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seminário ciencias sociais 2018

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Seminário 
Introdução às Ciências Sociais 
Licenciatura em Ciências Sociais 
Unidade Curricular de Introdução às Ciências 
Sociais 
Departamento de Ciências Sociais e de Gestão 
Universidade Aberta 
 
 
Porto, 16 de janeiro de 2018 
Docente: Olga Magano 
Tutores: Ana Melro | Ana Pinheiro | Joaquim Fialho 
1 
Objetivos 
Apresentação e discussão do programa da 
Unidade Curricular (UC) de Introdução às 
Ciências Sociais 
Promover a aquisição de conhecimento da 
UC 
Preparação dos estudantes para a 
realização das provas presenciais 
2 
 Identificar as etapas do processo de construção do conhecimento científico 
 Identificar e equacionar os obstáculos epistemológicos ao desenvolvimento do 
conhecimento científico. 
 Saber refletir sobre a unidade e a pluralidade das diversas Ciências Sociais e as questões 
históricas e sociais que permitiram o seu desenvolvimento 
 Identificar e delimitar o campo de investigação das Ciências Sociais 
 Dominar as principais teorias e problematizações constitutivas do campo disciplinar das 
Ciências Sociais 
 Indicar os principais contributos das diferentes Ciências Sociais e formas de 
complementaridade e interdisciplinaridade 
 Identificar e caracterizar os factos sociais enquanto domínio próprio das Ciências Sociais 
 Reconhecer e analisar as condições específicas da construção do conhecimento 
científico das Ciências Sociais, quanto ao seu grau de adequação e poder explicativo 
relativamente aos factos sociais 
 Conhecer e relacionar os fatores fundamentais de explicação social quanto ao seu valor 
e peso relativos na interpretação e explicação dos factos sociais 
 Conhecer e comparar as principais Ciências Sociais quanto às perspetivas e valor 
informativo e complementar dos resultados proporcionados 
 Espera contribuir-se para a capacidade de pesquisa, seleção e análise de informação e 
também formar espírito crítico e reflexivo que permita aos estudantes argumentar 
sobre as grandes problemáticas das Ciências Sociais 
Objetivos e competências da UC 
3 
 
 
1. Perspetiva da vida quotidiana e do que é a 
especificidade do social 
1.1. Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e as 
relações sociais 
1.2. Definição do conceito de social no âmbito das 
Ciências Sociais (a especificidade do social) 
 
2. Aprender a ser membro da sociedade: formas de 
sociabilidade 
2.1. O processo de socialização 
2.2. Papéis sociais – interpretação e interiorização de 
normas sociais 
 
3. Construção do conhecimento científico 
3.1. O processo de construção do conhecimento científico 
3.3. Construção e verificação de teorias: problemas e 
controvérsias 
 
4. Objetividade e neutralidade nas Ciências Sociais: os 
obstáculos epistemológicos 
4.1 Definição de obstáculos epistemológicos e a sua 
configuração 
 
 
 
 
 
4.2 Familiaridade do social e senso comum 
4.3 Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e sociedade 
4.4 Etnocentrismo cultural 
 
5. A explicação e a compreensão em Ciências Sociais 
5.1 Contextualização das duas principais correntes 
teóricas em Ciências Sociais 
5.2 Singularidade e complementaridade entre explicação 
e compreensão 
 
6. O domínio das Ciências Sociais – unidade e 
pluralidade 
6.1 Visão global sobre as Ciências Sociais – o centro de 
interesse das Ciências Sociais 
6.2 Unidade e pluralidade das Ciências Sociais 
 
7. Visão global sobre as Ciências Sociais 
7.1 Breve apresentação de algumas Ciências Sociais 
7.2 Dinâmica e transformação das Ciências Sociais 
 
 
 
Programa da UC 
4 
Bibliografia obrigatória: 
• Magano, Olga (2014), Introdução às Ciências Sociais. Lisboa. Universidade Aberta. eUAb. Coleção Universitária, n.º 7, ISBN 978-
972-674-700-0. (e-book). 
• Outros textos disponibilizados na turma. 
Bibliografia complementar: 
• Campenhoudt, L. V. (2003). Introdução à Análise dos Fenómenos Sociais. Lisboa, Gradiva. 
• Durkheim, Émile (1985). As Regras do Método Sociológico. Lisboa. Editorial Presença. 
• Esteves, António Joaquim; Fleming, Joaquim (1982). Sociologia. Textos e notas introdutórias. Porto. Porto Editora. 
• Giddens, Anthony (1996). Novas Regras do Método Sociológico. Lisboa. Gradiva. 
• Luckman, Thomas e Berger, Peter I. (1985). A construção social da realidade. Um livro sobre a sociologia do conhecimento. 
Lisboa. Dinalivro. 
• Nunes, Sedas (1973). Questões preliminares sobre as ciências sociais. Lisboa. Presença /GIS. 
• Santos, Boaventura de Sousa (1986). Um discurso sobre as ciências. Coimbra. Universidade de Coimbra. 
• Santos, José Rodrigues dos. (2000). “A Propósito das Noções «Problema Social» e «Problema Sociológico». Vários. Homenagem 
ao Professor Augusto da Silva. Universidade de Évora. Departamento de Sociologia. 
• Silva, Augusto Santos; Pinto, José Madureira (1986). (orgs.). Metodologia das ciências Sociais. Porto. Ed. Afrontamento. 
• Weber, Max (2009). Conceitos sociológicos fundamentais. Lisboa. Edições 70. 
Outros Recursos: 
• B-On - Biblioteca do Conhecimento - http://www.b-on.pt/ 
• Dicionário de Sociologia - Porto Editora 
• Directory of Open Acess Journals - http://www.doaj.org/doaj?func=subject&cpid=87 
• Guia virtual das Ciências Sociais - http://www.ics.ul.pt/guiavirtual/ 
• Les classiques des sciences socials - http://classiques.uqac.ca/ 
 
