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NORMAS TÉCNICAS EM SEGURANÇA DO TRABALHO (NR) Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa GRADUAÇÃO Unicesumar Ficha catalográica elaborada pelo bibliotecário João Vivaldo de Souza - CRB-8 - 6828 Impresso por: Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi NEAD - Núcleo de Educação a Distância Diretoria Executiva Chrystiano Minco� James Prestes Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard Coordenador de Conteúdo Luciano Santana Designer Educacional Maria Fernanda Vasconcelos Projeto Gráico Jaime de Marchi Junior José Jhonny Coelho Arte Capa Arthur Cantareli Silva Ilustração Capa Bruno Pardinho Editoração André Morais de Freitas Qualidade Textual Keren Pardini Ilustração André Luís Onishi C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância; COSTA, Tiago Ribeiro da. Normas Técnicas em Segurança do Trabalho (NR). Tiago Ribeiro da Costa. Maringá-Pr.: UniCesumar, 2015. Reimpresso em 2018. 206 p. “Graduação - EaD”. 1. Normas Técnicas. 2. Segurança do Trabalho. 3. EaD. I. Título. ISBN 978-85-459-0147-1 CDD - 22 ed. 363 CIP - NBR 12899 - AACR/2 Em um mundo global e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e proissionalismo, não so- mente para oferecer uma educação de qualidade, mas, acima de tudo, para gerar uma conversão in- tegral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em 4 pilares: intelectual, proissional, emocional e espiritual. Iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil: nos quatro campi presenciais (Maringá, Curitiba, Ponta Grossa e Londrina) e em mais de 300 polos EAD no país, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares por ano. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 em 7 anos consecutivos. Estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educa- dores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter pelo menos três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a quali- dade. Por isso, desenvolvemos, para os cursos de Engenharia, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando proissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Vamos juntos! Pró-Reitor de Ensino de EAD Diretoria de Graduação e Pós-graduação Seja bem-vindo(a), caro(a) acadêmico(a)! Você está iniciando um processo de transformação, pois quando investimos em nossa formação, seja ela pessoal ou proissional, nos transformamos e, consequentemente, transformamos também a sociedade na qual estamos inseridos. De que forma o fazemos? Criando oportu- nidades e/ou estabelecendo mudanças capazes de alcançar um nível de desenvolvimento compatível com os desaios que surgem no mundo contemporâneo. O Centro Universitário Cesumar mediante o Núcleo de Educação a Distância, o(a) acompanhará durante todo este processo, pois conforme Freire (1996): “Os homens se educam juntos, na transformação do mundo”. Os materiais produzidos oferecem linguagem dialógica e encontram-se integrados à proposta pedagógica, con- tribuindo no processo educacional, complementando sua formação proissional, desenvolvendo competên- cias e habilidades, e aplicando conceitos teóricos em situação de realidade, de maneira a inseri-lo no mercado de trabalho. Ou seja, estes materiais têm como principal objetivo “provocar uma aproximação entre você e o conteúdo”, desta forma possibilita o desenvolvimento da autonomia em busca dos conhecimentos necessá- rios para a sua formação pessoal e proissional. Portanto, nossa distância nesse processo de cresci- mento e construção do conhecimento deve ser apenas geográica. Utilize os diversos recursos pedagógicos que o Centro Universitário Cesumar lhe possibilita. Ou seja, acesse regularmente o Studeo, que é o seu Ambiente Virtual de Aprendizagem, interaja nos fóruns e enquetes, assista às aulas ao vivo e participe das dis- cussões. Além disso, lembre-se que existe uma equipe de professores e tutores que se encontra disponível para sanar suas dúvidas e auxiliá-lo(a) em seu processo de aprendizagem, possibilitando-lhe trilhar com tranqui- lidade e segurança sua trajetória acadêmica. Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa Engenheiro Agrônomo (Universidade Estadual de Maringá - 2007), Engenheiro de Segurança do Trabalho (Universidade Estadual de Maringá - 2010). Mestre em Genética Quantitativa e Melhoramento Vegetal (Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento - PGM / Universidade Estadual de Maringá - 2010). A U T O R E S SEJA BEM-VINDO(A)! Prezado(a) acadêmico(a), Seja bem-vindo(a) a esta humilde contribuição ao seu aprendizado, intitulada “Normas Técnicas em Segurança do Trabalho (NR)”. Por meio desta obra, o(a) convido a conhecer os aspectos mais importantes de nosso maior mecanismo prevencionista: as Normas Regulamentadoras. Antes de nos aprofundar neste assunto, permita-me apresentar-me: me chamo Tiago Ribeiro da Costa. Sou Engenheiro Agrônomo e Engenheiro de Segurança do Trabalho, formado pela Universidade Estadual de Maringá em 2007 e 2010, respectivamente. Tam- bém sou Mestre na área de concentração em Genética Quantitativa e Melhoramento Ve- getal, pelo Programa de Pós-Graduação em Genética e Melhoramento da Universidade Estadual de Maringá – PGM/UEM, obtendo esse título também no ano de 2010. No campo da Segurança do Trabalho e Saúde Ocupacional, atuo desde 2011, quando iniciei os meus trabalhos como docente no curso no qual me formei. Um dos maiores desaios (e prazeres) na minha vida foi ter me tornado professor de Engenharia de Se- gurança do Trabalho. Paralelo a isso, no mesmo ano, iniciei meus trabalhos no ramo de Consultoria Agronômica e de Segurança do Trabalho, no qual me encontro atuando até hoje com empresa própria. Concilio esse trabalho com as atividades de docência, inclusive aqui, pelo Centro Univer- sitário Cesumar, onde sou professor, desde 2012, dos cursos de Tecnologia em Agrone- gócios, Tecnologia em Gestão Ambiental, Tecnologia em Gestão Comercial e Graduação em Agronomia. Atualmente faço parte também do Curso de Graduação Tecnológica em Segurança no Trabalho e é um prazer dividir meus conhecimentos e experiências com todos os alunos e, especialmente, com você, que me lê neste momento. Você deve estar se perguntando: “o que será que eu vou ver por meio deste livro?”; ou ainda, “o que eu poderei fazer com os conhecimentos que serão adquiridos por meio da leitura deste livro?”. Essas seriam perguntas que eu faria em seu lugar, caso estivesse lendo esta obra pela primeira vez. Para começar a respondê-las, informo-lhe que o tema principal são as Normas Regula- mentadoras em Segurançano Trabalho. Essas normas estão na terceira linha de ação dos dispositivos legais que garantem o direito universal ao trabalho digno, seguro e salutar ao cidadão brasileiro. Consideramos as NRs como uma “terceira linha”, pois elas são elementos que operacio- nalizam o direito. É quase a mesma relação entre a lei e o decreto. A primeira discorre sobre o direito ou os deveres dos cidadãos sobre determinada temática; a segunda es- tabelece o funcionamento da primeira, gerando as diretrizes necessárias para sua boa implementação. Acima das NRs, somente existem a Lei 6.514/77, que dispõe sobre sua criação (e sua respectiva Portaria 3.214/78, que estabelece as temáticas iniciais das NRs), e a própria Constituição da República Federativa do Brasil. APRESENTAÇÃO NORMAS TÉCNICAS EM SEGURANÇA DO TRABALHO (NR) Para que possamos entender a evolução da legislação, até chegarmos às NRs, e para compreendermos seus aspectos principais, estabeleci uma didática onde o assunto foi dividido em cinco unidades, da maneira como segue: Na unidade I, “Contextualização das Normas Regulamentadoras do Trabalho”, abor- daremos os aspectos históricos ligados à criação de normas e seus elementos pre- decessores. Você verá que as preocupações com a realização segura das diferentes práticas laborais já haviam sido traduzidas na forma de leis, diretrizes e ensinamen- tos que datam do Egito Antigo, com a publicação do papiro Anastacius V. A partir desse momento histórico, demonstraremos como esta questão evoluiu até chegar- mos aos dias atuais. Já em nossa unidade II, “Análise sobre as Normas Regulamentadoras do Trabalho – Parte I”, estabeleceremos o conhecimento sobre as Normas Regulamentadoras em si, explorando-as em seu conceito e gênese. Você aprenderá sobre os desdo- bramentos que possibilitaram sua criação aqui no Brasil, ao mesmo tempo em que entenderá sobre o processo burocrático e os atores que se encontram envolvidos na elaboração de uma NR. Também, nessa unidade, iniciaremos nossos estudos