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MATERIAL DE APOIO (Este material de apoio ao estudante não substitui e não dispensa a leitura dos livros como bibliografia básica do curso) 1. SIGNIFICADOS E OBJETIVOS DA ADMINISTRÇÃO FINANCEIRA NAS EMPRESAS 1.1. CONCEITOS FUNDAMENTAIS BÁSICOS O que é Administração Financeira? A Administração Financeira diz respeito às responsabilidades do administrador financeiro numa empresa. Os administradores financeiros gerenciam ativamente as finanças de todos os tipos de empresas, financeiras ou não-financeiras, privadas ou públicas, grandes ou pequenas, com ou sem fins lucrativos. Eles desempenham uma variedade de tarefas, tais como orçamentos, previsões financeiras, administração do caixa, administração do crédito, análise de investimento e captação de recursos (Gitman, 1997, p. 4). Qual o principal objetivo da Administração Financeira? O principal objetivo da Administração Financeira é o de maximizar a riqueza dos sócio-acionistas. 1.2. META DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA Quando alguém se dispõe a investir sua poupança em uma empresa, em vez de aplicá-la em alternativas mais seguras, está disposto a assumir certo risco em troca de um aumento no seu patrimônio ou riqueza pessoal. Assim, pode-se admitir que o objetivo principal da empresa, e, por conseguinte, de todos os administradores e empregados, é o de maximizar a riqueza de seus proprietários. Cada decisão financeira deve ter como meta o aumento do valor da ação. Nessa busca, duas variáveis conduzem as decisões: o risco e o retorno. 1.3. DEFINIÇÃO DE RISCO O risco é a possibilidade de perda financeira e afeta tanto os administradores financeiros quanto os acionistas (GITMAN, 2004). Todo investimento envolve certa medida de risco, e para caracterizar tal conceito corretamente é necessário diferenciar dois conceitos básicos que são: incerteza e risco. “A incerteza pode se referir a situações nas quais muitos resultados são possíveis com probabilidades de ocorrência desconhecidas. Já o risco refere-se a situações as quais podemos relacionar todos os possíveis resultados, bem como estabelecer a probabilidade de ocorrência de cada um deles”. (KNIGHT apud PINDYCK; RUBINFELD, 2002) As probabilidades envolvidas podem ser objetivas ou subjetivas. As objetivas fundamentam-se na frequência com a qual determinados eventos tendem a ocorrer, baseados em experiências similares. As subjetivas baseiam-se na percepção de que um determinado resultado poderá vir a ocorrer, embasada no julgamento e na experiência de uma pessoa, mas não na frequência em que os resultados tenham realmente ocorrido no passado. Ambas as interpretações da probabilidade são importantes no cálculo das medidas que auxiliam a comparar e escolher entre os riscos envolvidos, que são o valor esperado e a variabilidade dos possíveis retornos. TIPOS DE RISCO Riscos específicos da empresa • Risco econômico: está intimamente associado ao tipo de operação da empresa, ao tipo de produto e às características de sua procura, já que este é o risco oferecido por sua atividade e setor de atuação e suas oscilações ficam sujeitas a forças externas, cuja origem pode estar relacionada a situação econômica do pais e do mundo. • Risco financeiro: por sua vez, além de incluir o risco econômico, é determinado pelo uso do capital de terceiros, que exige remuneração fixa e prioritária em face da remuneração do capital dos acionistas. Portanto, “...o risco econômico corresponde à estrutura de ativos da empresa, resultado de suas atividades e o risco financeiro corresponde à estrutura das fontes de recursos, principalmente em termos de endividamento”. (SANVICENTE, 1987) Riscos específicos dos acionistas • Risco de taxa de juros: refere-se à possibilidade de que variações na taxa de juros afetem negativamente o valor de um investimento. Na maioria das vezes, os investimentos perdem valor quando a taxa de juros sobe e ganham valor quando a taxa de juros se reduz. • Risco de liquidez: refere-se à possibilidade de um ativo não ser liquidado a um preço razoável e com facilidade de negociação, que dependem do porte e da profundidade do mercado onde este ativo é negociado. • Risco de mercado: tem por característica básica a possibilidade de redução do valor de mercado de um ativo acarretado por instabilidades no mercado, independentes do ativo, como eventos econômicos, políticos e sociais. Quanto mais o valor do ativo reage às instabilidades do mercado maior o risco envolvido no investimento. Riscos conjuntos: empresas e acionistas • Risco de evento: está relacionado a situações inesperadas que podem interferir no valor da empresa ou de um ativo específico. Geralmente, os eventos inesperados afetam setores específicos ou pequenos grupos de acionistas. • Risco de câmbio: refere-se à possibilidade de flutuações na taxa de câmbio interferirem nas negociações empresariais com fluxos de caixa futuros previstos, já que tais flutuações podem mudar o valor da empresa e das ações negociadas. • Risco de poder aquisitivo: relacionado à possibilidade de variação nos níveis gerais de preços, inflação ou deflação, e que esta variação afete os fluxos de caixa, as empresas e os ativos, pois variações no nível geral de preços afetam o poder aquisitivo dos agentes. • Risco de tributação: refere-se a empresas e ativos que são influenciados por alterações na legislação tributária. Há ainda que se diferenciar os tipos de comportamento dos agentes com relação ao risco, estes podem ser avessos, neutros e arrojados com relação às situações que envolvem risco. Os investidores avessos ao risco, procuram o menor risco possível, medido pelo desvio-padrão da distribuição de probabilidades dos fluxos futuros, dado o valor esperado de retorno. Os investidores neutros ao risco são indiferentes ao recebimento de um retorno garantido ou de um retorno incerto que apresente o mesmo valor esperado de retorno. E por fim, os investidores arrojados que preferem assumir maiores riscos, se estes lhes trouxerem maior retorno associado. 1.4. DEFINIÇÃO DE RETORNO A definição de retorno está diretamente ligada à definição da função financeira de uma empresa: “... a função financeira compreende os esforços despendidos objetivando a formulação de um esquema que seja adequado à maximização dos retornos dos proprietários das ações ordinárias da empresa, ao mesmo tempo em que possa propiciar a manutenção de um certo grau de liquidez”. (ARCHER; D’AMBROSIO, 1969 apud SANVICENTE, 1987) “...retorno é o ganho ou a perda total sofrido por um investimento em um período determinado”. (GITMAN, 2004) Logo, o retorno de um investimento é a recuperação do capital investimento adicionado de um valor produzido na operação referente à remuneração do capital, conhecido como juros, em um determinado espaço de tempo. Os resultados geralmente são medidos pela soma de fluxos financeiros do período com a variação de valor. Contudo, o administrador financeiro, geralmente, analisa os investimentos pautados em projeções dos resultados do projeto ou ação, necessitando de indicadores para avaliar tais resultados. Tal retorno é medido com base na projeção dos resultados futuros e comparado com a taxa mínima de atratividade exigida pelo investidor. Essa taxa mínima de atratividade é também chamada de custo de capital, ou seja, em que medida o projeto atende ao custo de capital. No caso de investimentos produtivos, o retorno do investimento é calculado a partir dos fluxos financeiros previstos no período de duração do projeto, utilizando alguns indicadores como período de payback, valor presente líquido, índice delucratividade, taxa interna de retorno e taxa média de retorno e comparado ao percentual do custo de capital imposto pelo investidor. No caso de investimentos financeiros, o retorno é calculado com base nos lucros e dividendos futuros relacionados à atividade da empresa que emitiu os títulos financeiros, e com menor intensidade o preço de transação do título no mercado. Assim, segundo Armando de Santi Filho (1997), quem está disposto a assumir riscos deseja uma compensação. Esta compensação diz que riscos maiores exigem retornos mais elevados. 1.5. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO As funções do administrador financeiro na empresa podem ser avaliadas com base nas demonstrações contábeis básicas da empresa. Suas três atribuições primordiais são: a) Análise e planejamento financeiro, que envolve: • Transformação dos dados financeiros em uma forma que possa ser utilizada para orientar a posição financeira da empresa e promover a sua continuidade; • Avaliação da necessidade de aumento ou redução da capacidade produtiva; e • Determinação de que tipo de financiamento adicional deve ser realizado. Essas três atividades são sustentadas pelas decisões de natureza estratégica, tática e operacional. Os demonstrativos contábeis, principalmente o Balanço Patrimonial e a Demonstração do resultado do Exercício, são importantes fontes de informações para elaboração de análise e planejamento financeiro. b) Administração da estrutura de ativo da empresa (Decisão de Investimento): O administrador financeiro determina a combinação e os tipos de ativos que fazem parte do Balanço Patrimonial da empresa. Essa atividade está relacionada ao lado esquerdo do Balanço. A composição refere-se ao montante de recursos aplicados em Ativos Circulantes e em Ativos Permanentes (fixos). Depois que a composição estiver definida, o administrador financeiro deve fixar e tentar manter níveis ótimos para cada tipo de Ativo Circulante. Existem várias técnicas para avaliação dessas decisões de investimento, como a Taxa Média de Retorno, Payback (Prazo de Retorno), VPL (Valor Presente Líquido) e TIR (Taxa Interna de Retorno) e outras. Decisões de investimento Ativo Questões a serem respondidas Ativo circulante Onde estão aplicados os recursos financeiros? Caixa e bancos Quanto em ativos circulantes? Quanto em ativos permanentes? Em quais? Estoques Qual a melhor composição dos ativos? Outros Qual o risco do investimento? Realizável a longo prazo Qual o retorno do investimento? Contas a receber Quais novas alternativas de investimentos? Adiantamento a coligadas Como decidir em que ativos investir? Ativo Não Circulante Como decidir em quais ativos investir? Imobilizado Como maximizar a lucratividade dos investimentos existentes? c.) Administração da estrutura financeira da empresa (Decisão de Financiamento): Relaciona-se com o lado direito do Balanço Patrimonial da empresa e envolve as fontes de recursos. Esta atividade do administrador financeiro possui um enfoque principal: • A decisão de qual a composição mais apropriada entre financiamento a curto e a longo prazo a ser estabelecida, o que é bastante importante, pois afeta tanto a lucratividade da empresa como sua liquidez global. Algumas decisões dessa natureza exigem uma análise profunda das alternativas disponíveis, de seus custos e de suas implicações a longo prazo. O Custo Médio Ponderado de Capital é uma medida eficaz para este tipo de decisão. É importante frisar que, embora as decisões de investimento e de financiamento possam ser convenientemente visualizadas em associação com o balanço, tais decisões são tomadas com base nos efeitos que terão sobre o fluxo de caixa. Decisão de financiamento Passivo Questões a serem respondidas Passivo circulante Qual a estrutura de capital? Fornecedores De onde vem os recursos? Empréstimos e financiamentos Qual a participação de capital próprio? E de capital de terceiros? Outros Qual o perfil de endividamento? Exigível a longo prazo Qual o custo de capital? Como reduzir? Financiamentos Quais as fontes de financiamento usadas e seus respectivos custos? Patrimônio líquido Qual o risco financeiro? Capital social Quais deveriam ser eliminadas ou trocadas? Reservas Qual o sincronismo entre os vencimentos das dívidas e a geração de meios de pagamentos? 1.6. PRINCIPAIS ATRIBUIÇÕES DO ADMINISTRADOR FINANCEIRO Como o objetivo da administração financeira é a maximização da riqueza da empresa e dos proprietários, os administradores no papel de agentes dos proprietários, devem, através da delegação de poderes, agir em nome destes visando atingir os objetivos propostos. Entretanto, como nas grandes organizações, os acionistas não participam das decisões e nem da forma de gestão adotada, muitas vezes os objetivos pessoais dos administradores se sobrepõem aos da empresa e a meta maior, que é a maximização da riqueza, não é plenamente atingida. Esse fato ocorre, porque os administradores, embora queiram o aumento da riqueza da empresa e dos proprietários, estão também preocupados com sua riqueza pessoal e com outros benefícios que lhes proporcionem status social como: locais de trabalho luxuosos, veículos a sua disposição e da família, viagens, etc. Para prevenir e minimizar esse impacto ocasionado pelo desvio dos objetivos, os proprietários adotam medidas preventivas chamadas "custos de agência". Os principais "custos de agência" (agency) são: Auditoria Interna: cujo objetivo é verificar se os administradores estão efetivamente defendendo os interesses dos proprietários. Incentivos: prêmios de incentivo à boa administração vinculados ao preço da ação. Prêmios por bom desempenho: a empresa cria medidas de desempenho e premia os administradores quando as metas são alcançadas. Participação acionária: atingindo determinados objetivos prefixados, os administradores recebem uma participação acionária da empresa. 1.7. ESTUDO DE CASO: OBJETIVOS DA ADMINISTRAÇÃO Em 1993, Michael Eisner, presidente da Disney, recebeu US$ 230 milhões, uma das maiores quantias pagas por uma empresa a um executivo em um único ano, quantia esta maior que o PIB de alguns países. O curioso é que os acionistas dessa empresa não reclamaram da quantia paga a seu principal executivo, dado que, sob seu comando, os lucros da Disney nesse período saltaram de US$ 60 milhões para US$ 2 bilhões entre 1984 a 1995. O valor de mercado da empresa aumentou em mais de US$ 25 bilhões, provocando um aumento de 14 vezes no valor do investimento dos acionistas. Roberto Goizueta, da Coca-Cola, aumentou o valor da empresa em um período de dez anos em aproximadamente US$ 50 bilhões. Andy Grave, da Intel, obteve lucros em torno de 40% ao ano para os acionistas da empresa na década de 90. O que esses extraordinários executivos fizeram? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 1.8. PROFISSIONAIS DA ÁREA DE FINANCEIRA E OPORTUNIDADE DE CARREIRA Suas atividades abrangem decisões estratégicas, como a seleção de alternativas de investimentos e as decisões de financiamento de longo prazo, além das operações de curto prazo, como a gestão do caixa, o gerenciamento do risco e tantas outras. Sua área de abrangência é ampla, ocupando-se do processo financeiro, dos mercadose das instituições financeiras, dos instrumentos financeiros e das finanças pessoais, governamentais e corporativas. O campo da administração financeira abrange ampla gama de tarefas e atividades, e os administradores financeiros encontram grandes oportunidades de contribuírem para o sucesso dos negócios empresariais. Como oportunidade de carreira, o administrador financeiro pode trabalhar, por exemplo, como: • Analista de ações (Bolsa de valores e consultorias independentes), • Analista de crédito e cobrança (consultorias independentes e executivos de empresas), • Gerente de projetos (setor privado e público), • Tesoureiro, (pagamentos e recebimentos das empresas públicas e privadas), • Controller, • Coordenador de planejamento e controle financeiro. (empresas públicas e privadas), • Gerente de bancos, • Em corretoras, distribuidoras, bolsas de valores, (associações privadas ou vinculadas a instituições bancárias), • Consultor autônomo de investimentos, • Analista de risco, normalmente ligado à área estratégica de empresas ou bancos, • Orientador de seguros, • Enfim, em inúmeras atividades. 1.9. O PAPEL DO TESOUREIRO E DO CONTROLLER Tesoureiro É responsável pela manutenção do caixa da empresa, pelos recebimentos e pagamentos diários, pela liberação de crédito para clientes, pelas negociações com bancos para aquisição de recursos de curto prazo (financiamento de capital de giro) e pelas aplicações dos recursos excedentes no curto prazo. Suas principais atribuições são: • Administração de caixa • Administração de crédito e cobrança • Administração do risco • Câmbio • Decisão de financiamento • Decisão de investimento • Planejamento e controle financeiro • Proteção de ativos • Relações com acionistas e investidores • Relações com bancos Controller É responsável pelo acompanhamento e fiscalização das atividades financeiras de curto e de longo prazos, pelas contabilidades fiscal e gerencial, aqui incluída a divulgação dos resultados da empresa para acionistas, partes interessadas e governo e, finalmente, pelo gerenciamento da estrutura de capital da empresa: formas de captação de recursos de longo prazo, endividamento junto a instituições financeiras, emissões de debêntures, ações, e outros títulos de dívida. Suas principais atribuições são: • Administração de custos e preços • Auditoria interna • Contabilidade • Orçamento • Patrimônio • Planejamento tributário • Relatórios gerenciais • Salários • Sistemas de informação 1.10. O RELACIONAMENTO DA ADMINISTRAÇÃO FINANCEIRA COM OUTRAS CIÊNCIAS A Administração financeira utiliza-se de conceitos