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N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 | Gestão de Resíduos | 3
Chegamos ao final de 2010. O ano, que começou com todas as dúvidas trazidas pela crise 
econômica internacional, termina melhor do que os mais otimistas esperavam. A Copa do 
Mundo não nos trouxe a felicidade sonhada; as eleições tiveram novidades, boas e ruins, 
mas o que realmente vale comemoração é a mudança histórica do nosso setor, que ganhou 
origem, identidade e classe. A aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos desper-
tou investimentos estrangeiros e avanços tecnológicos, desvendando a obsolescência da 
infraestrutura e a ausência de metas na limpeza pública; sem investimentos públicos esta-
remos atrelados ao passado. O ano também ficou marcado como o início das grande fusões 
no setor. Na matéria de capa a RGR mostra a importância da sustentabilidade na cultura 
das empresas e como a Tetra Pak se transformou num ícone de sucesso em reciclagem e 
logística reversa. Em entrevista especial, Ian Cooper fala do interesse e das dificuldades da 
Ener-G para competir no mercado brasileiro de geração de bioenergia. 
Boas Festas e Feliz Ano Novo
2010 O ANO DA V IRADA
EDITORIAL
EXPEDIENTE
Walter Capello Junior
Eduardo Capello
Célia Salles
 
Rodrigo Zevzikovas – MTB 51.109 
Eduardo Capello 
Rogério Abreu
Simone Paschoal Nogueira, Rose Gottardo,
Emiliano M. Graziano da Silva, Anderson B. Costa
e Cássio Peixoto Terra
Marcelo Abad
 
Bimestral
8.000 exemplares
Vox Editora
Publisher
Diretor Comercial 
Diretora Executiva
Jornalista Responsável 
 
Gerente Comercial 
Diagramação e Arte
Colaboradores 
Assinatura
 
Periodicidade
Tiragem
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em artigos assinados por terceiros.
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4 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 | Gestão de Resíduos | 5
SUMÁRIO SUMÁRIO
Gestão de Resíduos | nº 27 
Especial | PÁG. 24
Eletroeletrônicos – O gerenciamento
dos resíduos eletroeletrônicos em
contraponto com o emergir do poder
de compra das classes sociais
Capa | PÁG. 8 Links do Portal | PÁG. 30
Gestão de Resíduos Online
Expansão e Desempenho
As mais recentes informações
do setor no Brasil e exterior
Entrevista | PÁG. 6
Ian Cooper, executivo da Ener-G,
empresa britânica, fala das tentativas
e entraves para entrar no mercado de
geração de bioenergia no Brasil
Embalagem Longa Vida
A sustentabilidade na cultura empresarial 
coloca a Treta Pak na vanguarda da logís-
tica reversa das embalagens longa vida
Colunas
22 Ponto de Vista
Prof. Anderson Borges Costa
Sólidos Resíduos da Educação
Ambiental 
26 Parecer Técnico
Walter Capello Junior
A questão RCD na demolição dos
edifícios São Vito e Mercúrio
28 Olhar Jurídico
Dra. Simone Paschoal Nogueira
A Política Nacional de Resíduos
Sólidos sob a ótica das obrigações
e responsabilidades instituídas
32 Ação Social
Engº Emiliano Milanez Graziano da Silva
A inclusão social de políticas como o PPCS
34 Razão Ambiental
Rose Gottardo
A democratização da informação ambiental 
Eventos
20 FIMAI 2010 – Apresenta novidades
Aprovação da PNRS empolga empresas que
investiram em lançamentos
 
Revista Gestão de Resíduos – Porque 
a Ener-G escolheu o Brasil?
Nós já tentamos fazer negócios no 
Brasil, no início da década, mas 
não tivemos sucesso. Porém, nesse 
meio tempo, nós passamos por seis 
outros países e, em todos, em seis 
meses já conseguíamos começar a 
operar. Mas, no Brasil ainda está 
muito duro de entrar no mercado. 
Estamos voltando para tentar, pela 
última vez, senão não compensa 
continuar ‘quebrando a cara’. 
RGR - Quais são os principais 
problemas?
Apesar de ter muito campo para 
trabalhar com energia gerada pelo 
lixo, o Brasil não tem incentivo 
suficiente. Aqui tem muito mercado 
e falta muita tecnologia, muito ex-
pertise. Por isso, estamos de volta ao 
Brasil, para tentar ampliar o mercado 
brasileiro de energia renovável.
RGR - O que a Ener-G poderia 
fazer para ajudar? O que falta?
A empresa elabora os projetos, acom-
panha todo processo de licitação, 
além de montar os equipamentos 
necessários para operação. Porém, é 
muito difícil uma empresa estrangei-
ra entrar no Brasil. Por isso, estamos 
iniciando um trabalho, conversas 
com pessoas influentes, para, quem 
sabe, chegar no governo federal. 
E ai sim, tentar nas outras esferas de 
governo e começar o trabalho. 
A única coisa que precisamos é de 
incentivo fiscal. Diminuir a taxa de 
impostos, que impede a entrada no 
Brasil.
RGR - A Ener-G já cogitou a 
possibilidade de fazer parcerias 
com empresas brasileiras?
A empresa não necessita de parceria, 
pois já está em outros países e, sem-
pre sozinha. Nós já temos a expertise 
desejada. Mas, no Brasil, com certe-
za, precisaremos fazer parceria com 
alguma companhia para entrar no 
mercado, que é muito fechado.
RGR - Vale a pena só vender o 
projeto?
Não. Pois aqui não há como escapar 
dos problemas fiscais, tudo passa 
pela legislação e vão ser cobradas 
essas taxas, não tem como escapar.
RGR - O fato da energia elétrica 
normal ser subsidiada pelo governo 
federal atrapalha o mercado?
Que tipo de incentivo o governo 
poderia dar também para a energia 
gerada em aterro?
No Reino Unido, por exemplo, 
não podemos ter energia só de ater-
ros, eles precisam ter outros tipos de 
energia para manter o equilíbrio no 
fornecimento de energia. Por isso, 
implementaram a diversificação 
das fontes de energia, e limitaram 
o aproveitamento de energia do 
aterro.
RGR - Quantos anos o Brasil está 
atrasado?
O Brasil tem todo o potencial, fa-
cilita para algumas coisas, mas é 
como se não quisesse entender, para 
outras. O País está muito bem em 
algumas áreas, mas em outras coisas o 
que pega é a legislação. A burocracia, 
a coisa de importação. Por exemplo, 
a empresa veio ao Brasil e quer aju-
dar, mas o que impede são as taxas 
exorbitantes do governo. O que falta 
é incentivar e abrir mais para o mer-
cado, pois eles têm a tecnologia, só 
falta o Brasil abrir as portas.
ENTREVISTA ENTREVISTA
Anos de atraso
6 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
Ian Cooper é diretor da divisão de desenvolvimento da Ener-G. A empresa britânica existe desde 1997, 
quando começou a construir e operar projetos de geração portáteis e modulares de energia a partir do 
lixo. Cooper está em sua segunda tentativa de começar operar no Brasil, por isso participou da Feira 
Internacional de Meio Ambiente Industrial e Sustentabilidade (FIMAI). Lá, o executivo recebeu a reporta-
gem da Revista Gestão de Resíduos para um bate papo sobre as diferenças de se trabalhar no Brasil e 
em diversos outros países do mundo. 
Legislação brasileira 
por Rodrigo Zevzikovas
Aliás, essa nova feição da responsabilidade ambiental na 
gestão dos resíduos prevista na PNRS é a maior esperança 
para que possamos construir uma correta e eficiente gestão dos 
resíduos. O ciclo desta gestão deve começar desde o ponto 
zero, ou seja, da produção. E é talvez ai que esteja o grande 
problema, conscientizar os empresários da responsabili-
dade sobre seu produto até o seu descarte final. Muito já 
se falou dos problemas e contrapontos, mas como exem-
plo de sucesso em todos os âmbitos temos de ressaltar a 
Tetra Pak, empresa que na vanguarda da logística reversa 
acompanha todo o ciclo de vida do seu produto: de berço 
a berço. Atuando eficientemente em todas as etapas do 
gerenciamento de resíduos das embalagens que produz, 
no entendimento de que reciclagem é transformá-loem 
matéria-prima para novos produtos, retornando sempre ao 
processo produtivo. São muitas as vantagens desse pro-
cesso, sendo o principal deles, reduzir a exploração de 
recursos naturais minimizando o impacto ambiental. 
Criada nos princípios da segurança alimentar, as embalagens 
longa vida ganharam o mercado de produtos alimentícios. 
