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1 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL GRATUITAESTA PUBLICAÇÃO NÃO PODE SERCOMERCIALIZADA Políticas Públicas para o Esporte no Brasil Cássia Damiani Adriano César Carneiro Loureiro 1 Copyright © 2023 by Fundação Demócrito Rocha FUNDAÇÃO DEMÓCRITO ROCHA (FDR) Presidente Luciana Dummar Diretor Administrativo-Financeiro André Avelino de Azevedo Gerente-Geral Marcos Tardin Gerente Editorial e de Projetos Raymundo Netto Gerente de Audiovisual Chico Marinho Gerente de Marketing & Design Andrea Araujo Coordenadora de Projetos Sociais Lia Leite Analistas de Projetos Aurelino Freitas e Fabrícia Góis Analista de Contas Narcez Bessa UNIVERSIDADE ABERTA DO NORDESTE (UANE) Gerente Educacional Prof. Dr. Deglaucy Jorge Teixeira Coordenadora Pedagógica Profa. Ms. Jôsy Cavalcante Coordenadora de Cursos Esp. Marisa Ferreira Secretária Escolar Iany Campos Desenvolvedora Fron-End Isabela Marques Estagiárias em Mídias e tecnologia para Educação Germana Cristina Rebeca Azevedo Estagiária em Pedagogia Arielly Ribeiro Este fascículo é parte integrante do projeto Programa de Capacitação para Gestão Multidisciplinar do Esporte, em decorrência do III Edital de Projetos Desportivos e Paradesportivos: incentivo ao esporte cearense. Processo nº 11403815/2019. Todos os direitos desta edição reservados à: Fundação Demócrito Rocha Av. Aguanambi, 282/A - Joaquim Távora CEP 60.055-402 - Fortaleza-Ceará Tel/WhatsApp: (85) 99123.1327 Site: fdr.org.br | e-mail: uane@fdr.org.br Plataforma de cursos: cursos.fdr.org.br P964 Programa de Capacitação para Gestão Multidisciplinar do Esporte/ vários autores ; organizado por Ricardo Catunda ; ilustrado por Carlus Campos. - Fortaleza : Fundação Demócrito Rocha, 2023. 192 p. : il. : 26cm x 30cm. Inclui bibliografi a. ISBN Coleção: 978-65-5383-041-7 ISBN F1: 978-65-5383-042-4 1. Esporte. 2. Educação física. 3. Políticas públicas. 4. Formação. 5. Pedagogia do esporte. 6. Gestão de projetos. 7. Gestão de pessoas. 8. Esporte de rendimento. 9. Gestão fi nanceira. I. Catunda, Ricardo. II. Campos, Carlus. III. Título. 2023-236 CDD 613.7 CDU 796 Elaborado por Vagner Rodolfo da Silva - CRB-8/9410 Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) de acordo com ISBD Índice para catálogo sistemático: 1. Educação física 613.7 2. Educação física 796 GESTÃO MULTIDISCIPLINAR DO ESPORTE: PROGRAMA DE CAPACITAÇÃO Concepção e Coordenadora Geral Valéria Xavier Coordenadores de Conteúdo Ricardo Catunda e Valéria Xavier Coordenador Editorial e Revisor Raymundo Netto Projeto Gráfico e Editora de Design Andrea Araujo Designer Gráfico Welton Travassos Ilustrador Carlus Campos Analista de Marketing Henri Dias Analista de Projetos Daniele de Andrade Social Media Letícia Frota 3 SUMÁRIO APRESENTAÇÃO 4 7 15 15 12 5 POLÍTICA PÚBLICA: O QUE É? PARA QUE SERVE? O ESPORTE ENTRE AS POLÍTICAS DE ESTADO E AS POLÍTICAS DE GOVERNO REFERÊNCIAS CARACTERÍSTICAS DO ESPORTE COMO DIREITO CONSIDERAÇÕES FINAIS FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 4 APRESENTAÇÃO 1 uma Política de Estado ser uma Polí- tica democrática. Como esta Política é constituída? O que são os direitos so- ciais? Como pensar as necessidades humanas? Qual a real função do Estado e qual a correlação de força existentes entre os governos e a população? Quais os elementos constitutivos de uma Po- lítica de Estado? Como pensar e o que pensar quando se quer uma Política pe- rene, que não atenda apenas interesses de alguns setores da sociedade? As- sim, convidamos você para esta leitura e esperamos poder auxiliá-lo na refl exão sobre estas e outras questões. Estudar e pensar em Política Públi-ca é essencial para compreender como lidar com as necessidades e direitos que são postos pela sociedade e que devem ser atendidos pelo Estado. Este texto foi elaborado para auxiliar as pessoas a pensarem sobre as Políti- cas Públicas, entendendo esta Política não como ações pontuais, mas como ações com visão de permanência, de continuidade. O objetivo deste fascículo é trazer reflexões sobre elementos que irão auxiliar a pensar o que é a Política Pública para o Esporte, além de refl etir quais elementos são importantes para 5 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL POLÍTICA PÚBLICA: O QUE É? PARA QUE SERVE? Para iniciar nossa conversa é pre-ciso entender o que são as Políti-cas Públicas e para que servem. Segundo Macêdo (2018), as Políticas Públicas são “ações e programas de- senvolvidos pelo Estado para garantir e colocar em prática direitos