de outras ciências, tais como economia, contabilidade, direito etc. Em decorrência da teoria financeira ser derivada da teoria econômica, finanças e economia estão estreitamente relacionadas. A economia, através da Macroeconomia, dá subsídios sobre o ambiente global em que a empresa opera ou deseja operar e, através da Microeconomia, permite a melhor escolha das estratégias operacionais para a empresa. Visto que o campo de Finanças está estreitamente relacionado ao da economia e que a maioria das empresas opera dentro da Economia, o administrador financeiro deve compreender o arcabouço econômico e estar atento às consequências dos vários níveis de atividade econômica e das mudanças na política econômica. O gestor financeiro deve, portanto, usar os princípios da economia para nortear suas decisões. Precisa conhecer a teoria de preços, os aspectos envolvidos na oferta e demanda e outros conceitos que possam auxiliá-lo a gerenciar as finanças da empresa de forma eficaz. Além disso, deve estar atento a todas mudanças ocorridas na conjuntura econômica e que possam de alguma forma afetar as atividades da empresa A contabilidade apresenta uma relação tão próxima com a Administração Financeira que os leigos acabam por considerar as duas ciências como unas. Isto é errôneo. Na verdade, a função contábil é sub-função da administração financeira que desempenha papel importante ao fornecer os dados necessários à perfeita administração financeira da organização. A contabilidade tem como finalidade registrar todos os fenômenos que afetam as situações patrimoniais, financeiras e econômicas das entidades. Para tanto, utiliza-se do Regime de Competência, onde as receitas são reconhecidas no momento da venda (independente da data do seu recebimento) e os gastos no momento de sua ocorrência ou utilização (independente da data de seu pagamento). A Administração Financeira que tem como objetivos o planejamento, a administração e o controle das entradas e saídas de fundos, adota assim o Regime de Caixa, onde as receitas e despesas são reconhecidas somente no momento em que efetivamente ocorrem as respectivas entradas e saídas de caixa. O direito influencia diretamente a administração financeira ao impor normas de condutas às organizações e aos seus participantes. 1.11. TOMADA DE DECISÃO SEGUNDO A ANÁLISE MARGINAL O princípio econômico de fundamental importância, do qual se vale o gestor financeiro para a tomada da maioria das decisões, é o princípio da análise marginal. Este princípio consiste no estudo dos custos e benefícios adicionais gerados por uma determinada escolha de investimento, segundo o qual um projeto de investimento somente será viável economicamente quando a soma dos benefícios marginais gerados for maior que a soma dos custos marginais incorridos na implantação do referido projeto de investimento. Exemplo: O administrador financeiro de uma loja de departamentos está atualmente tentando decidir se substitui um dos antigos computadores da empresa por um novo, capaz de processar mais rapidamente e de dar conta de um maior volume de transações. O novo computador requer um desembolso à vista R$ 80.000,00, enquanto que o antigo poderia ser vendido por R$ 28.000,00. Os benefícios totais a serem gerados pelo novo computador seriam de R$ 100.000,00 e os benefícios do antigo no mesmo período de tempo seriam de R$ 35.000,00. Aplicando a analise marginal a esses dados, obtemos o seguinte: Benefícios com o novo computador .................................. R$ 100.000,00 - Benefícios com o computador antigo .............................. R$ 35.000,00 = Benefícios marginais adicionados (1)............................. R$ 65.000,00 Custo com o novo computador .......................................... R$ 80.000,00 - Receita obtida com a venda do antigo computador ........ R$ 28.000,00 = Custos marginais adicionados (2).................................... R$ 52.000,00 Benefícios líquidos (1)-(2).................................................. R$ 13.000,00 Uma vez que os benefícios marginais (adicionais) de R$ 65.000,00 excedem os custos marginais (adicionais) de R$ 52.000,00, a aquisição do novo computador é recomendável. A empresa ainda obterá um ganho de R$ 13.000,00. EXERCÍCIOS 1.) Um empresário está adquirindo uma máquina por R$ 50.000,00, esta máquina irá substituir outra já ultrapassada que será vendida por R$ 10.000,00. O benefício mensal projetado pela nova máquina será de R$ 8.000,00. Com a máquina atual, o benefício mensal é de R$ 3.000,00. Definir qual o benefício marginal pela nova aquisição e qual o benefício líquido. A aquisição será viável considerando-se um horizonte de 12 meses? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2.) O proprietário de uma rede de fast food está adquirindo uma máquina de sorvetes por R$ 40.000,00, e esta máquina irá substituir outra já antiga que será vendida por R$ 20.000,00. O beneficio mensal projetado pela nova máquina será de R$ 50.000,00. Com a máquina atual, o beneficio mensal é de R$ 20.000,00. Definir qual o beneficio marginal pela nova aquisição e qual o beneficio líquido. A aquisição será viável? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 3.) A Copiadora “Ki Kópia Ltda. ME”, pretende substituir uma das máquinas antigas, por uma nova, mais sofisticada, capaz de dar conta de um maior volume de cópias por minuto. A nova máquina requer um desembolso, à vista de $ 50.000,00, enquanto que a antiga poderá ser vendida por $ 18.000,00. Os benefícios totais a serem gerados pela nova copiadora seriam de $ 70.000,00, e os benefícios da máquina antiga, no mesmo período de tempo, seriam de $ 25.000,00. Aplicando a análise marginal a esses dados, você recomendaria a substituição do equipamento em questão? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ QUESTÕES PARA FIXAÇÃO DO TEXTO 1.) Descreva a relação geral entre Administração Financeira e Economia e explique como o administrador financeiro se baseia nos princípios de Macro e Microeconomia. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 2.) Como o administrador financeiro depende do contador? De que forma o resultado da Contabilidade age como insumo para a Administração Financeira? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 3.) Quais são as maiores diferenças entre Contabilidade e Administração Financeira com respeito: a.) Ao reconhecimento de receitas e despesas? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ b.) A tomada de decisão? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 4.) Quais são as três funções do administrador financeiro com respeito às demonstrações financeiras da empresa? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 5.) Qual é a meta do administrador financeiro? ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 6.) É verdade que “se uma empresa for lucrativa sua sobrevivência está garantida”? Explique. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 7.) Explique o que são receitas e despesas marginais e como Administração Financeira adota a análise marginal. ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ ________________________________________________________________________________ 8.) A Ironworks Production Inc. vendeu quatro cargas de ferro gusa a crédito por R$31.000 cada uma, no mês que acaba de se encerrar. A empresa ainda não recebeu. A empresa pagou R$16.000 durante o mês que acaba de terminar por cada carga de ferro. Com base no regime de competência, a empresa mostrou um lucro líquido de _______, e em base de caixa mostrou um fluxo de caixa líquido de ________ para o mês. a. ( ) R$60.000; -R$64.000 b. ( ) R$64.000; -R$60.000 c. ( ) R$60.000; -R$60.000 d. ( ) R$64.000; R$60.000 9.) Durante o ano que acaba de encerrar, a Jackson, Inc. teve vendas de R$25.000, das mercadorias compradas durante o ano a um custo total de R$15.000. A empresa pagou por 60% da mercadoria durante o ano e tem de cobrar do cliente no final do ano. O lucro líquido e o fluxo de caixa dessa venda para o ano são: a. ( ) R$4.000 e R$6.000 respectivamente. b. ( ) R$25.000 e -R$15.000 respectivamente. c. ( ) R$10.000 e -R$9.000 respectivamente. d. ( ) R$15.000 e -R$3.000 respectivamente. 10.) Uma forma usada frequentemente para garantirque as decisões da alta gerência visem ao melhor interesse das partes interessadas é: a. ( ) ameaçar despedir os gerentes cujo desempenho não for considerado adequado. b. ( ) retirar as regalias da alta gerência. c. ( ) vincular a remuneração da alta gerência ao nível de lucro por ação. d. ( ) vincular a remuneração da alta gerência ao desempenho do preço das ações ordinárias da empresa. 