É completa e complexa porque envasa, protege com seguran-
ça e evita o desperdício, outro importante fator para a preser-
vação do meio ambiente, dos recursos naturais e da saúde do 
consumidor. “A Filosofia do fundador já era de que deveria 
custar mais barato que o produto envasado.”
A Tetra Pak possui metas ambientais internacionais que 
envolvem o aumento da taxa de reciclagem de suas em-
balagens, diminuição da pegada de carbono, uso de 
matérias-primas certificadas, redução do consumo de água e 
energia, otimização dos processos de fabricação e envase, en-
tre outras. A certificação FSC (Forest Stewardship Council) 
de suas embalagens é um exemplo da preocupação ambiental 
da empresa garantindo que as florestas plantadas para obten-
ção da celulose e que compõem 75% das embalagens longa 
vida, são manejadas dentro dos padrões internacionais de 
preservação ambiental.
A logística reversa é um dos principais pontos da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS), recentemente aprovada no Congresso Nacional e que ainda aguarda 
regulamentação. Isto porque, trará pequenas modificações no perfil da responsabili-
dade ambiental relativamente aos resíduos produzidos no Brasil, já que obriga o fabri-
cante a disponibilizar infraestrutura e canais para recolhimento e destinação adequada 
dos produtos e resíduos por ela gerados, após o uso pelo consumidor.
Sinônimo de embalagem longa vida e exemplo em
sustentabilidade segue na vanguarda da logística reversa
CAPACAPA
Por Rodrigo Zevzikovas
 N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 | Gestão de Resíduos | 98 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
Tetra Pak
Instalações da Klabin
O transporte de embalagens da fábrica 
da Tetra Pak para seus clientes é feito 
de forma otimizada, em bobinas o que 
garante um mínimo de impacto am-
biental no transporte, acrescentando 
que após o envase, 75% da carga trans-
portada é produto e apenas 5% do 
peso corresponde às embalagens. Em 
outras palavras, há menor consumo de 
combustível fóssil, consequentemente 
menor emissão de CO2 na atmosfera, 
reduzindo o impacto ambiental.
Embalagens como
ferramenta de comunicação
A empresa ainda acredita que embala-
gem longa vida também funiona como 
uma excelente ferramenta de comuni-
cação, desde que pode e deve conter 
informações sobre a origem e a desti-
nação das embalagens pós-consumo, 
padronizar mensagens de embala-
gem reciclável, assim como, os selos e 
certificações ambientais, além dos 
rótulos obrigatórios e informações 
sobre o produto envasado.
Origem do papel certificado 
gera embalagens certificadas
Fernando von Zuben, diretor de Meio 
Ambiente da Tetra Pak faz questão 
de frisar que, na realidade, a embala-
gem é 75% composta de papel cartão. 
Números reciclagem
53 mil toneladas / ano - quantidade reciclada atualmente pelas 32 
fábricas recicladoras
80 mil toneladas / ano - capacidade produtiva das 32 fábricas recicladoras
Grau de reciclagem das embalagens Tetra Pak - 100%
Taxa de reciclagem das embalagens longa vida no Brasil - 25%
Expectativa da taxa da reciclagem das embalagens longa vida no Brasil 
até 2014 – 40%
Empresas recicladoras de embalagens longa vida no Brasil (2010) | 32 mil
Capacidade de processamento da planta de reciclagem térmica | 8 mil 
toneladas de plástico e alumínio, que correspondem a 32 mil toneladas 
de embalagens do tipo longa vida / mês
Peso da embalagem cartonada de 1 litro | 28 g
Inauguração da primeira planta de reciclagem térmica com total separação do plástico e alumínio no Brasil | 2005
Ano de obtenção da certificação ambiental ISO 14001 | 1997
Produção de embalagens certificadas pelo FSC no Brasil | 100%
Produção de embalagens identificadas com selo FSC no Brasil até 2009 | 2.103.000
Expectativa de embalagens com selo FSC no Brasil até dezembro de 2010 | 4 bilhões
Investimentos e gastos em proteção ambiental em 2009 | R$ 11,4 milhões 
NúMEROS DA TETRAPAK PARA O MEIO AMBIENTE
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CAPACAPA
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CAPA
“A produção florestal da Klabin nos dá muito orgulho e é certificada pelo 
FSC, selo mundialmente reconhecido, conferido pela WWF e que tem três 
vertentes uma social, econômica e ambiental, no modo como a certificação é 
feita,” como afirma von Zuben. Consequentemente, as embalagens também são 
certificadas. 
A Tetra Pak ainda garante aos seus clientes máquinas de processamento e envase 
de alta performance e com tecnologia de ponta, desenvolvidas dentro do conceito 
“design for environment”, o que significa que cada novo desenvolvimento deve 
passar por uma rígida avaliação ambiental antes de ser colocado no mercado.
Pioneirismo na reciclagem das embalagens
longa vida
A embalagem longa vida é 100% reciclável, e o Brasil é referência mundial 
no que diz respeito às tecnologias de reciclagem desenvolvidas e imple-
mentadas no país desde a década de 90. O processo consiste em separar 
a polpa celulósica, que é usada para a fabricação de diversos produtos 
como, por exemplo, caixas de papelão, tubetes, telhas de fibro-cimento 
em substituição à celulose virgem ou amianto, papel para impressão, etc. 
O site Rota da Reciclagem é mais uma ação da 
Tetra Pak a favor da reciclagem e em defesa do 
meio ambiente. O site foi criado para apontar, de 
forma didática, como qualquer pessoa interes-
sada pode participar do processo de separação 
e entrega das embalagens longa vida para a reci-
clagem. Informa ainda onde estão localizadas as 
cooperativas de catadores, as empresas comer-
ciais que trabalham com compra de materiais re-
cicláveis e os pontos de entrega voluntária (PEV) 
que recebem embalagens da Tetra Pak.
O serviço está em constante atualização e todos 
podem contribuir bastante para isso. Se alguém 
conhecer alguma iniciativa de coleta seletiva, 
seja ela Cooperativa, Comércio ou PEV, que não 
esteja listada; basta informar ao site para que 
seja incluído.
NúmEros do sITE roTA dA rECICLAGEm
Comércios cadastrados: 806
Cooperativas cadastradas: 950
PEV’s (Pontos de Entrega Voluntária): 1.136
ROTA DA RECICLAGEM
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CAPA CAPA
Após a separação da fibra de celulose, 
que corresponde a 75% em peso da 
composição da embalagem, ainda 
restam o polietileno e o alumínio que 
compõem a embalagem, respectiva-
mente 20 e 5% do peso total.
Até meados da década de 90 a desti-
nação deste material reduzia-se à re-
ciclagem energética, até que a equipe 
de engenheiros de desenvolvimento 
ambiental da Tetra Pak no Brasil 
buscou alternativas viáveis para a reci-
clagem desse material. Telhas, placas, 
canetas, capas de caderno, sacolas, 
porta-canetas, para citar alguns dos 
diversos produtos que podem ser 
produzidos a partir de processos de 
termo-formação, extrusão, injeção, 
rotomoldagem, entre outros
Além de todos os esses processos já de-
senvolvidos e implementados, a Tetra 
Pak do Brasil investiu também no de-
senvolvimento de uma nova tecnologia 
que permite a recuperação do alumínio 
metálico com a produção de parafina a 
partir do polietileno. A nova unidade 
tem capacidade para processar 8 mil 
toneladas/ano de plástico e alumínio – 
o que equivale à reciclagem de 32 mil 
toneladas de embalagens longa vida. 
A emissão de poluentes na recuperação 
dos materiais é próxima de zero, feita 
na ausência de oxigênio, sem queimas 
e com eficiência energética próxima de90%.
O objetivo principal da nova planta 
sempre foi de ampliar ainda mais o 
volume de reciclagem das embalagens 
longa vida pós-consumo e, conse-
qüentemente, da cadeia de reciclagem, 
com a geração de emprego e renda. 
“A nova planta é um marco no ciclo de 
reciclagem das embalagens longa vida. 
É um efeito cascata: a embalagem passa 
a valer mais para o reciclador e auto-
maticamente passa a valer mais para 
o catador, que irá buscar mais e mais 
embalagens”, afirma o diretor de Meio 
Ambiente.
FERNANDO VON ZUBEN DIRETOR DE MEIO AMBIENTE DA TETRA PAK RESPONDE
O que explica o sucesso da 
Tetra Pak em relação à recicla-
gem e ao ciclo de vida do seu 
produto?
