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Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Ginecologia Vulvovaginites 1.0 MICROBIOTA VAGINAL A vagina é uma cavidade que ontem suas próprias bactérias, os bacilos de Doderlein, também chamados de lactobacilos acidófilos, são bactérias gram positivas com capacidade de transformar o glicogênio do epitélio escamoso da vagina em ácido lático, mantendo o pH vaginal < 4,5. Além de manterem o pH ácido, os próprios bacilos só sobrevivem em níveis ácidos. Qualquer distúrbio, que torne a vagina mais alcalina, os bacilos podem reduzir. 2.0 VAGINOSE BACTERIANA | GARDNERELLA A vaginose bacteriana é causada pela proliferação de múltiplas bactérias. Sendo, geralmente, mais predominante a Gardnerella. Trata-se de uma bactéria anaeróbica que habitualmente encontra-se em <1% da microbiota. Mas em situações de pH > 4,5, a população de Gardenerella pode aumentar e lactobacilos reduzem. Situações que aumentam o pH: sêmen, sexo oral, ducha vaginal e outros. Além disso, outras bactérias podem gerar a vaginose bacteriana como Mobiluncus e Provotella. Clínica Isso produz uma leucorréia fluida, acinzentada e FÉTIDA (cheiro de peixe podre), mas não há inflamação. É importante lembrar ainda que o cheiro piora após relações sexuais. Teste de Whiff – Ou teste das Aminas: pega-se uma amostra do corrimento e adiciona uma gota de Hidróxido de Potássio (KOH) que tem a propriedade de volatizar aminas e produz um cheiro muito forte. Na vaginose bacteriana, temos o Teste de Whiff positivo. Exame a Fresco: Na foto da direita temos uma célula normal no exame a fresco. Repare que uma célula em casos de vaginose (à esquerda), a célula fica com aspecto de sal/granulado e a membrana plasmática fica com Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA contorno descontínuo. A célula tipicamente encontrada é chamada e Clue Cells ou célula alvo ou ainda conhecida de célula indicadora. Por não ser uma inflamação, há ausência de leucócitos. Diagnóstico: CRITÉRIOS DE AMSEL (3 de 4): 1. Leucorreia branco-acinzentada 2. pH (>4,5) 3. Teste das aminas + 4. Células-alvo Tratamento: • Metronidazol (500mg VO 12/12h por 7 dias) • NÃO precisa tratar parceiro pois não é IST. • O creme vaginal de metronidazol não possui a mesma eficácia. Ainda pode-se pensar em geleia vaginal com 1 aplicação a noite por 5 noites. • NÃO tratar pacientes assintomáticas, EXCETO gestantes (pode ser causa de pré-termo ou de poliomielite) e pacientes pré-procedimento com manipulação do trato genital. • Orientar suspensão de ÁLCOOL durante uso de Metronidazol por efeito Dissulfiram. • SEGUNDA OPÇÃO: Clindamicina (300mg 12/12H por 7 dias). • Outras opções são o secnidazol e tinidazol. ATENÇÃO Para Grávidas não é recomendado o uso de Metronidazol no primeiro trimestre, sendo necessário o uso de Clidamicina. Após o primeiro trimestre, pode-se utilizar o metronidazol no esquema de 250mg 8/8H por 7 dias. 3.0 CANDIDÍASE Trata-se da segunda vulvovaginite mais frequente, causada pelo fungo Candida albicans que também faz parte da microbiota vaginal normal. É sempre interessante imaginar a patogenia da Candidíase no formato de uma balança: As defesas do organismo estão habitualmente controlando a disseminação do fungo, mas quando há redução da imunidade, a doença se manifesta. Assim, podemos entender que o Candida albicans é um fungo oportunista. Fatores De Risco • DM • AIDS • Gestação • Obesidade • Uso de corticosteroide • Uso de anticoncepcional combinado • Desequilíbrio da microbiota (uso de ATB) Clínica: Leucorreia Grumosa (semelhante a ricota) com hiperemia vaginal (ou seja, é uma vaginite) e a principal característica é o prurido. A secreção não possui mal cheiro e não é fluida! O pH vaginal é normalmente ácido e no exame a fresco encontramos hifas, leveduras ou pseudo hifas características de fungos. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA Tratamento: • Miconazol (2% creme vaginal por 7 noites) • Ou Nistatina (creme com 100.000UI com um aplicador vaginal a noite por 14 noites). • 2ª opção: Fluconazol - 150 mg 1 CP VO não é considerado primeira opção pela difícil disponibilidade. • Outras opções: Cetoconazol, Clotrimazol, Anfotericina e Isoconazol. Não é preciso tratar o parceiro!! Não é considerada uma IST. Tratar somente em casos de balanopostite que ocorre em 5% dos casos. Não tratar pacientes assintomáticas. ATENÇÃO Para Grávidas não é recomendado uso de medicamentos VO, faz somente uso tópico. Candidíase De Repetição Quando a paciente apresentou 4 ou + episódios/ano! Diante desses casos, é importante investigar possíveis causas de imunossupressão. Tratamento com Fluconazol: 150mg em D1 D4 D7 da primeira semana, após isso, fazer 1x/semana por 6 meses. Candidíase Atípica Quando o tratamento usual não é eficaz. 90-95% dos casos são por Candida albicans. Mas existem cepas de Candida glabrata e Candida tropicalis que atacam principalmente pessoas imunosuprimidas. Tratamento nesses casos é com ÁCIDO BÓRICO em forma de óvulos vaginais (1 óvulo a noite por 7 noites). 4.0 TRICOMANÍASE Causada por um protozoário flagelado anaeróbio que não faz parte da microbiota vaginal, e portanto, é uma IST. Manifesta-se cerca de 4-20 dias após contato Clínica: Leucorreia verde + bolhosa + abundante + colpite tigróide (colo em morango). No exame a fresco encontramos pH > 4,5 e protozoários móveis. Tratamento: • Metronidazol (500mg VO 12/12h por 7 dias) • Sempre precisa tratar parceiro pois é IST. • Sempre tratar assintomáticas 5.0 VAGINITE INFLAMATÓRIA Substituição dos lactobacilos por ESTREPTOCOCOS grupo B Clínica: Leucorreia purulenta + Irritação vaginal Tratamento: • Clidamicina em creme vaginal 6.0 VAGINITE POR CORPO ESTRANHO Mais comum em crianças que apresentam leucorréia amarelada e com odor fétido. Marcela Maria Lopes Costa - 14º Turma de Medicina UEMA 7.0 VAGINITE CITOLÍTICA Queda importante do pH faz com que ocorra aumento excessivo de lactobacilos. Clínica: Leucorreia esbranquiçada + prurido e ardência. No exame a fresco, encontramos citólise. Tratamento: • Bicarbonato de sódio diluído via vaginal 2x na semana. 8.0 VAGINOSE ATRÓFICA Queda de lactobacilos e aumento do pH Clínica: Atrofia vaiginal + hiperemia e sangramento. Tratamento: • Estrogênio tópico
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