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DIDÁTICA (Salvo Automaticamente)

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DIDÁTICA
Didática: É um dos ramos de estudo da Pedagogia [...] É uma disciplina que estuda
os objetivos, os conteúdos, os meios e as condições do processo de ensino tendo
em vista 􀂡finalidades educacionais, que são sempre sociais [...] se caracteriza como
mediação entre as bases teórico-científicas da educação escolar e a prática
docente [...] pode constituir-se em teoria do ensino [...] a Didática se baseia numa
concepção de homem e sociedade (LIBANEO, 2013).
Curso De Didática Geral: A Didática é uma seção ou ramo específico da Pedagogia
e se refere aos conteúdos do ensino e aos processos próprios para a construção do
conhecimento [...] é definida como a ciência e a arte do ensino (HAIDT, 2006).
A Didática Em Questão: “Uma reflexão sistemática e busca de alternativas para os
problemas da prática pedagógica” (CANDAU, 2004).
Aula 3: Correntes pedagógicas liberais
A Didática: A palavra didática tem sua origem na expressão grega techné didaktiké
que signi􀂡ca ensino, instrução [...] de maneira mais abreviada é a arte de transmitir
conhecimentos, trazendo o sentido da orientação, condução, guia [...] de􀂡nição
essa que data do século XIX, considerada tradicional, portanto, sendo ultrapassada
por outras abordagens mais modernas e avançadas (CORDEIRO, 2007).	
Didática Geral: É comum a associação da Didática com o como ensinar, ou seja,
com métodos e técnicas, mas, ressalta sobre a importância da re􀂢exão sobre os
seus fundamentos, sobre as razões de seu emprego, pois, caso contrário, corre-se o
risco de nos convertermos em escravos dos instrumentos (PILETTI, 2010).
Além da apropriação crítica esperada no professor, bem como da autonomia nas ações
pedagógicas, acrescentamos que a criatividade é uma característica fundamental ao
professor para que ele crie, elabore sua prática com “mãos próprias” e não reproduza
modelos pedagógicos/teóricos de outras pessoas.
AULA 2 – BREVE RETROSPECTIVA HISTÓRICA DA DIDÁTICA.
Antiguidade
Nesse período, podemos destacar Sócrates , Platão e Aristóteles,
considerados os primeiros educadores, representando algumas expressões
filosóficas.
Idade Média
1
Na idade média, a partir de influências religiosas da Igreja Católica, a
educação enfatizou a formação do homem como ser incompleto em busca da
perfeição.
Nessa época, a educação era restrita à elite, aos filhos de brancos e colonos,
padres, monges que enquanto estudavam, estavam isentos do trabalho; e
enquanto os pobres trabalhavam, estavam excluídos da escola, cujo
significado do termo se refere ao “lugar do ócio”.
Idade Moderna
Você sabia que Comenius (1592-1670) é considerado o Pai da Didática
Magna?
Comenius criticou o dogmatismo da Igreja, a pedagogia da escolástica,
afirmando que todos os jovens, independente do sexo, deveriam ter acesso à
escola e propôs a reformulação do ensino e da cristandade.
Comenius criticou o dogmatismo da Igreja, a pedagogia da escolástica,
afirmando que todos os jovens, independente do sexo, deveriam ter acesso à
escola e propôs a reformulação do ensino e da cristandade.
passou a ser reconhecido, mais tarde, por educadores,
estudiosos contemporâneos como um dos representantes da pedagogia
tradicional.
Não é necessário que o professor ouça sempre todos os
alunos, nem que examine sempre os cadernos e os
livros de todos, pois tendo como ajudantes os chefes de
turma, estes estarão atentos a que os alunos,
colocados sob sua responsabilidade, procedam como
devem.
Comenius
Idade Contemporânea
Herbart (1766-1841), foi considerado o Pai da Pedagogia Tradicional. Podemos
dizer que Herbart e Comenius são os principais representantes do modelo
tradicional de ensino.
Herbart propôs o método da transmissão-assimilação, tomando por base os
estudos da Filosofia e da Psicologia.
Rousseau
Jean-Jacques Rousseau (1712-1778) — “O homem é bom no seu estado
natural”. O papel do educador: afastar a criança dos vícios da sociedade,
permitindo-lhe desabrochar espontaneamente suas potencialidades inatas;
não impor e sim desenvolver a curiosidade, a sabedoria.
 Fotografia de Rousseau (Fonte: Georgios
Kollidas / Shutterstock)
 Fotografia de Pestalozzi (Fonte: wikipedia.
Disponível em: https://bit.ly/2jm7a1D
<https://bit.ly/2jm7a1D> ). Acesso em: 02
mai.
Pestalozzi
Johann Heinrich Pestalozzi (1746-1827) — Defendia a doutrina naturalista:
que o homem nasce bom e que o seu caráter era formado pelo ambiente que
o rodeia. Aplicou as ideias de Rousseau. “Para sua época, esta ideia era um
tanto inovadora porque, na segunda metade do século XVIII, a concepção
corrente era de que as transformações revolucionárias seriam o remédio que
curaria todos os males sociais.
Froebel
Friedrich Wilhelm August Froebel (1782-1852) — Criador do Jardim de
Infância, em 1837, dizia que “as crianças são como as plantas, cujo
desenvolvimento futuro é uma consequência do tratamento que recebem nos
primeiros anos de vida. Por isso, elas devem crescer à luz da natureza,
lançando raízes sobre a sua terra, alimentando-se do seu próprio ambiente”.
Decroly
Jean-Ovide Decroly (1871-1932) — A escola ideal: ambiente onde a criança
pudesse observar, diariamente, os fenômenos da natureza e a manifestação
de todos os seres humanos; além de conhecer o meio social em que vive.
Maria Montessori (1870-1952) — Em 1912, elaborou o método montessoriano
(escola primária de sucesso internacional). Montessori dava importância à
educação sensorial e recusava as técnicas didáticas fixas. Opunha-se à
Pedagogia tradicional, católica. O método montessoriano é centrado na
autoeducação por meio de brinquedos educativos (corrente vitalista). “
Dewey
John Dewey (1859-1952) — “Agir como uma meta é agir inteligentemente.