que são pre- vistos na Constituição Federal e em ou- tras leis”. São medidas práticas, progra- mas criados pelos governos, dedicados a garantir o bem-estar da população em geral, sendo caracterizado com uma necessidade fundamental. Assim, é pos- sível dizer que o esporte está no rol de atividades relacionadas ao bem-estar da população. O esporte é, portanto, uma atividade inalienável do ser humano. As Políticas Públicas estão relacio- nadas às necessidades humanas e para tal compreensão Doyal e Gough (1991) trazem explicações a esse respeito, con- siderando a existência de necessidades humanas básicas, intermediárias e de aspiração e desejos. A principal orien- tação entre elas é apreciar elementos que considerem a integridade humana, evitando a ocorrência de prejuízos à vida material dos homens e à atuação destes como sujeitos, caso as necessidades humanas básicas nã o sejam adequada- mente satisfeitas. Deste modo, as necessidades bá- sicas correspondem à preservação da sobrevivência física que assegura a exis- tência das pessoas e à garantia da auto- nomia que possibilita à s pessoas a par- ticipação social e as escolhas legítimas, compreensíveis e democráticas. Com as necessidades básicas satisfeitas, todo o ser humano pode constituir-se como tal, diferindo-se dos animais, e realizar qual- quer outro propósito socialmente reco- nhecido (PEREIRA, 2011). O esporte pode ser considerado como direito. Segundo Athayde et al. (2016), o esporte pode ser considerado uma necessidade intermediária e, por- tanto, é um dos componentes necessá- rios para alcançar os direitos de cidada- nia plena. As necessidades intermediárias, se- gundo Doyal e Gough (1991), compõem um conjunto de variedades de satisfato- res (bens, serviç os, atividades, relações) que, em maior ou menor grau, podem ser utilizados para satisfazer as neces- sidades básicas. Apesar de universal, comum a todos, as necessidades bá- sicas nã o sã o padronizadas na sua sa- tisfação. Esses autores identifi cam as características de satisfatores que em qualquer lugar são reconhecidos como 2 material dos homens e à atuação destes como sujeitos, caso as necessidades humanas básicas nã o sejam adequada- mente satisfeitas. FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 6 fatores de melhoria da saúde física e da autonomia dos seres humanos. Portanto, consideramos o esporte uma necessidade humana intermediária que, complementando as necessidades humanas básicas (segurança, alimenta- ção, saúde, capacidade de tomada de decisão, entre outros), fazem parte da formação, do desenvolvimento integral e do conjunto de direitos humanos. Desta forma, as Políticas Públicas resultam do empenho da população para conquistar projetos, programas, ações e serviços com o objetivo de aten- der estas necessidades. Simplifi cando, as Políticas Públicas devem atender es- tas necessidades humanas reconheci- das pelo Estado e devem ser considera- das um direito do cidadão. Nos Estados democráticos, estes direitos são reco- nhecidos sem muitas difi culdades. #FICAADICA Uma boa dica de leitura é a Tese de Doutorado da professora Cás- sia Damiani, do Programade Pó s- -graduaç ã o em Ciência do Movi- mento Humano da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, inti- tulado Contradições e tendências para a instituição de uma Polí tica de Estado de esporte no Brasil (2003 a 2015). O trabalho é recente (2021) e faz uma abordagem Política e refl exiva sobre a trajetória recente das Polí- ticas Públicas esportivas no país. 7 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL CARACTERÍSTICAS DO ESPORTE COMO DIREITO AConstituição Federal (CF) de 1988, denominada “Constituição Cidadã”, restaurou o Estado de di- reito democrático em um clima de rede- mocratização que transcorria em todo o paí s. Reconheceu como dever do Es- tado o fomento das práticas esportivas formais e não formais, bem como esta- beleceu o lazer como um direito social, e assim o acesso a ambos deve ser al- cançado por toda a população brasileira. No Art. 217 da CF consta que “É dever do Estado fomentar práticas des- portivas formais e nã o formais, como direito de cada um...”