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Redação 2- Os fatores de textualidade

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REDAÇÃO 2
OS FATORES DE 
TEXTUALIDADE
Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos 
estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é 
visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, 
é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, 
coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade e 
intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais suas 
implicações para o texto. Vamos lá?
APRESENTAÇÃO
Organização
Elisabeth Penzlien 
Tafner
Reitor da 
UNIASSELVI
Prof. Hermínio Kloch
Pró-Reitora do EAD
Prof.ª Francieli Stano 
Torres
Edição Gráfica 
e Revisão
UNIASSELVI
Autora
Iara de Oliveira
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
OS FATORES DE 
TEXTUALIDADE
.02
1 INTRODUÇÃO
Agora que já sabemos o que é um texto, em particular o escrito, vamos 
estudar sua composição. Nesta unidade, aprenderemos que um texto só é 
visto como tal porque apresenta textualidade. A textualidade, por sua vez, 
é composta por elementos que estudaremos separadamente: coerência, 
coesão, intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, informatividade 
e intertextualidade. Iniciaremos entendendo o que é a textualidade e quais 
suas implicações para o texto. Vamos lá?
2 A TEXTUALIDADE E SEUS FATORES TEXTUAIS
Na Unidade 1, estudamos o que é um texto em termos conceituais; 
as diferenças entre o texto e o discurso, apontando para o caráter estático 
do primeiro e a dinamicidade do segundo; e as diferenças entre texto oral 
e escrito, identificando as características de cada um. Como o escrito é o 
nosso foco neste curso, vamos estudar um pouco mais sobre o que faz de 
uma produção verbal um texto.
Já vimos que um texto escrito não é apenas uma sequência de palavras 
ou frases. Existe algo que faz com que ele se caracterize, materialize-se como 
texto. Observemos o exemplo que segue:
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
a) Colégios reforçar H1N1 de rotina e SP mudar gripe higiene surto.
Está bastante claro que temos apenas um emaranhado de palavras. 
Não há qualquer sentido que se possa atribuir a este conjunto de palavras. 
Elas não constituem um texto, não é mesmo? Será preciso rearranjá-las para 
tentar atribuir-lhes alguma significação juntas. Talvez alguém com algum 
domínio das estruturas sintáticas de nossa língua diga: é preciso ordenar 
sintaticamente os elementos para que façam sentido. Uma frase em ordem 
direta é, normalmente, constituída de sujeito + verbo + complementos, ou 
seja, quem? O quê? Quando, como, onde? Será que isso é o suficiente para 
tornar esse conjunto um texto? Observemos:
b) Colégios de SP leva reforçar mudar rotina higiene surto da gripe H1N1.
Parece melhor agora? Não! Note que temos quem (Colégios de SP), verbo 
(leva/reforçar/mudar), complementos (rotina higiene surto da gripe H1N1). 
No entanto, isso não foi suficiente para atribuir sentido a esse ato discursivo. 
Façamos mais uma tentativa:
c) Surto da Gripe H1N1 leva colégios de SP a mudar a rotina e reforçar a higiene.
Agora sim! Conseguimos entender a informação. Temos uma combinação 
de estruturas, organizadas de modo a atender a uma demanda comunicativa: 
informar os leitores de algo, nesse caso específico, do que as escolas estão 
fazendo para prevenir-se da gripe H1N1. Essa organização com sentido é o que 
transforma um conjunto de estruturas linguísticas em texto. A isso chamamos 
textualidade. Portanto, é possível afirmar que textualidade é um conjunto 
de características que dão sentido ao que está escrito, tornando-o um texto. 
Nas palavras de Abreu (2008, p. 13, grifo nosso), “Um texto não é uma unidade 
construída por uma soma de sentenças, mas pelo encadeamento semântico 
[de sentido, de significação] delas, criando, assim, uma trama semântica a 
que damos o nome de textualidade”.
A textualidade é constituída de sete fatores, ou seja, existem sete 
características que tornam “uma ocorrência linguística um todo significativo” 
(COSTA VAL, 2008, p. 4). Dois deles se referem diretamente ao texto: a 
coerência e a coesão. Os demais centram-se no enunciatário ou no extratexto: 
a situacionalidade, a aceitabilidade, a informatividade, a intencionalidade e a 
intertextualidade. Passaremos, a seguir, ao estudo de cada um desses fatores.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
2.1 RELAÇÃO ENTRE COESÃO E COERÊNCIA
Quando nos deparamos com um texto, observamos dois aspectos: sua 
macroestrutura, ou seja, o seu todo; e suas microestruturas, isto é, as pequenas 
partes que o compõem. Assim, temos a coerência (macroestrutura) e a 
coesão (microestruturas). Ambas estão relacionadas e a utilização adequada 
de uma, influencia diretamente na outra. Entretanto, não necessariamente 
são indissociadas. Há textos coerentes, mas não coesos; bem como textos 
coesos, mas não coerentes.
Observe os textos a seguir:
Texto 1 – Circuito Fechado
Chinelos, vaso, descarga. Pia, sabonete. Água. Escova, creme dental, água, 
espuma, creme de barbear, pincel, espuma, gilete, água, cortina, sabonete, água 
fria, água quente, toalha. Creme para cabelo; pente. Cueca, camisa, abotoaduras, 
calça, meias, sapatos, gravata, paletó. Carteira, níqueis, documentos, caneta, 
chaves, lenço, relógio, maços de cigarros, caixa de fósforos. Jornal. Mesa, 
cadeiras, xícara e pires, prato, bule, talheres, guardanapos. Quadros. Pasta, 
carro. Cigarro, fósforo. Mesa e poltrona, cadeira, cinzeiro, papéis, telefone, 
agenda, copo com lápis, canetas, blocos de notas, espátula, pastas, caixas de 
entrada, de saída, vaso com plantas, quadros, papéis, cigarro, fósforo. Bandeja, 
xícara pequena. Cigarro e fósforo. Papéis, telefone, relatórios, cartas, notas, 
vales, cheques, memorandos, bilhetes, telefone, papéis.
Relógio. Mesa, cavalete, cinzeiros, cadeiras, esboços de anúncios, fotos, 
cigarro, fósforo, bloco de papel, caneta, projetos de filmes, xícara, cartaz, 
lápis, cigarro, fósforo, quadro-negro, giz, papel. Mictório, pia, água. Táxi. Mesa, 
toalha, cadeiras, copos, pratos, talheres, garrafa, guardanapo, xícara. Maço de 
cigarros, caixa de fósforos. Escova de dentes, pasta, água. Mesa e poltrona, 
papéis, telefone, revista, copo de papel, cigarro, fósforo, telefone interno, 
externo, papéis, prova de anúncio, caneta e papel, relógio, papel, pasta, cigarro, 
fósforo, papel e caneta, telefone, caneta e papel, telefone, papéis, folheto, 
xícara, jornal, cigarro, fósforo, papel e caneta. Carro. Maço de cigarros, caixa 
de fósforos. Paletó, gravata. Poltrona, copo, revista. Quadros. Mesa, cadeiras, 
pratos, talheres, copos, guardanapos. Xícaras, cigarro e fósforo. Poltrona, livro. 
Cigarro e fósforo. Televisor, poltrona. Cigarro e fósforo. Abotoaduras, camisa, 
sapatos, meias, calça, cueca, pijama, espuma, água. Chinelos. Coberta, cama, 
travesseiro.
FONTE: RAMOS, Ricardo. Circuito Fechado. Disponível em: <http://portugues.uol.com.br/redacao/
textos-sem-coesao.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Texto 2 – Poema de um louco
Era meia-noite e o sol brilhava no horizonte
Um negro careca penteava sua linda cabeleira loira com um pente sem dentes
Pertinho dali, a 100 mil milhas de distância
Enquanto um cego analfabeto lia um jornal
Sem letras, de ponta cabeça
Um surdo-mudo sentado em pé em uma pedra de madeira feita de barro dizia:
A vida é como uma canoa, que navega de cabeça pra baixo nas ondas 
de um poço sem água.