Aprender fazendo”. Ação precede o conhecimento e o pensamento. “Antes de
existir como um ser pensante, o homem é um ser que age”. “Sua pedagogia
baseia-se nas noções de experiência e atividade.
Kilpatrick
William Heard Kilpatrick (1871–1965) — Organismo intervém em toda a
atividade: o pensar, o sentir, os impulsos (o objetivo, a necessidade é que
impulsiona o indivíduo), ação corporal, secreções glandulares.
Claparède
Édouard Claparède (1873-1940) — É a favor de uma educação funcional, de
uma escola sob medida: pedagogia adaptada ao caráter individual do aluno.
Em 1912, criou o Instituto Jean Jacques Rousseau, voltado para Psicologia
Infantil.
Freinet
Célestin Freinet (1896-1966) — É a favor da não ruptura entre escola e meio
social (vida e escola). O educador precisa tornar a escola uma continuidade da
vida. O professor deve considerar os interesses de seus alunos, permitindo a
livre expressão deles: conversas livres, composição de pequenos textos e
desenhos livres.
Piaget
Jean William Fritz Piaget (1896-1980) — Foi convidado por Claparède para
assumir a direção dos estudos do Instituto Jean Jacques Rousseau em 1923.
Em 1929, assumiu a diretoria do centro internacional de educação, órgão que
passou a ser filiado à UNESCO. Escola: oferecer ensinamentos sobre a
educação moral, social, cívica. É considerado interacionista e conhecido pelos
seus estudos sobre os estágios cognitivos/estágios de desenvolvimento
intelectual da criança.
Acrescenta-se a isso, a influência que o modelo
escolanovista, no Brasil, década de 1930, recebeu de tais pensadores,
ressaltando-se que esse foi um movimento que veio para superar a Pedagogia
tradicional, tendo como representantes, aqui, em nosso país, Anísio Teixeira,
Fernando Azevedo, Lourenço Filho, Cecília Meireles e outros, considerados os
pioneiros no manifesto da educação renovada.
Surgimento da Educação a
Distância
Nesse contexto, ressalta-se também o surgimento do ensino a distância que,
com o advento das novas tecnologias (leia-se Informática), surge um
potencial de mensagem.
Segundo Pinto e Pinto (2011) apesar de um desafio instigante, tendo em vista
os recursos tecnológicos atuais, cada vez mais sofisticados, há que se cuidar,
sobretudo, para que nãorepresente um instrumento de opressão, mas sim de
libertação, pois, apesar da redução de tempo e custo no ensino a distância, é
preciso que se questione, de fato, o nível de formação que se pretende
oferecer.
Entre o discurso teórico e as ações pedagógicas poderá existir, segundo Silva
(2003), de fato, forte discrepância. Ainda que os defensores da EAD garantam
que a qualidade de ensino será mantida, é preciso ter olhar crítico, não fechar os
olhos para interesses mercadológicos, colonizadores, próprios do processo de
globalização que vivenciamos .
AULA 3 – CORRENTES PEDAGÓGICAS LIBERAIS.
Nesta aula, apresentaremos as tendências pedagógicas liberais que se dividem em tradicional,
escola nova e tecnicismo, sendo importante compreender porque esses três modelos foram
agrupados dentro da perspectiva liberal de ensino.
Além disso, destacaremos para cada uma dessas tendências, a função da escola, como a ela se
organiza, o papel do professor e do aluno, a relação aluno-professor, os pressupostos da
aprendizagem, os objetivos educacionais, a metodologia e a avaliação escolar.
Correntes pedagógicas liberais:
tradicional, escola nova e tecnicismo
O termo liberal veio para justificar a nossa sociedade capitalista
que é caracterizada pelo individualismo, pelo imediatismo,
competitividade e o consumo. E é sob essas bases que as
tendências pedagógicas em questão se alicerçam.
Saviani, 2008.
Modelo Tradicional
Esse modelo tem como representantes principais Comenius (Pai da Didática Magna) e
Herbart (Pai da Pedagogia Tradicional) e, conforme já deve ter sido mencionado em aulas
anteriores, nesse caso, o professor é o centro do processo de aprendizagem; ele detém o
poder do conhecimento.
Para Libâneo (2013), na Pedagogia tradicional, prepondera a ação de agentes externos na
formação do aluno. A transmissão do saber é constituída na tradição e nas grandes
verdades acumuladas pela humanidade. O ensino é compreendido como um repasse de
ideias do professor para a cabeça do aluno; os alunos devem compreender o que o
professor transmite, mas apenas com a finalidade de reproduzir a matéria transmitida.
Com isso, a aprendizagem se torna mecânica, automática, não mobilizando a atividade
mental, a reflexão e o pensamento independente e criativo dos alunos.
Paulo Freire criticou a Pedagogia tradicional, denominou de educação bancária,
enciclopedista, conteudista. Ao aluno não é possível despertá-lo sobre o sentido do
aprendizado. Quando há questionamento sobre o porquê de aprender tal conteúdo,
muitas vezes, o professor tradicional responde que é porque cairá na prova ou porque
está no programa, mas, o porquê mesmo, o sentido da matéria, esse professor, talvez,
nem saiba responder, pois, igualmente, foi educado pelo método reprodutor, assumindo a
condição de mero repassador de informações.
Escola Nova: denominada de ativa,
progressiva ou progressivista, renovada
Esse modelo pedagógico tem como um dos representantes brasileiros Anísio Teixeira que foi
aluno de J. Dewey e, por conta disso, Anísio teve uma formação respaldada na cultura
americana, do aprender fazendo, do educar para a ação, do empreendedorismo, diríamos hoje.
De fato, foi uma evolução em relação ao modelo tradicional, pois o aluno passaria a estudar, a
aprender “colocando a mão na massa”, vendo no plano concreto o conceito abstrato,
generalizado. Por esse motivo, também podemos dizer que J. Piaget representa esse modelo,
uma vez que trata dos estágios cognitivos que vão desde o plano concreto – quando a criança
precisa ter o objeto “ao vivo e a cores” em suas mãos – até que desenvolva a representação
mental do mesmo.
Veiga (2007) se pronuncia, quanto a organização geral da Escola Nova, assinalando que é um
laboratório de Pedagogia prática. Procura desempenhar o papel de explorador ou iniciador das
escolas oficiais.
