Buscar

PROVA PROCESSO PENAL I

Prévia do material em texto

Qual é a difícil missão do processo penal? 
O papel do processo penal, assim, é desempenhar um papel de limitador do poder e garantidor do indivíduo a ele submetido, não sendo mais visto como um simples instrumento a serviço do poder punitivo. Esse respeito às garantias fundamentais não se confunde com impunidade, mas faz do processo penal um caminho necessário para chegar-se, legitimamente, à pena. Logo, existe uma necessária simultaneidade e coexistência entre repressão ao delito e respeito às garantias constitucionais – é a difícil missão do processo penal.
O que se entende por Princípio da Necessidade do Processo Penal em relação á pena?
Quando da violação de um bem juridicamente protegido, não sabe outra atividade que não a invocação da devida tutela jurisdicional. Impõe-se, desse modo, a necessária utilização da estrutura preestabelecida pelo Estado – ou seja, o processo penal – em que, mediante a atuação de um terceiro imparcial, cuja designação não corresponde à vontade das partes e resulta da imposição da estrutura institucional, será apurada a existência do delito e sancionado o autor.
 O processo, como instituição estatal, é a única estrutura que se reconhece como legítima para a imposição da pena. O processo penal, assim, é o caminho necessário para a pena – ou seja, é o chamado Princípio da Necessidade do Processo Penal.
O que é uma sentença legítima?
O direito penal é despido de coerção direta, e não atua na realidade concreta fora do processo correspondente – para se aplicar uma pena, não só é necessário que exista um injusto culpável, mas também que exista previamente o processo penal. 
A pena é efeito não só do delito, mas também do processo; este, por sua vez, não é efeito do delito, mas da necessidade de impor a pena ao delito por meio do processo. A sentença legitima-se pelo procedimento havido. Um procedimento que observe as regras e princípios postos conduzirá a legítimo provimento final.
Qual é o fundamento da existência do processo penal?
A instrumentalidade do processo penal é o fundamento de sua existência, mas com uma especial característica: é um instrumento de proteção dos direitos e garantias individuais. Ele não pode ser transformado em um instrumento de “segurança pública”.
O5) Qual a relação entre garantismo e eficientismo? 
Não se podem ver os fenômenos de maneira isolada e extremada; assim o conflito é inevitável. Quem se acha martelo e vê todo acusado como prego, é inevitável condenações a todo custo. A ideologia binário-excludente de imposição de um modelo sobre o outro é prejudicial ao Estado Democrático de Direito. 
Devemos olhar o processo penal em sua completude. Para Madeira, então, a melhor forma de entender o processo penal está na leitura da máxima eficiência com o máximo garantismo. Outro aspecto importante é entender a instrumentalidade do processo penal, ou seja, a sua utilização para ser imposta a sanção penal ou a absolvição do acusado. Como ele tutela importantes valores, como a liberdade e a proteção do indivíduo contra indevidas invasões em sua privacidade, a forma pela qual é imposta a sanção ou a absolvição também são adquirem especial relevo.
 A sentença legitima-se pelo procedimento havido. Um procedimento que observe as regras e princípios postos conduzirá a legítimo provimento final. Logo, para Guilherme Madeira “o processo penal é instrumento pelo qual se busca a reconstrução dos fatos afirmados em um processo, para fins de atuação do direito material por meio da preservação dos direitos constitucionais, servindo também de contenção para a atuação do Estado”.
O6) Na história do processo penal, quais foram os três sistemas que existiram?
Na história do processo penal, três foram os sistemas desenvolvidos pelo Estado para orientar o ius puniendi: sistema acusatório (adotado no BR), sistema inquisitivo e sistema misto.
07) O que diz o sistema inquisitivo? 
1. Regido pelo princípio inquisitivo. 
2. Ápice: processo canônico da Idade Média (inquisição), em vista da recepção do direito romano tardio com a vontade da Igreja de consolidar a sua supremacia. 
3. Os fiéis mais íntegros eram recrutados para comunicar as desordens dos demais.
4. Podia o julgador iniciar o processo contra o acusado sem que houvesse acusador. 
5. Não há separação dos sujeitos do processo, das funções de defender, acusar e julgar, todas feitas pelo inquisidor. 
6. Juiz protagonista na gestão da prova. 
7. Acusado tratado como objeto da persecução, e não sujeito de direitos. 
8. Investigação secreta e escrita, processo sigiloso. 
9. Prisão como regra geral no transcurso do processo. 
10. Sistema que gozou de grande influência na Europa continental e ela se fez sentir nos países colonizados por Portugal e Espanha. Esse modelo de processo encontra-se incrustado em boa parte do Código de Processo Penal que precisa ser lido à luz do modelo traçado pela Constituição Federal. 
11. Predominou até finais do século XVIII, início do XIX, momento em que os ecos da Revolução Francesa também repercutiram no Processo Penal. 
12. Não foi aceito de forma acrítica na Europa Medieval. Em 1631, a obra Cautio Criminalis (precaução para os promotores) representou uma forma de resistência e abuso aos inquisidores, sustentando que a praga de bruxas que infestava a Alemanha era o produto dos próprios processos e julgamentos e era preciso que houvesse autoridade para regular esses processos ou mesmo para acabar com eles. 
13. É só trocar o termo “bruxaria” da obra por qualquer outro crime que causa comoção ou repúdio nos dias de hoje e veremos que a advertência é mais atual do que nunca.
14. Aury Lopes Jr. entende que o sistema do Brasil segue este modelo (neo inquisitivo), em vista da gestão da prova estar na mão do juiz.
08) O que diz o sistema acusatório?
1. Surgiu na Grécia e em Roma.
2. Processo grego = processo ateniense. Divisão dos crimes em duas espécies, públicos e privados. Nos privados, que atingiam interesses individuais, a acusação era promovida pelo ofendido, seus pais ou seu tutor. Nos públicos, uma vez que a ofensa é dirigida aos interesses da sociedade em geral, qualquer cidadão poderia promover a ação. Oferecida a denúncia, era submetida a juízo; se aceita, eram designados os acusadores e o caso seria remetido ao juízo competente, com cientificação do acusado para que comparecesse no dia do julgamento. Cada uma das partes era responsável por colher às provas relacionadas com a sua pretensão. O escrivão faz a leitura da acusação; a acusação faz sua exposição do caso e inquirição de testemunhas; a defesa, realizada por acusados ou terceiros, é ouvida na sequência. Os juízes colocavam seus votos em uma urna e, se acusado, havia votação sobre o montante da pena. Se absolvido, os juízes decidiam sobre a conduta do julgador, que poderia sofrer consequências. 
3. Iniciativa probatória das partes. Sistema acusatório, pois os juízes, terceiros imparciais, tinham tão somente a função de árbitros e eram inertes no sentido de apenas analisar as provas que até eles eram levadas. 
4. Jurisdição penal exercida somente por tribunais populares. 
5. Acusado é considerado como sujeito de direitos, estando em posição de igualdade frente ao acusador. 
6. Na valoração da prova, livre convencimento, mas motivado. 
7. Persecução penal exercida por pessoa física. 
8. Processo oral, público e contraditório.
9. Separação de funções. 
10. Possibilidade de impugnar as decisões e duplo grau de jurisdição.
09) O que diz o sistema misto?
1. Nasce com o Código Napoleônico de 1808, dividindo o processo em duas fases: préprocessual (inquisitória) e processual (acusatória). 
