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Redação Publicitária Aula 1 Professora Ana Heck CONVERSA INICIAL Oi, aluno(a). Tudo bem? Seja bem-vindo à primeira aula de Redação Publicitária. Nosso objetivo é conhecer e compreender este tipo de texto. Para tanto, vamos: conhecer a linguagem publicitária conhecer as funções da linguagem publicitária compreender a evolução do texto publicitário compreender os tipos de texto Você quer saber mais sobre como escrever aqueles anúncios fantásticos que vê espalhados por aí? Então, você está prestes a viajar pelo universo da redação publicitária. Aqui, tudo é sempre muito bonito, arrumadinho, um lugar onde você gostaria de passar o resto dos seus dias. Chegue mais perto e observe como este mundo é acolhedor, convidativo, sedutor. Não dá pra resistir, né!? Prepare-se para esta jornada. Coloque na bagagem todos aqueles comerciais fabulosos que você viu, os anúncios mais bonitos e as ações extraordinárias que você acompanhou na mídia. A partir de agora, eu serei sua guia por este lugar peculiar. Você vai começar a descobrir os caminhos para criar mundos fantásticos para encantar pessoas. Entenda o nosso roteiro: Nossa primeira parada é a terra do “Texto Publicitário”, lá você vai conhecer um pouco mais sobre a linguagem utilizada em campanhas e compreender quais as técnicas empregadas neste tipo de produção textual. Em seguida, vamos explorar as “Funções do Texto Publicitário” e entender o papel do texto, no anúncio. Nossa excursão passa também por uma espécie de museu, um passeio para compreender a história e a “Evolução do Texto Publicitário”. O trajeto se encerra no vale dos “Tipos de texto”, de onde vamos apreciar as mais variadas formas de escrever. Pegue sua bagagem, o embarque já vai começar. Boa viagem! Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a fala inicial da professora Ana. CONTEXTUALIZANDO Esta aula está inserida num contexto de introdução ao processo de comunicação publicitária. Para isso, a primeira aula é dedica ao conhecimento. Para compreender melhor a prática da redação, é necessário entender as características e funções do texto publicitário, bem como sua evolução até os dias de hoje e os tipos de anúncios existentes. Vamos treinar a sua habilidade de lembrar de informações e conteúdos, identificar e ordenar métodos e classificações com o objetivo de trazer à consciência a especificidade da redação voltada à área publicitária. Tema 1: O que é texto publicitário Celso Figueiredo (2005, p. 1) assim trata da importância do texto dentro dos anúncios: “Milhões de letrinhas enfileiradas significando coisas, todas as coisas. [...] estamos cercados de texto nas telas, nos papeis, nos painéis, em nossos ouvidos. Palavras que significam coisas, que geram informações e formam conhecimento.”. As palavras são a matéria-prima do texto publicitário, que bebe de diversas fontes como a filosofia, a sociologia, a psicologia, a antropologia, além da semiótica, da arte e da linguística. Assim, “Ilude-se quem acredita que a velocidade dos nossos dias desbotou a importância da palavra, dando prepoderância à imagem, rápida, intensa e onipresente. A imagem gera o impacto, mas o poder de persuação está na palavra, assim como a condução do raciocínio do receptor.” (FIGUEIREDO, 2005, p. 1). As palavras têm muito poder, mas este poder pode ser infinitamente potencializado quando juntamos várias palavras, formando, assim, um texto. Uma porção de palavras corretamente associadas tem mais poder que uma palavra isolada. Como dizia Aristóteles, “o todo é maior que a soma das partes”. Logo, o texto publicitário é um emaranhado de palavras para ser “lido ou falado, qualquer forma de comunicação verbal que se destina a levar ao público informações comerciais ou ideológicas, tidas como anúncios” (MARTINS, 2008, p. 122). Mas, como aponta Martins (2008, p. 122), “De maneira geral, são assim denominados não apenas o corpo do texto, mas também: títulos, subtítulos, rótulos, slogans, legendas, comerciais, folders, textos em cartazes, de embalagens, textos musicados, roteiros, cartas, etc.”