A Escola Nova está situada no campo, porque este constitui o meio natural das crianças que
oferece possibilidades para empreendimentos simples. A Escola Nova organiza trabalhos
manuais, rurais, de jardinagem, trabalhos livres; que tenham uma finalidade educativa e sejam
de utilidade individual ou coletiva, que assegurem o espírito inventivo.
Tecnicismo
A Pedagogia Liberal Tecnicista surgiu nos Estados Unidos na segunda metade do século XX,
chegando ao Brasil entre as décadas de 1960 e 1970. Nessa concepção de ensino, o homem é
considerado produto do meio, sendo resultado das consequências das forças existentes em seu
ambiente.
O Tecnicismo acredita que a consciência do homem é formada pelas relações acidentais
estabelecidas com o meio e devem ser controladas cientificamente através da Educação.
De acordo com a Pedagogia Liberal Tecnicista, a Educação deve atuar para o estabelecimento e a
manutenção da ordem social vigente, se articulando diretamente com o sistema capitalista de
produção.
AULA 4 : CORRENTES PEDAGÓGICAS PROGRESSISTAS.
conhecimento.
Ribeiro, 1991, p. 30.
O professor crítico, progressista não fica aprisionado ao “mito do porto seguro”, nem a uma única resposta sobre um
determinado fato, fenômeno estudado. Ele indaga mais e responde menos, instiga o pensamento crítico do aluno,
provoca a reflexão, a dúvida, administra os conflitos e não os evita; aponta as contradições sociais, adota o método da
contradição entre o que se discursa academicamente e o que se vive, de fato; a metodologia contextualizada que:

[...] nasce e renasce da situação didática em desenvolvimento, de uma situação didática
específica que envolva (em termos de proximidade) a totalidade das contradições, da
problematicidade do mundo educacional e do mundo social [...] a contradição é, sem
dúvida, o elemento gerador que leva a ação didática a proporcionar a assimilação crítica e
criativa do conhecimento e à elaboração de conhecimentos em situações didáticas
específicas e às manifestações [...] a elaboração do conhecimento é relevante para toda e
qualquer situação didática, uma vez que está diretamente ligada a sua própria
possibilidade dialética de promover mudanças na realidade que gerou a situação de
contradição e sua subsequente superação, em face do aparecimento de novos fenômenos
de natureza instrucional, educacional, política, social, cultural e econômica.
Rays, 2011, p.100-103.
Prática Pedagógica
A prática pedagógica pressupõe uma relação teórico-prática, pois a teoria e a prática encontram-se em indissolúvel
unidade, e só por um processo de abstração podemos separá-las. Em outras palavras, separadas quando o professor
disserta um conhecimento como verdade absoluta, não incluindo o aluno no processo de aprendizagem, determinando de
fora para dentro, sem endereço, sem contexto.
Como atividade humana, a prática pedagógica pode se constituir em atividade de prática, em uma visão utilitarista,
imediatista, ativista, espontaneísta e pragmatista, com um fim em si mesmo, tomando como referência exclusivamente a
própria prática ou em uma práxis guiada por intenções conscientes. De um lado, temos uma prática pedagógica
repetitiva que o professor reproduz ano após ano e não se questiona e, de outro lado, temos a prática reflexiva.
Prática pedagógica repetitiva
A unidade teoria e prática é rompida, a fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo
dificuldades para a introdução do novo. Nesse terreno, a prática do professor vai se efetivando na estagnação, na
continuidade de uma mesma ação, mecanizada, burocratizada, formal, o que poderá leva-lo à alienação do seu
trabalho e de seus pares, parceiros de aprendizagem, correndo-se o risco de não se reconhecerem no que realizam.
Prática reflexiva
É aquela enunciada por Paulo Freire (1975, p. 9): “Ninguém educa ninguém, como tampouco ninguém se educa a si
mesmo: os homens se educam em comunhão, mediatizados pelo mundo”.
Tendências progressistas
Libertadora: Década de 1960
Esse modelo de Pedagogia tem Paulo Freire (1921-1997) como referência, considerado um dos maiores educadoresbrasileiros do século XX.
Para esse pensador, a educação deve ser instrumento de libertação do estado de opressão. Ele defende uma prática
educativa transformadora, fundada na ética, no respeito à dignidade e à própria autonomia do educando.
Nas condições de verdadeira aprendizagem, os alunos vão se transformando em reais sujeitos da construção e da
reconstrução do saber ensinado, ao lado do educador, igualmente, sujeito do processo.
Paulo Freire é adepto do método da conscientização, da humanização, da politização. Acredita que a educação é uma
prática libertadora.
Libertária: Década de 1980
O modelo da pedagogia libertária não se afasta muito do modelo libertador. Não é à toa que foi classificado também
como progressista, na medida em que seus representantes criticam todas as formas de autoritarismo, impessoalidade,
formalidade e distanciamento.
Quanto aos conteúdos de ensino, eles estariam presentes a partir das disciplinas, mas, não seriam exigidos. Importante
é o conhecimento que resulta das experiências vividas pelo grupo, especialmente a vivência de mecanismos de
participação crítica (LIBÂNEO, 1987).
Célestin Freinet (1896-1966)
Entre 1921 e 1924, Célestin Freinet pensou em práticas pedagógicas que pudessem originar atividades de aula voltadas
para os interesses dos alunos. A Pedagogia de Freinet influencia, até os dias de hoje, diversas escolas no mundo,
incluindo as brasileiras.
As suas ideias são marcadas por alguns pressupostos básicos, dentre os quais:
01
O desenvolvimento do senso de responsabilidade dos alunos;
02
O desenvolvimento do respeito e da cooperação entre alunos, professores e funcionários e;
03
A preocupação com a socialização do grupo e o desenvolvimento do julgamento, da autonomia pessoal, da expressão
livre de ideias, da criatividade, da comunicação, da reflexão crítica e da afetividade entre todos que convivem no
ambiente escolar.
A pedagogia
A seguir, encontram-se os principais aspectos metodológicos da pedagogia criada por Freinet:
Aula Passeio
Seu objetivo principal era motivar os alunos para a construção de novos conhecimentos em um ambiente não
escolar.