aplica- dos sobre os elementos básicos de cada Norma Regulamentadora, onde abordare- mos sobre as Normas Regulamentadoras de nº 1 (Disposições Gerais) até a de nº 6 (Equipamento de Proteção Individual - EPI). Nas unidades III, IV e V, daremos continuidade à metodologia utilizada ao inal da segunda unidade para compreendermos os elementos principais de cada norma regulamentadora. Na unidade III, “Análise sobre as Normas Regulamentadoras do Trabalho – Parte II”, abordaremos sobre as Normas Regulamentadoras de nº 7 (Programa de Controle Médico e de Saúde Ocupacional – PCMSO) até a de nº 16 (Atividades e Operações Perigosas). Já na unidade IV, “Análise sobre as Normas Re- gulamentadoras do Trabalho – Parte III”, abordaremos sobre as Normas Regulamen- tadoras de nº 17 (Ergonomia) até a de nº 28 (Fiscalizações e Penalidades). Por im, na unidade V, “Análise sobre as Normas Regulamentadoras do Trabalho – Parte Final”, abordaremos as Normas Regulamentadoras de nº 29 (Segurança e Saúde no Traba- lho Portuário) até nossa última norma, a NR-36 (Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados). APRESENTAÇÃO APRESENTAÇÃO Também, em nossa última unidade, faremos uma breve abordagem acerca das perspectivas relacionadas à criação de novas normas e à atualização das existentes, explorando as possibilidades dessas intervenções em relação ao aumento da com- plexidade das práticas laborais. Para auxiliar você, iz questão de abordar os temas com uma linguagem bastante acessível. Além disso, tivemos o cuidado de inserir elementos facilitadores no seu aprendizado, os quais apresentarão textos complementares, sugestões de literatu- ras e outras mídias e exercícios de ixação. Não deixe de fazê-los! Seja proativo(a) em sua ação de ensino-aprendizagem. Vamos iniciar a nossa leitura? Mas antes disso, caso você encontre alguma incon- sistência em nosso material ou mesmo queira discutir de maneira mais aprofunda- da algum conteúdo por aqui explanado, não hesite em entrar em contato comigo, por meio do e-mail <tiago.costa@unicesumar.edu.br>. Certamente será um prazer atendê-lo(a). Desejo-lhe uma boa leitura e sucesso nos estudos! Prof. Tiago Costa SUMÁRIO UNIDADE I CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO 15 Introdução 16 Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras 30 Normas Regulamentadoras em Nível Local 33 Normas Regulamentadoras: Prefácio 39 Considerações Finais UNIDADE II ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE I 47 Introdução 48 Normas Regulamentadoras: Atores Envolvidos em seu Processo de Criação 52 Normas Regulamentadoras: Quem é Obrigado a Segui-las? 53 Normas Regulamentadoras nº 01 A 06: Uma Abordagem Técnica 76 Considerações Finais SUMÁRIO 11 UNIDADE III ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE II 85 Introdução 86 Normas Regulamentadoras Nº 07 a 10: Uma Abordagem Técnica 99 Normas Regulamentadoras nº 11 a 13: uma Abordagem Técnica 106 Normas Regulamentadoras Nº 14 a 16: uma Abordagem Técnica 111 Considerações Finais UNIDADE IV ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE III 119 Introdução 120 Normas Regulamentadoras Nº 17 a 20: uma Abordagem Técnica 134 Normas Regulamentadoras nº 21 a 23: uma Abordagem Técnica 144 Normas Regulamentadoras nº 24 a 28: uma Abordagem Técnica 151 Considerações Finais SUMÁRIO UNIDADE V ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE FINAL 159 Introdução 160 Normas Regulamentadoras nº 29 A 32: uma Abordagem Técnica 173 Normas Regulamentadoras nº 33 A 36: uma Abordagem Técnica 187 Perspectivas Sobre as Normas Regulamentadoras 190 Considerações Finais 197 CONCLUSÃO 199 REFERÊNCIAS 205 GABARITO U N ID A D E I Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO Objetivos de Aprendizagem ■ Objetivo de AprendizagemCompreender o contexto social que proporcionou a evolução histórica dos elementos predecessores às Normas Regulamentadoras. ■ Apresentar as normas regulamentadoras em nível local. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Aspectos históricos relacionados à criação das Normas Regulamentadoras ■ Normas Regulamentadoras em nível local ■ Normas Regulamentadoras: prefáciol INTRODUÇÃO Neste momento, iniciamos nossos estudos sobre as Normas Regulamentadoras do Trabalho, criadas pelo Ministério do Trabalho e Emprego para regulamentar as práticas laborais de todas as empresas legalizadas que operam suas atividades no território nacional. Pode-se dizer que o advento das Normas Regulamentadoras surge não somente como um marco regulatório para orientar as empresas sobre a forma como as práticas laborais devem ser executadas, mas do ponto de vista da Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho, mais do que isso, as Normas Regulamentadoras apresentam “instruções” que são vinculadas aos postos de trabalho e aos seus instrumentais. Creio que você deve ter uma noção do que são as Normas Regulamentadoras, ainal, todo trabalhador, independente do setor econômico ou do ramo em que trabalha, obedece, com maior ou menor intensidade, ao disposto em tais normas. Mas será que você sabe como chegamos ao nível do desenvolvimento atual das Normas Regulamentadoras? Para responder a essa e outras dúvidas que possam surgir, apresento-lhe esta primeira unidade, a qual tem por objetivo apresentar as informações históricas e contemporâneas sobre as Normas Regulamentadoras, de maneira que você tenha condições de formar um entendimento consolidadosobre a trajetória dos acontecimentos históricos e trabalhistas que levaram ao desenvolvimento dessas normas, tal como elas se apresentam atualmente. Provavelmente, uma das percepções que você terá a respeito desse assunto será relacionada à marcante diferença entre os cenários mundial e brasileiro no desenrolar dos fatos que encaminharam à criação não somente das Normas Regulamentadoras, mas também das leis trabalhistas. Guarde esta frase: “O Brasil pegou o ‘bonde andando’ no que concerne às leis trabalhistas e às Normas Regulamentadoras. Mas, por quê?” Esta dúvida e outras mais serão respondidas ao longo desta primeira unidade. Vamos adentrar em nossos estudos? Boa lei- tura e um ótimo aprendizado! Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 15 CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E16 ASPECTOS HISTÓRICOS RELACIONADOS À CRIAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS Quando o assunto é “Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho”, muitos pes- quisadores e entusiastas sobre o assunto tendem a estabelecer pesquisas históricas que remetem aos tempos da Revolução Industrial, mas iniciaremos pelo perí- odo pré-revolução industrial. PERÍODO PRÉ-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL A revolução industrial tratou-se de um período de tamanha efervescência no cenário produtivo que “reverberações” foram observadas não somente na pro- dutividade, mas também na saúde e integridade física dos trabalhadores. Entretanto, devemos nos ater ao fato de que nosso foco de estudo são as Normas Regulamentadoras. Como este termo,Normas Regulamentadoras, e seu formato são mais recentes, datados da década de 1980, o que podemos esperar ao analisar o período histórico é encontrar dispositivos orientadores ou mesmo legais que se assemelhem às Normas Regulamentadoras. Você notou que utilizamos o termo “Período Histórico”? Quando nos refe- rimos a tal período, estamos focando o período compreendido entre 4.000 anos antes de Cristo (época aproximada da invenção da escrita) e os dias atuais. Essa divisão, para nós, da área de Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho, é bastante interessante, tendo em vista que, ao lidar com normas e diretrizes, necessariamente lidamos com documentos escritos e não seria lógico estudar as Normas Regulamentadoras ou seus documentos prede- cessores em uma época onde a escrita não se conigurava. Fonte: o autor. Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 17 Assim, nosso ponto de partida não é a Revolução Industrial, mas, sim, a História Antiga, mais precisamente o ano de 2.360 a.C. no Império Egípcio. Segundo Juliana (2015), naquele período, ocorreu a primeira descrição de um posto de trabalho, com a produção do papiro Anastacius V. Esse documento descrevia as condições de trabalho de um talhador de rochas para a construção de mora- das imperiais. Da mesma forma, esse documento já previa formas de se executar esse trabalho de maneira mais segura. Leia um trecho desse documento traduzido para o português: “[...] se tra- balhares sem vestimenta, teus braços se gastam e tu te devoras a ti mesmo, pois não tens outro pão que não teus dedos. [...]” (ANASTACIUS V apud JULIANA, 2015, online). Perceba que esse trecho possui como maior característica a orientação ao trabalho, algo que é inerente às atuais Normas Regulamentadoras. Todavia, é de se destacar que não se trata de um dispositivo legal, com seu caráter impositivo, algo que somente seria inserido na história da humanidade posteriormente, já no Império Romano. Plínio e Rotário foram os precursores das primeiras leis sobre Segurança no Trabalho, em especial, para os também talhadores de rochas no Império Romano. Suas imposições orientavam os trabalhadores na utilização de máscaras de couro de suínos no entalhe de rochas, tendo em vista que essa prática laboral emitia materiais particulados no ar, os quais poderiam ser inalados pelos trabalhadores. Agora, talvez você se espante: mesmo a Bíblia Sagrada pode ser considerada como uma precursora das Normas Regulamentadoras. Observe o seguinte trecho em Deuteronômio 22:8: “Quando construíres uma nova casa, farás uma balaus- trada em volta do teto, para que não derrame sangue sobre tua casa, se viesse alguém a cair lá de cima” (BÍBLIA, 1998). Para quem conhece um pouco mais sobre as Normas Regulamentadoras, esse trecho em muito se parece com prin- cípios construtivos que podem ser encontrados na NR-18 – Condições e Meio Ambiente de Trabalho na Indústria da Construção – (BRASIL, 2015a). Ainda sobre as questões bíblicas, algo que possui relação com as Normas Regulamentadoras atuais foi descrito pelo historiador Flávio Josefo, no ano de 93 d.C. Segundo Josefo, o carpinteiro José, “pai” de Jesus Cristo, faleceu por compli- cações advindas de um acidente de trabalho que sofrera enquanto encarregado CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E18 de uma obra para a reconstrução de uma cidade. Esse acidente ocorreu devido a uma queda de altura elevada, quando José não estava usando o dispositivo de segurança (à época, uma simples corda), preconizado em documentos que, infe- lizmente, se perderam na história. Você percebe o quanto a história é rica em elementos predecessores das Normas Regulamentadoras? Com o passar dos séculos, a aparição desses elementos se intensiica. Sobre a evolução desses elementos, em especial, na Idade Média e Moderna, Trindade (2015, online) destaca: [...] as primeiras ordenações aos fabricantes para a adoção de medidas de higiene do trabalho datam da Idade Média. Os levantamentos das doenças proissio- nais, promovidos pelas associações de trabalhadores medievais, tiveram grande inluência sobre a segurança do trabalho no Renascimento. Nesse período, des- tacaram-se Samuel Stockhausen como pioneiro da inspeção médica no trabalho e Bernardino Ramazzini como sistematizador de todos os conhecimentos acu- mulados sobre segurança, que os transmitiu aos responsáveis pelo bem-estar social dos trabalhadores da época na obra intitulada De morbis artiicum (1760). Apenas para destacar, os princípios norteadores da inspeção médica de Stockhausen inspiraram a criação de programas de acompanhamento médico e da saúde ocupacional que estão presentes em diversas normas que versam sobre o assunto, inclusive na brasileira Norma Regulamentadora nº 7 - Programa de Controle Médico e Saúde Ocupacional – PCMSO (BRASIL, 2015b). PERÍODO DA REVOLUÇÃO INDUSTRIAL É importante relevar o fato de que muitos dos dispositivos até aqui apresentados ainda possuíam o caráter orientador que, como já exposto, é um caráter inerente, porém não único, das atuais Normas Regulamentadoras. O caráter impositivo ou legal somente ganhou ênfase a partir do momento em que a complexidade das práticaslaborais, associada à conjuntura das correntes ilosóico-econômi- cas, gerou gravíssimas consequências, algo deinido em obras anteriores como “A carniicina Maquiavélica da Revolução Industrial”. Obviamente, associar o pensador italiano Nicolau Maquiavel ou Niccolò Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 19 di Bernardo dei Machiavelli (Figura 1) a algo astuto, malévolo ou malicioso é uma injustiça, tendo em vista que muitos de seus fundamentos encontram-se em políticas de caráter nacionalista (centralização burocrá- tica e fortalecimento do Estado). À época, isso poderia ser comparado com o pensamento de um herege, diminuindo a participação da Igreja Católica, em termos de importân- cia, no Estado. Assim, essa igreja estabeleceu como “anticristãos” os pensamentos desse autor, condenando-o ao ostracismo, em especial, por sua mais famosa frase: “Os ins justiicam os meios”. Quando falamos de uma associação do pensamento maquiavélico à Revolução Industrial, ao Capitalismo e à tecnologia, estamos raciocinando também sobre a obtenção de resultados mais eicientes pelas modiicações nas formas convencio- nais de execução das tarefas. Contudo, é somente isso. Se for necessário reduzir a folha de pagamento e dotar os colaboradores restantes de mais funções e isso melhorar a gestão da empresa, que seja feito! Se for necessário mecanizar uma colheita para aumentar a eiciência e a capacidade de manipulação de áreas, desempregando colhedores, que seja feito! Percebeu onde quero chegar? Consideramos apenas a evolução da técnica para obter melhores resultados, descartando o fator humano, e isso faz com que muitas pessoas associem a Revolução Industrial, o Capitalismo e o Tecnicismo à Maquiavel e este às alcunhas que já denominamos. A Revolução Industrial pode ser considerada como um dos períodos históri- cos de maior evolução tecnológica, levando-se em conta a adoção da mecanização dos processos produtivos. Em um primeiro momento, houve a transição das manufaturas artesanais, as quais se utilizavam de mão de obra quase que exclu- sivamente humana, para um modelo fabril de crescente utilização de máquinas rudimentares movidas pelo vapor de água. Figura 1: Nicolau Maquiavel Fonte: Wikimedia Commons CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E20 Posteriormente, as matrizes energéticas e as próprias máquinas foram aperfei- çoadas, utilizando-se dos combustíveis fósseis (carvão mineral) e da energia elétrica, mais ao inal desse período. As justiicativas para airmarmos que a Revolução Industrial representou o ápice do tecnicismo podem ser sistematizadas considerando a sua própria evolu- ção temporal. Mesmo se tratando de um processo puramente poupador de mão de obra, na Revolução Industrial, os processos fabris ainda dependiam de grandes contingentes de trabalhadores que, inicialmente, não existiam nos centros indus- triais. Para resolver isso, no início do século XVIII, alguns países europeus (em especial a Inglaterra) passaram por reformas sociais que praticamente dizima- ram o campesinato, ainal, em nome do progresso, a mão de obra era necessária onde as indústrias estavam e o Estado necessitava de maior controle sobre as terras (algo como matar dois coelhos com uma pedrada). Assim, mesmo sem o trabalho no campo, as famílias tinham nas cidades seu trabalho garantido. Além disso, o modelo capitalista vigente estava em transição (do capitalismo Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 21 tradicional ao atual capitalismo inanceiro) e seus princípios estavam em seu auge. A acumulação dos lucros estava em patamares exorbitantes, no entanto, tal fato não se traduzia em investimentos produtivos ou de gestão que garantis- sem um ambiente de trabalho seguro e saudável aos trabalhadores. Muito pelo contrário, não somente os ambientes de trabalho eram assim, mas todos os vilarejos nas proximidades das fábricas apresentavam um ambiente deplorável quanto à saúde pública. Nesse cenário, onde em termos de planeja- mento somente a meta de produção era considerada (somente a demanda e a previsão de lucro pareciam fatores relevantes aos burgueses industriais da época), a mão de obra passou por um amplo processo de depreciação derivada das lon- gas jornadas de trabalho, necessárias ao atendimento das demandas. Nessa época, tamanha era a visão produtivista e tecnicista, que o ser humano, agora proletário, tinha expropriado de si mesmo sua própria humanidade. Tratava-se de um número funcional, uma mera engrenagem ao processo pro- dutivo, a qual poderia ser trocada em caso de baixo rendimento ou, na pior das hipóteses, em caso de quebra. Nem é necessário mencionar o que representa essa quebra, não é mesmo? Em análise, a própria Revolução Industrial e seus desdobramentos ao redor do mundo proporcionaram um reforço da visão pejorativa relacionada ao tecni- cismo e ainda hoje percebe-se a existência de corporações com gestões pautadas meramente no produtivismo e no tecnicismo, algo que se encontra intrinseca- mente ligado