. O texto publicitário é fonte de informação com a função agilizadora de consumo, seja de ideias, produtos ou serviços. É uma forma de comunicação pública de caráter informativo e persuasivo, que deve ser clara, concisa e direta. Para isso, ele precisa estar de acordo com as características culturais do público que se pretende atingir. Predebon et. al. (2008, p. 105) aponta que “a mensagem de propaganda tem a finalidade maior de seduzir. e a sedução pode tornar-se efetiva pela razão ou pela emoção”. Saiba mais e leia o tópico Finalidade maior da mensagem de propaganda, páginas 105 a 107, do livro Curso de Propaganda: do anúncio à comunicação integrada, de Predebon et. al. (2008). Desta forma, somente “enfileirar” algumas palavras não é suficiente. Como nos outros tipos de textos, o texto publicitário deve formar um conjunto de palavras que, quando associadas, passam a ter um significado que expresse algo ao público-alvo. Mas, como é possível perceber, o serviço do redator não termina por aí, além de expressar algo, o texto publicitário também deve ter o poder de incitar comportamentos nas pessoas. Além disso, ainda podemos associas palavras às imagens ou sons, o que também pode aumentar o seu poder, formando, assim, uma unidade estruturada de signos verbais e não verbais (palavras + imagens). Juntando palavras, damos sentido às ideias. Contudo, é preciso descobrir como os textos são criados, estruturados e como traduzir as informações para veicular aos leitores, o que inclui, também, uma preocupação estética, afinal de contas, precisamos seduzir. Pensando nisso, para começar a escrever, é necessário saber algumas coisas: Qual é a ideia a ser transmitida? Como comunicar a ideia de maneira eficaz? Como serão estruturadas as partes o texto? Como fazer com que o público aceite a ideia? Pensando nisso, Jorge Martins propõe o seguinte esquema de planejamento do texto no anúncio: 1. Componentes da mensagem – é o tema ou a ideia básica sobre o produto, serviço ou a ideia que se pretende divulgar e como distribuir estas informações no tipo de anúncio (a distribuição espacial gráfico- visual e/ou sonora). 2. Dados e informações básicos sobre o produto, serviço ou a ideia – são as características do produto, seu diferencial, seu público-alvo, as estratégias para angariar o interesse destas pessoas e a mídia a ser utilizada na veiculação do produto. 3. Produção do texto – descobrir qual é o tema (ideia básica, o ponto de partida) a partir das informações apresentadas no briefing e estabelecer relações para complementá-lo, enriquecê-lo e desenvolver novas ideias a partir dele (as conexões inéditas) para, assim, conseguir apresentar o tema e gerar interesse, argumentar e finalizar o anúncio com um apelo 4. Complementação – revisão textual e inserção de elementos que servem como molas propulsoras da sua ideia como ilustrações, cores, fundos musicais, etc. Como disse Celso Figueiredo (2005, p. 5) nem só da palavra vive o redator. Você deve saber que: um bom redator, além de dominar o vocabulário, deve ter a compreensão de que tudo em uma página significa algo. Ou seja, não apenas as palavras, as ilustrações e as imagens têm sentido em um anúncio, mas toda a disposição das informações na página possui significado e influencia no modo como o observador vai apreender a mensagem.Seguindo este planejamento, a tarefa do redator fica mais fácil. Imagine que este planejamento seria como o ato de preparar sua bagagem para uma viagem. As palavras são os objetos (roupas, calçados, produtos de higiene, etc.) que você seleciona para levar no passeio. Dentre todas as coisas que tem no mundo, você seleciona algumas para preparar uma mala – um grupo de objetos que vai facilitar a sua vida na viagem, que, nesta analogia, representa o texto, o agrupamento de palavras. E, assim como toda mala, o texto tem um objetivo: servir a um propósito, ajudar em uma viagem. Afinal, ninguém prepara uma mala se não vai sair de casa, certo? A viagem para a qual o redator se prepara todos os dias é levar informações ao público e persuadi-lo. Os objetos que leva consigo são as palavras que ele arruma cuidadosamente em uma mala (texto). O caminho que ele percorre é a mídia escolhida (revista, TV ou jornal, por exemplo). E nós sabemos que boa parte do sucesso de uma viagem depende daquilo que você leva na sua mala, ou você fica feliz quando percebe que ao chegar ao seu destino esqueceu um item essencial? Assim, a publicidade enquanto discurso, linguagem e forma de persuasão se utiliza do texto para tornar familiar um produto, serviço ou ideia, diferenciá-lo e valorizá-lo. Agora está na hora de seguir com nossa viagem. Leitura obrigatória Leia Características do texto publicitário, páginas 135 a 136, e Montagem do anúncio publicitário, páginas 112 a 121, do livro Redação Publicitária: Teoria e Prática, de Jorge Martins. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a professora Ana tratando deste assunto que estamos estudando. Tema 2: Funções do texto publicitário Para entender a função do texto publicitário, precisamos levar em conta a situação de comunicação. Toda situação de comunicação envolve alguns fatores básicos, de acordo com Jakobson (2007, p.123): um emissor usa um determinado código para compor uma mensagem; ele utiliza um canal para enviar a mensagem a um destinatário em um determinado contexto. Veja a representação a seguir: Fonte: Jakobson (2007, p. 123). No caso do texto publicitário, isto acontece da seguinte forma: a) O emissor, aquele que envia a mensagem, é um anunciante associado a uma agência de publicidade, pois ele encomenda uma peça, mas não executa o trabalho. b) Esta agência seleciona um redator para escrever o texto. c) O redator utiliza um código, a linguagem publicitária para compor um anúncio, que é a mensagem. d) Este anúncio será veiculado em uma mídia. Supomos que seja um anúncio para revista, neste caso, o canal é o veículo utilizado, a revista. O destinatário é o público-alvo do anúncio. Assim, o contexto está relacionado ao público da mensagem, ao consumidor, quem tem condições de adquirir o produto ou acreditar na ideia. Contudo, temos que pensar que o atual contexto tecnológico permite que o destinatário se converta em emissor e vice-versa, com as amplas possibilidades das redes sociais, por exemplo. Nesse sentido, o redator deve conhecer o público e as táticas para persuadi-lo, os recursos e as possibilidades que a língua oferece, os objetivos e propósitos da mensagem a elaborar, a adequação do texto na composição do anúncio e o veículo a ser utilizado. (MARTINS, 2008, p. 122). Agora, então, vamos tratar da função do texto publicitário. Todos os fatores da situação de comunicação dentro da publicidade têm uma função em comum: vender um produto ou serviço ou persuadir alguém com relação a uma ideia. Dessa forma, a função do texto publicitário é vender ou, como falamos antes, agilizar o consumo. É necessário interessar o público pela mensagem, mas também transmitir o conteúdo. Mas, para isto, deve: Despertar o interesse Transmitir uma mensagem de forma clara Chamar a atenção do público Provocar o seu desejo e instigar uma ação O texto deve transmitir as informações do produto, serviço ou da ideia buscando tocar os sentimentos do consumidor visando persuadi-lo, causar um impacto emocional. O texto é a grande força motora do anúncio, pois se destina a modificar comportamentos do leitor, agindo sobre sua vontade e seus sentimentos. O texto será eficaz quando possibilitar “transformar o produto em objeto de prazer”, apresentando-o como solução para os problemas do leitor. Em síntese, terá eficácia se criar necessidades de compra. O texto bem elaborado e completo é, pois, discurso hedonista e onírico, persuadindo o leitor, e fazendo-o feliz com o que lhe é oferecido. (MARTINS, 2008, p. 122). Assim, o emprego de um código para estruturar uma mensagem deve ter como meta seduzir o destinatário, visando fazer com que ele aceite o que lhe é proposto e consuma o produto ou acredite na ideia. Para isso, como vimos, é necessário compreender o contexto em que ele está inserido, bem como o canal onde a mensagem será transmitida, pois escrever para um anúncio de jornal é diferente de escrever para um outdoor, por exemplo. Leitura obrigatória Leia Funções do anúncio, páginas 149 a 153, do livro Redação Publicitária: teoria e prática, de Jorge Martins. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a professora Ana tratando deste assunto que estamos estudando. Tema 3: Evolução do texto publicitário – parte I Como uma boa guia, quando nós conversamos pela primeira vez, eu lhe dei algumas informações sobre nosso roteiro. Você lembra que eu disse que passaríamos por uma espécie de museu para compreender a história e a evolução do texto publicitário? Pois bem, aqui estamos. Sabemos que a publicidade não só compõe a realidade atualmente, mas é seu reflexo também. Contudo, para chegar até os dias de hoje, muitos quilômetros foram percorridos nesta história. Mas, agora, está na hora de pensarmos somente nos aspectos textuais desta história. Portanto, voltaremos no tempo, até o Brasil de 1808, que