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Pensando as políticas públicas de esporte e lazer


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Rev Bras Ciênc Esporte. 2016;38(1):42---49
www.rbceonline.org.br
Revista Brasileira de
CIÊNCIAS DO ESPORTE
ARTIGO 
(Re) p esporte e lazer:
a socio urocrático
do esp
Fernand a,∗ b
a Departam
b Departam
Recebido em
Disponível n
PALAVR
Políticas
Esporte;
Lazer;
Subcamp
político/
KEYWO
Public po
Sports;
Leisure;
Subfield 
cal/bure
∗ Autor pa
E-mail: f
http://dx.d
0101-3289/©
o Augusto Starepravo e Wanderley Marchi Júnior
ento de Educac¸ão Física, Centro de Ciências da Saúde, Universidade Estadual de Maringá, Maringá, PR, Brasil
ento de Educac¸ão Física, Setor de Ciências Biológicas, Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR, Brasil
 11 de outubro de 2011; aceito em 23 de março de 2012
a Internet em 14 de novembro de 2015
AS-CHAVE
 públicas;
o
burocrático
Resumo A pretensão deste ensaio é resgatar o histórico de disputas no subcampo polí-
tico/burocrático do esporte e lazer e destacar algumas tensões, rivalidades, ac¸ões e disposic¸ões,
especialmente na gênese do subcampo, que poderão servir como subsídio para futuras refle-
xões sobre as políticas públicas de esporte e lazer no Brasil. Para tanto foi feita uma releitura
crítica de algumas relevantes obras que tratam do assunto, sob a perspectiva da constituic¸ão
do subcampo, amparados especialmente nos pressupostos teóricos de Pierre Bourdieu e Norbert
Elias.
© 2015 Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os
direitos reservados.
RDS
licies;
politi-
aucratic
(Re) thinking about public policy of sport and leisure: the socio-genesis of the subfield
political/bureaucratic of the sport and leisure in Brazil
Abstract The intention of this essay is to rescue the history of the dispute in subfield politi-
cal/bureaucratic of the sport and recreation, highlighting some tensions, rivalries, actions and
measures, especially in the genesis of the subfield, which may serve as an input for future reflec-
tions of public policies of the sport and leisure in Brazil. To that end, we performed a critical
ra correspondência.
ernando.starepravo@hotmail.com (F.A. Starepravo).
oi.org/10.1016/j.rbce.2015.10.008
 2015 Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos os direitos reservados.
ORIGINAL
ensando as políticas públicas de
gênese do subcampo político/b
orte e lazer no Brasil
(Re) pensando as políticas públicas de esporte e lazer: a sociogênese do subcampo 43
rereading of some relevant works dealing with the matter from the perspective of the consti-
tution of the subfield, especially in the theoretical assumptions supported by Pierre Bourdieu
and Norbert Elias.
© 2015 Colégio Brasileiro de Ciências do Esporte. Published by Elsevier Editora Ltda. All rights
reserved.
PALABRAS CLAVE
Políticas públicas;
Deporte;
Ocio;
Subespecialidad
político/burocrático
(Re)pensando la política pública de dep
subespecialidad política/burocrática de
Resumen La intención de este ensayo es r
pecialidad política/burocrática del deporte
rivalidades, acciones y medidas, especialme
servir como una aportación a futuras refle
lizad
la pe
os ap
o Esp
Introduc¸
Observa-se
física brasi
de esporte
aumento d
sendo vinc
científicos 
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com baixo
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Ademais, s
deram o hi
do esporte
(1988), Lin
Veronez (2
como livro
Diante 
nos refere
posicionam
de esporte
1 Defende
ancorado no
que supõe a
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que paradox
porque a gê
acumulac¸ão
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especificida
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tamb
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no q
ac¸õe
s po
idas,
am d
mos
ocio en Brasil. Con este fin hemos rea
tes relacionadas con este tema desde 
especialmente en los supuestos teóric
© 2015 Colégio Brasileiro de Ciências d
derechos reservados.
ão
 no campo científico/acadêmico da educac¸ão
leira um interesse crescente nas políticas públicas
 e lazer. Isso pode ser observado no progressivo
a produc¸ão científica sobre o assunto, que vem
ulada especialmente por meio de livros e artigos
em periódicos e anais de congressos da área de
ísica, esporte e lazer (Amaral e Pereira, 2009).
oduc¸ão, por sua vez, tende a apresentar-se
 valor científico (Starepravo, 2007; Starepravo e
2007; Starepravo et al., 2009) e caracteriza uma
o horizontal de estudos de caso (Melo, 1999).