Enquanto isso, na sua direita ao lado esquerdo um jacaré voava nadando 
devagar em alta velocidade.
As vacas pulavam de galho em galho a procura de seus ninhos em rítmo 
de Yê-Yê-Yê
Os passarinhos pastavam o capim que nascia no asfalto.
No outro lado da cidade, em um bosque sem árvores, um elefante 
descansava
Aliviadamenteapavorado, debaixo da sombra de uma couve sem folha
Os animais observavam, de olhos fechados, uma mulher gritando baixo 
em voz alta:
Prefiro me matar, do que perder a vida!
FONTE: Disponível em: <http://visaocontraria.blogspot.com.br/2009/02/era-meia-noite-e-o-sol-
brilhava-no.html>. Acesso em: 2 abr. 2016.
Perceba que no texto 1 temos uma sequência de palavras a qual, numa 
leitura desatenta, poderia não ter significação. No entanto, uma leitura atenta 
mostra uma sequência de atos executados pelo narrador e revelados na 
utilização de substantivos. Ao lermos a ordenação de substantivos, vamos 
construindo a rotina do narrador do texto, da hora em que desperta até o 
momento de deitar-se. Embora não haja conectivos ligando as palavras, ou 
mesmo, frases interligadas, percebemos a construção de sentido do texto. 
Ele é um típico exemplo de texto coerente, porque apresenta sentido em 
sua macroestrutura, mas totalmente desprovido de coesão, porque não 
foram utilizados os elementos linguísticos que promovem a articulação das 
sentenças.
Já o texto 2 apresenta coesão. Há partículas que ligam as estruturas, que 
vão ajustando as microestruturas para a formação do todo. Porém, o texto 
tem seu sentido comprometido, uma vez que retrata situações totalmente 
absurdas como “cego analfabeto lendo jornais”, “negro careca penteava a 
cabeleira loira”, “vacas voavam”, “passarinhos pastavam”. O texto é coeso, mas 
desprovido de coerência.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Vale ressaltar que nossos textos acadêmicos e profissionais, em virtude do 
contexto comunicativo em que se inserem, necessitam obrigatoriamente 
de coesão e coerência.
Embora seja possível, como vimos nos exemplos, produzir textos 
desprovidos de coesão ou de coerência, em virtude do efeito que se quer 
gerar com eles ou a finalidade, quando nos propomos a produzir textos 
escritos, principalmente nos meios profissionais e acadêmicos, devemos 
considerar esses dois fatores como essenciais para sua elaboração. Afinal, eles 
promovem a textualidade que, como vimos, é responsável pela atribuição de 
sentido ao texto. Vamos entender melhor como cada um deles contribui para 
a significação da escrita. Concentremo-nos primeiro na coerência.
2.2 COERÊNCIA
A coerência é extremamente importante para a textualidade. Segundo 
Koch e Travaglia (2008, p. 53-54):
[...] é a coerência que faz com que uma sequência linguística qualquer seja 
vista como um texto, porque é a coerência, através de vários fatores, que 
permite estabelecer relações (sintático-gramaticais, semânticas e pragmáticas) 
entre os elementos da sequência (morfemas, palavras, expressões, frases, 
parágrafos, capítulos etc.), permitindo construí-la e percebê-la, na recepção, 
como constituindo uma unidade significativa global. Portanto, é a coerência 
que dá textura ou textualidade à sequência linguística, entendendo-se por 
textura ou textualidade aquilo que converte uma sequência linguística em 
texto.
Os autores afirmam que a coerência é um fator diretamente inter-
relacionado com o enunciatário e o contexto, pois, segundo eles, um texto 
pode ser incoerente em uma determinada situação comunicativa e para 
alguns tipos de enunciatários, e ter total sentido em outras situações e para 
outros enunciatários.
Koch e Travaglia (2008) também destacam a importância dos elementos 
linguísticos do texto para a concretização da coerência. [...] São eles que 
permitem o estabelecimento de pistas as quais ajudam a ativar “conhecimentos 
armazenados na memória, constituindo-se em ponto de partida para a 
elaboração de inferências, ajudando a captar a orientação argumentativa dos 
enunciados que compõem o texto etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 71).
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Ainda segundo os autores, o conhecimento de mundo que cada um de 
nós constrói ao longo de sua trajetória como sujeito social, é fundamental 
para o estabelecimento de coerência no texto. Quando um texto trata de 
assuntos que desconhecemos, não terá sentido, não será lógico (KOCH; 
TRAVAGLIA, 2008).
Observe:
Peroxissomos
Os peroxissomos são fisicamente parecidos com os lisossomos, mas 
diferentes em dois aspectos importantes. Primeiro, acredita-se que eles 
sejam formados por autorreplicação (ou talvez por “brotamento” do retículo 
endoplasmático liso) e não pelo complexo de Golgi. Em segundo lugar, eles 
contêm oxidases em vez de hidrolases. Diversas oxidases são capazes de 
combinar oxigênio com íons hidrogênio derivados de diferentes substâncias 
químicas intracelulares para formar o peróxido de hidrogênio (H2O2). O 
peróxido de hidrogênio é uma substância altamente oxidante e é usado em 
combinação com a catalase, outra oxidase presente em grandes quantidades 
nos peroxissomos, para oxidar muitas substâncias que poderiam de outra 
forma ser tóxicas para a célula.
FONTE: GUYTON, A. C.; HALL, J. E. Tratado de fisiologia médica. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 
2006. p. 16.
Muitos de nós, pertencentes às mais diversificadas áreas do conhecimento, 
lerão o fragmento acima e não conseguirão entendê-lo. Como profissionais 
não pertencentes à medicina ou à área da saúde, não conseguiremos atribuir 
sentido ao texto e, portanto, ele não terá coerência. O texto do exemplo 
relaciona-se a conhecimentos que não temos e, em função disto, não 
conseguimos estabelecer as relações necessárias para sua significação. No 
entanto, o mesmo texto, lido por um médico ou alguém atuante na área da 
saúde, conseguirá acionar conhecimentos prévios que deem coerência a ele, 
dando-lhe significação. 
Retomemos o exemplo do texto de Ricardo Ramos, Circuito Fechado. 
Vimos que não possui elementos de coesão, porém quando o lemos atribuimos 
a ele significação. Isso ocorre porque aciona os conhecimentos de mundo e 
linguísticos que temos. Refere-se a elementos do mundo que conhecemos 
com os quais lidamos diariamente e à língua que usamos.
Com o que vimos até agora podemos então inferir que para atribuir 
sentido ao texto, caracterizando-o como coerente, “é preciso que haja 
correspondência ao menos parcial entre os conhecimentos nele ativados e o 
nosso conhecimento de mundo, pois, caso contrário, não teremos condições 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
de construir o universo textual, dentro do qual as palavras e expressões do texto 
ganham sentido” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76-77, grifo dos autores). Ou seja, 
embora duas pessoas não consigam compartilhar o mesmo conhecimento 
de mundo, é necessário que haja uma sintonia de conhecimentos entre um 
e outro. Quanto menor for essa sintonia, maior será o esforço de explicitação 
que o enunciador terá que fazer em seu texto. Quanto maior for a sintonia, 
mais facilmente o enunciatário fará inferências e atribuirá significação ao 
texto. Fica evidente, dessa forma, que a coerência não está apenas no texto, 
ou no autor, ou no leitor, mas na inter-relação entre esses três elementos. 
“Inferência é a operação pela qual, utilizando seu conhecimento de 
mundo, o receptor (leitor/ouvinte) de um texto estabelece uma relação 
não explícita entre dois elementos (normalmente frases ou trechos) deste 
texto que ele busca compreender e interpretar, ou, então, entre segmentos 
de texto e os conhecimentos necessários para sua compreensão” (KOCH, 
TRAVAGLIA, 2008, p. 79). Esse procedimento será um dos assuntos do 
capítulo 4 deste manual.
