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FACULDADE SUPERIOR DE EDUCAÇÃO PROGRAMUS – ISEPRO BACHARELADO EM SERVIÇO SOCIAL VALÉRIA LÍLIA FERNANDES DE MORAES UM ESTUDO DO EXERCÍCO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA –NASF EM ÁGUA BRANCA-PI ÁGUA BRANCA – PI 2019 VALÉRIA LÍLIA FERNANDES DE MORAES UM ESTUDO DO EXERCÍCO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA –NASF EM ÁGUA BRANCA-PI Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade Superior de Educação PROGRAMUS-ISEPRO como um dos pré-requisitos para obtenção do grau de Bacharelado em Serviço Social. Orientadora: Patrícia Maria Macedo de Moura ÁGUA BRANCA -PI 2019 VALÉRIA LÍLIA FERNANDES DE MORAES UM ESTUDO DO EXERCÍCO PROFISSIONAL DO ASSISTENTE SOCIAL NO NÚCLEO DE APOIO À SAÚDE DA FAMÍLIA –NASF EM ÁGUA BRANCA-PI Trabalho de conclusão de curso apresentado a Faculdade Superior de Educação PROGRAMUS-ISEPRO como um dos pré-requisitos para obtenção do grau de Bacharelado em Serviço Social. APROVADA EM: ___________ de ________________ de 2019 _______________________________________________________ Presidente _______________________________________________________ Avaliador _______________________________________________________ Avaliador Dedico este trabalho: A Deus em primeiro lugar, que esteve comigo em todos os momentos. Aos meus pais e meu irmão, que são minha base e meu apoio. Aos meus amigos e a todos que contribuíram direta e indiretamente para a realização deste trabalho. AGRADECIMENTOS Primeiramente agradeço a Deus por ter me dado forças, saúde, coragem e principalmente disposição para chegar até aqui e superar todas as dificuldades que apareceram no decorrer deste curso. O que não foi fácil. A minha orientadora Patrícia Macedo, pela orientação, confiança e apoio durante o curso e elaboração deste trabalho. Quero agradecer imensamente a minha mãe Francilene, meu Pai Manoel (in memoriam), meu irmão Wagner, meu namorado Luan e a todos que torceram por mim e que contribuíram para os meus estudos. A todos que fizeram parte da minha formação, meu muito obrigado. RESUMO A função do assistente social no NASF é de suma importância para as políticas públicas, com a ação do planejamento, execução e gestão de políticas públicas, atuação em programas, projetos e serviços sociais. Nesta perspectiva, o profissional em Serviço Social tem integrado equipes multidisciplinares de acompanhamento, monitoramento e controle, para adequações e transformações sociais e culturais. A presente monografia visa estudar a atuação do Assistente Social no NASF da cidade de Água Branca- PI. A metodologia da presente pesquisa caracterizou-se inicialmente como pesquisa bibliográfica e documental com os autores Polignano (2001), Teixeira (2014), Bravo (2009), Nogueira (2002), Paim (2009), entre outros para o embasamento teórico com análises em documentos, artigos científicos e sites e com a pesquisa-campo no NASF da cidade de Água Branca-PI para a coleta de dados e aplicação do questionário para obter a análise de dados. O objetivo geral da pesquisa é analisar o trabalho da assistente social junto a equipe multidisciplinar do NASF- AB.Com a realização pretende-se relatar a importância do assistente social e seu exercício profissional na equipe do Nasf-AB. Palavras-Chave: Assistência Social, NASF, Saúde Pública. ABSTRACT The role of the social worker in the NASF is of paramount importance to public policies, with the action of planning, execution and management of public policies, acting in programs, projects and social services. In this perspective, the professional in Social Work has integrated multidisciplinary teams of monitoring, monitoring and control, to adaptations and social and cultural transformations. This monograph aims to study the performance of the Social Worker at NASF in the city of Água Branca - PI. The methodology of the present research was initially characterized as bibliographic and documentary research with the authors Polignano (2001), Teixeira (2014), Bravo (2009), Nogueira (2002), Paim (2009), among others for the theoretical basis with analyzes. in documents, scientific articles and websites and with field research at NASF of Água Branca-PI for data collection and application of the questionnaire to obtain data analysis. The general objective of the research is to analyze the work of the social worker with the NASF-AB multidisciplinary team. With the purpose of this work is to report the importance of the social worker and his professional practice in the Nasf-AB team.. Keywords: Social Assistance, NASF, Public Health. SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................09 2 REFERENCIAL TEÓRICO.................. ...................................................................10 2.1 Antecedentes da ação estatal e conjuntura da ditadura militar.......................10 2.2 Reforma Sanitária no Brasil...............................................................................11 2.3 Constituição do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil...............................14 2.4 Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) ...................................................16 3 SERVIÇO SOCIAL NO NASF-AB...........................................................................19 3.1 Serviço Social no Brasil- A Inserção da Profissão na Saúde.........................19 3.2 O surgimento dos Núcleos de Apoio à Saúde da família (NASF) ....................20 3.3 NASF: Princípios E Diretrizes Gerais............................................................... 23 3.4 O exercício profissional do assistente social nesse espaço sócio- ocupacional...............................................................................................................25 4. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DO NASF-AB..........................................................................26 4.1 Breve Histórico do NASF-AB de Água Branca – PI...........................................26 4.2 Compreensão do NASF-AB sobre o trabalho do Assistente Social................27 5 METODOLOGIA......................................................................................................31 6 ANÁLISE DE DADOS.............................................................................................32 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS....................................................................................38 REFERÊNCIAS APÊNDICE 9 1 INTRODUÇÃO A mudança do modelo assistencial com foco na doença para que esse seja o modelo assistencial voltado para a saúde, é uma luta que vem se estruturando no Brasil. Com a proposta da Reforma Sanitária a saúde tem uma nova concepção, considerada também como melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, com ênfase nos determinantes sociais. Nessa lógica, os mais diversos profissionais sãochamados para atuarem nos variados segmentos da saúde, contribuindo assim para a melhoria da qualidade de vida da população. O NASF surge como apoio as ESF e consigo traz o Assistente Social, profissional capaz de trabalhar com questão social nas suas mais variadas expressões, e atuarem na defesa dos direitos sociais, visando qualificar a atenção à saúde e melhorar a sua resolutividade. Diante disso, pretende-se realizar este trabalho a partir da seguinte problemática: Como se dá o trabalho do Assistente Social junto a equipe multidisciplinar para a efetivação dos direitos dos usuários? No entanto, consideramos que por se tratar de uma estratégia inovadora, vários desafios deverão ser superados e que a prática do assistente social deve estar pautada nos fundamentos teórico-metodológicos, ético-político e técnico-operativo, possibilitando assim, que o profissional estabeleça um olhar crítico para o enfrentamento da realidade, realizando juntamente com toda equipe e com os sujeitos políticos envolvidos, estratégias criativas e inovadoras. A metodologia da presente pesquisa caracterizou-se inicialmente como pesquisa bibliográfica e documental para o embasamento teórico com análises em documentos, artigos científicos e sites. No segundo momento foi realizada a pesquisa- campo no NASF da cidade de Água Branca-PI para a coleta de dados e aplicação do questionário para obter a análise de dados. O presente trabalho tem como objetivo geral analisar o trabalho do Assistente Social junto a equipe multidisciplinar do NASF-AB de Água Branca- PI. Como objetivos específicos tem-se de analisar as atividades que são desenvolvidas pelo Assistente Social no NASF-AB; Identificar as técnicas adotadas pelo Assistente Social. A organização do trabalho é feita em capítulos, o primeiro consta a introdução, no segundo o referencial teórico para o embasamento do conteúdo, o terceiro e quarto capítulos relatam sobre o trabalho do