No Brasil, as práticas de gestão 
da Tetra Pak demonstram que 
é possível conciliar sucesso 
empresarial com uma pos-
tura social e ambientalmente 
responsável. Nos últimos anos, 
a empresa tem investido no 
fomento às iniciativas de coleta seletiva das embalagens pós-consumo, no 
desenvolvimento de tecnologias de reciclagem e sua transferência para empre-
sas recicladoras, assim como na educação ambiental e na busca pela utiliza-
ção de fontes de energia limpas e matérias-primas renováveis. Ao beneficiar as 
pessoas e o meio ambiente, o resultado acaba se refletindo também no 
desempenho da empresa.
A vivência empresarial no setor direcionou a Tetra Pak para reciclagem das 
embalagens, sua decomposição e o retorno ao processo produtivo como ma-
téria-prima para outros tipos de embalagem. Explique-nos esta trajetória?
Desde sua criação, a Tetra Pak, líder mundial em soluções para processamento e 
envase de alimentos, tem a premissa da sustentabilidade em seu DNA. Assim, a 
empresa acredita em uma liderança industrial responsável, gerando crescimento 
com rentabilidade em harmonia com a sustentabilidade ambiental e boa cida-
dania corporativa. Partindo do princípio de que uma embalagem deve econo-
mizar mais do que custa, a empresa investe, há 50 anos, em ações em prol da 
preservação do meio ambiente. Este trabalho inclui inovações tecnológicas para 
reciclagem, e do repasse destas para empresas recicladoras, atitude fundamen-
tal para aumentar a coleta seletiva e a taxa de reciclagem das embalagens.
A embalagem longa vida é formada por três materiais: papel, alumínio e 
polietileno. A primeira etapa da reciclagem consiste em separar o papel dos 
demais elementos. O trabalho é feito em um equipamento denominado Hidra-
pulper, uma espécie de grande liquidificador que solta as fibras de papel com 
água. Elas seguem para processamento, onde se transformam em bobinas para 
a fabricação de caixas e papel para impressão (feito a partir da mistura de uma 
porcentagem das fibras recicladas com papel sulfite).
O que sobra é uma massa de plástico e alumínio. O material é enfardado e 
encaminhado para empresas que irão transformá-lo em produtos como telhas, 
placas, pellets (grãos) para injeção ou para laminação de peças plásticas e 
parafina, recuperando o alumínio na forma metálica. No primeiro caso, a mistura 
é triturada e prensada até a eliminação de toda a água. Em seguida, o material 
é fundido e depois resfriado para, então, adquirir o formato desejado, como: 
telhas ou placas para construção civil. Essas peças vêm conquistando um mer-
cado cada vez maior, graças a sua alta durabilidade e seu valor agregado. Outra 
vantagem é que elas são leves, flexíveis e possuem boa absorção acústica. No 
caso das telhas, elas são mais resistentes à degradação e oferecem melhor 
conforto térmico em comparação com as telhas comuns (o ambiente fica mais 
confortável, uma vez que o alumínio reflete os raios infravermelhos do sol, di-
minuindo a absorção de calor). Já a técnica de peletização foi desenvolvida no 
Brasil pela Tetra Pak e vem sendo aplicada desde 1998. A transformação da 
mistura de plástico e alumínio em grãos permitiu ampliar a forma de utilização 
do material, que hoje é matéria-prima para a fabricação de peças plásticas – 
vassouras, bolsas, sacolas, embalagens, canetas, capas de cadernos, pastas e 
objetos de escritório, entre outras. Hoje, mais de dez empresas fabricam peças 
a partir dos pellets, que, por sua vez, são produzidos por duas recicladoras no 
estado de São Paulo.
Em 2005, a Tetra Pak também desenvolveu, em parceria com as empresas Klabin, 
Alcoa e TSL Ambiental, a tecnologia de reciclagem do alumínio das embalagens, 
que consiste na separação total das camadas de alumínio e plástico. O alumínio 
pode ser comercializado na forma de pó ou barras (lingotes), e o polietileno é 
transformado em parafina, que é utilizada na produção de impermeabilizantes, 
lubrificantes ou como matéria-prima para a indústria química.
A reciclagem no Brasil ainda é incipiente, de que estrutura necessitamos para 
alavancá-la a níveis consideráveis? 
O maior desafio está em desenvolver toda a cadeia de reciclagem, com foco no 
apoio às cooperativas de catadores voltadas à coleta seletiva e na educação 
ambiental da população.
Uma das contribuições da Tetra Pak para auxiliar as pessoas a encontrar pontos 
de coleta seletiva foi a criação do site Rota da Reciclagem. Para viabilizar o 
projeto, a empresa desenvolveu uma ferramenta de busca com mapas, utilizando 
a tecnologia do Google Maps™. Ao digitar um endereço no site, o mapa mostra, 
em alguns segundos, todas as iniciativas localizadas nas proximidades. A ideia 
surgiu a partir da vontade da Tetra Pak de divulgar o enorme banco de dados 
que reuniu ao longo dos anos em que vem oferecendo apoio às atividades de 
coleta e reciclagem de suas embalagens pós-consumo. Além de organizar e 
disponibilizar essas informações, o site é uma ferramenta de trabalho que ajuda 
a identificar demandas, uma vez que permite visualizar, por exemplo, cidades e 
regiões onde faltam iniciativas de coleta e, a partir daí, desenvolver estratégias 
na tentativa de atender a tais demandas.
Como o Senhor vê as divergências significativas entre as cooperativas, aparis-
tas e a informalidade do mercado de recicláveis, quais os pontos vulneráveis 
dessa relação?
Com um esforço conjunto de empresas e associações, após 19 anos de trami-
tação, a Política Nacional de Resíduos Sólidos foi aprovada e sancionada pelo 
Presidente Lula. A nova lei institui as diretrizes para a gestão e gerenciamen-
to dos resíduos do país, não apenas estabelecendo as responsabilidades de 
cada um dos agentes envolvidos no ciclo de vida dos produtos - fabricantes, 
importadores, distribuidores, comerciantes, consumidores e poder público 
- como também apontando os instrumentos e meios para a execução dessas 
responsabilidades.
Desta forma, com cada agente assumindo sua responsabilidade, o mercado 
crescerá, gerando ganhos para toda a cadeia. Os benefícios ambientais virão 
com o incentivo à coleta seletiva e à reciclagem; os sociais, com a geração de 
emprego e migração de milhares de pessoas para a formalidade; e os econômi-
cos, com o incentivo à indústria de reciclagem.
A PNRS institui para as empresas uma responsabilidade que a Tetra Pak 
tomou para si há duas décadas, que mensagem o Senhor deixaria para os 
empresários brasileiros? 
Desde que surgiu o conceito de desenvolvimento sustentável, uma ideia consoli-
dada durante a ECO-92, no Rio de Janeiro, nós, da Tetra Pak, entendemos que, 
se quiséssemos sobreviver, precisaríamos exercer um papel ativo na educação 
ambiental e no desenvolvimento de tecnologias de reciclagem de nossas em-
balagens. Por isso, desde muito cedo, tivemos a coragem de inovar, investindo 
em uma liderança forte na área ambiental.
Nossa visão de sustentabilidade é representada pela figura de um templo. 
Quando os gregos, romanos e outros povos antigos construíram seus templos, 
criaram estruturas extremamente sólidas porque desejavam que essas 
construções permanecessem firmes para várias gerações ao longo dos sécu-
los. Nós também desejamos que o templo da Tetra Pak seja sustentável no 
longoprazo. Para isso, ele precisa estar apoiado em três pilares fundamentais: 
econômico, social e ambiental.
A ideologia em cadeias diferenciadas
de produção e comercialização
A Tetra Pak fortalece suas parcerias e busca, em comum 
acordo com seus fornecedores, a excelência ambiental. 
A Klabin, por exemplo, na década de 60 tinha um con-
sumo de água por tonelada de cartão vendidos de 300m³, 
hoje, com as máquinas mais modernas, está na faixa de 
28-30m³. “Tivemos uma redução de 90% do consumo 
de água, isto é só uma mostra de como a gente trabalha 
com a cadeia e como eles são nossos clientes a gente tem 
uma certa força de convencimento. Isto é importante para 
mover a cadeia nos dois sentidos. Trabalhamos no mesmo 
esquema com outros clientes, Coca-cola, Unilever, clientes 
regionais, clientes menores, todos são clientes, estamos 
tentando melhorar o processo existente, como proibir de 
jogar leite ou suco no rio e o uso de madeira ilegal nas 
caldeiras, ter unidade de tratamento de água, essas atitudes 
básicas,” finaliza Fernando von Zuben.
