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DIDÁTICA Didática: É um dos ramos de estudo da Pedagogia [...] É uma disciplina que estuda os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo em vista finalidades educacionais, que são sempre sociais [...] se caracteriza como mediação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática docente [...] pode constituir-se em teoria do ensino [...] a Didática se baseia numa concepção de homem e sociedade (LIBANEO, 2013). Curso De Didática Geral: A Didática é uma seção ou ramo específico da Pedagogia e se refere aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do conhecimento [...] é definida como a ciência e a arte do ensino (HAIDT, 2006). A Didática Em Questão: “Uma reflexão sistemática e busca de alternativas para os problemas da prática pedagógica” (CANDAU, 2004). Aula 3: Correntes pedagógicas liberais A Didática: A palavra didática tem sua origem na expressão grega techné didaktiké que signica ensino, instrução [...] de maneira mais abreviada é a arte de transmitir conhecimentos, trazendo o sentido da orientação, condução, guia [...] denição essa que data do século XIX, considerada tradicional, portanto, sendo ultrapassada por outras abordagens mais modernas e avançadas (CORDEIRO, 2007). Didática Geral: É comum a associação da Didática com o como ensinar, ou seja, com métodos e técnicas, mas, ressalta sobre a importância da reexão sobre os seus fundamentos, sobre as razões de seu emprego, pois, caso contrário, corre-se o risco de nos convertermos em escravos dos instrumentos (PILETTI, 2010). Além da apropriação crítica esperada no professor, bem como da autonomia nas ações pedagógicas, acrescentamos que a criatividade é uma característica fundamental ao professor para que ele crie, elabore sua prática com “mãos próprias” e não reproduza modelos pedagógicos/teóricos de outras pessoas. AULA 2 – BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA DIDÁTICA. Antiguidade Nesse período, podemos destacar Sócrates , Platão e Aristóteles, considerados os primeiros educadores, representando algumas expressões filosóficas. Idade Média 1 Na idade média, a partir de influências religiosas da Igreja Católica, a educação enfatizou a formação do homem como ser incompleto em busca da perfeição. Nessa época, a educação era restrita à elite, aos filhos de brancos e colonos, padres, monges que enquanto estudavam, estavam isentos do trabalho; e enquanto os pobres trabalhavam, estavam excluídos da escola, cujo significado do termo se refere ao “lugar do ócio”. Idade Moderna Você sabia que Comenius (1592-1670) é considerado o Pai da Didática Magna? Comenius criticou o dogmatismo da Igreja, a pedagogia da escolástica, afirmando que todos os jovens, independente do sexo, deveriam ter acesso à escola e propôs a reformulação do ensino e da cristandade. Comenius criticou o dogmatismo da Igreja, a pedagogia da escolástica, afirmando que todos os jovens, independente do sexo, deveriam ter acesso à escola e propôs a reformulação do ensino e da cristandade. passou a ser reconhecido, mais tarde, por educadores, estudiosos contemporâneos como um dos representantes da pedagogia tradicional. Não é necessário que o professor ouça sempre todos os alunos, nem que examine sempre os cadernos e os livros de todos, pois tendo como ajudantes os chefes de turma, estes estarão atentos a que os alunos, colocados sob sua responsabilidade, procedam como devem. Comenius Idade Contemporânea Herbart (1766-1841), foi considerado o Pai da Pedagogia Tradicional. Podemos dizer que Herbart e Comenius são os principais representantes do modelo tradicional de ensino. Herbart propôs o método da transmissão-assimilação, tomando por base os estudos da Filosofia e da Psicologia. Rousseau Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) — “O homem é bom no seu estado natural”. O papel do educador: afastar a criança dos vícios da sociedade, permitindo-lhe desabrochar espontaneamente suas potencialidades inatas; não impor e sim desenvolver a curiosidade, a sabedoria. Fotografia de Rousseau (Fonte: Georgios Kollidas / Shutterstock) Fotografia de Pestalozzi (Fonte: wikipedia. Disponível em: https://bit.ly/2jm7a1D <https://bit.ly/2jm7a1D> ). Acesso em: 02 mai. Pestalozzi Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) — Defendia a doutrina naturalista: que o homem nasce bom e que o seu caráter era formado pelo ambiente que o rodeia. Aplicou as ideias de Rousseau. “Para sua época, esta ideia era um tanto inovadora porque, na segunda metade do século XVIII, a concepção corrente era de que as transformações revolucionárias seriam o remédio que curaria todos os males sociais. Froebel Friedrich Wilhelm August Froebel (1782-1852) — Criador do Jardim de Infância, em 1837, dizia que “as crianças são como as plantas, cujo desenvolvimento futuro é uma consequência do tratamento que recebem nos primeiros anos de vida. Por isso, elas devem crescer à luz da natureza, lançando raízes sobre a sua terra, alimentando-se do seu próprio ambiente”. Decroly Jean-Ovide Decroly (1871-1932) — A escola ideal: ambiente onde a criança pudesse observar, diariamente, os fenômenos da natureza e a manifestação de todos os seres humanos; além de conhecer o meio social em que vive. Maria Montessori (1870-1952) — Em 1912, elaborou o método montessoriano (escola primária de sucesso internacional). Montessori dava importância à educação sensorial e recusava as técnicas didáticas fixas. Opunha-se à Pedagogia tradicional, católica. O método montessoriano é centrado na autoeducação por meio de brinquedos educativos (corrente vitalista). “ Dewey John Dewey (1859-1952) — “Agir como uma meta é agir inteligentemente. Aprender fazendo”. Ação precede o conhecimento e o pensamento. “Antes de existir como um ser pensante, o homem é um ser que age”. “Sua pedagogia baseia-se nas noções de experiência e atividade. Kilpatrick William Heard