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MECÂNICA DOS SOLOS CCE0255 HILIS LEONARDO BARROS 1 – INTRODUÇÃO 2 - ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS 4 – TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS BIBLIOGRAFIA CURSO BÁSICO DE MECANICA DOS SOLOS AUTOR - CARLOS DE SOUZA PINTO 1 - INTRODUÇÃO São exemplos de obras que utilizam o solo como material de construção os aterros rodoviários, as bases para pavimentos de aeroportos e as barragens de terra, estas últimas podendo ser citadas como pertencentes a uma categoria de obra de engenharia a qual é capaz de concentrar, em um só local, uma enorme quantidade de recursos, exigindo para a sua boa construção uma gigantesca equipe de trabalho, calcada principalmente na interdisciplinaridade de seus componentes. O estudo do comportamento do solo frente às solicitações a ele impostas por estas obras é portanto de fundamental importância. Pode-se dizer que, de todas as obras de engenharia, aquelas relacionadas ao ramo do conhecimento humano definido como geotecnia, são responsáveis pela maior parte dos prejuízos causados à humanidade, sejam eles de natureza econômica ou mesmo a perda de vidas humanas. 1 - INTRODUÇÃO 1 - INTRODUÇÃO A mecânica dos solos é o estudo do comportamento de engenharia do solo quando este é usado ou como material de construção ou como material de fundação. Ela é uma disciplina relativamente jovem da engenharia civil, somente sistematizada e aceita como ciência em 1925, após trabalho publicado por Terzaghi (Terzaghi, 1925), que é conhecido, com todos os méritos, como o pai da mecânica dos solos. O solo é um material trifásico, composto basicamente de ar, água e partículas sólidas. A parte fluida do solo (ar e água) pode se apresentar em repouso ou pode se movimentar pelos seus vazios mediante a existência de determinadas forças, o movimento da fase fluida do solo é estudado com base em conceitos desenvolvidos pela mecânica dos fluidos. - Fundações - Obras subterrâneas e estruturas de contenção - Projeto de pavimentos - Escavações, aterros e barragens 1 - INTRODUÇÃO 2 - ORIGEM E FORMAÇÃO DOS SOLOS 2.1 CONCEITO DE SOLO E ROCHA No linguajar popular a palavra solo está intimamente relacionada com a palavra terra, a qual poderia ser definida como material solto, natural da crosta terrestre onde habitamos. Na engenharia, é conveniente definir como rocha aquilo que é impossível escavar manualmente, que necessite de explosivo para seu desmonte. Chamamos de solo, em engenharia, a rocha já decomposta ao ponto granular e passível de ser escavada apenas com o auxílio de pás e picaretas ou escavadeiras . A crosta terrestre é composta de vários tipos de elementos que se interligam e formam minerais, esses minerais poderão estar agregados como rochas ou solo. Todo solo tem origem na desintegração e decomposição das rochas pela ação de agentes intempéricos ou antrópicos. As partículas resultantes deste processo de intemperismo irão depender fundamentalmente da composição da rocha matriz e do clima da região. 2.1 CONCEITO DE SOLO E ROCHA Por ser o produto da decomposição das rochas, o solo invariavelmente apresenta um maior índice de vazios do que a rocha mãe, vazios estes ocupados por ar, água ou outro fluido de natureza diversa. Devido ao seu pequeno índice de vazios e as fortes ligações existentes entre os minerais, as rochas são coesas, enquanto que os solos são granulares, os grãos de solo podem ainda estar impregnados de matéria orgânica. Desta forma, podemos dizer que para a engenharia, solo é um material granular composto de rocha decomposta, água, ar (ou outro fluido) e eventualmente matéria orgânica, que pode ser escavado sem o auxílio de explosivos. 2.2 INTEMPERISMO Intemperismo é o conjunto de processos físicos, químicos e biológicos pelos quais a rocha se decompõe para formar o solo. O processo de intemperismo é frequentemente dividido em três categorias: físico químico e biológico. Deve se ressaltar contudo, que na natureza todos estes processos tendem a acontecer ao mesmo tempo, de modo que um tipo de intemperismo auxilia o outro no processo de transformação rocha- solo. 2.2 INTEMPERISMO 2.2 INTEMPERISMO 2.2.1 IMTEMPERISMO FÍSICO Intemperismo físico é o processo de decomposição da rocha sem a alteração química dos seus componentes. Os principais agentes do intemperismo físico são: - Variações de Temperatura: uma rocha é geralmente formada de diferentes tipos de minerais, cada qual possuindo uma constante de dilatação térmica diferente, o que faz a rocha deformar de maneira desigual em seu interior, provocando o aparecimento de tensões internas que tendem a fraturá-la. - Repuxo coloidal: o repuxo coloidal é caracterizado pela retração da argila devido à sua diminuição de umidade, o que em contato com a rocha pode gerar tensões capazes de fraturá-la. - Alívio de pressões - Alívio de pressões irá ocorrer em um maciço rochoso sempre que da retirada de material sobre ou ao lado do maciço, provocando a sua expansão, o que por sua vez, irá contribuir no fraturamento, estricções e formação de juntas na rocha. 2.2 INTEMPERISMO 2.2.2 IMTEMPERISMO QUÍMICO É o processo de decomposição da rocha com a alteração química dos seus componentes. Pode-se dizer, contudo, que praticamente todo processo de intemperismo químico depende da presença da água. Entre os processos de intemperismo químico destacam-se os seguintes: - Hidrólise - é o mecanismo que leva a destruição dos silicatos, que são os compostos químicos mais importantes da litosfera. Em resumo, os minerais na presença dos íons H+ liberados pela água são atacados, reagindo com os mesmos. O H+ penetra nas estruturas cristalinas dos minerais desalojando os seus íons originais (Ca++, K+, Na+, etc.) causando um desequilíbrio na estrutura cristalina do mineral e levando-o a destruição. 2.2.2 IMTEMPERISMO QUÍMICO - Hidratação - é a entrada de moléculas de água na estrutura dos minerais. Alguns minerais quando hidratados (feldspatos, por exemplo) sofrem expansão, levando ao fraturamento da rocha. - Carbonatação - O ácido carbônico é o responsável por este tipo de intemperismo. O intemperismo por carbonatação é mais acentuado em rochas calcárias por causa da diferença de solubilidade entre o CaCo3 e o bicarbonato de cálcio formado durante a reação. 2.2 INTEMPERISMO 2.2.2 IMTEMPERISMO BIOLÓGICO A decomposição da rocha se dá graças a esforços mecânicos produzidos por vegetais através das raízes, por animais através de escavações dos roedores, da atividade de minhocas ou pela ação do próprio homem, ou por uma combinação destes fatores. Solos gerados em regiões onde há a predominância do intemperismo químico tendem a ser mais profundos e mais finos do que aqueles solos formados em locais onde há a predominância do intemperismo físico. Os solos originados a partir de uma predominância do intemperismo físico apresentarão uma composição química semelhante à da rocha mãe, ao contrário daqueles solos formados em locais onde há predominância do intemperismo químico. 2.3 - CICLO ROCHA - SOLOS 2.3 - CICLO ROCHA - SOLOS 2.3 - CICLO ROCHA - SOLOS 2.3 - CICLO ROCHA - SOLOS O processo indicado pela linha 6-1 é denominado de extrusão vulcânica e é responsável pela formação da rocha ígnea, basalto. A depender do tempo de resfriamento, o basalto pode mesmo vir a apresentar uma estrutura vítrea. Quando o magma não chega à superfície terrestre, mas ascende a pontos mais próximos à superfície, com menor temperatura e pressão, ocorre um resfriamentomais lento (linha 6-7), o que permite a formação de estruturas cristalinas mais estáveis, e, portanto, de rochas mais resistentes, denominadas de intrusivas ou plutônicas (diabásio, gabro e granito). A contínua deposição de solos faz aumentar a pressão e a temperatura nas camadas mais profundas, que terminam por ligarem seus grãos e formar as rochas sedimentares (linha 3-4), este processo chama-se litificação ou diagênese. 2.3 - CICLO ROCHA - SOLOS As rochas sedimentares podem, da mesma maneira que as rochas ígneas, aflorarem à superfície e reiniciar o processo de formação de solo ( linha 4-1), ou de forma inversa, as deposições podem continuar e consequentemente prosseguir o aumento de pressão e temperatura, o que irá levar a rocha sedimentar a mudar suas características texturais e mineralógicas, a achatar os seus cristais de forma orientada transversalmente à pressão e a aumentar a ligação entre os cristais ( linha 4-5). O material que surge daí tem características tão diversas da rocha original, que muda a sua designação e passa a se chamar rocha metamórfica. Naturalmente, a rocha metamórfica está sujeita a ser exposta (linha 5-1), decomposta e formar solo. Se persistir o aumento de pressão e temperatura graças à deposição de novas camadas de solo, a rocha fundirá e voltará à forma de magma (linha 5-6). 