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Habilidades Clínicas III ANAMNESE DO IDOSO EPIDEMIOLOGIA ● O envelhecimento da população mundial é um dos grandes desafios a serem enfrentados nas próximas décadas. ● No Brasil , de 1960 a 2017, a esperança de vida aumentou 27,9 anos, passando de 48 para 75,9 anos. ● A previsão do IBGE é de que, no ano 2030, a expectativa de vida ao nascer chegue a 78,6 anos.● Demográfica – Nosológica. (ramo da medicina que estuda e classifica as doenças- taxonomia do mundo medico) ● “ Os médicos irão atender cada vez mais pacientes idosos , por isso devem estar aptos a reconhecer as particularidades de apresentação das doenças e síndromes mais comuns na velhice, as diferenças entre alterações provocadas pelo envelhecimento fisiológico e pelas doenças e a maneira como esses dois processos interagem.” ● É durante a anamnese e no exame físico que essas particularidades podem ser reconhecidas e valorizadas. ENVELHECIMENTO - Processo dinâmico e progressivo – modificações morfológicas , funcionais , bioquímicas e psicológicas que determinam perda da capacidade de adaptação do indivíduo ao ambiente – vulnerabilidade às doenças e posterior morte. ● IDOSO – A OMS e ONU – fatores socioeconômicos. - Países de renda média/baixa : 60 anos ou mais - Países de alta renda: 65 anos ou mais - Muito idosos: 80 anos ou mais Lei n. 8842 , de Janeiro de 1994 e Lei nº 10.741. de Outubro de 2003 Avaliar um idoso no consultório NÃO é igual a avaliar um adulto. ANAMNESE DO IDOSO • A Anamnese é e sempre será a base para o cuidado dos pacientes , principalmente do idoso. • A História geralmente é longa e demanda muitos encontros para ser completada. • Para o médico, o paciente pode ser apenas um a mais entre muitos. Mas, para o paciente, o médico pode ser uma das pessoas mais importantes em sua vida, especialmente no caso de idoso frágil e que vive isolado. • A oportunidade dada ao paciente de expressar as suas preocupações e receber atenção é comprovadamente terapêutica. DIFICULDADES DA ANAMNESE DE PACIENTES IDOSOS 1. O Paciente informar pouco sobre a doença. 2. Doenças com apresentação atípica. 3. Apresentação inespecífica das doenças agudas. 4. Barreiras de comunicação. 5. História extensa e queixas mal caracterizada CUIDADO: Desviar o foco do idoso para os familiares presentes, que podem fornecer uma história clínica mais lúcida e linear, pode ter efeitos graves!! Diminui a auto imagem do idoso; Reforça a imagem de dependência; Perda de informações que só o idoso conhece. ANAMNESE DO IDOSO - Aspectos Diferenciais ● Avaliação geriátrica ampla (AGA) → método de avaliação dos idosos → elabora-se um planejamento terapêutico amplificado, de maneira multidimensional → plano integrado, focado na autonomia e independência do paciente. Avaliação Geriátrica Ampla - AGA ● OBJETIVO: Promoção da qualidade de vida, visando a autonomia e independência do paciente idoso. ● Avaliar um idoso → visão multidimensional e transdisciplinar → estes e escalas → análise global do paciente em aspectos biológicos, psicológicos e sociais → promover a manutenção de sua autonomia e qualidade de vida. ● Déficits sensoriais devem sempre ser questionados, pois estão diretamente relacionados à perda de funcionalidade do idoso – outro ponto importante é a presença de um acompanhante na consulta; ● Déficit auditivo, visual ou uso de próteses dentárias adequadas à mastigação devem ser checados e corrigidos sempre que possível; ● Avaliação nutricional, observando aspectos clínicos e antropométricos de desnutrição e diário alimentar; ● Devem ser questionados em relação à incontinência – urinária e fecal; é importante perguntar de maneira aberta (episódios de escapes urinários??? em que situação??; ● Avaliar o equilíbrio e a marcha - modo como levanta da cadeira de espera e caminha até seu encontro; ● Identificar a polifarmácia e, sempre que possível, reduzir medicações fúteis ou que possam trazer risco ao paciente. ● Cognição e humor; as manifestações mais típicas da depressão em idosos são o déficit cognitivo e a anedonia; - IDENTIFICAÇÃO ganha certo destaque; ○ Conhecer o seu paciente, suas origens (dados epidemiológicos vem a tona nesse momento; ○ Estado civil e quantos filhos tem (rede de suporte social do paciente); ○ Onde o paciente mora (acessibilidade, segurança doméstica e possibilidade de prevenção de quedas); ○ Espiritualidade (destaque em pacientes com doenças crônicas e/ou terminais) ○ Profissões anteriores e a aposentadoria (condições de renda); ○ Escolaridade (avaliação cognitiva); - QPD → Raramente o idoso traz UMA queixa principal → geralmente poliqueixosos → habilidade que o médico adquire durante a sua formação → filtrar aquelas que mais podem trazer riscos à funcionalidade do paciente e priorizar medidas (pouca ou nenhuma compreensão do paciente sobre o cuidado oferecido); ○ Resolver “um problema de cada vez”. - HISTÓRIA DA DOENÇA ATUAL (HDA): o Espera-se um conjunto de sinais e sintomas que desenhem um perfil de determinada doença. o É uma parte importante da anamnese que traduz o quanto aquela situação comprometi/comprometeu a funcionalidade do idoso - INTERROGATÓRIO SINTOMATOLÓGICO (IS) : o Este tópico da anamnese oferece uma boa oportunidade para o clínico aprofundar a investigação de detalhes perdidos no início da entrevista o O idoso pela sua auto-percepção de saúde diferenciada, costuma mascarar particularmente os problemas , subestimando-os, atribuindo-os a causas externas manipulando queixas e atribuindo a outras causas externas. SINAIS/SINTOMAS MAIS FREQUENTES POR APARELHOS ❑ GERAIS: 1. Perda de Peso: o É um fenômeno da senescência ( massa magra perde X ganha gordura ) entre 50 – 60 anos o Sarcopenia – redução da massa muscular. o 5% em 6 meses ou 10% em 1 ano considerável. 