Kilpatrick (1871–1965) — Organismo intervém em toda a atividade: o pensar, o sentir, os impulsos (o objetivo, a necessidade é que impulsiona o indivíduo), ação corporal, secreções glandulares. Claparède Édouard Claparède (1873-1940) — É a favor de uma educação funcional, de uma escola sob medida: pedagogia adaptada ao caráter individual do aluno. Em 1912, criou o Instituto Jean Jacques Rousseau, voltado para Psicologia Infantil. Freinet Célestin Freinet (1896-1966) — É a favor da não ruptura entre escola e meio social (vida e escola). O educador precisa tornar a escola uma continuidade da vida. O professor deve considerar os interesses de seus alunos, permitindo a livre expressão deles: conversas livres, composição de pequenos textos e desenhos livres. Piaget Jean William Fritz Piaget (1896-1980) — Foi convidado por Claparède para assumir a direção dos estudos do Instituto Jean Jacques Rousseau em 1923. Em 1929, assumiu a diretoria do centro internacional de educação, órgão que passou a ser filiado à UNESCO. Escola: oferecer ensinamentos sobre a educação moral, social, cívica. É considerado interacionista e conhecido pelos seus estudos sobre os estágios cognitivos/estágios de desenvolvimento intelectual da criança. Acrescenta-se a isso, a influência que o modelo escolanovista, no Brasil, década de 1930, recebeu de tais pensadores, ressaltando-se que esse foi um movimento que veio para superar a Pedagogia tradicional, tendo como representantes, aqui, em nosso país, Anísio Teixeira, Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meireles e outros, considerados os pioneiros no manifesto da educação renovada. Surgimento da Educação a Distância Nesse contexto, ressalta-se também o surgimento do ensino a distância que, com o advento das novas tecnologias (leia-se Informática), surge um potencial de mensagem. Segundo Pinto e Pinto (2011) apesar de um desafio instigante, tendo em vista os recursos tecnológicos atuais, cada vez mais sofisticados, há que se cuidar, sobretudo, para que nãorepresente um instrumento de opressão, mas sim de libertação, pois, apesar da redução de tempo e custo no ensino a distância, é preciso que se questione, de fato, o nível de formação que se pretende oferecer. Entre o discurso teórico e as ações pedagógicas poderá existir, segundo Silva (2003), de fato, forte discrepância. Ainda que os defensores da EAD garantam que a qualidade de ensino será mantida, é preciso ter olhar crítico, não fechar os olhos para interesses mercadológicos, colonizadores, próprios do processo de globalização que vivenciamos . AULA 3 – CORRENTES PEDAGÓGICAS LIBERAIS. Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas liberais que se dividem em tradicional, escola nova e tecnicismo, sendo importante compreender porque esses três modelos foram agrupados dentro da perspectiva liberal de ensino. Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a ela se organiza, o papel do professor e do aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da aprendizagem, os objetivos educacionais, a metodologia e a avaliação escolar. Correntes pedagógicas liberais: tradicional, escola nova e tecnicismo O termo liberal veio para justificar a nossa sociedade capitalista que é caracterizada pelo individualismo, pelo imediatismo, competitividade e o consumo. E é sob essas bases que as tendências pedagógicas em questão se alicerçam. Saviani, 2008. Modelo Tradicional Esse modelo tem como representantes principais Comenius (Pai da Didática Magna) e Herbart (Pai da Pedagogia Tradicional) e, conforme já deve ter sido mencionado em aulas anteriores, nesse caso, o professor é o centro do processo de aprendizagem; ele detém o poder do conhecimento. Para Libâneo (2013), na Pedagogia tradicional, prepondera a ação de agentes externos na formação do aluno. A transmissão do saber é constituída na tradição e nas grandes verdades acumuladas pela humanidade. O ensino é compreendido como um repasse de ideias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria transmitida. Com isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, não mobilizando a atividade mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos. Paulo Freire criticou a Pedagogia tradicional, denominou de educação bancária, enciclopedista, conteudista. Ao aluno não é possível despertá-lo sobre o sentido do aprendizado. Quando há questionamento sobre o porquê de aprender tal conteúdo, muitas vezes, o professor tradicional responde que é porque cairá na prova ou porque está no programa, mas, o porquê mesmo, o sentido da matéria, esse professor, talvez, nem saiba responder, pois, igualmente, foi educado pelo método reprodutor, assumindo a condição de mero repassador de informações. Escola Nova: denominada de ativa, progressiva ou progressivista, renovada Esse modelo pedagógico tem como um dos representantes brasileiros Anísio Teixeira que foi aluno de J. Dewey e, por conta disso, Anísio teve uma formação respaldada na cultura americana, do aprender fazendo, do educar para a ação, do empreendedorismo, diríamos hoje. De fato, foi uma evolução em relação ao modelo tradicional, pois o aluno passaria a estudar, a aprender “colocando a mão na massa”, vendo no plano concreto o conceito abstrato, generalizado. Por esse motivo, também podemos dizer que J. Piaget representa esse modelo, uma vez que trata dos estágios cognitivos que vão desde o plano concreto – quando a criança precisa ter o objeto “ao vivo e a cores” em suas mãos – até que desenvolva a representação mental do mesmo. Veiga (2007) se pronuncia, quanto a organização geral da Escola Nova, assinalando que é um laboratório de Pedagogia prática. Procura desempenhar o papel de explorador ou iniciador das escolas oficiais. A Escola Nova está situada no campo, porque este constitui o meio natural das crianças que oferece possibilidades para empreendimentos simples. A Escola Nova organiza trabalhos manuais, rurais, de