3 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS Há diferentes maneiras de se classificar os solos, como pela origem, pela sua evolução, pela presença ou não de matéria orgânica, pela estrutura, pelo preenchimento dos vazios, etc. Classificaremos conforme o seu processo geológico de formação. Na classificação genética, os solos são divididos em dois grandes grupos, sedimentares e residuais, a depender da existência ou não de um agente de transporte na sua formação, respectivamente. Os principais agentes de transporte atuando na formação dos solos sedimentares são a água, o vento e a gravidade. Estes agentes de transporte influenciam fortemente nas propriedades dos solos sedimentares, a depender do seu grau de seletividade. 3.1 SOLOS RESIDUAIS São solos que permanecem no local de decomposição da rocha, para que eles ocorram é necessário que a velocidade de decomposição da rocha seja maior do que a velocidade de remoção do solo por agentes externos. As condições existentes nas regiões tropicais são favoráveis a degragações mais rápidas da rocha, razão pela qual há uma predominância de solos residuais nestas regiões (centro sul do Brasil). I Figura 1 – Perfil solo residual Figura 2 – saprólito (saibro) 3.1 SOLOS RESIDUAIS Em se tratando de solos residuais, é de grande interesse a identificação da rocha sã, pois ela condiciona, entre outras coisas, a própria composição química do solo. O solo residual jovem apresenta boa quantidade de material que pode ser classificado como pedregulho (# > 4,8 mm). Geralmente são bastante irregulares quanto a resistência mecânica, coloração, permeabilidade e compressibilidade, já que o processo de transformação não se dá em igual intensidade em todos os pontos, comumente existindo blocos da rocha no seu interior. De uma forma geral, há um aumento da resistência ao cisalhamento, da textura (granulometria) e da heterogeneidade do solo com a profundidade, razão esta pela qual a realização de ensaios de laboratório em amostras de solo residual jovem ou do horizonte saprolítico é bastante trabalhosa. 3.1 SOLOS RESIDUAIS 3.1 SOLOS SEDIMENTARES Os solos sedimentares ou transportados são aqueles que foram levados ao seu local atual por algum agente de transporte e lá depositados. As características dos solos sedimentares são função do agente de transporte. Cada agente de transporte seleciona os grãos que transporta com maior ou menor facilidade, além disto, durante o transporte, as partículas de solo se desgastam e/ou quebram. Resulta daí um tipo diferente de solo para cada tipo de transporte. Esta influência é tão marcante que a denominação dos solos sedimentares é feita em função do agente de transporte predominante. Pode-se listar os agentes de transporte, por ordem decrescente de seletividade, da seguinte forma: Ventos (Solos Eólicos) Águas (Solos Aluvionares) Água dos Oceanos e Mares (Solos Marinhos) Água dos Rios (Solos Fluviais) Água de Chuvas (Solos Pluviais) Geleiras (Solos Glaciais) Gravidade (Solos Coluvionares) 3.2 SOLOS SEDIMENTARES O transporte pelo vento dá origem aos depósitos eólicos de solo. Em virtude do atrito constante entre as partículas, os grãos de solo transportados pelo vento geralmente possuem forma arredondada. Pode-se dizer portanto que a ação do transporte do vento se restringe ao caso das areias finas ou silte. Por conta destas características, os solos eólicos possuem grãos de aproximadamente mesmo diâmetro, apresentando uma curva granulométrica denominada de uniforme (dunas). Solos resultantes do transporte pela água apresenta textura dependente da velocidade da água no momento da deposição, sendo frequente a ocorrência de camadas de granulometrias distintas, devidas às diversas épocas de deposição. De um modo geral, pode-se dizer que os solos aluvionares apresentam um grau de uniformidade de tamanho de grãos intermediário entre os solos eólicos (mais uniformes) e coluvionares (menos uniformes). Os solos coluvionares são dentre os solos transportados os mais heterogêneos granulometricamente, pois a gravidade transporta indiscriminadamente desde grandes blocos de rocha até as partículas mais finas de argila. 3.2 SOLOS SEDIMENTARES (TRANSPORTADOS) 3.3 SOLOS ORGÂNICOS Formados pela impregnação do solo por sedimentos orgânicos preexistentes, em geral misturados a restos de vegetais e animais. Podem ser identificados pela cor escura e por possuir forte cheiro característico. Têm granulometria fina, pois os solos grossos tem uma permeabilidade que permite a "lavagem" dos grãos, eximindo-os da matéria impregnada. As turfas são solos que incorporam florestas soterradas em estado avançado de decomposição. Têm estrutura fibrilar composta de restos de fibras vegetais e não se aplicam aí as teorias da Mecânica dos Solos, sendo necessários estudos especiais. Têm ocorrência registrada na Bahia, Sergipe, Rio Grande do Sul e outros estados do Brasil. Solo Orgânico (Organossolo) na região de Barbacena – MG. 3.4 SOLOS DE EVOLUÇÃO PEDOGÊNICA Alguns solos sofrem uma série de transformações físico-químicas que os levam a ser classificados como solos de evolução pedogênica. Os solos lateríticos são um tipo de solo de evolução pedogênica. O processo de laterização é típico de regiões onde há uma nítida separação entre períodos chuvosos e secos e é caracterizado pela lavagem da sílica coloidal dos horizontes superiores do solo, com posterior deposição desta em horizontes mais profundos, resultando em solos superficiais com altas concentrações de óxidos de ferro e alumínio. Compreendem a lixiviação do horizonte superficial e concentração de partículas coloidais no horizonte profundo e Impregnação com húmus do horizonte superficial. Na engenharia, esta camada recebe o nome de "solo superficial" e têm pouco interesse técnico. (VARGAS, 1978). 4 QUIMICA E MINERALOGIA DOS SOLOS 4.1 ESTRUTURA DOS SOLOS Sendo a gravidade o fator principal agindo na formação da estrutura dos solos grossos, a estrutura destes solos difere, de solo para solo, somente no que se refere ao seu grau de compacidade. No caso dos solos finos, devido a presença das forças de superfície, arranjos estruturais bem mais elaborados sãopossíveis. Quando duas partículas de argila estão muito próximas, entre elas ocorrem forças de atração e de repulsão. As forças de repulsão são devidas às cargas líquidas negativas que elas possuem. As forças de atração decorrem de forças de Van der Waals e de ligações secundárias que atraem materiais adjacentes. A combinação das forças de atração e de repulsão entre as partículas resulta a estrutura dos solos. Lambe (1969) identificou dois tipos básicos de estrutura do solo, denominando-os de estrutura floculada, quando os contatos se fazem entre faces e arestas das partículas sólidas ainda que através da água adsorvida, e de estrutura dispersa quando as partículas se posicionam paralelamente, face a face. 4.1 ESTRUTURA DOS SOLOS FIGURA 3 - Alguns arranjos estruturais presentes em solos grossos e finos 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA Os minerais são partículas sólidas inorgânicas que constituem as rochas e os solos, e que possuem forma geométrica, composição química e estrutura própria e definidas. Eles podem ser divididos em dois grandes grupos, a saber: - Primários - Aqueles encontrados nos solos e que sobrevivem a transformação da rocha (advêm portanto do intemperismo físico). - Secundários - Os que foram formados durante a transformação da rocha em solo (ação do intemperismo químico). SOLOS GROSSOS – areias e pedregulhos -Formados, na sua maior parte, por silicatos (90%) e apresentam também na sua composição óxidos, carbonatos e sulfatos. Grupos Minerais Silicatos - feldspato, quartzo, mica, serpentina. Óxidos - hematita, magnetita, limonita. Carbonatos - calcita, dolomita. Sulfatos - gesso, anidrita. 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA SOLOS FINOS – argilas - Possuem uma estrutura mais complexa e alguns fatores, como forças de superfície, concentração de íons, ambiente de sedimentação, podem intervir no seu comportamento. As argilas possuem uma complexa constituição química e mineralógica, sendo formadas por sílica no estado coloidal (SiO2) e sesquióxidos metálicos (R2O3), onde R = Al; Fe. FIGURA 4 - Arranjos estruturais típicos dos três principais grupos de argilominerais. 