ão raros os estudos que tratam ou ao menos consi-
o prog
atende
estanq
públic
um pro
compo
cas e 
escrev
social 
das rel
quais a
preter
passar
Fala
stórico de lutas do subcampo político/burocrático
 e lazer.1 Algumas excec¸ões são Castellani Filho
hales (1996), Mezzadri (2000), Manhães (2002) e
005), porém todas essas são obras configuradas
s e/ou teses, o que dificulta sua difusão.
desse quadro brevemente evocado, e pautados
nciais que serão desenvolvidos no texto, nos
os no sentido de pensar as políticas públicas
 e lazer para além da política pública em si,
mos que o estudo das políticas públicas possa comec¸ar
 conceito de campo político/burocrático, um espac¸o
 dissociac¸ão da posic¸ão e de seu ocupante, da func¸ão e
rio, do interesse público e dos interesses privados, mas
almente funciona como um metacampo do poder, até
nese da ordem pública vem acompanhada da aparic¸ão e
 de um ‘‘capital público’’ (Bourdieu, 2005, p. 68). Cada
rior do campo político/burocrático, por sua vez, pode
a como um subcampo político/burocrático, no qual as
des da área de atuac¸ão do Estado delimitam o espac¸o
ac¸ão dos agentes a ela vinculados.
do esporte
esporte e 
entretanto
Estado mo
dificuldade
necessário 
científico, 
lutas do es
sentido, a 
de disputa
e lazer, d
disposic¸ões
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foi feita um
que tratam
2 Apesar d
esporte e laz
fontes do p
Mezzadri (20
orte y ocio: la sociogénesis de la
l deporte y el ocio en Brasil
escatar la historia de la controversia sobre la subes-
 y el ocio para poner de manifiesto algunas tensiones,
nte en la génesis de la subespecialidad, que puedan
xiones sobre las políticas públicas sobre deporte y
o una relectura crítica de algunas obras importan-
rspectiva de la constitución de la subespecialidad,
oyados por Pierre Bourdieu y Norbert Elias.
orte. Publicado por Elsevier Editora Ltda. Todos los
 esportivo ou a iniciativa pública voltada para
idadão no seu direito ao lazer como fenômenos
ou isolados de um contexto social. A política
itas vezes é apenas a parte mais visível de todo
o desenvolvido num espac¸o social específico, que
isputas, relac¸ões, alianc¸as, decisões estratégi-
ém ‘‘não planejadas’’ (Elias, 2005). Em suma,
bre políticas públicas requer mapear o espac¸o
ual essa é produzida, avanc¸ar no entendimento
s entre os agentes, até finalmente compreender
líticas que foram efetivadas, aquelas que foram
 as que obtiveram êxito e aquelas que não
e propostas.
, portanto, de um subcampo político/burocrático
 e lazer, e não apenas das políticas públicas de
lazer. A tarefa de compreender o subcampo,
, é complexa (até mesmo pela complexidade do
derno) e por vezes limitada. Para minimizar as
s e tentar avanc¸ar nessa compreensão, faz-se
cumprir algumas etapas, pautados pelo rigor
quedeve comec¸ar pelo resgate do histórico de
pac¸o social pesquisado (Bourdieu, 1983). Nesse
pretensão deste ensaio é resgatar o histórico
s no subcampo político/burocrático do esporte
estacar algumas tensões, rivalidades, ac¸ões e
, especialmente na gênese do subcampo, que
ervir como subsídio para reflexões sobre as
úblicas de esporte e lazer no Brasil. Para tanto
a releitura crítica de algumas relevantes obras
 do assunto,2 sob a perspectiva da constituic¸ão
e escassa, a literatura sobre políticas públicas de
er no Brasil apresenta alguns bons trabalhos que foram
resente estudo, em especial os de Linhales (1996),
00) e Manhães (2002).
44 F.A. Starepravo, W. Marchi Júnior
do subcampo, amparados especialmente nos pressupostos
teóricos de Pierre Bourdieu e Norbert Elias.
O início da organizac¸ão do esporte no Brasil
Como mencionado, ao fazer a leitura e compreensão de um
espac¸o social, um dos primeiros procedimentos descritos na
sociologia reflexiva de Pierre Bourdieu consiste em resgatar
o histórico de lutas no interior do campo ou subcampo3 a ser
estudado. Num primeiro momento haverá especial atenc¸ão
à sociogênese4 da intervenc¸ão estatal no esporte e lazer,
por entender que os pilares dessa intervenc¸ão impactam até
hoje a forma de se fazer políticas públicas no setor.