assistente social no Nasf, em seguida vem a 10 metodologia com a análise dos dados adquiridos na pesquisa-campo e por fim as considerações finais 2 REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Antecedentes da ação estatal e conjuntura da ditadura militar A conquista dos direitos sociais através de lutas pela classe trabalhadora foi mediada pela interferência estatal, no seu papel de manutenção da ordem social capitalista e de mediação das relações entre as classes sociais. Com isso, a saúde surgiu como efetiva prioridade de governo no Brasil no começo do século XX (RISI JUNIOR; NOGUEIRA, 2002). Neste tempo as ações atribuíam-se de controles das epidemias e faziam campanhas para o controle de enfermidades. Em 1920, com a chegada da industrialização no país e o forte crescimento da massa de trabalhadores urbanos, começaram as reivindicações por políticas previdenciárias e por assistência à saúde (SILVA, ALVES, 2007). Sendo assim, neste período também foram colocadas as questões de higiene e saúde do trabalhador, sendo tomadas algumas medidas que se constituíram no embrião do esquema previdenciário brasileiro, sendo a mais importante a criação das Caixas de Aposentadoria e Pensões (CAPs), onde esse sistema era gerido empregados e empresas empregadoras e União em 1923, que ficou conhecida como a Lei Elói Chaves. Seguindo essa linha de pensamento, afirmou Polignano (2001), “Enquanto a sociedade brasileira esteve dominada por uma economia agroexportadora, acentada na monocultura cafeeira, o que se exigia do sistema de saúde era, sobretudo, uma política de saneamento destinado aos espaços de circulação das mercadorias exportáveis e a erradicação ou controle de doenças que poderiam prejudicar a exportação”. (POLIGNANO, 2001, p.06). Vale ressaltar que neste momento as ações desenvolvidas pelo setor da saúde é contencionista e assistencialista, restando ao trabalhador se responsabilizar por sua saúde, pois nesse contexto era exigido do sistema de saúde prioridade para os espaços em que circulavam as mercadorias. Para Oliveira e Teixeira (1986:61-65), “ 11 modelo de previdência que norteou os anos 30 a 45 no Brasil foi de orientação contencionista, ao contrário do modelo abrangente que dominou o período anterior (1923-1930) ”. Para os autores, um dos determinantes para a diminuição dos gastos foi, sem dúvida, o efeito produzido pelo rápido crescimento da massa de trabalhadores inseridos. 2.2 Reforma Sanitária no Brasil A mudança do modelo assistencial centrado na doença para o modelo assistencial voltado para a saúde, é uma luta que vem se estruturando no Brasil. Com a proposta da Reforma Sanitária a saúde tem uma nova concepção, considerada também como melhores condições de vida e de trabalho, ou seja, com ênfase nos determinantes sociais. Na década de 1970, “foi registrado uma relativa decadência do ciclo de prosperidade econômica e social que se iniciou no pós-guerra (PAIVA; TEIXEIRA, 2014) ”. Ou seja, nesse período foi registrado grandes conturbações na área econômica, social e política que trouxe grandes considerações em relação ao movimento da reforma sanitária e também da organização da saúde. Ainda segundo Teixeira (2014), houve o registro da abertura do processo democrático na década de 1980, que marcou por muito tempo o processo da ditadura militar e limitou os movimentos populares, onde cidadãos reivindicavam seus direitos. Após esse período, iniciaram os movimentos de redemocratização do país, dando importância para a crise econômica que afligia o país, além da falência da atenção médica da Previdência Social e também o modelo biomédico. Nesse processo de ruptura da ditadura, que ficou demarcado a política de saúde com as ações que foram desenvolvidas de forma fragmentada, centralizadoras e tecnocráticas. Conforme (BRAVO, 2009, p.95) ““A sociedade brasileira, ao mesmo tempo em que vivenciou um processo de democratização política, superando o regime ditatorial suportou uma profunda crise econômica”. Sendo assim Nogueira (2002) define que, “Até as reformas ocorridas na década de 1980, o Estado de Bem-estar brasileiro era caracterizado por centralização política e financeira em nível federal, fragmentação institucional, tecnocratismo, autofinanciamento, privatização e uso clientelístico das políticas sociais” (RISI JUNIOR; NOGUEIRA, 2002, p.127). 12 Ainda nessa década, após essa ruptura, houve a aparição de movimentos populares, onde foi considerado o ponto culminante para o movimento da reforma sanitária e também da Oitava Conferência Nacional de Saúde, realizada no ano de 1986, com as principais pautas aprovadas da demanda do movimento sanitarista que são, fortalecimento do setor público de saúde, expansão da cobertura a todos os cidadãos e a integração da medicina previdenciária construindo assim um sistema único (TEIXEIRA, 2014). Com essas conquistas, Polignano registra alguns subsídios: “O governo criou em 1981 o Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (CONASP) ligado ao INAMPS5. Em 1983 foi criado a AIS (Ações Integradas de Saúde), um projeto interministerial (Previdência-Saúde- Educação), visando um novo modelo assistencial que incorporava o setor público, procurando integrar ações curativas preventivas e educativas ao mesmo tempo”. (POLIGNANO, 2001, p.20) A criação desse conselho gerou maior prestação de serviços de enfermagem para grandes grupos populacionais, uma vez que os recursos (de verbas, de pessoal, de | plantas físicas). “A Reforma Sanitária Brasileira, enquanto reforma social concebida e desencadeada em um momento de crise de hegemonia, defendia a democratização do Estado e da saúde” (PAIM,2009). Nestas considerações o movimento propunha uma nova relação com o setor da saúde que culminou com o processo de redemocratização do país. Segundo enfatiza Cohn: “A noção de Reforma Sanitária vem sendo associada à de movimento. Isso traz implicações importantes. Movimento significa processo, fenômeno dinâmico e inacabado. Sendo um processo em curso e sem final predeterminado, demarca seu início também é tarefa complexa” (COHN, 1989, p.123). Do ponto de vista metodológico, o autor toma a Reforma Sanitária como fenômeno histórico-social e estrutura sua análise a partir dos eixos: ideia, proposta, projeto, movimento e processo. As fontes de dados e informações foram documentos e publicações [estudos, livros, teses e dissertações, relatórios das Conferências Nacionais de Saúde, editoriais do Centro Brasileiro de Estudos de Saúde (CEBES). Como foi citado anteriormente “a Reforma Sanitária é estabelecida como projeto social e um fenômeno histórico e social que é esquematizando como: ideia, proposta, projeto, movimento e processo” (PAIM, 2008). 13 “Como o momento da ideia a tese de Arouca e a fundação do CEBES (1976) e da ABRASCO (1979), o marco do momento proposta é o evento realizado na Câmara dos Deputados em 1979, o primeiro Simpósio de Política Nacional de Saúde, quando já se identificava um conjunto de proposições políticas definidas” (CONTREIRAS, 2009, p.22). O momento projeto é representado pela Oitava Conferência Nacional de Saúde, realizada em 1986, e abriu possibilidades da sociedade civil como os movimentos sociais, sindicatos e trabalhadores da área de saúde participar. Vale considerar que esta conferência foi de grande importância para o setor saúde como também para sociedade, a saúde começa então ganhar uma dimensão não mais nos hospitais ou em medicamentos e sim em melhores condições de vida. “A saúde deixou de ser interesse apenas dos técnicos para assumir uma dimensão política, estando estreitamente vinculada à democracia” (BRAVO, 2011). Na conclusão da conferência foi redigido um relatório final de modo geral que dizia: “ampliação do conceito de saúde, reconhecimento da saúde como direito de todos e dever do Estado, criação de um sistema único de saúde, participação popular, constituição e ampliação do orçamento social” (CONTREIRAS, 2009). O momento é representado pelos conjuntos de práticas ideológicas, políticas e culturais aquelas empreendidas junto com o processo de democratização do país. E por fim, o momento processo é a formalização do projeto. Sérgio Arouca também traz a sua contribuição para compreender a Reforma Sanitária: “ A Reforma Sanitária Brasileira deve ser entendida como um processo de transformação da atual situação sanitária. (Compõe uma situação sanitária pelo menos quatro dimensões: 1-a.) A dimensão específica: como o campo da dinâmica do fenômeno saúde/doença nas populações, que se expressa pelos indicadores disponíveis, como o coeficiente da mortalidade infantil, expectativa de vida, etc., pela experiência acumulada, pela comparação com o nível de saúde já alcançado por outras populações, etc. 2-a.) A dimensão institucional: como o campo das instituições que atuam no setor (públicas privadas, beneficentes), da produção de mercadorias, de equipamentos, a formação de recursos humanos. Este campo é mais tradicionalmente definido como o Sistema ou o Setor Saúde. 