Plástico de fonte renovável da Braskem, 
mais um passo para excelência 
Nos últimos cinco anos, a Tetra Pak iniciou uma parceria 
com a Braskem, maior petroquímica das Américas e ter-
ceira maior produtora de polipropileno do mundo, que re-
centemente inovou ao lançar uma tecnologia de fabricação 
do chamado plástico verde, fabricado a partir do etanol 
da cana de açúcar, e 100% baseado em matéria prima 
renovável. “Hoje a questão ambiental deixou de ser nicho 
de mercado e está dominando toda a sociedade brasileira. 
E isso deve-se em grande parte à questão amazônica. 
As grandes queimadas, os grandes projetos durante o 
governo militar e também os grandes projetos na era 
democrática. A população foi tomando consciência no 
sentido de minimizar o impacto ambiental da sociedade”, 
acredita Von Zuben.
A relação com o consumidor
O executivo conta que a Tetra Pak realiza pesquisas a cada dois 
anos em 20 países do mundo, entre eles o Brasil, e os resultados 
são surpreendentes. “O consumidor está muito interessado na 
questão da sustentabilidade. Trabalha muito na questão da reci-
clagem, sabe bem separar o lixo, mas não tem muita noção de 
como tem de fazer e tem a percepção de que o poder público não 
está tratando o lixo reciclado, que não é mais lixo, de uma forma 
adequada. Isto a gente detecta muito bem nas nossas pesquisas.”
De acordo com Fernando von Zuben, é muito importante inte-
grar a sustentabilidade ao meio ambiente dentro do negócio da 
empresa, se isso não estiver integrado ao negócio, por experiência 
própria, é muito difícil alavancar recursos humanos, projetos den-
tro da corporação. “Por isso, nós tratamos a questão de reciclagem 
como um negócio, se a cadeia não ganhar dinheiro, obviamente 
ela não irá para frente.” 
16 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
CAPACAPA
Fardos de embalagens longa vida
Produção de Papel reciclado
Para as principais empresas, que já estão acostumadas a 
marcar presença, a Fimai é um momento especial para receber 
os clientes e os convidados, revela Fran Mozzart, gerente de 
comunicação da Estre Ambiental. “No ano passado, a empresa 
com a possibilidade de trazer ao Brasil uma máquina que gera 
energia a partir de lixo. Essa máquina chegou, está pronta e 
vamos inaugurar as operações amanhã, em nosso aterro de 
Paulínia.”
Fran aponta que as vantagens desta nova tecnologia começam 
quando os resíduos sólidos chegam ao aterro Sanitário. “Até 
hoje, a Estre só conseguia dar o destino final e não deixar que 
polua o meio ambiente nem o solo. A nossa nova máquina vai 
fazer a separação do lixo da coleta, que não é separado. Ou 
seja, ela entra numa grande máquina, vai separando todo o ma-
terial energético, para geração de energia”, garante.
Já Ag Solve utilizou os três dias de evento 
para apresentar ao público uma grande 
variedade de equipamentos para a 
investigação e remediação de 
água e solos. Atualmente, 
a Ag Solve possui uma 
linha completa de soluções 
para as áreas de hidrologia, 
meteorologia e gases, 
com equipamentos de alta 
confiabilidade e robustez.
Segundo Mauro Banderali, espe-
cialista em instrumentação ambiental 
da empresa, participar da FIMAI é uma ótima 
oportunidade para alavancar negócios e realizar networking. 
“A feira recebe um público altamente especializado, que busca 
tecnologias de ponta para a área ambiental. Participar desta 
feira é uma grande oportunidade para atender clientes, expor 
os produtos e gerar novos negócios”, afirma Banderali.
A Essencis Soluções Ambientais também aproveitou sua par-
ticipação na Feira para apresentar todo o portfólio de inova-
ções tecnológicas alinhadas à Política de Resíduos Sólidos. 
“A Essencis procura sempre estar na Feira e a cada edição 
mostrar todas as tecnologias e serviços prestados, para as 
indústrias e para o público em geral”, completa Fernanda 
Pincinatto, consultora comercial da empresa.
Para este ano, a Essencis está apresentando a recuperação de 
metais em lodo, uma tecnologia que vai começar no início 
do ano que vem. Outra novidade apresentada é a manufatura 
reversa, que transforma produto acabado em matéria prima.
A Eurovix é uma empresa italiana com mais de trinta anos 
no mercado de Biotecnologia. E, pela terceira vez, a empresa 
participa da Fimai. “É importante pela divulgação do assunto 
biotecnologia que ainda é novo. Aqui colocamos os principais 
benefícios do nosso produto, nossa tecnologia. Por que ela se 
diferencia dos chamados concorrentes”, Eduardo Barbosa, 
diretor técnico da Eurovix. Líder no mundo em Biotecologia, 
a empresa está no Brasil há três anos: “tempo necessário para 
conseguir registro e licenças que o produto necessita.”
Já a Bioland veio para a Fimai 2010 com uma expectativa 
diferente após a aprovação da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos. “Agora, com certeza, o setor vai crescer, novas tec-
nologias serão desenvolvidas e quem vai ganhar é a sociedade 
como um todo. Por que essas externalidades que a gente vê 
na questão de resíduos vão acabar cessando com es-
sas novas tecnologias”, acredita Débora 
Cardoso, engenheira ambiental, que 
completa. “A Bioland tem esse 
objetivo, mostrar essa tecno-
logia desenvolvida, já testa-
da e aprovada há treze anos 
com grandes parceiros que 
estão preocupados com a 
imagem e ação na socie-
dade e mostrar para que a 
gente tenhas essa destinação 
mais sustentável para resíduos 
orgânicos. É transformar esses resídu-
os em fertilizantes orgânicos para que sejam 
usados na agricultura.
Entre os diversos segmentos do setor de resíduos presentes na 
Fimai, um que se destacou foi o de trituradores. A Bano Eco, 
por exemplo, participa pela quarta vez da feira. De acordo 
com Luciano Barros, engenheiro ambiental da empresa, o 
evento é importante para envio de informações e troca de idéias 
Ӄ bom pra divulgar os tipos de equipamentos e apresentar no-
vas tecnologias para reciclagem de materiais”. Para exposição, 
a empresa trouxe equipamentos para redução de volume e 
pneumático, que é a reciclagem do pneu inteiro.
Outra empresa trituradora é a Hummel, uma empresa alemã, 
com mais de 25 anos no mercado mundial, que atua no Brasil 
há oitos anos. “estamos na Fimai para mostrar um produto 
focado no meio ambiente, uma solução a mais no meio de 
todas que estão oferecidas aqui”, Antonio Carlos Marques, 
gerente comercial.
EVENTOSEVENTOS
A 12ª Feira Internacional do Meio Ambiente Industrial 
e Sustentabilidade (Fimai), realizada no início de novem-
bro, no Expo Center Norte, em São Paulo, registrou mais de 
R$ 1,1 bilhão em negócios fechados, o que supera a marco dos 
R$ 800 milhões comercializados na edição anterior. Cerca de 
400 empresas, entre elas 120 estrangeiras, de 16 países, levaram 
ao evento máquinas, equipamentos e soluçõesde tecnologias 
voltadas para a produção sustentável. 
Segundo Julio Tocalino Neto, presidente da Fimai, os crescimento 
do volume de negócios mostra a preocupação dos grupos empre-
sariais com a questão da sustentabilidade. “Em meados dos anos 
1990, apenas uma empresa, a Bahia Sul Celulose e Papel, tinha o 
certificado ISO 14001”, diz. “Hoje já são 4 mil companhias.”
Neste ano, a feira contou não só com as empresas do setor, 
mas também outras do porte da Pirelli, Petrobrás, Usiminas, 
Votorantim, Mercedes Benz e GM, entre outras. 
Empolgadas com a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos,
empresas investiram em lançamentos
Fimai 2010 apresenta diversas novidades
20 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010 | Gestão de Resíduos | 21
A educação é, segundo o Aurélio, “o processo de desenvol-
vimento da capacidade física, intelectual e moral do ser huma-
no”, que visa à sua melhor integração individual e social. O meio 
ambiente é o pano de fundo no qual este processo ocorre. Nada 
mais natural, portanto, que e educação e o meio ambiente se-
jam encarados pela esfera pública como elementos indissociáveis 
em uma sociedade que muito ainda tem a aprender no âmbito 
da política ambiental e da administração dos resíduos sólidos. 
O Brasil parece caminhar com passos conscientes nesta direção.
A Política Nacional de Educação Ambiental (lei de 27 de abril 
de 1999) e a Política Nacional de Resíduos Sólidos (lei de 02 de 
agosto de 2010) foram aprovadas durante os governos dos dois 
últimos presidentes (eleitos e reeleitos) antes de Dilma Rousseff. 