jardinagem, trabalhos livres; que tenham uma finalidade educativa e sejam de utilidade individual ou coletiva, que assegurem o espírito inventivo. Tecnicismo A Pedagogia Liberal Tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX, chegando ao Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Nessa concepção de ensino, o homem é considerado produto do meio, sendo resultado das consequências das forças existentes em seu ambiente. O Tecnicismo acredita que a consciência do homem é formada pelas relações acidentais estabelecidas com o meio e devem ser controladas cientificamente através da Educação. De acordo com a Pedagogia Liberal Tecnicista, a Educação deve atuar para o estabelecimento e a manutenção da ordem social vigente, se articulando diretamente com o sistema capitalista de produção. AULA 4 : CORRENTES PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS. conhecimento. Ribeiro, 1991, p. 30. O professor crítico, progressista não fica aprisionado ao “mito do porto seguro”, nem a uma única resposta sobre um determinado fato, fenômeno estudado. Ele indaga mais e responde menos, instiga o pensamento crítico do aluno, provoca a reflexão, a dúvida, administra os conflitos e não os evita; aponta as contradições sociais, adota o método da contradição entre o que se discursa academicamente e o que se vive, de fato; a metodologia contextualizada que: [...] nasce e renasce da situação didática em desenvolvimento, de uma situação didática específica que envolva (em termos de proximidade) a totalidade das contradições, da problematicidade do mundo educacional e do mundo social [...] a contradição é, sem dúvida, o elemento gerador que leva a ação didática a proporcionar a assimilação crítica e criativa do conhecimento e à elaboração de conhecimentos em situações didáticas específicas e às manifestações [...] a elaboração do conhecimento é relevante para toda e qualquer situação didática, uma vez que está diretamente ligada a sua própria possibilidade dialética de promover mudanças na realidade que gerou a situação de contradição e sua subsequente superação, em face do aparecimento de novos fenômenos de natureza instrucional, educacional, política, social, cultural e econômica. Rays, 2011, p.100-103. Prática Pedagógica A prática pedagógica pressupõe uma relação teórico-prática, pois a teoria e a prática encontram-se em indissolúvel unidade, e só por um processo de abstração podemos separá-las. Em outras palavras, separadas quando o professor disserta um conhecimento como verdade absoluta, não incluindo o aluno no processo de aprendizagem, determinando de fora para dentro, sem endereço, sem contexto. Como atividade humana, a prática pedagógica pode se constituir em atividade de prática, em uma visão utilitarista, imediatista, ativista, espontaneísta e pragmatista, com um fim em si mesmo, tomando como referência exclusivamente a própria prática ou em uma práxis guiada por intenções conscientes. De um lado, temos uma prática pedagógica repetitiva que o professor reproduz ano após ano e não se questiona e, de outro lado, temos a prática reflexiva. Prática pedagógica repetitiva A unidade teoria e prática é rompida, a fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo dificuldades para a introdução do novo. Nesse terreno, a prática do professor vai se efetivando na estagnação, na continuidade de uma mesma ação, mecanizada, burocratizada, formal, o que poderá leva-lo à alienação do seu trabalho e de seus pares, parceiros de aprendizagem, correndo-se o risco de não se reconhecerem no que realizam. Prática reflexiva É aquela enunciada por Paulo Freire (1975, p. 9): “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”. Tendências progressistas Libertadora: Década de 1960 Esse modelo de Pedagogia tem Paulo Freire (1921-1997) como referência, considerado um dos maiores educadoresbrasileiros do século XX. Para esse pensador, a educação deve ser instrumento de libertação do estado de opressão. Ele defende uma prática educativa transformadora, fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando. Nas condições de verdadeira aprendizagem, os alunos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente, sujeito do processo. Paulo Freire é adepto do método da conscientização, da humanização, da politização. Acredita que a educação é uma prática libertadora. Libertária: Década de 1980 O modelo da pedagogia libertária não se afasta muito do modelo libertador. Não é à toa que foi classificado também como progressista, na medida em que seus representantes criticam todas as formas de autoritarismo, impessoalidade, formalidade e distanciamento. Quanto aos conteúdos de ensino, eles estariam presentes a partir das disciplinas, mas, não seriam exigidos. Importante é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de participação crítica (LIBÂNEO, 1987). Célestin Freinet (1896-1966) Entre 1921 e 1924, Célestin Freinet pensou em práticas pedagógicas que pudessem originar atividades de aula voltadas para os interesses dos alunos. A Pedagogia de Freinet influencia, até os dias de hoje, diversas escolas no mundo, incluindo as brasileiras. As suas ideias são marcadas por alguns pressupostos básicos, dentre os quais: 01 O desenvolvimento do senso de responsabilidade dos alunos; 02 O desenvolvimento do respeito e da cooperação entre alunos, professores e funcionários e; 03 A preocupação com a socialização do grupo e o desenvolvimento do julgamento, da autonomia pessoal, da expressão livre de ideias, da criatividade, da comunicação, da reflexão crítica e da afetividade entre todos que convivem no ambiente escolar. A pedagogia A seguir, encontram-se os principais aspectos metodológicos da pedagogia criada por Freinet: Aula Passeio Seu objetivo principal era motivar os alunos para a construção de novos conhecimentos em um ambiente não escolar. Textofuncioná Texto livre e correção Partiam da livre expressão, podendo ser