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Enunciado 600 da VII Jornada do CJF e 51 da I Jornada de Dir. Proc. Civil do CJF Em novembro de 2015 foram aprovados os enunciados da VII Jornada De Direito Civil, nela contendo o Enunciado 600 que diz: “Após registrado judicialmente o testamento e sendo todos os interessados capazes e concordes com os seus termos, não havendo conflito de interesses, é possível que se faça o inventário extrajudicial”. Tal enunciado faz menção ao artigo 610 do Novo Código de Processo Civil Lei n. 13.105, de 16/3/2015, que traz: Art. 610. Havendo testamento ou interessado incapaz, proceder-se-á ao inventário judicial. § 1º Se todos forem capazes e concordes, o inventário e a partilha poderão ser feitos por escritura pública, a qual constituirá documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para levantamento de importância depositada em instituições financeiras. O inventário representa a partilha dos bens deixados pelo falecido. O caput do artigo trata do inventário judicial que deve ser processado quando há testamento ou interessado incapaz. O parágrafo trata da possibilidade de ser realizado o inventário extrajudicial. A inovação trazida para o Novo CPC se encontra na escritura pública que se constitui de documento hábil para qualquer ato de registro, bem como para o levantamento de importância depositada em instituições financeiras. Sendo o Enunciado 600 da VII Jornada De Direito Civil posterior ao novo Código De Processo Civil, a intenção do legislador é mostrar que só a existência de testamento não serve de justificativa para impedir que o inventário seja levado a efeito extrajudicialmente. Muitas vezes, as disposições testamentárias não têm natureza patrimonial. Em outros casos, claros são os seus termos, não ensejando qualquer dúvida dos herdeiros e dos beneficiados quanto à última manifestação de vontade. Inclusive muitos juízes, quando do registro do testamento, têm autorizado o uso da via extrajudicial, sem que afete a higidez do procedimento levado a efeito perante o tabelião. A Justiça paulista foi a pioneira, tendo a Corregedoria Permanente se manifestado favoravelmente a esta prática. De qualquer modo, persiste a possibilidade de serem discutidas, na via judicial, eventuais controvérsias sobre a validade do testamento ou de alguma de suas cláusulas. Certamente esta é uma medida para desafogar a já tão congestionada Justiça, não envolvendo os magistrados em processo no qual nada têm a decidir, além de assegurar às partes uma solução mais rápida a uma questão que não necessita da marca judicial. Em agosto de 2016, a I Jornada De Prevenção E Solução Extrajudicial De Litígios, traz o Enunciado 77, que expressa: “Havendo registro ou expressa autorização do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, o inventário e partilha poderão ser feitos por escritura pública, mediante acordo dos interessados, como forma de pôr fim ao procedimento judicial”. A regra que impõe o inventário judicial em havendo testamento deve ser, de fato, relativizada, em prol de uma saudável desjudicialização. Essa mitigação deve ocorrer principalmente nos casos em que os herdeiros são maiores, capazes e concordam com esse caminho facilitado. Nos termos do artigo 5º da Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro e do artigo 8º do Novo CPC, o fim social da norma que instituiu a possibilidade do inventário extrajudicial é a redução de formalidades e de burocracias. Em agosto de 2017, a I Jornada De Direito Processual Civil, traz mais um enunciado contendo o tema discutido, trata-se do Enunciado 51, que diz: “Havendo registro judicial ou autorização expressa do juízo sucessório competente, nos autos do procedimento de abertura, registro e cumprimento de testamento, sendo todos os interessados capazes e concordes, poderão ser feitos o inventário e a partilha por escritura pública”. Havendo a morte, estando todos os seus herdeiros e interessados, maiores e capazes, de pleno e comum acordo quanto à destinação e partilha dos bens, não haverá necessidade de judicialização do inventário, podendo a partilha ser definida e formalizada conforme a livre vontade das partes no âmbito extrajudicial.