2. Misto entre acusatório e inquisitivo. 
3. Jurisdição penal exercida por tribunais, reconhecendo-se, em alguns casos, legítima a participação popular. 
4. Persecução penal, na maioria das vezes, exercida por órgão público. 
5. Imputado é sujeito de direitos, inocente até que se prove o contrário. 
6. As decisões são recorríveis. 
7. Tribunal pode ser composto por juízesleigos e profissionais ou apenas por juízes profissionais, adotando-se o livre convencimento. 
8. Há autores que apontam que o sistema brasileiro é misto, analisando as disposições constitucionais em conjunto com o CPP, como Gustavo Badaró e Guilherme Nucci (para ele, fosse genuinamente acusatório, as provas do inquérito não poderiam ser levadas em consideração no judiciário, conforme art. 155, CPP1 ; na realidade, o juiz leva muito em consideração o que é produzido durante a investigação, os depoimentos colhidos e, sobretudo, a confissão extraída do indiciado [dica de série: Olhos que condenam]). 
8 - a. Pacelli: “No que se refere à fase investigativa, convém lembrar que a definição de um sistema processual há de limitar-se ao exame do processo, isto é, da atuação do juiz no curso do processo. E porque, decididamente, inquérito policial não é processo, misto não será o sistema processual, ao menos sob tal fundamentação. [...] Convém insistir que o inquérito policial, bem como quaisquer peças de informação acerca da existência de delitos, destina-se exclusivamente ao órgão da acusação, não se podendo aceitar condenações fundadas em provas produzidas unicamente na fase de investigação. A violação ao contraditório e à ampla defesa seria manifesta. As exceções ocorrem em relação às chamadas provas irrepetíveis, necessariamente realizadas na fase de investigação e de (materialmente) impossível reprodução e repetição no processo. De todo modo, e, sobretudo, a partir da possibilidade de participação do acusado e de seu defensor no ato do interrogatório, não vemos como não se reconhecer, ou não vemos por que abdicar de um conceito acusatório de processo penal na atual ordem constitucional”. 
9. Para Aury Lopes Jr., não basta termos a separação inicial, com o MP formulando a acusação e depois, ao longo do procedimento, permitir que o juiz assuma um papel ativo na busca da prova ou mesmo na prática de atos tipicamente da parte acusadora. 
Atenção! É preciso que se tome cuidado com visões extremadas da concepção do que seja acusatório e do que seja inquisitivo. Fora dos traços seguros de diferenciação (separação das funções), as linhas ficam mais tênues. Deve ser tomada cautela para não vulgarizar o termo inquisitivo. Não é porque se discorda de algo que, necessariamente, esse algo é alinhado com práticas inquisitivas. Por óbvio, deve-se rechaçar a cultura inquisitiva, pois os males causados por um processo desse tipo são inegáveis e jamais devem ser esquecidos. No entanto, não se pode gritar para cada discordância que “isso é inquisitivo”, pois a banalização do termo enfraquece toda a sua carga.
10) Levando em consideração a estrutura hierárquica, qual é a ordem correta para se ler os documentos legais que possuem normas processuais penais? 
Toda e qualquer leitura do sistema processual deve levar em conta, a CF. Devemos, ainda, encontrar espaço para a compatibilização entre tratados e convenções, a CF e o CPP. 
Como vimos às normas processuais penais não estão presentes tão somente no CPP. E muitas vezes isso faz com que haja conflitos entre elas. Como compatibilizá-los? 
 Estrutura Hierárquica: CF -> Tratados -> Leis -> CPP.
No entanto, quando a norma infraconstitucional for mais protetiva/benéfica ao acusado que a própria CF, ela é que prevalece – mesmo esta sendo abaixo da CF.
11) Quais são e o que ensinam os princípios do processo penal?
 A- Princípio da Ampla Defesa: a ampla defesa, portanto, consiste na defesa feita tanto pelo acusado quanto por pessoa legalmente habilitada para tanto, manifestando-se em autodefesa (defesa pessoal) e defesa técnica.
 Autodefesa: Manifesta-se por três aspectos: 
- Direito de audiência – direito do acusado de apresentar pessoalmente ao juiz da causa a sua defesa, por meio do interrogatório, para contar sua versão sobre os fatos. 
- Direito de presença – acusado tem o direito de acompanhar todos os atos processuais, com o seu defensor (STF e STJ entende como nulidade relativa, não de caráter absoluto). 
- Direito de postular pessoalmente – o acusado pode praticar alguns atos sem a necessidade de defensor técnico, como a impetração do Habeas Corpus, a formulação de pedidos relativos à execução da pena, etc. 
Ela não é irrestrita; o acusado não pode praticar qualquer conduta e justificar fundamentando nessa manifestação. 
Súmula 522, STJ: A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial é típica, ainda que em situação de alegada autodefesa. 
É renunciável, pois o acusado pode dela abrir mão, confessando o delito ou requerendo, nos termos do art. 457, §2º, CPP, que não seja levado ao julgamento perante o Tribunal do Júri. A jurisprudência entende que não há nulidade nesse caso. A defesa técnica é irrenunciável (art. 261, CPP – nenhum acusado, ainda que foragido ou ausente, será julgado sem a presença de um defensor). 
E o acusado estrangeiro? Conforme o Pacto de San José da Costa Rica, tem direito à tradução dos termos e atos do processo, sob pena de transformar-se a autodefesa em verdadeiro arremedo, farsa, violando a autodefesa.
Defesa Técnica:
Exercida por um profissional apto e inscrito na OAB. 
Deve ser ampla, conforme a CF, não se aceitando qualquer defesa que preencha formalmente alguns parâmetros. 
Para isso, devem ser observados quatro aspectos: 
- a. Direito de propor meios de prova, para demostrar suas alegações; 
- b. Direito de obter pronunciamento judicial motivado sobre a não admissão dos meios de prova rejeitados pelo julgador; 
- c. Direito à pratica da prova admitida 
- d. Direito à manifestação pelo órgão julgador sobre a prova produzida.
Podem dois ou mais réus serem defendidos pelo mesmo advogado (colidência de defesas)? STJ: somente há nulidade se um atribui culpa ao outro.
 Vários benefícios são dados à ampla defesa, para que seja efetiva, de modo que haja paridade de armas, já que o Estado, em regra, está melhor municiado para tanto. Dentre eles, há que se destacar a imunidade do defensor, disposta também no art. 7º, §2º, OAB (tem o advogado imunidade profissional, não constituindo injúria ou difamação puníveis qualquer manifestação de sua parte, no exercício de sua atividade, em juízo ou fora dele, sem prejuízo de sanções disciplinares perante a OAB, pelos excessos que cometer; não abrange a calúnia). STJ e STF entendem que não há imunidade absoluta; no entanto, há necessidade de cuidado especial por parte do Estado na análise da conduta do advogado, sob pena de ser ferida de morte a defesa técnica.
A defesa técnica não pode ser usada como escudo para a prática de atos antiéticos e que violem o senso de justiça. Três súmulas importantes no STF sobre o tema que precisam ser conhecidas: 
Súmula 523: No processo penal, a falta da defesa constitui nulidade absoluta, mas a sua deficiência só o anulará se houver prova de prejuízo para o réu. 
Súmula 701: No mandado de segurança impetrado pelo Ministério Público contra decisão proferida em processo penal, é obrigatória a citação do réu como litisconsorte passivo. 
Súmula 704: Não viola as garantias do juiz natural, da ampla defesa e do devido processo legal a atração por continência ou conexão do processo do corréu ao foro por prerrogativa de função de um dos denunciados.