às piores interpretações de Maquiavel. Até o momento, você conseguiu identiicar os elementos da época que se assemelham com as atuais Normas Regulamentadoras? CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E22 A criação dos dispositivos legais se deu em um cenário caótico e de maneira meramente reativa, ou seja, foi necessária a ocorrência de incontáveis acidentes e casos de doenças ocupacionais para que as autoridades da época tomassem uma atitude que regulamentasse os mecanismos e princípios de segurança às diferentes práticas laborais. Ainda, não pense que tais dispositivos eram avançados e que já dispunham, em seus artigos e parágrafos, de formas especíicas de prevenção de acidentes. As primeiras leis, datadas do início do século XIX, reduziam o perigo na ocor- rência dos acidentes pela mera redução da carga horária de trabalho. Levando-se em conta que o perigo é a intensidade com a qual o risco laboral se conigura, retirar o trabalhador de uma exaustiva jornada de 18 horas, dando- -lhe o direito de efetuar uma jornada menor, de 12 horas, ou restringindo o uso de mão de obra especíica (redução ou eliminação da mão de obra infantil), ou ainda, restringindo horários de trabalho (por exemplo, reduzindo ou proibindo o trabalho noturno para determinadas faixas etárias) era a forma mais rápida de reduzir o número de acidentes de trabalho. Corroborando essa observação, Juliana (2015, online) destaca que: [...] na Inglaterra, em 1802, criou-se a lei de amparo aos operários dispondo sobre o trabalho de aprendizes paroquianos nos moinhos. Essa lei limitava a 12 horas de trabalhodiário a carga horária desses menores, que eram indigentes recolhidos pelos serviços de proteção, que os exploravam. Em 1819, foi criada outra lei, proibindo o trabalho de menores de 9 anos e limitando a 12 horas a jornada de menores até 16. Em 1833, o Parlamento Inglês votou nova lei, reduzindo para 8 horas o limite de jornada dos menores de 13 anos e para 12 horas aos menores de 18 e proibindo o trabalho noturno de menores. Em 1847, passou a vigorar uma lei que estabelecia a duração diária do trabalho de 10 horas, destinando-se à proteção das mulheres e dos menores. Em 1908, foi estabelecida a jornada diária de 8 horas; em 1910, foi criada a folga de meio dia por semana os comerciários, e, em 1912, o Código de Leis Trabalhistas, ampliado sempre por estatutos especiais e portarias administrativas [...]. Contudo, tais dispositivos, embora semelhantes às atuais NRs, ainda eram muito genéricos em suas disposições e pouco efetivos no que tangia à resolução especí- ica de problemas observados nas instalações industriais. Por essa característica, a atenuação dos acidentes de trabalho e da “carniicina” imposta por esse modelo Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 23 “Maquiavélico” foi efêmera, sendo o estopim para a criação de um estado de crise. Essa situação de crise era tamanha que na Europa e nos Estados Unidos da América vários levantes trabalhistas foram insurgidos por melhorias nas condições de trabalho e de remuneração. Nesse bojo, novos paradigmas sociais e produtivos foram suscitados, sendo o primeiro deles um resgate da importância humana no processo produtivo, o Cooperativismo (SANTOS, 2009), e o segundo, mais voltado a um novo empo- deramento social, em que a classe trabalhadora, verdadeira geradora de riquezas, seria a responsável por estabelecer, teoricamente, um modelo de Estado justo e equitativo na distribuição dessa riqueza, sem o acúmulo de capital. Trata-se do comunismo, ideia amplamente defendida por Marx (2006a; 2006b), em sua obra máxima, “O Capital”. Para ampliar a ideia do estado de crise que assolava os países da Europa e da América do Norte (essencialmente os EUA), proceda a leitura do artigo que versa sobre a emblemática Revolta de Chicago, mote criador do Dia In- ternacional do Trabalho. Trata-se de um artigo que apresenta os elementos motivadores e os desdobramentos de um dos mais tristes episódios traba- lhistas da humanidade. Com o saldo de 80 trabalhadores assassinados, a data icou historicamente marcada como o “Dia Internacional do Trabalho”, em homenagem aos trabalhadores que deram suas vidas em nome da de- fesa de seus direitos. O artigo se encontra disponível em: <http://www.apagina.pt/?aba=7&cat=134&doc=10092&mid=2>. Acesso em: 20 maio 2015. Fonte: SERRALHEIRO (2004). CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E24 Já no começo do século XX, ante à evolução desse estado de crise, representado por levantes trabalhistas, movimentos grevistas, insurgência e elevação de cor- rentes ilosóicas que colocavam em risco o status quo das camadas dominantes, houve a primeira e signiicativa evolução dos dispositivos que precederam as atu- ais NRs, as Convenções Trabalhistas da Organização Internacional do Trabalho – OIT, que inalmente apresentavam diretrizes (ou ao menos, orientações) sobre temas especíicos, os quais serão tratados no próximo tópico. PERÍODO PÓS-REVOLUÇÃO INDUSTRIAL Conforme havíamos discutido no tópico anterior, a deterioração das relações trabalhistas advindas do caos instaurado pela carniicina ocorrida no período da Revolução Industrial estava pondo em risco até mesmo as relações de poder nos diferentes Estados. Caso ações mais drásticas desses Estados não tivessem sido tomadas, além da inversão de poder pela derrocada da burguesia e ascensão da classe trabalha- dora, abarcada pelos ideais comunistas, as crises poderiam evoluir para contendas irreparáveis, acarretando guerras civis. Mediante o exposto, em 1917, a Organização das Nações Unidas, por meio do Tratado de Versalhes, propôs a criação de um órgão subordinado que seria responsável por estabelecer tratativas e o acompanhamento necessário às ques- tões trabalhistas aos países signatários. Assim, a Organização Internacional do Trabalho – OIT entrou em operação e, já em 1919, após um período de aná- lise da problemática aqui relatada, propôs a criação das primeiras Convenções Internacionais do Trabalho. As Convenções Internacionais do Trabalho podem ser entendidas como Normas Internacionais, elaboradas por comissões especíicas da OIT cuja apli- cabilidade depende da decisão soberana do país signatário da OIT/ONU. Uma vez que um país signatário ratiica uma convenção, esta passa a fazer parte de seu ordenamento jurídico. a. Dessa forma, entende-se que as Convenções Internacionais do Trabalho, apesar de possuírem o caráter normativo, não são de aplicabilidade obri- Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 25 gatória. Porém, aqui cabe uma análise trazida à luz por Alvarenga (2008), discutida sob minha ótica dos fatos: b. De fato, a criação da OIT e a publicação de suas convenções respeitam o princípio de equidade e de justiça social, uma vez que essa é uma condi- ção necessária para que a humanidade evolua no sentido de obter a paz universal. Porém... A criação das Convenções, mesmo atendendo aos anseios da classe trabalhista e aos parcos princípios de Saúde Ocupacional e de Segurança no Trabalho exis- tentes à época, serviu muito mais para manter as relações de poder, arrefecendo os ânimos sociais pela criação de um ambiente onde as reivindicações traba- lhistas começavam a ser atendidas sem criar maiores riscos à classe dominante. Independentemente da ótica dos fatos, o importante é que pela primeira vez os Estados puderam intervir de maneira mais drástica e decisiva no sentido de regulamentar as práticas laborais, ao mesmo tempo em que puderam associá- -las a mecanismos e metodologias mais seguras de execução. Ao todo, no período de 1919 a 2015, foram elaboradas e publicadas 189 con- venções, sendo a mais recente sobre a regulamentação do trabalho doméstico, convenção esta publicada em 2011, mas não ratiicada ainda pelo Brasil devido à incompatibilidade jurídica com os dispositivos trabalhistas aqui existentes. a. Dentre as diversas convenções existentes, destacam-se: b. Convenção relativa ao emprego das mulheres antes e depois do parto (proteção à maternidade) – Convenção OIT nº. 3 – Possui grande inlu- ência na criação do auxílio maternidade (Lei Federal 8.213/91, alterada pela Lei Federal 8.861/94). c. Convenção relativa à igualdade de tratamento (indenização por acidente de trabalho) – Convenção OIT nº. 19 – Possui grande inluência na cria- ção do auxílio doença acidentário (também representado pela Lei Federal 8.213/91). d. Convenção sobre a proteção das máquinas – Convenção OIT nº. 163 – Base para a criação da Norma Regulamentadora nº.12 (proteção a máquinas, equipamentos e instalações). CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E26 