Textofuncioná
Texto livre e correção
Partiam da livre expressão, podendo ser realizada através de desenhos, poemas, textos ou pinturas. Os alunos
estabeleciam a forma, o tema e o tempo para sua realização. Porém, caso um aluno desejasse publicar seu texto no
jornal escolar, ele deveria passar pela correção coletiva e pela autocorreção, pois para Freinet o "erro" deveria ser
trabalhado com e pelo os alunos.
Os alunos registravam os resultados dos trabalhos em fichas, permitindo o acompanhamento dos seus progressos e
de suas dificuldades. Para Freinet, a avaliação deveria ser um processo contínuo entre professores e alunos na
perspectiva da aprendizagem e não da punição.
Crítico social dos conteúdos
Na tendência crítico-social dos conteúdos (Saviani, Snyders, Makarenko, Libâneo, Luckesi), a ideia é difundir os
conteúdos escolares concretos, porém, indissociáveis da realidade social do aluno.
Vejamos uma cena do filme Escritores da Liberdade que se relaciona com o conteúdo que estamos estudando:
A valorização da escola como instrumento de apropriação do saber é o melhor serviço que
se presta aos interesses populares, já que a própria escola pode contribuir para eliminar
a seletividade social e torná-la democrática. Se a escola é parte integrante do todo social,
agir dentro dela e também agir no rumo da transformação da sociedade. Se o que define
uma pedagogia crítica é a consciência de seus condicionantes histórico-sociais, a função
da pedagogia dos conteúdos é dar um passo à frente no papel transformador da escola,
mas, a partir das condições existentes.
Assim, a condição para que a escola sirva aos interesses populares é garantir a todos um
bom ensino, isto é, a apropriação dos conteúdos escolares básicos que tenham
ressonância na vida dos alunos.
Libâneo (1987) 
Aula 5 – PLANEJAMENTO NO CAMPO DA EDUCAÇÃO 
educação: níveis de planejamento
e seus fundamentos
Diferentes instâncias:
Para transformar é preciso um pé no sonho e outro na
realidade e um bocado de ousadia louca.
Paulo Freire, 1976.
Uma das grandes, se não a maior tragédia do homem
moderno, está em quem é hoje dominado pela força
dos mitos e comandado pela publicidade organizada,
ideológica ou não, e por isso vem renunciando cada
vez, sem saber, à sua capacidade de decidir [...] e,
quando julga que se salva seguindo as prescrições,
afoga-se no anonimato nivelador da massificação, sem
esperança e sem fé, domesticado e acomodado... Já
não é mais sujeito, rebaixa-se a puro objeto.
Paulo Freire, 1976, p. 43
Menegolla e Sant’anna (1997, p.19) assinalam que “o ato de planejar sempre
parte das necessidades e urgências que surgem a partir de uma sondagem
sobre a realidade”.
O destino do viver faz parte da própria natureza, isto é,
ele é determinado e dado pela natureza. Porém, o
destino de como viver não é determinação exclusiva,
mas, essencialmente, do homem.
Menegolla e Sant’anna, 1997, p.23.
O planejamento e o compromisso
sócio-político
O planejamento busca um rumo, é uma ação intencional com sentido
explícito, com compromisso, porém, deve ser definido e redefinido
coletivamente.
Autonomia docente na escola
Mas, como propor uma escola democrática e uma educação transformadora e
emancipada aos alunos se o próprio professor não resgata a sua autonomia
docente na escola, se o próprio professor não é autor de sua própria prática
porque não interiorizou o conceito de autonomia docente?
O currículo e a cultura dos alunos
Para Sacristàn (1995), o currículo obrigatório oficial deve ser articulado à
cultura vivida e, nesses termos, o autor propõe que o currículo se fundamente
no multiculturalismo, no qual os interesses de todos sejam representados.
Planejamento participativo
O planejamento participativo se propõe a romper a lógica hierarquizada e
verticalizada de gestão. Ele emerge de estruturas mais horizontais que
permitam a fluidez de informações entre todos os participantes, sem fomentar
a tradicional separação entre “pensar” e “fazer”, “decidir” e “executar”.
AULA 6 : PLANEJAMENTO DIDÁTICO E OS OBJEITVOS EDUCACIONAIS.
Nesta aula, você reconhecerá o objetivo educacional como um dos elementos que
constituem o planejamento didático e que se dividem em específicos e gerais.
Paralelamente, abriremos um espaço para analisarmos a importância de encontrar
um sentido mais amplo para a escola. Bons estudos!
Os objetivos educacionais são
necessários?
Diferentes concepções de aprendizagem e de ensino vão dar diferentes
valores aos objetivos educacionais. Muitos educadores questionam a
necessidade de se discriminar objetivos em educação. Alguns associam a uma
concepção tecnicista de educação, decorrente da “influência dos educadores
norte-americanos sobre a educação brasileira” (Gil, 2011).
Aula 6: Planejamento didático e os objetivos educacionais
 A postura autoritária está de acordo com os modelos liberais de ensino
tradicional ou tecnicista, em que o aluno não tem o direito de questionar
o que está posto, ou a construir uma nova ordem social, tendo que se
enquadrar no sistema vigente e adaptar-se a este.
Com isso, questiona-se o papel da escola e a formação do sujeito, pois
este não estaria sendo preparado, nessas perspectivas pedagógicas, para
exercitar a cidadania crítica, para questionar os fatos e a realidade.
O aluno estaria sendo formado para aceitar os fatos como inexoráveis,
garantindo assim a reprodução da estrutura social vigente.
Segundo essa lógica, se estamos inseridos em uma sociedade capitalista,
marcada pela competitividade, pelo individualismo, pelo imediatismo,
assim permaneceríamos; formados exclusivamente pela lógica do capital,
do mercado.
Formação para o mercado de
trabalho
Alguns podem perguntar: Não precisamos formar as novas gerações para o
mercado de trabalho?Sem dúvida nenhuma, responderíamos que sim; este é um dos objetivos da
escola. Contudo, é preciso desenvolver, aqui, certa sensibilidade para
compreender o que está por trás dos fatos e desenvolver uma visão crítica
sobre o sentido da educação.