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA As duas unidades estruturais básicas dos argilo-minerais são os tetraedros de silício e os octaédros de alumínio. Os tetraedros de silício são formados por quatro átomos de oxigênio eqüidistantes de um átomo de silício enquanto que os octaédros de alumínio são formados por um átomo de alumínio no centro, envolvido por seis átomos de oxigênio ou grupos de hidroxilas, OH-. A depender do modo como estas unidades estruturais estão unidas entre si, podemos dividir os argilominerais em três grandes grupos. 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA a) CAULINITA: A caulinita é formada por uma lâmina silícica e outra de alumínio, que se superpõem indefinidamente. A união entre todas as camadas é suficientemente firme (pontes de hidrogênio) para não permitir a penetração de moléculas de água entre elas. Assim, as argilas cauliníticas são as mais estáveis em presença d'água, apresentando baixa atividade e baixo potencial de expansão. b) MONTMORILONITA: É formada por uma unidade de alumínio entre duas silícicas, superpondo-se indefinidamente. Neste caso a união entre as camadas de silício é fraca (forças de Van der Walls), permitindo a penetração de moléculas de água na estrutura com relativa facilidade. Apresentam em geral grande resistência quando secos, perdendo quase que totalmente a sua capacidade de suporte por saturação. c) ILITA: Possui um arranjo estrutural semelhante ao da montmorilonita porem os íons não permutáveis fazem com que a união entre as camadas seja mais estável e não muito afetada pela água. 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA 4.2 COMPOSIÇÃO QUIMICA E MINERALÓGICA 5 – TEXTURA E ESTRUTURA DOS SOLOS 5.1 TAMANHO E FORMA DAS PARTICULAS Entende-se por textura o tamanho relativo e a distribuição das partículas sólidas que formam os solos. Pela sua textura os solos podem ser classificados em dois grandes grupos: solos grossos (areia, pedregulho, matacão) e solos finos (silte e argila). Esta divisão é fundamental no entendimento do comportamento dos solos, pois a depender do tamanho predominante das suas partículas, as forças de campo influenciando em seu comportamento serão gravitacionais (solos grossos) ou elétricas (solos finos). De uma forma geral, pode-se dizer que quanto maior for a relação área/volume ou área/massa das partículas sólidas, maior será a predominância das forças elétricas ou de superfície. 5.1 TAMANHO E FORMA DAS PARTICULAS PEDREGULHO - São classificados como pedregulho as partículas de solo com dimensões maiores que 2,0mm (DNER, MIT) ou 2,0mm (ABNT). AREIAS - Classificamos como areia as partículas com dimensões entre 2,0mm e 0,074mm (DNER), 2,0mm e 0,05mm (MIT) ou ainda 2,0mm e 0,06mm (ABNT). SILTES - Estes possuem granulação fina, pouca ou nenhuma plasticidade e baixa resistência quando seco. ARGILAS - Diâmetro inferior a 0,002mm e se caracteriza pela sua plasticidade marcante (capacidade de se deformar sem apresentar variações volumétricas) e elevada resistência quando seca. É a fração mais ativa dos solos. FIGURA 1 - Escala granulométrica da ABNT NBR 6502 de 1995 5.2 IDENTIFICAÇÃO TATIL E VISUAL DOS SOLOS Muitas vezes em campo temos a necessidade de uma identificação prévia do solo, sem que o uso do aparato de laboratório esteja disponível. Esta classificação primária é extremamente importante na definição de ensaios de laboratório mais elaborados e pode ser obtida a partir de alguns testes feitos rapidamente em uma amostra de solo. Tato: Esfrega-se uma porção do solo na mão. As areias são ásperas; as argilas parecem com um pó quando secas e com sabão quando úmidas. Plasticidade: Moldar bolinhas ou cilindros de solo úmido. As argilas são moldáveis enquanto as areias e siltes não são moldáveis. Resistência do solo seco: As argilas são resistentes a pressão dos dedos enquanto os siltes e areias não são. Dispersão em água: Misturar uma porção de solo seco com água em uma proveta, agitando-a. As areias depositam-se rapidamente, enquanto que as argilas turvam a suspensão e demoram para sedimentar. Impregnação: Esfregar uma pequena quantidade de solo úmido na palma de uma das mãos. Colocar a mão embaixo de uma torneira aberta e observar a facilidade com que a palma da mão fica limpa. Solos finos se impregnam e não saem da mão com facilidade. 5.2 IDENTIFICAÇÃO TATIL E VISUAL DOS SOLOS Dilatância: O teste de dilatância permite obter uma informação sobre a velocidade de movimentação da água dentro do solo. Para a realização do teste deve-se preparar uma amostra de solo com cerca de 15mm de diâmetro e com teor de umidade que lhe garanta uma consistência mole. O solo deve ser colocado sobre a palma de uma das mãos e distribuído uniformemente sobre ela, de modo que não apareça uma lâmina d'água. O teste se inicia com um movimento horizontal da mão, batendo vigorosamente a sua lateral contra a lateral da outra mão, diversas vezes. Deve-se observar o aparecimento de uma lâmina d'água na superfície do solo e o tempo para a ocorrência. Em seguida, a palma da mão deve ser curvada, de forma a exercer uma leve compressão na amostra, observando-se o que poderá ocorrer à lâmina d' água, se existir, à superfície da amostra. O aparecimento da lâmina d água durante a fase devibração, bem como o seu desaparecimento durante a compressão e o tempo necessário para que isto aconteça deve ser comparado aos dados da tabela, para a classificação do solo. 5.2 IDENTIFICAÇÃO TATIL E VISUAL DOS SOLOS TABELA 1 – Teste de dilatância 5.3 ANALISE GRANULOMÉTRICA A análise da distribuição das dimensões dos grãos, denominada análise granulométrica, objetiva determinar os tamanhos dos diâmetros equivalentes das partículas sólidas em conjunto com a proporção de cada fração constituinte do solo em relação ao peso de solo seco. A representação gráfica das medidas realizadas é denominada de curva granulométrica. Pelo fato de o solo geralmente apresentar partículas com diâmetros equivalentes variando em uma ampla faixa, a curva granulométrica é normalmente apresentada em um gráfico semi-log, com o diâmetro equivalente das partículas em uma escala logarítmica e a percentagem de partículas com diâmetro inferior à abertura da peneira considerada (porcentagem que passa) em escala linear. 5.3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA O ensaio de granulometria conjunta para o levantamento da curva granulométrica do solo é realizado com base em dois procedimentos distintos: a) peneiramento - realizado para partículas com diâmetros equivalentes superiores a 0,074mm (peneira 200) b) Sedimentação - procedimento válido para partículas com diâmetros equivalentes inferiores a 0,2mm. O ensaio de peneiramento não é realizado para partículas com diâmetros inferiores a 0,074mm pela dificuldade em se confeccionar peneiras com aberturas de malha desta ordem de grandeza. Embora existindo no mercado, a peneira 400 (com abertura de malha de 0,045mm) não é regularmente utilizada no ensaio de peneiramento, por ser facilmente danificada e de custo elevado. 5.3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA Peneiramento: utilizado para a fração grossa do solo (grãos com até 0,074mm de diâmetro equivalente), realiza-se pela passagem do solo por peneiras padronizadas e pesagem das quantidades retidas em cada uma delas. Retira-se 50 a 100g da quantidade que passa na peneira de #200 e prepara-se o material para a sedimentação. Sedimentação: os solos muito finos, com granulometria inferior a 0,074mm, são tratados de forma diferenciada, através do ensaio de sedimentação desenvolvido por Arthur Casagrande. Este ensaio se baseia na Lei de Stokes, segundo a qual a velocidade de queda, de uma partícula esférica, em um meio viscoso infinito, é proporcional ao quadrado do diâmetro da partícula. Sendo assim, as menores partículas se sedimentam mais lentamente que as partículas maiores. 5.3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA O ensaio de sedimentação é realizado medindo-se a densidade de uma suspensão de solo em água, no decorrer do tempo. A partir da medida da densidade da solução no tempo, calcula-se a percentagem de partículas que ainda não sedimentaram e a velocidade de queda destas partículas (a profundidade de medida da densidade é calculada em função da curva de calibração do densímetro). Com o uso da lei de Stokes, pode-se inferir o diâmetro máximo das partículas ainda em suspensão, de modo que com estes dados, a curva granulométrica é completada. 