11.) A Coconut Company tem receita de R$1.500, despesas com depreciação de R$400, está na faixa de 30% do imposto de renda e não tem outras despesas. Qual é a renda líquida e o fluxo de caixa da empresa? a. ( ) R$1.170; R$770 b. ( ) R$900; R$1.300 c. ( ) R$1.050; R$1.450 d. ( ) R$770; R$1.170 2. MODALIDADES JURÍDICAS DE ORGANIZAÇÕES EMPRESARIAIS NO BRASIL Há uma diversidade de organizações que poderão ser criadas no Brasil, mas, nesta aula, serão analisadas as principais em virtude das opções de negócio e da recente mudança do Código Civil, Lei 10.406 de 10.01.2002, alterando de forma substancial a responsabilidade dos proprietários e dirigentes dos negócios. Código Civil, Lei 10406 de 10.01.2002 = de acordo com o novo código, os artigos que acobertam as diversas formas de exploração de negócios são os seguintes: Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa. Art. 981. Celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços, para o exercício de atividade econômica e a partilha, entre si, dos resultados. Para o aprofundamento dos tópicos relativos ao código civil deverá ser realizada sua leitura prévia. http://www6.senado.gov.br/sicon/ExecutaPesquisaLegislacao.action. De acordo com o novo Código Civil, são as seguintes formas de registro das empresas em geral que exploram atividades comerciais e de serviços de forma individual ou em forma de sociedade: • Empresário: de acordo com o artigo 966, considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. A preponderância é a atividade comercial explorada por pessoa física (não sociedade), antigamente tratada como empresa individual, exemplo: farmácias, padarias, supermercados etc. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa, exemplo: administrador, contador, médico etc. que dessa forma são tratados individualmente como autônomos e não empresário. A inscrição é efetuada na Junta Comercial, órgão responsável pelo registro das diversas sociedades cuja exploração no negócio é comercial. • Sociedade: de acordo com o artigo 981, consideram-se aquelas que celebram contrato de sociedade as pessoas que reciprocamente se obrigam a contribuir, com bens ou serviços para o exercício de atividade econômica e a partilha entre si dos resultados. Qualquer forma de sociedade precisa para sua constituição de, no mínimo, duas pessoas, podendo explorar atividades comerciais, assim como serviços, desde que legalmente permitidos pela Lei. As principais sociedades são: - Sociedade Limitada (artigo 1.052 do c.c.): A responsabilidade de cada sócio é restrita ao valor de suas quotas, mas todos respondem solidariamente pela integralização do capital social. - Sociedade Anônima (artigo 1.088 do c.c.): Na sociedade anônima ou companhia, o capital divide- se em ações, obrigando-se cada sócio ou acionista somente pelo preço de emissão das ações que subscrever ou adquirir. - Sociedade Simples (artigo 997 do c.c.): Sociedade de pessoas formada por no mínimo duas ou mais pessoas com a finalidade de exploração de serviços. Seu ato constitutivo é registrado no Cartório de Títulos e Documentos. Tendo em vista as frequentes dúvidas relacionadas aos diversos tipos de empresa que podem ser constituídas, neste artigo irei esclarecer as diferenças entre os cinco tipos mais comuns de empresas que podem ser adotados, sendo: MEI, Empresário Individual, EIRELI, Sociedade Empresária Limitada e Sociedade Simples Limitada. Pois bem, para iniciar é imprescindível fazer vistas ao artigo 44 do Código Civil (Lei 10.406, de 10 de janeiro de 2002), que traz as definições de quem são as pessoas Jurídicas de Direito Privado, perante a Lei. “Lei 10.406/2002 Artigo 44. São pessoas jurídicas de direito privado: I - as associações; II - as sociedades; III - as fundações. IV - as organizações religiosas; V - os partidos políticos; VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada. (Incluído pela Lei nº 12.441, de 2011) Podemos observar que das modalidades que trataremos aqui, somente as sociedades (art. 44 – II) e a EIRELI (art. 44 – VI) aparecem como Pessoa Jurídica de Direito Privado, isso porque nem toda empresa é considerada como Pessoa Jurídica perante a Lei. O MEI e o E.I. são dois exemplos clássicos. Confuso? Nem tanto. Entenderemos melhor esses conceitos no decorrer deste texto. Começarei elencando primeiramente as modalidades individuais e fazendo a conclusão sobre as mesmas. Em seguida, falarei sobre as sociedades. MICROEMPREENDEDOR INDIVIDUAL (MEI) O MEI foi regulamentado pela Lei 128, de 19 de dezembro de 2008, e neste tópico veremos suas principais particularidades, lembrando que o MEI não é considerado Pessoa Jurídica de acordo com a Lei: • O Microempreendedor Individual é a própria pessoa física responsável perante o CNPJ, e não é prevista separação patrimonial, ou seja patrimônio da pessoa física e da empresa se misturam. • É permitido faturar no máximo até R$ 60.000,00 por ano (com a publicação da Lei Complementar 155/16, a partir de 01/01/2018 o valor passará a ser de R$ 81.000,00); • Não pode ter participação em outra empresa como sócio ou titular; • Pode contratar apenas um funcionário que receba o salário mínimo ou o piso da categoria; • Tem acesso a benefícios como auxílio maternidade, auxílio doença, aposentadoria, entre outros; • É permitido apenas um MEI por CPF; • Nesta modalidade os impostos são recolhidos em uma guia única, que se chama DAS, sendo que o MEI é isento dos Impostos Federais (Imposto de Renda, PIS, COFINS, IPI e CSLL) , mas pagará um valor fixo em torno de R$ 50,00 (o valor varia de acordo com a atividade), e o montante recolhido será destinado a Previdência Social (INSS) e ao ICMS (tributo estadual) ou ao ISS (tributo municipal). As informações necessárias sobre o MEI podem ser obtidas no site do Portal do Empreendedor (http://www.portaldoempreendedor.gov.br/), inclusive as atividades permitidas para se enquadrar. EMPRESÁRIO INDIVIDUAL (EI) O Empresário Individual é a pessoa natural que exerce atividade empresarial, sendo que possui inscrição no CNPJ para fins tributários, mas não é considerado pessoa jurídica de direito privado de acordo com o Código Civil. Veremos a seguir as particularidades que o Empresário Individual possui: • Não tem limite máximo de faturamento; • A responsabilidade do titular da empresa é ilimitada, ou seja, não existe separação patrimonial da pessoa física e da empresa; • Não tem exigência mínima de capital para ser integralizado no momento de sua constituição; • No nome empresarial deveráfigurar de forma completa o nome do empresário. Deverá conter também, obrigatoriamente, o gênero do negócio, de acordo com o objeto social. Observando que somente poderão ser abreviados seus prenomes. Sendo assim, não poderá ser abreviado o último sobrenome; • Somente é permitido um Empresário Individual por CPF. EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA (EIRELI) A seguir veremos as características da Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (EIRELI) , disciplinada no art. 980-A do Código Civil-CC (acrescentado pela Lei nº. 12.441/11): • É considerada Pessoa Jurídica de acordo com a Lei. • Não tem limite máximo de faturamento; • A responsabilidade do titular é limitada, isto é, o titular responde somente pelo valor do capital social da empresa. Aqui o patrimônio da pessoa física não se mistura com o da pessoa jurídica; • É exigido por Lei um capital social mínimo de 100 vezes o salário mínimo vigente no país, que deverá ser totalmente integralizado no ato de sua constituição; • Ao final da Razão Social deverá conter a expressão “EIRELI”; • Não poderá o titular participar de duas EIRELI; • Com exceção das particularidades acima, aplica-se à EIRELI as mesmas regras previstas para as Sociedades Limitadas. Desta forma, concluímos que a diferença básica entre o Empresário Individual e a EIRELI está relacionada à abrangência patrimonial. Esclarecendo: para o E.I. não tem divisão de patrimônio, logo, dívidas contraídas pela empresa tornam-se dívidas da Pessoa Física e vice-versa. A responsabilidade é ilimitada. Já no caso da EIRELI, a responsabilidade do titular é limitada ao capital socialda empresa. Porém, para esse tipo jurídico, exige-se integralização no ato no valor de 100 vezes o salário mínimo vigente no país, montante esse que não é necessário para constituição do Empresário Individual. Vale citar que por mais que seja permitido o titular participar somente de uma EIRELI, e o Empresário Individual também ter somente um EI vinculado ao seu CPF, não existe previsão legal de impedimento para uma pessoa ter uma Empresa na modalidade Empresário Individual e simultaneamente participar como titular de uma EIRELI. Agora passarei a falar sobre os dois tipos de sociedade. Para melhor compreensão das principais diferenças entre a Sociedade