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CASO CONCRETO 03 - DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV

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DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV - CCJ0038 
Título
Caso Concreto 2 e Caso Concreto 3
Descrição
Questão 1: No curso de uma ação de indenização e antes da sentença de 1o grau, o réu vendeu seus dois únicos imóveis por R$ 100.000,00 (cem mil reais), os quais constituíam a totalidade de seu patrimônio. Julgado procedente o pedido, com sentença transitada em julgado, o autor pretende receber o valor da indenização fixado pelo Juiz, ou seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais). Considerando o enunciado acima, distinga os institutos da fraude à execução e da fraude contra credores, e, num segundo momento, indique os caminhos processuais adequados para que o exequente, na prática, possa receber seu crédito.
RESPOSTA: No curso de uma ação de indenização e antes da sentença de 1º grau, o réu vendeu seus dois únicos imóveis por R$ 100.000,00 (cem mil reais), os quais constituíam a totalidade de seu patrimônio. Julgado procedente o pedido, com a sentença transitada em julgado, o autor pretende receber o valor da indenização fixado pelo Juiz, ou seja, R$ 100.000,00 (cem mil reais). Considerando o enunciado acima, distinga os institutos da fraude à execução e da fraude contra credores e num segundo momento, indique os caminhos processuais adequados para o exequente, na prática, possa receber seu crédito.
No caso em tela, trata-se de fraude à execução, pois já havia um processo em curso e antes da prolação da sentença pelo magistrado, o réu vendeu seu imóvel com claro objetivo de frustrar a possível execução que ainda viria. Tal modalidade é consagrada no direito processual civil hoje como “fraude à execução” que, segundo Fredie Didier Jr., “é uma manobra do devedor que causa dano não apenas ao credor, mas também à atividade jurisdicional executiva”.¹
As diferenças entre a fraude à execução e a fraude contra credores está justamente no que tange ao direito. Sendo a primeira, uma manobra que fere tanto o credor (satisfação do crédito impossível) e a atividade jurisdicional (tentativa de penhora fadada ao insucesso), enquanto a segunda trata de uma manobra que fere, tão somente, o direito material (satisfação do crédito impossível, pois o devedor está insolvente).
Portanto, é possível elencar três questões comparativas entre os dois institutos: Fraude contra credores - fere somente o direito material, não há citação válida e a impugnação é por meio da ação pauliana. Já, a fraude à execução -> fere o direito processual (há ação em curso), deve ter citação válida e ocorre impugnação por meio de petição dirigida ao Juiz, havendo decisão procedente, ocorre o direito de sequela.
"Diferem-se, no entanto, pois que, na fraude con­tra credores, a dívida já existe, porém ainda não há ação judicial em andamento ou, ainda que haja, não ocorreu a citação válida do devedor – réu ao passo que, na fraude de execução, o credor – autor litiga, judicialmente, em face do devedor – réu, estando este, inclusive, já citado. Ambas prejudicam diretamente os interesses do credor, todavia a fraude de execução, exclusivamente, fere também a dignidade da justiça."²
Concluindo, ambos institutos possuem objetivo claro de frustrar as negociações a fim de que o credor não venha a receber o crédito pretendido, devendo, pressupondo que há total consciência do fato produzido. Em vista disso, é possível permear ação processual, num primeiro momento, por meio de ação pauliana, que é, de fato, uma ação e num segundo momento, por meio de uma petição dirigida diretamente ao Juiz.
Referências:
1. DIDIER JR., Fredie. Curso de direito processual civil: execução / Fredie Didier Jr., Leonardo Carneiro da Cunha, Paula Sarno Braga, Rafael Alexandria de Oliveira - 8. ed. rev., ampl. e atual. - Salvador: Ed. JusPodivm, 2018; BUZAID, Alfredo. Do concurso de credores no processo de execução, cit., p. 274; THEODORO JR., Humberto. Curso de direito processual civil, 41ª ed., v. 2, cit., p. 205; DINAMARCO, Cândido Rangel. Instituições de direito processual civil, v. 4, cit., p. 372.
2. “A alienação, pelo devedor executado, de bens a terceiros antes da citação, para responder à ação que poderia reduzi-lo à insolvência, não caracteriza fraude à execu­ção, podendo, quando muito, configurar fraude contra credores, reclamável por meio de ação pauliana”. (RP 6/314). No mesmo sentido, STJ, 4ª T., REsp. 37931-6-RJ, Rel. Min. Fontes de Alencar, v.u., DJU 20.02.1995, Ementas STJ 16, 296, 146; STJ, 4ª T., REsp. 55884-0-RS, Rel. Min. Sálvio de Figueiredo, j. 12.12.1994, v.u., DJU 20.02.1995, p. 3193 e BolAASP 1897/45e.
OBJETIVAS:
Questão nº 2. Considerando o CPC, e, principalmente, as normas que tutelam a legitimidade passiva em execução, indique a alternativa incorreta, ou seja, de quem não pode figurar como executado.
a) o devedor, reconhecido como tal no título executivo;
b) o responsável tributário, assim definido em lei;
c) o fiador do débito constante em título extrajudicial;
d) o Ministério Público, nos casos previstos em lei. (X)
Letra D.
Justificativa: O art. 779, NCPC (Lei nº 13.105/15), enumera os legitimados passivos para a execução, nele não tendo sido prevista a legitimidade do Ministério Público que, a rigor, apenas pode promover execução em nome da Instituição, nos termos do art. 778, par. 1º, inciso I.
DIREITO PROCESSUAL CIVIL IV - CCJ0038
Título
Caso Concreto 3
Descrição
Questão: Adalberto ajuizou uma ação em face da Seguradora Porto Bello pleiteando o recebimento do seguro de vida realizado pelo seu tio Marcondes. Alega na inicial que a seguradora, de forma injustificada, se negou a pagar a indenização sob o argumento de que o segurado agiu de má-fé ao não informar que realizara uma cirurgia de coração 10 anos antes da assinatura do contrato. Após a instrução o juiz julgou procedente o pedido para condenar a Seguradora a pagar a respectiva indenização em valor a ser apurado em fase de liquidação. Diante do caso concreto indaga-se:
a) Qual é a modalidade de liquidação de sentença mais adequada ao caso concreto? É possível modificar a sentença em fase de liquidação?
RESPOSTA: Em razão da morte de alguém o mais adequado é a liquidação por arbitramento, caso não houvesse a morte e em razão de fatos novos seria aplicada a liquidação pelo procedimento comum. Não é possível modificar a sentença em fase de liquidação, somente em Apelação.
b) Como deverão proceder as partes caso discordem do valor apurado na liquidação?
RESPOSTA: Em caso de não concordarem cabe às partes ingressar com Recurso de Agravo de Instrumento. Vide Artigo 1015, do CPC
Questão nº 2. Considerando o CPC, indique a alternativa que não contempla título executivo extrajudicial:
X a) o crédito de auxiliar de justiça, quando as custas, emolumentos ou honorários tiverem sido aprovados por decisão judicial;
b) a escritura pública ou outro documento público assinado pelo devedor;
c) a nota promissória;
d) o crédito decorrente de foro ou laudêmio.
Justificativa: O art. 515, inciso V, NCPC (Lei nº 13.105/15), passou a contemplar esta alternativa como título executivo judicial, ao contrário da norma anterior (art. 586, CPC-73), que o reputava como título extrajudicial. O rol dos títulos extrajudiciais se encontra no art. 784 do NCPC.

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