O caminho do sucesso
Precisamos querer mais para as novas gerações, que se formem capazes de
corresponder às demandas sociais atuais, mas que busquem a emancipação
social, o protagonismo da história.
Objetivos educacionais
Vamos ver o que pensam alguns autores sobre os objetivos educacionais,
suas definições e classificações quanto ao nível de especificação e quanto ao
domínio.
1
Nelson Piletti
É a descrição clara do que se pretende alcançar como resultado da nossa
atividade [...] os objetivos educacionais são as metas e os valores mais
amplos que a escola procura atingir (Piletti, 2004, p. 65).
construir um novo cenário social.
Bloom
A formulação de objetivos tem por finalidade classificar para o professor, em
sua própria mente, ou comunicar a outros as mudanças desejadas no
aprendiz (Bloom, 1973).
Plano didático burocratizado
Vamos imaginar uma aula intitulada DSTs – doenças sexualmente
transmissíveis, cujos objetivos comportamentais são:
Identificar as DSTs;
Diferenciar formas de tratamento.
Ressalta-se que, se o professor respaldar a prática nos modelos tradicional e
tecnicista, ele tenderá a perseguir apenas esses dois objetivos.
Plano didático contextualizado
Já um professor que respalda a prática na pedagogia progressista admitirá
que outros objetivos surjam no caminho, rompendo com a fragmentação e
isolamento do conhecimento, sendo o conteúdo tratado de forma
contextualizada.
Nesse caso, o aluno é levado em consideração e seus saberes são legitimados
no processo de aprendizagem, ou seja, o currículo disciplinar é articulado ao
currículo real, vivido.
Objetivos educacionais intencional e
sistemática
Sobre os objetivos educacionais, Libâneo (2013) assinala que a prática
educacional se orienta, necessariamente, para alcançar determinados
objetivos, por meio de uma ação intencional e sistemática.
01
Os objetivos educacionais são, pois, uma
exigência indispensável para o trabalho docente,
requerendo um posicionamento ativo do
professor em sua explicitação, seja no
planejamento escolar, seja no desenvolvimento
das aulas.
Classificação dos objetivos
educacionais
Quanto ao nível de especificação/abrangência:
Objetivos gerais
São mais amplos, alcançados em médio e longo prazo, mas abstratos,
refletindo uma filosofia de educação; ou seja, consistem na nossa contribuição
na formação do sujeito.
Objetivos específicos
São mais precisos, concretos, alcançados em curto prazo, imediatistas,
operacionais, instrucionais.
Sobre os objetivos educacionais específicos e gerais, ressalta-se que,
normalmente, na aula em si, o professor dá conta dos objetivos específicos e,
ao término do período letivo, alcança o objetivo geral.
Entretanto, sabemos que isso não é tão simples assim, pois o fato de o
professor se preparar pedagogicamente não significa que conseguirá dar
conta dos objetivos, sejam eles específicos ou gerais.
AULA 7 : Planejamento de Ensino e os
Conteúdos Escolares
A quem compete a seleção e organização dos
conteúdos escolares? Eis um questionamento
que precisamos fazer, pois se é o professor que
trabalha de forma direta o conhecimento com
seus alunos, será que se trata de outras pessoas
pensarem o que deve ser feito em sala de aula, e
na escola o professor ser apenas um mero
executor de tarefas?
Como devem ser tratados os conteúdos no
espaço de sala de aula, virtual ou presencial?
Cabe ao professor tratar o conhecimento de
forma isolada e fragmentada ou se trata de
estabelecermos relações entre os assuntos da
disciplina?
O que são Conteúdos Escolares ou
Conteúdos de Ensino?
Trata-se do conhecimento científico que se ensina aos alunos para que
desenvolvam as capacidades que lhe permitam produzir e usufruir dos bens
culturais, sociais e econômicos.
Professor pesquisador
Para trabalharmos um conteúdo com mais desenvoltura e autonomia,
precisamos no mínimo estudar mais referências, o que nos ajudará a ir
construindo e consolidando o conhecimento, buscando nossas próprias
respostas, apresentando novas sínteses e possibilidades.
É preciso segurança, fundamentação e um pouco de ousadia para
trabalhar de forma contextualizada, articulada à prática e à sociedade,
pois do contrário, o professor ficará mesmo submetido às imposições
externas, ou seja, às determinações da escola e dos órgãos
governamentais, ou ainda, aprisionado ao livro didático adotado pela
escola.
Paulo Freire denominou o conteúdo transmitido como verdade absoluta
de “Educação Bancária” ou “Enciclopedista”, considerando-o vazio de
sentidos, “verbalização oca”, sem contexto e sem endereço.
Um saber ou conhecimento não é considerado legítimo quando é
arbitrário, porque é propriedade de grupos distintos, que os selecionou
ou produziu a partir das necessidades desses grupos. Logo, a validade
universal desse saber é negada (Santos; Grumbach, 2005, p. 25).
AULA : 8 PLANEJAMENTO DIDÁTICO E OS PROCEDIMENTOS DE ENSINO.
São meios para alcançar objetivos gerais e específicos do ensino, ou seja, ao
“como” do processo de ensino, englobando as ações a serem realizadas pelo
professor e pelos alunos para atingir objetivos e conteúdos.
É o caminho para se alcançar objetivos (Libaneo, 2013). Segundo o
autor, estamos sempre perseguindo objetivos e estes não se realizam por
si mesmos, sendo necessária a atuação docente, ou seja, a organização
de ações para atingi-los.
O método de ensino deve ser entendido como o caminho para a
promoção de ações pedagógicas conscientes, organizadas criticamente,
com a finalidade de tornar o trabalho docente e discente mais fácil e
mais produtivo para o alcance das metas desejadas e necessárias para o
desenvolvimento integral dos educandos (Rays, 2011).
Método da Desmistifação da
Ciência, dos Fatos, da Realidade
Um dos desafios dos professores seria criar, na sala de aula, um ambiente
onde os alunos se sintam insatisfeitos com as limitações de suas
representações, com suas realidades sociais.
Método da contradição
Tomando por base as contribuições de Alonso Rays, acrescentamos que essa
abordagem se trata de enfrentarmos os paradoxos entre a teoria e a prática
no processo de aprendizagem.