e. Convenção sobre o peso máximo de cargas – Convenção OIT nº. 127 – Base para a criação da Norma Regulamentadora nº. 11 (transporte, movimentação, armazenagem e manuseio de materiais). f. Convenção sobre os serviços de saúde do trabalho – Convenção OIT nº. 161 – Base para a criação da Norma Regulamentadora nº. 4 (Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e em Medicina do Traba- lho – SESMT). Convenção sobre segurança no trabalho com produtos químicos – Convenção OIT nº. 170 – Base para a criação da Norma Regulamentadora nº. 15 (ativida- des e operações insalubres). Obviamente, não é nossa intenção demonstrar a você um resumo de todas as Convenções Internacionais do Trabalho, ainal, discutir sobre a aplicação de 189 convenções exigiria a criação de uma obra somente para esse assunto. Ao contrário, nosso objetivo é ilustrar a importância dessas convenções enquanto elementos que precederam a criação de importantes leis trabalhistas e, também, das Normas Regulamentadoras, objeto de nosso estudo. Convenções Internacionais do Trabalho A Organização Internacional do Trabalho – OIT possui escritórios em todos os países signatários e páginas de internet nos principais países, dentre eles, o Brasil. O site da OIT Brasil apresenta informações bastante detalhadas so- bre todas as convenções existentes, separando-as em ratiicadas e não rati- icadas pelo Brasil. Vale a pena conferir convenção a convenção para com- preender sua evolução. O site se encontra disponível em: <http://www.oitbrasil.org.br>. Acesso em: 19 jun. 2015.Fonte: o autor. Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 27 A atenção ao “Saiba Mais” se faz necessária para que você compreenda um aspecto importante relacionado à evolução das Convenções. Apenas na segunda metade do século XX as convenções passaram a ter um enfoque mais técnico, pautadas no desenvolvimento do conhecimento acerca dos riscos ambientais e das solu- ções tecnológicas que poderiam ser empregadas no sentido de reduzir os riscos do ambiente de trabalho. Antes desse período, as convenções possuíam um caráter de redução de ris- cos pela redução do perigo, da mesma forma que acontecera com as primeiras leis que versavam sobre direitos trabalhistas e segurança no trabalho no século XIX. Esse seria um andamento natural às convenções, tendo em vista que a redução de riscos no ambiente de trabalho também é condicionada à própria evolução tecnológica. Outra questão para a qual precisamos nos atentar é a ratiicação da relação entre as convenções e as Normas Regulamentadoras. Veja o se- guinte exemplo, retirado da Convenção nº 148 (BRASIL, 1979), que dispõe sobre a contaminação do ar, ruídos e vibrações: PARTE III MEDIDAS DE PREVENÇÃO E DE PROTEÇÃO Art. 8 — 1. A autoridade competente deverá estabelecer os critérios que permitam deinir os riscos da exposição à contaminação do ar, ao ruído e às vibrações no local de trabalho, e a ixar, quando cabível, com base em tais critérios, os limites de exposição. 2. Ao elaborar os critérios e ao determinar os limites de exposição, a autoridade competente deverá tomar em consideração a opinião de pessoas tecnicamente qualiicadas, designadas pelas organizações inte- ressadas mais representativas de empregadores e de trabalhadores. 3. Os critérios e limites de exposição deverão ser ixados, completados e revisados a intervalos regulares, de conformidade com os novos conhe- cimentos e dados nacionais e internacionais, e tendo em conta, na me- dida do possível, qualquer aumento dos riscos proissionais resultante da exposição simultânea a vários fatores nocivos no local de trabalho. Segundo o trecho em destaque, a Convenção nº 148 preconiza que os países signatários estabeleçam os riscos em suas categorias e os limites de exposição respectivos. O Brasil é um dos países signatários dessa convenção e, dessa forma, por meio de dispositivo especíico, estabeleceu a categorização dos riscos labo- rais (Figura 2). CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E28 Figura 2: Categorias de riscos laborais Fonte: adaptada da Portaria nº 25 de 29/12/1994 A Figura 2 ilustra os riscos associados às suas cores especíicas, sendo a cor verde associada aos riscos físicos, a cor vermelha associada aos riscos quími- cos, a cor marrom associada aos riscos biológicos, a cor amarela associada aos riscos ergonômicos e a cor azul aos riscos de acidentes. Essas cores são padro- nizadas e servem como elemento lúdico para que os trabalhadores reconheçam rapidamente a categoria de risco a qual se encontra submetido. (Acesse o livro disponível no AVA para versão colorida).Ademais, o Brasil, também por meio de dispositivo especíico, estabeleceu os limites de exposição para agentes cau- sadores de risco. Como exemplo, o Quadro 1 demonstra os limites de exposição considerando o risco físico ruído (esse assunto será tratado em detalhes quando abordarmos a NR 15): NÍVEL DE RUÍDO DB (A) MÁXIMA EXPOSIÇÃO DIÁRIA PERMISSÍVEL 85 8 horas 86 7 horas 87 6 horas 88 5 horas R is co s F í si co s R is co s Q u ím ic o s R is co s B io ló g ic o s R is co s E rg o n ô m ic o s R is co s d e A ci d e n te s Ruídos Vibrações Radiações ionizantes Radiações não ionizantes Frio Calor Pressão Umidade Poeiras Fumaça Névoa Neblina Gases Vapores Substâncias compostas Vírus Bactérias Protozoários Fungos Parasitas Animais peçonhentos Esforço físico intenso Sobrecarga Posturas inadequadas Trabalho noturno Jornadas excessivas Estresse físico Atividades repetitivas Arranjo físico inadequado Máquinas e equipamentos sem proteção Ferramentas inadequadas ou defeituosas Iluminação inadequada Incêndios e explosões Animais peçonhentos Condutas inadequadas Aspectos Históricos Relacionados à Criação das Normas Regulamentadoras R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 29 89 4 horas e 30 minutos 90 4 horas 91 3 horas e trinta minutos 92 3 horas 93 2 horas e 40 minutos 94 2 horas e 15 minutos 95 2 horas 96 1 hora e 45 minutos 98 1 hora e 15 minutos 100 1 hora 102 45 minutos 104 35 minutos 105 30 minutos 106 25 minutos 108 20 minutos 110 15 minutos 112 10 minutos 114 8 minutos 115 7 minutos Quadro 1: Níveis de ruídos intermitentes ou contínuos e seus respectivos limites de exposição, segundo a NR 15, Anexo I Fonte: Brasil - MTE (2015, online) Percebeu que ao longo dessa última discussãomencionamos o termo “dispo- sitivo especíico” e, logo acima, como exemplo, nos utilizamos de um quadro advindo de uma Norma Regulamentadora? Dessa forma, esse “dispositivo espe- cíico” geralmente é uma Norma Regulamentadora ou mesmo uma normativa complementar. Assim, ica clara a relação entre as Convenções da OIT e as Normas Regulamentadoras, sendo as primeiras predecessoras e bases, diretas ou indire- tas, para a elaboração das últimas. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E30 NORMAS REGULAMENTADORAS EM NÍVEL LOCAL Nos tópicos anteriores, conseguimos avaliar a historicidade de elementos prede- cessores às Normas Regulamentadoras em nível mundial. Contudo, em alguns momentos, propositadamente inserimos o contexto brasileiro em uma tenta- tiva de trazer à luz o conhecimento de que os fatos históricos são integrados e imbricados. O desenvolvimento de dispositivos legais e as questões trabalhistas no Brasil não foram discutidos sob a efervescência daquilo que acontecera no cenário internacional. Aliás, essas discussões e o desenvolvimento desses dispositivos se deram com pelo menos 50 anos de atraso frente aos acontecimentos na Europa e nos Estados Unidos da América. Todavia, merecem destaque por se aproxi- marem cronologicamente do desenvolvimento das Normas Regulamentadoras. A questão da segurança no trabalho foi tema secundário às reivindicações trabalhistas brasileiras, muito mais pautadas na questão do aumento salarial e na luta pelos direitos políticos, especialmente na época da Ditadura Militar. Isso se justiica pelo desenvolvimento tardio das relações trabalhistas, em comparação com os países europeus, que não possuíam quaisquer princípios de segurança no trabalho que fossem relevantes. Para melhorar o entendimento, podemos dizer que o Brasil “pegou o bonde andando” no que tange ao desenvolvimento de uma cultura preservacionista da força de trabalho, o que explica, em grande parte, a inexistência de crises sociais de grande porte relacionadas à questão da Segurança no Trabalho. Normas Regulamentadoras em Nível Local R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 31 Sobre a relação dos instrumentos legais predecessores às NRs, podemos destacar o Decreto-Lei 5.452/1943 (BRASIL, 1943) e a Lei 6.514/1977 (BRASIL, 1977), que respectivamente tratam da Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e da Lei que altera o Capítulo V da CLT, aprimoraram os princípios e diretrizes sobre Segurança dno Trabalho e serviram de subsídios teóricos e práticos para a ela- boração de Normas Regulamentadoras especíicas (Quadro 2). DISPOSITIVO DA LEI 6.514/77 NR EQUIVALENTE SEÇÃO III - Dos Órgãos de Seguran- ça e de Medicina do Trabalho nas Empresas. NR 4 - Serviços especializados em Enge- nharia de Segurança e em Medicina do Trabalho. SEÇÃO IV - Do Equipamento de Prote- ção Individual. NR 6 – Equipamento de Proteção Indivi- dual – EPI. SEÇÃO V - Das Medidas Preventivas de Medicina do Trabalho. NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional – PCMSO. SEÇÃO XIII - Das Atividades Insalubres ou Perigosas. NR 15 – Atividades e Operações Insalu- bres e NR 16 – Atividades e Operações Perigosas. Demais seções. Equivalente ao desenvolvimento das demais NRs. Quadro 2: Comparação entre os dispositivos da Lei Federal 6.514/77 e as atuais Normas Regulamentadoras – NRs Fonte: adaptado da ABNT (apud ATLAS, 2012) Para se ter uma ideia, a Lei 6.514/77 trata ainda da gestão participativa sobre Segurança no Trabalho. Em seu texto, essa lei traz as obrigações de cada ator envolvido nesse sistema de garantia da Segurança e Saúde do Trabalhador, não tão bem deinidas como na atual NR 5, que deine a função e o papel da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA, mas suicientes enquanto iniciativa para sua elaboração. Por im, um dos últimos aspectos históricos que merecem destaque é a ele- vação dos princípios de Segurança e Saúde no Trabalho a direitos universais do cidadão brasileiro, garantidos por meio do Artigo 7° da Constituição Cidadã de 1988 (BRASIL, 1988), o que reforça a importância da criação das Normas Regulamentadoras como instrumentos capazes de estabelecer as diretrizes para CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E32 a execução segura e saudável da prática laboral. Art. 7º São direitos dos trabalhadores urbanos e rurais, além de outros que visem à melhoria de sua condição social: XXII - redução dos riscos inerentes ao trabalho, por meio de normas de saúde, higiene e segurança. XXIII - adicional de remuneração para as atividades penosas, insalubres ou perigosas, na forma da lei. XXVIII - seguro contra acidentes de trabalho, a cargo do empregador, sem excluir a indenização a que este está obrigado, quando incorrer em dolo ou culpa (BRASIL, 1988). Posto isso, inalizamos a discussão sobre a historicidade da Segurança no Trabalho relacionada aos elementos predecessores às Normas Regulamentadoras. Você veri- icou que existe uma riqueza de conhecimentos e de detalhes que nos ajudam a explicar a respeito das Normas Regulamentadoras e que, ainda, nos trazem sub- sídios para entender sobre sua dinâmica de criação e de evolução. Ademais, fizemos tudo isso sem falar diretamente das Normas Regulamentadoras, algo que faremos no próximo tópico. Vamos lá? NORMAS REGULAMENTADORAS: PREFÁCIO Como analisado nos tópicos anteriores desta unidade, as Normas Regulamentadoras são resultantes diretas ou indiretas das disposições contidas nos elementos pre- decessores, sejam leis (em especial a Lei Federal 6.514/77) ou as Convenções Internacionais do Trabalho, as quais preconizam a existência de normas locais que estabeleçam as metodologias e os instrumentos necessários para a realiza- ção dos trabalhos, de uma maneira segura e saudável. Normas Regulamentadoras: Prefácio R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 33 De uma maneira direta, quando falamos a respeito de uma Norma Regulamentadora, estamos falando de um conjunto de diretrizes especíicas e vinculadas à Segurança e Saúde no Trabalho. Em outras palavras, uma NR apre- senta o conjunto de regras que devem ser obedecidas por um público-alvo, no caso, empregadores e empregados, para que a vida, a saúde e a integridade física do trabalhador sejam preservadas. Figura 3: Normas Regulamentadoras Fonte: Batistella (2015, online). CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E34 Um aspecto importante das NRs é que elas podem apresentar diretrizes de cunho técnico ou de cunho administrativo: ■ A NR 12 (Proteçãoa Máquinas, Equipamentos e Instalações) é um dos exemplos relacionados a uma norma de cunho basicamente técnico, pois ela apresenta soluções de engenharia bastante especíicas, como espaçamentos mínimos entre máquinas, proteções às partes móveis de equipamentos, dimensões de corredores em layouts, entre outras carac- terísticas aplicadas. ■ Por sua vez, a NR 5 (Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA) é uma das NRs que possuem caráter tipicamente admi- nistrativo, pois impõe a criação de um órgão empresarial formado por representantes dos empregados e do empregador, sendo esses representantes responsáveis pela adoção e iscalização de todos os princípios aplicáveis das NRs em sua empresa. Além do aspecto das diretrizes, uma NR pode possuir caráter aplicado ou transversal: ■ Dizemos que a NR é aplicada quando trata de um assunto bastante espe- cíico, como, por exemplo, a NR 36 (Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados), onde se veriica que suas diretrizes são aplicadas somente às empresas daquele segmento. ■ Por outro lado, as NRs transversais são de ampla aplicabilidade. Por exem- plo, a NR 17 (Ergonomia) encontra-se aplicada em praticamente todas as empresas dos diferentes setores econômicos (Agropecuária, Indústria e Serviços), pois suas diretrizes são praticamente universais (a adaptação do posto de trabalho às condições antropométricas e dinâmicas dos tra- balhadores é necessária em todas as atividades econômicas, sendo um dos aspectos para a manutenção da saúde do trabalhador). O Quadro 3 apresenta a segmentação das NRs em administrativas, técnicas, apli- cadas e transversais: Normas Regulamentadoras: Prefácio R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 35 DESCRIÇÃO DA NORMA REGULAMENTADORA ADMINISTRATIVA TÉCNICA APLICADA TRANSVERSAL NR 1 – Disposições Gerais X X NR 2 – Inspeção Prévia X X NR 3 – Embargo e Interdição X X NR 4 – Serviço Especializado em Segurança e Medicina do Trabalho X X X NR 5 – Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA X X X NR 6 – Equipamentos de Proteção Individual – EPIs X X NR 7 – Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacio- nal – PCMSO X X X NR 8 – Ediicações X X NR 9 – Programa de Preven- ção de Riscos Ambientais – PPRA X X X NR 10 – Segurança em Instalações e Serviços em Eletricidade X X NR 11 – Transporte, movi- mentação, armazenagem e manuseio de materiais X X NR 12 – Máquinas e Equipa- mentos X X NR 13 – Caldeiras e Vasos de Pressão. X X NR 14 – Fornos X X CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E36 NR 15 – Atividades e Opera- ções Insalubres X X NR 16 – Atividades e Opera- ções Perigosas X X NR 17 – Ergonomia X X NR 18 – Condições e meio ambiente de trabalho na Indústria da Construção X X NR 19 – Explosivos X X NR 20 – Líquidos Combustí- veis e Inlamáveis X X X NR 21 – Trabalho a céu aberto X X NR 22 – Segurança e Saúde Ocupacional na Mineração X X NR 23 – Proteção Contra Incêndios X X X NR 24 – Condições Sanitárias e de Conforto nos locais de trabalho X X NR 25 – Resíduos Industriais X X NR 26 – Sinalização de Segu- rança X X NR 27 – Registro proissional do Técnico de Segurança do Trabalho no Ministério do Trabalho X X NR 28 – Fiscalização e Pena- lidades X X NR 29 – Norma Regulamen- tadora de Segurança e Saúde no Trabalho Portuário X X NR 30 – Segurança e Saúde no Trabalho Aquaviário X X Normas Regulamentadoras: Prefácio R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 37 NR 31 – Segurança e Saúde no Trabalho na Agricultura, Pecuária, Silvicultura, Explo- ração Florestal e Aquicultura X X NR 32 – Segurança e Saúde no Trabalho em Serviços de Saúde X X NR 33 – Segurança e Saúde nos trabalhos em espaços coninados X X NR 34 - Condições e meio ambiente de trabalho na indústria da construção e Reparação Naval X X NR 35 – Trabalho em Altura X X X NR 36 – Segurança e Saúde no Trabalho em Empresas de Abate e Processamento de Carnes e Derivados X X Quadro 3: Segmentação das Normas Regulamentadoras em administrativas, técnicas, aplicadas e transversais Fonte: adaptado de Brasil - MTE (2015, online). Por meio da análise das informações do Quadro 3, veriicamos que até a NR 28 as normas tendem a possuir o caráter técnico e transversal, ou seja, soluções de engenharia para a resolução de questões comuns a todas as empresas. A partir da NR 29, as NRs apresentam-se em