foi quando os primeiros jornais começaram a surgir no Brasil. Os anúncios mais antigos para divulgação surgiram com a Gazeta do Rio de Janeiro. Os jornais começaram a vender espaços para informações à comunidade, como se fazia na Europa. Naquela época chamavam-se reclames, palavra que você deve conhecer graças ao apresentador Fausto Silva, que sempre chama os “reclames do plim plim”. Estes anúncios eram “textos curtos, informativos, sem ilustrações, os chamados classificados” (CARRASCOZA, 2007, p. 73). Venda de casas, captura e comércio de escravos, divulgação de hotéis, confecções, fotografias, chapelarias, medicamentos eram os assuntos mais comuns nos reclames. (MARTINS, 2008, p. 24). Eles possuíam linguagem simples, que priorizavam apenas a informação, sem estratégias de convencimento aplicadas. A informação era objetiva e bem adjetivada. Você pode conferir alguns reclames da época do “Brasil Império” a seguir: Fonte: Carrascozza (2008). Com o passar do tempo, surgem novos veículos, e em 1875 começam a aparecer os primeiros anúncios com desenhos, ilustrações e litogravuras. É possível notar também uma “consciência de critérios na elaboração da mensagem” (CARRASCOZZA, 2008, p. 75). Os anunciantes passam a se preocupar com a fixação das marcas ou produtos, como é o caso do Grande Hotel da Paz: Fonte: Carrascozza (2008). Nesta época, começaram a pintar nos tapumes das construções mensagens publicitárias e também começam a ser utilizados cartazes, os primeiros paineis que deram origem ao que conhecemos, hoje, como outdoor. A partir de 1900, artistas e poetaspassam a ser contratados para elaboração de anúncios, são os primeiros free-lancers da publicidade brasileira. Com a importação de máquinas e o surgimento de novas tecnologias de impressão, surgem também as primeiras revistas ilustradas como “A Semana”. (CARRASCOZA, 2008). No início do século XX, a propaganda firmava-se pela criatividade e pelo linguajar mais apurado e persuasivo, imitando o modelo americano trazido pelas primeiras agências que chegavam ao país e muito contribuiram para o apaerfeiçoamento de nosso sistema de propaganda. (MARTINS, 2008, p. 25). A participação de poetas foi determinante nas transformações em nossa área. As mensagens passam a ter textos mais longos, embora ainda muito voltados à informação. Veja a peça a seguir, publicada na Revista da Semana, em 1900, e analise a diferença dos demais anúncios apresentados até aqui: Fonte: Carrascozza (2008). Os textos passam a contar com palavras-chave que eram extraídas do gosto e do desejo dos consumidores – muito disso, graças ao trabalho dos literatos que, com suas rimas, trouxeram também a aplicação de figuras de linguagem, como as rimas citadas e a repetição, por exemplo, além de um tom humorístico às peças, atraindo a atenção do público devido à originalidade, bem como pelo colorido de suas mensagens. Passam a aparecer também os famosos call to action, os convites à ação que já “prenunciava uma das ‘normas’ estilísticas do texto publicitário contemporâneo, cujo fecho, como foi visto, é um chamamento que alude à proposição” (CARRASCOZA, 2008, p. 87). De acordo com Carrascoza: Depois da crise de 29, da revolução de 30 e a de 32, responsáveis por uma breve estagnação das atividades de propaganda no país, o aparecimento da indústria e seu consequente crescimento econômico possibilitara uma rápida evolução no negócio publicitário. [...] anunciam grandes lojas de departamento, além das indústrias têxtil, farmacêutica, cosmética e automobilística. [...] Com ressonância do movimento modernista, há uma valorização do que é brasileiro” (2008, p. 88) Na década de 1930, alguns fatos marcam o cenário textual da publicidade: surgem, entre outras novidades, como slides exibidos em sala de cinemas, jornais no interior e paineis na estrada, as análises de mercado, precedendo as campanhas. Os dados recolhidos serviam de base também para a criação de anúncios, que agora poderiam ser veiculados no rádio, que surge na década anterior, mas começa a fascinar os consumidores. Mas a principal novidade para esse estudo da década de 1930 é a extensão dos textos: ainda superadjetivados, apresentam, todavia, junto às informações, argumentos subjetivos de venda, como nesse anúncio da Palmolive, que representa bem o período e cujo final apela para a autoridade de quem já experimentou o produto (CARRASCOZA, 2008, p. 90) Fonte: Carrascozza (2008). Nesta época, a propaganda passa também a tomar o contexto social como “gancho” para a criação dos textos, e ganham força os apelos ao consumo. Como um eco da década anterior, que previu a técnica de rede semântica, nesta época, surgem anúncios, sem concretizá-la. Com o surgimento das primeiras escolas de propagada, por volta de 1950, começam a surgir profissionais qualificados. Além disso, “a rápida evolução do trabalho publicitário decorre da exigência dos tempos modernos e do gosto mais apurado do público consumidor” (MARTINS, 2008, p. 28). Nesta época, o consumidor ganhava cada vez mais opções de produtos para consumir, o que trazia aos publicitários inúmeros desafios. Esta década é marcada pelo surgimento da televisão e seus comerciais ao vivo, com textos lidos por apresentadores ou garotas-propaganda. O que teve reflexo sobre as publicações impressas: os textos se alongaram mais ainda, bem como seus títulos. Com a necessidade de apontar as características e os detalhes dos produtos, muitos anunciantes passam a trazer um texto principal e vários blocos de chamadas ou pequenos textos cercando as ilustrações ou as fotos – que, na segunda metade desta década, seriam ainda mais valorizadas, tornando-se um importantíssimo elemento visual de sedução – além de vozes, rodapés e o slogan abaixo da assinatura. (CARRASCOZA, 2008, p. 99). Fonte: Carrascozza (2008). Chega-se, então, aos anos de 1960, uma década muito prodigiosa para a publicidade brasileira, mas é um assunto para outra aula. Não se apresse, o passeio pelo museu ainda não acabou! Aproveite este tempo para pesquisar um pouco mais sobre os anúncios veiculados até a década de 1950. Saiba Mais Pesquise no site UOL os 50 anúncios publicitários do passado que hoje seriam proibidos, publicado em 14 de maio de 2015. Leitura obrigatória Leia as páginas 72 a 103, do livro Evolução do texto publicitário, de João Anzanello Carrascoza. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a professora Ana tratando deste assunto que estamos estudando. Tema 4: Evolução do texto publicitário – parte II Já passamos pelas exposições de várias décadas, mas agora chegamos à década cuja marca é a criatividade. Na propaganda apoiada numa ideia que agregava um diferencial a mais ao produto – a imagem de sua própria comunicação – e que aglutinava texto e layout numa só unidade criativa, não como antes, apenas justapostos. Essa fusão entre a redação e a arte publicitárias vai sobrepor-se ao então sistema de argumentação racional (reason why), o do apelo às emoções, o que eliminou os boxes, splash e rodapés que chamavam a atenção para as peculiaridades do produto e poluíam os anúncios do período anterior. (CARRASCOZA, 2008, p. 105). Esse casamento ♥ da direção de arte e da redação rendeu bons frutos para a publicidade. Contando fotos especialmente produzidas para campanhas, os anúncios conquistam status de arma persuasiva. Fonte: Carrascozza (2008). Assim, “enquanto o país se afundava na ditadura, a publicidade nacional vivia a grande revolução de sua linguagem, como verificamos no anúncio da Volkswagen, que revela nitidamente todas as mudanças mencionadas” (CARRASCOZA, 2008, p. 106), não somente no aspecto textual, mas visual também, que são frutos de uma nova concepção de criação inaugurada na época. Com um tom coloquial, o anúncio pretende estabelecer o “diálogo” com o consumidor, visando ultrapassar a impessoalidade da comunicação massiva. Nesta época, celebridades continuam participam do mundo publicitário (lembram dos testemunhais?), estrelando peças: Fonte: Carrascozza (2008). O novo padrão estabelecido na década de 1960 é extremamente explorado nas duas décadas seguintes “buscando novos conceitos, aperfeiçoando a integração entre redação e arte, ainda não disseminada na maioria das pelas criadas no período anterior” (CARRASCOZA, 2008, p. 111). O que foi vanguarda se transformava em realidade, uma norma. Mas, tudo isso, com um coloquialismo leve e descontraído. Apesar disso, começam a surgir anúncios que trazem somente um título, como nos antigos reclames, com a mensagem verbal integrada ao layout, o início dos anúncios sem texto: Assim, “a publicidade brasileira que já conquistava prêmios em festivais internacionais, passa a ser ainda mais respeitada, graças à sua maturidade criativa e ao brilho de estrelas como Washington Olivetto” (CARRASCOZA, 2008, p. 113). Mas, é na década de 1990 