. Pela primeira vez, a expressão “é dever do Estado” apare- ce no texto constitucional, referindo-se ao esporte. Isso atribuiu ao Estado uma responsabilidade sobre o esporte que até então inexistia. Com esse espírito de democrati- zação abriu-se a possibilidade para a ampliação de acesso às práticas espor- tivas, quando se diferenciou o Esporte Educacional e o Esporte de Participa- ç ã o como práticas esportivas nã o for- mais e o Esporte de Rendimento como prática esportiva formal. Mais recente- mente, em 2015, o Esporte de Formação também foi incluído na “Lei Pelé”. TÁ NA LEI Art. 217 da Constituição Federal de 1998: É dever do Estado fomentar prá- ticas desportivas formais e não formais como direito de cada um, observados: I - A autonomia das entidades des- portivas dirigentes e associações, quanto à sua organização e funcio- namento; II - A destinação de recursos públi- cos para a promoção prioritária do desporto educacional e, em casos específi cos, para a do desporto de alto rendimento; III - O tratamento diferenciado para o desporto profi ssional e o não profi ssional; IV - A proteção e o incentivo às ma- nifestações desportivas de criação nacional. § 1º O Poder Judiciário só admiti- rá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após es- gotarem-se as instâncias da Justi- ça Desportiva, regulada em Lei. § 2º A Justiça Desportiva terá o prazo máximo de sessenta dias, contados da instauração do pro- cesso, para proferir decisão fi nal. § 3º O Poder Público incentivará o la- zer, como forma de promoção social. 3 a expressão “é dever do Estado” apare- ce no texto constitucional, referindo-se ao esporte. Isso atribuiu ao Estado uma responsabilidade sobre o esporte que até então inexistia. zação abriu-se a possibilidade para a ampliação de acesso às práticas espor- tivas, quando se diferenciou o Educacional ç ã o como práticas esportivas nã o for- mais e o como práticas esportivas nã o for- como prática esportiva formal. Mais recente- mente, em 2015, o Esporte de Formação também foi incluído na “Lei Pelé”. TÁ NA LEI Art. 3º da Lei Pelé (nº 9.615/98) O desporto pode ser reconhecido em qualquer das seguintes mani- festações: I - desporto educacional, pratica- do nos sistemas de ensino e em formas assistemáticas de educa- ção, evitando-se a seletividade, a hipercompetitividade de seus praticantes, com a fi nalidade de alcançar o desenvolvimento inte- gral do indivíduo e a sua forma- ção para o exercício da cidadania e a prática do lazer; II - desporto de participação, de modo voluntário, compreenden- do as modalidades desportivas praticadas com a fi nalidade de contribuir para a integração dos praticantes na plenitude da vida social, na promoção da saúde e educação e na preservação do meio ambiente; I II - desporto de rendimento, pra- ticado segundo normas gerais desta Lei e regras de prática des- portiva, nacionais e internacio- nais, com a fi nalidade de obter resultados e integrar pessoas e comunidades do país e estas com as de outras nações; IV - desporto de formação, carac- terizado pelo fomento e aquisição inicial dos conhecimentos des- portivos que garantam competên- cia técnica na intervenção despor- tiva, com o objetivo de promover o aperfeiçoamento qualitativo e quantitativo da prática desportiva em termos recreativos, competiti- vos ou de alta competição. FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 8 9 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL Tais manifestações sã o signifi ca- tivas para o entendimento do conceito de esporte e a concepção de “direito” que constam na legislação, ao mesmo tempo em que se criou a possibilidade de ampliação do acesso ao esporte à população. Em seu texto, a CF traz o esporte como direito de cada um, em vez de um direito de todos e todas. Essa compreensão abre espaço para uma discussão sobre o Estado poder facultar o acesso universal ao esporte, ao aten- der os interesses individuais, conforme o desejo de cada um de praticá-lo. Na Constituinte, o debate esteve sob a infl uê ncia de alguns setores do esporte que tinham como questão cen- tral, naquele momento, a autonomia das entidades representativas do Esporte de Rendimento, quanto à sua organizaç ã o e funcionamento internos. Vale destacar que consta também na CF orientações sobre a Justiça Des- portiva, instância existente somente no Brasil e que está vinculada ao Es- porte de Rendimento, uma vez que sua atuação é exclusiva a essa manifesta- ção esportiva. Percebemos também o enfraqueci- mento da obrigatoriedade do Estado em garantir o acesso ao lazer como um di- reito social de cidadania. Ao afi rmar que o Estado incentivará o lazer, a CF nã o aponta para qualquer mecanismo que o assegure. A legislação infraconstitucional do Esporte da década de 1990, composta pela “Lei Zico” (no 8.672/1993) e pela subsequente “Lei Pelé ” (no 9.615/98), infl uenciadas pelo contexto político e econômico vigentes nas décadas