2. Fadiga: o Sintoma negligenciados pelo médico e paciente o Sendo significativo deve ser investigado “ sinto-me muito cansada”. o Pode ser infecções , distúrbios metabólicos , auto-imunes. 3. Fraqueza o É diferente de fadiga e cansaço. o Está relacionado com comprometimento da força muscular . o Pode ser segmentar ou generalizada. o Causas neurogênica ❑ CARDIOPULMONAR: 1. Dispneia o Queixa muito comum e mal caracterizada. o Compreende desde doenças psiquiátricas até doença cardíaca estabelecida. o É bom avaliar o quanto tal sintoma afeta as atividades de vida diária (AVD). 2. Síncope o Definida como perda abrupta da consciência devido à falta temporária do fluxo sanguíneo para o sistema neural. o Diferenciar de lipotimia para evitar gastos desnecessários. ❑ OTORINOLARRINGOLÓGICA: 1. Tonteira: o É subjetiva devendo ser bem caracterizado. o Sensação de desequilíbrio sem situação rotacional sem elementos objetivos. 2. Vertigem o Grande subjetividade e necessariamente presente a questão rotatória. o Associado ao comprometimento vestibular. 3. Zumbido: o Sensação sonora não associada a estímulo externo. o Pode uni ou bilateral acompanhada de perda auditiva. o Quando associado a estalos – articulação têmporo-mandibular / pulsatilidade –vasos do pescoço e vertigem mais perda auditiva pensar em Doença Meniére ❑ SISTEMA NERVOSO CENTRAL 1. Cefaleia: o Possibilidade de doença específica dessa faixa de idade – Arterite temporal o De início recente pensar em investigação com exames complementares. Abordagem Clínica ao Paciente Idoso ASPECTOS IMPORTANTES DA HISTÓRIA GERIÁTRICA: -HISTÓRIA CLÍNICA PREGRESSA • Procedimentos cirúrgicos prévios • Doenças e hospitalizações importantes • Transfusões prévias • Estado de imunização • Medidas de saúde preventivas • História de doenças infecciosas: Tuberculose, Hanseníase, sífilis... • Medicamentos: uso e alergias - ANTECEDENTES PESSOAIS: o Conhecer a intimidade do idoso. o Forma de ganhar empatia. o Inseri-los no processo saúde-doença. o Adequar o tratamento ao perfil do paciente HISTÓRIA SOCIAL • Arranjos de moradia • Relação com família e amigos • Expectativas da família e de outroscuidadores • Condições econômicas • Capacidade de realizar atividades de vida diária • Atividades sociais e de lazer • Modo de transporte - HISTÓRIA SOCIAL: o Detalhar da ocupação/emprego – recente e passado. o Deve ser também citada o relacionamento social , escolaridade ( mini-exame mental). - HISTÓRIA DA SAÚDE: o Permite o entendimento de como o processo doença se instalou ao longo dos anos. o Dificuldades cognitivas. educacionais e sócio-econômicas. - ANTECEDENTES FAMILIARES o É importante perguntar se é ou já foi casado ou se tiveram filhos. o Indagar por gerações posteriores como filhos /netos. o Também investigar as causas de óbitos dos familiares. - HÁBITOS DE VIDA: o Perguntar sobre uso de bebidas alcoólicas , drogas ilícitas , fumo e medicamentos. o Investigar sobre atividade sexual (como vai o seu líbido? ). o Neste momento importante a relação médico –paciente. Avaliação Funcional ● Aspectos importantes: ○ Avaliação multiprofissional; ○ Instrumentos de avaliação padronizados; ○ Questões abertas; ○ Explorar as expectativas da família, sua capacidade e seu desejo de fornecer os cuidados; ○ Preferências e expectativas do paciente. ● Objetivos: (avaliação funcional) ○ Identificar na população de risco aquelas pessoas que devem receber avaliação adicional e quem fará a avaliação; ○ Fazer diagnósticos e definir tratamento; ○ Observar alterações nos problemas não tratados; ○ Revisar o progresso de que recebe tratamento; ○ Fazer prognósticos sobre os desfechos esperados para determinados problemas. ESCALA DE KATZ ● Objetivo: avaliar independência funcional das pessoas idosas no desempenho das Atividades de Vida Diária. ● Avaliação dos resultados: as pessoas idosas são classificadas como independentes ou dependentes no desempenho de seis funções. ● BANHO: uso do chuveiro ou banheira e ao ato de esfregar-se. (não inclui: região dorsal ou uma das extremidades); ● VESTIR: ato de pegar a roupa no armário e vestir (não inclui: calçados); ● BANHEIRO: ato de ir ao banheiro para excreções, higienizar-se e arrumar as próprias roupas; ● TRANSFERÊNCIA: movimento desempenhado pelo idoso para sair da cama e sentar-se na cadeira e vice-versa; ● CONTINÊNCIA: ato inteiramente autocontrolado de urinar e defecar; ● ALIMENTAÇÃO: ato de dirigir a comida do prato à boca (não inclui: cortar os alimentos ou prepará-los). ESCALA DE LAWTON ● Objetivo: avaliar o desempenho funcional da pessoa idosa em termos de atividades instrumentais. ● Avaliação dos resultados: as pessoas idosas são classificadas como independentes ou dependentes no desempenho de nove funções.
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