Empresária e a Sociedade Simples, é preciso analisar o artigo 966 e 982 do Código Civil, que dispõe sobre o que é empresário: “Art. 966. Considera-se empresário quem exerce profissionalmente atividade econômica organizada para a produção ou a circulação de bens ou de serviços. Parágrafo único. Não se considera empresário quem exerce profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, ainda com o concurso de auxiliares ou colaboradores, salvo se o exercício da profissão constituir elemento de empresa.” “Art. 982. Salvo as exceções expressas, considera-se empresária a sociedade que tem por objeto o exercício de atividade própria de empresário sujeito a registro (art. 967); e, simples, as demais. Pois bem, os artigos expostos servirão de base para diferenciarmos a Sociedade Empresária da Sociedade Simples, que devem ser compostas por dois ou mais sócios. SOCIEDADE SIMPLES LIMITADA As Sociedades Simples são aqueles em que os sócios exerçam profissão intelectual, de natureza científica, literária ou artística, desde que o exercício da profissão não constitua elemento de empresa. Ponto fundamental na Sociedade Simples é que a atividade fim depende diretamente da atuação e conhecimento pessoal dos seus sócios. Por exemplo, uma sociedade constituída por dentistas, onde os mesmos exerçam a atividade da empresa. Esse modelo societário deve ser registrado no Cartório de Registro Civil das Pessoas Jurídicas. SOCIEDADE EMPRESÁRIA LIMITADA A Sociedade Empresária é a que irá atuar da maneira prevista no art. 966 do Código Civil, ou seja, exercerá profissionalmente atividade econômica organizada para produção ou a circulação de bens ou de serviços. As Sociedades Empresárias devem ser registradas na Junta Comercial. Um ponto importante é que as Sociedades Empresárias estão sujeitas a Lei da Falência (Lei nº 11.101, de 9 de fevereiro de 2005), enquanto as Sociedades Simples não estão. Para esclarecimento, tal Lei disciplina a recuperação judicial, a recuperação extrajudicial e a falência do empresário e da sociedade empresária. Quando a empresa passa por algum momento de complicação financeira e se torna incapaz de pagar suas dívidas, pode entrar com o pedido de recuperação judicial, que é o processo jurídico que visa evitar a falência da empresa, que com a ciência de seus credores e demais diretrizes impostas, poderá continuar suas atividades, buscando pagar suas dívidas e se reestruturar financeiramente. Em termos gerais esses são os tipos jurídicos mais utilizados atualmente. É de suma importância compreender as diferenças entre eles, uma vez que a natureza jurídica adotada impactará diretamente nos aspectos patrimoniais e na responsabilidade societária. A natureza jurídica de uma empresa é o regime jurídico em que ela se enquadra, isto é a relação da pessoa jurídica pública ou privada com o exame que será feito pela FISCALIZAÇÃO no respectivo EMPREENDIMENTO, somado ao que consta dos dados da empresa nos cadastros da ADMINISTRAÇÃO PUBLICA. No momento de formalizar a empresa, informar a sua natureza jurídica tornou-se uma questão indispensável, já que cada natureza jurídica exige diferentes formas de aplicação das normas para as empresas. Em consonância com o código civil (Lei nº 10.406/02) existem várias espécies de natureza jurídica e entre elas estão os tipos jurídicos atribuídos à administração pública, entidades empresariais, entidades sem fins lucrativos e às pessoas físicas. Partindo desse pressuposto, em nosso texto iremos abordar os tipos de natureza jurídica atribuída às ENTIDADES EMPRESARIAIS voltadas às sociedades e às empresas individuais, a fim de explanar objetivamente o assunto mais interessante aos empresários. Para as sociedades devem-se conferir as seguintes naturezas jurídicas: SOCIEDADE POR COTAS DE RESPONSABILIDADE LIMITADA-Ltda, SOCIEDADE ANONIMA- S/A e SOCIEDADE SIMPLES –S/S. As naturezas jurídicas dadas às empresas individuais: MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL-MEI e EMPRESA INDIVIDUAL LIMITADA-EIRELI. A sociedade por cotas de responsabilidade limitada ou SOCIEDADE LIMITADA como também são chamadas, são as mais populares em nosso país, compostas sempre por dois ou mais sócios com a finalidade de explorar atividades voltadas para a produção ou circulação de bens e serviços. As Ltda. são regulamentadas por um contrato social que classifica os sócios, a forma de operação, tipo de serviço e o capital investido. Como o capital desse tipo de empresa é dividido em cotas, o pagamento das despesas contraídas pela empresa no exercício regular de sua função é limitado à participação dos sócios, não podendo ser atingidos assim seus bens pessoais, ou seja, os sócios respondem de maneira limitada aos seus credores. A SOCIEDADE ANÔNIMA ou S/A são constituídas sob a forma da Lei 6.404/76, são sociedades cujo capital não é atribuído a uma pessoa especifica de modo que, é dividido em ações e a responsabilidade dos sócios ou acionistas será limitada ao preço da emissão das ações subscritas ou adquiridas. Neste modelo de sociedade não é necessário um contrato social ou nenhum outro ato oficial como nas Ltda. Uma parte dos lucros será obrigatoriamente dividida entre os acionistas, os chamados dividendos e a outra parte deve ser direcionada para compor a reservalegal, é importante ressaltar que a quantia que será dividida entre os acionistas deve ser igual que está estabelecida no estatuto ou decidida em assembleia, não podendo ser menos do que 25% do lucro líquido da empresa, como está disposto na lei. Os cargos administrativos podem ser atribuídos a não acionistas, entretanto somente quem tem poder de voto nas assembleias para escolha do conselho de administração serão os próprios acionistas. Uma S/A pode ter capital aberto ou fechado, as de capital aberto são aquelas que emitem títulos, ou seja, ações parem serem negociadas na bolsa de valores, corretoras e instituições financeiras além de possuírem cadastro na comissão de valores de mercado (CVM), quando esse tipo de sociedade tem o capital aberto é necessário o apoio de uma instituição financeira para realizar as intermediações. As Sociedades anônimas de capital fechado são as empresas menores, com patrimônio inferior ao que é exigido para fazer o cadastro na CVM e que por esse motivo não emitem ações para serem negociadas. As sociedades anônimas sempre serão sociedades empresárias, por isso a sua razão social deve sempre vir acompanhada das expressões COMPANHIA ou Cia (somente no início), S.A, S/A ou AS (no final). Pelo fato desse tipo de natureza jurídica ser bastante complexo é recomendado que seja atribuída somente para empresas de grande porte. Para finalizar os tipos jurídicos imputados às sociedades, temos as SOCIEDADES SIMPLES (S.S) que exploram atividades de prestação de serviço resultantes de atividades intelectuais ou cooperativas, como exemplo, contadores, advogados, engenheiros, economistas e etc. que se unem com a finalidade de exercer suas profissões, isto é, o objeto lícito descrito no contrato social das sociedades simples implica que os sócios não pratiquem nenhum tipo de atividade voltada para o comércio e sim atividades intelectuais, de natureza, cientifica, literária ou artística. Há um diferencial entre a sociedade simples e as demais sociedades empresárias sobre a questão do registro, na sociedade simples diferentemente das outras não haverá registro na junta comercial do estado, e sim em um cartório de registro civil de pessoas jurídicas. As S/S podem ser construídas seguindo as formalidades aplicadas na sociedade limitada, porem nesse caso, a responsabilidade dos sócios ou cooperados também será limitado. MEI é uma classificação de natureza jurídica que foi criada pela lei 128/08 dando origem assim ao MICRO EMPREENDEDOR INDIVIDUAL, com o intuito de legalizar aqueles que trabalhavam por conta própria sem qualquer tipo de contribuição para o governo. Essa lei regulamenta o exercício das atividades dos considerados pequenos empresários e ainda descreve todas as exigências para que um trabalhador comum se torne um micro empreendedor. Assim como existem exigências para formalizar empresas, também há alguns procedimentos necessários para legalizar os trabalhadores individuais, ele terá registro no CNPJ, contudo será enquadrado no SIMPLES NACIONAL, onde ficará isento de tributos federais (PIS, IPI, COFINS). De maneira que pagará apenas o valor mensal de R$ 34,90 (comercio e indústria), R$38,90 (prestação de serviços) ou 39,90(comércio e serviços), essas taxas serão destinadas à previdência social, ICMS ou INSS. O valor dessas taxas é alterado anualmente, de acordo com o salário mínimo. O micro empreendedor individual não pode ser sócio ou titular de nenhuma