Antes disso, porém, pode-se dizer que as práticas
esportivas foram paulatinamente introduzidas na sociedade
brasileira a partir do século XIX. A elite letrada brasileira
daquele fim
estigma da
dade e nov
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para si me
nac¸ão e de
e recreac¸õ
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civilizador c
de ‘‘psicoge
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tanto históri
ao desenvolv
2001).
[. . .] os dirigentes públicos comec¸aram, assim, a identifi-
car o caráter utilitário do esporte como instrumento de
negac¸ão e substituic¸ão de conflitos sociais. [. . .] Inaugura-
-se um novo quadro para a relac¸ão que se estabelece
ao redor do fenômeno esportivo, capaz de transformar a
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quando no
atribuído a
consolidac¸ã
poder públ
esportivo, 
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 de século, diante de um passado marcado pelo
 escravidão, buscou novos padrões de sociabili-
as referências culturais na modernidade europeia
o mundo hispânico-português. Essa elite impôs
sma a tarefa de criar uma nova história para a
finir, entre outras coisas, novos padrões de lazer
es sociais (De Decca, 2001).
 restrito à elite brasileira, o esporte rapidamente
izou e atingiu outros grupos sociais. Segundo
01), trata-se de um período no qual se deve
que o alargamento da prática de esportes e o
to de camadas sociais diferenciadas estiveram
os à emergência de uma maior diversificac¸ão fun-
e permitiu o embate de diferentes grupos a partir
cac¸ão no quadro das redes sociais mais amplas.
ntexto, a primeira etapa da trajetória política do
 Brasil inicia-se, segundo Linhales (1996), ainda
XIX, quando o esporte chega com a influência
esse momento até o início da década de 1930,
 uma efetiva autonomia da sociedade para se
esportivamente. A autonomia relativa da soci-
organizar-se esportivamente acaba sendo uma
ica central do esporte brasileiro em sua origem.
enc¸ão do Estado brasileiro vai se efetivando, de
a de gradual, nas primeiras décadas do século
o Linhales (1996), por volta de 1904, o governo
o futebol em substituic¸ão à capoeira, identifi-
 crime ou prática social desviante. Na década
e forma mais significativa, estimulou a expansão
do futebol como forma de dispersão das inten-
izac¸ões e greves operárias que eclodiam no país
 e 1917. Com o passar do tempo,
erizac¸ão do campo ou subcampo se dá por meio da
 espac¸o social no qual se encontram fixadas as posic¸ões
 sociais movimentam-se objetivando conquistas.
94) busca a compreensão de um sentido no processo
om base em investigac¸ões que ele mesmo denominou
néticas’’ e ‘‘sociogenéticas’’. As mudanc¸as sociais e de
nto, segundo Elias, não ocorrem apenas no íntimo de
. Elas estão ligadas também ao desenvolvimento das
ociais. Por isso, as transformac¸ões da consciência são
cas quanto pessoais. Assim, a sociogênese corresponde
imento das estruturas sociais em longo prazo (Lucena,
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Socio
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ia da sociedade em instrumento de composic¸ões
has (LINHALES, 1996, p. 74).
adro vai se consolidando até a década de 1930,
 Estado Novo o significado político-ideológico
o esporte influenciou, de forma decisiva, sua
o como prática social e esfera de atuac¸ão do
ico. A intervenc¸ão do Estado brasileiro no campo
nesse período, guarda estreita relac¸ão com o pro-
onstruc¸ão de uma nova ordem política e social,
ou com o projeto maior característico do Estado
ntrolar grande parte da sociedade, no sentido de
nto do poder público.
ese do subcampo político/burocrático
te e lazer no Brasil
ncia do modelo liberal de administrac¸ão, cons-
 o fim da década de 1920, para o modelo
or, a partir do Estado Novo, interferiu direta-
ida cotidiana dos indivíduos. O Estado tornou-se
ativo na organizac¸ão política, social e econômica
de (MEZZADRI, 2000).
ovo momento, verifica-se a existência de um
porativizador da ordem social, que pressupõe a
o do Estado na dinâmica e no funcionamento das
ivis, que superpõe o público ao privado em nome
osta harmonia social.
cial de poder que se encontrava mais disperso
rios agentes e instituic¸ões na época passa a ser
o nas mãos do Estado. Há na verdade um reequi-
alanc¸a de poder, já que, como nos lembra Elias
quilíbrio de poder constitui um elemento integral
 relac¸ões humanas, que são, usualmente, multi-
gundo os modelos de jogos sociais apresentados
 pode-se verificar a presenc¸a de uma competic¸ão
árquico, na qual o equilíbrio de poder a favor do
levado é muito desproporcional, rígido e estável.