3-a.) A dimensão ideológica: em que há valores, juízos, concepções, preconceitos que representam a expressão simbólica e histórica de uma dada situação sanitária. 4- a.) A dimensão das relações: num dado momento histórico, a organização social e produtiva de uma sociedade leva a que a produção, distribuição e apropriação das riquezas de forma a determinar situações de risco e de possibilidades ao fenômeno saúde/doença” (AROUCA,1988, p.2, apud. PAIM, 2008, p.157). Essas dimensões apontavam a necessidade de pensar a RSB articulando a questão sanitária, expressa nas condições de saúde, ao sistema de saúde, à ideologia 14 e à estrutura econômica da sociedade. Desse modo, caberia discutir o SUS, o controle social, a produção industrial, a modernidade e a ciência e tecnologia. 2.3 Constituição do Sistema Único de Saúde (SUS) no Brasil O Sistema único de Saúde (SUS) é considerado uma das maiores conquistas sociais reconhecida na Constituição de 1998, e nela é garantido a todo brasileiro o direto à saúde como um “dever do Estado”. “A nova carta constitucional propôs um novo ordenamento ao setor saúde, propiciando um desenho particular em aspectos éticos-políticos fundamentais”. (NOGUEIRA; MIOTO, 2009, p.221). Esse direito é oferecido na rede pública de forma gratuita, com serviços e tratamentos que vão da prevenção de doenças a tratamentos que são mais complexos e caros, onde todos têm garantia ao acesso aos serviços sem quaisquer critérios de discriminação ou exclusão. O SUS norteia-se, baseado nos seus preceitos constitucionais, pelas seguintes doutrinas: Universalidade: É a garantia de atenção à saúde, por parte do sistema, a todo e qualquer cidadão (“A saúde é direito de todos e dever do Estado” – Art. 196 da Constituição Federal de 1988). Equidade: O objetivo da equidade é diminuir desigualdades. Mas isso não significa que a equidade seja sinônima de igualdade. Integralidade: As ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde não podem ser fracionadas, sendo assim, os serviços de saúde devem reconhecer na prática que: se cada pessoa é um todo indivisível e integrante de uma comunidade, as ações de promoção, proteção e reabilitação da saúde também não podem ser compartimentalizadas, assim como as unidades prestadoras de serviço, com seus diversos graus de complexidade, configuram um sistema capaz de prestar assistência integral (BRASIL, CF DE 1988). O final da década de 1970 e início de 1980 foi marcada pela reforma sanitária no Brasil representou um marco final em que o país passou pelo processo de redemocratização e por um período de luta em busca da democratização da saúde e também da sociedade. Devendo ser levado em consideração que o movimento da reforma sanitária fundamentava a luta em uma proposição de uma sociedade e Estado com uma concepção de saúde centrada na coletividade, na estrutura social e nas classes sociais e não restrita ao corpo e indivíduo (SOARES, 2012). Conforme está no artigo 198 da CF em seu texto, algumas diretrizes do SUS, 15 “Art. 198. As ações e serviços públicos de saúde integram uma rede regionalizada e hierarquizada e constituem um sistema único, organizado de acordo com as seguintes diretrizes: I - Descentralização, com direção única em cada esfera de governo; II - Atendimento integral, com prioridade para as atividades preventivas, sem prejuízo dos serviços assistenciais; III - participação da comunidade (BRASIL, Constituição Federal de 1988) ”. Todas as ações conquistadas através da CF de 1988 via movimento popular, devem ser pautadas com o objetivo de trazer legitimidade. A Lei n° 8.080 de 1990 e a Lei n° 8.142 de 1990, ambas editadas em 1990, que conjuntamente formam a “Lei Orgânica da Saúde”, que constituem a organização do sistema, como também a participação da comunidade nas decisões sobre financiamento e gestão. Segundo Teixeira (2012), “deve-se garantir que a atenção à saúde deve ser democrática, ou seja, descentralizada com controle social, com as ações integralizadas e universalizadas”. Em 1990, houve a negação dos direitos sociais dos cidadãos e dos princípios do Sistema Único de Saúde colocando a serviço do sistema capitalista, onde no receituário neoliberal foi revisto as conquistas adquiridas pormeio da Reforma Sanitária. A “questão social” passou a ser controlada pela parte internacional, tornando-as mais complexas, após o neoliberalismo e as mudanças políticas e econômicas ocorridas na época, condicionando prioridades em relação aos direitos trabalhistas, combate à pobreza, assistência à saúde, programas de emprego e previdências. Com isso, afirma Souza (2014), A política macroeconômica foi eixo condutor do governo e as políticas sociais se mantiveram pontuais e compensatórias. No sistema de saúde isso se reverteu em uma maior abertura à expansão do setor privado, que se beneficiou de várias formas: na oferta/venda de serviços ao SUS, assegurando e ampliando a saúde suplementar; na manutenção de mecanismos de renúncia fiscal; e na inserção das novas modalidades de gestão (terceirizações, fundações e Organizações Sociais). (SOUZA, 2014, p.232). Diante das perspectivas apresentadas desde a década de 1990 até os dias atuais que trouxeram reformas no Estado como também em outros setores da sociedade, [...] “a racionalidade hegemônica hoje no SUS agrega elementos do projeto de reforma sanitária, mas rompe com a sua tradição essencialmente progressista, com a sua radicalidade mesmo dentro da ordem do capital”. (SOARES, 2012, p.96). 16 Em síntese dessas conquistas adquiridas, nos anos de 1994 a 2002 foi a fase de maior progresso relativo, onde ficou mais fácil o ordenamento das políticas para o SUS como: o piso de Assistência Básica (PAB), que são os recursos capitados para o financiamento da atenção primária; os programas de agentes comunitários de saúde e de saúde da família (PACS-PSF); a transferência de hospitais federais para os Estados; as Organizações Sociais de Saúde (OSS) que dão autonomia na gestão para os hospitais públicos para aumentar sua eficiência e a melhoria dos sistemas de informação, com a proposta do cartão SUS, a criação de mecanismos de acompanhamento dos gastos públicos setoriais (SIOPS). Sendo assim, “inegavelmente, a maior conquista do SUS foi quanto ao direito legal de acesso universal e igualitário às ações e serviços de saúde em todos os níveis de complexidade” (NOGUEIRA; MIOTO, 2009, p.233). Logo, desde o movimento ocorrido na reforma sanitária dado todo o contexto envolvido, como o social, histórico e econômico em que foi baseada a política social, trouxe uma nova concepção na área da saúde e um alargamento do poder estadual como também, uma maior participação da sociedade na compressão do processo de gestão. 2.4 Política Nacional de Atenção Básica (PNAB) A principal estratégia do governo ao enfatizar e garantir prioridade ao atendimento básico em saúde se consolida em 1998, com a introdução do PAB (Piso de Atenção Básica), criado através da Portaria GM/MS n.1882, de 18/12/97. O PAB altera a lógica de repasse de recursos federais para o sistema de prestação de ações médico-sanitárias e se constitui uma medida decisiva na perspectiva da descentralização financeira do sistema de saúde no Brasil, incentivando os municípios a assumirem, progressivamente, a gestão da rede básica de serviços de saúde. A implantação do PAB traz como principal novidade a transferência regular e automática, com repasse federal feito diretamente aos municípios. A condição de habilitação ao PAB é definida pela NOB/96, e obriga a criação do Fundo Municipal de Saúde e do Conselho Municipal de Saúde, dando relativa autonomia e crescente responsabilidade ao gestor municipal. Esse novo mecanismo dissocia a produção do faturamento, característica central do sistema anterior. Isto é, através do sistema de pagamento por serviços previamente prestados, os municípios mais pobres e, 17 portanto, sem uma infraestrutura adequada de unidades e de estabelecimentos de saúde vinham sendo prejudicados. Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2009), “o programa inclui ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes”. No âmbito da reorganização dos serviços de saúde, a Estratégia Saúde da Família (ESF) vai ao encontro dos debates e análises referentes ao processo de mudança do paradigma que orienta o modelo de atenção à saúde vigente e que vem sendo enfrentada, desde a década de 1970, pelo conjunto de atores e sujeitos sociais comprometidos com um novo modelo que valorize as ações de promoção e proteção da saúde, prevenção das doenças e atenção integral às pessoas. No Brasil, a origem do PSF remonta criação do PACS em 1991, como parte do processo de reforma do setor da saúde, desde a Constituição, com intenção de aumentar a acessibilidade ao sistema de saúde e incrementar as ações de prevenção e promoção da saúde. Em 1994 o Ministério da Saúde, lançou o PSF como política nacional de atenção básica, com caráter organizativo e substitutivo, fazendo frente ao modelo tradicional de assistência primária baseada em profissionais médicos especialistas focais. Atualmente, reconhece-se que não é mais um programa e sim uma Estratégia para uma Atenção Primária à Saúde qualificada e resolutiva. (BRASIL, 2009, p. 102). O PSF surgiu após a reforma no setor da saúde com a função de aumentar a acessibilidade do sistema de saúde e promoção. O PSF é uma estratégia de reorganização da atenção primária que só trouxe benefícios à população. O governo emitiu a Portaria Nº 648 de 28 de março de 2006 (BRASIL, 2001), onde ficava estabelecido que o PSF “é a estratégia prioritária do Ministério da Saúde para organizar a Atenção Básica” — que tem como um dos seus fundamentos possibilitar o acesso universal e contínuo a serviços de saúde de qualidade, reafirmando os princípios básicos do SUS: universalização, equidade, descentralização, integralidade e participação da comunidade - mediante o cadastramento e a vinculação dos usuários. Em 2011, a portaria GM Nº 2.488/2011 revogou a portaria GM Nº 648/2006 e demais disposições em contrário ao estabelecer a revisão de diretrizes e normas para a organização da Atenção Básica e aprovar a Política Nacional de Atenção Básica para a Estratégia Saúde da Família (ESF) e para o Programa de Agentes Comunitários de Saúde (PACS) (BRASIL, 2011). 18 Depreendemos que a Saúde da Família é entendida como uma estratégia de reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde. Estas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. A responsabilidade pelo acompanhamento das famílias coloca para as equipes saúde da família a necessidade de ultrapassar os limites classicamente definidos para a atenção básica no Brasil, especialmente no contexto do SUS (BRASIL, 2009). A Saúde da Família como estratégia que visa estruturar os sistemas municipais de saúde tem provocado um importante movimento com o escopo de reordenar o modelo de atenção no SUS. Destarte, busca maior racionalidade na utilização dos demais níveis assistenciais e tem produzido resultados positivos nos principais indicadores de saúde das populações assessoradas às equipes saúde da família (BRASIL, 2009). 19 3 O SERVIÇO SOCIAL NO NASF-AB 3.1 Serviço Social no Brasil- A Inserção da Profissão na Saúde O assistente social no Brasil é majoritariamente um funcionário público que atua nas diferentes políticas sociais, com destaque à política de saúde, assistência social, educação, habitação, entre outras. Foi na década de 40 que o profissional de serviço social foi inserido na área da saúde, atuandoprincipalmente nos hospitais, sendo o Hospital das Clínicas de São Paulo, com o chamado Serviço Social Médico, o pioneiro na contratação destes profissionais (BRAVO, 1991 apud CORREIA, 2005). No ano de1948 a área da saúde tornou-se o principal campo de absorção dos profissionais de serviço social, fazendo acontecer a elaboração de um conceito de saúde que trouxe os aspectos biopsicossociais como seus determinantes e também a elaboração de uma política de saúde centrada na assistência médica hospitalar e curativa (CORREIA, 2005). O Serviço Social passou por um período de renovação profissional na década de 60 durante a ditadura militar. Segundo Netto (1998), se deu em três direções: “a modernizadora, a reatualização do conservadorismo e a intenção de ruptura”. A direção modernizadora tornou-se hegemônica face às exigências do mercado de trabalho e do modelo autocrático da época, sendo que na área da saúde, a perspectiva modernizadora sedimenta a prática profissional na dimensão curativa. Com a Constituição de 1988 e a implantação do SUS, a saúde passa a ser considerada direito de todos e dever do Estado e os princípios da descentralização, da universalização, da integralidade, da participação da comunidade passam a ser diretrizes do novo sistema. A regulamentação do SUS, em 1990, pelas Leis Orgânicas 8.080/90 e 8.142/90 trouxe ainda mais inovações para a área da saúde, como a ampliação do conceito de saúde, que passou a considerar fatores como “a alimentação, a moradia, o saneamento básico, o meio ambiente, o trabalho, a renda, a educação, o transporte, o lazer e o acesso aos bens e serviços essenciais” (BRASIL,1990). As inovações influenciaram na superação do modelo centrado na doença e nas ações curativas e na construção de um novo modelo de assistência à saúde, voltado para sua promoção. Esse novo modelo requisitou um trabalho multiprofissional e com 20 isso, o assistente social passou a ter maior importância na área da saúde (CORREIA, 2005), exigindo um profissional capacitado para atuar nas múltiplas expressões da questão social originadas nas relações sociais que afetam a saúde. Mudanças internas na profissão influenciaram o exercício profissional do assistente social principalmente através do movimento de reconceituação profissional, consolidando seu projeto profissional baseado nas lutas sociais das classes trabalhadoras na construção de uma nova ordem societária (ABREU, 2004). Também as leis orgânicas de 1990 provocaram mudanças no exercício profissional na área da saúde, ou seja, o assistente social passa a ter subsídios para realizar seu trabalho na perspectiva da universalidade de acesso e da integralidade da assistência. Após a criação do SUS e dos avanços trazidos pelo mesmo, os campos de atuação do assistente social têm ampliado gradativamente e cada vez mais esse profissional é chamado para atuar nas políticas públicas realizando intervenções que sejam permeadas e orientadas pela noção de direito social. 3.2 O surgimento dos Núcleos de Apoio à Saúde da família (NASF) O surgimento dos Núcleos de Apoio à Saúdes da Família (NASF) foram pela necessidade em gerenciar e atender diversas demandas na área da saúde e suas particularidades envolvidas como também pela necessidade que houve de ampliar a Estratégia Saúde da Família (EFS), envolvendo nesse conjunto profissionais de várias áreas. De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27, “A Estratégia de Saúde da Família (ESF), vertente brasileira da APS, caracteriza-se como a porta de entrada prioritária de um sistema de saúde constitucionalmente fundado no direito à saúde e na equidade do cuidado e, além disso, hierarquizado e regionalizado, como é o caso do SUS. A ESF vem provocando, de fato e de direito, um importante movimento de reorientação do modelo de atenção à saúde em nosso país” (CFESS, Brasília, 2010). Com isso, no ano de 2008, o Ministério da Saúde mediante a Portaria GM n° 154 de 24 de janeiro de 2008, criou os Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF), sendo republicada em 04 de março do mesmo ano com o objetivo de apoiar a inserção da EFS na rede de serviços, como também aumentar a abrangência das ações e a resolutividade envolvendo a Atenção Básica (AB). A união compartilhada entre o NASF e ESF têm o objetivo de revisar a prática 21 atual do encaminhamento levando em consideração os processos de referência e contra referência existentes, fazendo com que haja uma ampliação no atendimento atuando no fortalecimento de seus atributos e também no papel de coordenação do cuidado no SUS. Logo, a Estratégia Saúde da Família (ESF) continua com a função de recebimento inicial para o sistema e o Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF) continua sendo referência para o apoio multiprofissional. Como explica Andrade (2011), “a intervenção do NASF deve priorizar o apoio matricial as equipes da ESF, mas também as intervenções coletivas de promoção, prevenção e acompanhamento de grupos sociais em vulnerabilidade” (ANDRADE, et al, 2011, p.19). De acordo com a Portaria n° 154, existem três modalidades de NASF: “O NASF 1, composto por no mínimo cinco profissionais com formação universitária, entre os seguintes: psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, ginecologista, profissional da educação física, médico homeopata, nutricionista, médico acumpunturista, pediatra, psiquiatra e terapeuta ocupacional. Cada um desses NASF deve estar vinculado a um mínimo de oito e máximo de 20 equipes de ESF, exceto nos estados da Região Norte, onde o número mínimo passa a ser cinco. O NASF 2 deverá ter no mínimo três profissionais, entre os seguintes: psicólogo, assistente social, farmacêutico, fisioterapeuta, fonoaudiólogo, profissional da educação física, nutricionista e terapeuta ocupacional, e se vincular a no mínimo três equipes de ESF”. Os NASF 3 são estabelecimentos que visam promover a atenção integral em saúde e saúde mental, prioritariamente para usuários de crack, álcool e outras drogas na Atenção Básica para