Ainda sobre a coerência, autores como Koch e Travaglia (2008) fazem 
uso dos estudos do francês Michel Charolles, publicados no livro "Introdução 
aos problemas de coerência textual". O autor estabelece quatro princípios 
fundamentais, responsáveis pela coerência textual, os quais denominou de 
metarregras. São elas:
a) Metarregra da repetição: todo texto deve retomar alguns elementos com 
o objetivo de manter o sentido. Não se tratade repetir ideias, porque, 
nesse caso, teríamos um problema de coerência, mas a reiteração de traços 
linguísticos que permitam manter o foco no assunto tratado. Veja o pequeno 
texto que construímos para ilustrar essa metarregra:
O líder(1) tem um papel muito importante no rendimento de seus 
colaboradores(2). Cabe a ele(1) mantê-los(2) motivados, mediar conflitos, 
passar feedback de erros e acertos e, ainda, fazer com que estejam(2) 
engajados com as necessidades da empresa. Este papel não é fácil e requer 
constante atualização de conhecimento por parte de quem ocupa um cargo 
de liderança(1).
Perceba que, no intuito de manter o sentido da informação, o elemento 
(1), líder, é retomado ao longo do texto, não de forma excessiva, mas para 
manter o foco. O mesmo acontece com o item (2), colaboradores.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
b) Metarregra de progressão: um texto coerente não apenas reitera ou retoma 
elementos ou ideias, também avança na exposição do assunto, traz novas 
ideias, novas informações à medida que vai se desenvolvendo. O texto 
que ilustra a metarregra da repetição também serve de exemplo para a 
metarregra de progressão. Note que ele vai agregando informações, dando 
sequência ao assunto abordado. Diferente do que acontece no exemplo 
que formulamos a seguir:
A empresa indicou, em seus relatórios, um lucro anual de 20% do valor 
de sua renda bruta. Ela indica que houve um superávit este ano. Apresentou 
que os lucros foram altos, ou seja, a empresa cresceu financeiramente.
Aqui não há qualquer progressão de informação ou ideias. Todos os 
períodos que compõem o parágrafo dão a mesma informação, utilizando 
apenas vocabulários diferentes. É evidente como a coerência textual fica 
comprometida quando há este tipo de procedimento textual.
c) Metarregra da não contradição: uso de argumentos, ideias, dados, 
compatíveis entre si. Um texto coerente não pode afirmar A e, na sequência, 
negar A, ele deve respeitar princípios lógicos elementares.
Antônio não gosta de ler. Ele fica muito feliz quando alguém lhe dá um 
livro.
Perceba que há uma contradição entre a primeira e a segunda informação. 
Se Antônio não gosta de ler, não pode ficar feliz quando ganha um livro. As 
ideias são opostas, a segunda negando a primeira. O Poema de um louco, 
anteriormente mencionado, também é um exemplo de como a contradição 
compromete o sentido textual. “Era meia-noite e o sol brilhava” são opostos, 
quando há um não há outro.
Vale lembrar que o poema, em virtude de sua natureza artística e o uso 
diferenciado da linguagem, permite que construções como a do “Poema 
de um louco” ocorram.
d) Metarregra da relação: “em um texto coerente, seu conteúdo deve estar 
adequado a um estado de coisas no mundo real ou em mundos possíveis” 
(ABREU, 2008, p. 43). As informações contidas em um texto não podem 
ferir o senso de realidade que cada indivíduo constrói. Observe:
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Referimo-nos àquele ano sangrento, 1793. Naqueles tempos conturbados, 
coube aos empregados domésticos franceses dar um exemplo sem igual de 
dedicação. Houve mesmo muitos que, em vez de trair seu amo, deixaram-se 
guilhotinar em lugar dele e que, quando voltaram dias mais felizes, silenciosa 
e respeitosamente, reassumiram seus empregos.
FONTE: Le Figaro, Paris, fevereiro de 1890, em um artigo sobre a vida doméstica durante a 
Revolução Francesa. In: ABREU, Antonio Suarez. Curso de Redação. São Paulo: Ática, 2008, p. 46.
Não há, dentro de nossa percepção de mundo, a possibilidade de que 
um empregado perca sua cabeça na guilhotina e depois retorne ao trabalho. 
Como se pode notar, existe uma quebra, uma ruptura na relação entre as 
informações “morrer” e “voltar ao trabalho”.
Além da coerência textual, já mencionamos que a coesão também 
desempenha um papel importante na construção textual. Por isso, o próximo 
item tratará de estudá-la. Vamos a ele!
2.3 COESÃO E SEUS MECANISMOS
Que tal um pequeno desafio para iniciar este tópico? Analise a seguinte 
estrutura:
Marina e Elisa são irmãs. Ela mora em Curitiba.
A informação é fácil de resgatar, ou seja, o sentido, embora não totalmente 
transparente pode ser recuperado: há duas mulheres relacionadas por um grau 
de parentesco (irmãs) e uma delas mora na cidade de Curitiba. A pergunta é: 
quem mora em Curitiba? Marina? Elisa? A quem o “ela” se refere? 
O desafio que lhe propomos é: modifique apenas a segunda oração, 
procurando deixar claro qual das duas mora em Curitiba. Regra: não pode 
repetir o nome. Vamos lá?
Uma primeira possibilidade seria utilizar os numerais:
Marina e Elisa são irmãs. A primeira (a segunda) mora em Curitiba. 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Nessa estrutura fica evidenciado que “a primeira” se liga diretamente ao 
referente “Marina”, primeiro nome a ser mencionado ou a aparecer no texto. 
Se a opção fosse “a segunda”, estaria claro que se vincula a “Elisa”, segundo 
nome a ser mencionado. Questão resolvida, não é? Lembre-se, essa foi apenas 
uma alternativa.
Poderíamos, também, fazer uso de pronomes demonstrativos:
Marina e Elisa são irmãs. Esta (aquela) mora em Curitiba.
Nesse caso, “esta” liga-se ao nome mais próximo, Elisa, e “aquela” faria 
referência ao nome mais distante, Marina.
E se mudássemos a regra? Se não pudéssemos mexer na segunda oração 
(Ela mora em Curitiba), apenas na primeira (Marina e Elisa são irmãs), como 
faríamos para estabelecer relações de sentido entre elas? Simples! Observe:
Marina/Elisa é irmã de Elisa/Marina. Ela mora em Curitiba.
Teríamos deixado o referente claro ao colocá-lo como sujeito da primeira 
oração. Assim, não restaria dúvidas de que o “ela” seria uma retomada do 
sujeito da primeira oração.
No pequeno desafio anterior, estivemos todo o tempo lidando com as 
estruturas linguístico-gramaticais de nosso idioma para tornar a informação 
contida em nosso texto clara para o enunciatário. Tudo isso para que seu 
esforço de significação seja adequado ao contexto comunicacional e à 
intenção do texto. Ao fazermos tal exercício, estamos lidando diretamente 
com a coesão textual.
Se a coerência diz respeito ao nível semântico do texto (significação, 
sentido, lógica), a coesão refere-se ao nível gramatical do texto, às estruturas 
gramaticais responsáveis por gerar ligações, amarrações que facilitem sua 
significação. Cabe a ela fornecer pistas que permitam reconstruir o contexto 
comunicacional e as intenções contidas no texto, possibilitando ao enunciatário 
fazer as devidas inferências e construções de sentido (estabelecer coerência).
Assim, “[. . .]devemos entender por coesão as diversas ligações que 
ocorrem na construção de um texto. Estas ligações podem se estabelecer no 
interior de frases ou de parágrafos ou, ainda, entre parágrafos de um texto[...]” 