realizada através de desenhos, poemas, textos ou pinturas. Os alunos estabeleciam a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém, caso um aluno desejasse publicar seu texto no jornal escolar, ele deveria passar pela correção coletiva e pela autocorreção, pois para Freinet o "erro" deveria ser trabalhado com e pelo os alunos. Os alunos registravam os resultados dos trabalhos em fichas, permitindo o acompanhamento dos seus progressos e de suas dificuldades. Para Freinet, a avaliação deveria ser um processo contínuo entre professores e alunos na perspectiva da aprendizagem e não da punição. Crítico social dos conteúdos Na tendência crítico-social dos conteúdos (Saviani, Snyders, Makarenko, Libâneo, Luckesi), a ideia é difundir os conteúdos escolares concretos, porém, indissociáveis da realidade social do aluno. Vejamos uma cena do filme Escritores da Liberdade que se relaciona com o conteúdo que estamos estudando: A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social, agir dentro dela e também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função da pedagogia dos conteúdos é dar um passo à frente no papel transformador da escola, mas, a partir das condições existentes. Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham ressonância na vida dos alunos. Libâneo (1987) Aula 5 – PLANEJAMENTO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO educação: níveis de planejamento e seus fundamentos Diferentes instâncias: Para transformar é preciso um pé no sonho e outro na realidade e um bocado de ousadia louca. Paulo Freire, 1976. Uma das grandes, se não a maior tragédia do homem moderno, está em quem é hoje dominado pela força dos mitos e comandado pela publicidade organizada, ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada vez, sem saber, à sua capacidade de decidir [...] e, quando julga que se salva seguindo as prescrições, afoga-se no anonimato nivelador da massificação, sem esperança e sem fé, domesticado e acomodado... Já não é mais sujeito, rebaixa-se a puro objeto. Paulo Freire, 1976, p. 43 Menegolla e Sant’anna (1997, p.19) assinalam que “o ato de planejar sempre parte das necessidades e urgências que surgem a partir de uma sondagem sobre a realidade”. O destino do viver faz parte da própria natureza, isto é, ele é determinado e dado pela natureza. Porém, o destino de como viver não é determinação exclusiva, mas, essencialmente, do homem. Menegolla e Sant’anna, 1997, p.23. O planejamento e o compromisso sócio-político O planejamento busca um rumo, é uma ação intencional com sentido explícito, com compromisso, porém, deve ser definido e redefinido coletivamente. Autonomia docente na escola Mas, como propor uma escola democrática e uma educação transformadora e emancipada aos alunos se o próprio professor não resgata a sua autonomia docente na escola, se o próprio professor não é autor de sua própria prática porque não interiorizou o conceito de autonomia docente? O currículo e a cultura dos alunos Para Sacristàn (1995), o currículo obrigatório oficial deve ser articulado à cultura vivida e, nesses termos, o autor propõe que o currículo se fundamente no multiculturalismo, no qual os interesses de todos sejam representados. Planejamento participativo O planejamento participativo se propõe a romper a lógica hierarquizada e verticalizada de gestão. Ele emerge de estruturas mais horizontais que permitam a fluidez de informações entre todos os participantes, sem fomentar a tradicional separação entre “pensar” e “fazer”, “decidir” e “executar”. AULA 6 : PLANEJAMENTO DIDÁTICO E OS OBJEITVOS EDUCACIONAIS. Nesta aula, você reconhecerá o objetivo educacional como um dos elementos que constituem o planejamento didático e que se dividem em específicos e gerais. Paralelamente, abriremos um espaço para analisarmos a importância de encontrar um sentido mais amplo para a escola. Bons estudos! Os objetivos educacionais são necessários? Diferentes concepções de aprendizagem e de ensino vão dar diferentes valores aos objetivos educacionais. Muitos educadores questionam a necessidade de se discriminar objetivos em educação. Alguns associam a uma concepção tecnicista de educação, decorrente da “influência dos educadores norte-americanos sobre a educação brasileira” (Gil, 2011). Aula 6: Planejamento didático e os objetivos educacionais A postura autoritária está de acordo com os modelos liberais de ensino tradicional ou tecnicista, em que o aluno não tem o direito de questionar o que está posto, ou a construir uma nova ordem social, tendo que se enquadrar no sistema vigente e adaptar-se a este. Com isso, questiona-se o papel da escola e a formação do sujeito, pois este não estaria sendo preparado, nessas perspectivas pedagógicas, para exercitar a cidadania crítica, para questionar os fatos e a realidade. O aluno estaria sendo formado para aceitar os fatos como inexoráveis, garantindo assim a reprodução da estrutura social vigente. Segundo essa lógica, se estamos inseridos em uma sociedade capitalista, marcada pela competitividade, pelo individualismo, pelo imediatismo, assim permaneceríamos; formados exclusivamente pela lógica do capital, do mercado. Formação para o mercado de trabalho Alguns podem perguntar: Não precisamos formar as novas gerações para o mercado de trabalho?Sem dúvida nenhuma, responderíamos que sim; este é um dos objetivos da escola. Contudo, é preciso desenvolver, aqui, certa sensibilidade para compreender o que está por trás dos fatos e desenvolver uma visão crítica sobre o sentido da educação. O caminho do sucesso Precisamos querer mais para as novas gerações, que se formem capazes de corresponder às demandas sociais atuais, mas que busquem a emancipação social, o protagonismo da história. Objetivos educacionais Vamos ver o que pensam alguns autores sobre os objetivos educacionais, suas definições e classificações quanto ao nível de especificação e quanto ao domínio. 