outra empresa e deve ter um faturamento anual menor que R$ 60.000,00. Recentemente foi autorizada pela lei 12.441/11 a criação da EMPRESA INDIVIDUAL DE RESPONSABILIDADE LIMITADA ou EIRELI, essa empresa será constituída por somente uma pessoa, onde o capital pertence unicamente ao titular da empresa. Esse capital deve ser obrigatoriamente integralizado e não inferior a 100 vezes o salário mínimo vigente. O nome empresarial necessariamente deve conter a sigla EIRELI e o titular de uma empresa dessa natureza poderá ter apenas uma EIRELI cadastrada em seu nome. Serão atribuídas a ela as mesmas regras previstas para as sociedades limitadas, de maneira que, o empresário individual não responderá com seus bens particulares sobre as responsabilidades da empresa. Tabela 1.1 – Pontos Fortes e Fracos das modalidades jurídicas mais comuns de organização de empresas Empresário Sociedade Limitada Sociedade Anônima Sociedade Simples Pontos Fortes - O proprietário recebe todo o lucro. - Custo baixo de organização. - Independência. - Sigilo. - Facilidade para constituição. - Facilidade de dissolução. - O lucro auferido é isento na declaração do proprietário. - Tem condições de captar mais recursos do que o empresário. - Maior poder de capitalização em virtude da existência de sócios. - Maior facilidade na gestão em virtude da possibilidade de uma administração compartilhada. - O lucro é distribuído proporcionalmente à participação dos sócios e isentos na declaração de rendimentos. - A responsabilidade é limitada à integralização do capital. - A responsabilidade dos acionistas é limitada ao valor da ação que investem. - Diversidade de alternativas de capitalização, exemplo: através do lançamento de ações e debêntures. - As participações (ações) são facilmente transferíveis. - Em virtude do porte, tem condições facilitadas de captar recursos (bancos) - Tem condições de captar mais recursos do que o empresário. - Maior poder de capitalização em virtude da existência de sócios. - Maior facilidade na gestão em virtude da possibilidade de uma administração compartilhada. - O lucro é distribuído proporcionalmente à participação dos sócios e isentos na declaração de rendimentos. - A responsabilidade é limitada a integralização do capital. Pontos Fracos - A responsabilidade do proprietário poderá tornar- se ilimitada por má gestão na administração. - O poder limitado de captação restringe o crescimento. - O proprietário precisa conhecer todas as áreas para facilitar a gestão. - Causa insatisfação ao empregado em virtude da dificuldade de manter um plano de carreira a médio e longo prazo. - Não tem continuidade com a morte do proprietário. - Embora a responsabilidade dos proprietários é limitada ao investimento no capital, se algum dos sócios não honrar o compromisso, os demais sócios terão que integralizar o capital inicial assumido. - A ingerência gera responsabilidade ilimitada. - O contrato omisso pode gerar problemas na sucessão. - Custos mais caros para manutenção da organização em virtude das obrigações acessórias. - Não oferece sigilo quanto às demonstrações contábeis, pois há a necessidade de informações para acionistas minoritários. - Além das fiscalizações tradicionais, sofre a fiscalização, dependendo da área de atividade: da CVM- Comissão de Valores Mobiliários, BACEN- Banco Central, Bolsa de Valores etc. - Embora a responsabilidade dos proprietários seja limitada ao investimento no capital, se algum dos sócios não honrar o compromisso os demais sócios terão que integralizar o capital inicial assumido. - A ingerência gera responsabilidade ilimitada. - O contrato omisso pode gerar problemas na sucessão. Instrumento de Constituição - Manutenção de auditoria externa e de publicações para a transparência das informações, mas, embora isso trás tranquilidade a investidores o custo é bastante alto. Local de Registro - Cadastro de empresa individual.- Junta Comercial. - Contrato social/alteração contratual. - Junta Comercial. - Estatuto social /Ata de assembleia. - Junta Comercial. - Contrato social/alteração contratual. - Cartório de Títulos e Documentos. 3. “MANUAL SOBRE O VALOR DO DINHEIRO NO TEMPO” A Matemática Financeira surgiu da necessidade de se levar em conta o valor do dinheiro no tempo. Mas o que é o "valor do dinheiro no tempo"? Intuitivamente, sabemos que R$ 4.000,00 hoje "valem" mais que esses mesmos R$ 4.000,00 daqui a um ano, por exemplo. A princípio, isso nos parece muito simples, porém, poucas pessoas conseguem explicar porque isso ocorre. É aí que entram os juros. Os R$ 4.000,00, hoje, valem mais do que os R$ 4.000,00 daqui a um ano porque esse capital poderia ficar aplicado em um banco, por exemplo, e me render juros que seriam somados aos R$ 4.000,00, resultando numa quantia, obviamente maior que esse capital. Por exemplo: suponha que um banco me pague R$ 400,00 de juros ao ano caso eu aplique esses R$ 4.000,00 hoje. Isso quer dizer que, daqui a um ano, quando esse capital for resgatado, o valor recebido será de R$ 4.400,00, e não somente os R$ 4.000,00 iniciais. Isso mostra que receber os R$ 4.000,00 hoje seria equivalente a receber R$ 4.400,00 daqui a um ano, e não os mesmos R$ 4.000,00, já que esses, daqui a um ano, já terão perdido parte de seu valor. Os juros de R$ 400,00 referentes ao prazo de um ano funcionariam como uma recompensa por termos de esperar todo esse tempo para ter o dinheiro em vez de tê-lo hoje. É esse o valor do dinheiro no tempo. Os juros fazem com que uma determinada quantia, hoje, seja equivalente a outra no futuro. Apesar de diferentes nos números, os valores R$ 4.000,00 hoje e R$ 4.400,00 daqui a um ano seriam equivalentes para juros de R$ 400,00. Um capital de R$ 4.000,00 só será equivalente a R$ 4.000,00 daqui a um ano na hipótese absurda de a taxa de juros ser considerada igual a 0. A Matemática Financeira, portanto, está diretamente ligada ao valor do dinheiro no tempo, que por sua vez está ligado à existência da taxa A noção de que um dólar hoje é preferível a um dólar em algum momento no futuro é bastante intuitiva para a maioria das pessoas compreenderem, sem usarem modelos e matemática. Entretanto, os princípios de valor presente fornecem apoio adicional a esta declaração, e permitem- nos calcular quanto exatamente um dólar daqui a algum tempo no futuro vale em dólares de hoje e, ainda, mover o fluxo de caixa no tempo. O valor presente é um conceito, intuitivamente atraente, simples0 de computar, e tem uma gama extensa de aplicações. Ele é útil no ato de tomar decisões, indo de decisões pessoais simples – comprar uma casa, poupança para a educação das crianças e estimar o rendimento na aposentadoria, para decisões complexas de finanças corporativas – escolhendo em qual projeto investir, como também o correto financiamento combinando com estes projetos. Linha de Tempo e Notação Lidando com fluxos de caixa que estão em pontos diferentes no tempo torna-se mais fácil usar uma linha de tempo que mostra o instante e a quantia de cada fluxo de caixa numa série deles. Assim, uma série de fluxos de caixa de $100 ao final de cada um dos próximos 4 anos, pode ser desenhada numa linha de tempo como esta da Figura 3.1. Na figura, o 0 refere-se ao agora. Um fluxo de caixa que ocorre no instante 0 está, portanto, já no valor presente e não precisa ter seu valor ajustado no tempo. Uma distinção deve aqui ser feita entre um período de tempo e um ponto no tempo. A porção da linha de tempo entre 0 e 1 refere-se ao período 1, que, neste exemplo, é o primeiro ano. O fluxo de caixa que ocorre no ponto "1" do tempo se refere ao fluxo de caixa que ocorre no final do período 1. Finalmente, a taxa de desconto, que é 10% neste exemplo, é especificada para cada período sobre a linha de tempo e pode ser diferente para cada período. Estando os fluxos de caixa no início de cada ano em vez do final de cada ano, a linha de tempo teria que ser redesenhada como aparece na Figura 3.2. Note que em termos de valor presente, um fluxo de caixa que ocorre no começo do ano 2 é o equivalente de um fluxo de caixa que ocorre no final do ano 1. Os fluxos de caixa podem ser ou positivos ou negativos; fluxos de caixa positivos são chamados de entrada de caixa e fluxos de caixa negativos são chamados de saída de caixa. Para propósitos de notação, assumiremos o seguinte para o capítulo que se segue: Notação Significa VP Valor Presente VF Valor Futuro FCt Fluxo de Caixa no final do período t PGTO ou A Anuidade ou Pagamentos: Fluxos de Caixa Constantes por vários períodos R Taxa de Desconto G Razão de crescimento esperada N Número de anos sobre os quais os fluxos de caixa são recebidos ou pagos As Bases Intuitivas para o Valor Presente Existem três razões