Modelo da contradição ilustrado
Para ilustrar o modelo da contradição, citamos um exemplo de prática real, em forma
de contribuição fornecida pela professora Regina Fátima de Oliveira, aluna em
formação continuada docente no curso de licenciatura em Letras da Universidade
Estácio de Sá, na modalidade à distância, turma 2013, segundo semestre.
Ao ministrar a disciplina de Inglês, a tarefa prevista no plano de ensino, segundo a
professora, é que trabalhasse os cômodos de uma casa, tais como: kitchen,
bathroom, bedroom etc.
 A família da ilustração do livro didático era loura,
sorridente, composta de pai, mãe e dois filhos. (Fonte:
Wavebreakmedia /
Para reforçar essa análise, vejamos o que Paulo Freire assinala
Não é se mudando para a favela que ele, o professor, mostrará solidariedade aos
alunos, pois, para o autor, isso seria considerado suicídio de classe. Trata-se,
então, de, em nossa prática, rompermos com a visão fatalista de mundo,
acreditando em possibilidades, fazendo com que nossos alunos também
acreditem que são capazes de construir uma nova ordem social.
Método da Aula Prática/ Aula-passeio
Até o momento, estamos falando de metodologias de ensino respaldadas na
perspectiva crítica e progressista da educação, mas não existem apenas essas. Faz-se
necessário apontarmos para outras práticas consideradas ativas, na medida em que
se permite a participação do aluno no processo de aprendizagem; porém, não
garantem necessariamente uma visão crítica sobre o que se está estudando.
Adotar as aulas-passeiocomo estratégia é louvável, mas, se desejamos
contribuir para a formação crítica e emancipada das novas gerações, não
podemos parar por aí.
Cabe ao professor retornar para a sala de aula e atribuir um sentido mais amplo
sobre a atividade realizada, além de uma simples demonstração, frustrando os
alunos em não permitir a experimentação, ou seja, o aprender fazendo.
Aproveitando aqui a “deixa” do “aprender fazendo”, destacaremos a seguir outro
método de ensino, ressaltando que também aprendemos pela diferença. Isso
quer dizer que, ao assistirmos ou participarmos de uma aula como alunos,
podemos aprender, também, sobre o que não devemos fazer quando
assumirmos a docência.
Método do Aprender Fazendo
Tomaremos como base os ensinamentos de J. Dewey (1859-1952):
Trata-se de um método ativo que valoriza a experiência concreta do aluno, que
observa, manipula materiais, objetos, experimenta, pesquisa. É considerado método
da descoberta, pois o aluno fica em contato direto com o meio natural, tendo como
objetivo o desenvolvimento espontâneo e intelectual.
A ideia é fazer com que o aluno aprenda atuando, e não mais apenas ouvindo seu
professor dissertar sobre conteúdos de ensino.
O trabalho do aluno deve estar orientado para um fim prático bem definido, como
construir um brinquedo, o que levou um educador progressista como Libâneo (2013)
a denominá-lo de pragmatista, progressivista, escolanovista ou, ainda, escola ativa.
Aprender e colocar em prática não garantem a visão crítica sobre o que se está
fazendo mas, talvez, nesse método, o objetivo não seja a formação crítica, e sim
alcançar resultados mais imediatistas a partir da mobilização da motivação para
aprender.
Método da Produção de
Conhecimentos. 
Podemos partir de um tema gerador de polêmicas, mas não se trata de um tema
qualquer. É preciso que esteja relacionado à disciplina em questão.
Se pensarmos na disciplina de ciências biológicas, podemos partir de temas como:
meio ambiente, saúde, alimentação, doenças sexualmente transmissíveis, higiene,
obesidade e tecnologia, dengue etc., pois não conseguiríamos finalizar essa lista de
temas polêmicos e geradores de discussão e trabalho no espaço de sala de aula.
Estilos de sala de aula
A seguir, podemos comparar, através dos desenhos, dois estilos de sala de aula: O
primeiro, o modelo de uma aula tradicional; O segundo, o modelo interativo, em
forma de rede, em que não sabemos mais onde começa o processo de aprendizagem
e onde termina, se é que termina.
Método da Interdisciplinaridade
O método da interdisciplinaridade se dá pelo estabelecimento de relações entre as
temáticas de ensino de uma mesma disciplina.
Outras possibilidades de métodos,
técnicas, estratégias, recursos ou
instrumentos
Vamos ver outras possibilidades de métodos, técnicas, estratégias, recursos ou
instrumentos que, normalmente, são citados na literatura especializada e que você
poderá consultá-las para maior aprofundamento.
Vamos nos limitar, então, apenas a citá-los, indicando ora a referência, apresentando
uma breve explicação sobre os mesmos, ora tomando como orientação a nossa
própria prática de professores que formam professores. São eles: aula expositiva,
estudo dirigido, jogos, dramatização, estudo de casos, método de projetos etc.
(Haydt, 2006).
Aaula ula expositiva
É o método mais simples e conhecido, em que o professor fala e o aluno escuta
passivamente. Normalmente, o conteúdo é transmitido linear e hierarquicamente
do professor para o aluno como verdade absoluta.
Trata-se de um modelo tradicional de ensino; entretanto, a nossa prática indica
que podemos (re)ssignificar a aula expositiva e torná-la, além de expositiva, interativa, ao dialogarmos com os alunos sobre o objeto de estudos em questão, “quebrando” a rotina de uma prática mais conservadora quando apenas o professor é o centro do processo de aprendizagem. AULA EXPOSITIVA
Denominação de método
Para Santos e Grumbach (2005), o método pode ser denominado de:
1
Analógico
É aquele que faz a integração dos outros dois).
2
Dedutivo
É aquele que vai do geral para o particular.
3
Indutivo
É aquele que vai do particular para o geral. 
Recursos Didáticos: Meios Auxiliares
da Prática
Baseados em nossa experiência docente, apresentamos mais alguns recursos
didáticos que são definidos como meios auxiliares da prática que facilitam o
aprendizado; fontes de ajuda que vão dos mais simples aos mais sofisticados; porém,
não substituem o professor.