terdependência entre os níveis impõe limitac¸ões
ador, mesmo no nível mais elevado. Ou seja,
ue tenha o Estado, por meios legais, garantido
o de destaque na sociedade brasileira, com uma
 entendimento privilegiado do jogo, ele não a
 completamente. Outros estratos da sociedade
nte obtiveram lucros a partir da ordem social
a e foram coniventes com a atuac¸ão controladora
 do esporte, essa,
va ordem adentrou o esporte num duplo movi-
Por um lado, o setor esportivo sofreu forte
c¸ão do poder público,nos moldes do que iden-
te aconteceu em vários setores da vida social.
ro lado, o esporte, no conjunto das práti-
porais de movimento, foi também usado pelo
omo estratégia e como suporte do processo de
(Re) pensando as políticas públicas de esporte e lazer: a sociogênese do subcampo 45
ordenamento da sociedade nos moldes de seu projeto
político-ideológico (Linhales, 1996, p. 75).
Esse projeto político-ideológico usaria do esporte na
contribuic¸ão no alcance de alguns dos objetivos propos-
tos pelo Es
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2000). Seg
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2002, p
Vale ressaltar que, segundo Linhales (1996), tal como
ocorreu em outros setores sociais, a intervenc¸ão estatal no
campo esportivo caracterizou-se como uma antecipac¸ão do
Estado à sociedade. Os clubes constituíam formas básicas
de organizac¸ão esportiva e os conflitos, mesmo que aconte-
 dav
tes 
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 um 
miac¸
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smo.
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s (1
eiro:
stado
fere
aniza
tado Novo, principalmente na centralizac¸ão do
a formac¸ão da identidade nacional (Mezzadri,
undo Mazo (2005), o projeto nacionalista bus-
ogeneizac¸ão cultural, era contrário a qualquer
ão pluralista e diversificada. Naquele período
e a preocupac¸ão com a formac¸ão da identidade
asileira, pois, como assinalou Ortiz (1994), o Bra-
ha uma identidade e, portanto, não tinha uma
 havia uma imagem de povo brasileiro, mas sim
 composto de governo e território. Frente a essa
 Estado brasileiro assumiu características inter-
s, enquanto promotor de políticas culturais e
is destinadas a construir a nac¸ão brasileira, den-
uelas voltadas para o esporte.
cativa para tal intervenc¸ão, porém, passava por
stões. Diferentemente do cenário do fim do
, observava-se nesse período certo nível de
disputa de poder dentro do incipiente campo
brasileiro. As disputas de poder e os conflitos
asicamente, segundo Linhales (1996), em torno
es tais como: as diferenc¸as entre os defenso-
dorismo e os do profissionalismo; a legitimidade
tiva das confederac¸ões e federac¸ões, seus pro-
isórios e suas áreas de abrangência; as formas de
o dos selecionados nacionais para representac¸ão
m eventos internacionais, entre outras.
as disputas citadas, Manhães (2002), destaca que
ente ocorriam nas entidades esportivas brasilei-
responsáveis pelo que se acostumou chamar de
 de duplicidade de entidades’’, que significava
ento de mais de uma entidade avocando-se o
administrac¸ão de determinado ramo esportivo no
ac¸o geopolítico.
bitrar tais conflitos, o Estado tomaria para si a
lidade de controlar o campo esportivo no país. As
as do poder público para sua ac¸ão intervencio-
mpo esportivo orientaram-se, basicamente, pela
e de constituic¸ão de um árbitro neutro para os
anhães (2002) relata que tendo em vista docu-
ginais e depoimentos de autoridades, salta aos
evância da categoria ‘‘disciplina’’, justificativa
a de legislar sobre esporte.
onsta, segundo o autor, da exposic¸ão de moti-
jeto levado ao presidente da república, Getúlio
 resultaria no decreto-lei n◦ 3.199, que,
 desportos vêm sendo praticados entre nós há
decênios e já conseguiram, em grande número
 modalidades, um desenvolvimento notável, do
xpressiva prova o êxito dos jogadores brasileiros
rsas e memoráveis competic¸ões internacionais.
nto, acrescenta que o mesmo ressente-se da
de organizac¸ão geral e adequada, que lhes
 a disciplina necessária à sua correta prá-
nveniente desenvolvimento e útil influência na
o espiritual e física da juventude’’ (Manhães,
. 29, destaque do autor).