B - Princípio do acesso à justiça criminal 
 Previsto no art. 5º, LXXIV, CF: O Estado prestará assistência jurídica integral e gratuita aos que comprovarem insuficiência de recursos. 
Previsto no art. 8º, 2, d, do Pacto de San José da Costa Rica: direito do acusado de defender-se pessoalmente ou de ser assistido por um defensor de sua escolha e de comunicar-se, livremente e em particular, com seu defensor. 
Tem duplo aspecto: 
- a. Acessibilidade econômica – o Estado não pode criar custas que indevidamente impeçam o cidadão do acesso à corte. 
- b. Acessibilidade técnica – o acusado que eventualmente necessitar deve ter à sua disposição a concessão de profissional técnico habilitado para a efetivação de sua defesa.
C - Princípio do ContraditórioArt. 5º, LV, CF: aos litigantes, em processo judicial ou administrativo, e aos acusados em geral, são assegurados o contraditório e a ampla defesa, com os meios e recursos a ela inerentes. 
Este princípio se resume na frase “ninguém pode ser condenado sem ser ouvido e vencido em juízo”, constituindo um dos grandes avanços na erradicação de uma justiça primária ou inquisitorial. 
Ele não tem incidência absoluta: há situações em que pode ser limitado. Quando é requerida a interceptação telefônica não se intima a parte contra quem a medida será tomada para se manifestar sobre ela. Para favorecer a defesa, de outra banda, pode haver essa limitação, como no caso da concessão de liminares em habeas corpus. Mas o contraditório é um imperativo: a defesa se manifestará sobre a interceptação telefônica e a acusação sobre a liminar em habeas corpus posteriormente. 
Em resumo: 
- a. O contraditório não pode ser limitado; 
- b. Há limitação quanto ao contraditório no inquérito policial 
- c. Para as demais hipóteses poderá haver limitação do contraditório quando incompatível com a natureza da medida, sendo que, nesses casos, sua incidência se dará posteriormente ao ato.
D - Princípio do Devido Processo Legal 
Art. 5º, LIV, da CF: ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. 
Logo, é visto sob duplo aspecto: 
- a. Âmbito processual: basicamente, um procedimento ordenado. Assim, o aplicador do direito deve estar atento para não atingir quaisquer dos interesses protegidos pela garantia, sem antes trilhar por certos caminhos. É o respeito ao procedimento previsto em lei. 
- b. Âmbito substancial: o Estado não pode, a despeito de observar a sequência de etapas em um dado procedimento, privar arbitrariamente os indivíduos de certos
direitos fundamentais. Ou seja, há limites para a atuação estatal que não podem ser suplantados, ainda que seja observado o procedimento previsto em lei. 
E - Princípio da Dignidade da Pessoa Humana 
Art. 1º, III, CF: a dignidade da pessoa humana. 
Consiste em que cada indivíduo é um fim em si mesmo, com autonomia para se comportar de acordo com seu arbítrio, nunca um meio ou instrumento para consecução de resultados, não possuindo preço. Ele é reconhecido como pessoa única, tendo valor superior ao de qualquer coisa. É um fundamento do Estado Democrático de Direito, ou seja, todo o sistema processual deve ser lido à luz da dignidade da pessoa humana. 
No âmbito do processo penal a dignidade da pessoa humana tem sido identificada como fundamento para limitar a atuação do Estado frente ao indivíduo. Vejamos essas súmulas vinculantes: 
Súmula Vinculante 11: Só é lícito o uso de algemas em casos de resistência e de fundado receio de fuga ou de perigo à integridade física própria ou alheia, por parte do preso ou de terceiros, justificada a excepcionalidade por escrito, sob pena de responsabilidade disciplinar, civil e penal do agente ou da autoridade e de nulidade da prisão ou do ato processual a que se refere, sem prejuízo da responsabilidade civil do Estado. 
Súmula Vinculante 14: É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa. 
Súmula Vinculante 56: A falta de estabelecimento penal adequado não autoriza a manutenção do condenado em regime prisional mais gravoso, devendo-se observar, nessa hipótese, os parâmetros fixados no RE 641.320/RS. Na jurisprudência não sumulada, vemos que o STF tem usado a dignidade da pessoa humana notadamente para a proteção de pessoas presas, seja processual ou definitiva.
F - Princípio do Duplo Grau de Jurisdição
 	É o direito de acesso a órgão superior para análise e revisão das causas. 
Direito de recorrer da sentença para um juiz ou tribunal superior. Prevalece que o duplo grau de jurisdição não tem previsão expressa na CF, embora tenha previsão implícita decorrente da competência recursal dos tribunais. Tem também previsão constitucional e supralegal, pois está previsto no Pacto de San José da Costa Rica. Não encontra limitação quanto à matéria; assegura a discussão tanto da matéria de fato quanto da matéria de direito. Lógico, há tendência em se limitar a discussão de provas nos tribunais superiores.
G - Princípio da Duração Razoável do Processo 
 Art. 5º, LXXVIII, CF: a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. 
Origem: art. 7º, §5º, do Pacto de San José da Costa Rica: os processos devem terminar dentro de um prazo razoável, sendo que a noção de razoabilidade no caso em estudo é da pena mínima aplicada, sobretudo pela feição humanitária que encerra.
 Noções e critérios: três critérios devem ser levados em conta, a partir de decisões do Tribunal Europeu de Direitos Humanos, já que o termo fica meio vago na CF: 
- a. complexidade do caso 
- b. conduta processual do acusado 
- c. conduta das autoridades judiciárias. 
Assim, para que se avalie se determinado processo encontra-se com sua duração fora de razoabilidade, deve-se perquirir através desses três critérios e, a depender das respostas, haverá ou não falta de razoabilidade na duração do processo.
H - Princípio da Economia Processual 
Rui Portanova: “os processualistas perseguem o ideal de uma justiça barata, rápida e justa. A busca de processo e procedimentos tão viáveis quanto enxutos, com um mínimo de sacrifício (tempo e dinheiro) e de esforço (para todos os sujeitos processuais), interessa ao processo como um todo”.
 A CF não prevê explicitamente esse princípio, podendo ele ser lido junto do anterior (duração razoável do processo). 
O processo orientar-se-á pelos critérios da oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, buscando, sempre que possível à conciliação ou a transação.
Esse princípio, no entanto, deve ser bem pensado em sede de Direito Processual Penal, pois ele não pode jamais suprimir direitos e garantias individuais, sob pena de se permitir que o fator econômico prepondere sobre a liberdade do indivíduo. 
I - Princípio da Iniciativa das Partes 
Previsão implícita no art. 5º, LIX, CF: será admitida ação privada nos crimes de ação pública, se esta não for intentada no prazo legal.
Significa, tal princípio, que caberá à acusação a iniciativa de movimentação do Poder Judiciário, não podendo o magistrado dar início ao processo de ofício. Assim, caberá tanto ao MP quanto ao particular (casos de ação penal pública de iniciativa privada), a decisão pela promoção da ação. 
Manifestação do sistema acusatório, que implica na necessária separação entre as funções e julgar, acusar e defender.
J - Princípio do Impulso Oficial
 	Uma vez iniciada a ação penal, cabe ao magistrado promover seu desenvolvimento até o provimento final. 
 Diferença com o princípio anterior: naquele, a atuação das partes é anterior à ação penal, e neste, uma vez iniciada, tem-se que cabe ao magistrado zelar pelo seu regular andamento. 