Municípios com porte populacional menor que 20.000 (vinte mil) habitantes, devendo obedecer ao disposto na Portaria nº 154/GM/MS, de 24 de janeiro de 2008, que cria os NASF. (CFESS, Brasília, 2010). O MINISTRO DE ESTADO DA SAÚDE, no uso das atribuições que lhe conferem os incisos I e II do parágrafo único do art. 87 da Constituição, e considerando a PORTARIA Nº 3.124, DE 28 DE DEZEMBRO DE 2012, redefine os parâmetros de vinculação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família (NASF) Modalidades 1 e 2 às Equipes Saúde da Família e/ou Equipes de Atenção Básica para populações específicas, cria a Modalidade NASF 3, e dá outras providências. As atribuições dos profissionais do NASF compreendem: conhecer e articular os serviços de saúde e sociais existentes no território; conhecer a realidade socioeconômica e epidemiológica das famílias residentes na área adstrita; identificar, em conjunto com a comunidade e as ESF, o público prioritário para o desenvolvimento das ações, além do tipo de abordagem a ser adotada; atuar na prevenção e na promoção da saúde por meio de ações educativas; promover ações interdisciplinares com as ESF, a partir de discussões de caso realizadas periodicamente, além de apoiar 22 as equipes de AB para populações específicas (BRASIL, 2008, 2009, 2011, 2012; SUNDFELD, 2010). A nova PNAB prevê atribuições ao ACS a serem realizadas em caráter excepcional, assistidas por profissional de saúde de nível superior, membro da equipe, após treinamento específico e fornecimento de equipamentos adequados, em sua base geográfica de atuação, encaminhando o paciente para a unidade desaúde de referência. O Núcleo de Apoio a Saúde da Família (NASF), instituído por meio da Portaria nº 154 de 24 de janeiro de 2008, tem como objetivo apoiar as equipes da Estratégia Saúde da Família (ESF), visando à atuação conjunta e ao desenvolvimento de novas práticas em saúde (BRASIL, 2009). Busca-se a corresponsabilização e a gestão integrada do cuidado, por meio de atendimentos compartilhados com as equipes da ESF, e projetos terapêuticos que envolvam os usuários e que sejam capazes de considerar a singularidade dos sujeitos. Utilizam-se ferramentas validadas pela Política Nacional de Humanização, ou seja, a clínica ampliada, o apoio matricial e o projeto terapêutico singular (NASCIMENTO; OLIVEIRA, 2010). O NASF não é caracterizado como um serviço de livre acesso à população. Os profissionais desses núcleos podem realizar atendimentos individuais e coletivos, de forma pontual, desde que a demanda seja regulada pela ESF. Além disso, os atendimentos devem ser decididos em conjunto com a equipe de referência e outras redes, como a assistência social e outros recursos da comunidade, como associação de moradores, igrejas e escolas (BRASIL, 2011ª). Portanto, esses atendimentos precisam ser programados em conjunto com a equipe, sem que haja o descomprometimento da equipe apoiada e tendo está o cuidado de manter o seguimento do cuidado. Concebido dentro de um modelo assistencial que preconiza não somente outra forma de atenção à saúde, mas a reorganização de todo o processo de trabalho, além de beneficiar o usuário – na medida em que coloca este como o objeto de intervenção, diferentemente do que se realiza no modelo hegemônico que utiliza como objeto de intervenção essencialmente a doença -, beneficia também os profissionais de saúde que atuam nos serviços. Isso porque coloca o profissional como mais um dos atores na construção da intervenção e não como o único ou principal. Nesse diálogo, ou interação entre trabalhador e usuário, ambos contribuem e assumem responsabilidades na condução do processo terapêutico e na própria forma 23 de intervir no processo saúde-doença. O processo de criação de NASF é de iniciativa do gestor municipal. Devem ser identificadas as principais demandas de saúde da região na qual o (s) núcleo (s) será (ão) implantado (s) e considerada a disponibilidade de profissionais na região/município. O projeto de implantação deve ser aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde e ser enviado à Secretaria Estadual de Saúde que, no prazo máximo de 30 dias, encaminha para análise da Comissão Inter gestora Bipartite (CIB). Em não havendo resposta dentro do prazo estipulado, o município pode encaminhar a solicitação de implantação do NASF diretamente ao Ministério da Saúde (BRASIL, 2008). Atualmente no Brasil existem cerca de 5 a 9 ESF e/ou AB para populações específicas (eCR, eSFR e eSFF) vinculadas ao Nasf 1, 3 a 4 eSF e/ou eAB para populações específicas (eCR, eSFR e eSFF) no Nasf 2 e 1 a 2 eSF e/ou eAB para populações específicas (eCR, eSFR e eSFF) equipes no Nasf 3. 3.3 NASF: Princípios e Diretrizes Gerais A principal diretriz a ser praticada pela Nasf é a integridade. De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27, “o conceito de integralidade é também uma das diretrizes do SUS, ao lado da universalidade do acesso, do cuidado organizado em rede, da prioridade das ações preventivas, sem detrimento das assistenciais, bem como da equidade da oferta e das oportunidades em saúde” (CFESS, Brasília, 2010). A integridade pode ser compreendida conforme três sentidos, o primeiro é a abordagem integral do paciente levando em consideração seu contexto familiar, social e cultural, o segundo são as práticas de saúde que são organizadas a partir da integração das ações de promoção, prevenção, habilitação e cura, e por fim uma organização do sistema que garanta o acesso às redes de atenção, conforme surjam as necessidades da população (CFESS, Brasília, 2010). A procura pela integridade dentro dos serviços de saúde deve ser um processo de permanente construção, onde a equipe de Saúde da Família (SF) seja bem acessível e próspera na atenção integral ao paciente. Com isso, agindo em conjunto, as equipes dos Nasf’s devem atuar na função de apoio para que possam incrementar não somente na integridade como também na resolutividade, tendo qualidade no cuidado, havendo ações de promoção de saúde como também o monitoramento e acompanhamento em seus diversos aspectos. 24 Além da integralidade, outros princípios e diretrizes devem orientar as ações a serem desenvolvidas pelo Nasf, com reflexos óbvios no processo de trabalho das equipes de SF. O território é um conjunto de sistemas naturais e artificiais que engloba indivíduos e instituições, independentemente de seu poder. Deve ser considerado em suas divisões jurídicas e políticas, suas heranças históricas e seus aspectos econômicos e normativos. A educação popular em saúde que tem como finalidade a apuração, a sistematização de modos de sentir, pensar, sonhar, querer, agir e se expressar das pessoas. Deve ser um modo orgânico, participativo e prazeroso de cuidar da saúde e de fazer a gestão dos territórios, por meio dos indivíduos, como sujeitos do seu próprio processo de trabalho, do seu conhecimento. Outro princípio é a interdisciplinaridade que é o trabalho em que as diversas ações, saberes e práticas se complementam. Disciplinas implicam condutas, valores, crenças, modos de relacionamento que incluem tanto modos de relacionamento humano quanto de modos de relação entre sujeito e conhecimento. O prefixo “inter” indica movimento ou processo instalado tanto “entre” quanto “dentro” das disciplinas. A interdisciplinaridade envolve relações de interação dinâmica entre saberes. “No projeto interdisciplinar não se ensina, nem se aprende: vive-se, exerce-se”. A participação social envolve o fortalecimento dos espaços sociais, comunitários e locais em geral, com foco na gestão participativa. A intersetorialidade, é o conceito ampliado de saúde e o reconhecimento de uma complexa rede de condicionantes e determinantes sociais da saúde e da qualidade de vida exigem dos profissionais e equipes trabalho articulado com redes/instituições que estão fora do seu próprio setor. A intersetorialidade é essa articulação entre sujeitos de setores sociais diversos e, portanto, de saberes, poderes e vontades diversos, a fim de abordar um tema ou situação em conjunto. A humanização que é entendida como uma possibilidade de transformar as práticas de atenção e gestão no SUS, a partir de construções coletivas entre gestores, trabalhadores e usuários, atores sociais implicados com a produção de saúde. É efetivada quando os princípios do SUS são traduzidos a partir da experiência concreta do trabalhador e do usuário num campo do trabalho concreto e, nesse caso, o usuário deve ser entendido como cidadão em todas suas dimensões e redes de relações. E a promoção da saúde que é uma das estratégias de organização da gestão e das práticas em saúde, não deve ser compreendida apenas como um conjunto de procedimentos que informam e capacitam indivíduos e organizações, ou que buscam 25 controlar as condições de saúde em grupos populacionais específicos. Sua maior contribuição a profissionais e equipes é a compreensão de que os modos de viver de homens e mulheres são produtos e produtores de transformações econômicas, políticas, sociais e culturais. Dessa maneira, as condições econômicas, sociais e políticas do existir não devem ser tomadas, tão somente, como meros contextos – para conhecimento e possível intervenção na realidade –, e sim como práticassociais em transformação, exigindo constante reflexão das práticas do setor saúde. 