Portanto, são políticas que resultam, acima de tudo, de um pro-
cesso democrático. Embora elaboradas por governos de orienta-
ção política distinta, a PNRS se articula com a PNEA. Isso não 
significa, porém, que o Brasil seja considerado parte do primeiro 
mundo em termos de gestão do meio ambiente.
Olhe ao seu redor. É preciso ser muito otimista para achar que 
somos ambientalmente educados. A consciência ambiental ainda 
engatinha nos trópicos (cada vez mais aquecidos). No entanto, é 
bom que se diga, maltratar o ambiente ou ignorar a sua relevân-
cia é ilegal no Brasil. É dever nosso, de educadores e gestores de 
resíduos, garantir que a lei seja cumprida.
A educação é o ponto-chave da PNEA, que se refere, em seu 
Artigo 3, à “sociedade como um todo”. A escola, portanto, é 
apenas um dos galhos para onde aponta o tronco da Política 
Ambiental; porém, esta deve ser entendida como um dos sus-
tentáculos sociais deste universo a ser educado. Embora não seja 
isenta de críticas, a PNEA tem, em seu Artigo 4, uma janela re-
frescante, pois prevê a “permanente avaliação crítica do processo 
educativo”.Neste sentido, como educador, gostaria de propor 
um olhar que leve em conta uma política de educação ambiental 
em paralelo a uma política do ambiente educacional.
A escola precisa ser um laboratório para a educação ambiental. 
E é preciso entender a escola não como um espaço que se encerra 
dentro das quatro paredes de uma sala de aula. A escola é a sala 
de aula, é a cantina, é a quadra de esportes,é a perua que trans-
porta o aluno desde a porta de sua casa. A escola é também a 
comunidade - composta de alunos, professores, pais e entidades 
– todos atores participantes do processo educacional e, portanto, 
sujeitos aos mesmos direitos e às mesmas responsabilidades 
ambientais. Ações como coleta seletiva, desenvolvimento susten-
tável e controle social estão previstas na PNRS e devem ser abor-
dadas na escola, como prevê a PNEA. No entanto, ao contrário 
do que recomenda a PNEA, a educação ambiental merece, desde 
o ensino fundamental, uma matéria específica no currículo, para 
que seja internalizada e praticada pelos jovens com consciência 
e responsabilidade. A inter, multi e transdisciplinaridade (tam-
bém prevista na PNEA) não elimina a possibilidade da existência 
de uma disciplina específica que dialogue com as outras, que 
tenha existência própria não apenas em cursos de pós-graduação, 
como diz seu Artigo 10. Geografia, Artes, Literatura, Matemáti-
ca, História e Tecnologia da Informação: as disciplinas podem 
e devem ser incluídas em discussões sobre educação ambiental 
nos mais diversos projetos pedagógicos. Mas ela será ainda mais 
relevante se deixar de ser apenas um apêndice de outras matérias 
(como prevê a PNEA) e passar a fazer parte da pauta curricular, 
com professores bem preparados e que envolvam toda a comu-
nidade escolar. 
O Brasil, por seu gigantismo econômico, geográfico, ecológico 
e (agora) político, deve ser visto como um País-escola em ter-
mos ambientais. Nosso país diariamente ganha mais destaque 
no mundo, que, cada vez mais, olha para nós com interesse e 
respeito. Que os grandes eventos esportivos que o Brasil irá se-
diar em 2014 (Copa do Mundo de Futebol) e 2016 (Olimpíada 
no Rio de Janeiro) sirvam não como vitrine para o mundo ver 
como somos evoluídos ambientalmente, mas que sejam um es-
pelho permanente (e sempre sujeito a avaliações críticas) para 
que nossos próprios olhos estejam constantemente atentos aos 
movimentos que criamos. A PNEA e a PNRS merecem nossa 
aprovação. Mas ainda falta muito para o Brasil se graduar.
sólidos resíduos da Educação Ambiental
PNEA x PNrs
Anderson Borges Costa, é coordenador 
do Departamento de Português da escola 
internacional Saint Nicholas, onde também 
atua como professor de Língua Portuguesa 
e Literatura Brasileira. É professor de 
Inglês no curso de idiomas Cel Lep. Pós-
graduado em Letras (Português/Inglês/
Alemão) pela Universidade de São Paulo.”
22 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
PONTO DE VISTA
por Anderson Borges Costa
até pouquíssimo tempo. Identifica-se assim, uma 
“bolha” explosiva de consumo imoderado, bus-
cando sanar um apetite voraz, represado por 
anos. Conclui-se que, se tudo está bem para 
economia, à materialidade será aperfei-
çoada no acesso aos bens desejados. 
Neste momento é que se inicia o grande 
debate, quando se identifica os bens mais 
desejados e adquiridos pela população. 
Sim, são eles, os produtos eletroeletrôni-
cos como: televisores, microcomputado-
res, celulares e congêneres. Vejamos que o 
fato não apenas significa a necessidade de 
exploração crescente, dos recursos naturais 
para atender a demanda, mas, significativa gera-
ção de resíduos eletrônicos ou tecnológicos. 
Talvez este seja este o maior desafio da década e a situação se 
agrava, na incapacidade de gestão dos resíduos por parte do poder 
público, que não consegue acompanhar esse movimento crescen-
te de forma ajustada. 
Neste particular, a PNRS nomeou em seu art. 33, IV, os produtos 
eletro eletrônicos como aqueles que estão obrigados a estruturar e 
implementar sistemas de logística reversa, mediante retorno após 
seu uso pelo consumidor. Uma vez relacionado neste dispositivo, 
a lei atribui à regulamentação, aos acordos setoriais e a termos 
de compromisso, o equacionamento da logística reversa destes 
produtos bem como, suas embalagens. Vale ressaltar que, embora 
carente de maior clareza quando da sua regulamenta-
ção, os pilares estão bem delineados e as medidas 
introdutórias merecem atenção imediata.
Parte-se da premissa que os resíduos eletro-
eletrônicos já são significativos em nossa 
sociedade, com grau de risco dimensionado 
pelas suas características físico-químicas, 
residindo ai, a necessidade de negociar os 
acordos setoriais e realizar estudos prévios 
para definição da responsabilidade compar-
tilhada, construção dos planos de geren-
ciamento de resíduos sólidos, criação de uma 
malha eficaz para a logística reversa de forma 
continuada e economicamente sustentável.
Não há mais como colocar produção de um lado e meio 
ambiente de outro, como figuras antagônicas. A conformi-dade legal é o caminho adequado de um bloco único, defendendo 
as mesmas ações e posições. 
Gerenciamento dos Resíduos Eletrônicos
em contraponto ao emergir do poder de
compra das classes sociais
24 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
ESPECIALESPECIAL
Diversas normas, tanto federais quanto estaduais, já 
vinham incorporando os resíduos sólidos como item significativo 
em suas políticas de saneamento, contudo, a questão tomou maior 
destaque, neste ano de 2010, com a sanção da Lei nº 12.305 que 
instituiu a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS).
Vários especialistas respeitados consideraram este diploma 
legal desnecessário, defendendo o entendimento que os resíduos 
sólidos já vinham sendo tratados como apêndice às normas de 
saneamento, com destaque para a Lei nº 11.445/2007, que dis-
põe sobre as diretrizes da política de saneamento. Além disso, 
Estados e alguns municípios já haviam normatizado o assunto 
internamente, porém, com focos bem diferenciados em função de 
suas características industriais, áreas disponíveis e adensamento 
populacional, corroborado pelas dimensões territoriais do País, 
suas diversidades regionais e, suas características econômicas 
e sociais. 
Na prática, o fato relevante é que os resíduos ganharam notorie-
dade e volume com a explosão do consumo nas últimas décadas, 
em especial nos últimos anos, provocando maior preocupação, 
a ponto de descolar-se do saneamento, exigindo independência 
legislativa. Mesmo com toda a demora em seu trâmite nas casas 
legislativas, sua importância tornou-se flagrante. 
A nova legislação surge em um novo momento econômico que, 
por si só, justifica tal relevância. Mesmo assim, outros, mas 
não menos importantes fatores, passaram a influir com expres-
sivo relevo, porém, até agora, pouco discutidos como: O apelo 
social inserido na legislação para alcance de outros resultados só-
cio-ambientais, distribuição e compartilhamento das responsabi-
lidades com os empreendimentos e stakeholders, dentre outros. 