Encontra previsão legal em diversos artigos do Código de Processo Penal. Destaca-se o art. 251: “Ao juiz incumbirá prover à regularidade do processo e manter a ordem no curso dos respectivos atos, podendo, para tal fim, requisitar a força pública”.
Atua de maneira plena somente nas ações penais públicas; nas de iniciativa privada, encontra limitação, pois, nessa ação específica, há hipótese de perempção, prevista no art. 60, I, CPP.
K - Princípio da Isonomia 
Também conhecido como princípio da igualdade, da paridade de armas ou da igualdade de oportunidades.
Encontra previsão no art. 5º, CF, que determina que “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade [...]”.
A ideia de processo justonão sobrevive caso haja tratamento diferenciado concedido a qualquer dos sujeitos parciais do processo. Significa que os sujeitos processuais parciais não podem ter tratamento diferenciado no processo, seja pela concessão de indevidos privilégios, seja por atuação condescendente do magistrado.
Significa a atribuição à acusação e à defesa de meios jurídicos igualmente eficazes para tornar efetivos os direitos de intervenção processual. 
 Essa paridade de armas, por vezes, pode dar tratamento diferenciado à defesa; longe de ser violação de paridade, visa retirar das partes seu natural estado de desigualdade e coloca-las no mesmo plano. Ora, há natural desequilíbrio entre a acusação e a defesa no processo penal, pendendo a balança em favor da acusação, daí porque a lei confere alguns tratamentos diferenciados em favor da defesa para buscar a igualdade real das partes no âmbito do processo penal.
L - Princípio do Juiz Natural
 	Previsão no art. 5º, LIII, CF: ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente. 
 	Outra previsão que se liga diretamente ao tema, no art. 5º, XXXVII, CF: não haverá juízo ou tribunal de exceção.
Compreende a adoção de três garantias que dele recorrem: 
- Proibição de tribunais de exceção: fica vedada a instituição de órgãos jurisdicionais após a ocorrência do fato para o julgamento da causa. 
- Garantia do juiz competente: essa regra significa que as regras de determinação de competência devem ser instituídas previamente aos fatos e de maneira geral e abstrata de modo a impedir a interferência autoritária externa. Não se admite a escolha do magistrado para determinado caso, nem a exclusão ou afastamento do magistrado competente. Quando ocorre determinado fato, as regras de competência já apontam o juízo adequado, utilizando-se até o sistema aleatório do sorteio para que não haja interferência na escolha. 
- Somente exercem jurisdição os órgãos instituídos pela CF: não é possível a instituição de órgãos para o julgamento de causa penal que não os expressamente previstos pela CF. 
Ligada a essa ideia, tem-se a ideia do promotor natural (termo “processado”). Devem os promotores de justiça ocupar cargos determinados por lei, vedado ao chefe do MP fazer designações especiais, discricionárias, de promotor “ad hoc” para determinado caso ou avocar autos administrativos ou judiciais afetos ao promotor natural.
M - Princípio da Lealdade Processual ou da Boa-Fé Processual 
Não encontra previsão expressa na CF, admitindo-se a aplicação analógica do art. 5º do CPC: “aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com boa-fé”. 
Trata-se de evitar que a vitória venha através de malícia, fraudes, espertezas, dolo, improbidade, embuste, artifícios, mentiras ou desonestidades.
Encontra aplicação em normas do CPP que são dele decorrentes: 
- Art. 479, CPP: Durante o julgamento não será permitida a leitura de documento ou a exibição de objeto que não tiver sido juntado aos autos com a antecedência mínima de três dias úteis, dando-se ciência à outra parte. 
A jurisprudência nacional reconhece a sua aplicação na seara processual penal. A mesma jurisprudência também rejeita qualquer aplicação de litigância de má-fé no processo penal.
N - Princípio da Motivação das Decisões 
Art. 93, IX, CF: “Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade”. 
Também no art. 381, III, CPP: “A sentença conterá: [...] III - a indicação dos motivos de fato e de direito em que se fundar a decisão”.
Também no art. 155, CPP: “O juiz formará sua convicção pela livre apreciação da prova produzida em contraditório judicial, não podendo fundamentar sua decisão exclusivamente nos elementos informativos colhidos na investigação, ressalvados às provas cautelares, não repetíveis e antecipadas”. 
Quem são os destinatários das motivações? Não tão somente as partes, como também a comunidade, que tem condições de verificar se o juiz, e por consequência a própria Justiça, decide com imparcialidade e conhecimento de causa. 
A motivação serve: 
- Para impor limites ao exercício da jurisdição no Estado Democrático de Direito, exigindo que o Juiz submeta à opinião pública as razões que inspiram suas decisões;
- Para possibilitar a participação popular na administração da justiça, pois a necessidade de apresentar à opinião pública um discurso racional e coerente impõe ao juiz a consideração, no julgamento, dos valores aceitos e difundidos na comunidade. 
Motivação: quanto à matéria de fato e também à de direito. 
Motivação do recebimento da denúncia: jurisprudência do STF anda no sentido da desnecessidade da fundamentação do ato de recebimento da denúncia, pois, em que pese tenha cunho decisório, não se trata de decisão. 
O - Princípio do Nemo Tenetur Se Deterge (vedação da produção de prova contra si próprio, da não autoincriminação)
Não tem previsão expressa na CF, mas entende-se ele a partir da leitura do art. 5º, LXIII: o preso será informado de seus direitos, entre os quais o de permanecer calado. 
Pacto de San José da Costa Rica, art. 8º, 2, g: direito de não ser obrigada a depor contra si mesma, nem a confessar-se culpada.
Diante deste princípio, não é possível obrigar o indiciado ou o acusado de qualquer crime a submeter-se coercitivamente a exames de DNA, bafômetro e todos os demais que dependam de sua colaboração.
Jurisprudência STJ: o acusado teve seu interrogatório gravado e, posteriormente, foi usada essa gravação para perícia e identificação da voz do acusado em uma interceptação telefônica; o STJ considerou ilegal essa prova na medida em que o acusado não fora avisado que poderiam ser essas gravações utilizadas contra ele.
P - Princípio da presunção de inocência 
Consagrado no art. 5º, LVII, CF: “ninguém será considerado culpado até o trânsito em julgado de sentença penal condenatória”. 
É o princípio reitor do Processo Penal. 
Pode-se, dele, extrair três ideias principais, em conjunto com o art. 9º da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão (Todo homem presume-se inocente enquanto não houver sido declarado culpado; por isso, se se considerar indispensável detê-lo, todo rigor que não seria necessário para a segurança de sua pessoa deve ser severamente punido pela lei), de 1789.
- É um princípio fundante, em torno do qual é construído todo o processo penal liberal, estabelecendo essencialmente garantias para o imputado frente à atuação punitiva estatal; 
- É um postulado que está diretamente relacionado ao tratamento do imputado durante o processo penal, segundo o qual haveria de partir-se da ideia de que ele é inocente e, portanto, deve reduzir-se ao máximo as medidas que restrinjam seus direitos durante o processo (incluindo a fase pré-processual); 
- Finalmente, a presunção de inocência é uma regra diretamente referida ao juízo do fato que a sentença penal faz. É sua incidência no âmbito probatório, vinculando à exigência de que a prova completa da culpabilidade do fato é uma carga da acusação, impondo-se a absolvição do imputado se a culpabilidade não ficar suficientemente demonstrada. 