de 1990 e 2000, tinha como preocupação a modernização do futebol profi ssional e a regulamentação dos dispositivos constitucionais. Na Lei Pelé , essas tendências fi ca- ram mais evidentes, entre as leis regu- lamentadas após a CF. Se considerar- mos as manifestações esportivas que vigoram na Lei Pelé , temos as mani- festações do Esporte Educacional, do Esporte de Participaç ã o, do Esporte de Rendimento e do Esporte de Formação que derivaram da Lei Zico, acrescidas da manifestação do Esporte Espetá - culo. Considerando que a “espetacula- rização” é característica do Esporte de Rendimento, esse acréscimo poderia ser entendido como redundante e como reafi rmação da tendência à priorização do Esporte de Rendimento na Lei. Pos- teriormente, entretanto, houve exclusão da manifestação do Esporte Espetá culo. Quanto ao conceito de esporte na legislação, percebemos que o Esporte de Rendimento é o mais regulamen- tado e com maior predominância de dispositivos. Pimentel (2007) diz que há uma contradição entre o que consta na Lei vigente e o que ocorre na prática, pois caberia ao Estado priorizar as ma- nifestações do Esporte Educacional e do Esporte de Participaç ã o, “tendo em vista os valores trazidos pela própria le- gislação: cidadania, democratização e a função social do Estado, bem como o fato de o Esporte de Rendimento nã o ser o mais adequado para atender os refe- ridos valores” (PIMENTEL, 2007, p.165). É importante entender que as Políticas Públicas são, na maioria das vezes, uma luta e conquista popular, mas também pode ser uma concessão a partir do olhar dos governantes. É in- teressante destacar que em regimes políticos mais autoritários, com me- nor participação popular na tomada de decisões, os recursos fi nanceiros e o acesso às muitas PolíticasPúblicas são mais difíceis. Dito isto, é importante discutir o que é de fato o esporte. Qual a sua real importância para a sociedade? Para re- ver o conceito de esporte, partimos do FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 10 reconhecimento de que foi um avanço constar na CF um conceito que abrange diferentes manifestações, além do Es- porte de Alto Rendimento, e que prioriza o Esporte Educacional como dimensã o formativa, apesar de admitir que tal pre- ceito nã o tenha se materializado de for- ma satisfatória desde a sua sanç ã o. Podemos inferir que os conceitos das manifestaç õ es esportivas, da forma em que foram elaborados e que se apre- sentaram como um avanço à época, nã o expressam, no atual momento, con- tornos teó ricos claros, inconfundí veis, entre si. Tais conceitos mais se parecem com enunciados que tentam identifi car prá ticas com caracterí sticas diferentes. Além disso, com as várias modifi caç õ es sofridas pela Lei Pelé , identifi camos um amparo maior ao Esporte de Rendimen- to. Alé m disso, a Lei fragmenta as for- mas particulares de esporte, o que nã o refl ete a forma em que o esporte ocorre, na realidade. Nas resoluç õ es da II Conferência Nacional do Esporte (CNE), realizado em 2006, com mais de mil delegados representando diversos municípios de todas as unidades federativas do Brasil, declarou-se que, para a consolidação de um Sistema Nacional do Esporte (SNE), era preciso entender que as ma- nifestaç õ es, ou dimensões esportivas, “nã o sã o excludentes entre si, mas ar- ticuladas, de forma equânime, em uma estrutura aberta, democrá tica e des- centralizada, que envolve municí pios, estados e Uniã o, nos â mbitos pú blicos e privados, primando pela participaç ã o de toda a sociedade” (BRASIL, 2009). Essas dimensões deveriam e deverão estar coerentes com a Política Nacional do Esporte (PNE) (BRASIL, 2005), apro- vada no Conselho Nacional do Despor- to (CND), em 2005, como resultado da I CNE, realizada em 2004. Deve-se, portanto, afi rmar, pela atu- alidade do debate, os preceitos aprova- dos na PNE, que trazem o entendimento do “Esporte como uma Polí tica de Es- tado, com vistas ao desenvolvimento da naç ã o, ao fortalecimento da identidade cultural, da cidadania, da autodetermina- ç ã o de seu povo e que visa à defesa da soberania do paí s” (BRASIL, 2005). O que se pode extrair desse docu- mento é que, no conceito de esporte abordado, o esporte e o lazer sã o tidos como dimensõ es insepará veis. Na PNE (BRASIL, 2005) e na segunda CNE (BRA- SIL, 2009), por exemplo, há documentos que nos remetem a pensar o conceito de esporte de forma unitá ria, sem fragmen- taç õ es entre o que é entendido como Esporte Educacional, Esporte de Partici- paç ã o, Esporte de Rendimento e