3.4 O Exercício Profissional Do Assistente Social Nesse Espaço Sócio Ocupacional A presença de assistentes sociais na Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de limitou-se a uma inserção pontual em programas e espaços como nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), Cento de Testagem e Aconselhamento (CTA) e em programas nos quais os profissionais exerciam atividades de competência do assistente social, mas não caracterizadas como exclusivas por sua formação (KRÜGER et al, 2009), como no Núcleo de Prevenção a Violência, na área de capacitação de pessoal, entre outros. Atualmente, a SMS conta com a atuação de assistentes sociais divididos entre espaços de atuação. Comparando-se com outros profissionais inseridos na saúde do município, o assistente social é ainda o que se encontra em menor quantidade, mas o trabalho desses profissionais nos diferentes espaços que ocupam é fundamental na medida em que possibilitam ao usuário o acesso às informações e aos direitos e às equipes com as quais trabalham a ampliação do olhar sobre a saúde, garantindo sua compreensão em seu sentido ampliado e, a partir disso, sua articulação com outras políticas públicas. 26 4 O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL JUNTO A EQUIPE MULTIDISCIPLINAR DO NASF-AB 4.1 Breve Histórico do NASF de Água Branca – PI O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica (NASF-AB) de Água Branca, constitui-se de uma unidade operacional da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Foi oficialmente inaugurado em julho de 2008 na gestão do então Prefeito João Luiz Lopes de Souza. Foi criado pela portaria GM n° 154/08 do Ministério da saúde com o objetivo de apoiar a consolidação da atenção básica no Brasil, ampliando as ofertas de saúde na rede de serviços, assim como a resolutividade, a abrangência e o alvo das ações. Para implantação do NASF-AB I no município de Água Branca- PI, foi realizado um consórcio com a cidade de Lagoinha do Piauí na qual foi elaborado um projeto aprovado pelo conselho Municipal de saúde que criou uma resolução aprovando e enviado para o conselho estadual de saúde. 27 Fonte: Dados da Autora O Núcleo Ampliado de Saúde da Família e Atenção Básica – NASF-AB realiza discussões de casos clínicos, possibilita o atendimento compartilhado entre profissionais tanto na Unidade Básica de Saúde como nas visitas domiciliares, permite a construção conjunta de projetos terapêuticos de forma que amplia e qualifica as intervenções no território e na saúde de grupos populacionais. Essas ações de saúde também podem ser Inter setoriais, com foco prioritário nas ações de prevenção e promoção da saúde. O Serviço Social é uma profissão regulamentada através da Lei 8.662/93. A profissão tem se redefinido desde seus primórdios aos dias atuais, considerando sua inserção na realidade social do Brasil, entendendo que seu significado social se expressa pela demanda de atuar nas sequelas da questão social brasileira, que em outros termos, se revela nas desigualdades sociais e econômicas. O Serviço Social na Instituição atua de forma integrada com a equipe multidisciplinar, composta por Coordenadora, Assistente Social, Farmacêutico, Educador Físico, Fonoaudióloga, Fisioterapeuta, Psicóloga e Nutricionista, tendo papel indispensável no atendimento da Atenção Básica buscando ações para promover a prevenção a saúde. O Assistente Social nos serviços de saúde tem o papel de assegurar a integralidade e o cumprimento das ações previstas na lei orgânica de saúde nº 8080, que descreve os princípios e o funcionamento do sistema único de saúde. 4.2 Compreensão do NASF-AB sobre o trabalho do Assistente Social De acordo com o Caderno de Atenção Básica nº 27, o profissional do Serviço Social na área da saúde, enfatizando os aspectos biopsicossociais, vinculado ao agravamento das condições de saúde da população, exigindo um trabalho em equipe multidisciplinar. Neste aspecto o Assistente Social consolidou uma tarefa educativa em conexão aos hábitos de higiene e saúde, atuando nos programas prioritários estabelecidos pelas normatizações da política de saúde. Na saúde o Serviço Social tem espaços próprios e tradicionais de atuação, mas com o SUS se abriu muitos espaços multidisciplinares, interdisciplinares e interssetoriais, também no âmbito da gestão e planejamento da política, nos quais o Assistente Social pode desenvolver ações não exclusivas da profissão (KRÜGER, 28 2010, p. 123 e 124). Social é fundamental para o que prevê a Portaria nº 154, que regulamenta a criação dos NASF. O NASF-AB é uma modalidade de equipe formada por diferentes profissões e/ou especialidades. Constitui-se como apoio especializado na Atenção Básica, mas não atua como um ambulatório de especialidades como também não se constitui porta de entrada do sistema para os usuários, mais sim de apoio as equipes de ESF. As intervenções diretas do NASF-AB frente aos usuários e famílias podem ser realizadas, mas sempre sob encaminhamentos das equipes de saúde da família com discussões e negociação a prioridade entre os profissionais responsáveis pelo caso. Tal atendimento direto e individualizado pelo NASF-AB ocorrerá apenas em situações extremamente necessárias. Seu principal objetivo é apoiar a inserção da Estratégia de Saúde da Família na rede de serviços. O mesmo realiza atividades com as equipes de Saúde da Família, bem como atividades assistenciais diretas aos usuários (com indicações, critérios e fluxos pactuados com as equipes e a gestão); recebe a demanda a partir da discussão compartilhada com as equipes de ESF que apoia, e não por meio de encaminhamentos impessoais; deve estar disponível para dar suportes em situações programadas e também imprevistas, tal como situação de urgência. O NASF-AB é composto de nove áreas estratégicas, que representa diversos capítulos da presente publicação. São elas: Saúde da criança/ou adolescente e do jovem; Saúde mental; Reabilitação/saúde integral da pessoa idosa; Alimentação e nutrição; Serviço social; Saúde da mulher; Assistência farmacêutica; Atividade física/práticas corporais; Práticas integrativas e complementares; O governo federal repassa recursos para a implantação e custeio dos núcleos, respeitando as particularidades de cada modalidade (NASF 1, NASF 2 e NASF 3). É responsabilidade do gestor municipal definir a composição de cada núcleo, a partir das necessidades de saúde do território. 29 E tem como visão ser um núcleo de apoio quanto aos atendimentos dos casos referenciados O município de Água Branca-PI habilitado em gestão plena do sistema municipal de saúde é um município que possui uma população estimada de 17.068 habitantes (ANO BASE 2016). Onde a rede básica de saúde está constituída de 07 (sete) Equipes de Saúde da Família, 07 (sete) equipes de saúde bucal e 01 (uma) Equipe NASF AB em pleno funcionamento, a atenção básica no município de Água Branca-PI é composta por cerca de 98 profissionais. O NASF-AB de Água Branca-PI está vinculado a (07) sete equipes de saúde da família e para a implantação do NASF AB no município foi realizado um consórcio na época com a cidade de lagoinha do Piaui. Foi elaborado um projeto o qual foi aprovado pelo Conselho Estadual de Saúde. O Conselho Estadual criou uma nova resolução enviando para o conselho nacional de saúde o qual homologou a criação do NASF no município e este foi contemplado em maio de 2008, sendo inaugurado em 1º de julho de 2008.Atualmente o NASF-AB funciona em uma sala de apoio no prédio da Secretaria Municipal de Saúde com a inscrição no CNES nº 2.593.475, situada na Avenida Neco Teixeira, nº1720, Bairro São Luís, tendo em vista que as unidades básicas de saúde não possuem estrutura física adequada para acolher equipe NASF AB. O NASF-AB tem como missão ser um apoio às equipes de saúde da família e tendo como eixo de trabalho a responsabilidade, gestão compartilhada apoiando a coordenação do cuidado que se pretende pela saúde da família, pelas equipes de saúde família-ESF. A integralidade é principal diretriz exercida pelo NASF AB que é ligado à Secretaria Municipal de Saúde, de forma a garantir o apoio as UBS no que se refere a abordagem integral do indivíduo em sua longitudionalidade, as práticas de saúde são organizadas a partir da integração das ações de promoção, prevenção, reabilitação e cura, além da organização do sistema de saúde de