do “por quê” um fluxo de caixa no futuro vale mais que um similar fluxo de caixa hoje: (1) Os indivíduos preferem o consumo presente ao consumo futuro. Teria de ser oferecido à pessoa mais no futuro para ela abrir mão do consumo presente. Se a preferência pelo consumo atual é forte, terá que se oferecer aos indivíduos muito mais em termos do consumo futuro para abrirem mãos do consumo atual, uma troca que é capturada por uma alta taxa “real” de retorno ou taxa de desconto. Reciprocamente, quando a preferência pelo consume atual é fraca, os indivíduos se contentarão com muito menos em termos de consumo futuro e, por extensão, uma baixa taxa real de retorno ou taxa de desconto. (2) Quando existir inflação monetária, o valor atual diminui com o tempo. Quanto maior a inflação, maior a diferença no valor entre um fluxo de caixa hoje e o mesmo fluxo de caixa no futuro. (3) Um fluxo de caixa prometido não poderia ser liberado por várias razões: o prometedor poderia fugir dos pagamentos, aquele a quem se prometeu o pagamento poderia não estar por lá para receber o pagamento; ou alguma outra contingência poderia intervir para evitar o pagamento prometido ou reduzi-lo. Qualquer incerteza (risco), associada com o fluxo de caixa no futuro reduzirá o valor do fluxo de caixa. O processo pelo qual os fluxos de caixa futuros são ajustados para refletirem estes fatores é chamado de desconto, e a magnitude destes fatores é refletida na taxa de desconto. A taxa de desconto incorpora todos os fatores mencionados acima. De fato, a taxa de desconto pode ser vista como uma composição do retorno real esperado (refletindo as preferências de consumo no agregado sobre a população investidora), a taxa de inflação esperada (para capturar a deterioração no poder de compra do fluxo de caixa) e a incerteza associada com o fluxo de caixa. A Mecânica do Valor no Tempo O processo de descontar fluxos de caixa futuros converte-os em fluxos de caixa em termos de valores presentes. Reciprocamente, o processo de composição converte os fluxos de caixa presentes em fluxos de caixas futuros. Primeiro Princípio do Valor no Tempo: Os fluxos de caixa em diferentes pontos do tempo não podem ser comparados e agregados. Todos os fluxos de caixa têm que ser levados ao mesmo ponto no tempo antes que as comparações e agregações sejam feitas. Existem cinco tipos de fluxos de caixa - fluxo de caixa simples, anuidades, anuidades crescentes, perpetuidades e perpetuidades crescentes, que serão discutidos abaixo. Fluxos de Caixa Simples. Um fluxo de caixa simples é um fluxo de caixa único num período de tempo futuro especificado; ele pode ser desenhado sobre uma linha de tempo: onde CFt = o fluxo de caixa no tempot. Este fluxo de caixa pode ser descontado de volta ao presente usando uma taxa de desconto que reflita a incerteza do fluxo de caixa. Simultaneamente, fluxos de caixa no presente podem ser compostos para se chegar a um fluxo de caixa esperado no futuro. I. Descontando um Fluxo de Caixa Simples. Ao descontar um fluxo de caixa se convertem em valor presente os dólares e habilita-se o usuário a fazer várias outras coisas. Primeiro, convertidos os fluxos de caixa em valor presente, eles podem ser agregados e comparados. Segundo, se os valores presentes são estimados corretamente, o usuário deverá ficar indiferente entre o fluxo de caixa futuro e o valor presente daquele fluxo de caixa. O valor presente de um fluxo de caixa pode ser escrito como segue Valor Presente de um Fluxo de Caixa Simples onde FCt = Fluxo de Caixa no final do período t. r = Taxa de Desconto. As outras coisas permanecem iguais, o valor presente de um fluxo monetário diminuirá com os aumentos da taxa de desconto e continuará diminuindo ainda mais no futuro quando o fluxo de caixa ocorrer. Ilustração: Descontando um Fluxo de Caixa Assuma que você seja o dono da Infosoft, uma pequena firma de software. Você está atualmente alugando seu espaço para o escritório, e espera fazer um pagamento da quantia total ao proprietário do bem imobiliário de $500.000 dez anos a partir de hoje. Assuma que uma taxa de desconto apropriada para este fluxo de caixa seja 10%. O valor presente deste fluxo de caixa pode então ser estimado: Este valor presente é uma função decrescente da taxa de desconto, como ilustrado na Figura 3.4. Figura 3.4 - Valor Presente de $ 500.000 em 10 anos II. Compondo um Fluxo de Caixa Fluxos de caixa atuais podem ser movidos para o futuro compondo o fluxo de caixa numa taxa de desconto apropriada. Valor Futuro do Fluxo de Caixa Simples = FC0 (1+ r) t , onde FC0 = Fluxo de Caixa agora. r = Taxa de Desconto. Novamente, o efeito de composição aumenta com a taxa de desconto e o período de composição. Ilustração: O Poder da Composição – Ações, Bônus (Bonds) e Letras de Câmbio. n Quando o tamanho do período de propriedade é estendido, pequenas diferenças nas taxas de desconto podem conduzir a grandes diferenças no valor futuro. Num estudo dos retornos das ações e bônus entre 1926 e 1997, Ibbotson e Sinquefield encontraram que as ações na média atingiram 12.4%, os bônus do tesouro atingiram 5.2%, e as letras do tesouro atingiram 3.6%. Assumindo que estes retornos continuem no futuro, a Tabela 3.1 fornece-nos os valores futuros de $ 100 investidos em cada categoria no final de vários períodos de holding - 1 ano, 5 anos, 10 anos, 20 anos, 30 anos, e 40 anos. Tabela 3.1: Valores Futuros dos Investimentos – Classes de Ativos Período de Propriedade Ações Bônus do Tesouro Letras do Tesouro 1 $112.40 $105.20 $103.60 5 $179.40 $128.85 $119.34 10 $321.86 $166.02 $142.43 20 $1,035.92 $275.62 $202.86 30 $3,334.18 $457.59 $288.93 40 $10,731.30 $759.68 $411.52 As diferenças no valor futuro do investimento a estas diferentes taxas de retornos são pequenas para períodos de composição curtos (tais como 1 ano) mas tornam–se maiores quando o período de composição é extenso. Por exemplo, com um horizonte de tempo de 40 anos, o valor futuro do investimento em ações, numa média de retorno de 12,4%, é mais do que 12 vezes maior que o valor futuro do investimento em bônus do tesouro e numa média de retorno de 5,2% mais do que 25 vezes o valor futuro do investimento nas letras do tesouro numa média de retorno de 3,6%. A Regra do 72: Um Atalho para estimar o Efeito da Composição Num aperto, a regra de 72 fornece uma resposta aproximada à questão "Quão rapidamente esta quantia dobrará de valor?", dividindo 72 pela taxa de desconto ou de juros, usadas na análise. Assim, um fluxo de caixa crescente a 6% ao ano dobrará de valor em aproximadamente 12 anos, enquanto um fluxo de caixa crescente a 9% dobrará de valor em aproximadamente 8 anos. III. A Frequência do Desconto e Composição. A frequência de composição afeta ambos os valores futuros e presente dos fluxos de caixa. Nos exemplos acima, os fluxos de caixa foram assumidos serem descontados e compostos anualmente, isto é, os pagamentos dos juros e rendimentos foram computados no final de cada ano, baseados no balanço no início do ano. Em alguns casos, entretanto, os juros devem ser calculados mais frequentemente, tais como com base mensal ou semestral. Nestes casos, os valores: presente e futuro - podem ser muitos diferentes daqueles computados numa base anual; a taxa de juros estabelecida, numa base anual, pode desviar significativamente da taxa de juros efetiva ou verdadeira. A taxa de juro efetiva pode ser calculada, como segue: onde n = número de períodos de composição durante o ano (2 = semestral; 12 = mensal). Por exemplo, uma taxa de juro anual de 10%, se existe uma composição semestral, produz uma taxa Frequência Anual 10% 1 1.10-1 10% Semestral 10% 2 (1+.10/2) 2 -1 10.25% Mensal 10% 12 (1+.10/12) 12 -1 10.47% Diária 10% 365 (1+.10/365) 365 - 1 10.5156% Contínua 10% exp (.10) -1 10.5171% de juros efetiva de: Taxa de Juros Efetiva = 1,052 - 1 = 0,1025 ou 10,25% Quando a composição se tornar contínua, a taxa de juros efetiva pode ser calculada como segue: Taxa de Juros Efetiva = exp r - 1 onde, exp = função exponencial. r = taxa de juros anual estabelecida. A Tabela 3.2 fornece as taxas efetivas como uma função da frequência da composição. Tabela 3.2: Efeito da Frequência de Composição sobre as Taxas de Juros Efetivas Taxa t Fórmula Taxa Anual Efetiva Como você pode ver, quanto mais frequente torna-se a composição, a taxa efetiva cresce, e o valor presente dos fluxos de caixa futuros diminui. Anuidades Uma anuidade é um fluxo de caixa constante que ocorre em intervalos regulares por um período fixo de tempo. Definindo PGTO como anuidade, a linha de tempo para uma anuidade pode ser desenhada como segue: Uma anuidade pode ocorrer no final de cada período, como nesta linha de tempo, ou no início de