Recursos 
5 
1. Perspetiva da vida quotidiana e do que é a 
especificidade do social 
1.1. Reflexão sobre o que é a vida quotidiana e 
as relações sociais 
1.2. Definição do conceito de social no âmbito 
das Ciências Sociais (a especificidade do social) 
Tema 1 
6 
Identificar em que consiste a noção de 
quotidiano 
Equacionar de que forma é que o quotidiano 
pode ser integrado na análise social 
Identificar o conceito de social e a sua 
especificidade 
Distinguir problema social de problema 
sociológico 
 
 
Objetivos do Tema 1 
7 
 A importância da análise do quotidiano para o estudo das relações sociais: 
 
José Machado Pais: 
 Quotidiano como lugar privilegiado da análise sociológica na medida em que é 
um lugar revelador, por excelência, de determinados processos do funcionamento 
e da transformação das sociedades e de determinados conflitos que opõem os 
agentes sociais” (1986: 8). 
 
 Não é possível separar o quotidiano do social, da mesma forma que não é 
possível encontrar as fronteiras entre as vivências do dia-a-dia, com todas as suas 
tensões, conflitos, alegrias, mudanças e as reflexões sociológicas que delas se 
fazem. 
 
Mas como se faz a passagem do quotidiano para a sua importância científica? 
 
É o que vamos analisar de seguida com a distinção entre o que é problema social e 
problema sociológico. 
 
 
O quotidiano social 
8 
9 
 Na linguagem quotidiana utilizamos indiferentemente as 
expressões «problema social» e «problema sociológico» 
como se tivessem o mesmo significado. 
 
 É uma confusão etimológica e epistemológica. 
 
 Problema social ≠ problema sociológico. 
O problema social 
10 
 A multiplicação dos «problemas sociais» é um fenómeno 
contemporâneo. 
 
 Por outras palavras: um número crescente de factos, 
situações e aspetos da realidade social têm vindo a ser 
problematizados: 
 Nomofobia 
 Obsolescência (programada) 
 Bullying 
 Desemprego altamente qualificado 
 Isolamento dos idosos 
 E/Imigração 
 
Problema sociológico? 
O problema social 
11 
 A essência do problema social está na própria insatisfação 
experimentada face a este ou aquele aspeto da realidade 
social. 
 
 
 É uma situação que afeta um número significativo de pessoas 
e que é julgada por estas ou por um número significativo 
doutras pessoas como uma fonte de dificuldade ou 
infelicidade e considerada suscetívelde melhoria/resolução. 
 
 
 
O problema social 
12 
Dimensão objetiva 
(Situação) 
Dimensão subjetiva 
(Visão) 
O problema social 
13 
 Um problema social é uma alegada situação incompatível com 
os valores de um significativo número de pessoas, que 
concordam ser necessário agir para a alterar. 
Ex.: droga/traficantes/consumidores. 
 
 Os problemas sociais estão imbuídos de um significado social. 
 
 O crivo científico dá-lhes significado sociológico. 
 
 
 
O problema social 
14 
 
«Uma situação que afeta um número significativo de 
pessoas e é julgada por estas ou por um número 
significativo doutras pessoas como uma fonte de 
dificuldade ou infelicidade e considerada suscetível e 
melhoria». 
 
Unesco 
 
 
 
O problema social 
15 
 
 
 
Características dos discursos 
Interpretativo 
(Qual é o 
problema, 
dificuldades 
sentidas) 
Explicativos 
(Causas dessas 
dificuldades) 
Normativos 
(O que se deve 
fazer para os 
solucionar) 
O problema social 
16 
É ALGO QUE AFETA UM NÚMERO SIGNIFICATIVO DE PESSOAS 
 
A partir de que número um problema deixa de ser pessoal e passa a ser 
social? 
R: Não existe um número exato... mas, quando uma situação afeta um 
número suficiente de modo a ser notícia, a falar-se, escrever-se... temos 
um problema social. 
 
É CONSIDERADO INDESEJÁVEL 
 
O trabalho infantil afetou (e afeta em algumas regiões) um número 
significativo de pessoas mas não era um problema social porque era 
desejável; só quando um número significativo de pessoas passou a 
defender ideias contrárias se tomou um problema social. 
O problema social: síntese 
17 
SENTE-SE QUE ALGUMA COISA PODE SER FEITA... 
O mau tempo reúne as condições SIGNIFICATIVO e INDESEJAVÉL 
mas não é um problema social porque nada podemos fazer. 
 
O que não podemos mudar não é um problema social, embora, 
por vezes, as condições de análise se modifiquem: a fome durante 
muito tempo não foi um problema social até se sentir que não era 
um fenómeno irreversível. 
 
ATRAVÉS DE UMA AÇÃO SOCIAL COLETIVA 
Os problemas sociais surgem muitas vezes quando se descobre 
que é possível mudar as coisas. 
O problema social: síntese 
18 
1. PENSAR QUE EXISTE UNANIMIDADE DE PONTOS DE VISTA 
Ex.: considerar a prostituição como indesejável para todos. 
 