forma a garantir o acesso dos usuários a rede de atenção básica conforme suas necessidades. O NASF AB de Água Branca possui uma equipe composta pelos seguintes profissionais (01) coordenadora, (01) Assistente Social, (01) Psicóloga, (01) Nutricionista, (01) Educador Físico, (01) Fonoaudióloga, (01) farmacêutico e (01) Fisioterapeuta. Essa equipe é responsável pelo escopo da atenção básica no município. O NASF AB é responsável pelo apoio e acompanhamento das equipes das 30 Unidades Básicas de Saúde - UBS. Objetiva ampliar a abrangência e o escopo das ações da Atenção Primária, bem como sua resolutividade. A instituição segue o seguinte processo de trabalho junto as Unidades Básicas de Saúde: agenda de reuniões de matricialmente com as equipes de Atenção básica- AB com periodicidade variável (no mínimo mensal e no máximo semanal), Inter consulta, Educação Permanente, Sala de Espera, Encaminhamento para serviço de referência, Programa Saúde na Escola, Grupos Educativos, Atendimentos individuais, Atendimentos domiciliares, de grupos e atividades coletivas. Bem como Espaço destinado à elaboração de materiais de apoio, rotinas, protocolos e outras ações de educação permanente, reservado na agenda sob demanda quando acordadas tais ações com as equipes vinculadas. No cotidiano da instituição conta também com reunião entre os profissionais do NASF e com as equipes ESF e de outros pontos de atenção do município sempre que necessária. QUADRO 1 Modalidades do Núcleo de Apoio à Saúde da Família segundo atividades realizadas NASF - AB ATIVIDADES REALIZADAS Atendimentos individuais e compartilhados; Visitas domiciliares; Apoio matricial; Ações integrais à saúde; Avaliação e atendimento individual; Projeto Terapêutico Singular; Atividades Laboral; Educação Permanente; Encaminhamento para Serviço de Referência; Reuniões com EAB apoiadas; Elaboração de Relatórios sociais, Parecer Social, Laudo social; Registro das Ações Realizadas; Realização ações de responsabilidade sanitária; Atividades assistenciais; Programa Saúde na escola; Terapia comunitária; Oficinas; Acompanhamento Bolsa Família; Interconsultas; Grupos Educativos; 31 5 METODOLOGIA A metodologia da presente pesquisa caracterizou-se inicialmente como pesquisa bibliográfica e documental para o embasamento teórico com análises em documentos, artigos científicos e sites. No segundo momento foi realizada a pesquisa-campo no A pesquisa de campo foi realizada no Núcleo de Apoio à saúde da Família – NASF, localizado na Av. Neco Teixeira s/n, Bairro São Luís da cidade de Água Branca-PI, para a coleta de dados e aplicação do questionário para obter a análise de dados. Tal estudo é classificado por Lakatos e MARCONI (2011, p.69): “pesquisa de campo consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem espontaneamente, na coleta de dados a eles referentes e no registro de variáveis que se presume relevantes, para analisá-los”. Com desenvolvimento da pesquisa qualitativa foi possível a detecção que os profissionais debateram questões uns com os outros, com relação ao trabalho da equipe multidisciplinar de Água Branca –PI. Segundo RICHARDSON, (1989), a abordagem de cunho qualitativo trabalha os dados buscando seus significados, tendo como base a percepção do fenômeno dentro do seu contexto. Para tanto, na metodologia inicial seria realizado com todos os profissionais do NAS-AB, porém no decorrer do processo alguns profissionais não realizaram o questionário. Com isso, a metodologia utilizada foi uma pesquisa de campo, foi escolhida como instrumento um questionário estruturado de 05 questões para 3 profissionais do NASF e um questionário semiestruturado contendo 05 questões para o Assistente Social do NASF-AB de Água Branca- PI. 32 6 ANÁLISE DE DADOS Nos resultados e discussão serão apresentadas as características da equipe multidisciplinar do NASF-AB; os resultados sobre o trabalho em equipe dos profissionais que compõe o NASF-AB de Água Branca- PI. Quadro 01 - Quais as atividades desenvolvidas no NASF-AB? Profissional 1 Atendimentos individuais, atendimentos compartilhados, visitas domiciliares, matriciamentos, atendimentos em grupos, dentre outros. Profissional 2 São realizados atendimentos individuais, coletivos, visitas domiciliares, matriciamentos, dentre outros. Profissional 3 Apoio matricial nas UBS, atendimento individual, atendimento em grupo e multiprofissional, sala de espera, palestra, visitas domiciliares. Fonte: Dados da Autora As atividades de apoio direto às equipes de SF e SB, por meio desses atendimentos, devem ser intervenções frequentes na rotina de trabalho de um profissional do NASF e abrangem tanto a dimensão clínica e sanitária quanto a pedagógica - ou até ambas ao mesmo tempo. Os atendimentos compartilhados contribuem para que os profissionais da SF/SB possam conduzir casos semelhantes com maior autonomia, tornando estas equipes mais resolutivas (Indicadores do PMAQ: NASF, 2017). Outro importante recurso a ser utilizados pelos profissionais do NASF são os trabalhos em grupo, especialmente grupos terapêuticos e operativos, e os atendimentos individuais específicos, que são essenciais para a resolutividade da AB e devem ser definidos e pactuados junto às equipes SF/SB apoiadas e com gestão municipal. Essas atividades possuem um maior potencial de impacto tanto no trabalho das equipes de saúde da família quanto na população coberta, sendo necessário um equilíbrio na oferta de atividades realizadas por esses profissionais. Quadro 02 - Que sistema de informação utiliza para registrar suas atividades? Profissional 1 Ficha de atendimento do E-SUS e ATA. 33 Profissional 2 Mapa de produção, E-SUS eletrônico e físico, caderno de ATA e evolução. Profissional 3 Ficha de atendimento do E-SUS e ATA. Fonte: Dados da Autora O e-SUS/SISAB é o sistema de informação vigente e que deve ser utilizado pelos profissionais do NASF para o de suas atividades. O NASF irá utilizar as mesmas fichas que os profissionais da equipe Saúde da Família utilizam para este registro a saber: ficha de atendimento individual e ficha de atendimento coletivo. Quadro 03 - Como se dá o trabalho multidisciplinar pelos profissionais do NASF-AB? Profissional 1 Sempre há reuniões entre os profissionais para discussão de casos e elaboração de projetos terapêuticos e relações interssetorial entre as secretárias. Profissional 2 Sempre há reunião entre os profissionais do NASF e das coordenadoras das UBS, discussão decasos, e elaboração de projetos. Profissional 3 Sempre há reuniões entre os profissionais para discutir casos e elaborar projetos terapêuticos e ocorre também interações interssetorial entre as secretárias. Fonte: Dados da Autora Segundo os profissionais, percebe se que há sempre reuniões para discutir casos, pois os profissionais do NASF devem atuar de maneira integrada e apoiando os profissionais das Equipes Saúde da Família, das Equipes de Atenção Básica para populações específicas, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob responsabilidade destas equipes, populações específicas, compartilhando as práticas e saberes em saúde nos territórios sob responsabilidade destas equipes. Quadro 04 - Quais são os desafios e limites? Profissional 1 Os desafios começam a partir do próprio usuário, pois alguns as vezes contem em resistir ou não seguir o tratamento; dentre os limites, os mais difíceis são em relação ao incentivo financeiro para desenvolver a vida melhor dos usuários. Profissional 2 Temos problemas no transporte para fazer visitas, problemas com faltas de materiais. Temos alguns problemas em relação aos encaminhamentos incompletos. 