(CASTRO et al., 2003, p. 17). Ou como afirma Koch (2007, p. 18), “[...]o conceito 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
de coesão textual diz respeito a todos os processos de sequencialização que 
asseguram (ou tornam recuperável) uma ligação linguística significativa entre 
os elementos que ocorrem na superfície textual”.
Koch (2007) menciona que existem duas modalidades de coesão: 
referencial e sequencial. A primeira modalidade engloba todos os mecanismos 
coesivos que permitem fazer referenciações, retomadas de elementos já 
mencionados no texto. A segunda, abarca todos os elementos que permitem 
estabelecer relações de sentido entre as estruturas (frases, períodos, parágrafos) 
à medida que o texto progride, isto é, vai apontando a sequência que o texto 
toma.
2.3.1 Coesão referencial
A coesão referencial é, segundo Koch (2007, p. 31), “[...]aquela em que 
um componente da superfície do texto faz remissão a outro(s) elemento(s) 
nela presente(s) ou inferível(is)a partir do universo textual[...]”. Quando faz 
referência a elementos presentes na superfície do texto, temos o que a autora 
chamou de forma remissiva. Quando a referência ocorre por inferências, 
temos referente textual.
A coesão textual em sua forma remissiva pode ocorrer para trás (anáfora), 
relacionando-se com algum elemento já mencionado no texto, ou para frente 
(catáfora), relacionando-se a elementos que serão ainda mencionados no 
texto.
Observe:
Precisamos encontrar o vaso de tia Flora e colocá-lo no lugar antes que 
ela chegue.
O pronome “lo” de “colocá-lo” estabelece uma relação direta com a 
expressão “vaso”, ou seja, “lo” se refere diretamente ao vaso. O termo já foi 
mencionado, portanto, “lo” faz uma retomada do referente. O mesmo ocorre 
com “ela”, referindo-se à tia Flora, também já mencionada no texto. Os dois 
casos são exemplos de uma coesão referencial em que sua forma remissa 
ocorre para trás, ou seja, temos a ocorrência de anáfora.
Agora, veja:
Pense nisto: nenhum ser humano é uma ilha.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
O pronome “nisto” faz referência a algo que será apresentado logo após 
(nenhum ser humano é uma ilha), isto é, essa coesão referencial em sua forma 
remissiva ocorre para frente, ou seja, temos a ocorrência de uma catáfora.
Lembre-se de que as nomenclaturas, os termos técnicos são apresentados 
para que você receba a informação mais completa e possa construir 
conhecimentos mais sólidos e científicos sobre o tema. Entretanto, 
nosso objetivo, mais do que apresentar os termos técnicos é que você 
entenda como funcionam e possa aplicá-los em seu texto, tornando-o 
mais consistente e adequado às diversas situações comunicativas as quais 
pertença.
As formas remissivas, sejam anáforas ou catáforas, podem ser gramaticais 
ou lexicais. No caso das formas remissivas lexicais, segundo Koch (2007), 
além de estabelecerem as referências dentro do texto, fornecem pistas de 
informações extratextuais.
Observe:
Mariana não sabia da surpresa que seus amigos haviam preparado. 
Quando chegou ao ginásio, a adolescente quase desmaiou ao ver reunidos 
em um mesmo lugar todos aqueles a quem amava.
Note que “adolescente” ao mesmo tempo em que faz referência a 
“Mariana”, também fornece uma informação que está além do texto, fora 
dele. A personagem em questão é uma adolescente. Temos aí um exemplo 
de forma remissiva lexical.
Considerando a finalidade deste curso e seu público, trataremos de abordar 
com mais ênfase as formas remissivas gramaticais.
Já as formas remissivas gramaticais podem ser presas ou livres. As formas 
gramaticais presas são aquelas que acompanham um nome concordando com 
ele em gênero e/ou número. Fazem parte desse grupo os artigos, definidos e 
indefinidos, os pronomes adjetivos (demonstrativos, possesivos, indefinidos, 
interrogativos e relativos), os numerais (cardinais e ordinais) desde que estejam 
acompanhando um nome.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Para facilitar nossa compreensão, o quadro a seguir relembra cada um 
dos elementos mencionados.
Artigos Definidos: o, a, os, as
Indefinidos: um, uma, uns, umas
Pronomes 
adjetivos
Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, esses, 
essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas e suas contrações.
Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, tuas, 
seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, vosso, 
vossa, vossos, vossas.
Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, pouco, 
certo, vários, tanto, qualquer.
Interrogativos: quem, quanto, quanta, quantos, quantas, 
que, qual, quais.
Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, cujos, 
cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, quem, que, onde.
Numerais Cardinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.
Ordinais: primeiro, primeira, segundo, segunda, terceiro, 
terceira etc.
QUADRO 2 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS 
REMISSIVAS GRAMATICAIS PRESAS
Fonte: A autora (2016).
Note como ela funciona:
CONSUMO COMPULSIVO
1 Estou pensando seriamente em viajar semana que vem. Mas viajar para 
muito longe, provavelmente para alguma região da Amazônia, lá onde se 
pode ficar a cem quilômetros de qualquer outro ser humano senão da 
família.
2 Disse ontem exatamente isso ao Adamastor e ele me olhou muito espantado. 
Sei muito bem o sentido de seu olhar: ele acha que estou ficando louco. 
E ele tem razão. A vida entre seres humanos invasivos vem corrompendo 
meu juízo, que já não é lá essas coisas. Só por ser meu amigo ele não disse 
nada, mas exatamente por ser meu amigo entendi perfeitamente seu olhar.
3 Vivemos, sobretudo nos centros urbanos, mesmo os mais suburbanos, a 
falta de respeito que tem caracterizado nossa época. Qualquer um chega 
e vai entrando em sua casa, sem pedir licença, sem perguntar se você, o 
eventual ocupante daquele espaço, está a fim ou não de consumir o que 
ele vai impingindo, queira-se ou não. 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
4 De tapetes feitos à mão, loção contra queda de cabelos, doce de melancia 
até palpites sobre a situação política brasileira na atualidade, previsões 
sobre os rumos da economia, de tudo que se possa imaginar tem sempre 
alguém querendo vender.
5 Mas o pior dos consumos é ainda aquele que polui sonoramente nosso ar. 
6 Nos fundos de minha casa existe uma “chácara”, eufemismo local para boate 
sem alvará de funcionamento. (A polícia, a prefeitura, todas as autoridades 
sabem que é um funcionamento ilegal, mas eis que o eleitorado gosta). 
Ela me despeja por cima todo tipo boçal de música e com tal volume que 
não consigo mais trabalhar. A noite toda e a qualquer dia da semana.
7 De casamento, aniversário, baile funk, de tudo acontece naquele espaço e 
a qualquer dia da semana e a qualquer hora do dia. Não muito longe uma 
igreja de crentes e outra católica disputam enfurecidas minha preferência. 
Cânticos e falas, gritos, lágrimas e ranger de dentes. Ouço tudo da salinha 
onde gostaria de trabalhar.
8 Tenho vizinhos que fazem festas, aqui se leia churrasco noturno regado a 
cerveja, palavrões e gargalhadas, bem debaixo de meu quarto, e não param 
antes daquela barra amarela no horizonte anunciando o nascimento do 
sol.
9 A minha rua é muito curta, uma rua com dez casas, que tenta organizar-
se em orquestra de latidos. São doze cães a menos de cinquenta metros 
de onde costumo passar meus dias. Às vezes tento abrir uma janela.
10 Só não digo que estou ficando neurótico porque tenho lido um pouquinho 
de Freud e sei que o problema fica a alguns furos acima.
11 Se não encontrar lugar habitável no meio do mato, só me resta construir 
uma casa à prova de som. Meu problema é o dinheiro curto.
FONTE: BRAFF, Menalton. Consumo compulsivo. Carta Capital. 8 abr. 2016. Disponível em: <http://
www.cartacapital.com.br/cultura/consumo-compulsivo>. Acesso em: 8 abr. 2016.