2. PENSAR QUE SÃO NATURAIS E INEVITÁVEIS 
I.e. que pertencem à «lei natural»... mas, a lei da sobrevivência 
natural nem sempre se aplica às sociedades humanas porque as 
instituições e os costumes também participam na 
sobrevivência... a lei natural muitas vezes santifica os bem 
sucedidos e desencoraja a simpatia pelos infelizes. 
O problema social: erros de análise 
19 
3. SÃO «COISAS ANORMAIS» 
 
Causadas por comportamentos anormais que rompem com a 
ordem estabelecida... mas, muitos problemas sociais são 
causados por comportamentos «normais». 
 
O que é normal? 
O que é patológico? 
 
 Desemprego 
 Prostituição 
 Fome 
 
 
O problema social: erros de análise 
20 
4. SÃO CAUSADOS POR MARGINAIS 
 
E não por gente «normal»... os problemas sociais são, muitas 
vezes, a consequência de comportamentos normais de gente 
normal... são o produto de um sistema de valores. 
 
 Corrupção 
 Tráfico de influências 
 Clientelismo 
 
 
O problema social: erros de análise 
21 
5. EXISTEM PORQUE SE FALA NELES 
 
Ou porque são divulgados e ampliados pela comunicação 
social. 
 
 Qual o papel dos media? Ciberespaço? 
 Sociedade global 
 
 
O problema social: erros de análise 
22 
6. TODOS GOSTARIAM DE VER OS PROBLEMAS RESOLVIDOS 
 
Existem pessoas que não querem a resolução dos problemas. 
 
 Será que os tranficantes querem? 
 Laboratórios? 
 Agências financeiras? 
 
7. OS PROBLEMAS SOCIAIS RESOLVEM-SE POR SI PRÓPRIOS 
 
É a crença no progresso automático e inevitável. 
 
 
 
O problema social: erros de análise 
Afinal… quando é 
problema 
sociológico? 
23 
24 
Há duas linguagens: 
Comum 
Científica 
 
As Ciências Sociais utilizam algum vocabulário que é partilhado pela 
linguagem do quotidiano. 
A construção das disciplinas sociológicas faz-se através do trabalho 
crítico de análise das noções e da reconstrução de conceitos. 
A constituição de um problema social é o resultado de lutas simbólicas 
travadas em sociedade e que pressupõem grupos com graus diversos de 
poder. 
O problema sociológico é uma interrogação que o investigador formula 
acerca dos processos de interação social, acerca dos modos de 
organização do sistema social e dos fenómenos que dele decorrem, e não 
se justapõe ao problema social. 
O problema sociológico 
25 
 Um problema social é uma violação de 
expectativas morais. 
 
 As questões sociológicas derivam das 
preocupações sociais. 
 
 O problema sociológico é um problema de 
conhecimento científico que se suscita e resolve 
no âmbito da Sociologia. 
Concluindo... 
2. Aprender a ser membro da sociedade: 
formas de sociabilidade 
2.1. O processo de socialização 
2.2. Papéis sociais – interpretação e 
interiorização de normas sociais 
26 
Tema 2 
 Compreender em que consiste o processo de 
interiorização e incorporação de normas sociais. 
 Definir o conceito de socialização. 
 Distinguir as várias fases do processo de socialização. 
 Identificar os principais agentes de socialização. 
 Definir papel social. 
 Explicitar como se interiorizam e interpretam as 
normas sociais: os papéis sociais. 
 Contextualizar as diferenças de socialização nas várias 
sociedades e tipos de papéis possíveis de acordo com 
género, idade, classe social, formação, etc. 
 
27 
Objetivos do Tema 2 
 Processo através do qual os indivíduos adquirem um certo 
número de conhecimentos, de mecanismos e de respostas 
às diferentes circunstâncias da vida social, por via dos quais 
se adaptam às exigências da vida coletiva e se integram 
nas suas estruturas. 
 
 Processo bilateral, de constante interação entre indivíduo 
e Sociedade. 
 
 Diferente em todas as sociedades. 
 
Socialização ≠ Sociabilização 
28 
Processo de socialização 
 Socialização primária: indivíduo não nasce membro da 
sociedade. Nasce com disposição para a sociabilidade e 
torna-se membro da sociedade (interiorização, 
identificação e significação). 
 A socialização primária é a primeira socialização que o 
indivíduo experimenta na infância e em virtude da qual 
aprende a ser membro da Sociedade. 
 Termina quando o conceito do Outro generalizado fica 
estabelecido na consciência do indivíduo. 
29 
Socialização primária e secundária 
Socialização secundária: processos posteriores, 
por meio dos quais o indivíduo é introduzido 
num mundo social específico. 
 Exige a aquisição de vocabulários específicos 
das funções; os novos conteúdos terão de se 
sobrepor, fundir ou complementar os já 
existentes. 
30 
Socialização primária e secundária 
Mecanismos de socialização são postos em ação 
por um certo número de agentes: 
 Família 
 Escola 
 Grupos sociais/de pares 
 Meios de comunicação 
Processo contínuo… 
31 
Agentes de socialização 
Atrás vimos o conteúdo da socialização, mas é 
também importante o contexto, as condições e 
consequências sociais da socialização (estrutura 
social onde ocorre) – interiorização. 
 
Socialização imperfeita 
32 
Interiorização e estrutura social 
Setor organizado de orientação de uma pessoa 
definindo a sua participação no processo de 
interação social. 
Conjunto de deveres adstritos a uma determinada 
posição social: comportamento esperado, 
expectativas de obrigações mantidas por outros 
membros acercado comportamento daquele que 
tem a posição. 
 