cendo,
existen
possíve
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Linhale
de Jan
O E
indi
org
am o tom da pluralidade e da autonomia relativa
no setor. Ainda segundo a autora, embora fosse
nstatar, no início da década de 1930, a existên-
significativo nível de conflitos entre os grupos
ões esportivas, também vale registrar que as
 e soluc¸ões para tais problemas vinham sendo
elos próprios agentes inseridos no embrionário
ortivo brasileiro.
ilidade de divergência era legítima, segundo as
entes ao campo esportivo, até então liberais.
 originária da associac¸ão espontânea de indiví-
ntidades de direito privado, os clubes, centros
sportes eram praticados e ensinados. Desses, em
rac¸ões e confederac¸ões, cujo funcionamento,
 relacionamento eram regulados única e exclu-
por seus estatutos, consequentes da iniciativa
tos e agentes afins, sem interferência do Estado
2002).
cos, as características da ordem dominante vão
onta do campo esportivo. Tomás Mazoni citado
s (1996, p. 80), ao fazer em 1941 uma síntese da
 esporte brasileiro durante a década de 1930,
alguns argumentos que corroboram esse movi-
urpreender aos neófitos e também a muita gente
rio ambiente esportivo afirmarmos que nestes
 transcorridos desde o advento do governo de
esporte no Brasil tenha evoluído muito, devendo
co dessa evoluc¸ão à nova mentalidade política
ec¸ou a dominar o País desde aquela data. [. . .]
ompreender o que representa para o esporte bra-
star integrado nas leis e no espírito do Estado
ssará a colocar-se a servic¸o da Pátria, eis tudo!
sporte brasileiro não poderia viver mais tempo
do do espírito e da doutrina do Estado Novo.
ma só disciplina, acabar com o espírito clubís-
terminar a política dos homens, dar-lhes outra
ão, outras func¸ões que atendem aos seus princí-
s seus ideais, fazer de seus homens dirigentes, e
ciques’’ ou chefetes de grupos e clubes.
so então caminha no sentido da necessidade de
enc¸ão estatal que conseguisse disciplinar e con-
po esportivo. Para Manhães (2002), a iniciativa
ominantes os pressupostos referentes ao projeto
de hegemônica, em detrimento daqueles explí-
rdem liberal das entidades esportivas, passava
ente pela inviabilizac¸ão do conflito ou pelo arbi-
os já existentes, tendo por consequência o fim do
novamente escreve Tomás Mazoni, citado por
996, p. 82), no jornal Correio da Noite, do Rio
 Novo não poderia, por mais tempo, permanecer
nte ante essegrave e complicado problema da
c¸ão e direc¸ão do esporte do País, uma vez que
46 F.A. Starepravo, W. Marchi Júnior
uma das suas principais func¸ões é a educac¸ão, é o futuro
da mocidade brasileira! Enganaram-se redondamente os
que julgaram que a vida esportiva nacional não se inte-
graria na doutrina e nos princípios que conduzem o Brasil
Novo aos seus grandes destinos, trac¸ados pelo regimen
de 10 d
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Novo qu
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em que se
por Manhães (2002, p. 30), em discurso proferido no dia
20.04.1940, na Reabertura das Aulas da Escola de Educac¸ão
Física, afirmava que:
[. . .] para completo êxito dos desportos brasileiros, que
stão
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e novembro. O esporte brasileiro já está às por-
ua verdadeira missão disciplinar, pois o Estado
er transformá-lo em forc¸a nova da Nac¸ão, quer
a mesma importância que possui em todos os Paí-
ntados. [. . .] As bandeiras dos clubes continuarão
, mas acima dessas bandeiras estará o ideal do
 e mais acima ainda a bandeira da Pátria dessa
e. A ela, só a ela, é que devemos olhar!
 apontado, esse período caracteriza-se por um
 sociedade corporativo, no qual o espac¸o de
o dos segmentos sociais na direc¸ão dos seto-
ia das entidades civis, é muito pequeno. Sendo
 perfil autoritário da ordem corporativa, o pró-
 não interveio no campo esportivo por meio de
ou de instruc¸ões próprias dos planos, mas deter-
ecreto e por lei. Nesse sentido, inexistem planos
 de esporte durante o período, mas é vastíssima
 afim (Manhães, 2002). Portanto, a análise nesse
cará mais centrada na dimensão política polity
), que se refere à ordem do sistema político, deli-
 sistema jurídico e a estrutura institucional do
lítico administrativo.
le por decreto
proposta de Lei Orgânica para os esportes no Bra-
 abril de 1941. Trata-se do Decreto-Lei n◦ 3.199
1), adjetivado especialmente pelos decretos n◦
sil, 1942), n◦ 7.674 (Brasil, 1945) e pelas diver-
ac¸ões do Conselho Nacional de Desportos (CND),
o pelo próprio Decreto-Lei 3.199.