34 Profissional 3 Falta de compreensão da função do NASF pela gestão e profissionais da AB. Falta de entendimento da ideia de apoio (apoiar não é fazer por, é fazer com). Fonte: Dados da Autora Os indivíduos são sujeitos que amam, sofrem, adoecem, buscam suas curas, necessitam de cuidados, lutam por seus direitos e desejos. Então, a gestão em saúde chega para favorecer a promoção da saúde e fomentar a reflexão sobre o objeto da saúde, compromissos pessoal e profissional, responsabilidade sanitária e a qualidade do processo de trabalho da equipe de saúde. O Sistema Único de Saúde (SUS) é um sistema democrático e para produzir mudanças de prática de gestão neste sistema é fundamental construir novos pactos para a reorganização do SUS, dialogar com práticas e concepções vigentes. E, direcionar a política de saúde para o desencadeamento de um processo amplo que inclui a articulação de parcerias, atuações Interssetoriais e participação popular, que otimize os recursos disponíveis e garanta sua aplicação em políticas que respondam efetiva e integralmente às necessidades da sociedade (CHRIZOSTIMO, 2006). Quadro 05 – Existe uma rotina de reuniões entre os profissionais? Profissional 1 Sim, cronograma mensal com datas e horários sujeito a alterações para discussão de problema e casos. Profissional 2 Sim, uma vez por mês. Profissional 3 Reuniões mensais com datas e horários sujeitos a alterações Fonte: Dados da Autora Percebe se que ocorre reuniões mensalmente, para elaboração de projetos, planejamento, discussão de casos, dentre outros. Com o objetivo de compreender o trabalho do Assistente Social no NASF-AB de Água Branca - PI foi realizado o seguinte questionamento: Na primeira questão direcionada ao Assistente Social buscou saber como se dá o trabalho multidisciplinar no NASF-AB. Em resposta a isso: Dá se da seguinte forma, os profissionais irão compartilhar sua prática e os seus saberes em ATO para que as equipes sejam capazes de resolver os problemas mais comuns. Agrega recursos de saber. Faz-se na construção e ativação dos espaços para uma comunicação ativa para compartilhamento de conhecimento. O trabalho da equipe NASF AB preconiza atuar de forma multidisciplinar, ou seja, um conjunto de 35 especialistas, em diversas áreas, trabalhando em equipe em busca de um objeto comum. Ressalto ainda que toda ação deve ser desenvolvida de forma interdisciplinar e integrada com os demais profissionais das equipes, partindo de um conhecimento aprofundado do território de abrangência, de seu perfil epidemiológico, do mapeamento das situações e áreas de maior risco. O trabalho do Nasf começa a partir de uma identificação das equipes da Estratégia de Saúde da Família (ESF) que levantam dados sobre os pacientes. O diagnóstico é compartilhado e, então, define-se o melhor atendimento para cada situação. Exemplos são os grupos de gestantes, diabéticos, hipertensos e idosos formados a partir da necessidade dos pacientes. A atuação acontece por meio de visitas domiciliares; atendimentos individuais (quando necessário) e conjuntos; palestras, capacitações e, também, como assistência às equipes de ESF. “Capacitamos os próprios profissionais das unidades dentro da área de atuação de cada um. Os agentes, por exemplo, que fazem as visitas domiciliares da atenção básica passam por sessões de alongamento e outras atividades relativas ao trabalho que exercem. Cada NASF poderá ter características de trabalho diferentes a depender da região, da equipe e do perfil da ESF (LANCHMAN et al, 2013). Deste modo, as ações devem ser planejadas com base nas necessidades de saúde da população, levando em consideração as particularidades de cada território e em articulação com as equipes de referência. Na segunda questão buscou saber quais são as atividades realizadas pelo Assistente Social no NASF-AB? São realizadas as seguintes atividades: Reuniões com EAB apoiadas; Reuniões de equipes NASF; Apoio Matricial; Atendimento às situações urgentes e imprevistas; Monitoramento das solicitações de apoio; Registro de ações realizadas; Realização ações de responsabilidades sanitária; Elaboração de PTS individual e coletivo; Apoio com trabalhos em grupo; Visitas domiciliares; Atendimento compartilhado; Atividades Assistenciais; Educação permanente com as EAB apoiadas; Auxílio no encaminhamento a outros serviços de atenção e Ações de Atenção Integral à saúde. Para realização do trabalho, inúmeras atividades podem ser desenvolvidas, que abrangem tanto a dimensão clínica e sanitária quanto a pedagógica (ou até ambas ao mesmo tempo), a saber: discussões de casos, atendimento em conjunto com profissionais das equipes apoiadas, atendimentos individuais e posteriormente 36 compartilhados com as equipes, construção conjunta de Projetos Terapêuticos Singulares, educação permanente, intervenções no território e em outros espaços da comunidade para além das unidades de saúde, visitas domiciliares, ações Interssetoriais, ações de prevenção e promoção da saúde, discussão do processo de trabalho das equipes etc. Na terceira questão buscou saber quais instrumentos utilizados pelo Assistente Social? Relatório Social; Estudo Social; Parecer Social; Observação; Entrevista Individual e Grupal; Dinâmica de Grupo; Reunião; Mobilização Comunitária; Visita Domiciliar; Visita Institucional; Atas de Reuniões; Livro de Registro, Mapa de Produção; Ficha de Visitas domiciliares; Ficha de Acompanhamento Social; Referência e Contra Referência; PTS- Projeto Terapêutico Singular; Prontuário eletrônico; Sistema de Informação de Atenção Básica – SIAB; Fichas do E-SUS; Mapa de produção. A utilização desses instrumentais no cotidiano da prática profissional é um fator preponderante para o Assistente social. Como todos os profissionais têm seus instrumentos de trabalho, e sendo o assistente social um trabalhador inserido na divisão social e técnica do trabalho, necessita de bases teóricas, metodológicas, técnicas e ético-políticas necessárias para o seu exercício profissional. Os instrumentais técnico-operativos são como um “conjunto articulado de instrumentos e técnicas que permitem a operacionalização da ação profissional” (MARTINELLI, 1994 p. 137). Na quarta questão buscou saber a realização de atendimentos domiciliares é uma atribuição dos profissionais do NASF-AB? Como se dá esse atendimento domiciliar? A visita domiciliar é um dos instrumentos técnicos mais requisitadospara nós assistentes sociais do NASF, pois facilita a aproximação do profissional à realidade do usuário, podendo assim intervir com mais eficácia, informando e orientando os caminhos que o usuário possa desconhecer para acessar os seus direitos. Passamos a apreender ainda mais a realidade dos nossos usuários, temos uma melhor compreensão acerca das condições de vida dos usuários, que envolvem a situação de moradia (residência e bairro) e as relações familiares e comunitárias. Dessa forma, os atendimentos domiciliares compartilhados realizados por profissionais da ESF e do Nasf seguem a mesma metodologia e sistemática que 37 embasa as ações da atenção domiciliar como um todo. Existem, contudo, algumas particularidades inerentes à dinâmica do processo de trabalho fundamentado no apoio matricial. A principal delas consiste no fato de os profissionais do Nasf não terem vinculação direta/imediata com os usuários. O vínculo primário do usuário dar se há com a equipe de Saúde da Família, e é justamente a qualidade desse vínculo que determinará uma série de fatores essenciais ao êxito das intervenções propostas. Assim, durante a fase de avaliação inicial de um caso, além das informações coletadas no prontuário e com os profissionais que solicitam o apoio, os atendimentos domiciliares compartilhados podem surgir como importante elemento auxiliar na coleta de informações sobre a família e seu funcionamento. Antes dos atendimentos domiciliares compartilhados, devem-se discutir os seus objetivos, estabelecer um roteiro básico a ser seguido e definir quais profissionais acompanharão o ACS durante a intervenção. Na quinta questão buscou saber quais formas de registro utilizado no seu cotidiano profissional no NASF-AB? Relatório mensal/anual; Estudo Social; Parecer; Encaminhamentos e outros. São instrumentais utilizados no cotidiano do trabalho do Assistente Social para registros de seu exercício profissional. Os registros de procedimentos referentes à produção de serviços realizada pelos profissionais cadastrados nos NASF deverão ser registrados no SIA/SUS, mas não gerarão créditos financeiros. 38 7 CONSIDERAÇÕES FINAIS Diante do trabalho do Assistente Social junto a equipe multidisciplinar, observou- se que o NASF surge como apoio as ESF e consigo traz o Assistente Social, profissional capaz de trabalhar com questão social nas suas mais variadas expressões, e atuarem na defesa dos direitos sociais, visando qualificar a atenção à saúde e melhorar a sua resolutividade. Conforme fora preconizado, a definição dos profissionais que compõe o NASF é de responsabilidade dos gestores municipais e a ESF deverá criar espaços de discussões para gestão. Desta maneira, o NASF não se constitui porta de entrada do sistema para os usuários, mas apoio às equipes de saúde da família e tem como eixos a responsabilização, gestão compartilhada e apoio à coordenação do cuidado, que se pretende, pela saúde da família. No entanto, consideramos que por se tratar de uma estratégia inovadora, vários desafios deverão ser superados e que a prática do assistente social deve estar pautada nos fundamentos teórico-metodológicos, ético-político e técnico-operativo, possibilitando assim, que o profissional estabeleça um olhar crítico para o enfrentamento da realidade, realizando juntamente com toda equipe e com os sujeitos políticos envolvidos, estratégias criativas e inovadoras. 39 REFERÊNCIAS ANDRADE, Lucas Melo Biondi et al. Análise da implantação dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família no interior de Santa Catarina. Rev. Saúde e Transformação, Florianópolis, v.3, n.1, p.18-31, 2012. 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