Esporte de Formação. Parece-nos falso a contraposição do “Esporte” Educacional e Participaç ã o “ao Esporte” de Alto Rendimento como polos opostos e excludentes. Para satis- fazer as necessidades sociais, o Estado deve oferecer acesso ao esporte como direito de todos, que o acessarão de acordo com as suas possibilidades, de- sejos e condições particulares. Portanto, a grande questã o que se impõ e é que, na sociedade atual, o es- porte tornou-se uma mercadoria, e nã o um componente inalienável da constitui- ção humana. É nisto que reside a con- tradição: o uso que se faz do esporte torna-o dividido e, assim, na atualidade, determina, condiciona e explora sua face competitiva, impondo ní veis cada vez mais altos de desempenho, por meio de métodos também cada vez mais so- fi sticados para dele se extrair lucro má- ximo. Sob esse argumento, já vemos ser hipervalorizada e padronizada outra for- ma particular do esporte, seja lúdica ou expressiva, como algumas atividades de lazer e de Esporte Educacional que tam- bém alçou a condiç ã o de mercadoria. Enfi m, outras manifestações, além do rendimento, podem ser e são exploradas como mercadoria, tendo descaracteriza- das as suas essências. 11 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL Outro esforç o no sentido de discu- tir e reformular o conceito de esporte ocorreu na elaboração da proposta do SNE, realizado em 2015, por Grupo de Trabalho, amplo e diversifi cado, sob a coordenação do Ministério do Esporte (ME). Foi um momento de construç ã o coletiva e de consolidação da partici- paç ã o social, aos ní veis mais elevados, que tratou da defi nição conceitual do esporte. Isso porque assegurou a pre- sença das principais representações do universo esportivo, bem como garantiu o conteúdo aprovado nas ediç õ es da CNE. Esse esforç o originou um consen- so possível sobre o conceito de esporte construído com o conjunto de forças Políticas diversas dos segmentos es- portivos (BRASIL, 2015). Desta forma, no Brasil, é fundamen- tal a presença do Estado para assegurar o acesso aos direitos de cidadania, pro- movendo Polí ticas Pú blicas de Esporte e Lazer, considerando os índices alar- Fig. 1 - Mapa Mental de Alguns Benefícios da Prática Esportiva para a Sociedade mantes de desigualdade social. Para ampliar e atualizar o conceito do espor- te, coerentes com perspectiva presente na PNE e nos documentos referentes ao SNE (BRASIL, 2009), podemos admitir, com Athayde et al. (2016), que o esporte é uma das necessidades humanas que devem incidir no rol de direitos sociais atendidos pelo Estado, por meio de Po- lí ticas Pú blicas, na perspectiva da cida- dania ampliada. Talvez uma pergunta central seja por que o esporte é considerado um pilar básico de uma sociedade e deve ser fomentado pelo Estado como Políti- ca Pública? Acima, é possível observar alguns dos benefícios, comprovados cientificamente, que demonstra o que a prática esportiva pode proporcionar para a população (Figura 1). Uma sociedade que consiga entender de fato a impor- tância destes benefícios inclina-se a ser uma sociedade mais justa, livre, fraterna, igualitária, solidária. Responsabilidade Coletiva Liderança Resolução de Confl ito Empatia Inspiração Disciplina Foco Personalidade Dinâmica Objetivos Maiores Certifi cados Medalhas e Troféus CorpoMente Imunidade Espiríto de Equipe Desenvolvimento Social de Equipe Comportamento de Grupo Vontade de Vencer Saúde Física Atitude Benefícios dos Esporte para a Sociedade Instinto de Sobrevivência Esportividade FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 12 Écrucial entender que o Estado é maior do que o governo. O Estado é a estrutura que deve ser adminis- trada pelas diretrizes do governo, que por sua vez é formado por eleitos pelo voto popular. Partindo-se do conceito ampliado de Estado, passamos a tratar da noç ã o básica sobre o governo como um todo de pessoas que têm autoridade tem- porária para conduzir, gerir Políticas e administrar o Estado. Do ponto de vista operacional, o Estado é a organizaç ã o polí tica e jurídica que, por meio de um esquema institucional, existe em uma sociedade, sendo que sua existência transcende vá rios períodos de governo. A Polí tica de governo conforma-se como uma orientação polí tica de um determinado governo, que assume e desempenha as funç õ es do Estado no tempo circunscrito do mandato que exerce. Tais polí ticas conjugam um con- junto de programas e projetos que sã o propostos pela sociedade ao longo dos tempos (HÖ FLING, 2001). As Polí ticas de Estado sã