Indiscutivelmente estamos na era do consumo, e o Brasil em uma 
fase particular deste fenômeno. Com o emergir de classes D e 
E, que se encontravam submersas economicamente, surge um 
novo desafio – administrar a redenção destas classes. Trata-se 
de um fato econômico que reflete diretamente no gerenciamento 
dos resíduos sólidos, uma vez que as classes começam a serem 
vistas como potenciais consumidores. A relevância maior está 
no peso populacional que estas classes emergentes representam, 
somada por sua avidez em adquirir produtos e bens inalcançados 
Cássio dos Santos Peixoto
cpeixoto.bms@terra.com.br
cpeixoto@bmsempresarial.com.br 
Advogado – Consultor de Empresas 
Professor de Legislação e Direito Ambiental da Pós-Graduação
em Gestão Ambiental da Faculdade SENAC MG.
Pós Graduado em Direito Tributário, Pós-Graduado em Direito 
Empresarial, Pós-Graduado em Direito Ambiental,
Pós-Graduado em Gestão Ambiental
por Cássio dos Santos Peixoto
Os restos de material serão usados principalmente 
na sub-base do asfalto. É feita uma triagem inicial, 
depois uma trituração, e os pedregulhos são então 
misturados a uma massa asfáltica mais homogênea. 
Depois, é aplicada outra camada de 10 a 15 cm de asfalto 
normal, e uma última, com cerca de 5 cm de espessura. 
É a primeira vez que a técnica é usada em São Paulo. Só o 
São Vito deve produzir material suficiente para ser usado 
em 30 km de pavimentação. 
A meta é demolir três andares a cada 15 dias. Com mini-
tratores e miniescavadeiras, a equipe faz pequenos bura-
cos nas lajes que, aos poucos, vão cedendo. Dia a dia a 
estrutura dos edifícios está sumindo.
O entulho é jogado no poço do elevador e forma 
grandes montes de madeira, concreto e ferrugem. 
Todo o material é levado para uma empresa que faz 
a reciclagem e o resto da demolição é moído, se transfor-
mando em um material usado na pavimentação das ruas.
Um projeto em desenvolvimento pela Prefeitura pre-
vê a criação de uma praça, um estacionamento e um 
equipamento complementar ao mercado municipal na 
região dos edifícios São Vito e Mercúrio.
Para que tudo isso efetivamente aconteça, é necessário 
o estabelecimento de um Projeto de Gestão de RCD 
da obra, elaborado e documentado pela empresa 
responsável pelas operações de demolição e construção, 
bem como fiscalizado pelo órgão municipal competente, 
tudo como previsto na mencionada legislação.
A promulgação da Lei Federal 10.257, de 
10 de junho de 2001, que estabeleceu o Estatuto das 
Cidades definiu novas e importantes diretrizes para 
um equilibrado desenvolvimento do meio ambiente 
urbano, quer natural ou construído, que permitiu 
alem de sua proteção e preservação a geração de novos 
aglomerados humanos, mas agora sustentáveis.
O município é constitucionalmente e em última es-
tância o promotor das ações práticas de fomento e 
atendimento desses processos, portanto devendo 
promover os instrumentos jurídicos, administrati-
vos, econômicos e sociais necessários as articulações 
de políticas públicas, as quais são as ferramentas de 
materialização desses processos.
Entre os setores de infraestrutura que muito necessita 
disso está o do Manuseio de Resíduos Sólidos Urba-
nos, cujos objetivos de gestão há muito, e por muitos, 
é perseguido. Nesse caminho os Resíduos Sólidos 
Domiciliares sempre representaram os primeiros 
passos, depois os gerados nos estabelecimentos de 
saúde, nas indústrias e agora, mais recentemente nas 
obras da construção civil, quer nas edificações, re-
formas ou demolições, mais conhecidos por RCD – 
Resíduos da Construção Civil e de Demolição.
As cidades são altamente dinâmicas e continuada-
mente passam por modificações estruturais quer para 
adequação, modernização ou expansão, sempre ge-
rando enormes quantidades de entulho. E como está 
previsto no Estatuto das Cidades, suas Administrações 
Públicas devem estar preparadas, se orientando e 
planejando, sobretudo de acordo com a Resolução 
CONAMA 307 de 2002.
Várias cidades já seguiram as orientações da 
Resolução e criaram suas legislações próprias e específicas. 
A maior do País, São Paulo, esse cenário já é fato, 
como mostra o processo de demolição dos edifícios 
São Vito e Mercúrio. Situados no Parque Dom Pedro, 
região do Centro antigo de São Paulo, esses antigos e 
tradicionais prédios da zona cerealista paulistana, que por 
suas irregulares ocupações e usos, foram apelidados de 
“treme-treme”. Após longa caminhada jurídica de desa- 
propriações e desocupações, eles vão ser demolidos.
Serão milhares de toneladas de entulho que deverão 
vir abaixo numa demolição controlada, não só no 
aspecto de derrubar, mas ser, como também definido 
nos artigos da Lei Municipal n.º 14.803 de 2008, que 
criou o Plano de Gestão de RCD da cidade de São 
Paulo. A Prefeitura de São Paulo vai usar restos de 
concreto da demolição para produzir asfalto e pavi-
mentar oito ruas da cidade.
O projeto começa em ruas pequenas, cobrindo 
2,6 km de vias nos bairros do Butantã, Brasilândia 
e Jardim Romano. O investimento inicial é de 
R$ 2 milhões. Para o meio ambiente, o benefício é 
a reutilização de entulhos que teriam como destino 
final os aterros sanitários. Para a Prefeitura, a vanta-
gem é uma economia de cerca de 40% nos custos de 
produção do asfalto. 
A questão rCd na demolição dos
edifícios são Vito e mecúrio
Resíduos de Construção e Demolição 
PARECER TÉCNICO
por Walter Capello Junior
26 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
PARECER TÉCNICO
Walter Capello Junior
Colaborador da
Gestão de Resíduos
walter@gestaoderesiduos.com.br
A Política Nacional de resíduos sólidos sob a ótica 
das obrigações e responsabilidades instituídas
OLhAR JURíDICO
por Simone Paschoal Nogueira
28 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010O novo marco legal estabelecido pela Política Nacional 
de Resíduos Sólidos (PNRS) trouxe diversas discussões e ques-
tionamentos quanto às obrigações e responsabilidades de cada 
ente envolvido: Poder Público, Setor Produtivo e Sociedade.
A PNRS, ao dispor sobre seus princípios e objetivos, estabelece 
que o Poder Público deve agir em consonância com os padrões 
de consumo social ambientalmente corretos. 
Dentre os objetivos previstos pela lei, cabe mencionar a pro-
teção à saúde pública e a não geração, redução, reutilização, 
reciclagem e tratamento dos resíduos, bem como a disposição 
final adequada.
Nesse sentido, a norma direciona a sociedade ao consumo 
consciente e sustentável e à preservação dos recursos naturais. 
Contudo, o poder de polícia a ser exercido pela Administração 
Pública na fiscalização e operacionalização da Política, visando 
o correto gerenciamento dos resíduos sólidos, não poderá ser 
apenas mais uma prerrogativa em prol do interesse público, 
mas deverá compreender, também, treinamento, orientação e 
disciplina dos servidores públicos para com a sociedade.
A exemplo disso, vale mencionar iniciativas como as da 
Prefeitura do Rio de Janeiro, chamada operação “choque de 
limpeza pública” , que premiará a região que mais conseguir 
diminuir o descarte de lixo. Para tanto, os servidores públicos 
receberão treinamento de profissionais especializados (pedago-
gos, sociólogos, etc.) para a referida operação, além de aulas de 
ética e legislação.
Os Estados e Municípios tem, a partir da publicação da lei, o 
dever de elaborar seus Planos de Resíduos Sólidos, no prazo 
de dois anos. No entanto, não foi estabelecido prazo para a 
elaboração do Plano pela União Federal, ente federativo basilar 
na formulação de diretrizes e direcionamento dos demais Pla-
nos de resíduos. A ausência de prazo para elaboração do Plano 
Nacional prejudica a instrução dos Estados e Municípios na 
elaboração dos seus respectivos planos.
Vale mencionar, ainda, que os Estados e Municípios somente 
poderão ser beneficiados com acesso aos recursos do Governo 
Federal para a implantação de projetos de limpeza pública e 
manejo de resíduos sólidos, após aprovação de seus planos de 
resíduos.
Além disso, foi estabelecido que todos os entes deverão manter 
conjuntamente um Sistema de Informações sobre a Gestão dos 
Resíduos Sólidos (Sinir), articulado com o Sistema de Informa-
ções em Saneamento Básico (Sinisa – Ministério das Cidades) 
e o Sistema Nacional de Informação sobre Meio Ambiente 
(Sinima – Ministério de Meio Ambiente). 
