cuidados higiênicos precários; COROA Criar os cargos de físico-mor e cirurgião-mor Para cuidar da saúde da população. HISTÓRICO BRASIL – 1808- Chegada da Corte Port. Fundou-se as academias MÉDICO-CIRÚRGICA da Bahia e Rio de Janeiro Funcionavam como órgão consultivo ao imperador em questões de saúde pública Meados do século XX, Surgiram doenças de etiologia comportamental São as doenças da modernidade. A preocupação com o tratamento focado somente nos micróbios voltou-se para comportamento individual que requer mudanças de hábitos como deixar de fumar, alimentar-se bem, fazer atividades físicas e controlar o estresse. HISTÓRICO Século XXI, significa: ◦ considerar a dimensão psíquica, social e comportamental da atual sociedade, ◦ centrar as ações no sujeito portador de necessidades de saúde; ◦ escolhas que fazem e é “parte” do que chamamos estilo de vida. Estilos de vida: é o como o sujeito se relaciona com ele mesmo, com os outros e com a natureza. PRÁTICO Vamos refletir sobre o modelo de autocuidado na prática com um caso rotineiro, assim como os vários determinantes do Processo Saúde-Doença: Jaqueline, 29 anos, demanda todos os dias a UBS por falta de ar e chiado no peito, além de dor de dente, apresenta úlcera irregular com exsudato cinza amarelado na cavidade oral. PRÁTICO Contextualização: moradora de rua e usuária de crack, vive com companheiro alcoólatra, passou a frequentar a UBS quase diariamente após o Agente Comunitário de Saúde (ACS) e o profissional de enfermagem terem ido visitá-los embaixo do viaduto. A equipe foi notificada pela vigilância epidemiológica, pois ambos passaram no pronto socorro e tiveram exames de escarropositivo para tuberculose. Reconhecimento: o fato de a cliente comparecer diariamente à UBS é positivo para a adesão ao tratamento; não julgá-la e respeitá-la como portadora de um agravo pode ser a chave do sucesso. Juntos, os profissionais devem colher todos os dados possíveis e discutir o caso e qual o resultado desejado. PRÁTICO Interpretação da equipe: com base nos conhecimentos adquiridos, os profissionais deverão trazer sua contribuição específica e aproveitar ao máximo as interpretações uns dos outros. Resposta: deverão visualizar um único plano de ação e executá-lo, a fim de levar a moradora de rua à cura e ao seu autocuidado. Os encaminhamentos fazem parte dessas ações (ex.: ambulatório para dependentes de álcool e drogas). CONCLUSÕES Segundo Brêtas e Gamba (2006), por mais que se pense a saúde na dimensão do coletivo, é o ser humano que adoece e como tal requer cuidados. A saúde e o adoecer são experiências subjetivas e individuais, conhecidas de maneira intuitiva, dificilmente descritas ou quantificáveis. CONCLUSÕES É na lógica relacional que se visualiza o cuidado e a assistência pelos profissionais da saúde, que se concretizam de forma abrangente quando aliados aos conhecimentos técnicos, científicos e políticos, capazes de sustentar as bases do cuidado profissional, a sensibilidade humana para compreender a subjetividade expressa pelo ser que está sendo cuidado. CONCLUSÕES Cabe aos profissionais da saúde rever sua prática, buscando entender que não basta trabalhar com as doenças, é necessário compreender o indivíduo no todo como alguém que vive a experiência da necessidade, do adoecimento, carregada de valores e significados subjetivos, únicos, capazes de interferir na qualidade do cuidado prestado. CONCLUSÃO Assim, resta-nos, como profissionais da saúde, enfrentar o desafio de construir estratégias para conceber a saúde no âmbito da atenção básica de forma mais solidária e menos punitiva na convivência com os estilos de vida individuais (CAPONI apud BRÊTAS e GAMBA,2006).