 Em suma, a presunção de inocência impõe-se um verdadeiro dever de tratamento (na medida em que exige que o réu seja tratado como inocente), que atua em duas dimensões: interna ao processo e exterior a ele.
- Interna: dever de tratamento imposto ao juiz, no sentido de que a dúvida conduz inexoravelmente à absolvição e, também, implica severas restrições ao uso das prisões cautelares; 
- Externa: externamente ao processo, a presunção de inocência exige uma proteção contra a publicidade abusiva e a estigmatização precoce do réu. É dizer: deve ser utilizada como verdadeiro limite democrático à abusiva exploração midiática em torno do fato criminoso e do próprio processo judicial. O bizarro espetáculo montado pelo julgamento midiático deve ser coibido pela eficácia da presunção de inocência.
12) Quais são os sistemas que regem a lei processual no tempo? Qualé o sistema adotado no Brasil quando se fala em lei processual penal no tempo? O que ele ensina? 
Os sistemas que reguem a lei processual no tempo são:
- a. Sistema da unidade processual.
- b. Sistema das fases processuais.
- c. Sistema do isolamento dos atos processuais.
O sistema adotado pelo Brasil é Sistema do isolamento dos atos processuais,t ambém chamado de princípio da aplicação imediata ou princípio do tempus regit actum. 
Ele ensina que a lei nova produz efeitos imediatos, não retroage, ainda que beneficie o réu (os atos anteriores continuam válidos, não são anulados). A lei rege unicamente o ato processual a ser realizado. Uma vez praticado o ato, haverá a incidência da nova lei. 
É o sistema adotado pelo nosso CPP, em seu art. 2º, verbis: “A lei processual penal aplicar-se-á desde logo, sem prejuízo da validade dos atos realizados sob a vigência da lei anterior”. A lei nova não afeta os atos jurídicos já praticados, somente valerá para o futuro. Por atos já praticados deve-se entender também os respectivos efeitos e/ ou consequências jurídicas. 
1. Aqui, aplicação imediata; pouco importa se vai ser favorável ou desfavorável ao réu. A partir daquele momento, será aplicada. 
2. É aplicada assim justamente por ser norma que não incrimina condutas, apenas regula o processo.
3. Exemplificando: se uma lei processual recém-criada fixa novas regras para a citação do réu ou para a intimação de seu defensor, o chamamento já realizado sob a égide da antiga norma é válido e não precisa ser refeito. As intimações futuras imediatamente passam a ser regidas pela lei mais recente.
13) Quais são as características do Inquérito Policial?
a) Procedimento escrito 
Art. 9º, CPP: “Todas as peças do inquérito policial serão, num só processado, reduzidas a escrito ou datilografadas e, neste caso, rubricadas pela autoridade”. Não significa, em vista da modernidade, que todos os elementos de informação contidos devam ser reduzidos por escrito de maneira obrigatória. 
Nesse sentido, a interceptação telefônica, a captação ambiental de imagens e sons e outros meios de investigação não precisam, necessariamente, ser reduzidos a termo. Pode ser que a autoridade policial também grave o depoimento das testemunhas. Por outro lado, podemos adotar o princípio da legalidade, sustentando posição em contrário. Contudo, independentemente da posição, o fato é que há necessidade de regulamentação deste procedimento. 
b) Sigiloso 
Primeiro, há que se ressaltar que, em regra, a publicidade é o padrão adotado pelo sistema processual brasileiro. Quanto ao inquérito, como exceção, tal fato está previsto no art. 20, CPP: “A autoridade assegurará no inquérito o sigilo necessário à elucidação do fato ou exigido pelo interesse da sociedade”. 
Desse modo, nota-se que a publicidade pode ser restringida, aí passa-se a falar em sigilo, que se divide em duas modalidades:
- Interno – limitação da informação a determinado sujeito da investigação, em regra, a ao investigado e ao seu defensor. 
- Externo – limitação da informação para o público externo, para a sociedade em geral. 
Quanto à questão interna, há duas situações em que a limitação da informação, a restrição de acesso à defesa aos autos, deve incidir: 
Ligadas à natureza da medida 
Ligadas à eficácia da medida 
 “É direito do defensor, no interesse do representado, ter acesso amplo aos elementos de prova que, já documentados em procedimento investigatório realizado por órgão com competência de polícia judiciária, digam respeito ao exercício do direito de defesa”.
c) Indisponível
 Isso significa dizer que a autoridade policial não pode arquivar os autos do inquérito, conforme reza o art. 17, CPP: “a autoridade policial não poderá mandar arquivar os autos do inquérito”. Uma vez iniciado, ainda que se trate de fato atípico, deve ser encaminhado ao MP que fará o pedido de encaminhamento ao juiz.
d) Obrigatório 
É obrigatório para a autoridade policial. Sendo narrado em tese o fato típico e antijurídico, a autoridade policial tem o dever funcional de instaurar o inquérito policial. Porém: 
- Se a autoridade policial entender que é o caso, pode indeferir o pedido de abertura do IP. 
- É obrigatório para a autoridade policial, mas dispensável para a ação penal, que pode existir sem que ele exista. 
e) Dispensável 
Poderá haver ação penal sem que antes tenha havido IP. Para que seja oferecida a denúncia ou queixa-crime é preciso que haja indícios suficientes de autoria e prova da materialidade. Estes elementos não precisam ser provados, necessariamente, com o IP. Assim, pode haver prova destes elementos por meio de outros elementos, como é o caso de sindicâncias, processos administrativos ou mesmo com o relatório recebido pelo Promotor Público de uma CPI.
 f) Discricionário 
A autoridade policial não é obrigada a seguir sequência predeterminada de atos. Afinal, não haverá sentido mesmo em se engessar a investigação que, no mais das vezes, não ostenta necessariamente linhas comuns. 
Cada investigação é única, e por isso a autoridade policial pode realizar os atos na sequência que melhor lhe parecer par ao esclarecimento dos fatos. Ps.: o art. 6º, CPP, apresenta uma série de atos que não são de observância obrigatória na sequência lá apresentada pelo Código ( não precisa seguir os passos na ordem em que aparece no art.). 
g) Caráter Inquisitivo 
Não há separação de funções, não há ampla defesa e não há contraditório. Eventuais vícios não contaminam a ação penal. Contudo, tal característica está em mudança. Vejamos: 
 - Direito ao acesso aos autos do inquérito policial (SV 14); 
- Necessidade de contraditório prévio como regra das medidas cautelares pessoais, de forma que o investigado precisa, como regra, ser intimado sobre pedido de imposição de medida cautelar (art. 282, §3º, CPP); 
- Modificações legislativas ocorridas no art. 7º do EOAB, incisos XIV e XXI.
h) Oficial 
Vale a regra, para o IP, da oficialidade. É dizer: o IP é presidido pelo Delegado de Polícia que tenha sido investido no cargo por meio de concurso público.
Oficioso
 A autoridade policial deverá atuar de ofício em se tratando de crime de ação penal de iniciativa pública incondicionada. Assim, verificado se tratar de crime desta natureza, a autoridade policial tem o dever de instaurar de ofício o IP e promover todas as diligencias necessárias para a solução do caso. 
- Iniciativa pública condicionada à representação ou iniciativa privada? Não pode instaurar de ofício o IP sem requerimento do ofendido ou seu representante legal. Dada a autorização, deve realizar todas as diligências de ofício, sem a necessidade de nova autorização do ofendido ou de seu representante legal.
14) Como se da o início do Inquérito Policial?
A forma pela qual é instaurado o inquérito policial dependerá da modalidade da ação penal prevista para o crime.
