[APOSTILA DE DOUTRINA] PODER CONSTITUINTE

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por Joyce Leonardo Pontes 
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APOSTILA DE DIREITO CONSTITUCIONAL PARA A OAB 
PODER CONSTITUINTE 
 
O Poder Constituinte se divide em: 
➢ Originário (também chamado de 1º grau / Genuíno / Primitivo / 
Primário; 
➢ Derivado Decorrente (também chamado de Secundário Federativo; 
➢ Derivado de Reforma (também chamado de Derivado de 
Emendabilidade / 2º grau / Secundário de Mudança ou Reformador. 
 
 
1. PODER CONSTITUINTE ORIGINÁRIO 
O Poder Constituinte Originário é o Poder para criar a 1ª Constituição 
ou uma Nova Constituição de um País. Possui algumas características, como: 
Inicial, Absoluto, Soberano, Ilimitado, Independente e Incondicionado. 
É considerado a vontade suprema de um Povo organizado social e 
juridicamente. No caso do Brasil, está disposta no art. 1º, parágrafo único, da 
Constituição Federal de 1988: 
Art. 1º, parágrafo único: “Todo Poder emana do povo, que o exerce 
por meio de representantes eleitos o diretamente, nos termos desta 
Constituição” 
Historicamente falando, a ideia de um Estado ter uma Constituição 
veio de um movimento chamado de Constitucionalismo, que defende a 
necessidade de existir um documento, uma Lei Maior, que deveria impor 
limites ao exercício do Poder Estatal, por meio de uma série de previsões 
escritas e também relacionadas ao costume, desde a organização do Estado 
até direitos fundamentais. 
OBS: Atualmente, para criar uma Nova Constituição, é necessário que respeite 
os direitos previstos em Tratados Internacionais de Direitos Humanos, sob 
pena de sofrer sanções no plano internacional (embargo econômico, 
embargo político, etc.). É a chamada Vedação ao Retrocesso (também 
chamado de Efeito Cliquet / Efeito Catraca) e é hoje considerado um limite 
ao Poder Constituinte Originário. 
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2. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DECORRENTE 
Este Poder dispõe acerca da possibilidade dos Estados-Membros se 
constituírem mediante suas próprias Constituições Estaduais, as quais 
deverão obedecer às normas e princípios estabelecidos na Constituição 
Federal de 1988, e está previsto no art. 25, da Constituição Federal: 
Art. 25. Os Estados organizam-se e regem-se pelas Constituições e 
leis que adotarem, observados os princípios desta Constituição. 
 
3. PODER CONSTITUINTE DERIVADO DE REFORMA 
Trata-se da possibilidade de alterar o texto de uma Constituição. No 
caso específico do Brasil, esta tarefa incumbe ao Poder Legislativo através do 
Congresso Nacional. Este Poder também possui algumas características, 
como: Secundário, Relativo, Condicionado e Limitado. 
No país, existiram duas formas de alterar o texto constitucional: As 
Emendas Constitucionais (art. 59, I e art. 60, CF) e as Emendas Constitucionais 
de Revisão (art. 3, ADCT), esta última não mais sendo utilizada: 
Art. 60. A Constituição poderá ser emendada por: 
Art.3. A revisão constitucional será realizada após cinco anos, 
contados da promulgação da Constituição, pelo voto da maioria 
absoluta dos membros do Congresso Nacional, em sessão 
unicameral. 
Foram promulgadas 6 (seis) Emendas Constitucionais de Revisão, a 
partir do dia 5 (cinco) de outubro de 1988, e o STF decidiu que só poderia ser 
realizado uma única vez. 
OBS1: É possível que este Poder seja aplicável aos Municípios (art. 29, CF) e 
também ao DF (art. 32), situação em que ambos serão organizados por Lei 
Orgânica; 
OBS2: O STF entende que a Lei Orgânica do Município não é parâmetro de 
Controle de Constitucionalidade (crise de legalidade – parte da doutrina 
acredita que a Lei Orgânica do Município não é decorrência do Poder 
Constituinte; 
 
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3.1. LIMITAÇÕES AO PODER CONSTITUINTE DERIVADO 
Ao ser exercido, o Poder Constituinte Derivado deverá observar 
algumas limitações, ou suas alterações serão consideradas inconstitucionais. 
a) Limitações Procedimentais: São relacionadas ao procedimento de 
alteração da Constituição. 
➢ Iniciativa (art. 60, I, II e III): 
I - de um terço, no mínimo, dos membros da Câmara dos Deputados 
ou do Senado Federal; 
II - do Presidente da República; 
III - de mais da metade das Assembléias Legislativas das unidades 
da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria 
relativa de seus membros. 
➢ Trâmite (art. 60, §2, §3 e §5): 
§ 2º A proposta será discutida e votada em cada Casa do Congresso 
Nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em 
ambos, três quintos dos votos dos respectivos membros. 
§ 3º A emenda à Constituição será promulgada pelas Mesas da 
Câmara dos Deputados e do Senado Federal, com o respectivo 
número de ordem (1º Presidente, 2º Vice-Presidente, 1º, 2º, 3º e 4º 
Secretários). 
§ 5º A matéria constante de proposta de emenda rejeitada ou havida 
por prejudicada não pode ser objeto de nova proposta na mesma 
sessão legislativa. 
 
b) Limitações Circunstanciais: São assim chamados pois em 
determinadas situações que ocorrerem no país, fica suspensa a 
possibilidade de alterar a Constituição. 
§ 1º A Constituição não poderá ser emendada na vigência de 
intervenção federal, de estado de defesa ou de estado de sítio. 
 
OBS: Intervenção Federal – arts. 34-36, CF 
Estado de Defesa – art. 136, CF 
Estado de Sítio – art. 137-139, CF 
 
 
 
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c) Limitações Materiais (também chamadas de Limitações Materiais 
Explícitas / Cláusulas Pétreas / Cerne Fixo da Constituição / 
Cláusulas Inabolíveis / Cláusulas de Inamovibilidade / Cláusulas 
Inamovíveis ou Núcleos Constitucionais Intangíveis): São 
matérias, direitos que não poderão ser modificadas através de 
Emendas Constitucionais (ATENÇÃO: Para SUPRIMIR não pode, 
mas para ampliá-los, pode). Somente poderão ser suprimidas da 
Constituição se for criada uma nova, através da Assembleia Nacional 
Constituinte, pois realizado através do Poder Constituinte Originário, o 
qual não encontra limites a não ser os Tratados Internacionais de 
Direitos Humanos. 
Art. 60, § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda 
tendente a abolir: 
I - a forma federativa de Estado; 
II - o voto direto, secreto, universal e periódico; 
III - a separação dos Poderes; 
IV - os direitos e garantias individuais. 
OBS: Cláusulas Pétreas Implícitas são aquelas em que não se encontram no 
§4 do art. 60, mas entende-se que são dispositivos imutáveis em razão da 
vontade do Constituinte Originário, e como exemplo podemos citar o 
Ministério Público (art. 127, CF): 
Art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à 
função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem 
jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e 
individuais indisponíveis. 
 
Referência Bibliográfica: 
OLIVEIRA, Erival da Silva. Prática Jurídica: Constitucional. 11 ed. São Paulo: 
Saraiva Educação, 2019.