o aquelas que conseguem ultrapassar os períodos de um governo. O ESPORTE ENTRE AS POLÍTICAS DE ESTADO E AS POLÍTICAS DE GOVERNO 4 No entanto, o que há de novo sobre a di- ferenç a dos tipos de polí ticas é a manei- ra como elas sã o institucionalizadas. Uma Política de Estado tem que estar assentada e reconhecida como di- reito, constar na CF. Isto é fundamental,pois se esta não for reconhecida como direito, pode ser retirada a qualquer mo- mento, e o que está descrito na CF pode ser reivindicado pela sociedade a qual- quer momento. O que não está na Constituição, mesmo que se reivindique, não existe uma base legal que a sustente. Então, por exemplo, no caso do Brasil, num possível governo autoritário, mínimo, por exemplo, por mais que os dirigentes queiram retirar a saúde ou o esporte da população, não seria possível, pois saú- de e esporte são reconhecidos como necessidades e direitos estabelecidos na Constituição. Portanto, as Polí ticas de Estado nã o sã o descontinuadas, quando há alter- nância de governos ou de governantes, devendo ser compulsoriamente cum- pridas por eles, porque exigiram o en- volvimento de vá rios setores e ní veis de poder para a sua consecução e a apro- vação por meio de instrumentos legais. Existem alguns mecanismos de permanência, categorias, para estabe- lecer as Políticas de Estado, presentes no estudo de Damiani (2021). As condi- ç õ es necessá rias para a Polí tica de Es- tado de Esporte sã o as categorias cap- tadas e adensadas a partir das alusões e referê ncias presentes na literatura sobre os atributos que constitui uma Polí tica de Estado. São 7 (sete) as categorias que apon- tam as condições necessárias para uma Polí tica de Estado de Esporte, a saber: (1) ser relevante* (2) permanente* (3) contínua* (4) sustentável** (5) abrangente** (6) democrática** e (7) estruturada*** (*) MELO, 2007; OLIVEIRA, 2011; MEZZADRI, 2011; ALMEIDA, 2018; CASTELLANI FILHO, 2019. (**) BOSCHETTI; BEHRINGER, 2011; CARNEIRO; MASCARENHAS, 2018. (***) SANTOS, 2013; MENDES; CODATO, 2015; ALMEIDA, 2018. 13 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL A Política Relevante deve ser en- tendida como uma necessidade tão evi- dente para a vida da população que esta deve estar garantida na CF como uma Política de Estado. Ou seja, quando há o reconhecimento do direito ao esporte como uma necessidade humana a ser satisfeita pelo Estado que, por meio de um consenso ativo, conste como um valor proeminente da sociedade. Ade- mais, ela contribui como propulsora do desenvolvimento cultural, social e eco- nômico do paí s. A Política Permanente signifi ca que um conjunto de leis infraconstitucionais (por exemplo: Lei Pelé, Lei do Bolsa Atleta, Lei de Incentivo ao Esporte, Estatuto do Torcedor) devem assegurar que o direito seja consolidado como Política Pública perene, com garantias irrefutáveis do direito ao esporte, sendo resistentes às alternâncias de poder dos governos, por terem conquistado institucionalidade na sociedade. Por isso, permanece por mui- tos anos, independente do governo que está no poder, nã o podendo ser extinta ou ter a sua essê ncia alterada, mesmo com mudanças advindas das disputas presentes no percurso. Podemos ter, como exemplo, o Programa Bolsa Atle- ta que, pela importância, tornou-se Lei, e oferece um valor em dinheiro diretamen- te ao atleta que alcança os critérios pre- vistos, garantindo condições para a sua manutenção e treinamento, de acordo com categorias, desde o atleta escolar até o atleta de alto rendimento. Tais pro- gramas são tão importantes na disputa de recursos que são replicados em leis de vários estados e municípios. VOCÊ SABIA? Em 2003, foi criado o Ministério do Esporte (ME). Com uma pasta específi ca no go- verno federal, a gestão do esporte ganhou mais autonomia e diver- sos programas. Três anos após a criação do ME, a Lei de Incen- tivo ao Esporte (nº 11.438/2006) foi aprovada. Essa Lei seguiu os mecanismos de incentivo da Lei Federal de Incentivo à Cultura (Rouanet) e da Lei do Audiovisu- al, que já haviam sido testados. Hoje, pessoas físicas que decla- ram o Imposto de Renda podem incentivar o esporte com até 7% do seu imposto e empresas com até 2% do imposto devido. A Polí tica Contínua é aquela com capacidade de seguir de forma conse- cutiva e que, independentemente da vontade do governante, nã o seja inter- rompida devido à sua relevância social e aos mecanismos e dispositivos legais que asseguram a sua continuidade. Isto é, ocorre quando as propriedades inerentes aos planos, programas, pro- jetos