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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII PADRÕES DE HERANÇA MENDELIANA – AULA 6 Seção 2 (Resumo baseado no livro Genética humana, 2013 – Borges-Osório, et.al) Fenótipo: Recessividade: É necessário que os dois alelos estejam em homozigose para que a característica se expressa fenotipicamente. Dominância: A expressão fenotípica depende de um único alelo. Só é dominante quando se manifesta fenotipicamente no heterozigoto, ocultando completamente o fenótipo recessivo. A partir do slide 13. As características dos indivíduos e também as doenças têm origem (etiologia) genética e não genética: Genética (hereditária): os fatores genéticos que influenciam nas características são: Herança monogênica; Herança mitocondrial; Herança multifatoriais/distúrbios complexos (poligênicas e multifatoriais); Herança cromossômicas; Herança transgeracional epigenética. Não genético (não-hereditária): Causas ambientais; História familiar: é uma importante ferramenta para identificar indivíduos e famílias com suscetibilidade genética para doenças crônicas comuns bem como para doenças monogênicas raras. É o conjunto da descrição dos parentescos e da história médica da família. Constitui-se como estratégia para direcionar as atividades de promoção da saúde de maneira mais eficaz para indivíduos e suas famílias; essencial para todas as áreas da saúde. Os objetivos principais são: Alertar ao profissional sobre a possibilidade de fatores genéticos estarem influenciando na ocorrência das doenças familiares; UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Estabelecer o mecanismo de herança; Auxiliar na estimativa do risco individual para o desenvolvimento de uma doença. Heredograma Baseado na história familiar do paciente é possível construir um heredograma. O heredograma é uma ferramenta de representação gráfica da família, por meio de símbolos convencionados dos indivíduos relacionados por parentesco de maneira a indicar sexo, ordem de nascimento, grau de parentesco, acometimento ou não por determinada doença de cunho genético. Permite determinar o tipo de herança (se genético), auxilia o diagnóstico, permite calcular o risco de recorrência de uma heredopatia. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Conceitos básicos: Heredopatia: Doença transmitidas tendo como causa a genética. Fenótipo Clínico: Conjunto de anormalidades apresentado por um afetado. Risco de Recorrência: Chance de um fenótipo clínico se repetir em um próximo membro da família. Doença Congênita: Qualquer doença presente desde o nascimento, independente da causa. (Nem toda doença congênita é genética). Doença Genética: Qualquer doença causada por mutação gênica ou cromossômica. Regras gerais para construção de um heredograma Os filhos devem ser colocados na ordem de nascimento, da esquerda para a direita. Cada geração que se sucede é indicada por algarismos romanos (I, II, III, etc.). Dentro de cada geração, os indivíduos são indicados por algarismos arábicos, da esquerda para a direita. Padrões de herança monogênica Dependendo do local onde está um gene que confere determinada característica, esse padrão de herança recebe um nome. Primeiramente falaremos de heranças nucleares que podem ser: autossômica ou ligada ao sexo (alossômica). Herança autossômica: chamamos de herança autossômica quando um gene que confere determinada característica encontra-se em um cromossomo autossômico (1 a 22), esse gene pode ser recessivo ou dominante. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Herança alossômica: quando determinado gene está nos cromossomos sexuais. Caso seja ligado ao X pode ser recessivo ou dominante. Caso ligado ao Y essa herança é denominada holândrica. Herança mitocondrial Caso o gene que confere determinada característica esteja no DNA mitocondrial, denominamos essa herança de extra-nuclear e mitocondrial. Observação: para saber qual gene é responsável por cada doença e se esse gene é de herança autossômica, alossômica ou mitocondrial, existe um catálogo de doenças humanas disponível na internet, o OMIM. Exemplo: utilizando o site podemos pesquisar por ‘fibrose cistica’. Encontramos que, a fibrose cística está registrada no código MIM#219700, é uma doença ocasionada pelo