5.3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA Algumas ocorrências tendem a afastar as condições ideais para as quais a lei de Stokes foi formulada. - As partículas de solo não são esféricas (muito menos as partículas dos argilo-minerais que têm forma placóide). - A coluna líquida possui tamanho definido. - O movimento de uma partícula interfere no movimento de outra. - As paredes do recipiente influenciam no movimento de queda das partículas. - O peso específico das partículas do solo é um valor médio. - O processo de leitura (inserção e retirada do densímetro) influencia no processo de queda das partículas. 5.3.1 ENSAIO DE GRANULOMETRIA FIGURA 2 –Conjunto de peneiras das series normal e intermediárias 5.3.2 REPRESENTAÇÃO GRÁFICA DOS RESULTADOS DO ENSAIO DE GRANULOMETRIA FIGURA 3 - Representação de diferentes curvas granulométricas. 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS A curva granulométrica a corresponde a um solo com presença de partículas em uma ampla faixa de variação. Assim, o solo representado por esta curva granulométrica poderia ser um solo de origem coluvionar (tálus) (ambos de baixa seletividade) ou mesmo um solo residual jovem. A curva granulométrica b, uma faixa de diâmetros das partículas sólidas está ausente. Esta curva poderia ser gerada, por exemplo, por variações bruscas na capacidade de transporte de um rio em decorrência de chuvas. A curva granulométrica c foi evidentemente depositado por um agente de transporte seletivo, tal como a água ou o vento, pois possui quase que tosas as partículas do mesmo diâmetro. De acordo com a curva granulométrica obtida, o solo pode ser classificado como bem graduado, caso ele possua uma distribuição contínua de diâmetros equivalentes em uma ampla faixa de tamanho de partículas (curva granulométrica a) ou mal graduado, caso ele possua uma curva granulométrica uniforme (curva granulométrica c). 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS D10 - Diâmetro efetivo - Diâmetro equivalente da partícula para o qual temos 10% das partículas passando (10% das partículas são mais finas que o diâmetro efetivo). D30 e D60 - O mesmo que o diâmetro efetivo, para as percentagens de 30 e 60%, respectivamente. 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS C FIGURA 4 – Curva granulométrica para analise resultados. 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS FIGURA 4 – Resultados da Curva granulométrica. 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS FIGURA 4 – Modulo de finura e Diâmetro máximo. Diâmetro máximo - % retida acumulada menor ou igual a 5%. Módulo de finura - somatório das % retidas acumuladas das peneiras da série normal divido por 100. 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS TABELA 1 - Resultados de ensaios de granulometria para três solos distintos. Quando da ocorrência de mais de 10% de areia, silte ou argila adjetiva-se o solo com as frações obtidas, vindo em primeiro lugar as frações com maiores percentagens. Em caso de empate, adota-se a seguinte hierarquia: 1°) Argila; 2°) Areia e 3°) Silte No caso de percentagens menores do que 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo, independente da fração granulométrica considerada: 1 a 5% ® com vestígios , 5 a 10% ® com pouco. Para o caso de pedregulho com frações superiores a 10% adjetiva-se o solo do seguinte modo: 10 a 29% com pedregulho, > 30% com muito pedregulho 5.3.3 ANALISE DOS RESULTADOS - GRANULOMETRIA Solo 1: Argila Silto-Arenosa com pouco Pedregulho Solo 2: Areia Silto-Argilosa com Pedregulho Solo 3: Pedregulho Arenoso com vestígios de Silte e Pedra 5.4 CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Um solo argiloso pode se apresentar em um estado líquido, plástico, semi-sólido ou sólido, a depender de sua umidade. A este estado físico do solo dá-se o nome de consistência. Os limites inferiores e superiores de valor de umidade para cada estado do solo são denominados de limites de consistência.No estado plástico, o solo apresenta uma propriedade denominada de plasticidade, caracterizada pela capacidade do solo se deformar sem apresentar ruptura ou trincas e sem variação de volume. 5.4.1 ESTADO DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Estado Sólido - Dizemos que um solo está em um estado de consistência sólido quando o seu volume "não varia" por variações em sua umidade. Estado Semi - Sólido - O solo apresenta fraturas e se rompe ao ser trabalhado. O limite de contração, wS, separa os estados de consistência sólido e semi-sólido. Estado Plástico - Dizemos que um solo está em um estado plástico quando podemos moldá-lo sem que o mesmo apresente fissuras ou variações volumétricas. O limite de plasticidade, wP, separa os estados de consistência semi-sólido e plástico. Estado Fluido - Denso (Líquido) - Quando o solo possui propriedades e aparência de uma suspensão, não apresentando resistência ao cisalhamento. O limite de liquidez, wL, separa os estados plástico e fluido. 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS A delimitação entre os diversos estados de consistência é feita de forma empírica. Esta delimitação foi inicialmente realizada por Atterberg, culminando com a padronização dos ensaios para a determinação dos limites de consistência por Arthur Casagrande. . Limite de Liquidez (WL) . Limite de Plasticidade (Wp) . Limite de Contração (Ws) 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do Limite de Liquidez (WL) 1) coloca-se na concha do aparelho de Casagrande uma pasta de solo passando #40 e com umidade próxima de seu limite de plasticidade. 2) faz-se um sulco na pasta com um cinzel padronizado. 3) Aplicam-se golpes à massa de solo posta na concha do aparelho de Casagrande, girando-se uma manivela, a uma velocidade padrão de 2 golpes por segundo. Esta manivela é solidária a um eixo, o qual por possuir um excêntrico, faz com que a concha do aparelho de casagrande caia de uma altura padrão de aproximadamente 1cm. 4) Conta-se o número de golpes necessário para que a ranhura de solo se feche em uma extensão em torno de 1cm. 5) Repete-se este processo ao menos 5 vezes, geralmente empregando-se valores de umidade crescentes. 6) lançam-se os pontos experimentais obtidos, em termos de umidade versus log N° de golpes. 6) ajusta-se uma reta passando por esses pontos. O limite de liquidez corresponde à umidade para a qual foram necessários 25 golpes para fechar a ranhura de solo. ( NBR 6459). 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do Limite de Liquidez (WL) FIGURA 01 - Aparelho utilizado na determinação do limite de liquidez. 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do Limite de Liquidez (WL) FIGURA 02 - Determinação do limite de liquidez 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do limite de plasticidade (Wp) 1) prepara-se uma pasta com o solo que passa na #40, fazendo-a rolar com a palma da mão sobre uma placa de vidro esmerilhado, formando um pequeno cilindro. 2) quando o cilindro de solo atingir o diâmetro de 3mm e apresentar fissuras, mede-se a umidade do solo. 3) esta operação é repetida pelo menos 5 vezes, definido assim como limite de plasticidade o valor médio dos teores de umidade determinados. (NBR 9180). 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do limite de plasticidade (Wp) FIGURA 03 - Determinação do limite de plasticidade. 5.4.2 LIMITE DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do limite de contração (Wc) 1) molda-se uma amostra de solo passando na #40, na forma de pastilha, em uma cápsula metálica com teor de umidade entre 10 e 25 golpes no aparelho de Casagrande. 2) seca-se a amostra à sombra e depois em estufa, pesando-a em seguida. 3) utiliza-se um recipiente adequado (cápsula de vidro) para medir o volume do solo seco, através do deslocamento de mercúrio provocado pelo solo quando de sua imersão no recipiente. O limite de contração é determinado pela equação. (NBR 7183). 