e aç õ es sã o ininterruptas e cons- tantes, asseguradas por meio de meca- nismos democráticos com pactos entre os outros setores de polí ticas sociais e outros entes federados com garantias legais. Sã o polí ticas com alta capacida- de de transversalidade e intersetoriali- dade e de estabelecer relações com di- versos ní veis federativos. São exemplos dessa Política, programas federais de inclusão social, denominados Progra- ma Segundo Tempo (PST), voltado à formação esportiva para crianças e jo- vens, e o Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC), orientado em atividades lúdicas e formação de lideranças es- portivas, nos estados e municípios, por meio de parcerias. Para se assegurar uma Polí tica Sustentável, fi nanceiramente é preciso instituir mecanismos que perenizem o fl uxo dos recursos pú blicos, e isso não está seguro pelo orçamento discricioná- rio, devendo ocorrer por meio de um fun- do nacional público e fundos estaduais/ municipais e de indexação de percentu- al orçamentário ao Orçamento Geral da Uniã o destinado ao esporte. É também importante outras medidas que imple- mentem formas de ampliação e diversi- fi cação, como as leis de incentivo ao es- porte, o patrocínio de empresas estatais e privadas, recursos advindos de loterias esportivas, entre outras que possibilitem crescimento ou manutenção do volume, sufi cientes e compatíveis para a cober- tura dos benefícios devidos às Polí ticas. Entretanto, a Política Sustentável deve ter também o reconhecimento da iniciativa privada. Em vários países do mundo, além do Estado, a iniciativa pri- vada disponibiliza muito recurso para o esporte, tendo um impacto signifi cativo no Produto Interno Bruto (PIB). Assim, uma Política só pode ser consolidada de forma mais direta, se tiver um fundo independente, com regras, voltada para a maioria da população, sendo que este fundo deve garantir as atividades que não sejam atrativas para a iniciativa privada. Para se considerar uma Política de Estado, também é preciso ser uma Po- lítica Abrangente. O principal dado que compõe esse indicador é o nú mero de pessoas benefi ciadas. Assim, esse in- dicador deve sempre ser relacionado ao universo a que a polí tica e/ou programa deveria se destinar. Então, quando há um programa com todas as caracterís- ticas de uma Política universal, mas esta não consegue atingir um percentual mí- nimo do universo existente, isto é um de- nominador para indicar que não houve consolidação desta Política. FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 14 A Política Democrática é reconheci- da quando por um lado está organizada de forma multidimensional, que abrange diversos segmentos e a diversidade hu- mana com relações intercomunicantes e, por outro, deve incorporar mecanis- mos de interlocução e participação da sociedade para o estabelecimento de ações, assegurando o controle social. Os princípios da gestão democrá- tica podem ser observados sob dois aspectos: 1º aspecto: refere-se à democrati- zação da gestão, ou seja, a participação popular nas decisões do rumo da Polí- tica. O que não indica, necessariamen- te, que haverá intervenção na gestão do órgão administrador. O que importa é que a opinião da população vai pesar na decisão sobre o rumo da Política e na sua avaliação, com a realização de conferências nacionais, estaduais e mu- nicipais, e, quando existentes, conselhos paritários e deliberativos, fóruns de de- bates, entre outros. 2º aspecto: diz respeito à demo- cratização do acesso baseado na di- versidade humana. Ou seja, que envolva idosos, crianças, adolescentes,adultos, pessoas com deficiência, mulheres, ne- gros, LGBTQIA+ e outros segmentos da sociedade que devem ter acesso às Po- líticas Públicas. Um outro aspecto que caracteriza uma Política de Estado é que esta deve ser uma Política Estruturada, assentada no comando único de um órgão público próprio, com estrutura administrativa e quadro de servidores suficiente para formular, implementar e acompanhar a Política Pública, além de deter o plane- jamento que garanta a sua continuidade ao longo do tempo. É muito importante ter uma estrutura forte. Por exemplo, recentemente, o Ministério do Esporte (ME), criado em 2003, foi extinto e redu- zido à condição de Secretaria Especial do Esporte, dentro do Ministério da Ci- dadania, e com isto houve redução drás- tica do orçamento e, consequentemen- te, a pulverização de vários programas que eram oferecidos. Atualmente, o ME foi recomposto e, com isto, temos uma retomada da trajetória para