que acontece o apogeuda publicidade brasileira – época que, inclusive, é um período de autocitação, como você pode conferir nos anúncios a seguir: Nesta etapa, muitas novidades, que afetam o contexto publicitário, começam a surgir (CARRASCOZA, 2008): Novos formatos publicitários Revistas segmentadas com encartes e anúncios especiais Grande concorrência entre as redes de televisão Tv a cabo, internet, TV HD A criatividade, novidade na década de 1960, passa a ser supervalorizada, e muitos jovens passam a procurar por cursos de propaganda. Surgem também anúncios interativos para seduzir ainda mais os consumidores. E as novidades não param de surgir até hoje! Enquanto você lê este texto, algum publicitário já deve ter inventado outra moda. Considerando todas as transformações vistas até aqui, Jorge Martins (2008) divide a publicidade brasileira em três fases: 1ª Fase: os reclames Contava com anúncios de linguagem simples, sem artifícios de convencimento, com informação objetiva e bem adjetivada Publicados nas Gazetas e nos almanaques, tiveram seu apogeu em 1984 Os reclames eram espaços onde eram anunciadas vendas ou compras, ou mesmo captura de escravos, como também negócios sobre comércio varejista, hotéis e produtos farmacêuticos Os títulos, slogans, layouts, desenhos, material para tipografia e os textos destes reclames eram produzidos pela própria redação dos jornais ou por poetas e desenhistas mais destacados da época Os reclames antigos eram mensagens artísticas, objetivas e de acordo com o gosto da sociedade daquela época 2ª Fase: os intelectuais Demarcada pelo início da participação de escritores, poetas, artistas e jornalistas Os intelectuais contribuíram com seu talento de escritores, poetas, jornalistas e artistas na elaboração de anúncios Todos estes colaboradores eram prestadores de serviços para agências e contribuíam com seus préstimos na música dos jingles, na cor e desenho das ilustrações e com a palavra literária na feitura dos anúncios do rádio, do cinema, da TV e dos cartazes Alguns desses intelectuais tiveram suas próprias agências, como é o caso de Bastos Tigre, o criador do famoso slogan "Se é Bayer, é bom". 3ª Fase: os profissionais Diferencia-se das demais pela aplicação de recursos estilísticos e pela valorização da criatividade, da inovação e do inusitado São pessoas contratadas e vinculadas às agências às quais dedicam seu tempo São profissionais já preparados em estágios, ou em escolas de comunicação, ou até mesmo autodidatas Com sua técnica e arte confeccionam anúncios destinados aos veículos para exercerem ação psicológica sobre o público-alvo Muita coisa mudou, certo? Que tal se despedir deste “museu” acompanhando algumas imagens da evolução do texto publicitário? Acesse o site Propagandas Históricas e divirta-se! Leitura Obrigatória Leia as páginas 104 a 135, do livro Evolução do texto publicitário, de João Anzanello Carrascoza. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a professora Ana tratando deste assunto que estamos estudando. Tema 5: Tipos de texto publicitário Agora é hora de conhecer os tipos de texto. Ao criar anúncios, o redator deve escolher algumas características para enquadrar o texto dentro das finalidades para as quais ele se destina. Assim, de acordo com Jorge Martins (2008, p. 145), quanto ao aspecto formal da expressão, um texto publicitário poderá ser: Informativo Narrativo Testemunhal Humorístico Em verso Texto-diálogo Vamos ver cada um deles em detalhes. Acompanhe! Informativo Texto que apresenta objetividade ao relatar fatos, notícias, dados. Não sugere algo, mas expõe as coisas como são, sem ênfases. É um texto referencial que conduz o público-alvo a tirar conclusões, fazer escolha a partir das informações apresentadas. É baseado na argumentação pura e simples. Veja um exemplo do Ministério da Saúde... pesquise por Comercial Campanha de Vacinação 2014, no YouTube. Narrativo Texto que expõe histórias ou fatos mostrando a vantagem do uso do produto, seu consumo, ou da aceitação de uma determinada ideia. A narrativa contém a mensagem de venda, o que provoca a identificação do leitor, sua empatia. Nós vivemos imersos em histórias, daí sua força para envolver o público. Contudo, para escrever este tipo de texto, é necessário ter a capacidade de fabulação para contar boas histórias. É indispensável que haja correlação dos fatos narrados com o uso do produto, que é o objeto