5.4.3 INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do Indice de plasticidade (IP) O índice de plasticidade (IP) corresponde a faixa de valores de umidade do solo na qual ele se comporta de maneira plástica. É a diferença numérica entre o valor do limite de liquidez e o limite de plasticidade. IP = 0 NÃO PLÁSTICO 1 < IP < 7 POUCO PLÁSTICO 7 < IP < 15 PLASTICIDADE MÉDIA IP > 15 MUITO PLÁSTICO 5.4.3 INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS Determinação do Índice de consistência (Ic) É uma forma de medirmos a consistência do solo no estado em que se encontra em campo. É um meio de se situar a umidade do solo entre os limites de liquidez e plasticidade, com o objetivo de utilização prática. Obtenção do estado de consistência do solo em campo utilizando-se o IC: IC < 0 FLUÍDO - DENSO 0 < IC < 1 ESTADO PLÁSTICO IC > 1 ESTADO SEMI - SÓLIDO OU SÓLIDO 5.4.3 INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS AMOLGAMENTO É a destruição da estrutura original do solo, provocando geralmente a perda de sua resistência (no caso de solos apresentando sensibilidade). SENSIBILIDADE É a perda de resistência do solo devido a destruição de sua estrutura original. A sensibilidade de um solo é avaliada por intermédio do índice de sensibilidade (St), o qual é definido pela razão entre a resistência à compressão simples de uma amostra indeformada e a resistência à compressão simples de uma amostra amolgada remoldada no mesmo teor de umidade da amostra indeformada. Quanto maior for o St, tem-se uma menor coesão, uma maior compressibilidade e uma menor permeabilidade do solo. St < 1 NÃO SENSÍVEIS 1 < St < 2 BAIXA SENSIBILIDADE 2 < St < 4 MÉDIA SENSIBILIDADE 4 < St < 8 SENSÍVEIS St > 8 EXTRA - SENSÍVEIS 5.4.3 INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS TIXOTROPIA É o fenômeno da recuperação da resistência coesiva do solo, perdida pelo efeito do amolgamento, quando este é colocado em repouso. Quando se interfere na estrutura original de uma argila, ocorre um desequilíbrio das forças inter-partículas. Deixando-se este solo em repouso, aos poucos vai-se recompondo parte daquelas ligações anteriormente presentes entre as suas partículas. ATIVIDADE Conforme relatado anteriormente, a superfície das partículas dos argilo-minerais possui uma carga elétrica negativa, cuja intensidade depende principalmente das características do argilo-mineral considerado. As atividades físicas e químicas decorrentes desta carga superficial constituem a chamada "atividade da superfície do argilo-mineral". Dos três grupos de argilo-minerais apresentados aqui, a montmorilonita é a mais ativa, enquanto que a caulinita é a menos ativa. 5.4.3 INDICES DE CONSISTÊNCIA DOS SOLOS ATIVIDADE Segundo Skempton (1953) a atividade dos argilo-minerais pode ser avaliada pela equação: Onde o termo %<0.002mm representa a percentagem de partículas com diâmetro inferior a 2µ presentes no solo. Ainda segundo Skempton, os solos podem ser classificados de acordo com a sua atividade do seguinte modo: _Solos inativos: A < 0,75 _Solos medianamente ativos: 0,75 < A < 1,25 _Solos ativos: A> 1,25. 6 – CLASSIFICAÇÃO DOS SOLOS Classificação genética dos solos (classificação do solo segundo a sua origem) - Classifica os solos em residuais e sedimentares, podendo apresentar subdivisões (ex. solo residual jovem, solo sedimentar eólico, etc.) Classificaçãopela NBR 6502 - Conforme apresentado anteriormente, esta classificação designa os solos de acordo com as suas frações granulométricas preponderantes, utilizando a curva granulométrica. Classificação pela estrutura - Essa classificação consta de dois tipos fundamentais de estruturas (agregada e isolada), que por sua vez, são subdivididas em vários outros subtipos (floculada, dispersa, orientada, aleatória), conforme foi visto no capítulo referente a estrutura dos solos. A estrutura do solo está interligada com propriedades como coesão, peso específico, sensibilidade, expansividade, resistência, anisotropia, permeabilidade, compressibilidade e outras mais. 6.1 SISTEMA UNIFICADO DE CLASSIFICAÇÃO DE SOLOS (USCS) Este sistema de classificação foi originalmente desenvolvido pelo professor A. Casagrande (Casagrande, 1948) para uso na construção de aterros em aeroportos durante a Segunda Guerra Mundial, sendo modificada posteriormente para uso em barragens, fundações e outras construções. A ideia básica do Sistema Unificado de Classificação dos solos é que os solos grossos podem ser classificados de acordo com a sua curva granulométrica, ao passo que o comportamento de engenharia dos solos finos está intimamente relacionado com a sua plasticidade. A classificação é realizada na fração de solo que passa na peneira 75mm, devendo-se anotar a quantidade de material eventualmente retida nesta peneira. São denominados solos grossos aqueles que possuem mais do que 50% de material retido na peneira 200 e solos finos aqueles que possuem mais do 50% de material passando na peneira 200. Cada grupo é classificado por um símbolo, derivado dos nomes em inglês correspondentes: Pedregulho (G), "gravel"; Argila (C), "Clay"; Areia (S), "Sand"; Solos orgânicos (O), de "Organic soils" e Turfa (Pt), "peat". A única exceção para esta regra advém do grupo do silte, cuja letra representante, M, advém do Sueco "mjäla". 6.1.2 SOLOS GROSSOS Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira 4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa passando na peneira 4. Cada grupo por sua vez é dividido em quatro subgrupos a depender de sua curva granulométrica ou da natureza da fração fina eventualmente existente. 1) Material praticamente limpo de finos, bem graduado W, (SW e GW) 2) Material praticamente limpo de finos, mal graduado P, (SP e GP) 3) Material com quantidades apreciáveis de finos não plásticos, M, (GM e SM) 4) Material com quantidades apreciáveis de finos plásticos C, (GC ou SC) 6.1.1 SOLOS GROSSOS Os solos grossos são classificados como pedregulho ou areia. São classificados como pedregulhos aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa retida na peneira 4 (4,75mm) e como areias aqueles solos possuindo mais do que 50% de sua fração grossa passando na peneira 4. A1-GRUPO GW e SW - Formados por um solo bem graduado com poucos finos. Em um solo bem graduado, os grãos menores podem ficar nos espaços vazios deixados pelos grãos maiores, de modo que os solos bem graduados tendem a apresentar altos valores de peso específico (ou menor quantidade de vazios) e boas características de resistência e deformabilidade. A2-GRUPO GP e SP - Formados por solos mal graduados (curvas granulométricas uniformes ou abertas). Como os subgrupos SW e GW, possuem no máximo 5% de partículas finas, mas suas curvas granulométricas não completam os requisitos de graduação indicados para serem considerados como bem graduados. A3-GRUPO GM e SM - São classificados como pertencentes aos subgrupos GM e SM os solos grossos nos quais existe uma quantidade de finos (12%) suficiente para afetar as suas propriedades de engenharia. 6.1.1 SOLOS GROSSOS A4-GRUPO GC e SC - São solos grossos possuindo mais que 12% de finos com comportamento predominante de argila. 6.1.1 SOLOS GROSSOS 6.1.2 SOLOS FINOS Os solos finos são classificados como argila e silte. A classificação dos solos finos é realizada tomando-se como base apenas os limites de plasticidade e liquidez do solo, plotados na forma da carta de plasticidade de Casagrande. Em outras palavras, o conhecimento da curva granulométrica de solos possuindo mais do que 50% de material passando na peneira 200 pouco ou muito pouco acrescenta acerca das expectativas sobre suas propriedades de engenharia. B1-GRUPO CL e CH – CL (argilas inorgânicas de baixa plasticidade) sua representação na carta de plasticidade acima da linha A e à esquerda da linha B (P > 7%). CH (argilas inorgânicas de alta plasticidade), possuem a sua representação na carta de plasticidade acima da linha A e à direita da linha B (WL > 50%). B2-GRUPO ML e MH – ML (siltes inorgânicos de baixa plasticidade) sua representação na carta de plasticidade abaixo da linha A e à esquerda da linha B (deve-se ter também um IP < 4%). O grupo MH (siltes inorgânicos de alta plasticidade), na carta de plasticidade abaixo da linha A e à direita da linha B (WL > 50%). 6.1.2 SOLOS FINOS – CARTA DE PLASTICIDADE DE CASAGRANDE B3-GRUPO OL e OH - OL/ML ou OH/MH pode ser feita utilizando-se o seguinte critério: se WLs/WLn < 0,75 então o solo é orgânico senão é inorgânico. 6.1.2 SOLOS FINOS – CARTA DE PLASTICIDADE DE CASAGRANDE 6.2 CLASSIFICAÇÃO SEGUNDO A AASHTO - HRB AASHTO (“American Association of State Highway and Transportation Officials”), foi desenvolvido em 1920 pelo "Bureau of Public Roads", que realizou um extenso programa de pesquisa sobre o uso de solos na construção de vias secundárias. O sistema original foi baseado nas características de estabilidade dos solos quando usados como a própria superfície da pista ou em conjunto com uma fina capa asfáltica. GRUPO A1 ao A3 - Os solos pertencentes ao grupo A1 são bem graduados, ao passo que os solos pertencente ao grupo A3 são areias mal graduadas, sem presença de finos. Os materiais pertencentes ao grupo A2 apesar de granulares (35% ou menos passando na peneira 200), possuem uma quantia significativa de finos. GRUPO A4 ao A7 - São solos finos, materiais silto-argilosos, A diferenciação entre os diversos grupos é realizada com base nos limites de Atterberg. Solos altamente orgânicos (incluindo-se aí a turfa) devem ser colocados no grupo A8. Como no caso do SUCS, a classificação dos solos A8 é feita visualmente. IG- INDICE DE GRUPO, ONODE F % PASSANDO NA PENEIRA 200 6.2.1 SOLOS GROSSOS - AASHTO 6.2.2 SOLOS FINOS - AASHTO 6.2.3 SUGESTÃO DA HIGHWAY RESEARCH BOARD ADOTADA PELA AASHTO 6.2.4 DETERMINAÇÃO DO INDICE DE GRUPO 6.2.5 RESULTADO DE CLASSIFICAÇÃO HRB 6.2.5 RESULTADO DE CLASSIFICAÇÃO HRB 6.2.5 RESULTADO DE CLASSIFICAÇÃO HRB 7 INDICES FÍSICOS O comportamento de um solo depende da quantidade relativa de cada uma de suas três fases (sólidos, água e ar), diversas relações são empregadas para expressar as proporções entre elas, ainda que, em alguns casos, todos os vazios possam estar ocupados pela água e a água possa conter substâncias dissolvidas. 