consolida- ção das Políticas Públicas do Esporte. SAIBA MAIS A ciência já confirmou que o es- porte é um fenômeno humano que proporciona diversos benefí- cios para uma sociedade. Sua prática regular traz inúmeras vantagens para a vida e para a saúde (combate à violência; pro- moção de saúde, prevenção e re- abilitação de doenças, inclusive mentais; ganhos na capacidade de raciocínio e na função cogni- tiva), em todas as suas dimen- sões, naqueles em quem o prati- ca, formando cidadãos críticos e colaboradores. Por isto, através do esporte, ocorre melhoria na qualidade de vida da população, sendo esse o motivo da sua im- portância como Política Pública. Em síntese, uma Política Pública para se tornar relevante, permanente, contínua, sustentável, abrangente, de- mocrática e estruturada, tem que estar na Constituição, tem que ter força de Lei e ter movimentos sociais de luta para a consolidação do direito ao esporte, com entregas valorosas e ininterruptas de Po- líticas à sociedade brasileira (Figura 2). BOAS PRÁTICAS O Centro de Liderança Pública (CLP), uma organização suprapar- tidária, entende que Boas Práticas, dentro do conceito de Políticas Públicas, são atividades gover- namentais que devem necessa- riamente gerar resultados e alto impacto. Assim, elas devem ser replicáveis, consistentes, adaptá- veis e com a facilidade de utilizar novos recursos e metodologias (https://www.clp.org.br). Fig. 2 - Categorias Necessárias para Política de Estado de EsporteEstruturada Abrangente Sustentável Contínua Permanente Relevante Democrática 15 P O LÍ TI C A S P Ú B LI C A S P A R A O E S P O R TE N O B R A S IL CONSIDERAÇÕES FINAIS Como refl exões sobre o texto, evi-dencia-se que as Políticas de Es-tado são necessárias para atender aos interesses da maioria da população. Percebe-se que é relevante a articulação entre setores públicos e privados, pois as entregas não devem ser somente de responsabilidade do Poder Público para o fortalecimento das Políticas Públicas de uma área, como o esporte. Outro aspecto que deve ser observado é a importância REFERÊNCIAS ALMEIDA P. R. Polí ticas de Estado e polí ticas de governo. 2018. Disponí vel em: http://diplomati- zzando.blogspot.com/2018/02/politicas-de-esta- do-e-politicas-de.html. Acesso em: 21 jan. 2023. ATHAYDE, P. F. A. et al. O esporte como direito de cidadania. Pensar a prática, v. 19, n. 2, p. 489- 500, 2016. 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Por fi m, é interessante destacar a per- tinência de Políticas democráticas para uma sociedade mais justa e igualitária. 5 FU N D A Ç Ã O D E M Ó C R IT O R O C H A | U N IV E R S ID A D E A B E R TA D O N O R D ES TE 16 porte no Brasil – 2003 A 2015. Tese (Doutorado em Ciência do Movimento Humano - Universida- de Federal do Rio Grande do Sul, Porto Alegre, 2021. Disponível em:https://lume.ufrgs.br/bits- tream/handle/10183/242258/001139673.pdf?se- quence=1&isAllowed=y. Acesso em: 22 jan. 2023. DOYAL, L.; GOUGH, I. A theory of human need. London: MacMillan, 1991. HÖ FLING, E. M. Estado e polí ticas (pú blicas) so- ciais. Caderno CEDES, v. 55, n. 21 nov. 2001. MACÊDO, S. Políticas Públicas: o que são e para que existem. Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe, 2018. Disponível em: https://al.se.leg. br/politicas-publicas-o-que-sao-e-para-que- -existem/. Acesso em: 18 jan. 2023. MELO, M. P. 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AUTORES ILUSTRADOR Adriano César Carneiro Loureiro Pós-doutor em Fisiologia pela UFRJ, Doutor em Ciências (Fisiologia) pela UFRJ, Mestre em Ciências Fisiológicas pela UECE, Graduado em Educação Física pela UNIFOR, Professor Adjunto da UECE, Membro da Comissão de Edu- cação Física e Saúde do CREF5 e ex-Conselheiro do CREF5, Membro do Time do Brasil em 3 Olimpíadas (Atenas, Pequim e Tóquio). Atualmente é Superin- tendente do Centro de Formação Olímpica (CFO). Carlus Campos Artista visual que há mais de 30 anos é ilustrador do Jornal O POVO. Na pro- dução de suas ilustrações, utiliza várias linguagens como: desenho, pintura, aquarela, gravura e fotografi a. Ao longo dos anos 90, além de ganhar diversos prêmios com arte gráfi ca, fez incursões pelas artes plásticas participando de diversos Salões de Arte. Desde 2014,a xilogravura ocupa considerável espaço em sua produção chegando a participar do coletivo IN-GRAFIKA .Em 2019 fun- da, com mais 7 artistas cearenses, o Ateliê Coletivo Kraft. Apoio: Patrocínio: Realização: CONSELHO REGIONAL DE EDUCAÇÃO FÍSICA DA 5ª REGIÃO
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