1 Nelson Piletti É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa atividade [...] os objetivos educacionais são as metas e os valores mais amplos que a escola procura atingir (Piletti, 2004, p. 65). construir um novo cenário social. Bloom A formulação de objetivos tem por finalidade classificar para o professor, em sua própria mente, ou comunicar a outros as mudanças desejadas no aprendiz (Bloom, 1973). Plano didático burocratizado Vamos imaginar uma aula intitulada DSTs – doenças sexualmente transmissíveis, cujos objetivos comportamentais são: Identificar as DSTs; Diferenciar formas de tratamento. Ressalta-se que, se o professor respaldar a prática nos modelos tradicional e tecnicista, ele tenderá a perseguir apenas esses dois objetivos. Plano didático contextualizado Já um professor que respalda a prática na pedagogia progressista admitirá que outros objetivos surjam no caminho, rompendo com a fragmentação e isolamento do conhecimento, sendo o conteúdo tratado de forma contextualizada. Nesse caso, o aluno é levado em consideração e seus saberes são legitimados no processo de aprendizagem, ou seja, o currículo disciplinar é articulado ao currículo real, vivido. Objetivos educacionais intencional e sistemática Sobre os objetivos educacionais, Libâneo (2013) assinala que a prática educacional se orienta, necessariamente, para alcançar determinados objetivos, por meio de uma ação intencional e sistemática. 01 Os objetivos educacionais são, pois, uma exigência indispensável para o trabalho docente, requerendo um posicionamento ativo do professor em sua explicitação, seja no planejamento escolar, seja no desenvolvimento das aulas. Classificação dos objetivos educacionais Quanto ao nível de especificação/abrangência: Objetivos gerais São mais amplos, alcançados em médio e longo prazo, mas abstratos, refletindo uma filosofia de educação; ou seja, consistem na nossa contribuição na formação do sujeito. Objetivos específicos São mais precisos, concretos, alcançados em curto prazo, imediatistas, operacionais, instrucionais. Sobre os objetivos educacionais específicos e gerais, ressalta-se que, normalmente, na aula em si, o professor dá conta dos objetivos específicos e, ao término do período letivo, alcança o objetivo geral. Entretanto, sabemos que isso não é tão simples assim, pois o fato de o professor se preparar pedagogicamente não significa que conseguirá dar conta dos objetivos, sejam eles específicos ou gerais. AULA 7 : Planejamento de Ensino e os Conteúdos Escolares A quem compete a seleção e organização dos conteúdos escolares? Eis um questionamento que precisamos fazer, pois se é o professor que trabalha de forma direta o conhecimento com seus alunos, será que se trata de outras pessoas pensarem o que deve ser feito em sala de aula, e na escola o professor ser apenas um mero executor de tarefas? Como devem ser tratados os conteúdos no espaço de sala de aula, virtual ou presencial? Cabe ao professor tratar o conhecimento de forma isolada e fragmentada ou se trata de estabelecermos relações entre os assuntos da disciplina? O que são Conteúdos Escolares ou Conteúdos de Ensino? Trata-se do conhecimento científico que se ensina aos alunos para que desenvolvam as capacidades que lhe permitam produzir e usufruir dos bens culturais, sociais e econômicos. Professor pesquisador Para trabalharmos um conteúdo com mais desenvoltura e autonomia, precisamos no mínimo estudar mais referências, o que nos ajudará a ir construindo e consolidando o conhecimento, buscando nossas próprias respostas, apresentando novas sínteses e possibilidades. É preciso segurança, fundamentação e um pouco de ousadia para trabalhar de forma contextualizada, articulada à prática e à sociedade, pois do contrário, o professor ficará mesmo submetido às imposições externas, ou seja, às determinações da escola e dos órgãos governamentais, ou ainda, aprisionado ao livro didático adotado pela escola. Paulo Freire denominou o conteúdo transmitido como verdade absoluta de “Educação Bancária” ou “Enciclopedista”, considerando-o vazio de sentidos, “verbalização oca”, sem contexto e sem endereço. Um saber ou conhecimento não é considerado legítimo quando é arbitrário, porque é propriedade de grupos distintos, que os selecionou ou produziu a partir das necessidades desses grupos. Logo, a validade universal desse saber é negada (Santos; Grumbach, 2005, p. 25). AULA : 8 PLANEJAMENTO DIDÁTICO E OS PROCEDIMENTOS DE ENSINO. São meios para alcançar objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao “como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo professor e pelos alunos para atingir objetivos e conteúdos. É o caminho para se alcançar objetivos (Libaneo, 2013). Segundo o autor, estamos sempre perseguindo objetivos e estes não se realizam por si mesmos, sendo necessária a atuação docente, ou seja, a organização de ações para atingi-los. O método de ensino deve ser entendido como o caminho para a promoção de ações pedagógicas conscientes, organizadas criticamente, com a finalidade de tornar o trabalho docente e discente mais fácil e mais produtivo para o alcance das metas desejadas e necessárias para o desenvolvimento integral dos educandos (Rays, 2011). Método da Desmistifação da Ciência, dos Fatos, da Realidade Um dos desafios dos professores seria criar, na sala de aula, um ambiente onde os alunos se sintam insatisfeitos com as limitações de suas representações, com suas realidades sociais. Método da contradição Tomando por base as contribuições de Alonso Rays, acrescentamos que essa abordagem se trata de enfrentarmos os paradoxos entre a teoria e a prática no processo de aprendizagem. Modelo da contradição ilustrado Para ilustrar o modelo da contradição, citamos um exemplo de prática real, em forma de contribuição fornecida pela professora Regina Fátima de Oliveira, aluna em formação continuada docente no curso de licenciatura em Letras