Com efeito, os Estados, Distrito Federal e Municípios deverão 
fornecer todas as informações relativas à gestão dos resíduos, 
sob sua esfera de competência, ao órgão federal responsável 
pela coordenação do Sinir, na forma e periodicidade que serão 
estabelecidas em regulamento.
Ainda, dentre as responsabilidades do Poder Público, a lei es-
tabelece a obrigatoriedade de eliminação ou recuperação dos 
lixões no prazo de dois anos, com a implantação de aterros 
sanitários ambientalmente adequados.
Sobre o tema, a Política prevê apenas a possibilidade de depósi-
to de resíduos nos aterros, quando não houver possibilidade 
de reaproveitamento ou compostagem, ou seja, quando o 
seu retorno ao ciclo produtivo for economicamente inviável. 
Do contrário, nos termos da lei, somente rejeitos poderão ser 
dispostos em aterros.
No caso de áreas contaminadas cujos responsáveis pela dis-
posição não sejam “identificáveis” ou “individualizáveis”, 
denominadas áreas órfãs, o Governo Federal deverá estruturar 
e manter instrumentos e atividades voltados para sua descon-
taminação. A lei estabelece, ainda, que caso haja identificação 
dos responsáveis pela descontaminação, estes deverão ressarcir 
o Poder Público integralmente. 
Portanto, sem prejuízo da importância das obrigações instituí-
das ao setor produtivo e sociedade, a atuação do Poder Público 
em conformidade com o previsto 
na Lei é fundamental para a via-
bilidade da efetiva aplicação da 
PNRS, com todos os seus desdo-
bramentos previstos. 
Simone Paschoal Nogueira
sócia responsável pelo setor 
ambiental da Siqueira Castro 
Advogados e coordenadora
de Legislação da ABLP
Associação Bras. de Resíduos 
Sólidos e Limpeza Pública
LINKS DO PORTAL LINKS DO PORTAL
Gestão de resíduos online
Expansão e desempenho 
O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico 
Social (BNDES) aprovou financiamento de R$ 33,9 
milhões para investimentos da Estre Ambiental, empresa 
nacional de gestão de resíduos sólidos e tratamento de 
áreas degradadas.
Os recursos serão usados na implantação de uma uni-
dade de processamento de resíduos, com capacidade de 
produção de 450 toneladas anuais de combustível deri-
vado de resíduos (CDR). O CDR é um combustível em 
forma de flocos que pode ser usado na alimentação de 
caldeiras e fornos industriais.
Esta é a primeira vez que o BNDES financia um projeto 
na área de resíduos sólidos para transformação de lixo 
urbano em energia.
O projeto da Estre prevê a expansão dos aterros sanitários 
de Itapevi e Paulínia, no Estado de São Paulo, a captação 
de biogás com geração de crédito de carbono e a produção 
de combustível derivado de resíduo sólido.
O governador do Estado do Paraná em 
exercício, Nelson Justus, encaminhou 
no início de dezembro à Assembleia 
Legislativa mensagem para que todos 
os municípios possam cobrar a taxa de 
recolhimento de lixo na conta de água 
da Sanepar. “É uma maneira de facili-
tar a vida das prefeituras, que não dis-
põem, muitas vezes, de estrutura para 
fazer esta cobrança.” 
Segundo Justus, o futuro presidente da 
empresa, Fernando Ghignone, foi consul-
tado e disse estar de acordo com a medida. 
Ele relatou que muitos prefeitos o procura-
ram e expuseram esta necessidade. “É mais 
um apoio aos pequenos e médios municí-
pios do Paraná”, avaliou. Hoje, a legislação 
permite que apenas os municípios com 
menos de 50 mil habitantes efetuem a 
cobrança por meio da conta de água.
Depois de mais de um mês desde que o pre-
feito de Santo André, Aidan Ravin, anunciou a 
reabertura do aterro sanitário de Santo André, 
o local continua interditado pela Companhia 
Ambiental do Estado de São Paulo (Cetesb).
O prefeito havia informado que o aterro se-
ria reaberto em 12 de novembro. No dia do 
anúncio, Ravin explicou que faltavam apenas 
alguns documentos, sobre impermeabilização 
do solo e estabilidade das pilhas de lixo, para 
que o órgão estadual liberasse a abertura e a 
ampliação do local. Esses documentos seriam 
entregues no dia seguinte da coletiva, mas isso 
ainda não aconteceu.
Nos primeiros seis meses em que o aterro 
esteve fechado, o município gastou R$ 9 
milhões ao recolher e transportar o lixo para 
outros três aterros licenciados pela Cetesb: 
Lara (Mauá), Essencis Soluções Ambientais 
(Caieiras) e CDR Pedreira (Capital). Normal-
mente, o valor utilizado com o aterro munici-
pal em funcionamento no mesmo período seria 
de R$ 1 milhão.
O Piauí se prepara para criar uma lei 
estadual como forma de se adequar à Lei 
12.305/10 do governo federal que trata 
sobre a Política Nacional de Resíduos 
Sólidos (PNRS). Para tanto, vão ser 
realizados seminários de discussões 
envolvendo as prefeituras municipais, 
entidades ligadas à sociedade civil orga-
nizada, entidades ligadas à pesquisa e ao 
ensino, além de representantes da área 
técnica das secretarias e dos ministérios 
das Cidades e Meio Ambiente.
O objetivo é desenvolver a construção de 
um modelo de gerenciamento dos resíduos 
sólidos e também a constituição dos con-
sórcios entre os municípios, bem como 
fazê-los funcionar. Os municípios só vão 
poder captar recursos federais se participa-
rem das atividades dos consórcios.
A Enfil S/A Controle Ambiental fechou 
parceria com a fornecedora alemã 
Fisia Babcock Environment para trazer a 
Américado Sul tecnologia de ponta para 
a cogeração de energia a partir do lixo 
urbano. A empresa alemã é detentora da 
mais avançada tecnologia no setor, usada 
em seu país e em outras nações da Europa. 
O processo traz dois benefícios para a 
comunidade: transforma grandes volumes 
de lixo em poucos quilos de cinza, evitan-
do os lixões, e gera energia elétrica. 
Segundo Franco Tarabini Jr., diretor da 
Enfil, no passado a empresa já havia ava-
liado a possibilidade de atuar no setor, 
e se viu confrontada com o conceito ge-
neralizado de que a solução mais adequada 
era destinar o lixo para aterros sanitários. 
“Hoje, o cenário é muito mais promissor, 
pois existe a clara percepção que não 
existem locais para esses aterros próximos 
aos grandes centros e a legislação está se 
tornando cada vez mais exigente”, comen-
ta Franco. Segundo ele os clientes para esse 
novo serviço da Enfil são os atuais gestores 
públicos e privados de sistemas de coleta 
de lixo e de aterros sanitários. 
A cidade de Curitiba foi eleita a metrópole verde 
entre outras 17 cidades da América Latina, segundo 
um estudo sobre meio ambiente apresentado pela em-
presa alemã Siemens e a unidade de estudos da revista 
britânica The Economist.
No marco da Cúpula Climática Mundial de Prefeitos 
(CCLIMA), realizada no México, se apresentou pela 
primeira vez o Green City Index (GCI) da América 
Latina, classificando Curitiba, com 1,7 milhão de ha-
bitantes, como a única cidade “muito acima” da média 
quanto a normas ambientais. Seguida dela, no segundo 
dos cinco níveis, ficaram outro grupo de cidades como 
Bogotá, capital da Colômbia; e Brasília, Belo Horizonte, 
Rio de Janeiro e São Paulo.
BNDES financia projeto
da Estre Ambiental
Governo do Paraná 
quer padronizar a 
cobrança da taxa 
do lixo
Curitiba é cidade mais
verde da América Latina
Aterro continua 
interditado pela 
Cetesb
Piauí se prepara 
para criar
consórcios de
resíduos sólidos
Novo foco da
Enfil é geração
de energia pela 
queima de lixo
30 | Gestão de Resíduos | N° 27 • Novembro / Dezembro • 2010
www.ges taode res iduos . com.b r
O governo brasileiro, em mais uma ousada e ino-
vadora atitude, lançou para consulta pública neste final 
de ano o Plano de Produção e Consumo Sustentáveis, 
definido acima de tudo como uma agenda positiva. 
É uma mudança de paradigma.
No seu texto de apresentação, a Secretária de Articula-
ção Institucional e Cidadania Ambiental e sua grande 
idealizadora - Samyra Crespo – coloca que “Em essência, este 
não é um plano governamental, ou do Ministério do Meio 
Ambiente, uma vez que não se estrutura somente em ações 
governamentais. É um plano que abriga e agrega também 
ações importantes do setor produtivo e da sociedade civil, 
valorizando esforços que têm por base o bem público, o 
princípio da parceria e da responsabilidade compartilhada. 