No parágrafo 2, “o” em “o sentido” é uma forma remissiva gramatical 
presa porque está sempre vinculado a um substantivo, neste caso, “sentido”. A 
mesma situação ocorre nas expressões “meu juízo”, “meu amigo”, do recorrente 
parágrafo. “Meu” liga-se diretamente a “juízo” e “amigo”, constituindo-se 
também em uma forma de coesão remissa gramatical presa. Todos os 
elementos destacados em negrito no texto são exemplos dessa forma.
As formas remissivas gramaticais livres são aquelas que não acompanham 
um nome, mas “[...]podem ser utilizadas para fazer remissão, anafórica ou 
cataforicamente, a um ou mais constituintes do universo textual” (KOCH, 
2007, p. 38). Atuariam nesta modalidade os pronomes pessoais de 3ª pessoa, 
os pronomes substantivos (demonstrativos, possesivos, relativos, indefinidos, 
interrogativos), os numerais (ordinais, cardinais, fracionais, multiplicativos), os 
advérbios pronominais e a elipse (supressãodo termo, ficando subentendido).
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Também para facilitar nossa compreensão, trazemos no quadro que 
segue, as classes gramaticais.
Pronomes adjetivos
Demonstrativos: este, esta, estes, estas, esse, essa, 
esses, essas, aquele, aquela, aqueles, aquelas e suas 
contrações.
Possessivos: meu, minha, meus, minhas, teu, tua, teus, 
tuas, seu, sua, seus, suas, nosso, nossa, nossos, nossas, 
vosso, vossa, vossos, vossas.
Indefinidos: algum, nenhum, todo, outro, muito, 
pouco, certo, vários, tanto, qualquer.
Interrogat ivos: quem, quanto, quanta , quantos , 
quantas, que, qual, quais.
Relativos: o qual, os quais, a qual, as quais, cujo, cuja, 
cujos, cujas, quanto, quanta, quantos, quantas, quem, 
que, onde.
Numerais
Ordinais: um, uma, dois, duas, três, quatro etc.
Cardinais: primeiro, primeira, segundo, segunda etc.
Multiplicativos: dobro, triplo, quádruplo etc.
Fracionários: meio, terço, quarto etc.
Pronomes pessoais 
da 3ª pessoa
Caso reto: eu, tu, ele, ela, nós, vós, eles, elas.
Caso oblíquo: me, te, o, a, lhe, nos, vos, os, as, lhes, 
me, comigo, te, contigo, convosco, conosco, consigo.
Advérbios 
pronominais
Aqui, alí, lá, cá, acolá etc.
QUADRO 3 – CLASSES GRAMATICAIS PERTENCENTES À COESÃO REFERENCIAL – FORMAS 
REMISSIVAS GRAMATICAIS LIVRES
FONTE: A autora (2016).
Voltemos ao texto “Consumo compulsivo”. No primeiro parágrafo temos 
um exemplo de forma remissiva gramatical livre. O advérbio “lá” refere-se à 
“região Amazônica”, expressão mencionada anteriormente e retomada pelo 
advérbio. Ele não é dependente da expressão, como ocorre nos casos de 
formas remissas gramaticais presas, mas a reitera. No parágrafo 2, “ele” faz 
referência a “Adamastor”, novamente constituindo-se em uma forma remissa 
gramatical livre de coesão. O mesmo se pode verificar em todas as expressões 
sublinhadas no texto.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
2.3.2 Coesão sequencial
Como vimos, temos uma coesão referencial, cujo papel é retomar 
informações, fazer referência a elementos já dados ou a ser dados no texto. 
E, também, temos uma coesão sequencial, responsável por estabelecer a 
direção do texto.
A coesão sequencial diz respeito aos procedimentos linguísticos por meio 
dos quais se estabelecem, entre segmentos do texto (enunciados, partes de 
enunciados, parágrafos, e sequências textuais), diversos tipos de relações 
semânticas e/ou pragmáticas, à medida que se faz o texto progredir (KOCH, 
2007, p. 53).
A coesão sequencial pode ocorrer pelo uso de recorrências, repetições, 
sem excessos, de termos, de estruturas, de conteúdos etc.
Observe o exemplo:
O verbo é elemento de suma importância em uma oração. Sem ele 
não existe significação nesse tipo de construção. Assim, o verbo precisa 
ser estudado para que possa ser utilizado adequadamente nas orações, 
construindo-as com sentido.
É possível verificar que a repetição da palavra “verbo” possibilitou a 
conexão entre as informações do texto, dando-lhe sentido.
Também pode ocorrer a coesão sequencial pelo encadeamento dos 
enunciados, as marcas linguísticas que estabelecem relações entre os 
enunciados do texto. As preposições, conjunções e algumas expressões 
ajudam nesse processo de encadeamento.
Para ajudar nossa compreensão, reproduzimos o quadro apresentado 
por Antunes (2010):
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
QUADRO 4 – CONECTORES ARGUMENTATIVOS E MARCADORES TEXTUAIS
Expressões conectivas: do tipo argumentativo ou do 
tipo marcadores/organizadores textuais
Valores semânticos
Em primeiro lugar, pr imeiramente, notadamente, 
mormente, antes de mais nada, antes de tudo, acima 
de tudo, em particular, principalmente, sobretudo, 
primordialmente, prioritariamente.
Prioridade ou relevância
Em cima, acima, abaixo, adiante, na base, mais acima, 
em um segundo nível.
Distribuição espacial
Assim, desse modo, dessa forma, dessa maneira, isto é, 
quer dizer, a saber, por exemplo, pois, que.
C o n f i r m a ç ã o , i l u s t r a ç ã o , 
justificação
E, ainda, assim como, aliás, além disso, além do mais, 
além de tudo, não só (...) mas também, não apenas 
(...) mas ainda, enfim, nem (para adição de segmentos 
negativos ou privativos).
Acréscimo de um dado novo, 
d e u m a rg u m e n to , a d i ç ã o , 
enumeração de itens.
Quanto a, em relação a, no que concerne a, a propósito. Abertura ou mudança de tópico
Ou. Alternância ou disjunção
Isto é, ou seja, quer dizer, por exemplo. Exemplificação
Ou, ou melhor, ou antes, dito de outro modo, em outras 
palavras, mais precisamente.
Reformulação, precisão, correção 
ou retificação do que foi dito 
antes
De fa to , na verdade , na rea l idade , com e fe i to , 
efetivamente, afinal, com certeza.
Confirmação, admissão
Mas, porém, contudo, no entanto, entretanto, por outro 
lado, em compensação, enquanto que, ao passo que.
Oposição, constraste, restrição
Mesmo, até, até mesmo, no máximo (situam no topo 
da escala).
Ao menos, pelo menos, no mínimo (situam no plano 
mais baixo da escala).
Gradação
Porque, como, pois, porquanto, por causa de, em virtude 
de, uma vez que, já que, em vista de, dado que, desde 
que, visto que, visto como.
Causalidade
De modo que, de maneira que, de sorte que, de 
forma que, a tal ponto que, por conseguinte, por 
isso, consequentemente, em consequência disso, daí, 
em decorrência disso, com isso, tanto (assim) que (é 
possível um cruzamento semântico entre as relações 
de consequência, de causa e de conclusão).
Consequência
A fim de que, para que, com o propósito de, com a 
pretensão de, com a intenção de, com o objetivo de, 
com a finalidade de, com o intuito de.
Finalidade
Embora, conquanto, ainda que, apesar de que, ainda 
assim, mesmo que, a despeito de, não obstante, 
malgrado, em que pese, se bem que, por mais que, por 
muito que
concessão
FONTE: Antunes (2010, p. 138-139).