comprometimento do gene CFTR, que é codificado pelo gene localizado no cromossomo 7, especificamente 7q31.2 (cromossomo 7, braço longo, região 3, banda 1 e sub-banda 2). Critérios dos padrões de herança para interpretação do heredograma Diante desses conhecimentos sobre os padrões de herança é possível analisar o heredograma e classificar características e doenças em autossômica (dominante ou recessiva), alossômica (ligada ao X ou holândrica) ou ainda mitocondrial. Herança autossômica dominante Caso o heredograma apresente acometidos em todas as gerações, sendo eles homens e mulheres, já se exclui herança alossômica ligada ao X, pois um homem é capaz de transmitir para outro homem e exclui-se alossômica holândrica, pois existem mulheres acometidas. Não pode ser herança mitocondrial se homens são capazes de transmitir. Então, a herança que resta é a autossômica. Como não salta gerações, o mais provável é que seja dominante. Após concluir que uma herança é autossômica dominante, em um casamento entre um indivíduo normal e um afetado, a chance da prole ser afetada é de 50%. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Exemplo: Hipercolesteromia familiar do tipo II, é uma doença autossômica dominante causada por mutação no gene do receptor de LDL no loco 19q13.2. Em heterozigotos (Aa), causa um nível elevado de LDL no plasma (250-450 mg/dL), depósitos de colesterol nos tendões (xantomas) e pele (xantelasma) e em artérias, na idade adulta (aterosclerose) isso aumenta o risco de doenças coronárias na meia-idade (até os 50 anos) em até 50%. Em homozigotos (AA): o nível de colesterol pode chegar a 1200mg/dL e as manifestações clínicas aparecem precocemente. Variações no reconhecimento do padrão de herança e nos sinais e clínicos da doença No caso de se realizar um heredograma e for encontrado um padrão de herança autossômica dominante sem acometimento em gerações anteriores, descartada a adoção e a troca de pai, podemos considerar uma mutação nova, um mosaicismo da linhagem germinativa, heterogeneidade etiológica, expressividade variável, penetrância reduzida ou incompleta, manifestação tardia ou pleiotropia. Essas são variações no reconhecimento do padrão de herança. Mutação nova Consideramos mutação nova quando determinada característica/doença não é encontrada em gerações anteriores. Ou seja, um alelo mutante surgiu durante a gametogênese ou uma mutação zigótica surgiu durante a formação do zigoto. Exemplo: acondroplasia é uma doença que ocorre pela mutação no gene FGFR3 que é um regulador negativo daproliferação e diferenciação de condrócitos na placa de crescimento é induzido a fazer com que a cartilagem pare de crescer, para que haja morte da cartilagem e deposição de matriz óssea. Quando esse receptor esta defeituoso, ele acaba por não regular a multiplicação os condrócitos, então, essas pessoas mantem a cartilagem se proliferando, mas não conseguem depositar o osso, e os ossos não se desenvolvem. Isso ocorre desde a gestação, então já nascem com os membros encurtados. Quando o indivíduo tem uma mutação ele consegue formar osso com tamanho anormal. Agora, se um indivíduo é homozigoto é letal. Os homens conseguem ter filhos normalmente, mas as mulheres apresentam um problema na gestação, pois não conseguem alargar a bacia para a gestação. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Mosaicismo de linhagem germinativa Essa é outra causa de doenças autossômicas dominantes, quando uma célula germinativa sofre mutações, diferentes populações de gametas mutantes e não mutantes ficam na mesma gônada; podendo gerar mais de um filho afetado. Heterogeneidade etiológica São causas genéticas variáveis de um mesmo distúrbio genético, podendo ser alélica ou em loco. É notável que um mesmo distúrbio genético pode apresentar fenótipos diferentes, mas a diferença genotípica desses distúrbios é denominada heterogeneidade genética. Quando se tem vários fenótipos semelhantes, mas estes são determinados por genótipos diferentes. Essa heterogeneidade pode ser alélica ou do loco. Alélica: quando ocorrem mutações diferentes em um mesmo loco. Um mesmo gene possui variantes mutantes. Exemplo: ataxia telanglectasia; é um distúrbio neuromotor causado pela mutação no gene ATM. Esse gene possui 62 éxons, e os diferentes tipos