 O art. 5º, CPP, estabelece as formas de instauração do inquérito policial. O rol ali constante, no entanto, não é exaustivo, pois não contempla outros mecanismos de instauração do inquérito. 
“Art. 5o Nos crimes de ação pública o inquérito policial será iniciado:
 I - de ofício; 
II - mediante requisição da autoridade judiciária ou do Ministério Público, ou a requerimento do ofendido ou de quem tiver qualidade para representá-lo. 
§ 1o O requerimento a que se refere o no II conterá sempre que possível: 
a) a narração do fato, com todas as circunstâncias; 
b) a individualização do indiciado ou seus sinais característicos e as razões de convicção ou de presunção de ser ele o autor da infração, ou os motivos de impossibilidade de o fazer; 
c) a nomeação das testemunhas, com indicação de sua profissão e residência. 
§ 2o Do despacho que indeferir o requerimento de abertura de inquérito caberá recurso para o chefe de Polícia. 
§ 3o Qualquer pessoa do povo que tiver conhecimento da existência de infração penal em que caiba ação pública poderá, verbalmente ou por escrito, comunicá-la à autoridade policial, e esta, verificada a procedênciadas informações, mandará instaurar inquérito. 
§ 4o O inquérito, nos crimes em que a ação pública depender de representação, não poderá sem ela ser iniciado. 
§ 5o Nos crimes de ação privada, a autoridade policial somente poderá proceder a inquérito a requerimento de quem tenha qualidade para intentá-la”.
Em geral, poderá ser instaurado por 
a) Notitia criminis 
b) Requisição 
c) Portaria 
d) Auto de prisão em flagrante
15) Quais são os prazos para a conclusão de um Inquérito Policial? 
	NATUREZA
	PRESO
	SOLTO
	Regra Geral (art.10)
	10 dias
	30 dias
	Justiça Federal
	15 dias podendo ser 30 dias prorrogado por mais 15
	15 dias podendo ser 30 dias prorrogado por mais 15
	Tóxicos
	30 dias podendo ser 90 dias duplicado
	30 dias podendo ser 90 dias duplicado
	Crimes contra a economia popular
	10 dias
	10 dias
	Inquérito Militar
	20 dias
	40 dias
Contagem desse prazo se dá conforme a regra do direito processual vale dizer: trata-se de prazo processual e não de prazo de direito penal material. Exclui-se o dia do início e inclui-se o dia do final. Assim, caso seja preso no dia 08, o inquérito deverá ser encerrado no dia 18. Se dia 18 cair no fim de semana ou feriado, será prorrogado para o primeiro dia útil seguinte. 
Como regra, o prazo para o IP quando o indiciado encontra-se solto poderá ser prorrogado, sem indicação, no CPP, de quantas vezes poderá haver tal prorrogação. No entanto, é importante notar que a investigação não pode ser por tempo indeterminado, pois violaria o princípio da razoável duração do processo (que vige, também, na fase inquisitória). Se durar mais que o prazo razoável, constitui-se em constrangimento ilegal que poderá ser sanado por via de Habeas Corpus.
16) Quando um Inquérito Policial pode ser arquivado?
Pode ser arquivado por distintos fundamentos: 
a) Atipicidade da conduta 
b) Excludentes de ilicitude 
c) Excludentes de culpabilidade 
a. Ps.: há uma única causa de exclusão da culpabilidade que não gera o arquivamento, a inimputabilidade, em que obrigatoriamente haverá o oferecimento da denúncia. 
d) Ausência de elementos informativos para a propositura da ação penal: ausência de indícios suficientes de autoria ou de prova da materialidade. 
É importante notar um detalhe técnico quanto às causas extintivas da punibilidade. Quando o promotor propõe o arquivamento porque considera que está extinta a punibilidade o juiz não determina simplesmente o arquivamento. Ele deve declarar extinta a punibilidade e, aí sim, arquivar. 
16-a) O juiz é obrigado a aceitar o pedido do MP? E se ele não aceitar?
O juiz não é obrigado a aceitar o pedido de arquivamento do MP. Quando o juiz recebe a propositura de arquivamento do MP, pode aceitar ou discordar. Discordando, aplica o art. 28, CPP, que faculta ao Procurador-Geral as seguintes possibilidades: 
a) Ele próprio oferecer a denúncia 
b) Designar outro promotor 
c) Insistir no arquivamento 
d) Determinar a realização de novas diligências
17) O que se entende por “ação penal”?
Ação: direito de deduzir em juízo a pretensão que se entende devida. Desde que o Estado trouxe para si o monopólio do exercício da jurisdição, reduzindo ao máximo as hipóteses de autotutela, as pretensões somente podem ser impostas aos demais por meio de decisão judicial, e, para isto, há necessidade do exercício de um direito, que é a ação. Busca-se, por meio dela, o julgamento adequado, a sentença legitimamente imposta. 
É importante notar que o legislador, ao estabelecer a modalidade de ação penal para cada crime, leva em conta o bem jurídico tutelado. Assim, para os crimes que exigem repressão ampla, já que interessam a toda a sociedade, a ação penal será de iniciativa pública incondicionada. Por outro lado, quando há interesse misto, tanto da sociedade quanto do ofendido, a ação penal é de iniciativa pública condicionada. Por fim, quando o interesse é preponderantemente do ofendido, a ação penal será de iniciativa privada. Podemos classificá-la conforme a legitimidade ativa para a sua propositura.
18) Quais são e o que dizem as condições da ação?
Legitimidade ad causam 
Significa dizer que, em tese, o autor pode ocupar o posto de autor e o acusado pode ocupar o posto de acusado. É quando a parte é titular de um dos direitos do processo. 
A legitimidade divide-se em legitimidade ativa e legitimidade passiva. A legitimidade ativa é a condição de ser autor da ação (exemplo: MP e a vítima). Possui legitimidade passiva o autor do fato (o agente, o réu, o acusado). O momento processual adequado para se fixar a legitimidade de parte é após o encerramento da instrução criminal. 
Normalmente, são apontados os seguintes casos de ilegitimidade de parte: o MP promove ação penal de iniciativa privada.
Interesse de agir 
É dividido em três modalidades:
 Necessidade: significa dizer que há a necessidade da ação para se obter a tutela pretendida. 
 Utilidade: significa que, em tese, o autor deve poder conseguir posição jurídica mais favorável do que aquela existente ao início do processo. 
 Adequação: refere-se à verificação de adequação entre a situação narrada e a tutela pretendida. 
Possibilidade jurídica do pedido 
Está ligada à causa de pedir, ou seja, o fato narrado deve ser, em tese, criminoso. Se for narrado fato atípico, deverá haver rejeição da denúncia ou da queixa-crime ou ser o acusado absolvido sumariamente ou ao final do processo. 
Justa causa da ação penal 
Possui uma importante função, qual seja identificar e evitar a existência de ações penais com um mínimo de lastro probatório. Vale dizer, a justa causa representa o suporte probatório mínimo para o oferecimento da denúncia ou da queixa-crime. É, portanto, a existência de suporte probatório mínimo para o oferecimento da denúncia e a consequente instauração da ação penal. 
19) Como se classificam as ações penais? Onde encontrar a ação penal para cada crime?
Podemos classificá-la conforme a legitimidade ativa para a sua propositura. 