Papel social = Posição social 
33 
Papel social 
Ao lado do conceito de socialização está o de 
papel social, que surge associado aos conceitos 
de interpretação e interiorização… 
… de normas sociais 
Definição de modelos de conduta, exteriores e 
impositivos ao indivíduo. 
34 
Papéis sociais – interpretação e 
interiorização de normas sociais 
 O indivíduo, ao ocupar múltiplas posições 
(estatuto social), vai desempenhar múltiplos 
papéis. 
 Teoria de ator social de Goffman. 
 A definição de cada papel é realizada em função 
do comportamento esperado pelas pessoas com 
que o indivíduo se relaciona, estando esta 
expectativa igualmente presente nas relações 
grupais. 
Conflito de papéis 
35 
Múltiplos papéis sociais 
3. Construção do conhecimento científico 
3.1. O processo de construção do conhecimento 
científico 
3.3. Construção e verificação de teorias: 
problemas e controvérsias 
36 
Tema 3 
 Conceptualizar a noção de objetividade e o processo de construção do objeto de estudo em 
Ciências Sociais. 
 Identificar e explicitar os principais obstáculos epistemológicos: familiaridade com a 
realidade social, dicotomias natureza/cultura e indivíduo/sociedade e etnocentrismo. 
 Reconhecer as fases do processo de construção do conhecimento científico e as várias 
etapas do método científico de acordo com Gaston Bachelard: rutura com o senso comum, 
construção e validação de conhecimento. 
 Descrever os procedimentos científicos para a rutura com o senso comum e avaliar e discutir 
as dificuldades com que os cientistas se debatem para cumprir essa necessidade 
metodológica. 
 Explicitar a importância da função de comando da teoria na produção social do 
conhecimento científico. 
 Identificar os principais paradigmas teóricos nas ciências, em particular, nas Ciências Sociais. 
 Compreender a importância da relativização e a relacionação entre os fenómenos sociais. 
 Enquadrar a noção de realidade social como fenómeno multidimensional e as diferentes 
perspetivas das Ciências Sociais. 
37 
Objetivos do Tema 3 
Processo de construção de conhecimento científico – 3 grandes etapas 
(Gaston Bachelard): 
 
Etapa 1: Rutura com o senso comum 
 O investigador de Ciências Sociais enfrenta obstáculos enquanto 
membro de uma sociedade e como investigador. 
 Estes obstáculos são designados por epistemológicos e consistem 
na familiaridade do investigador com o social, o senso comum, a 
dicotomia natureza e cultura, a dicotomia indivíduo sociedade, o 
etnocentrismo e a relação do nós com os outros, de acordo com as 
posições sociais que cada ser humano ocupa na sociedade. 
 Para enfrentar e controlar cada um destes obstáculos, os cientistas 
sociais devem fazer um processo de rutura com o senso comum, 
nomeadamente pela desconstrução de pré-noções que dificultam o 
desenvolvimento do raciocínio científico. 
38 
Rutura com o senso comum 
 Para romper com o senso comum é necessário relativizar, relacionar e fazer 
análise científica das concepções de senso comum 
 
 A atitude problematizadora da ciência e os princípios da pesquisa social 
constituem os elementos da superação do senso comum: a 
relativização dos fenómenos humanos; os contextos socio-históricos e as 
coordenadas de tempo e lugar são determinantes; a relacionação dos factos; a 
integração em sistemas de relações recíprocas, empiricamente verificáveis, 
questionar e problematizar todos os conhecimentos adquiridos, inclusivamente o 
senso comum, as ideologias e a própria ciência. 
 
 A rutura nunca será completa nem unitária mas a separação dos domínios da 
ciência e do senso comum são condições básicas da própria investigação científica. 
 
 Evitar a ilusão de transparência proporcionada pela familiaridade do social. 
 
 Evitar o conhecimento espontâneo que obsta ao conhecimento científico 
39 
Rutura com o senso comum 
Etapa 2: A construção do objeto de análise, das teorias explicativas 
 Uma das condições cruciais para a superação das conceções do 
senso comum e ideológicas deriva precisamente do facto de que a 
pesquisa social pode torná-las objeto da sua própria análise. 
 Quer dizer, pode submetê-las aos seus próprios mecanismos de 
controlo. Tal constitui, é bom não esquecê-lo, um passo 
indispensável para a rutura: é porque é capaz de colocar 
sistematicamente em causa os conhecimentos adquiridos, quer 
por saber prático, quer por vinculação doutrinária, quer mesmo por 
investigação científica. 
 É porque o questionar, o problematizar, representa a própria 
essência do seu trabalho, que a ciência é capaz de continuamente 
romper, no seu domínio, com as noções que não se ajustem às suas 
regras (Silva e Pinto, 1986: 52). 
40 
Construção do objeto de análise 
 A procura da verdade objetiva é a essência da ciência social. 
 O cientista social parte desse pressuposto para tentar atingir o 
"realismo", ou seja, procurar uma visão objetiva da realidade. 
 As questões metodológicas colocam-se na definição do que é a 
objetividade e nas formas para atingir essa objetividade na análise 
dos factos e das suas relações causais. 
 Tem sido uma preocupação constante dos cientistas sociais, desde 
os fundadores: produzir conhecimento científico objetivo sobre a 
realidade social. 
 