O Professor e as Novas Tecnologias
Educacionais
Acredita-se que o professor poderá explorar tais recursos; que não podemos mais
negar a presença das novas tecnologias no setor educacional, tendo em vista que
cada vez mais as novas gerações são consideradas usuárias que navegam na internet
com intensa facilidade, “saltando” de um ponto a outro, explorando links e buscando
informação com mais autonomia.Sendo assim,e
A construção do saber
O espaço cibernético está se tornando um lugar essencial
para a construção do saber, uma vez que abre infinitas
possibilidades. Surge, então, uma nova cultura de
aprendizagem com a emergência de uma nova inteligência, a
inteligência coletiva.
Levy, 1994.
Inclusão digital
Marco Silva (2003) se refere à infoexclusão, afirmando que deve ser combatida. Para
esse estudioso, não basta ter acesso à informação digitalizada:
O ambiente em sala de aula
Silva (2010, p. 27-45) propõe que a sala de aula seja interativa e considerada um
ambiente em que:
AULA 9 – PLANEJAMETO DIDÁTICO E A AVALIAÇÃO ESCOLAR 
uma reflexão sobre a avaliação nas perspectivas tradicional,
construtivista e progressista da educação.
Planejamento de Ensino e a
Avaliação Escolar
Definições de avaliação escolar.
Falar de avaliação escolar é bastante complexo, pois trata-se de uma ação
pedagógica realizada por uma pessoa, o que faz dessa prática poder se
submeter ao risco da subjetividade, do olhar tendencioso, impreciso e
desatento do professor, principalmente quando se trabalha em diversas
turmas e com um número elevado de alunos.
 Para Haydt (2006), o termo avaliar tem sido constantemente associado a expressões
como fazer prova, fazer exame, atribuir nota, repetir ou passar de ano. Esta
associação, tão frequente em nossas escolas, é resultante de uma concepção
pedagógica arcaica, mas tradicionalmente dominante.
Se analisarmos essas duas definições de Nérici (1969) e Pilletti (2010),
percebemos que há diferenças, obviamente, tendo em vista as suas épocas:
enquanto na primeira o autor enfatiza o resultado final, na segunda, a ênfase é
no processo.
			PILETTI 
Avaliação é um processo contínuo de pesquisas que visa interpretar os
conhecimentos, habilidades e atitudes dos alunos, tendo em vista mudanças
esperadas no comportamento, propostas nos objetivos, a fim de que haja condições
de decidir sobre alternativas do planejamento do trabalho do professor e da escola
como um todo (Piletti, 2010).
Nérici
É a verificação da aprendizagem, é a parte final do processo de ensino iniciado com o
planejamento do curso e é por meio dela que se chega à conclusão sobre a utilidade
ou não dos esforços despendidos pelo professor e alunos nos trabalhos escolares
(Nérici, 1969).
Modelos tradicional e progressista
O conhecimento é concebido como algo pronto e acabado, verdade absoluta
externa ao aluno que deve ser nele inculcada para depois ser memorizada,
reproduzida e avaliada (Veiga, 2011).
Aprender a aprender
Segundo Vasco Moretto (2003), a avaliação não deverá ser um acerto de contas, e
sim um momento privilegiado de estudos. Mas sabemos que nem todas as pessoas
pensam assim.
Kensky e o pensamento progressista
Segundo Kensky, ao assumirmos que o ato de avaliar se faz presente em todos os
momentos da vida humana, estamos admitindo que ele também está presente em
todos os momentos vividos em sala de aula.
O pensamento de Kensky é bastante progressista, na medidaem que reconhece a
possibilidade de o professor também ser avaliado além do aluno, já que este pode
tornar o processo de aprendizagem mais flexível, bem como estimular o trabalho
coletivo e não o individualismo, o que é comum em práticas pedagógicas respaldadas
no modelo tradicional de ensino.

Em outras palavras, trata-se de o professor se inquietar frente aos fatos, como por
exemplo, o baixo rendimento de um aluno ou de uma turma; agir sobre essa
realidade, buscando transformá-la, construindo uma nova ordem social.
A avaliação na ótica do exame
Segundo essa lógica do exame, os alunos são classificados hierarquicamente
como bons ou ruins, mas bom ou ruim para quê e para quem? Para o sistema?
Qual o nosso objetivo como docentes? Ajustar o indivíduo ao sistema ou
contribuir para a sua emancipação social, para que questione o sistema, a
sociedade que está posta?
Qual lógica predomina em nossa prática? A lógica do capital, do mercado ou
uma lógica mais humana? Ou será que precisamos escolher entre uma e outra?
Jussara Hoffman propõe uma forma mediadora, como postura de avaliação e de
vida, pois acredita que a ação avaliativa mediadora se desenvolve em benefício
do educando e se dá, especialmente, pela proximidade entre quem educa e
quem é educado.
Luckesi
Luckesi propõe que a prática de avaliação da aprendizagem supere o
autoritarismo, buscando, pela via da autonomia do educando, a participação
democrática para todos, o que significa: igualdade, fato que não se dará se não
se conquistar a autonomia e a reciprocidade nas relações.
Santos e Grumbach (2005) se posicionam sobre a lógica do absurdo na prática
da avaliação da aprendizagem. Para essas autoras, a avaliação da aprendizagem
não existe dissociada do processo de ensinar e do projeto educativo da escola, e
os profissionais da educação devem se preocupar com a qualidade da
aprendizagem do aluno.

Reflexão sobre a prática avaliativa
A prática avaliativa, quando responsável, amorosa, formativa e dialética, resgata a
autoestima dos alunos e os ajuda na sua trajetória pessoal e de aprendizagem.
Quando não, criam alienados, oportunizam desigualdades, alimentam desesperança e
exclusão.
Dessa forma, Santos e Grumbach (2005) conclamam os governos, escolas,
educadores, educandos e responsáveis para uma jornada ética na avaliação com
vistas à transformação da educação brasileira.
Funções da avaliação
Na visão de Libaneo (2013), a avaliação exerce três funções:
FUNÇÃO PEDAGÓGICO – DIDÁTICA 
Refere-se ao papel da avaliação no cumprimento dos objetivos gerais e
específicos da educação escolar.