Assim, temos: 
1- Ação penal de iniciativa pública 
a. Ação penal de iniciativa pública incondicionada 
b. Ação penal de iniciativa pública condicionada 
2- Ação penal de iniciativa privada 
a. Ação penal de iniciativa privada propriamente dita (ou exclusiva) 
b. Ação penal de iniciativa privada personalíssima 
c. Ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública
 É importante notar que o legislador, ao estabelecer a modalidade de ação penal para cada crime, leva em conta o bem jurídico tutelado. Assim, para os crimes que exigem repressão ampla, já que interessam a toda a sociedade, a ação penal será de iniciativa pública incondicionada. Por outro lado, quando há interesse misto, tanto da sociedade quanto do ofendido, a ação penal é de iniciativa pública condicionada. Por fim, quando o interesse é preponderantemente do ofendido, a ação penal será de iniciativa privada.
20) Quem são os legitimados ativos para cada tipo de ação penal? 
Ação penal pública incondicionada -> o legitimado é o MP – age de oficio sem necessidade de representação ou requisição. 
Ação penal pública condicionada -> o legitimado é o MP, mas precisa da representação do ofendido ou seu representante legal, ou ainda de requisição do Ministério da Justiça.
Ação penal privada (exclusiva) -> os legitimados são: o ofendido, maior de 18 anos ou seu representante legal e sucessores.
Ação penal privada (personalíssima) -> somente a vítima e seu representante legal são legitimados. 
Ação penal privada (subsidiária da pública) -> a vítima, seu representante legal e sucessores podem ajuizar desde que, nos casos de ação pública o MP não ofereça denúncia no prazo legal. 
21) Por meio de qual veículo se intentam as ações penais públicas? E as privadas? 
Ação penal pública -> denúncia
Ação penal privada -> queixa – crime 
 22) Quais são os princípios que regem a ação penal pública incondicionada? 
São princípios específicos da ação penal pública incondicionada: 
a) Princípioda obrigatoriedade – significa que o MP tem o dever funcional de oferecer a denúncia em face de todos aqueles contra quem existirem indícios suficientes de autoria e prova de materialidade. Art. 24, CPP.
 b) Princípio da indisponibilidade – uma vez ajuizada a ação, o promotor não poderá dela desistir; art.42, CPP. 
c) Princípio da oficialidade – a acusação deve ser exercida por órgãos oficiais, não podendo o juiz nomear promotor ad hoc para participar de determinado ato em nome da acusação, como quando o faz com a defesa, por exemplo, se ausente injustificadamente o defensor da parte.
 d) Princípio da oficiosidade – os órgãos de acusação devem atuar de ofício, sem necessidade de provocação. O conhecimento da infração, por exemplo, faz com que o órgão de acusação deva determinar a instauração de inquérito policial. 
e) Princípio da divisibilidade – o MP, caso entenda que não estão presentes indícios suficientes de autoria contra todos os investigados, não deverá oferecer denúncia contra todos e não sofrerá sanção por conta desta sua opção. Em sede de ação pública vigora o princípio da divisibilidade, sendo admissível que o processo seja desmembrado em tantos quantos forem os réus, não sendo exigível que a persecução penal ocorra por meio de uma única ação. Assim, havendo uma ação penal pública em face de determinado réu sempre será possível que o MP ajuíze outra ação pelo mesmo fato em face de outro acusado, a qualquer tempo.
23) Sobre a ação penal pública condicionada, o que é a representação? Quais características e pormenores desse pedido-autorização? 
A representação, na ação penal pública condicionada, é:
- Pedido-autorização pelo qual o ofendido ou seu representante legal, ao mesmo tempo em que requer a investigação e a ação penal, a autoriza;
- É necessária tanto para o IP quanto para a ação penal. Não pode haver IP ou ação penal na falta de representação. 
 - No JECRIM, a representação pode ser oferecida na audiência preliminar.
- Concurso de agentes: representação deve ser contra todos os que cometeram o crime. Mesmo se no curso da investigação sejam descobertos outros autores do delito, não há necessidade de renovação da representação em face destes novos autores descobertos, desde que o crime seja o mesmo. A isso se chama de eficácia objetiva da representação, ou seja, ela abrange fatos e não pessoas. 
- Legitimado ativo: 
 Ofendido capaz e maior de 18 anos (ou procurador, com poderes especiais para tanto) 
 Representante legal do ofendido menor de 18 anos 
 Quando ofendido morto ou ausente por declaração judicial, então seu cônjuge, ascendente, descendente ou irmão. 
- Sucessão processual: no caso de morte do ofendido antes do término do prazo decadencial da representação ou da queixa-crime, o direito de representação passa ao cônjuge, ascendente, descendente ou irmão (art. 24, §1º, CPP). 
- Prazo: seis meses, tendo por termo inicial o conhecimento da autoria (art. 38, CPP). Prazo com natureza decadencial e, não exercido o direito de representação, estará extinta a punibilidade.
- Retratação: a representação pode ser retirada por parte do ofendido, somente quando realizada antes do oferecimento da denúncia. Não gera extinção da punibilidade, ou seja, pode o ofendido, enquanto não expirado o prazo decadencial, apresentar nova representação.
-> Requisição do Ministro da Justiça:
- Pedido-autorização que é feito, em que ao mesmo tempo autoriza a investigação e sinaliza que deseja que ocorra a investigação e a ação penal. 
- Crimes cometidos por estrangeiro contra brasileiro fora do Brasil; crimes contra a honra cometidos contra chefe de governo estrangeiro; crimes contra a honra praticados contra o Presidente da República; crimes contra a honra praticados pela imprensa contra o Presidente da república, presidente do Senado, presidente da Câmara dos Deputados, Ministros do STF, Chefe de Estado ou governo estrangeiro ou seus representantes diplomáticos e Ministro de Estado.
24) O que se entende por “princípio da oportunidade” em relação á ação penal pública condicionada?
Para o ofendido e o MJ, vale o princípio da oportunidade, ou seja, somente haverá a representação e a requisição caso assim desejem, não havendo dever legal de representar ou requisitar.
25) Quem são os destinatários da representação? 
Pode ser feita perante a autoridade policial, perante o promotor ou perante o juiz. (art. 39, CPP): 
 Perante o juiz: é remetida à autoridade policial, pare que proceda a inquérito.
 Perante o promotor: quando feita oralmente ou por escrito, sem assinatura devidamente autenticada do ofendido, será reduzida a termo, perante o juiz ou autoridade policial, presente o órgão do MP 
 Perante a autoridade policial: oferecida a denúncia ou reduzida a termo, a autoridade policial procederá a inquérito, ou, não sendo competente, remeterá à autoridade que o for (a outro delegado, no caso).
26) A representação vincula o MP?
A representação não vincula o MP, que poderá requerer o arquivamento dos autos de IP se entender que não há elementos suficientes para o oferecimento da denúncia. Também não é o promotor vinculado à tipificação apresentada pelo ofendido ou seu representante legal. 
27) Quais são os princípios da ação penal de iniciativa privada?
Princípios (que se ligam a todas as ações deste tópico): 
a) Princípio da oportunidade – cabe exclusivamente ao titular da queixa (ou ao seu representante legal) optar por ingressar ou não com a ação. 
b) Princípio da disponibilidade – o querelante pode desistir da ação penal ajuizada, desde que não tenha havido transito em julgado da ação penal. Manifesta-se pela: 
a. Desistência – em caso de acordo entre as partes na audiência de conciliação dos crimes contra a honra, somente. 
b. Perdão do ofendido – trata-se de causa de extinção da punibilidade.
c. Perempção – outra causa de extinção da punibilidade. 
c) Princípio da indivisibilidade – a exclusão voluntária de um dos corréus da queixa crime gera renúncia em relação a este extensível aos demais corréus (art. 48, CPP). Somente em caso de exclusão voluntária, quando o fendido saiba que uma das pessoas cometeu o crime e deliberadamente a exclua da queixa-crime. Não se dá essa mesma hipótese quando o ofendido ignora a existência de uma pessoa que tenha também cometido o crime. O que poderá ocorrer nesse caso é que, instado a aditar a queixa-crime, não o faça, e aí sim incida esse princípio.