da Universidade Estácio de Sá, na modalidade à distância, turma 2013, segundo semestre. Ao ministrar a disciplina de Inglês, a tarefa prevista no plano de ensino, segundo a professora, é que trabalhasse os cômodos de uma casa, tais como: kitchen, bathroom, bedroom etc. A família da ilustração do livro didático era loura, sorridente, composta de pai, mãe e dois filhos. (Fonte: Wavebreakmedia / Para reforçar essa análise, vejamos o que Paulo Freire assinala Não é se mudando para a favela que ele, o professor, mostrará solidariedade aos alunos, pois, para o autor, isso seria considerado suicídio de classe. Trata-se, então, de, em nossa prática, rompermos com a visão fatalista de mundo, acreditando em possibilidades, fazendo com que nossos alunos também acreditem que são capazes de construir uma nova ordem social. Método da Aula Prática/ Aula-passeio Até o momento, estamos falando de metodologias de ensino respaldadas na perspectiva crítica e progressista da educação, mas não existem apenas essas. Faz-se necessário apontarmos para outras práticas consideradas ativas, na medida em que se permite a participação do aluno no processo de aprendizagem; porém, não garantem necessariamente uma visão crítica sobre o que se está estudando. Adotar as aulas-passeiocomo estratégia é louvável, mas, se desejamos contribuir para a formação crítica e emancipada das novas gerações, não podemos parar por aí. Cabe ao professor retornar para a sala de aula e atribuir um sentido mais amplo sobre a atividade realizada, além de uma simples demonstração, frustrando os alunos em não permitir a experimentação, ou seja, o aprender fazendo. Aproveitando aqui a “deixa” do “aprender fazendo”, destacaremos a seguir outro método de ensino, ressaltando que também aprendemos pela diferença. Isso quer dizer que, ao assistirmos ou participarmos de uma aula como alunos, podemos aprender, também, sobre o que não devemos fazer quando assumirmos a docência. Método do Aprender Fazendo Tomaremos como base os ensinamentos de J. Dewey (1859-1952): Trata-se de um método ativo que valoriza a experiência concreta do aluno, que observa, manipula materiais, objetos, experimenta, pesquisa. É considerado método da descoberta, pois o aluno fica em contato direto com o meio natural, tendo como objetivo o desenvolvimento espontâneo e intelectual. A ideia é fazer com que o aluno aprenda atuando, e não mais apenas ouvindo seu professor dissertar sobre conteúdos de ensino. O trabalho do aluno deve estar orientado para um fim prático bem definido, como construir um brinquedo, o que levou um educador progressista como Libâneo (2013) a denominá-lo de pragmatista, progressivista, escolanovista ou, ainda, escola ativa. Aprender e colocar em prática não garantem a visão crítica sobre o que se está fazendo mas, talvez, nesse método, o objetivo não seja a formação crítica, e sim alcançar resultados mais imediatistas a partir da mobilização da motivação para aprender. Método da Produção de Conhecimentos. Podemos partir de um tema gerador de polêmicas, mas não se trata de um tema qualquer. É preciso que esteja relacionado à disciplina em questão. Se pensarmos na disciplina de ciências biológicas, podemos partir de temas como: meio ambiente, saúde, alimentação, doenças sexualmente transmissíveis, higiene, obesidade e tecnologia, dengue etc., pois não conseguiríamos finalizar essa lista de temas polêmicos e geradores de discussão e trabalho no espaço de sala de aula. Estilos de sala de aula A seguir, podemos comparar, através dos desenhos, dois estilos de sala de aula: O primeiro, o modelo de uma aula tradicional; O segundo, o modelo interativo, em forma de rede, em que não sabemos mais onde começa o processo de aprendizagem e onde termina, se é que termina. Método da Interdisciplinaridade O método da interdisciplinaridade se dá pelo estabelecimento de relações entre as temáticas de ensino de uma mesma disciplina. Outras possibilidades de métodos, técnicas, estratégias, recursos ou instrumentos Vamos ver outras possibilidades de métodos, técnicas, estratégias, recursos ou instrumentos que, normalmente, são citados na literatura especializada e que você poderá consultá-las para maior aprofundamento. Vamos nos limitar, então, apenas a citá-los, indicando ora a referência, apresentando uma breve explicação sobre os mesmos, ora tomando como orientação a nossa própria prática de professores que formam professores. São eles: aula expositiva, estudo dirigido, jogos, dramatização, estudo de casos, método de projetos etc. (Haydt, 2006). Aaula ula expositiva É o método mais simples e conhecido, em que o professor fala e o aluno escuta passivamente. Normalmente, o conteúdo é transmitido linear e hierarquicamente do professor para o aluno como verdade absoluta. Trata-se de um modelo tradicional de ensino; entretanto, a nossa prática indica que podemos (re)ssignificar a aula expositiva e torná-la, além de expositiva, interativa, ao dialogarmos com os alunos sobre o objeto de estudos em questão, “quebrando” a rotina de uma prática mais conservadora quando apenas o professor é o centro do processo de aprendizagem. AULA EXPOSITIVA Denominação de método Para Santos e Grumbach (2005), o método pode ser denominado de: 1 Analógico É aquele que faz a integração dos outros dois). 2 Dedutivo É aquele que vai do geral para o particular. 