 
Ciência = processo de construção 
41 
Realidade social 
A função de comando da Teoria 
 
 Bachelard defende que “a opinião pensa mal; não pensa; traduz necessidades em 
conhecimentos”. 
 Não se pode basear nada na opinião: antes de tudo é preciso, é preciso destruí-la. 
Ela, a opinião, é o primeiro obstáculo a ser superado. 
 Em primeiro lugar, é preciso saber formular problemas que não se formulam de 
forma espontânea em ciência. 
 O desenvolvimento de procedimentos padronizados de recolha de informação 
sobre o real, como por exemplo as técnicas do inquérito por questionário, da 
entrevista, da análise de conteúdo, contribuiu para que o processo de observação 
sociológica e das ciências sociais em sentido amplo, se tornasse uma fase do 
trabalho científico cada vez mais sistemática e racionalmente controlada. 
 Mas o avanço nesta direção só é possível com o contributo de outro elemento da 
prática: a teoria, ou seja, da matriz teórica, entendida como conjunto organizado 
de conceitos e relações entre conceitos substantivos, isto é, referidos, direta ou 
indiretamente ao real (Almeida e Pinto, 1986: 55). 
42 
Comando da Teoria 
 
 A construção da teoria é fomentada pela colocação de perguntas, pela 
interrogação sobre determinados aspetos da realidade social. 
 Processo que parte do racional para o real (G.Bachelard). 
 
À teoria é conferido o papel de comando do conjunto de trabalho científico, que se 
traduz em articular-lhe os diversos momentos: 
 Definição do objeto de análise; 
 Atribuição de significado; 
 Construção de potencialidades explicativas; 
 Definição de limites; 
 Nos percursos de diversos níveis da sua especificação ela produz e integra os 
chamados enunciados observacionais, dá consistência à rede de relações que se 
estabelece em todo o processo. 
 
Verificação da validade das teorias faz-se pelo confronto com a informação empírica e 
resultados de outras investigações. 
 
43 
Construção e verificação de teorias 
4. Objetividade e neutralidade nas Ciências 
Sociais: os obstáculos epistemológicos 
4.1 Definição de obstáculos epistemológicos e a 
sua configuração 
4.2 Familiaridade do social e senso comum 
4.3 Dicotomias natureza e cultura e indivíduo e 
sociedade 
4.4 Etnocentrismo cultural 
44 
Tema 4 
 Conceptualizar a noção de objetividade e o processo 
de construção do objeto de estudoem Ciências Sociais. 
 Identificar e explicitar os principais obstáculos 
epistemológicos: familiaridade com a realidade social, 
dicotomias natureza/cultura e indivíduo/sociedade e 
etnocentrismo. 
 Delinear os contornos do conceito de etnocentrismo e 
o seu impacto sobre outros conceitos. 
 Compreender a importância da relativização e a 
relacionação entre os fenómenos sociais. 
 
45 
Objetivos do Tema 4 
 A familiaridade do social e senso comum- proximidade do social – a minha realidade social 
não é igual à dos outros; a ilusão de transparência. 
 
 Dicotomia natureza e cultura - Nas interpretações comuns dos factos sociais é usual 
atribuírem-se causas físicas, biológicas ou naturais a determinados padrões de 
comportamento. 
 
 Questiona-se a relação que se estabelece entre a natureza e os diversos contextos sociais e 
culturais em que o ser humano se move (evolucionismo; sociolobilogia). 
 
 Dicotomia indivíduo e sociedade, o vago sentimento de desorientação provocado pela 
indefinição do objeto das ciências sociais assenta em dois argumentos: um deles refere que 
como cada indivíduo é diferente dos outros, torna impossível avançar com uma explicação 
em termos de grupo e o outro argumento sustenta que este tipo de explicação é contrário ao 
livre-arbítrio, ou seja, à opção individual de cada um de nós. 
 
 Os comportamentos humanos não são “naturais”, são “sociais” - dependem da forma como 
estão organizadas as sociedades de origem e o processo de socialização incentiva. 
 
 Por exemplo, o caso da competitividade. 
 
 
46 
Obstáculos epistemológicos 
 O que se constata é que os seres humanos são ao mesmo tempo singulares, com 
as suas próprias características mas também compartilham algumas características 
com os outros indivíduos. 
 Assim sendo, o que é singular de cada indivíduo é a combinação total, não cada 
característica individual em si mesma. 
 qualquer investigador social tentará sempre encontrar as causas de qualquer 
comportamento individual numa experiência social vivida pela pessoa. 
 Por outro lado, há que notar que só quando estamos conscientes das forças que 
nos pressionam para nos comportarmos de determinada maneira nos diferentes 
contextos é que se questiona uma decisão se devemos ou não continuar a 
comportar-nos desse modo e se torna significativa. 
 Caso contrário, se não existir esse questionamento as escolhas que fazemos 
aparentemente não são entendidas por nós como escolhas de facto mas sim como 
“naturais”. 
 Ex.: o suicídio (estudo desenvolvido por Durkheim que nos revela que apesar do 
suicídio ser um ato individual enquadra-se num conjunto de características sociais 
partilhadas pelos indivíduos). 
47 
Comportamento social 
 A sobrevalorização do grupo e da cultura local, regional, nacional ou 
transnacional, a que pertence cada um dos indivíduos e a respetiva 
depreciação das culturas e das organizações diferentes, o desejo de 
universalização dos valores próprios do grupo e da cultura de 
pertença, assumindo-se que esses valores constituem ou devem 
constituir as normas de referência para a avaliação de estruturas e 
de práticas sociais (Silva, 1986: 45). 
 
 Esta conceção etnocêntrica foi dominante durante muitos anos nas 
ciências sociais, em que as havia a valorização abusiva de certos 
valores de algumas sociedades eram usadas como parâmetros de 
comparação e uma espécie de medição de evolução social. 
 