 motivac¸ões do Decreto-Lei 3.199, o Dr. João Lyra
eiro presidente do CND), entrevistado e citado
s (2002, p. 36-7, destaques do autor), mais uma
a os conflitos existentes no interior do campo
com realce à disputa entre amadorismo e pro-
o:
1, a razão do Decreto n◦ 3.199, foi o abas-
nto das atividades desportivas. Precisava-se
em na vida desportiva. Até então, só havia
ismo. Veio o profissionalismo e iniciou-se uma bri-
 geral. Quiseram extinguir a própria CND. O grupo
ssionalismo, liderado pelo Sr. Arnaldo Guinle, do
nse, não admitia entidades ecléticas. Chegou a
CBF. Só que a CBD estava filiada à Fifa. Arnaldo
utou para que a Fifa desfiliasse a CBD e atraísse a
umentava com o fato verdadeiro de que o maior
 de clubes de futebol estava subordinado à CBF,
BD já não representava o futebol brasileiro. No
 tudo, a CBD procurou tirar jogadores de clubes
dos a ela para formar uma selec¸ão. Daí houve
ulto nacional. [. . .] Urgia disciplinar e pacificar o
o brasileiro.
 o ministro da Educac¸ão e Saúde da época, pasta
 inseria o esporte, Gustavo Capanema, citado
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 se aparelhando das técnicas de que necessita, o
 não quer burocratizar a vida esportiva do país,
eja dar-lhe disciplina. [. . .] a legislac¸ão federal
isciplina das atividades correspondentes, sobre-
 desporto profissionalizado, e à sistematizac¸ão e
cac¸ão dos auxílios dos poderes públicos à enti-
esportivas. [. . .] escrevi, alhures, que a disciplina
idades desportivas deu causa à criac¸ão do CND,
egurar clima saudável à ordem espiritual dos des-
e o ministro ressaltar que não seria interesse do
ocratizar a vida esportiva, foi isso o que aconte-
ntido dado por Bourdieu ao campo burocrático,
interesses particulares são sobrepostos por inte-
tivos. Esse até é um dos argumentos usados pelo
ra controlar o campo esportivo.
à categoria disciplina destacada por Manhães
relac¸ão à legislac¸ão esportiva da época, Mezzadri
taca que a aprovac¸ão do Decreto-Lei n◦ 3.199
iretamente na estruturac¸ão do esporte no Bra-
teria contribuído em três pontos básicos da
o do esporte: a regulamentac¸ão das entidades
 a definic¸ão da func¸ão do Estado brasileiro frente
 e a indicac¸ão de como administrar as práticas
ndo Linhales (1996), o projeto para o esporte se
 três dimensões centrais e constitutivas do ideá-
ovista. A primeira dimensão dizia respeito ao
smo, adotado como estratégia de organizac¸ão e
ento da sociedade. Em nome da harmonia social
ndido fortalecimento do Estado, tal estrutura
u-se como
a sobreposic¸ão do público ao privado, em que as
embrionárias e pluralistas de organizac¸ão social
es foram consideradas ilegítimas, na medida em
onflitos e a diversidade de interesses eram iden-
s com a barbárie, com o anarquismo ou com o
-faire’’ (Linhales, 1996, p. 83).
c¸ão do público ao privado, que poderia ter
ac¸ão positiva, já que isso poderia impulsionar
tizar o esporte, da forma que foi feita, apenas
u a burocratizac¸ão do mesmo e inverteu a lógica
sobre o privado, quando das ac¸ões personalistas
is dadas pelos burocratas.
da dimensão apontada por Linhales (1996), cor-
or Mezzadri (2000), refere-se à consolidac¸ão do
o como elemento de unificac¸ão e construc¸ão de
a cívica capaz de sobrepor às diferenc¸as regi-
se sentido, o esporte seria um instrumento de
o do nacionalismo, auxiliar na construc¸ão de uma
nidade nacional, e forma de representac¸ão da
ão.
nte, a terceira dimensão do ideário estadonovista
por Linhales (1996) diz respeito à modernizac¸ão
a, justificada tanto como forma de superac¸ão
 orientac¸ões nas relac¸ões econômicas e sociais
(Re) pensando as políticas públicas de esporte e lazer: a sociogênese do subcampo 47
do Brasil urbano durante a Velha República quanto como
condic¸ão necessária ao país para sua inserc¸ãono plano das
relac¸ões internacionais.