7.1 RELÇÕES DE VOLUME _GRAU DE SATURAÇÃO - Os vazios do solo podem estar apenas parcialmente ocupados por água. A relação entre o volume de água e o volume dos vazios é definida como o grau de saturação, expresso em percentagem e com variação de 0 a 100% (solo saturado). 7.1 RELÇÕES DE VOLUME _POROSIDADE - A porosidade é definida como a relação entre o volume de vazios e o volume total. O intervalo de variação da porosidadeestá compreendido entre 0 e 1. _ INDICE DE VAZIOS - O índice de vazios é definido como a relação entre o volume de vazios e o volume das partículas sólidas, expresso em termos absolutos, podendo ser maior do que a unidade. Sua variação é de 0 a ∞. 7.2 RELAÇÕES ENTRE PESO E VOLUME _PESO ESPECÍFICO - O peso específico de um solo é a relação entre o seu peso total e o seu volume total, incluindo-se aí o peso da água existente em seus vazios e o volume de vazios do solo. _PESO ESPECÍFICO DAS PARTICULAS SÓLIDAS - O peso específico das partículas sólidas é obtido dividindo-se o peso das partículas sólidas (não considerando-se o peso da água) pelo volume ocupado pelas partículas sólidas (sem a consideração do volume ocupado pelos vazios do solo). _PESO ESPECÍFICO DE SOLO SECO - Corresponde a um caso particular do peso específico do solo, obtido para Sr = 0. _ PESO ESPECÍFICO DE SOLO SATURADO - O peso específico do solo quando todos os seus vazios estão ocupados pela água. É numericamente dado pelo peso das partículas sólidas dividido pelo volume total do solo. _ PESO ESPECÍFICO DE SOLO SUBMERSO - Neste caso, considera-se a existência do empuxo de água no solo. Logo, o peso específico do solo submerso será equivalente ao o peso específico do solo menos o peso específico da água. 7.3 DENSIDADE RELATIVA (Dr) A densidade relativa é o fator preponderante, tanto na deformabilidade quanto na resistência ao cisalhamento de solos grossos, influindo até na sua permeabilidade, pode ser utilizada na estimativa preliminar de regiões sujeitas à liquefação e no controle de compactação de solos não coesivos. 7.4 VALORES TÍPICOS DE INDICES FÍSICOS 7.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS - A amostra de solo foi seca ao ar livre, homogeneizada e passado na peneira de 4,8 mm. Separou-se 50 g para cada amostra. (A norma exige que o material seja seco em estufa); - Pesou-se cada picnômetro cheio de água até a marca de referência e anotou-se como M3 7.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS - As amostras foram colocadas em béqueres com água em quantidade suficiente para imersão completa do material e deixada em repouso por alguns minutos; - As amostras foram levadas para o dispersor e foi feita a dispersão por alguns minutos; - Transferiu-se a amostra para o picnômetro, com o auxílio do funil de vidro, lavando-se o béquer com água para completa remoção do material, tomando-se a precaução de evitar perda do mesmo; - Adicionou-se água até cerca da metade do volume do picnômetro. A seguir, aplicou-se vácuo durante alguns instantes, não respeitando o tempo de 15 min especificado pela norma; - Acrescentou-se água até cerca de 1 cm abaixo da base do gargalo e aplicou- se pressão de vácuo novamente, durante o mesmo intervalo de tempo; - Adicionou-se água até que a base do menisco coincidisse com a marca de referência do picnômetro; - Pesou-se o conjunto picnômetro + solo + água e anotou-se como M2; - Determinou-se a temperatura do conteúdo do picnômetro; - A determinação da umidade foi feita através do experimento de teor de umidade, de acordo com a NBR 6457 7.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS 7.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS 7.5 DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS 7.5 DETERMINAÇÃO DA UMIDADE A umidade do solo é geralmente determinada em estufa, em laboratório. Para tanto, uma amostra de solo com determinado teor de umidade é pesada e posteriormente levada a uma estufa, com temperatura entre 105o e 110o, onde permanece por um determinado período (geralmente um dia), até que a sua constância de peso seja assegurada. As variações no peso da amostra de solo se devem a evaporação da água existente no seu interior. Após o período de secagem em estufa, o peso da amostra é novamente determinado. Deste modo, o peso da água existente no solo é igual a diferença entre os pesos da amostra antes e após esta ser levada à estufa, sendo a umidade do solo a razão entre esta diferença e o peso da amostra determinado após secagem. Estufa a 105 - 110°C (laboratório) Speedy (campo) Fogareiro à Álcool (campo) Estufa a 60°C. (laboratório, no caso da suspeita de existência de matéria orgânica) 7. 1 EXERCICIOS - DETERMINAÇÃO DA MASSA ESPECIFICA DOS SOLIDOS As leituras para a determinação da massa específica dos sólidos para um solo arenoso são apresentadas a seguir. Efetuar os cálculos necessários para determinar a massa específica dos grãos sólidos ( ). 7. 2 EXERCICIOS - DETERMINAÇÃO DE INDICES FÍSICOS 1) Uma amostra de solo úmido em cápsula de alumínio tem uma massa de 462 g. Após a secagem em estufa se obteve a massa seca da amostra igual a 364 g. Determinar o teor de umidade do solo considerando a massa da cápsula se 39 g. 2) Um solo saturado tem teor de umidade igual a 38% e massa específica dos sólidos igual a 2,85 g/cm³. Determinar o índice de vazios, a porosidade e a massa específica do solo. 3) Qual a quantidade de água a ser acrescentada a uma amostra de 1500 g com teor de umidade 17%, para que essa amostra passe a ter 30% de umidade. 4) Uma amostra de argila saturada tem volume de 17,4 cm³ e massa de 29,8 g. Após a secagem total em estufa seu volume e massa passaram a ser de 10,5 cm³ e 19,6 g respectivamente. a) Determinar o teor de umidade, a massa específica do solo, a massa especifica dos sólidos , a massa específica aparente seca, bem como o índice de vazios e porosidade antes e depois da secagem 7. 2 EXERCICIOS - DETERMINAÇÃO DE INDICES FÍSICOS 5) Um corpo de prova cilíndrico de um solo argiloso tem uma altura de 12,5 cm e diâmetro de 5 cm. A massa úmida do corpo de prova é 478,25 g e após sua secagem passou para 418,32 g. Sabendo-se que a massa específica do sólidos é de 2,70 g/cm³ , determinar os índices físicos do solo no seu estado natural, indicados no item abaixo: a) Teor de umidade, a massa específica, a massa específica seca, o índice de vazios, a porosidade e o grau de saturação: b) Supondo que o solo tenha se saturado, mantendo seu volume inicial constante, calcular a massa específica saturada e o teor de umidade: 6) Para um solo argilo-siltoso saturado, com massa especifica dos solos igual a 2,70 g/cm³ e teor de umidade 46%, determinar o índice de vazios, a massa especifica saturada e submersa. 7) A massa de uma amostra de solo coletada no campo é de 465 g e sua massa seca correspondente é de 405,76 g. A densidade do grãos, Gs, determinada em laboratório foi de 2,68. Se o índice de vazios do solo no seu estado natural é de 0,83, determinar: a) O teor de umidade e o peso específico do solo, peso específico seco: b) O peso de água a ser acrescentado no solo no campo por m³, para sua completa saturação. 8) Na determinação do LL de um solo, utilizou-se o método do aparelho de Casagrande. Assim, foram obtidos os seguintes valores: Para um teor de umidade de 22%, foram necessários 36 golpes; para um teor de umidade de 28% foram necessários 30 golpes. Qual o valor do LL deste solo? 9) Para determinar o índice de consistência e a sensitividade de uma argila, utilizou-se uma amostra indeformada. Os ensaios realizados e seus respectivos resultados estão listados abaixo. Teor de umidade natural: 50% Limite de liquidez: LL=60% Limite de plasticidade: LP=35% Resistência à compressão simples no estado natural do solo: 82kPa Resistência à compressão simples com o solo amolgado: 28kPa Como descrever a consistência e a sensitividade desse solo? 10) Uma areia apresenta índice de vazios máximo de 0,90 e índice de vazios mínimo igual a 0,57.O peso específico dos grãos é de 26,5kN/m³. (a) De uma amostra dessa areia com teor de umidade de 3%, que peso deve ser tomado para a moldagem de um corpo de prova de volume igual a 1dm³, para que fique com compacidade de 67%? (b) Que quantidade de água deve ser adicionada posteriormente para que a areia fique saturada? 