28) Quando o ofendido pode intentar a ação penal subsidiária da pública? Qual é o prazo para tanto? O promotor perde a prerrogativa em algum momento para intentar tal ação? O que é a decadência imprópria? 
O ofendido pode intentar a ação penal subsidiária da pública, caso o promotor não atue no tempo adequado.
O prazo para tanto é: o termo inicial para o ofendido propor a queixa-crime é o dia seguinte ao término do prazo do promotor, num total de 6 meses.
O promotor nunca perde a prerrogativa de oferecer a denúncia enquanto não estiver extinta a punibilidade, mesmo que se abra tal prazo ao ofendido.
Decadência imprópria é aquela que não gera a extinção da punibilidade. 
29) O que pode fazer o MP após oferecida a queixa crime na ação penal privada subsidiária da pública? 
Oferecida a queixa-crime, o juiz deverá abrir vista para o MP, que poderá: 
a) Aditar a queixa-crime, desde que não reduz a amplitude da queixa oferecida pelo querelante; 
b) Repudiar a queixa-crime e oferecer denúncia substitutiva. Ou seja, não aceitar, devolvendo os autos ao juiz com a sua denúncia. Não pode, contudo, repudiar e pedir arquivamento, na medida em que o promotor já perdeu esta prerrogativa com o decurso do prazo; 
c) Propor meios de prova, caso não repudie a queixa-crime; 
d) Interpor recursos. 
30) Conceitue reversão de titularidade na ação penal subsidiária da pública.
Caso o querelante mostre-se negligente, o MP poderá retomar a ação como parte principal (art. 29, CPP).
31) Quais os requisitos da queixa crime e da denúncia?Existem requisitos exclusivos para alguma delas? 
Previsão: art. 41, CPP. 
Requisito específico da queixa crime: art. 44, CPP.
 
São, então, requisitos comuns à denúncia e à queixa-crime: 
1) Exposição do fato criminoso, com todas as suas circunstâncias; 
a. Uma das maiores garantias da defesa é que haja acusação corretamente formulada. Somente com a formulação da acusação é que o acusado poderá saber do que se defender. Daí porque o CPP fala em exposição do fato criminoso com todas as suas circunstâncias. Por meio disso, o acusado terá a noção do porquê é considerado pelo acusador o autor do crime, bem como de qual conduta é acusado. 
2) Qualificação do acusado, ou esclarecimentos pelos quais se possa identifica-lo; 
a- É importante para a exata individualização da pessoa que sofrerá a ação penal. Com isso, evitam-se problemas notadamente ligados à prisão do acusado em caso de condenação, evitando-se a prisão de pessoas de maneira indevida. 
3) Classificação do crime; 
a. É de grande importância, pois poderá gerar consequências como a escolha do procedimento, a competência, ou mesmo a existência de benefícios. 
4) Quando necessário, o rol de testemunhas.
 a. Sua falta não é causa de rejeição. 
E o art. 385, CPP? Discorre sobre a desnecessidade de o promotor incluir na denúncia as agravantes, pois elas podem ser conhecidas de ofício. Discordamos, por violar do sistema acusatório. Caso o juiz entenda que está presente alguma agravante não debatida nos autos e não constante da denúncia, deverá instar as partes a se manifestarem sobre ela. O STJ entende diferente... 
Requisito especial da queixa-crime (art. 44, CPP):
Que trata sobre a necessidade de procuração com poderes especiais: deve constar do instrumento de mandato o nome do querelado e menção do fato criminoso, salvo quando tais esclarecimentos dependerem de diligências que devam ser previamente requeridas no juízo criminal. 
Por fim, o querelante ainda deve recolher custas, conforme o art. 806, CPP, que são regulamentadas por Lei Estadual.
32) Qual o prazo para o oferecimento da denúncia? O que acontece se não for oferecida no prazo legal?
Prazo para oferecimento da denúncia: 5 dias, com o indiciado preso, ou 15, com ele solto (art. 46, CPP), contados do dia em que o órgão do MP receber os autos do inquérito. 
- Lei de drogas: dez dias, solto ou prego.
- Crimes contra a economia popular: 2 dias, solto ou preso. 
Caso o promotor não ofereça a denúncia no prazo legal, haverá algumas importantes consequências: 
a) Estando o indiciado preso, deverá ser relaxada a prisão;
b) Estando solto, será aberta a possibilidade de ação penal de iniciativa privada subsidiária da pública; 
c) Poderá haver violação de dever funcional por parte do promotor, o que gera a intervenção de sua corregedoria. 
33) Sobre aditamento da denúncia: o que aditamento próprio e impróprio?
Aditamento é o acréscimo feito na imputação por parte da acusação, privada ou particular. Pode ser feito em relação a fatos ou pessoas.
a) Aditamento próprio – ocorre nas hipóteses em que há o acréscimo de fatos ou pessoas que não contavam originariamente na acusação. a. Próprio real: fatos. b. Próprio pessoal: pessoas. 
b) Aditamento impróprio – não propriamente há a inclusão de fato novo ou de pessoas novas, mas busca-se sanar alguma falha. 
- Retificação: retificar dados inerentes ao lugar da consumação do delito, sem que se altere a competência do foro, por exemplo. 
- Ratificação: ocorrerá nas hipóteses em que houver alteração na competência do juízo e, no novo juízo, o promotor deverá ratificar a denúncia anteriormente oferecida. 
- Suprimento: suprimento elementos circunstanciais da denúncia, como o dia preciso do fato, por exemplo. 
- Esclarecimento: esclarecer na denúncia, por exemplo, a qualificação do acusado.
34) Por que se fala que a renúncia é ato unilateral e o perdão ato bilateral?
a) Renúncia: ato unilateral (pois parte apenas do ofendido) quando o titular do direito renuncia não é necessária à concordância de quem quer que seja. 
Pode ser:
- expressa (produzida por escrito, que pode ser feita pessoalmente ou por procurador com poderes especiais);
- tácita (decorre de ato incompatível com a vontade de processar o agente). 
b) Perdão: ato bilateral oferecido pelo ofendido aos acusados. Há necessidade de aceitação dos acusados. 
35) A renúncia se estende aos demais agentes, em caso de coautoria? E o perdão, com mais de um querelado? 
A renúncia em face de um dos agentes se estende aos demais (art. 49, CPP).
Perdão: em caso de haver um querelante e vários querelados, o perdão oferecido pelo querelante a apenas um deles se estende aos demais, mas a aceitação não se comunica. Ou seja, a extinção da punibilidade pelo perdão somente se operará a quem a aceitar, prosseguindo-se a ação penal em relação aos demais que não aceitaram o perdão. 
Casa haja mais de um querelante e apenas um querelado, a extinção da punibilidade em relação ao perdão será analisada individualmente em relação a cada um dos querelantes. Ou seja, a extinção da punibilidade em relação a um querelante não prejudicará a ação movida pelos demais.

Continue navegando