sua característica técnica, porém aplicada. Isto se deve ao fato de que as 28 primeiras NRs foram aprovadas dentro de um único contexto, em uma única portaria (Portaria 3.214/78, do Ministério do Trabalho e Emprego) e as demais NRs foram publicadas por portarias comple- mentares, em um momento posterior. Assim, veriica-se que houve uma tentativa do Ministério do Trabalho e Emprego em atender o máximo de demandas relacionadas à Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho com as 28 primeiras NRs e que as demandas especí- icas foram atendidas ao longo do tempo com as demais NRs, algo que é uma tendência ainda nos dias atuais, tendo em vista a ampliação da complexidade dos postos de trabalho. CONTEXTUALIZAÇÃO DAS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IU N I D A D E38 Neste momento, tomo a liberdade de transcrever algumas questões importantes que devem existir em sua mente nesta altura do campeonato. Será que acertei em minha análise? ■ Quais são os atores que estão envolvidos na criação das NRs? ■ Como se dá o processo de criação de uma NR? ■ Qual será a tendência das NRs considerando o aumento da complexidade das práticas laborais e dos postos de trabalho (criar novas NRs ou adaptar às já existentes)? E, como eu, Tecnólogo(a) em Segurança no Trabalho, devo lidar com as NRs? Sei que podem existir mais questões além dessas, mas penso que muitas das dúvidas que possam surgir estejam relacionadas aos questionamentos acima colocados. Tais questionamentos são relevantes, tendo em vista que o assunto “Normas Regulamentadoras” é bastante extenso e complexo. Mas creio que agora é hora de fazermos uma pequena pausa em nossos estu- dos e deixarmos todas essas curiosidades para serem respondidas por meio de nossas novas discussões nas unidades posteriores. Por enquanto, vamos reto- mar aquilo que discutimos ao longo de nossa primeira unidade e nos preparar para nossas primeiras atividades. Sigamos adiante! As 28 primeiras Normas Regulamentadoras foram aprovadas em 1978 por meio da Portaria 3.214 do Ministério do Trabalho e Emprego. Isso não signi- ica que elas foram publicadas em suas formas atuais todas de uma vez. A partir do inal da década de 1970 e ao longo das décadas de 1980 e 1990, as 28 primeiras NRs foram publicadas e alteradas por meio de Portarias espe-cíicas e ainda nos dias atuais veriicamos alterações importantes nas NRs, pela mesma sistemática. Fonte: o autor. Considerações Finais R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 39 CONSIDERAÇÕES FINAIS Caro(a) aluno(a), Chegamos ao inal da nossa primeira unidade. Aliás, uma unidade bas- tante proveitosa do ponto de vista da compreensão da gênese de nossas Normas Regulamentadoras. Ao longo de nossa primeira unidade, percebemos que exis- tiram, ao longo de nossa história, diversos elementos predecessores às NR´s, basicamente com caráter orientativo. Desde o Egito Antigo, foram vários os rela- tos relacionados às formas de execução mais segura dos trabalhos. Até mesmo a Bíblia Sagrada apresenta relatos dessa natureza. Tais relatos, com o passar dos séculos, foram se aproximando de nossa reali- dade e, aos poucos, foram se modiicando, acrescentando em si o caráter técnico, todavia, sempre acompanhando as crises que enfraqueciam a força de traba- lho e a dignidade dos trabalhadores. Veriicamos também que a Organização Internacional do Trabalho teve relevante papel no desenvolvimento das primei- ras diretrizes relacionadas à Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho, em especial, após a década de 1950, o que serviu de base para a criação das normas locais de cada país sobre o assunto e também das Normas Regulamentadoras de Saúde Ocupacional e Segurança no Trabalho no Brasil. A historicidade brasileira sobre esse assunto também foi avaliada e nos trouxe a conclusão de que tais diretrizes foram elaboradas em um cenário menos efer- vescente, onde as principais lutas trabalhistas eram relacionadas à manutenção de direitos de cidadania em plena ditadura militar. Todavia, isso não tirou o brilho dos elementos predecessores das Normas Regulamentadoras, e a apre- sentação desses elementos, em especial, a Consolidação das Leis Trabalhistas e a Lei Federal 6.514/77, estabeleceu a máxima ligação entre tais elementos e as Normas Regulamentadoras em si. Por im, apresentamos uma breve introdução sobre as NRs, apontando suas características básicas e conceitos, algo fundamental para o entendimento de nossos próximos assuntos. Espero que você tenha gostado de nossa discussão. Por enquanto, vamos ixar nossos conhecimentos por meio das atividades desta primeira unidade? Vamos lá! 1. Conforme exposto nesta unidade, as Normas Regulamentadoras podem apre- sentar diretrizes de cunho técnico ou administrativo, ou ainda caráter aplicado ou transversal. Com base nesse assunto, analise as alternativas abaixo e assinale a correta. a. As diretrizes de cunho técnico podem ser aplicadas somente às empresas do segmento ao qual pertencem. b. As diretrizes de caráter aplicado podem ser implantadas em praticamente todas as empresas dos diferentes setores econômicos. c. As diretrizes de caráter transversal são praticamente universais, portanto, têm ampla aplicabilidade. d. As diretrizes de cunho administrativo apresentam soluções de engenharia bastante especíicas. e. Nenhuma das alternativas está correta. 2. No segmento de tecnologia da informação, é comum reclamações dos colabora- dores em relação às más condições de trabalho, especialmente relacionadas aos equipamentos e mobiliário inadequados para as atividades executadas. Nesse caso, qual Norma Regulamentadora deve ser utilizada para adaptar o ambiente de trabalho visando proporcionar o máximo de conforto aos colaboradores? a. NR 17 b. NR 18 c. NR 25 d. NR 10 e. NR 11 3. A Organização Internacional do Trabalho (OIT) criou a Convenção Internacional do Trabalho, que pode ser entendida como Normas Internacionais. Estas servi- ram de base para a criação das Normas Regulamentadoras. Fale sobre a aplica- bilidade dessa convenção. 41 HISTÓRIA DA ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRABALHO A OIT foi criada em 1919, como parte do Tra- tado de Versalhes, que pôs im à Primeira Guerra Mundial. Fundou-se sobre a con- vicção primordial de que a paz universal e permanente somente pode estar base- ada na justiça social. É a única das agências do Sistema das Nações Unidas com uma estrutura tripartite, composta de represen- tantes de governos e de organizações de empregadores e de trabalhadores. A OIT é responsável pela formulação e aplicação das normas internacionais do trabalho (convenções e recomendações). As con- venções, uma vez ratiicadas por decisão soberana de um país, passam a fazer parte de seu ordenamento jurídico. O Brasil está entre os membros fundadores da OIT e participa da Conferência Internacional do Trabalho desde sua primeira reunião. Na primeira Conferência Internacional do Trabalho, realizada em 1919, a OIT adotou seis convenções. A primeira delas respondia a uma das principais reivindicações do movimento sindical e operário do inal do século XIX e começo do século XX: a limitação da jor- nada de trabalho a 8 diárias e 48 semanais. As outras convenções adotadas nessa oca- sião referem-se à proteção à maternidade, à luta contra o desemprego, à deinição da idade mínima de 14 anos para o traba- lho na indústria e à proibição do trabalho noturno de mulheres e menores de 18 anos. Albert Thomas tornou-se o primeiro Dire- tor-Geral da OIT. Em 1926, a Conferência Internacional do Trabalho introduziu uma inovação importante com vistas a supervi- sionar a aplicação das normas. Criou uma Comissão de Peritos, composta por juristas independentes, encarregada de examinar os relatórios enviados pelos governos sobre a aplicação de Convenções por eles rati- icadas (as “memórias”). A cada ano, essa Comissão apresenta seu próprio relatório à Conferência. Desde então, seu mandato foi ampliado para incluir memórias sobre con- venções e recomendações não ratiicadas. Em 1932, depois de haver assegurado uma forte presença da OIT no mundo durante 13 anos, Albert Thomas faleceu. Seu sucessor, Harold Butler, teve que enfrentar o pro- blema do desemprego em massa, produto da Grande Depressão. Nesse contexto, as convenções já adotadas pela OIT ofereciam um mínimo de proteção aos desempre- gados. Durante seus primeiros quarenta anos de existência, a OIT consagrou a maior parte de suas energias a desenvolver normas internacionais do trabalho e a garantir sua aplicação. Entre 1919 e 1939 foram adota- das 67 convenções e 66 recomendações. A eclosão