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais para a vida
A criação de um tipo de açúcar ajuda a explicar como essas moléculas 
teriam se formado em cometas e chegado à Terra
Quando a sonda Philae, levada pela nave Rosetta, aterissou no cometa 
67P/Churyumov–Gerasimenko, em novembro de 2014, cientistas por toda a 
Terra prenderam a respiração por alguns instantes. A aproximação foi violenta 
– por causa da gravidade baixa do cometa, Philae quicou por duas horas 
antes de parar, inclinada, em uma região sombreada. A sonda estava inteira 
e funcionava. Mas, sem acesso à radiação solar, logo ia desligar. O pouso de 
Philae fora o resultado de 20 anos de trabalho de cientistas do mundo todo – 
inclusive do Brasil – coordenado pela Agência Espacial Europeia. Tanto esforço 
era justificado – Roseta e Philae perseguiram o cometa 67P/Churyumov–
Gerasimenko pelo sistema Solar porque aquele corpo de gelo e poeira podia 
conter pistas sobre como a vida surgira na Terra. Antes de desligar, Philae 
conseguiu “cheirar” a superfície do cometa. Descobriu que ele reunia um 
conjunto de 16 compostos orgânicos essenciais para a vida. Agora, passado 
mais de um ano, cientistas franceses conseguiram simular, em laboratório, 
o processo de formação de alguns desses elementos. Os resultados desse 
trabalho foram publicados na edição da revista Science desta sexta-feira (8). [...]
FONTE: CISCATI, Rafael. Cientistas criaram, em laboratório, um dos elementos essenciais para a 
vida. Revista Época. 8 abr. 2016. Disponível em: <http://epoca.globo.com/vida/noticia/2016/04/cientistas-
criaram-em-laboratorio-um-dos-elementos-essenciais-para-vida.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Observe como este tipo de coesão se processa no texto:
Destacamos no texto anterior elementos que estabelecem uma relaçãode sequência, que nos permitem antever a direção que o texto tomará. Ao 
lermos “Quando”, primeira palavra do texto, já sabemos que estamos diante de 
informações temporais e elas nos são apresentadas na sequência da palavra. 
No período “Tanto esforço era justificado – Roseta e Philae perseguiram o 
cometa 67P/Churyumov–Gerasimenko pelo sistema Solar porque aquele 
corpo de gelo e poeira podia conter pistas sobre como a vida surgira na 
Terra”, a palavra “porque” antecipa a perspectiva de uma explicação para o 
“esforço”. Igualmente, a palavra “e” permite antecipar a ideia de uma adição 
à informação já dada, nesse caso “corpo de gelo”. Esses e outros elementos 
destacados não retomam estruturas já mencionadas, mas apontam as direções 
que o texto tomará. Esse processo é o que chamamos de coesão sequencial 
por encadeamento.
Perceba, então, que para um bom desempenho na produção de textos 
escritos, especificamente nos ambientes acadêmicos e profissionais, é de 
suma importância fazer o uso adequado da coerência e da coesão, os dois 
fatores de textualidade que se aplicam diretamente ao texto. Há, ainda, outros 
cinco fatores que se referem ao extratexto, às questões que promovem a 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
concretização do texto. É o que veremos a seguir.
3 FATORES DE TEXTUALIDADE EXTRATEXTUAIS
Como vimos, a coesão e a coerência são fatores de textualidade. No 
entanto, como eles têm vínculo direto com o texto, tratamos de estudá-los 
em uma seção diferente. Além deles, existem outros cinco fatores, igualmente 
importantes e que precisam ser considerados durante o processo de 
elaboração textual. São eles: intencionalidade, aceitabilidade, situacionalidade, 
informatividade, intertextualidade. Passaremos a estudar cada um deles a 
partir de agora.
3.1 INTENCIONALIDADE
Na primeira Unidade deste Caderno, na qual discutimos questões 
relativas ao conceito de texto, discurso e as características do texto escrito, 
mencionamos que os textos são produzidos com uma finalidade. Sempre que 
produzimos um texto queremos alcançar algo com ele: opinar, argumentar, 
afirmar, perguntar, reclamar, elogiar, comparar, resumir, relatar etc. Portanto, 
é correto afirmar que todo texto traz consigo uma intenção.
A intencionalidade, desse modo, “[ . . . ]refere-se ao modo como os 
emissores usam textos para perseguir e realizar suas intenções, produzindo, 
para tanto, textos adequados à obtenção dos efeitos desejados.” (KOCH; 
TRAVAGLIA, 2008, p. 97). Para atingir os objetivos propostos, o enunciador 
fará uso de outros fatores de textualidade e escolherá o gênero discursivo 
que melhor se enquadre a sua proposta. 
Quando, em nosso meio acadêmico, queremos apresentar as principais 
ideias contidas em uma determinada obra e tecer uma análise sobre ela, 
escolheremos a resenha como gênero discursivo porque é essa estrutura 
textual que melhor se encaixa ao nosso objetivo. Se fizermos apenas um relato 
das ideias principais da obra, sem a análise não teremos uma resenha e sim 
um resumo. Em contrapartida, se somente analisarmos, sem estabelecermos 
as ideias centrais da obra, estaremos produzindo um artigo de opinião, um 
relato de leitura, mas não uma resenha.
Que tal um pequeno exemplo de fragmento de resumo e de resenha 
para ilustrar o que foi dito?
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
3.2 ACEITABILIDADE
A aceitabilidade é entendida como a contrapartida da intencionalidade. 
Se o enunciador tem um objetivo, uma intenção quando produz o texto, o 
leitor também tem uma “intenção” quando se depara com ele. Na verdade, o 
enunciatário cria expectativas em relação ao que lerá, normalmente esperando 
que o texto seja coerente, coeso, útil, relevante etc.
Espera-se um princípio de cooperação entre escritor/leitor, enunciador/
enunciatário, porque “quando duas pessoas interagem por meio da linguagem, 
elas se esforçam para fazer-se compreender e procuram calcular o sentido do 
texto do(s) interlocutor(es), partindo das pistas que ele contém e ativando seu 
conhecimento de mundo, da situação etc.” (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 98). 
Dessa forma, mesmo que um texto possa, sob vários aspectos não apresentar 
coerência, ou não tenha claramente expressos os elementos de coesão, o 
enunciatário fará um esforço para recuperar o sentido, dando a interpretação 
que lhe pareça mais adequada, levando em consideração os demais fatores 
de textualidade.
3.3 SITUACIONALIDADE
Outro fator responsável por atribuir textualidade a um escrito e, portanto, 
torná-lo texto, é a situcionalidade. Esse elemento faz conexão direta com a 
situação comunicativa, pois:
[...] refere-se ao conjunto de fatores que tornam o texto relevante para uma 
situação comunicativa em curso ou passível de ser reconstruída. Trata-se, 
neste caso, de determinar em que medida a situação comunicativa, tanto o 
contexto imediato da situação, como o entorno sócio-político-cultural em 
que a interação está inserida, interfere na produção e recepção do texto, 
determinando escolhas, por exemplo, em termos de grau de formalidade, 
regras de polidez, variedade linguística a ser empregada, tratamento a ser 
dado ao tema etc. (KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 76).
Atua em duas direções: da situação para o texto e do texto para a 
situação. No primeiro caso, da situação para o texto, percebemos que em 
determinada medida, maior ou menor grau, a situação comunicativa interfere 
na produção e na recepção do texto. Aqui a situação comunicativa tanto 
se refere ao momento da produção/recepção do texto, ou seja, a situação 
comunicativa em si, geradora do escrito; quanto pode indicar o contexto 
social, econômico, político, ideológico etc. É a situação comunicativa que 
leva o produtor a fazer escolhas, tais como: o gênero discursivo adequado 
para sua intenção, a linguagem adequada ao público a que se destina o texto, 
a forma como abordará o tema etc.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Na segunda perspectiva, do texto para a situação, sabemos que o mundo 
refletido no texto não é o mundo real, mas um mundo visto, concebido pelo 
produtor do texto. Quando produz o texto, o enunciador recria o mundo de 
acordo com sua visão dele, suas ideias sobre ele, suas crenças, sua ideologia, 
sua formação histórico-cultural. Igualmente, para interpretar o texto, o 
enunciatário traz as suas visões de mundo para o texto lido, preenchendo as 
lacunas aí existentes e atribuindo-lhe sentido.