3 Indutivo É aquele que vai do particular para o geral. Recursos Didáticos: Meios Auxiliares da Prática Baseados em nossa experiência docente, apresentamos mais alguns recursos didáticos que são definidos como meios auxiliares da prática que facilitam o aprendizado; fontes de ajuda que vão dos mais simples aos mais sofisticados; porém, não substituem o professor. O Professor e as Novas Tecnologias Educacionais Acredita-se que o professor poderá explorar tais recursos; que não podemos mais negar a presença das novas tecnologias no setor educacional, tendo em vista que cada vez mais as novas gerações são consideradas usuárias que navegam na internet com intensa facilidade, “saltando” de um ponto a outro, explorando links e buscando informação com mais autonomia.Sendo assim,e A construção do saber O espaço cibernético está se tornando um lugar essencial para a construção do saber, uma vez que abre infinitas possibilidades. Surge, então, uma nova cultura de aprendizagem com a emergência de uma nova inteligência, a inteligência coletiva. Levy, 1994. Inclusão digital Marco Silva (2003) se refere à infoexclusão, afirmando que deve ser combatida. Para esse estudioso, não basta ter acesso à informação digitalizada: O ambiente em sala de aula Silva (2010, p. 27-45) propõe que a sala de aula seja interativa e considerada um ambiente em que: AULA 9 – PLANEJAMETO DIDÁTICO E A AVALIAÇÃO ESCOLAR uma reflexão sobre a avaliação nas perspectivas tradicional, construtivista e progressista da educação. Planejamento de Ensino e a Avaliação Escolar Definições de avaliação escolar. Falar de avaliação escolar é bastante complexo, pois trata-se de uma ação pedagógica realizada por uma pessoa, o que faz dessa prática poder se submeter ao risco da subjetividade, do olhar tendencioso, impreciso e desatento do professor, principalmente quando se trabalha em diversas turmas e com um número elevado de alunos. Para Haydt (2006), o termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões como fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Esta associação, tão frequente em nossas escolas, é resultante de uma concepção pedagógica arcaica, mas tradicionalmente dominante. Se analisarmos essas duas definições de Nérici (1969) e Pilletti (2010), percebemos que há diferenças, obviamente, tendo em vista as suas épocas: enquanto na primeira o autor enfatiza o resultado final, na segunda, a ênfase é no processo. PILETTI Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola como um todo (Piletti, 2010). Nérici É a verificação da aprendizagem, é a parte final do processo de ensino iniciado com o planejamento do curso e é por meio dela que se chega à conclusão sobre a utilidade ou não dos esforços despendidos pelo professor e alunos nos trabalhos escolares (Nérici, 1969). Modelos tradicional e progressista O conhecimento é concebido como algo pronto e acabado, verdade absoluta externa ao aluno que deve ser nele inculcada para depois ser memorizada, reproduzida e avaliada (Veiga, 2011). Aprender a aprender Segundo Vasco Moretto (2003), a avaliação não deverá ser um acerto de contas, e sim um momento privilegiado de estudos. Mas sabemos que nem todas as pessoas pensam assim. Kensky e o pensamento progressista Segundo Kensky, ao assumirmos que o ato de avaliar se faz presente em todos os momentos da vida humana, estamos admitindo que ele também está presente em todos os momentos vividos em sala de aula. O pensamento de Kensky é bastante progressista, na medidaem que reconhece a possibilidade de o professor também ser avaliado além do aluno, já que este pode tornar o processo de aprendizagem mais flexível, bem como estimular o trabalho coletivo e não o individualismo, o que é comum em práticas pedagógicas respaldadas no modelo tradicional de ensino. Em outras palavras, trata-se de o professor se inquietar frente aos fatos, como por exemplo, o baixo rendimento de um aluno ou de uma turma; agir sobre essa realidade, buscando transformá-la, construindo uma nova ordem social. A avaliação na ótica do exame Segundo essa lógica do exame, os alunos são classificados hierarquicamente como bons ou ruins, mas bom ou ruim para quê e para quem? Para o sistema? Qual o nosso objetivo como docentes? Ajustar o indivíduo ao sistema ou contribuir para a sua emancipação social, para que questione o sistema, a sociedade que está posta? Qual lógica predomina em nossa prática? A lógica do capital, do mercado ou uma lógica mais humana? Ou será que precisamos escolher entre uma e outra? Jussara Hoffman propõe uma forma mediadora, como postura de avaliação e de vida, pois acredita que a ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício do educando e se dá, especialmente, pela proximidade entre quem educa e quem é educado. Luckesi Luckesi propõe que a prática de avaliação da aprendizagem supere o autoritarismo, buscando, pela via da autonomia do educando, a participação democrática para todos, o que significa: igualdade, fato que não se dará se não se conquistar a autonomia e a reciprocidade nas relações. Santos e Grumbach (2005) se posicionam sobre a lógica do absurdo na prática da avaliação da aprendizagem. Para essas autoras, a avaliação da aprendizagem não existe dissociada do processo de ensinar e do projeto educativo da escola, e os profissionais da educação devem se preocupar com a qualidade da aprendizagem do aluno. Reflexão sobre a prática avaliativa A prática avaliativa, quando responsável, amorosa, formativa e dialética, resgata a autoestima dos alunos e os ajuda na sua trajetória pessoal e de aprendizagem. Quando não, criam alienados, oportunizam desigualdades, alimentam desesperança e exclusão. Dessa forma, Santos e Grumbach (2005) conclamam os governos, escolas, educadores, educandos e responsáveis para uma jornada ética na avaliação com vistas à transformação da educação brasileira. Funções da avaliação Na visão de Libaneo (2013), a avaliação exerce três funções: FUNÇÃO PEDAGÓGICO – DIDÁTICA Refere-se ao papel da avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e específicos da educação escolar. Ao se comprovar sistematicamente os resultados do processo de ensino, evidencia-se ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de preparação dos alunos para enfrentarem as exigências da sociedade, de inserilos no processo global de transformação social e de propiciar meios culturais de participação ativa nas diversas esferas da vida social. Cumprindo sua função didática, a avaliação contribui para