11) Uma amostra indeformada de solo foi recebida no laboratório, com ela realizaram-se os seguintes ensaios: a) Determinação do teor de umidade (w). Tomou-se uma amostra que, junto com a cápsula em que foi colocada, pesava 119,92g. Essa amostra permaneceu numa estufa a 105°C até constância de peso (por cerca de 18 horas), após esse período, o conjunto seco mais a cápsula pesava 109,05g. A massa da cápsula, chamada "tara", era de 34,43g. Qual o valor da umidade? 11) b)Determinação da massa específica dos grãos (ϒs). Para o ensaio, tomou-se uma amostra com 72,54g no seu estado natural. Depois de imersa n'água de um dia para o outro e agitada num dispersor mecânico por 20min, foi colocada num picnômetro e submetida a vácuo por 20min, para eliminar as bolhas de ar. A seguir, o picnômetro foi enchido com água deaerada até a linha demarcatória. Esse conjunto apresentou uma massa de 749,43g. A temperatura da água foi medida, acusando 21°C (considerar massa específica da água nessa temperatura igual a 0,998 g/cm³), e para esta temperatura uma calibração prévia indicava que o picnômetro cheio de água até a linha demarcatória pesava 708,07g. Determinar a massa específica dos grãos 8 CLASSIFICAÇÃO MCT 8.1 INTRODUÇÃO Diante das incompatibilidades verificadas ao longo dos anos entre os resultados obtidos pelas classificações tradicionais em solos de países de clima tropical e seu comportamento geotécnico em campo, veio a necessidade de se obter uma classificação especialmente desenvolvida para os solos tropicais. A partir dos resultados dos ensaios Mini-MCV e perda de massa por imersão, Nogami e Villibor (1981) propuseram um sistema de classificação de solos denominado de MCT, que é a abreviatura de Miniatura, Compactado e Tropical. A Classificação MCT veio suprir a incapacidade das classificações tradicionais como HRB (atual TRB) e USCS, as quais não diferenciam os solos de comportamento laterítico dos solos de comportamento não laterítico. 8.1 INTRODUÇÃO – FORMAÇÃO DOS SOLOS 8.1 INTRODUÇÃO – SOLOS LATERÍTICOS 8.1 INTRODUÇÃO – SOLOS SAPROLÍTICOS 8.1 INTRODUÇÃO – OCORRÊNCIA DE SOLOS LATERÍTICOS 8.2 CLASSES E GRUPOS DA CLSSIFICAÇÃO MCT Quanto ao comportamento dos solos a MCT divide os solos em duas grandes classes, as quais são: a) Solos de comportamento laterítico = L; b) b) Solos de comportamento não laterítico = N. Quanto aos grupos dos solos, a classificação MCT possui 7 (sete) grupos de solos, os quais são apresentados na tabela. 8.2 CLASSES E GRUPOS DA CLSSIFICAÇÃO MCT Areias lateríticas (LA): Neste grupo estão inclusas as areias com poucos finos de comportamento laterítico, típicas do horizonte B dos solos conhecidos pedologicamente como areias quartzosas e regosolos. Solos arenosos lateríticos (LA’): Solos tipicamente arenosos, e constituintes do horizonte B dos solos conhecidos pedologicamente no Brasil por latossolos arenosos e solos podzólicos ou podzolizados arenosos (textura média). Solos argilosos lateríticos (LG’): Este grupo é formado por argilas e argilas arenosas, que constituem o horizonte B dos solos conhecidos pedologicamente por latossolos, solos podzólicos e terras roxas estruturadas. Areias não lateríticas (NA): Os solos pertencentes a este grupo são as areias, siltes e misturas de areias e siltes, nos quais os grãos são constituídos essencialmente de quartzo e/ou mica. Praticamente não possuem finos argilosos coesivos siltes caoliníticos. Solos arenosos não-lateríticos (NA’): Compostos granulometricamente por misturas de areias quartzosas (ou de minerais de propriedades similares) com finos passando na peneira de 0,075mm, de comportamento não laterítico. 8.2 CLASSES E GRUPOS DA CLSSIFICAÇÃO MCT Solos siltosos não lateríticos (NS’): Este grupo compreende os solos saprolíticos silto-arenosos peculiares, resultantes do intemperismo tropical nas rochas eruptivas e metamórficas, de constituição predominantemente feldspática-micácea-quartzosa. Solos argilosos não lateríticos (NG’): Este grupo compreende os solos saprolíticos argilosos, provenientes de rochas sedimentares argilosas (folhelhos, argilitos, siltitos), ou cristalinas pobres em quartzo e ricas em anfibólios, piroxênios e feldspatos cálcicos 8.3 ENSAIO MCT - OBSERVAÇÕES - É um ensaio de compactação contínua de corpos de prova de dimensões reduzidas (50mm de diâmetro); - É capaz de fornecer o desvio da umidade em relação à umidade ótima de compactação e também grau de compactação de um solo; - São compactados, no mínimo, 4 porções de solo em teores de umidade distintos, até próximo a saturação; - O ensaio consiste em verificar a altura do corpo de prova (ganho de densidade) em relação a um número crescente de golpes, conseguindo relacionar o peso específico do solo em função do logaritmo do número de golpes. 8.3 ENSAIO MCT – OBSERVAÇÕES 8.3 ENSAIO MCT – EQUIPAMENTO DE COMPACTAÇÃO 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO Seguindo as inclinações das curvas de deformabilidade, interpola-se uma curva que passe pelo ponto de abscissa (n) igual a 10 e ordenada (Δan) igual a 2,0 mm. A partir do seu traçado determina-se o coeficiente c’, que corresponde à razão da variação do afundamento pela variação do Mini-MCV da parte retilínea da curva de deformabilidade. 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO c’ e d’ Como apresentado na figura abaixo, no ponto Mini-MCV = 10 (ou BN = 10 golpes), traça-se uma reta paralela à curva mais próxima de 10 golpes e outra reta auxiliar na diferença de altura de 2,0 mm. Dessa forma, o coeficiente c’ é o coeficiente angular da parte retilínea da curva de compactação correspondente à condição Mini-MCV = 10, interpolando-se entre as curvas mais próximas. O coeficiente angular da parte retilínea mais inclinada do ramo seco, correspondente a 12 golpes, é denominado coeficiente d’. Segundo Nogami e Villibor (1995), os solos de comportamento não laterítico siltosos se apresentam frequentemente com d’ inferior a 5, as argilas não lateríticas com d’ inferior a 10, e as argilas lateríticas com d’ superior a 20. Nas areias puras, o valor de d’ é bastante baixo, ao passo que, nas areias argilosas, pode-se ter d’ superior a 100. 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO c’ (distribuição do tamanho dos grãos) 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – MASSA ESPECIFICA SECA 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – MASSA ESPECIFICA SECA Com os valores apresentados nesta tabela, traçam-se as curvas “MEAS versus Hc” para n = 10 e 20 golpes como como indicado no gráfico que segue. As unidades devem ser indicadas em kg/m³ para MEAS e em % para Hc . O coeficiente d’ é a razão da variação de MEAS pela variação da umidade de compactação do CP, obtido no ramo seco da curva de compactação para n = 10 golpes inclinação. 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – COEFICIENTE d’ Reflete a relação entre o tamanho do grão e a probabilidade do solo se comportar como laterítico. 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – PARÂMETRO Pi (perda de massa por imersão) Se o solo apresenta peso específicoaparente seco baixo, quando a altura final do corpo-de-prova para Mini-MCV = 10 for maior ou igual a 48 mm, então Pi é determinado para Mini- MCV = 10; Se o solo apresentar elevado peso específico, menor que 48mm, não obedecendo à condição acima, então Pi é determinado para mini-MCV = 15.0 Onde: 𝑃𝑖= perda de peso por imersão (%); 𝑀𝑑= massa desprendida (g); 𝑀𝑠= massa seca do cp, logo após sua compactação (g); 𝐿𝑐𝑝 = altura final do cp, logo após sua compactação (mm); 𝐿𝑓 = altura final do cp fora do molde (mm); 𝐹𝑐 = fator de correção 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – PARÂMETRO Pi Segundo Ferreira (1992), a perda de massa por imersão (Pi) reflete a estabilidade do solo à ação da água, quando compactado e sujeito a confinamento parcial. O valor zero corresponde às argilas lateríticas, areias argilosas e argilas arenosas. Argilas expansivas e areias argilosas com argilas expansivas, apresentam valores de Pi de pelo menos 100%. Os valores altos, próximos de 300%, são típicos de areias finas de graduação ruim e siltes muito expansivos. 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO – PARÂMETRO e’ 8.3 ENSAIO MCT – RESULTADOS DO ENSAIO 8.4 ELEMENTOS CLASSIFICATORIOS MCT Previsão do desempenho dos solos da MCT, quanto às finalidades rodoviárias, em termos da qualidade do solo. Observa-se na Tabela que, para os casos de utilização em questão, a qualidade dos solos variam de 1.