de mutação nesse mesmo gene podem levar a diferentes formas da doença. Loco: quando ocorrem mutações em locos diferentes. São genes diferentes, locos diferentes causando uma doença. Exemplo: amelogênse imperfeita; é um distúrbio na síntese do esmalte dos dentes, pode estar ligada ao X, ser autossômica dominante ou recessiva, ou seja, mutações em diferentes genes pode causar a doença. Exemplo: Polidactilia; é uma doença genética onde os indivíduos apresentam mais de 5 dedos nas mãos e/ou nos pés. Existem diferentes formas de polidactilia, isso porque pelo menos 3 locos diferentes são responsáveis pela formação dos dedos (cr. 7, 13 e 19). Observação: é importante lembrar que as doenças têm expressividade variável, ou seja, elas se manifestam de maneira diferente em cada pessoa, isso pode confundir o diagnóstico do ponto de vista genético. Os motivos para essa expressividade variável são, principalmente: Heterogeneidade alélica (diferentes alelos), UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Interações ambientais (epigenética pode influenciar no desenvolvimento de determinada doença) Interação com outros genes (epistasia). Exemplo: Indivíduos com anemia falciforme, que também herdam alfa talassemia tem uma gravidade clínica melhor do que algumas manifestações da anemia falciforme. Penetrância incompleta Chamamos de penetrancia completa quando todos os indivíduos com determinado genótipo manifestam um fenótipo. Porém, existem casos em que o gene está presente, mas o indivíduo não apresenta nenhum genótipo, a esse fenômeno damos o nome de penetrancia incompleta. AS explicações para esse fenômeno incluem interação com outros genes que podem impedir a expressão do gene mutante; fatores ambientais durante a gestação que impediram a manifestação. Exemplo: Em uma situação com 5 indivíduos, em que todos tenham a mutação para polidactilia (autossômica dominante), espera-se encontrar mais de cinco dedos em todos esses indivíduos, porém dos 5 indivíduos, 1 não manifestou o sexto dedo. Logo, nesse indivíduo houve a não penetrancia do gene, portanto, o gene penetrou em 80% dos indivíduos da população, mas em 20% ele não manifestou. Manifestação tardia É uma variação que acontece nas doenças genéticas que só aparecem depois de uma certa idade. Então, o indivíduo nasce com a mutação, mas manifesta os sintomas tardiamente. Exemplo: doenças neurodegenerativas, como Alzheimer, Huntington; Pleitropia Pleitropia quer dizer ação ampla. Gene pleiotrópico, portanto, é um gene cuja sua expressão se manifesta em diferentes tecidos e órgãos levando a fenótipos variados que aparentemente não estão relacionados, mas um mesmo gene atua sobre várias características. Exemplo: osteogênese imperfeita; é uma doença que acomete genes responsáveis pela formação do tecido cartilaginoso, portanto, os indivíduos acometidos apresentam diferentes manifestações clínicas em diferentes regiões. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Antecipação e expansão de trinucleotídeo Em algumas características ou doenças autossômicas dominantes, como, por exemplo, a distrofia miotônica, a doença tem início mais precoce nos descendentes do que nos genitores ou maior gravidade nas gerações subsequentes. Esse fenômeno é denominado antecipação. A antecipação é de fato um fenômeno biológico, resultante da expansão de repetições de sequências específicas de DNA. Alguns códons eventualmente se repetem, em casos de antecipação, essa repetição é expandida levando a quadros mais graves da doença cada vez mais cedo. Herança autossômica recessiva Característica autossômica recessiva é aquela cujo gene que a determina está localizado em um autossomo e se manifesta apenas quando esse gene está presente em dose dupla no genótipo (e o indivíduo é homozigoto para esse gene). Na herança autossômica recessiva rara, o tipo mais provável de casamento no qual venha a ocorrer prole afetada é aquele entre dois indivíduos fenotipicamente normais, mas heterozigotos. A característica é autossômica porque: Aparece igualmente em homens e mulheres; Pode ser transmitida diretamente de homem para homem. A característica é recessiva porque: Há saltos de gerações; Os afetados, em geral, possuem genitores normais; portanto, indivíduos não afetados podem ter filhos