A construc¸ão de um Brasil moderno e industrializado
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uma relac¸ão de dependência tutelar. Aqui pode estar a
raiz da vinculac¸ão e subordinac¸ão da sociedade ao Estado
no que tange à prática esportiva até os dias atuais.
Essa relac¸ão quase umbilical pode ter desencadeado práti-
cas ‘‘salvacionistas’’, ‘‘utilitaristas’’ e ‘‘paternalistas’’ do
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ava ac¸ões e projetos capazes de educar a
u mais especificamente a classe trabalhadora, no
do desenvolvimento produtivo, baseado na raci-
e e na eficiência. Aqui também, nesse prisma,
e recebeu e deu sua contribuic¸ão [. . .]. Segundo
, ‘‘a prática esportiva é colocada no mesmo plano
efícios trabalhistas que o governo vinha gradati-
e concedendo’’ (Linhales, 1996, p. 85).
ruc¸ão da hegemonia do esporte, em relac¸ão às
vidades corporais, que iniciara no período em
ambém guarda relac¸ão com a ideia de moderni-
gresso, já que o esporte era a atividade corporal
nto em pleno crescimento nos países desenvol-
a ao Brasil adotá-lo também como parte de suas
odernizac¸ão, sustentadas pela racionalidade e
ncia (Linhales, 1996).
desse contexto e dessas intencionalidades, o
ederal propôs a regulamentac¸ão do esporte
por meio do Decreto-Lei n◦ 3.199, de 1941.
onalizac¸ão do esporte, porém, foi marcada por
terística administrativa comandada pelos buro-
los políticos, com uma participac¸ão restrita da
e dos indivíduos nas tomadas de decisão (Linhales,
adri, 2000; Manhães, 2002), o que corrobora a
ue aqui configuram-se relac¸ões sociais do tipo
s, segundo os pressupostos de Elias (2005).
ão do CND, por meio do dispositivo legal, por
estinado a ‘‘orientar, fiscalizar e incentivar a prá-
portos no país’’, que, em outros termos, poderia
se um avanc¸o para o esporte, não permitiu acesso
des esportivas às cadeiras do CND, a compor-se,
te, de cinco membros, todos nomeados pelo Pre-
 República.
durante as décadas de 1940 a 1970, estruturou e
o esporte nacional, fiscalizou as atividades espor-
volvidas no país. Os estatutos das federac¸ões e
ões deveriam ser aprovados pelo CND e regu-
s posteriormente pelo Ministério da Educac¸ão e
zadri, 2000).
esse do Estado Novo em disciplinar (atrelar ao
ampo esportivo foi o argumento central que jus-
egislac¸ão esportiva da época. O pluralismo de
até então vigentes foi interpretado como nocivo
to de elevac¸ão do esporte à condic¸ão de uma
deveria estar a servic¸o da Pátria, e não a servic¸o
os organizados esportivamente. (Linhales, 1996).
o com a ‘‘indisciplina’’ (pluralidade), o Estado
 ocupou com ac¸ões políticas capazes de legitimar
r os conflitos de interesse; lanc¸ou-se à sociedade
sobrepõe-se a ela por lei, aos moldes do que tam-
m outros setores da vida social (Manhães, 2002;
996).
 Linhales (1996), o efeito dessa legislac¸ão sobre
ia da sociedade para se organizar esportiva-
e ser considerado devastador, na medida em
rte brasileiro passa a estabelecer com o Estado
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io processo de intervenc¸ão do Estado no campo
e deu muito mais por lógicas existentes no inte-
prio campo político/burocrático do que por uma
a demanda da sociedade. Tampouco o esporte foi
 a partir da perspectiva do reconhecimento como
 social, mesmo sendo esse um dos argumentos
a a intervenc¸ão.
a de 1940, para o campo esportivo no Brasil,
o, crucial. Se, por um lado, é possível afir-
ssa etapa acolheu um verdadeiro processo de
ão e massificac¸ão do esporte, apoiado pelo
r outro, vale destacar que tal processo não sig-
emocratizac¸ão do esporte ou a sua consolidac¸ão
direito social. O esporte foi institucionalizado,
islac¸ão própria, foi oferecido pelo Estado como
letivo. Recebeu investimentos públicos e cons-
 burocracia oficial para seu desenvolvimento,
scalizac¸ão. Foi estatizado, sem contudo, ter sido
 (Linhales, 1996).