da Segunda Guerra Mundial inter- rompeu temporariamente esse processo. Em agosto de 1940, a localização da Suíça no coração de uma Europa em guerra levou o novo Diretor-Geral, John Winant, a mudar temporariamente a sede da Organização de Genebra para Montreal, no Canadá. Em 1944, os delegados da Conferência Interna- cional do Trabalho adotaram a Declaração de Filadélia que, como anexo à sua Cons- tituição, constitui, desde então, a carta de princípios e objetivos da OIT. Essa Declara- ção antecipava em quatro meses a adoção da Carta das Nações Unidas (1946) e, em quatro anos, a Declaração Universal dos Direitos Humanos (1948), para as quais ser- viu de referência. Reairmava o princípio de que a paz permanente só pode estar base- ada na justiça social e estabelecia quatro ideias fundamentais, que constituem valo- res e princípios básicos da OIT até hoje: que o trabalho deve ser fonte de dignidade, que o trabalho não é uma mercadoria, que a pobreza, em qualquer lugar, é uma ame- aça à prosperidade de todos e que todos os seres humanos têm o direito de perseguir o seu bem-estar material em condições de liberdade e dignidade, segurança econô- mica e igualdade de oportunidades. No inal da guerra,nasce a Organização das Nações Unidas (ONU), com o objetivo de manter a paz por meio do diálogo entre as nações. A OIT, em 1946, se transforma em sua primeira agência especializada. Em 1969, ano em que comemorava seu 50º ani- versário, a OIT recebeu o Prêmio Nobel da Paz. Ao apresentar o prestigioso prêmio, o Presidente do Comitê do Prêmio Nobel ressaltou que “a OIT tem uma inluência perpétua sobre a legislação de todos os paí- ses” e deve ser considerada “a consciência social da humanidade”. A OIT desempe- nhou um papel importante na deinição das legislações trabalhistas e na elaboração de políticas econômicas, sociais e trabalhistas durante boa parte do século XX. Em 1998, a Conferência Internacional do Trabalho, na sua 87ª Sessão, adota a Declaração dos Direitos e Princípios Fun- damentais no Trabalho, deinidos como o respeito à liberdade sindical e de associa- ção e o reconhecimento efetivo do direito de negociação coletiva, a eliminação de todas as formas de trabalho forçado ou obrigatório, a efetiva abolição do trabalho infantil e a eliminação da discriminação em matéria de emprego e ocupação. A Decla- ração associa a esses 4 direitos e princípios 8 convenções, que passam a ser deini- das como fundamentais. Estabelece que todos os Estados Membros da OIT, pelo sim- ples fato de sê-los e de terem aderido à sua Constituição, são obrigados a respei- tar esses direitos e princípios, havendo ou não ratiicadas as convenções a eles corres- pondentes. A Conferência deine também a ratiicação universal dessas convenções como um objetivo, senta as bases para um amplo programa de cooperação téc- nica da OIT com os seus Estados Membros com o objetivo de contribuir à sua efetiva aplicação e deine um mecanismo de moni- toramento dos avanços realizados. Em junho de 2008, durante a 97ª Sessão da Conferência Internacional do Trabalho, que se realiza anualmente em Genebra, representantes de governos, emprega- dores e trabalhadores adotaram um dos mais importantes documentos da OIT: a Declaração sobre Justiça Social para uma Globalização Equitativa. Corresponde a uma das primeiras manifestações de um organismo internacional com preocupa- ções sobre o mundo globalizado e a grave crise inanceira internacional que iria eclo- dir a partir de setembro de 2008. Fonte: ORGANIZAÇÃO INTERNACIONAL DO TRA- BALHO. Disponível em: <http://www.oitbrasil. org.br/content/hist%C3%B3ria>. Acesso em: 17 jun. 2015. R ep ro d u çã o p ro ib id a. A rt . 1 84 d o C ó d ig o P en al e L ei 9 .6 10 d e 19 d e fe ve re ir o d e 19 98 . 43 Segurança e medicina do trabalho Editora: Saraiva Sinopse: essa obra contempla o serviço Atualize seu Código. Para downloads, clique em material de apoio. Em duas cores, a obra reúne a legislação tutelar que garante aos trabalhadores a proteção legal da integridade físico- psíquica e a qualidade de vida laboral sadia. Normas Regulamentadoras – NRs 1 a 36, dispositivos da Constituição Federal e da CLT, Convenções da OIT e Principais Normas Trabalhistas e Previdenciárias. Atualização semanal via internet, com aviso por e-mail e SMS. Destaques dessa edição: Portaria 1.885, de 2-12-2013 (Alterações na NR 16); Lei n. 12.873, de 24-10-2013 (Licença-maternidade: Alterações relativas à adoção conjunta e direito à licença do cônjuge ou companheiro no caso de falecimento da genitora); Súmulas do STF, Vinculantes, STJ, TST, JEFs, Orientações Jurisprudenciais e Precedentes Normativos do TST; Dicas para consulta rápida na parte interna da capa. U N ID A D E II Professor Me. Tiago Ribeiro da Costa ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE I Objetivos de Aprendizagem ■ Compreender o processo de elaboração das NRs. ■ Apresentar os aspectos gerais das NRs. ■ Compreender os aspectos técnicos das NRs 01 a 06. Plano de Estudo A seguir, apresentam-se os tópicos que você estudará nesta unidade: ■ Normas Regulamentadoras: Atores envolvidos em seu processo de criação ■ Normas Regulamentadoras: Quem é obrigado a segui-las? ■ Normas Regulamentadoras nº 01 a 06: Uma abordagem técnica INTRODUÇÃO Caro(a) estudante, Estamos iniciando nossa segunda unidade e, por meio desta, também iniciare- mos os estudos, de maneira mais aplicada, de nossas Normas Regulamentadoras. Para que o aprendizado se torne mais fácil, faremos uma breve visitação sobre os principais aspectos de cada norma em sua ordem oicial (NR 1 a NR 36). Logicamente que essa extensa análise não caberia em apenas uma unidade, mas, por meio desta segunda unidade, faremos a análise da NR 1 (Disposições Gerais) à NR 6 (Equipamentos de Proteção Individual – EPIs). Todavia, ainda icaram algumas questões em aberto, as quais são originadas de nossa primeira unidade. Se você está lembrado(a), em nossa contextualização sobre as NRs, estabelecemos um conjunto de questionamentos que ainda não foram respondidos naquela oportunidade. Da mesma forma, existem ainda outros ques- tionamentos que precisam ser abordados antes de nossa análise aplicada às NRs. Assim, nossa segunda unidade será aberta pela discussão desses questio- namentos, e essa discussão terá por objetivo esclarecer sobre quais atores são envolvidos na elaboração ou atualização das normas, bem como sobre quais ato- res que são obrigados a seguir o disposto nas NRs. Outrossim, também objetivamos, com esta discussão inicial, esclarecer qual a conduta ou tendência quando se veriica o aumento de complexidade da prá- tica laboral e, ainda, qual é o papel do Tecnólogo em Segurança no Trabalho no que concerne à aplicabilidade das Normas Regulamentadoras em sua prática proissional. A partir dessa compreensão, estaremos aptos a adentrar a análise individual de cada norma, salientando que não teremos a pretensão de esgotar todos os assuntos relacionados à cada Norma Regulamentadora. Leve em conta que a apresentação deste material é uma humilde contribuição aos seus estudos e que uma verda- deira proposta de ensino-aprendizagem também engloba a sua proativa ação em consolidar seu conhecimento também se utilizando de outras bases coniáveis. Vamos prosseguir em nossos estudos? Seja bem-vindo(a) a nossa segunda unidade. Introdução R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt . 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e L e i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e f e v e re ir o d e 1 9 9 8 . 47 ANÁLISE SOBRE AS NORMAS REGULAMENTADORAS DO TRABALHO – PARTE I R e p ro d u çã o p ro ib id a . A rt. 1 8 4 d o C ó d ig o P e n a l e Le i 9 .6 1 0 d e 1 9 d e fe v e re iro d e 1 9 9 8 . IIU N I D A D E48 NORMAS REGULAMENTADORAS: ATORES ENVOLVIDOS EM SEU PROCESSO DE CRIAÇÃO A criação das Normas Regulamentadoras não é uma tarefa simples. Pelo contrá- rio, é uma tarefa que exige dedicação, tempo e conhecimento. Da mesma forma, o consenso e a contribuição proissional de pesquisadores, trabalhadores e empre- gadores se fazem fundamentais para a composição de uma norma que realmente relita a realidade e proporcione a execução de um trabalho produtivo e seguro. Para que isso ocorra, alguns atores são necessários, a saber: O Ministério do Trabalho e Emprego – MTE Esse Ministério é um ente ligado ao Poder Executivo Federal e, em sua estrutura, existem órgãos subordinados que cooperam entre si para a elaboração da Norma Regulamentadora. Geralmente estão envolvidas a Secretaria Executiva, a Secretaria de
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