afetados; Em média, 25% dos irmãos de um afetado são também afetados. Exemplo: anemia falciforme; para ser acometido por essa doença, o indivíduo deve ser homozigoto do alelo HbS, ou seja, possuir genótipo HbSS. Para que isso ocorra ele deve ter herdado o traço falciforme de ambos os pais, que devem ser HbAS. Como a condição de portador do traço falciforme é um estado benigno, há alta frequência em algumas populações, em Gov. Valadares a frequência é de 1:33 nascidos vivos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Exemplo: albinismo óculo-cutâneo; é um erro inato do metabolismo determinado por gene autossômico recessivo da tirosinase TYR no loco 11q14.3. A mutação impede a produção de melanina na pele, cabelos e olhos. Encontra-se consanguinidade entre os pais dos afetados em 20 a 30% dos casos da literatura. Exemplo: fibrose cística; é uma doença autossômica recessiva, portanto, depende da mutação homozigótica no gene CFTR - loco 7q31.2 que codifica transportadores de cloretoe bicarbonato. Essa doença apresenta característica de heterogeneidade alélica, estudada anteriormente, ou seja, mutações diferentes nesse mesmo gene são capazes de levar à doença. Também é uma doença de expressividade variável, devido a diferentes tipos de mutações que atingem o gene e a influência de outros genes modificadores co-herdados; e ainda possui pleitropia do gene, ou seja, as manifestações clínicas ocorrem em diferentes locais do corpo. Hendogamia/consanguinidade Indivíduos consanguíneos são os que apresentam ancestrais comuns. Os casamentos consanguíneos constituem um tipo de casamento preferencial (casamento preferencial é a tendência dos seres humanos para escolherem parceiros que apresentam características semelhantes às suas, como altura, inteligência e origem étnica, etc.), que causa alterações nas frequências genotípicas da população, sem alterar, no entanto, as frequências alélicas. A consanguinidade é importante, pois aumenta a probabilidade de homozigose, elevando o risco de recorrência de anomalias devidas a alelos recessivos. Quanto mais raro for o alelo, maior será o efeito dos casamentos consanguíneos. O risco de prole afetada é proporcional à proximidade de parentesco dos genitores envolvidos. Para calcular a porcentagem de todos os alelos que são idênticos por descendência de ancestrais comuns a dois consanguíneos utilizamos o coeficiente de parentesco (r), que pode ser expresso pela fórmula: r = (1/2)N em que ‘N’ representa o número total de passos genéticos percorridos de um ancestral comum até os dois consanguíneos. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Para calcular a probabilidade da descendência de dois consanguíneos apresentar homozigose, usamos o coeficiente de endogamia (f), que consiste no coeficiente de parentesco x ½. Exemplos: Estudos populacionais demonstram que crianças nascidas de pais não consanguíneos: risco de homozigose 0,5% e de 2 a 2,5% de ter distúrbios por outros mecanismos – total 3% de chances de apresentarem distúrbios genéticos. Já em crianças nascidas de casal de primos em 1º grau por origem comum têm 7% de apresentar doença recessiva + 2 a 2,5% de ter distúrbios por outros mecanismos – total 9%. Herança recessiva ligada ao X A característica é ligada ao sexo (ou ligada ao X) porque: Não se distribui igualmente nos dois sexos; Não há transmissão direta de homem para homem. A característica é recessiva porque: Há mais homens afetados do que mulheres afetadas; É transmitida por um homem afetado, por intermédio de todas as suas filhas (que são apenas portadoras do gene), para 50% de seus netos do sexo masculino; portanto, os homens afetados são aparentados por intermédio das mulheres heterozigotas; os homens afetados geralmente têm filhos e filhas normais. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Herança dominante ligada ao sexo A característica é ligada ao sexo (ou ligada ao X) porque: Não se distribui igualmente nos dois sexos; Não há transmissão direta de homem para homem. A característica é dominante porque: Há mais mulheres afetadas do que homens afetados; Os homens afetados têm 100% de suas filhas também afetadas, mas 100% de seus filhos do sexo masculino são normais; já as mulheres afetadas podem ter 50% de seus filhos de ambos os sexos também afetados. A herança dominante ligada ao X pode ser confundida com a herança autossômica dominante, ao exame da prole das mulheres afetadas. Ela se distingue, no entanto, pela descendência dos homens afetados: todas as filhas são afetadas, mas nenhum dos filhos o é. Herança ligada ao Y (holândrica) A herança pelo cromossomo Y é denominada herança holândrica, isto é, a transmissão se dá apenas de homem para homem. O cromossomo Y apresenta poucos genes, entre os quais os relacionados com a determinação do sexo masculino, genes para estatura, tamanho dentário e fertilidade. Um gene importante na determinação do sexo masculino é o SRY, que desempenha um papel crítico na determinação do sexo gonadal. Tanto o Y quanto o X possuem lócus para determinação do sexo masculino, parecendo haver ainda alguns genes em autossomos. Os braços distais dos cromossomos X e Y podem trocar material durante a meiose humana. A região do cromossomo Y na qual ocorre esse crossing-over é chamada região pseudoautossômica, mas o gene SRY, que dispara o processo que leva à diferenciação gonadal masculina, está situado fora dessa região. Entretanto, ocasionalmente, o crossing-over acontece no lado centromérico do gene SRY, fazendo com que esse fique no cromossomo X, e não no cromossomo Y. O indivíduo da prole que receber esse cromossomo X será um indivíduo XX com fenótipo masculino, e o indivíduo que receber o cromossomo Y será XY com fenótipo feminino, devido respectivamente à presença e à ausência do gene SRY. Heranças limitadas ao sexo UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Existem genes que apesar de estarem situados em autossomos, estes se expressam somente em um ou outro sexo, como por exemplo características sexuais secundárias. (Barba em homens; volume das mamas e formato dos quadris em mulheres). Herança influenciada pelo sexo Existem genes que apesar de estarem localizados em autossomos têm manifestações diferentes em cada sexo. (Gene da enzima 5-alfa redutase, que sintetiza diidrosterona, se em excesso causa queda de cabelo). Herança extra-nuclear Esse tipo de herança apresenta um padrão não mendeliano. Resulta da presença em organelas de DNA, herdado independentemente dos genes nucleares. Herança mitocondrial: É uniparental (exclusivo da mãe); Possui apenas 37 genes; Tem genes que codificam RNAm, RNAt e RNAr; Os RNA's são usados para a síntese de proteínas em sua fita dupla, fita pesada ou leve. Existe uma taxa alta de mutações nesse DNAmt, pois há muito fluxo de oxigênio nas mitocôndrias isso aumenta a quantidade de espécies reativas de oxigênio que atacam o DNA, logo o DNA mitocondrial está mais sujeito a maior oxidação do que o DNA nuclear. Além disso, a alta taxa de substituição de nt durante a evolução; vários ciclos de replicação; baixa fidelidade na replicação (alta taxa de erro na replicação, transcrição e tradução) e a ausência de mecanismo de reparo contribuem para o aumento da quantidade de mutações no DNAmt. No entanto, essas mutações são raras, pois as células possuem grande quantidade de mitocôndrias e nessas mitocôndrias ocorre uma heteroplasmia (positiva), que leva ao uma expressividade variável e/ou a uma não penetrancia. P.S. Heteroplasmia: é a proporção entre mitocôndrias que têm mutação no DNA mitocondrial e de mitocôndrias que não têm. UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA CAMPUS AVANÇADO GOVERNADOR VALADARES GENÉTICA HUMANA – CBV005GV ÁLVARO LUIZ FONSECA CAMPOS Acadêmico de Medicina – turma XIII Homoplasmia: refere-se à célula que tem uma coleção uniforme no DNAmt; pode ser DNAmt completamente normal ou DNAmt completamente mutante. Características da herança mitocondrial Todos os filhos de mulheres homoplasmáticas para uma mutação herdarão essamutação. Já os filhos de um homem portadorda mutação não a herdarão. As mulheres heteroplasmáticas para mutações no DNAmt as passarão para todos os seus filhos. No entanto, o risco e a gravidade da doença podem variar consideravelmente dependendo da fração de mitocôndrias (mts) mutantes nos diferentes tecidos. A pleiotropia e a expressividade variável nos membros afetados de uma mesma família são comuns. Exemplos: neuropatia óptica hereditária de Leber; Síndrome de Kearns-Sayre.
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