cada período. I. Valor Presente de uma Anuidade no Final do Período O valor presente de uma anuidade pode ser calculado tomando cada fluxo de caixa e descontando para o presente e daí adicionando os valores presentes. Alternativamente, uma fórmula poderia ser usada no cálculo. No caso das anuidades que ocorrem no final de cada período, esta fórmula pode ser escrita como: onde PGTO = Anuidade i = Taxa de Desconto n = Número de anos. Consequentemente, a notação que usaremos no resto deste texto para o valor presente de uma anuidade será VP(PGTO, i, n) 1 . Ilustração: Estimando o Valor Presente das Anuidades Assuma novamente que você seja o dono da Infosoft, e que você tenha de escolher entre comprar uma copiadora de R$ 10.000,00 à vista ou pagando $ 3.000,00 por ano em 5 anos pela mesma copiadora. Se o custo de oportunidade é 12%, qual delas você escolheria? O valor presente das prestações excede o preço à vista; portanto, você vai querer pagar $ 10.000,00 a vista agora. Por outro lado, o valor presente poderia ter sido estimado descontando cada um dos fluxos de caixa para o presente e agregando os valores presentes como ilustrado na Figura 3.5. ,, 1 Existemoutras como FAC(n,i) ou an┐i. Ilustração: Valor Presente de Anuidades Múltiplas Suponha que você seja um consultor de um fundo de pensão do The Home Depot, e que você está tentando estimar o valor presente de suas obrigações de pensão esperadas, cuja quantia em termos nominais seja o seguinte: Anos Fluxo de Caixa Anual 1 – 5 $ 200.0 milhões 6 – 10 $ 300.0 milhões 11 – 20 $ 400.0 milhões Se a taxa de desconto é 10%, o valor presente destas três anuidades pode ser estimado como segue: Valor Presente da primeira anuidade = $ 200 milhões * VP (PGTO, 10%, 5) = $ 758 milhões. Valor Presente da segunda anuidade = $ 300 milhões * VP (PGTO,10%,5) / 1,10 5 = $ 706 milhões. Valor Presente da terceira anuidade = $ 400 milhões * VP (PGTO,10%,10) / 1.10 10 = $ 948 milhões. Os valores presentes da segunda e terceira anuidades podem ser estimados em dois passos: Primeiro, o valor presente padrão da anuidade é calculado sobre o período em que a anuidade é recebida, segundo, esse valor presente é levado de volta para o presente. Assim, para a segunda anuidade, o valor presente de $ 300 milhões a cada ano por 5 anos é calculado como $ 1.137 milhões; este valor presente realmente é a partir do fim do quinto ano. É descontado de volta mais 5 anos para se chegar ao valor presente hoje que é $ 706 milhões. Valor Presente Acumulado = $ 758 milhões + $706 milhões + $948 milhões = $2,412 milhões. II. Fatores de Amortizações – Anuidades Dados os Valores Presentes Em alguns casos, o valor presente dos fluxos de caixa é conhecido e a anuidade precisa ser estimada. Este é frequentemente o caso com empréstimos de casas e automóveis, por exemplo, onde o mutuário recebe o empréstimo hoje e paga-o em prestações mensais iguais por um extenso período de tempo. Este processo de encontrar uma anuidade quando o valor presente é conhecido é examinado abaixo: Ilustração: Calculando As Prestações Mensais Sobre Um Empréstimo de Uma Casa Suponha que você esteja tentando emprestar $200.000,00 para comprar uma casa sob a hipoteca convencional de 30 anos com pagamentos mensais. A taxa percentual anual do empréstimo é 8%. Os pagamentos mensais deste empréstimo podem ser estimados usando fórmula devida para a anuidade: Taxa de juro mensal sobre o empréstimo = TPA/ 12 = 0,08/12 = 0,0067 Este pagamento mensal é uma função crescente das taxas de juros. Quando as taxas de juro caem, os proprietários dos imóveis usualmente têm de escolher o refinanciamento, não obstante exista um custo adicional para se fazer isso. Examinemos esta questão de se refinanciar ou não posteriormente neste capítulo. III. Valor Futuro Das Anuidades no Final dos Períodos Em alguns casos, um indivíduo pode planejar depositar uma anuidade fixa em cada período por vários períodos e querer saber quanto ele ou ela terão no final do período. O valor futuro de uma anuidade no final do período pode ser calculado como segue: Assim, a notação que usaremos através deste texto para o valor futuro de uma anuidade será VF(PGTO, i, n). Ilustração: Conta Individual de Aposentadoria (CIA) A Conta Individual de Aposentadoria (CIA) permite alguns contribuintes guardar $2.000 por ano para aposentadoria e isento de taxação sobre os ganhos dos rendimentos nestas contas. Se um indivíduo começa a depositar dinheiro numa CIA cedo na sua vida de trabalho, o valor na aposentadoria pode ser substancialmente maior que a quantia nominal realmente colocada nela. Por exemplo, assuma que este indivíduo deposite $ 2.000 ao fim de cada ano, começando quando ela tenha 25 anos, para uma aposentadoria esperada na idade de 65 anos, e que ela espera conseguir 8% ao ano nos seus investimentos. O valor esperado da conta na data de sua aposentadoria pode ser estimado como segue: A isenção de taxa adiciona substancialmente ao valor porque ela permite o investidor manter o retorno pré-fixado em 8% conseguido no investimento CIA. Se o rendimento foi taxado em digamos 40%, a taxa de retorno pós teria caído a 4,8%, resultando em um valor esperado muito mais baixo: Como você pode ver, os fundos disponíveis na aposentadoria cai em mais de 55% como uma consequência da perda da perda de isenção de impostos (taxação). IV. Anuidade Dado o Valor Futuro Indivíduos ou negociantes que têm uma obrigação fixa a atingir ou uma meta a cumprir (em termos de poupança) algumas vezes no futuro precisam saber quanto eles deveriam guardar em cada período para atingir esta meta. Se você está dando o valor futuro e procurando a anuidade – PGTO (VF, i, n) em termos de notação: Ilustração: Provisão de Fundo de Amortização (Sinking Fund) sobre um Bônus. Em qualquer empréstimo com prestações balão 2 , somente os pagamentos das taxas são feitos durante a vida do empréstimo, enquanto o principal é pago no final do período. Companhias que emprestam dinheiro usando o pagamento balão ou bônus convencional (que compartilham as mesmas características) frequentemente depositam dinheiro em fundos de amortizações (sinking funds) durante a vida do empréstimo para assegurar que elas tenham o suficiente na maturidade para pagar o principal sobre o empréstimo ou o valor de face dos bônus. Assim, uma companhia que tem um bônus com valor de face de $ 100 milhões vencendo daqui a 10 anos, precisaria guardar a seguinte quantia cada ano (assumindo uma taxa de juros de 8%): 2 Uma grande prestação feita no final de um empréstimo financeiro, permitindo que pequenas prestações sejam feitas durante o prazo, para permitir ao tomador usar a diferença em outras aplicações até que o pagamento final seja devido. Balão = soma principal A companhia precisará guardar $6.9 milhões no final de cada ano para garantir que existam fundos suficientes ($ 10 milhões) para aposentar os bônus na maturidade. V. Efeito de Anuidades no Início de Cada Ano As anuidades consideradas até agora neste capítulo são fluxos de caixa no final do período (postecipadas). Mas, o valor presente e o valor futuro, serão afetados se os fluxos de caixa ocorrerem no início de cada período ao invés do fim. Para ilustrar este efeito, considere uma anuidade de $ 100 no final de cada ano nos próximos 4 anos, com uma taxa de desconto de 10%. Contrastando isto com uma anuidade de $ 100 no início de cada ano para os próximos quarto anos, com a mesma taxa de desconto. Desde que a primeira destas anuidades ocorre exatamente agora, e os fluxos de caixa restantes tomam a forma de uma anuidade no final do período sobre 3 anos, o valor presente desta anuidade pode ser escrito como segue: Em geral, o valor presente de uma anuidade no início do período por n anos pode ser escrito como segue: Este valor presente será maior que o valor presente de uma anuidade equivalente ao final de cada período. O valor futuro de uma anuidade no início de cada período tipicamente pode ser estimado permitindo um período adicional de composição para cada fluxo de caixa: Este valor futuro será maior que o valor futuro de uma anuidade equivalente no final de cada período. Ilustração: CIA – Poupando no Início de Cada Período ao invés do Final. Considere novamente o exemplo de um indivíduo que deposita $2.000, no final de cada ano nos próximos 40 anos numa conta CIA a 8%. O valor futuro destes depósitos atinge $ 518.113 no final do ano 40. Se os depósitos fossem feitos no início de cada ano ao invés do fim, o valor futuro teria sido maior: Como você pode ver, os ganhos de se fazer pagamentos no início de cada período pode ser substancial. Anuidades Crescentes Uma anuidade crescente é um
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