da mensagem. Os fatos relatados têm início, meio e fim, como qualquer narrativa. Para ver um exemplo, pesquise no YouTube por Best Commercial: Olympic Games 2012 London - Best Job (P&G). Testemunhal Tipo de texto que apresenta depoimentos favoráveis ao uso de determinado produto ou faz indicações de serviços ou ideias visando despertar o desejo de imitação da pessoa ou argumentar através de alguém com capacidade incontestável. Há dois tipos de testemunhos: Desejo de imitação: utiliza a imagem e o depoimento para incentivar a compra e uso do produto, utiliza celebridades. Exemplo: pesquise Gisele Bündchen estrela campanha Pantene Pro-Vitaminas com Selo Produto do Ano Brasil, no YouTube. Líder: uso de opinião de pessoas destacadas socialmente que tenham capacidade incontestável parta testemunhar a respeito do produto. Exemplo: pesquise Comercial Colgate Total 12 | Dentistas 2010, no YouTube. Humorístico Aquele que tem apelo voltado ao humor e ao sentido crítico do observador. Há dificuldade de produzi-los de maneira formal, por isso sua validade, enquanto publicitário, é contestada muitas vezes. Exemplo: pesquise Comercial Muito Engraçado - Shampoo Dove Men Care, no YouTube. Em verso Texto composto de maneira poética com versos e rimas. É de difícil composição e, por isso, é contestada sua validade como anúncio comercial. Exemplo: pesquise Jeep Renegade - Poema, no YouTube. Texto-diálogo Aquele que estabelece interlocução de pessoas ou com os observadores, interrogando-os e respondendo sobre características do produto. Fonte: <http://goo.gl/MB1VeD>. Leitura Obrigatória Leia Tipologia de textos publicitários, páginas 145 a 146, do livro Redação Publicitária: a prática na prática, de Zeca Martins. Acesse a versão online da aula e confira no vídeo a seguir a professora Ana tratando deste assunto que estamos estudando. NA PRÁTICA Calma, ainda não acabamos! Par finalizar nossa viagem com chave de ouro, que tal colocar tudo que aprendemos nesta rota em prática? No vídeo a seguir, a professora Ana faz uma proposta de atividade. Acesse a versão online da aula e acompanhe! Então, mãos à obra... Leia o Capítulo 1, Evolução da linguagem publicitária, páginas 23 a 32, do livro Redação publicitária: teoria e prática, de Jorge Martins. Depois, com base nos estudos desta aula 2 do texto acima, escreva duas propostas de texto para anúncio de jornal para o briefing visto no vídeo: a) uma de acordo com as características da primeira fase da Publicidade brasileira (os reclames); b) uma de acordo com as características da terceira fase (os profissionais) que vimos no Tema 4 desta aula. Cada proposta deve conter: Título (curto e direto) e texto (um parágrafo). Boa sorte! SÍNTESE Toda viagem nos apresenta inúmeras coisas novas, descobertas fascinantes sobre lugares diferentes. Nesta jornada, descobrimos que o texto publicitárioé uma forma de comunicação que se destina a levar ao público-alvo informações comerciais e ideológicas com a função de agilizar o consumo, vender. Além disso, conhecemos mais a fundo o conceito de texto, vimos que ele não é composto somente pelo corpo do texto, mas que até mesmo uma embalagem pode ser considerada um tipo de texto. Também passamos bons momentos apreciando a evolução do texto, as três fases pelas quais passou no Brasil: desde os primórdios em que a informação tomava conta, à incorporação do trabalho de artistas até a explosão da criatividade. No final desta viagem ainda conhecemos uma porção de “gente” nova, todos os tipos de texto publicitário: informativo, humorístico, em verso, entre outros. Depois de tantos quilômetros percorridos eu agradeço a sua companhia. Está na hora de descansar um pouco, pois as próximas viagens serão ainda mais divertidas. Um último aviso: para a próxima viagem, não esqueça as suas roupas de banho. Até a próxima aula! Referências CARRASCOZA, João Anzanello. A evolução do texto publicitário: associação de palavras como elemento de sedução na publicidade. São Paulo: Futura, 2008. FIGUEIREDO, C. Redação Publicitária: sedução pela palavra. São Paulo: Cenage Learning Edições Ltda, 2005. JAKOBSON, Roman. Linguística e Comunicação. 24 ed. São Paulo: Cultrix, 2007. MARTINS, J. S. Redação Publicitária: teoria e prática. São Paulo: Atlas, 2008. PREDEBON, José et al. Curso de Propaganda: do anúncio à comunicação integrada. São Paulo: Atlas, 2008.
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