3.4 INFORMATIVIDADE
Quando lemos um texto, criamos expectativas sobre ele. Uma delas é a 
de que ele nos traga informações novas, ao mesmo tempo em que reforce ou 
retome as informações que já são de nosso domínio. Assim, “outro fator que 
interfere na construção da coerência é a informatividade, que diz respeito ao 
grau de previsibilidade (ou expectabilidade) da informação contida no texto” 
(KOCH; TRAVAGLIA, 2008, p. 87).
É a informatividade, portanto, que vai determinar a seleção e o arranjo das 
alternativas de distribuição da informação no texto, de modo que o receptor 
possa calcular-lhe o sentido com maior ou menor facilidade, dependendo 
da intenção do produtor de construir um texto mais ou menos hermético, 
mais ou menos polissêmico, o que está, evidentemente, na dependência da 
situação comunicativa e do tipo de texto a ser produzido (KOCH; TRAVAGLIA, 
2008, p. 88).
Se um texto apresentar apenas informações que já dominamos, ele 
terá um grau de informatividade baixo. Caso apresente informações já 
esperadas e informações “novas” (que superem a expectativa) terá um grau 
maior de informatividade. Há, ainda, a possibilidade de que o texto traga 
somente informações “novas”. Nesse caso, a informatividade será muito alta 
e, embora gere a impressão de incompreensão em um primeiro momento, 
exigirá do enunciatário um esforço maior de decifração. Ao, por exemplo, 
lermos umtratado de medicina sem termos qualquer noção dessa área, não 
conseguiremos entender o que lemos. Haverá somente informações “novas” 
e não estabeleceremos as relações necessárias com nossos conhecimentos 
prévios para significar o texto.
3.5 INTERTEXTUALIDADE
Sempre que lemos um texto acionamos nossos conhecimentos prévios 
e neles estão os conhecimentos que construímos a partir de outros textos. A 
intertextualidade é o diálogo, implícito ou explícito de um texto com outros 
textos. Se você prestar atenção, este caderno está repleto de intertextualidade. 
Há uma variedade de citações, diretas e indiretas. Estamos trazendo para nosso 
texto o texto de outros enunciadores para que possamos dar maior significação 
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
a ele. Dito de outro modo, “todo texto faz remissão a outro(s) efetivamente 
já produzido(s) e que faz(em) parte da memória social dos leitores” (KOCH; 
ELIAS, 2009, p. 101).
Vamos começar mostrando um exemplo que aparece em praticamente 
todos os manuais que abordam a questão da intertextualidade.
Canção do exílio
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá; 
As aves, que aqui gorjeiam, 
Não gorjeiam como lá.
Nosso céu tem mais estrelas, 
Nossas várzeas têm mais flores, 
Nossos bosques têm mais vida, 
Nossa vida mais amores.
Em cismar, sozinho, à noite, 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Minha terra tem primores, 
Que tais não encontro eu cá; 
Em cismar sozinho, à noite 
Mais prazer eu encontro lá; 
Minha terra tem palmeiras, 
Onde canta o Sabiá.
Não permita Deus que eu morra, 
Sem que eu volte para lá; 
Sem que disfrute os primores 
Que não encontro por cá; 
Sem qu'inda aviste as palmeiras, 
Onde canta o Sabiá. 
 FONTE: Gonçalves Dias, Primeiros cantos (1847). Disponível em: <http://www.horizonte.unam.mx/
brasil/gdias.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Em algum momento de sua trajetória acadêmica, ou de leitor, você já se 
deparou com os versos acima. Eles são grandes representantes da literatura 
brasileira, conhecidos em vários países. Pois bem, veremos que os versos da 
Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, já apareceram em muitos outros textos.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Hino Nacional Brasileiro
[...]
Do que a terra mais garrida
Teus risonhos lindos campos têm mais flores
Nossos bosques têm mais vida,
Nossa vida em teu seio mais amores.
[...]
O Hino Nacional faz um intertexto explícito com a Canção do Exílio, 
conforme destacamos. Ele se constrói trazendo para sua trama a produção 
de outro enunciador (Gonçalves Dias).
FIGURA 8 – VIDA DE PASSARINHO – CAULOS 
FONTE: Disponível em: <http://textosunisanta.blogspot.com.br/2012/04/
intertextualidade-sustentavel.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Na tirinha, temos uma citação direta dos versos da Canção do Exílio. O 
passarinho tomou de empréstimo os versos da canção original para utilizá-los 
em sua produção, atribuindo-lhe a significação necessária ao propósito de 
seu texto. Tanto o Hino Nacional quanto a tirinha são textos, com finalidades 
e formas diferentes. No entanto, eles dialogam com a Canção do Exílio de 
Gonçalves Dias, fazendo uso dela em seus textos.
A intertextualidade se manifesta de várias formas no texto. Ela pode 
ocorrer por meio de citação, quando o texto anterior é transcrito, parcial 
ou integralmente, no novo texto. Normalmente as citações aparecem entre 
aspas ou recuadas, no caso de citações mais longas. Nesta unidade, há vários 
exemplos de citação. Veja outro:
FIGURA 9 – PUBLICIDADE DA CHEVROLET S10
A oração “Do pó vieste e ao pó voltarás”, mencionada entre aspas no 
cartaz, é uma citação, esse fragmento foi retirado do Livro do Gênesis, na 
Bíblia. Fica evidente, no exemplo, a intertextualidade ocorreu sob a forma de 
citação.
FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/
assunto/estudo-do-texto/intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
A intertextualidade explícita é a forma intertextual solicitada nos trabalhos 
acadêmicos. Neles é preciso fazer uso de citações (intertextos) diretas ou 
indiretas, indicando as respectivas fontes.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
A intertextualidade também pode ocorrer sob a forma de paródia. A 
paródia tem por finalidade tomar o texto original e recriá-lo de modo a ironizar 
ou satirizar. Ao termos contato com a paródia, imediatamente, fazemos a 
ligação com o original.
FIGURA 10 – CAMPANHA PUBLICITÁRIA DA EMPRESA HORTIFRUTI
FONTE: Disponível em: <http://somosverdes.com.br/rede-hortifruti-cria-parodia-de-
filmes-do-netflix-e-o-resultado-e-fantastico/>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Note que ao lermos Horta de Elite, automaticamente lembramos do título 
do filme Tropa de Elite. A Rede Hortifruti faz, portanto, uma paródia. Satiriza o 
título do filme, aproveitando para chamar a atenção para seus produtos. Além 
disso, reproduz a frase que marcou a personagem principal: “pede pra sair”.
Como usamos a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias, como exemplo 
para entender melhor a ideia de intertextualidade, veja o fragmento de uma 
das inúmeras paródias que fizeram dela, esta é de autoria de Jô Soares.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
Minha Dinda tem cascatas
Onde canta o curió
Não permita Deus que eu tenha
De voltar pra Maceió.
Minha Dinda tem coqueiros
Da Ilha de Marajó
As aves, aqui, gorjeiam
Não fazem cocoricó.
FONTE: Disponível em: <http://educacao.globo.com/portugues/assunto/estudo-do-texto/
intertextualidade.html>. Acesso em: 3 abr. 2016.
Conseguimos, ao ler a paródia, fazer a conexão com o original, verificando 
as relações entre os dois textos.
Outra forma de intertextualidade é a paráfrase. Recriar o texto original, 
mantendo as ideias, mas utilizando outras palavras. Diferentemente da paródia, 
a paráfrase não tem finalidade de ironizar ou satirizar. No meio acadêmico a 
paráfrase está muito associada às citações indiretas. Os resumos acadêmicos, 
por exemplo, são paráfrases dos textos originais.