 Por exemplo em relação aos ciganos, aos imigrantes, etc. 
48 
Etnocentrismo 
5. A explicação e a compreensão em Ciências 
Sociais 
5.1 Contextualização das duas principais 
correntes teóricas em Ciências Sociais 
5.2 Singularidade e complementaridade entre 
explicação e compreensão 
49 
Tema 5 
Distinguir a corrente teórica explicativa e a 
teoria compreensiva ou interpretativa. 
Compreender o alcance das duas correntes e 
de que forma se interligam e complementam. 
Identificar os principais autores de cada uma 
das correntes. 
50 
Objetivos do Tema 5 
 A principal preocupação dos autores das 
disciplinas de Ciências Sociais tem sido a 
explicação e a compreensão das sociedades em 
que vivem e as interconexões que se estabelecem 
entre elas. 
 Neste capítulo recorremos especialmente a Karl 
Marx, Émile Durkheim e Max Weber para 
exemplificarmos como tem sido produzido este 
conhecimento explicativo da realidade social. 
51 
Explicação e compreensão 
 Karl Marx e o materialismo histórico - análise das grandes desigualdades sociais. 
 
 Salienta três tipos de relações sociais de produção que Marx define - escravatura, 
servidão e salariado - têm, de formas diferentes, o mesmo denominador comum: o 
facto de que os interesses dos dominantes se sobrepõem à vontade dos explorados. 
 
 A alienação do trabalhador na economia capitalista deriva dessa disparidade entre o 
poder produtivo do trabalho, que se torna cada vez maior com a expansão do 
capitalismo, e a ausência de controlo por parte do trabalhador sobre os objetos que 
produz. 
 
 Marx entende que a divisão em classes implica uma relação conflitual. Simplificando-se 
e universalizando-se na sociedade burguesa, as relações de classe alteraram-se, de 
acordo com Marx, depois de consolidado o capitalismo, já que se verifica uma 
tendência para a existência de duas grandes classes que estão em oposição direta: a 
burguesia e o proletariado. 
 
 Alienados por não terem consciência da exploração que os vitima nem da sua 
participação inconsciente numa relação de dominação. 
52 
K. Marx e as relações de produção 
Émile Durkheim e o positivismo sociológico 
 
 Estabeleceu um método e definiu o objeto da sociologia, ao mesmo 
tempo que procurou encontrar soluções para a manutenção da sociedade 
que surgiu após as revoluções. 
 Para ele a organização social é possível graças ao consenso ou à 
"consciência coletiva" e a sociologia tem como objeto o "facto social". 
 Perspetiva de que o social apenas pode ser explicado recorrendo ao 
social, ou seja, pela construção social através do corte epistemológico com 
o senso comum, procurando obter um estatuto de cientificidade para a 
sociologia ( “As regras do método sociológico”, Durkheim, 1984). 
 Esta conceção assenta no pressuposto de que o facto social deve ser 
tratado como uma “coisa”, isto é, de acordo com o método científico. 
 Facto social duas características fundamentais – a exterioridade e a 
coação. 
 53 
Durkheim – Modelo explicativo 
 Factos sociais - “consistem em maneiras de agir, de pensar e de sentir 
exteriores ao indivíduo (existem fora das consciências individuais) e dotadas 
de um poder coercivo em virtude do qual se lhe impõem” (1984: 31). 
 
 Cada facto social concreto deve ser referido a um ambiente social particular e 
a um tipo definido de sociedade, pois um dado facto social ocorre num 
determinado espaço físico e num determinado tempo (época ou data 
específica). O espaço e o tempo conferem aos factos sociais características por 
vezes únicas, outras vezes semelhantes, a outros factos noutros locais ou 
épocas. O facto designa, então, um acontecimento concreto no tempo e no 
espaço. 
 
 Ao dizermos que um indivíduo se suicidou esta manhã no seu apartamento, 
estamos a referir-nos a um facto social concreto mas não a um facto 
sociológico. Para ser sociológico é preciso que haja sobre ele um conjunto de 
interrogações metodológicas. 
54 
Facto social 
Max Weber e a objetividade em Ciências Sociais 
 
 Estudo da sociedade e das relações sociais através da religião. 
 
 Weber sublinha o facto de na Europa moderna “os principais homens de negócios e proprietários de capital, assim como os 
operários qualificados de nível mais elevado e, de modo particular,o pessoal de elevadas qualificações técnicas e comerciais 
das empresas modernas, serem na sua grande maioria protestantes”. Trata-se de um facto não apenas contemporâneo, mas 
sim histórico: é possível demonstrar que alguns dos primeiros centros de desenvolvimento capitalista na primeira parte do 
século XVI eram de religião protestante (Weber, 1983 [1920]: 25). 
 
 Para o autor, protestantismo adota uma atitude muito rígida em relação ao prazer e aos divertimentos – fenómeno 
particularmente pronunciado no calvinismo o que permite concluir que é a natureza específica das crenças protestantes que 
explica a relação entre o protestantismo e o racionalismo económico. 
 
 A novidade da interpretação de Weber não consiste no facto de surgir que há uma relação entre a Reforma e o capitalismo 
moderno. Verifica-se geralmente que as pessoas que dedicam a vida a atividades económicas e à obtenção de lucro são ou 
indiferentes à religião, ou até hostis a ela, na medida em que as suas ações visam exclusivamente o mundo “material”, 
enquanto a religião se interessa apenas pelo mundo “não-material”. 
 