 a perda ou a fragilizac¸ão da autonomia relativa
e para se organizar esportivamente, associada à
 do campo esportivo, provocou o fortalecimento
s de dependência tutelar entre o esporte e o
ra existir, o esporte dependia do Estado e esse,
z, só implantava e apoiava aquelas ac¸ões que
seu interesse. Essa espécie de pacto de conve-
bém gerou seus efeitos perversos. Um esporte
o Estado, e um Estado que institucionaliza um
ortivo controlado por dirigentes escolhidos por
nfianc¸as e anuências ao poder, acabou por con-
mpo esportivo como espac¸o privilegiado para as
líticas baseadas no clientelismo e no populismo
996).
ac¸ões finais
o político/burocrático de esporte e lazer, que
artir da década de 1930 no Brasil, e se conso-
e todo o século XX e início do século XXI, é por
 espac¸o de coexistência de interesses públicos e
 como se se apresentasse como uma balanc¸a, que
ara os interesses particularistas, ora pende para
s coletivos, públicos, muitas vezes chamados de
acional.
 égide que o Estado brasileiro regulamentou o
 Brasil na década de 1940. Nessa mesma época
 aos trabalhadores o direito ao lazer, por meio
o semanal remunerado e das férias, presentes na
do passa a controlar uma manifestac¸ão social (o
ue até então constituía uma prática de lazer de
ais específicos, e dá a ele uma conotac¸ão de bem
e deveria ser usado como forma de representac¸ão
rramenta para consolidar um habitus comum aos
(nacionalismo) ou ainda um símbolo do desenvol-
odernidade da nac¸ão. Segundo Bourdieu (2007),
48 F.A. Starepravo, W. Marchi Júnior
em nossas sociedades, o Estado contribui de maneira deter-
minante na produc¸ão e reproduc¸ão dos instrumentos de
construc¸ão da realidade social. Enquanto estrutura organi-
zacional e instância reguladora de práticas, ele exerce uma
ac¸ão formadorade disposic¸ões duradouras, por meio de todo
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disciplina que impõe ao conjunto de agentes.
do enquadramento que impõe às práticas,
o instaura e inculca formas e categorias de
ão e de pensamento comuns, quadros sociais de
ão, da compreensão ou da memória, estruturas
, formas estatais de classificac¸ão. E cria, assim,
c¸ões de uma espécie de orquestrac¸ão imediata de
que é, ela própria, o fundamento de uma espécie
enso sobre esse conjunto de evidências compar-
, constitutivas do senso comum (Bourdieu, 2007,
).
meno social que trazia prioritariamente interes-
lares é forjado a carregar a bandeira do bem
m vistas especialmente à constituic¸ão de um
cional. Como contrapartida, o Estado oferece
nto aos atletas e às instituic¸ões de promoc¸ão do
staura uma dependência tutelar do campo espor-
po político/burocrático.
sso, os agentes do campo político/burocrático
olveram com o esporte perceberam ser esse um
o eficaz para aprimorar o acúmulo de capital
 político, já que a natureza do esporte carrega
nos de amizade, companheirismo, descontrac¸ão,
róprio apelo popular, que fazia com que esses
essem grande visibilidade junto à sociedade bra-
incorporac¸ão do campo esportivo pelo campo
rocrático, sob a justificativa da prevalência da
stado (pública), rapidamente passa a ser pau-
ém por interesses individuais daqueles agentes
com o esporte no âmbito estatal.
vimento deixou um grande lastro na política
rasileira, que até hoje convive com fenômenos
 clientelismo, o utilitarismo e o assistencialismo.
sociogênese do subcampo político/burocrático do
azer no Brasil, portanto, ajuda a pensar as atu-
s esportivas nas diferentes esferas de governo e
incapacidade da área de desvencilhar-se de prá-
as no Estado Novo. Trazer à tona essas questões,
do, pode ser útil a pesquisadores e gestores, que,
pautados apenas no empirismo, acabam repro-
e forma consciente ou não, essas práticas, que
finalidade o acúmulo de capital de maneira indi-
ouco contribuem para o desenvolvimento e a
ac¸ão do esporte no país.
mento
ão de Aperfeic¸oamento de Pessoal de Nível
eestruturac¸ão e Expansão das Universidades
apes/Reuni), modalidade bolsa de doutorado.
 de interesse
 declaram não haver conflitos de interesse.
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	(Re) pensando as políticas públicas de esporte e lazer: a sociogênese do subcampo político/burocrático do esporte e lazer ...
	Introdução
	O início da organização do esporte no Brasil
	Sociogênese do subcampo político/burocrático do esporte e lazer no Brasil
	O controle por decreto
	Considerações finais
	Financiamento
	Conflitos de interesse
	Referências

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