A intertextualidade implícita (paródias, paráfrases etc.) são comuns em 
crônicas, editoriais, artigos de opinião, entre outros gêneros textuais.
Como vimos ao longo deste capítulo, é fundamental conhecer as 
propriedades que tornam um conjunto de expressões um texto. Ao tomar 
consciência delas conseguimos elaborar produções escritas mais adequadas às 
situações comunicativas e atribuir-lhes as devidas significações, contribuindo 
para a melhor comunicação e interação social. 
Para avançarmos em nossos estudos, o próximo capítulo abordará a 
questão dos gêneros discursivos e dos níveis de linguagem. Sigamos em frente!
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
RESUMINDO
Neste capítulo vimos que:
 Textualidade é a condição que transforma um conjunto de palavras em 
texto.
 Essa condição é constituída por fatores, conhecidos como fatores de 
textualidade. São eles:
 ᵒ Coerência: construção de sentido do texto.
 ᵒ Faz uso de metarregras:
 Repetição: reiteração de elementos no intuito de manter a sequência, 
o foco.
 Progressão: avanços das informações no texto.
 Não contradição: que não haja ideias que se contradigam ao longo 
do texto.
 Relação: que não haja informações que gerem uma ruptura de sentido 
no texto.
 Coesão: ligações por meio de estruturas linguísticas que ocorre no interior 
do texto.
 Há duas modalidades de coesão:
 Referencial: retoma elementos do texto.
 Sequencial: aponta para as direções que o texto toma em termos de 
sentido.
 Intencionalidade: propósito do texto.
 Aceitabilidade: esforço de atribuição de sentido ao texto.
 Situacionalidade: pistas no texto da situação comunicativa que o gerou.
 Informatividade: grau de “novidade”no texto.
 Intertextualidade: relação do texto com outros textos.
 CURSO LIVRE - REDAÇÃO 2 - OS FATORES DE TEXTUALIDADE
AUTOATIVIDADE
1 Observe a tirinha do Calvin que segue e, na sequência, analise as afirmações 
sobre ela:
I. O pronome demonstrativo “isso” é uma forma remissa gramatical livre, 
tipo de coesão referencial que retoma a ideia já apresentada no primeiro 
quadrinho “de onde vêm os bebes”.
II. “Sua”, no quadrinho 3, é coesão referencial que ocorre com uma forma 
remissiva gramatical presa porque tem uma relação de dependência com 
a palavras “camisa”.
III. A tirinha não é provida de coesão porque se constitui de imagens e diálogos.
IV. A coerência fica comprometida nesta tirinha porque a pergunta realizada 
por Calvin no primeiro quadrinho não é respondida.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e III.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e IV.
d) ( ) III e IV.
e) ( ) I e II.
2 Analise o material retirado de uma conversa no WhatsApp e, na sequência, 
assinale a alternativa CORRETA:
FONTE: Disponível em: <http://www.satirinhas.com/2014/03/de-onde-vem-os-
bebes-2/>. Acesso em: 8 abr. 2016.
Vc tbem tc com o K? Eh TDB. OMG. Kkkkkk.
a) ( ) O escrito não pode ser considerado um texto, visto que não cumpre 
sua função comunicativa.
b) ( ) Por ter palavras abreviadas em excesso contraria totalmente as regras 
da gramática, logo não é um texto.
c) ( ) Esse tipo de escrita é valorizado em qualquer meio de comunicação 
formal.
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d) ( ) Mesmo tratando-se de linguagem abreviada, cumpre sua função 
comunicativa no contexto em que foi gerado, portanto, é texto.
e) ( ) Como não há coesão e coerência, o escrito não pode ser considerado 
como um texto.
3 A coesão textual pode ser entendida como a “amarração” entre as várias 
partes do texto, ou seja, a relação que se estabelece entre as partes com 
o intuito de que o todo ganhe sentido. Leia o pequeno texto que segue:
PELES DE SAPOS
Em 1970 e 1971, houve, no Nordeste brasileiro, uma enorme procura 
por sapos, que eram caçados para que suas peles fossem exportadas para os 
Estados Unidos. Lá elas eram usadas para fazer bolsas, cintos e sapatos. Isso 
levou a uma drástica diminuição da população de sapos nessa região. [...] 
(Ruth de Gouvêa Duarte)
Em relação aos mecanismos de coesão empregados no texto, pode-se 
afirmar que:
I. “suas” se refere a “sapos”.
II. “Lá” se refere a “Estados Unidos”.
III. “elas” se refere a “peles”.
IV. “Isso” se refere a “fazer bolsas, cintos e sapatos”.
Estão CORRETAS:
a) ( ) Apenas as afirmativas II e III.
b) ( ) Apenas as afirmativas I e II.
c) ( ) Apenas as afirmativas II e IV.
d) ( ) Apenas as afirmativas III e IV.
e) ( ) As afirmativas I, II, III e IV.
4 Analise as afirmações que seguem, indicando se são verdadeiras ou falsas:
( A coesão se refere às estruturas linguísticas utilizadas para fazer as ligações 
internas no texto.
( ) A coesão referencial é responsável por apontar a direção de sentido que 
o texto tomará.
( ) A coesão gramatical de forma remissiva livre é aquela em que o termo 
está diretamente vinculado ao nome, dependendo dele.
( ) Coesão e coerência são fatores de textualidade que se referem diretamente 
à estruturação do texto.
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A sequência CORRETA é:
a) ( ) V, F, F, V.
b) ( ) V, V, F, F.
c) ( ) F, V, F, V.
d) ( ) F, V, V, F.
e) ( ) V, F, V, F.
5 Analise as duas imagens que seguem:
Analise, agora, as afirmações que seguem:
I. O quadro “Mônica Lisa” não pode ser considerado como intertexto do quadro 
“Mona Lisa” porque se trata de uma imagem.
II. “Mônica Lisa” constitui-se em um texto não verbal (sem palavras) que faz 
um intertexto com “Mona Lisa”.
III. “Mônica Lisa” constitui-se um intertexto sob a forma de paródia, pois recria 
de maneira bem-humorada o quadro original.
IV. “Mona Lisa” e “Mônica Lisa” não podem ser entendidas como texto porque 
não apresentam os fatores de textualidade.
Estão CORRETAS:
a) ( ) I e II.
b) ( ) II e III.
c) ( ) I e III.
d) ( ) II e IV.
e) ( ) III e IV.
FONTE: Disponível em: <http://diariodeumadiretora.blogspot.com.br/2012/07/
parodia.html>. Acesso em: 8 abr. 2016.
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REFERÊNCIAS
ABREU, Antônio Suárez. Curso de redação. 12. ed. São Paulo: Ática, 2008.
ANTUNES, Irandé. Análise de textos: fundamentos e práticas. São Paulo: 
Parábola, 2010. (Série estratégias de ensino, 21).
CASTRO, Adriane Belluci Belório de et al. Os degraus da produção textual. 
Bauru, SP: EDUSC, 2003.
COSTA VAL, Maria da Graça. Texto, textualidade e textualização. In: 
FERRARO, Maria Luiza et al. (Org.). Experiência e prática de redação. 
Florianópolis: EDUFSC, 2008. p. 63-86.
KOCH, Ingedore. A coesão textual. 21. ed. São Paulo: Contexto, 2007.
KOCH, Ingedore; ELIAS, Vanda Maria. Ler e escrever: estratégias de 
produção textual. São Paulo: Contexto, 2009. 
KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. A coerência textual. 17. ed. São Paulo: 
Contexto, 2008.
SANTOS, Gerson Tenório dos. Texto e textualidade. São Paulo: Unicastelo, 
2010.
TAFNER, Elisabeth Penzlien. Redação na vida acadêmica e profissional. 
Blumenau: Nova Letra, 2009. (Coleção Estudos Independentes).
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