Ao se comprovar sistematicamente os resultados do processo de ensino,
evidencia-se ou não o atendimento das finalidades sociais do ensino, de
preparação dos alunos para enfrentarem as exigências da sociedade, de inserilos
no processo global de transformação social e de propiciar meios culturais de
participação ativa nas diversas esferas da vida social.
Cumprindo sua função didática, a avaliação contribui para a assimilação e
fixação, pois a correção dos erros cometidos possibilita o aprimoramento, a
ampliação e o aprofundamento de conhecimentos e habilidades e, desta forma,
o desenvolvimento das capacidades cognoscitivas.
FUNÇÃO DIAGNÓSTICA.
Permite identificar progressos e dificuldades dos alunos e a atuação do professor
que, por sua vez, determinam modificações do processo de ensino para melhor
cumprir as exigências dos objetivos.
A avaliação diagnóstica ocorre no início, durante e no final do desenvolvimento
das aulas ou unidades didáticas.
Finalmente, é necessário avaliar os resultados da aprendizagem no final de uma
unidade didática, do bimestre ou do ano letivo. A avaliação global de um
determinado período de trabalho também cumpre a função de realimentação do
processo de ensino.
FUNÇÃO DE CONTROLE.
Refere-se aos meios e à frequência das verificações e de qualificação dos
resultados escolares, possibilitando o diagnóstico das situações didáticas.
Há um controle sistemático e contínuo que ocorre no processo de interação
professor-alunos no decorrer das aulas, através de uma variedade de atividades,
que permite ao professor observar como os alunos estão conduzindo-se na
assimilação de conhecimentos e habilidades e no desenvolvimento de
capacidades mentais.
Tipos de Instrumentos de Avaliação
Sobre os instrumentos de avaliação, é fundamental que o professor seja claro
em seus critérios.
No caso das provas e testes, mencionar o valor das questões, comentar a prova
após entrega dos resultados, evitar comparações desnecessárias que expõem o
aluno diante da turma, evitar hierarquizá-los entregando as provas da maior
nota para a menor ou afixando seus nomes e respectivos conceitos no quadro de
avisos da sala de aula.
Pedro Demo afirma que não devemos negar a modernidade, as exigências do
mercado, produtividade e o capitalismo. No momento em que a formação básica e
continuada incidir decisivamente sobre a produtividade, pode alargar seu espaço de
influência e ousar posição central na contenção dos desvarios de mercado.
TRABALHO DOCENTE .por
A ideia é despertar um olhar crítico sobre os fatos, deixando claro que entre teoria e
prática sempre existirão lacunas, cabendo ao professor comparar dialeticamente
essas duas lógicas e buscar a superação, a transformação, perseguindo novas
respostas a partir do lugar que ocupa na sociedade.
Analisando os Fenômenos
Educativos à Luz das Teorias no
Campo da Educação
Podemos dizer que o professor da turma A respalda a prática na pedagogia
tradicional, na medida em que encerra a discussão, falando que a resposta do
aluno estava errada, incompleta, ou seja, não estava da forma como ele,
certamente, determinou previamente.
Assim, fica evidente que o professor trata o conteúdo como verdade absoluta,
não admitindo discussão, não incentivando a participação dos educandos, não
os incluindo no processo de aprendizagem.
Educação bancária
No centro do processo, é o professor que detém o saber e espera que o aluno
assimile-o passivamente. A esse modelo, o autor denominou de educação
bancária, enciclopedista, conteudista. Segundo Paulo Freire (1987) (p. 57-
58):
Escolas matam a criatividade?
A relação aluno - professor é marcada pela hierarquia, pelo distanciamento e
formalidade. O aluno não se sente representado no currículo escolar, pois não
participa como sujeito protagonista do processo de aprendizagem.
Paulo Freire nos diz que no modelo da educação bancária não há criatividade,
não há transformação e não há saber.
Pagina 5 ....
Na condição da educação bancária, o aluno é o sujeito passivo e sua formação
é meramente reprodutora, contribuindo apenas para garantir a manutenção
da estrutura social vigente, ou seja, garantir o status quo. Paulo Freire (1987,
p. 59) sinaliza para a cultura do silêncio e acrescenta que, nesse caso:
Aula prática
No modelo escola-novista, os alunos aprendem fazendo, vendo, no plano
concreto, debruçando-se diretamente sobre o objeto de estudos, o que facilita
o aprendizado, na medida em que mobiliza positivamente a motivação dos
estudantes em participar ativamente do processo de aprendizagem.
O que é Práxis?
De acordo com Vázquez, o homem comum só concebe a prática como práticautilitária,
isto é, aquilo que ele usa para satisfazer as necessidades imediatas
da vida cotidiana, o que não é suficiente quando pensamos em construir um
mundo mais justo, digno, democrático e, portanto, melhor de se viver.
Diferença entre prática e práxis
É preciso reforçar que não é suficiente uma aula prática para formar um
aluno crítico, pois, o sentido da prática pode se perder caso o professor
não tenha esses valores interiorizados dentro de si; se a sua própria
formação docente é acrítica e pragmatista.
Na pratica pedagógica repetitiva, a unidade teoria e prática é rompida, a
fragmentação do conhecimento encontra espaço para efetivar-se, havendo
dificuldadespara a introdução do novo. Neste terreno, a prática do professor
vai se efetivando num marasmo respaldado pela rígida burocracia e controle
escolares (Veiga, 1989).
Regimento Escolar
Na sala de aula, o trabalho do professor é condicionado pelo regimento
escolar, pelas leis do sistema de ensino, pelas relações de emprego e pela
formação deficiente e inadequada que possui.
Senso de coletividade
Cabe ao professor despertar no educando o senso de coletividade, o desejo de ir
além do imediatismo, compreendendo a educação como instrumento de
transformação de realidades sociais, e não apenas para mobilizar a motivação
pessoal, o interesse pessoal, visando à aprovação no final do ano letivo.
Construindo uma sociedade
O projeto de escola deverá ser mais aberto, e não apenas responder aos interesses
de uma sociedade capitalista, respaldada na lógica do mercado, e, portanto,
individualista e competitiva.
Em se tratando de educação, podemos compreendê-la como superação, contribuição,
mudança social, construção de uma sociedade mais solidária e humana.
O aluno ideal existe?

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