º (primeira) qualidade, até a 7.º (sétima) qualidade; Além disso, existem casos que o material não é recomendado (n). 8.4 ELEMENTOS CLASSIFICATORIOS MCT A Tabela abaixo mostra a previsão do comportamento de algumas propriedades dos solos da classificação MCT. 9 - ÍNDICE DE SUPORTE CALIFORNIA (CBR) 9.1 INTRODUÇÃO O método de Índice de Suporte Califórnia (California Bearing Ratio) teve sua origem no estado da Califórnia, quando foi introduzido pelo engenheiro O. J. Porter em 1939. Foi depois desenvolvido e modificado pelo United States Corps of Engineeers (USACE), sendo hoje um dos mais conhecidos métodos de dimensionamento de pavimentos flexíveis. Por isso, é adotado por uma grande parcela dos órgãos rodoviários no Brasil e no mundo. O método original de Porter procurou uma prova de realidade prática, como a do cisalhamento, que executou em condições pré-fixadas de densidade e umidade. Os resultados obtidos com os materiais ensaiados serviram para classificá-los, tendo em conta como os mesmo haviam se comportado em serviço, em sua densidade e umidade de obra. Embora as condições do ensaio CBR não sejam exatamente as das obras, não se pode esquecer que a resistência à penetração considerada no ensaio é uma medida de resistência de cisalhamento do material, fundamental para calcular sua estabilidade. O ensaio de penetração deve ser feito após 4 (quatro) dias de imersão do corpo de prova, para simular a pior condição possível do subleito. 9.1 INTRODUÇÃO Assim, o valor 100% que corresponde a 70,31 Kgf/cm² (1000 psi) em corpo de prova embebido a 0,1" (2,54 mm) de penetração corresponde a um material essencialmente friccional, mistura granular estabilizada, tamanho máximo de 1" (25,4 mm) de excelente comportamento em estradas, segundo estatísticas. 9.2 ENERGIAS DE COMPACTAÇÃO 9.3 PROCEDIMENTO 9.3.1 EQUIPAMENTOS _Balanças com sensibilidade e que permitam pesar nominalmente 20 Kgf, 1500 gf e 200 gf com resolução de 1 gf, 0,1 gf e 0,01 gf respectivamente; _Peneiras 4,8 mm e 19 mm; _Estufa capaz de manter a temperatura entre 105 e 110 ºC; _Cápsulas metálicas para determinação da umidade; _Bandejas metálicas de 75 x 50 x 5 cm; _Régua biselada com comprimento de 30 cm; _Espátulas de lâmina flexível com aproximadamente 10 x 12 cm e 2 x 10 cm (largura x comprimento); _Cilindro que compreende o molde cilíndrico de bronze, latão ou ferro galvanizado, base perfurada, cilindro complementar de mesmo diâmetro (colarinho) e disco espaçador metálico, com as dimensões indicadas na Figura 15; _Extensômetro com curso mínimo de 10 mm, graduado em 0,01 mm e prenssa; 9.3.1 EQUIPAMENTOS _Soquete podendo ser de bronze, latão ou ferro galvanizado, com peso de 4536 ± 10 gf e dotado de dispositivo de controle de altura de queda (guia) de 457 ± 2 mm; _Prato perfurado de bronze, latão ou ferro galvanizado, com 149 mm de diâmetro e 5 mm de espessura, haste central ajustável constituída de uma parte fixa rosqueada e de uma camisa rosqueada internamente, com a face superior plana para contato com o extensômetro, o porta-extensômetro; _Disco anelar de aço para sobrecarga, dividido diametralmente em duas partes, possuindo 2270 ± 10 gf de peso total, diâmetro externo de 149 mm e diâmetro interno de 54 mm; Pistão de penetração, de aço, com 49,6 mm de diâmetro e altura em torno de 190 mm, variável conforme as condições de operação e fixo à parte inferior do anel; _Extrator de corpo de prova; _Tanque ou recipiente com capacidade tal que permita a imersão total do corpo de prova; 9.3.1 EQUIPAMENTOS 9.4 PREPARAÇÃO DA AMOSTRA A amostra recebida é seca ao ar, destorroada no almofariz pela mão de gral, homogeneizada e reduzida, com o auxílio do repartidor de amostras ou por quarteamento, até obter-se uma amostra representativa de 6000 gf, para solos siltosos ou argilosos e 7000 gf, no caso de solos arenosos ou pedregulhosos. Passa-se esta amostra representativa na peneira de 19mm. Havendo material retido nessa peneira, procede-se à substituição do mesmo por igual quantidade em peso do material passando na peneira de 19 mm e retido na de 4,8 mm, obtido de outra amostra representativa. A moldagem do corpo de prova para o ensaio de Índice de Suporte Califórnia (CBR) é feita na umidade ótima, obtida do ensaio de compactação, conforme a energia a ser adotada. 9.5 DESCRIÇÃO DO ENSAIO Adiciona-se o volume de água calculado à amostra representativa do solo, procedendo-se a uma homogeneização adequada. A seguir pesa-se o molde, fixando-o então a sua base metálica. Ajusta-se o cilindro complementar (colarinho), coloca-se o disco espaçador e a folha de papel filtro, e apoia-se o conjunto em uma base plana e firme. Cada uma das camadas será compactada, recebendo um número de golpes correspondente à energia de compactação adotada. A compactação de cada camada deve ser precedida de uma ligeira escarificação da parte superior da camada subjacente. Remove-se o cilindro complementar, tendo-se antes o cuidado de destacar, com auxílio da espátula, o material a ele aderente. Com a régua biselada, rasa-se o material na altura exata do molde e retira-se cilindro do prato para remover o disco espaçador e o papel filtro. Determina-se o peso do conjunto molde cilíndrico + material úmido compactado. Fixa-se o mesmo ao prato de forma invertida, com o vazio deixado pelo disco espaçador para cima. 9.5 DESCRIÇÃO DO ENSAIO No espaço deixado pelo disco espaçador será colocado o prato perfurado com haste ajustável e os discos anelares de sobrecarga, que equivalem ao peso do pavimento. Esta sobrecarga não poderá ser inferior a 4536 gf. Apoia-se, no bordo superior do molde cilíndrico, um tripé porta extensômetro, e a este tripé ajusta-se um extensômetro que, em contato com a haste ajustável do prato perfurado, permitirá medir as expansões ocorridas. Anotar a leitura inicial e imergir o corpo de prova no tanque para saturação. Efetuar leituras no extensômetro de 24 em 24 horas, no período de 96 horas. Pesa-se o conjunto, para determinação do pesode água absorvida da nova densidade do solo. O peso de água absorvida após a drenagem corresponderá à diferença entre as pesagens do conjunto molde + amostra úmida compactada, antes e depois da embebição. Coloca-se no topo do corpo de prova, dentro do molde cilíndrico, a sobrecarga utilizada no ensaio de expansão. Leva-se então o conjunto ao prato da prensa e faz-se o assentamento do pistão de penetração do solo, através da aplicação de uma carga de aproximadamente 4,5 Kgf, controlada pelo anel dinamométrico. 9.6 CÁLCULOS 9.6.1 UMIDADE Onde: h é a umidade do solo (%) PH é o peso do solo úmido (gf) PS é o peso do solo seco (gf) PA é o peso da água (gf) 9.6.2 DENSIDADE ÚMIDA (ϒH) γH é a densidade úmida do solo (gf/cm³) PH é o peso úmido do material compactado (gf) V é o volume interno do cilindro = 2085 cm³ 9.6 CÁLCULOS 9.6.3 EXPANSÃO Onde: ΔDif é a diferença entre leituras de altura do corpo de prova (mm) Altura é a altura do corpo de prova padrão (Altura MOLDE – Altura DISCO) OBS.: Para disco espaçador de 63,5 mm, a altura inicial do corpo de prova será: 177,8 – 63,5 = 114,3 mm 9.6.4 PRESSÃO Onde: P pressão exercida pelo pistão de penetração no solo (N/cm²) A é a área do pistão = 19,32 cm² F é a força total exercida pelo pistão no solo (N) EXPANSÃO E COMPACTAÇÃO DE SOLO CÁLCULO DA DENSIDADE – FRASCO DE AREIA 9.7 DETERMINAÇÃO DO ISC A obtenção do ISC se faz traçando a curva pressão x penetração do pistão. Se a citada curva apresentar um ponto de inflexão, traça-se nesse ponto uma tangente até que se intercepte o eixo correspondente às penetrações do pistão. A curva corrigida será então composta por tal tangente mais a porção convexa da curva original, e a nova origem será o ponto aonde a tangente traçada intercepta o eixo das penetrações. Sendo “c” a distância entre a origem antiga e a origem corrigida, soma-se este valor às penetrações de 2,54 mm e 5,08 mm (0,1" e 0,2“ respectivamente), encontrando-se os valores de pressão para essas penetrações corrigidas. 9.8 EXEMPLO NUMÉRICO CÁCULO DE ISC Calcule a partir dos dados do solo. a. A fase de Compactação b. A fase de Expansão c. A curva ISC(%) X Umidade(%) Considere a pressão do material padrão como: _Para 0,1" (2,54 mm): 69 kgf/cm² = 6,9 ⋅MPa _Para 0,2" (5,08 mm): 103,5 kgf/cm² = 10,35 ⋅MPa 9.8 EXEMPLO NUMÉRICO CÁCULO DE ISC PESO DO SOLO ÚMIDO A USAR VOLUME DA ÁGUA A ADICIONAR UMIDADE (VERIFICAÇÃO) DENSIDADE ÚMIDA (γH) 9.8 EXEMPLO NUMÉRICO CÁCULO DE ISC DENSIDADE SECA (γS) EXPANSÃO PRESSÃO 9.8 EXEMPLO NUMÉRICO CÁCULO DE ISC DETERMINAÇÃO DO ISC
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