 O protestantismo, porém, longe de se desinteressar do controlo das atividades quotidianas, exigia aos seus aderentes uma 
disciplina muito mais rígida do que o catolicismo, injetando assim um elemento religioso em todos os aspetos da vida do 
crente. A relação entre o protestantismo e o capitalismo moderno não pode ser integralmente explicada considerando o 
primeiro como um “resultado” do segundo: mas o carácter das crenças e dos códigos de comportamento dos protestantes é 
de resto muito diferente do que à primeira vista poderíamos considerar como de molde a estimular a atividade económica 
(pp. 26-27). 55 
Max Weber e a compreensão 
 O principal adversário que o “espírito” do capitalismo teve de enfrentar foi o tradicionalismo. 
 
 Para o desenvolvimento do capitalismo é necessário existir um excedente populacional no mercado de 
trabalho que possa ser contratado a baixo preço. 
 
 A ciência baseia-se também em ideias que, tal como os outros valores, não podem ser cientificamente 
comprovados. 
 
 O principal objetivo das ciências sociais é pois, segundo Weber, o de “compreender a originalidade 
característica da realidade em que vivemos”. Ou seja, o principal objetivo das ciências sociais consiste na 
tentativa de compreensão das razões que fazem com que os fenómenos históricos particulares sejam 
aquilo que são. Isto exige, porém, que se opere uma abstração a partir da complexidade infinita da 
realidade empírica. A realidade consiste numa profusão infinitamente divisível. Ainda que nos 
concentremos num único elemento dessa realidade, verificaremos que esse elemento partilha dessa 
infinidade. Toda a forma de análise científica, todo o corpo de conhecimentos científicos, pertença ele ao 
domínio das ciências naturais ou sociais, implica uma seleção operada a partir da infinidade da realidade. 
 
 Para o autor os conceitos utilizados nas ciências sociais não podem ser diretamente derivados da 
realidade, exigindo a mediação das pressuposições de valor, uma vez que a determinação dos problemas 
considerados como dignos de interesse se baseia nessas pressuposições. Assim, a interpretação e a 
explicação de uma configuração histórica exigem a construção de conceitos especificamente elaborados 
com esse propósito e que, tal como objetivos de análise, não reflitam propriedades universalmente 
“essenciais” da realidade (Giddens, 1984: 201). 
 
 Um tipo ideal é elaborado através da abstração e da combinação de um número indefinido de elementos 
que, se bem que sejam todos eles extraídos. 
 
 56 
Espírito do capitalismo 
 Na corrente explicativa: 
- É incontornável retomar a teoria de Émile Durkheim, sobretudo com a compreensão do 
modelo explicativo que desenvolveu e que designou pelas “regras do método sociológico” e 
a conceção de laços sociais (o positivismo sociológico). 
- O autor preocupa-se em estabelecer o método e definir o objeto da sociologia, sob o ponto 
de vista positivista (segundo modelos retirados das ciências da natureza). Os principais 
conceitos desenvolvidos foram: facto social, consenso, consciência coletiva, solidariedade 
orgânica e mecânica, etc. 
 
 Na corrente compreensiva: 
- Max Weber destacou-se pelo desenvolvimento de um modelo teórico compreensivo sobre a 
realidade social do seu tempo (ou seja, procurou a interpretação da ação social e busca de 
sentido e não só a explicação através do método positivista). 
- O autor enfatiza os aspetos subjetivos e simbólicos das relações sociais e delimita o campo de 
estudo da sociologia dentro da ação social. 
- Estuda a análise da natureza capitalista e das características do capitalismo europeu com a 
influência religiosa dominante e desenvolve os seguintes conceitos: subjetividade e 
objetividade, Juízos de facto e juízos de valor, tipos ideais, sociologia interpretativa ou 
compreensiva, tipos de dominação, estatuto social. 
57 
Corrente explicativa e corrente 
interpretativa 
Outros modelos explicativos: cultura e traços culturais e grupos 
sociais e formas de sociabilidade 
 
Cultura e traços culturais 
 Todo o comportamento é orientado para a cultura. Qualquer 
manifestação de hábitos ou costumes da vida do quotidiano, como 
a gastronomia, a maneira de vestir, as artes e os ofícios, entre 
outros, é sentida como manifestações culturais. Mesmo as funções 
humanas que correspondem a necessidades fisiológicas, como a 
fome, o sono, o desejo sexual, etc., são informadas pela cultura: as 
sociedades não dão exatamente as mesmas respostas a essas 
necessidades. 
 O relativismo cultural e a análise estrutural da cultura. 
 F. Boas - o estudo de uma cultura particular é concebido sem a 
priori, sem comparação a outras culturas. 
58 
Outros modelos de 
cultura 
Outros modelos explicativos: cultura e traços culturais e grupos sociais e formas de sociabilidade 
 