a assimilação e fixação, pois a correção dos erros cometidos possibilita o aprimoramento, a ampliação e o aprofundamento de conhecimentos e habilidades e, desta forma, o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas. FUNÇÃO DIAGNÓSTICA. Permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensino para melhor cumprir as exigências dos objetivos. A avaliação diagnóstica ocorre no início, durante e no final do desenvolvimento das aulas ou unidades didáticas. Finalmente, é necessário avaliar os resultados da aprendizagem no final de uma unidade didática, do bimestre ou do ano letivo. A avaliação global de um determinado período de trabalho também cumpre a função de realimentação do processo de ensino. FUNÇÃO DE CONTROLE. Refere-se aos meios e à frequência das verificações e de qualificação dos resultados escolares, possibilitando o diagnóstico das situações didáticas. Há um controle sistemático e contínuo que ocorre no processo de interação professor-alunos no decorrer das aulas, através de uma variedade de atividades, que permite ao professor observar como os alunos estão conduzindo-se na assimilação de conhecimentos e habilidades e no desenvolvimento de capacidades mentais. Tipos de Instrumentos de Avaliação Sobre os instrumentos de avaliação, é fundamental que o professor seja claro em seus critérios. No caso das provas e testes, mencionar o valor das questões, comentar a prova após entrega dos resultados, evitar comparações desnecessárias que expõem o aluno diante da turma, evitar hierarquizá-los entregando as provas da maior nota para a menor ou afixando seus nomes e respectivos conceitos no quadro de avisos da sala de aula. Pedro Demo afirma que não devemos negar a modernidade, as exigências do mercado, produtividade e o capitalismo. No momento em que a formação básica e continuada incidir decisivamente sobre a produtividade, pode alargar seu espaço de influência e ousar posição central na contenção dos desvarios de mercado. TRABALHO DOCENTE .por A ideia é despertar um olhar crítico sobre os fatos, deixando claro que entre teoria e prática sempre existirão lacunas, cabendo ao professor comparar dialeticamente essas duas lógicas e buscar a superação, a transformação, perseguindo novas respostas a partir do lugar que ocupa na sociedade. Analisando os Fenômenos Educativos à Luz das Teorias no Campo da Educação Podemos dizer que o professor da turma A respalda a prática na pedagogia tradicional, na medida em que encerra a discussão, falando que a resposta do aluno estava errada, incompleta, ou seja, não estava da forma como ele, certamente, determinou previamente. Assim, fica evidente que o professor trata o conteúdo como verdade absoluta, não admitindo discussão, não incentivando a participação dos educandos, não os incluindo no processo de aprendizagem. Educação bancária No centro do processo, é o professor que detém o saber e espera que o aluno assimile-o passivamente. A esse modelo, o autor denominou de educação bancária, enciclopedista, conteudista. Segundo Paulo Freire (1987) (p. 57- 58): Escolas matam a criatividade? A relação aluno - professor é marcada pela hierarquia, pelo distanciamento e formalidade. O aluno não se sente representado no currículo escolar, pois não participa como sujeito protagonista do processo de aprendizagem. Paulo Freire nos diz que no modelo da educação bancária não há criatividade, não há transformação e não há saber. Pagina 5 .... Na condição da educação bancária, o aluno é o sujeito passivo e sua formação é meramente reprodutora, contribuindo apenas para garantir a manutenção da estrutura social vigente, ou seja, garantir o status quo. Paulo Freire (1987, p. 59) sinaliza para a cultura do silêncio e acrescenta que, nesse caso: Aula prática No modelo escola-novista, os alunos aprendem fazendo, vendo, no plano concreto, debruçando-se diretamente sobre o objeto de estudos, o que facilita o aprendizado, na medida em que mobiliza positivamente a motivação dos estudantes em participar ativamente do processo de aprendizagem. O que é Práxis? De acordo com Vázquez, o homem comum só concebe a prática como práticautilitária, isto é, aquilo que ele usa para satisfazer as necessidades imediatas da vida cotidiana, o que não é suficiente quando pensamos em construir um mundo mais justo, digno, democrático e, portanto, melhor de se viver. Diferença entre prática e práxis É preciso reforçar que não é suficiente uma aula prática para formar um aluno crítico, pois, o sentido da prática pode se perder caso o professor não tenha esses valores interiorizados dentro de si; se a sua própria formação docente é acrítica e pragmatista. Na pratica pedagógica repetitiva, a unidade teoria e prática é rompida, a fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo dificuldadespara a introdução do novo. Neste terreno, a prática do professor vai se efetivando num marasmo respaldado pela rígida burocracia e controle escolares (Veiga, 1989). Regimento Escolar Na sala de aula, o trabalho do professor é condicionado pelo regimento escolar, pelas leis do sistema de ensino, pelas relações de emprego e pela formação deficiente e inadequada que possui. Senso de coletividade Cabe ao professor despertar no educando o senso de coletividade, o desejo de ir além do imediatismo, compreendendo a educação como instrumento de transformação de realidades sociais, e não apenas para mobilizar a motivação pessoal, o interesse pessoal, visando à aprovação no final do ano letivo. Construindo uma sociedade O projeto de escola deverá ser mais aberto, e não apenas responder aos interesses de uma sociedade capitalista, respaldada na lógica do mercado, e, portanto, individualista e competitiva. Em se tratando de educação, podemos compreendê-la como superação, contribuição, mudança social, construção de uma sociedade mais solidária e humana. O aluno ideal existe?
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