O Plano é totalmente convergente com as finalidades e 
linhas programáticas, tanto da Política Nacional de Resíduos 
Sólidos quanto da Política Nacional sobre Mudança do 
Clima”.
Ao tomar como princípios a parceria e a responsabilidade 
compartilhada, o governo se coloca no seu verdadeiro papel 
de articulador e fomentador de iniciativas sustentáveis de 
longo prazo e que tenham efeitos profundos no modo com 
que a sociedade atua e se relaciona.
Os efeitos de um Plano como este no campo do desenvol-
vimento social e humano são potencialmente imensos mas 
ao mesmo tempo contém uma sutileza que nos faz enganar. 
Como colocado na apresentação do documento de 95 pági-
nas, disponível no site www.mma.gov.br, “sem um esforço 
considerável para alterar os atuais padrões de produção e 
consumo não é realista almejar uma sociedade mais justa e 
mais responsável”.
Penso que este Plano tem como o seu principal mérito esta 
nova visão de caminharmos juntos – sociedade civil, ini-
ciativa privada e governo – no sentido de um novo modelo 
de desenvolvimento mais justo e menos degradador seja do 
ponto de vista ambiental, ou social ou mesmo econômico.
Aqueles que se interessarem em participar desta construção 
coletiva do PPCS, mesmo após o final do período de con-
sulta pública poderão continuar participando ativamente 
do processo, seja através de entidades da sociedade civil or-
ganizada – as famosas ONGs – ou mesmo individualmente 
em seus microcosmos.
Se tomarmos para o nosso dia-a-dia mesmo que apenas al-
gumas das seis prioridades colocadas no PPCS (aumento da 
reciclagem; educação para o consumo sustentável; agenda 
ambiental na administração pública; compras públicas sus-
tentáveis; construções sustentáveis; varejo e consumo sus-
tentáveis) com suas necessárias adaptações de terminologia, 
o avanço será indiscutível.
Desta forma, a inclusão social, o desenvolvimento 
econômico com respeito ao meio ambiente e a preservação 
ambiental serão fatos. A responsabilidade compartilhada 
pelo sucesso deste plano, assim como o estabelecimento de 
um novo modelo de desenvolvimento está dada e as ferra-
mentas iniciais para isso também.
A inclusão de setores marginalizados das políticas públi-
cas ou das benesses do desenvolvimento econômico serão 
conseqüências imediatas deste novo modelo que, mais uma 
vez, coloca a participação ci-
dadã em seu cerne.
Cabe agora a cada um de nós 
fazer a sua parte e, por que 
não, deixar filhos melhores 
para o mundo.
A inclusão social de
políticas como o PPCs
Eng. Agrônomo
Emiliano Milanez Graziano da Silva
Consultor da FAO/ONU, UNESCO
e Diretor da Tulipe Consultoria em 
Projetos Sustentáveis
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AÇÃO SOCIAL
por Emiliano Milanez Graziano da Silva
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Ministério do Meio Ambiente
www.mma.gov.br/ppcs
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Secretaria de Recursos hídricos 
e Meio Ambiente Urbano
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Tel.: 11 22149-1733
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atendimento@internews.jor.br
Tel. 11 3751-3430
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Tel. 81-34668762
Dra. Simone Pascoal Nogueira 
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Tel. 11-3704-9840 11-3594-0972
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de Limpeza Urbana no ESP 
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selur@selur.com.br
Tel.: 11 3171-0727
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Urbana www.stralu.com.br
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Tel.: 55 11 5501-3200
Vox Editora 
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Apesar de estar na Constituição Federal garantir que to-
dos têm direito à informação, 23,3% da população brasileira 
se reconhece “mal” e “muito mal” informada sobre as questões 
ambientais e 50% sentem-se “mais ou menos informados” e 
apenas 21,6% acham-se “muito bem” e “bem informados” sobre 
Meio Ambiente. 
Constatamos que, ONGs (organização não-governamental), 
governos e empresas não têm sido eficazes na democratiza-
ção da informação ambiental, pois as Ongs falam de desastres 
ambientais, o governo dedica-se a campanhas pontuais, sem 
explicar em profundidade os problemas e desafios de ordem 
ambiental e, grande parte das empresas usam suas ações como 
estratégia de marketing.
Além desses fatores que impedem entendermos e discutirmos a 
causa dos problemas ambientais, temos o problema da população 
que não compreende o significado das informações apresentadas. 
Outro fator que merece destaque, os meios de comunicação que 
relatam desastres ambientais ou algum tema de interesse geral do 
público, no caso a fauna e flora existente no mundo, levando a 
sociedade a associar o meio ambiente como bichos e plantas.
Vale lembrar que, somente a democratização da informação 
não é capaz de enfrentar os grandes problemas ambientais, mas 
com certeza somará a outras iniciativas, pois a destruição da 
natureza está relacionada com o que o indivíduo aprendeu ao 
longo da sua história e a cultura do seu povo, refletida nas rela-
ções sociais e tecnológicas de sua sociedade. Assim, notamos que, 
não é pela quantidade de informação que a população aprende 
a pensar criticamente e atuar em seu mundo para transformá-lo. 
É necessário desenvolver uma base educacional crítica e partici-
pativa, adequada à realidade local, caso contrário, às palavras per-
dem significado e importância.
É impossível estimular a participação popular, sem garantir os 
instrumentos, direitos e acesso à participação e interferência nos 
centros decisórios. O papel da comunicação é contribuir para o 
exercício da cidadania, aprofundando as causas dos problemas 
ambientais, estimulando mudança de comportamento e novas 
tecnologias.
Ressaltamos que, não basta estar consciente dos problemas 
ambientais, há necessidade do indivíduo agir para transformar. 
O comportamento dos indivíduos em relação ao meio ambiente 
é indissociável do exercício da cidadania.
É fundamental a informação ter uma linguagem que seja com-
preendida por todos, para atingirmos a transformação social e 
entendermos que muitas vezes, a mobilização da sociedade por 
melhores condições de trabalho, fim das valas de esgotos a céu 
aberto - são lutas ambientais.
Constatamos que a influência dos nossos hábitos, padrões de 
consumo e comportamentos são baseados nos diferentes tipos 
de mídia que nos cercam como: televisão, rádio, jornal, revis-
tas, entre outros. E, nos últimos cinqüenta anos, a televisão, 
foi o veículo de massa que alcançou os resultados mais im-
pressionantes em termos de abrangência e prestígio e reforçou 
sua posição como principal meio de comunicação de massa, 
depois do rádio, no mundo. 
Uma pesquisa recente sobre mídia e meio ambiente mostrou 
que, apenas 15% dos entrevistados liam jornal diariamente e 
90% têm na televisão a principal fonte de informação sobre, 
porém, vinculavam o meio ambiente aos temas de flora e fau-
na. Realmente, a televisão tem dado altos pontos de audiência 
sobre as questões ambientais, com imagens exóticas e sons 
da vida selvagem, reforçando a imagem preservacionista e de 
destruição da fauna e flora.
Assim, para a mídia e para muitos brasileiros, meio ambiente 
é ainda uma questão periférica, porque não alcançou esse sen-
tido mais amplo, que extrapola a fauna (bicho) e flora (flores, 
árvores).
Há necessidade de jornalistas e responsáveis pelos meios de 
comunicação, de traduzir, desmistificar e entender os jargões 
ecológicos como: manejo sustentável, emissão dos gases es-
tufa, ecoeficiência, transgênicos, entre outros.
Uma das coisas mais importantes da comunicação ambiental 
é perceber a realidade que nos cerca numa visão sistêmica, 
privilegiando a qualidade de vida no planeta e do planeta.
A Internet revela-se também como um poderoso instru-
mento de mobilização na área ambiental, apesar de elitista, 
pois grande parte da população brasileira não tem o equipa-
mento. 
Finalizando, os meios de comunicação, jornais, televisão, 
rádio e outros mais, são essenciais para que as pessoas fiquem 
informadas sobre a temática ambiental e transformem a 
realidade local. 
A democratização da informação ambiental
RAZÃO AMBIENTAL
por Rose Gottardo
Rose Gottardo, mestre em Educação,
pós-graduada em Educação Ambiental
pela FSP-USP. É coordenadora do MBA
em Gestão Ambiental do Instituto Nacional
de Pós-Graduação. Professora de
Responsabilidade Social do MBA em
Recursos Humanos. Foi diretora de Educação 
Ambiental das Secretarias do Verde e do 
Meio Ambiente na PMSP e Sócia-diretora
da Economni Consultoria.

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