Grupos sociais e formas de sociabilidade 
 
 Durkheim – conceito de solidariedade mecânica e orgânica. 
 George Gurvitch - manifestações de sociabilidade 
– Elaborou outras duas escalas, ou tipos, em que se manifestam e combinam os diferentes ambientes sociais - as unidades 
coletivas particulares (grupos) e os quadros estruturais da sociedade (sociedades globais). 
– Duas formas de interação nas sociabilidades: a sociabilidade espontânea e as expressões organizadas da 
sociabilidade. No contexto da sociabilidade espontânea foram definidos dois tipos. Em primeiro lugar, Gurvitch 
identificou a sociabilidade espontânea por interpenetração, participação e fusão parcial no Nós. 
 Simmel e o conceito de sociation - distinção entre o conteúdo e a forma nas relações sociais. Propôs-se, neste sentido, a 
introduzir nas ciências sociais o conceito de sociation considerada uma forma pura de interação que o levou a ser 
considerado o fundador da sociologia pura ou formal. Para este autor, a forma seria, então, o objeto da sociologia pura ou 
formal. 
– Distinta do conteúdo, essa forma é o resultado da identificação de regularidades e padrões específicos, constituídos a partir de 
uma abordagem científica - daí que Simmel refira que "Em si próprios, estes materiais com que se preenche a vida, as 
motivações que a impulsionam, não são sociais. Rigorosamente falando, nem a fome, nem o amor, nem o trabalho, nem a 
religiosidade, nem a tecnologia, nem as funções e os resultados da inteligência são sociais. São fatores de sociation apenas 
quando transformam a mera agregação de indivíduos isolados em formas de estar de e para os outros. 
 Robert K. Merton e o conceito de função: funções latentes e manifestas - defende que os fenómenos sociais se inscrevem 
numa lógica de explicação através das funções que desempenham no social (Barata, 2004: 42). Tais funções estãoassociadas às ações de um elemento do sistema social que provocam consequências objetivas no conjunto desse sistema e 
na sua reprodução, o que levou este autor a distinguir dois tipos de funções: a função latente e a função manifesta. 
– Uma função é latente sempre que não é pretendida e apercebida por quem a desencadeia. 
– Uma função é manifesta quando é querida e apercebida pelos indivíduos. 
59 
Outros modelos de 
cultura 
6. O domínio das Ciências Sociais – unidade e 
pluralidade 
6.1 Visão global sobre as Ciências Sociais – o 
centro de interesse das Ciências Sociais 
6.2 Unidade e pluralidade das Ciências Sociais 
60 
Tema 6 
 
 Identificar o contexto histórico, social e político presente no 
desenvolvimento das Ciências Sociais. 
 Delimitar teoricamente a especificidade do social e explicar em que 
consiste. 
 Reconhecer a pluralidade e especificidade das Ciências Sociais: 
delimitar o conceito de matriz teórica e de campo disciplinar. 
 Distinguir facto social de facto sociológico. 
 Perspetivar o social como uma construção científica. 
 Equacionar as vantagens de uma abordagem científica 
multidisciplinar dos fenómenos sociais. 
 Descrever em que consiste e se concretiza a interdisciplinaridade 
das diversas Ciências Sociais. 
61 
Objetivos do Tema 6 
O que são as Ciências Sociais? O que as 
distingue e o que as une? 
Qual a importância do conhecimento? 
Qual a importância das teorias? 
62 
Visão global sobre as ciências 
 O social é irredutível ao individual. 
 Importância da contribuição dos três grandes 
fundadores da Sociologia: Marx, Durkheim e 
Weber. 
 Importância de Marcel Mauss - “fenómeno 
social total”. 
63 
Autonomia do social 
 Todos os fenómenos são “fenómenos sociais 
totais”. 
 Todas as Ciências Sociais se ocupam da 
mesma realidade: a realidade social. 
64 
Unidade e pluralidade das Ciências 
Sociais 
7. Visão global sobre as Ciências Sociais 
7.1 Breve apresentação de algumas Ciências 
Sociais 
7.2 Dinâmica e transformação das Ciências 
Sociais 
65 
Tema 7 
Identificar o campo científico de cada uma das 
Ciências Sociais apresentadas. 
Reconhecer as principais distinções entre as 
Ciências Sociais. 
Descrever como se processa o cruzamento ou 
complementaridade entre as Ciências Sociais. 
 
66 
Objetivos do Tema 7 
 Pluridisciplinaridade das Ciências Sociais: à medida que se 
afirma, cada ciência pode originar sub-disciplinas ou 
cruzamentos entre disciplinas. 
 Interdisciplinaridade: o intercâmbio de saberes com vista à 
complementaridade do conhecimento, para melhor 
explicar os fenómenos sociais na sua totalidade. 
 O “social” é único; as maneiras de o abordar, as dimensões 
a privilegiar é que variam consoante os interesses que 
orientam e a partir dos quais se situa o investigador em 
Ciências Sociais, com a sua específica abordagem da 
realidade social. 
67 
Pluri e interdisciplinaridade 
Na obra as “Questões preliminares sobre as Ciências Sociais”, 
Sedas Nunes distingue 4 princípios lógicos de diferenciação: 
 
1. Os fins ou objectivos 
2. Os problemas de investigação 
3. As variáveis relevantes 
4. Os métodos e técnicas de pesquisa e interpretação teórica. 
 
 
68 
Unidade e pluralidade 
 Psicologia: centra-se nas estruturas psíquicas gerais. 
 Sociologia: centra-se nas determinações imputáveis a grupos e 
organizações. 
 Economia: centra-se na mediatização das relações sociais pelas relações 
com os recursos . 
 Geografia: centra-se nas dimensões espaciais da vida social. 
 História: centra-se na variação social segundo o tempo. 
 Antropologia: centra-se na diversidade cultural. 
 Ciência política: centra-se nas relações de poder entre indivíduos e 
Sociedade. 
 Psicologia social: centra-se na interacção entre indivíduos. 
69 
Algumas Ciências Sociais 
Seminário 
Introdução às Ciências Sociais 
Licenciatura em Ciências Sociais 
Unidade Curricular de Introdução às Ciências Sociais 
Departamento de Ciências Sociais e de Gestão 
Universidade Aberta 
Muito obrigada pela vossa participação! BOM TRABALHO! 
 
A equipa docente 
Olga Magano 
Ana Melro 
Ana Pinheiro 
 Joaquim Fialho 
 
Porto, 16 de janeiro de 2018 
70

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