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Ray Almeida DISTÚRBIOS HIDROELETROLÍTICOS E ÁCIDO-BÁSICO DISTÚRBIOS ÁCIDO-BÁSICOS* O grande produto do metabolismo celular é o H+ (ácido). Produzimos HCO3 (base) para equilibrar Sistema tampão: sistema capaz de doar e tirar excesso de H+ rapidamente. (BASE) (ÁCIDO) HCO3- + H+ CO2 + H2O H2CO3 Esse é o principal sistema tampão extracelular. Ácido: doa hidrogênio (CO2) Base: recebe hidrogênio (HCO3) pH: potencial hidrogeniônico Controle do pH: pH = HCO3-/ CO2 Se ↑ HCO3- ↑pHAlcalose Se ↑ CO2 ↓pH Acidose Distúrbios: Acidose metabólica: ↓pH, ↓HCO3 Alcalose metabólica: ↑pH, ↑HCO3 Acidose respiratória: ↓pH, ↑ CO2 (Hipoventilação) Alcalose respiratória: ↑pH, ↓CO2(Hiperventilação) DIAGNÓSTICO: GASOMETRIA ARTERIAL pH: 7,35-7,45 CO2 (Ácido): 35-45 mmHg dist. respiratório HCO3-act (Base): 22-26 mEq/L dist. Metabólico OU HCO3-std (Base): 22-26 mEq/L dist. metabólico BBecf : 48 mEq/L variação de +/- 3 BEecf : -3,0 a +3,0 mEq/L Sempre que um falha (ex.: metabólico) o outro tentará compensar (ex.: compensação respiratória). A resposta respiratória é rápida, a metabólica é lenta. Se na prova tiver o HCO3-act e o HCO3-std, vamos nos basear no HCO3-std, pq ele avalia com a pCO2 ideal. BBecf : total de bases do fluido extracelular. BEecf : excesso de bases do fluido extracelular. 1. pH baixo (acidose) ou alto (alcalose)? pH<7,35 Acidose pH>7,45 Alcalose 2. Quem justifica a acidose/alcalose? Alteração do CO2 ou do HCO3 Quando temos um problema respiratório, quem compensa é o rim, porém, leva dias (2 a 3 dias); caso o rim já tenha tido tempo para compensar, o distúrbio será crônico. (*) BE>3, provável distúrbio crônico, o rim já teve tempo de reter base (bicarbonato). Se BE<3, provável distúrbio agudo, não deu tempo de reter base. pH = 7,15 pCO2 = 60 HCO3=24 BE = 0 AGUDO pH=7.34 pCO2=50 HCO3= 30 BE = 7 CRÔNICO **pH NORMAL NÃO EXCLUI DISTÚRBIO ÁCIDO-BÁSICO** Nesse caso têm-se dois diagnósticos possíveis: 1) Gasometria normal 2) Distúrbio misto (acidose + alcalose) Quando os dois justificam a acidose ou alcalose: Acidose/alcalose mista. A RESPOSTA COMPENSATÓRIA... Acidose metabólica: Hiperventilação pCO2 esperada = (1,5 x HCO3-) + 8 Obs.: variação permitida +/- 2 Alcalose metabólica: Hipoventilação pCO2 esperada = HCO3-+ 15 Obs.: variação permitida +/- 2 Na acidose metabólica: Se pCO2 esperado: for maior que o esperado (hipoventilação) Acidose respiratória (Acidose mista) Se pCO2 esperado: for menor que o esperado (hiperventilação) Alcalose respiratória (Acidose metabólica + Alcalose respiratória) Na alcalose metabólica: Se pCO2 esperado: for maior que o esperado (hipoventilação) Acidose respiratória (Alcalose metabólica + Acidose respiratória) Se pCO2 esperado: for menor que o esperado (hiperventilação) Alcalose respiratória (Alcalose Mista) Ray Almeida Gasometria arterial: Exemplo 1: pH= 7,12 pCO2 = 23 mmHg HCO3- = 10 mEq/L Exemplo 2: pH= 7,56 pCO2 = 45 mmHg HCO3- = 30 mEq/L Exemplo 3: pH= 7,60 pCO2 = 22 mmHg HCO3- = 17mEq/L Exemplo 4: pH= 7,20 pCO2 = 50 mmHg HCO3- = 26mEq/L Exemplo 5: pH= 6,4 pCO2 = 55 mmHg HCO3 = 15 mEq/L Exemplo 6: pH= 7,80 pCO2 = 20 mmHg HCO3 = 32 mEq/L Exemplo 7: pH= 7,19 pCO2 = 32 mmHg HCO3 = 10 mEq/L Exemplo 8: pH= 7,40 pCO2 = 55 mmHg HCO3 = 32 mEq/L ALGORITMO DO DISTÚRBIO ÀCIDO-BÁSICO 1) O pH é de acidose ou de alcalose? pH< 7.35 = ácido pH> 7.45 = alcalino 2) Quem justifica: pCO2 ou HCO3-? pCO2 = respiratório (agudo x crônico) HCO3- = metabólico 3) Pode ser distúrbio misto se: Resposta compensatória inadequada pH normal + pCO2/HCO3 alterados ABORDAGEM DA ACIDOSE METABÓLICA Como determinar a causa da acidose? Calculando o Ânion GAP (ânions não medidos) Nós somos eletricamente neutros, ou seja, cátions = ânions. Principal cátion: Na+ Principais ânions: Cl- e HCO3- Ânion GAP = Na+ – (Cl-+ HCO3-) = 8-12 mEq/L Na+ =Cl- +HCO3-+ ÂNION GAP Se o bicarbonato cai ... Ou aumenta o cloro ou aumenta o ânion gap ÃNION GAP NORMAL (HIPERCLOR ÊMICA) – perde HCO3- Perda digestivas infrapilórica (diarreia, fístula) Urinária (ATR, ureterossigmoidostomia) ÂNION GAP AUMENTADO (NORMOCLO RÊMICA) – produz ácido Acidose láctica Cetoacidose Uremia (retém Ác. Sulfúrico) Intoxicações (AAS, etilenoglicol – Ác. glicólico, metanol – Ác. fórmico) O ânion GAP aumenta quando é produzido um novo ácido pq junto com a produção do ácido (cátion) é produzido um novo ânion. Obs.: Ânion GAP Urinário útil na diferenciação de perdas renais e gastrointestinais de HCO3-. AG urinário=(Na+urinário + K+ urinário)-Cl- urinário = -8 a -12 mEq/L Acidose hiperclorêmica (AG normal): AG urinário positivo ATR (I, II e IV) AG urinário muito negativo Perdas digestivas Quando perdemos muito bicarbonato pela urina, e como ele tem carga negativa, ocorre uma tendência a eliminar menos cloro, dessa forma perdendo mais sódio e potássio pela urina do que cloro AG urinário positivo Quando perdemos muito bicarbonato pela via digestiva, nossos rins tentam reter bicarbonato, ocorre uma tendência a eliminar mais cloro AG urinário muito negativo ACIDOSE METABÓLICA pura ou simples ou compensada ALCALOSE METABÓLICA pura ou simples ou compensada ALCALOSE RESPIRATÓRIA pura ou simples ou compensada ACIDOSE RESPIRATÓRIA pura ou simples ou compensada ACIDOSE MISTA ALCALOSE MISTA pCO2 esp = (1,5 x 10) +8 = 23 A resposta compensatória não foi tão boa quanto se esperava ACIDOSE MISTA ACIDOSE RESPIRATÓRIA + ALCALOSE METABÓLICA (DISTÚRBIO MISTO) Ray Almeida TRATAMENTO: 1) Acidoses normoclorêmicas Acidose lática e Cetoacidose: tratar doença de base e não fazer NaHCO3 (a principio) ... EXCETO SE pH< 7,10-7,20 e refratária Uremia e intoxicações: fazer NaHCO3 2) Acidoses hiperclorêmicas Em todos repõe base CITRATO de Potássio VO ou NaHCO3 (geralmente IV) O citrato é convertido em bicarbonato no fígado Obs.: Quem tem acidose metabólica tem alteração do processo de mineralização óssea, pois nosso corpo retira substrato do osso para usar como tampão. Senhora, 53 acompanhada pela ortopedia por lombalgia e fratura espontânea de duas vértebras lombares, é admitida com quadro de desorientação temporo-espacial. Nega sintoma respiratório ou urinário. ECG sem alterações isquêmicas. Exames: anemia normo/normo. Leucograma inalterado. VHS=60; Na= 143; Cl=120; K = 3,0; Ácido úrico= 3,0; Cálcio= 11; Glicose = 80; Albumina = 3,0; Globulina =5,0 Gaso: pH =7,20 pCO2=29 pO2=89 HCO3=14 EAS: glicosúria 3+/4+, ausência de hematúria Distúrbio ácido-básico encontrado: pCO2 esperada: (1,5x14) + 8 = 29 AG = 143 – (120+14)=9 (normal) Acidose metabólica... com AG normal (hiperclorêmica) Qual a causa provável desta alteração? ATR II (túbulo proximal): perda de ácido úrico, PO4, K+, glicose, bicarbonato... provável mieloma. Qual o tratamento indicado para o caso? Reposição de bases (citrato de potássio) ABORDAGEM DA ALCALOSE METABÓLICA Causas: Perdas digestivas (vômitos/SNG) Diuréticos tiazídicos ou de alça Hiperaldosteronismo primário HAS renovascular Adenoma viloso de cólon (mesmo sendo infrapilorico) No trauma: Hemotransfusão Maciça (citrato) Obs.: o adenoma viloso de cólon secreta muito potássio, então a bamba de aldosterona joga mais H +do que K + embora. RINS: COLETOR K+ H+ SANGUE Na+ BOMBA DE ALDOSTERONA Lembrando que um dos estímulos para a liberação de aldosterona é a desidratação. Como está o K + sérico? Baixo Como está o Cl - sérico? Baixo (pelo excesso de ânios) Como está o pH urinário? Acidúria paradoxal HCO3 HCO3 HIPOVOLEMIA HCO3 HIPOK+/ HIPOCl- ACIDÚRIA PARADOXAL a urina deveria ser alcalina, porém o rim não consegue eliminar o excesso de bicarbonato São essas 3 situações que não permitem ao rim ‘perder’ HCO3-: ... sempre pensar em um paciente HIPOVOLÊMICO (a hipovolemia impede o rim de ‘jogar’ bicarbonato) – diante de uma hipovolemia, o rim torna-se ávido para reabsorver sódio e água quando o rim ‘puxa’ Na+, ele também reabsorve HCO3- juntamente com o sódio. HIPOCLOREMIA pouca carga negativa; o rim ‘segura’ HCO3- que também é uma carga negativa HIPOCALEMIA o rim passa a perder H+ (no lugar de K+) e sempre que isso ocorre, ele regera o HCO3- TRATAMENTO: 1. HIPOVOLEMIA: vômitos/diuréticos SF0,9% + KCl 2. HIPERALDOSTERONISMO: suprarrenal (Sínd. de Conn) x estenose A. renal Hiperplasia/ Adenoma: espironolactona/ cirurgia Estenose: IECA/ revascularização (angioplastia) Ray Almeida Obs.: não adianta IECA no hiperaldosteronismo primário, mas a espironolactona tbm pode ser usada na estenose de A. renal. Professora, 52ª, admitida para investigação de gânglio cervical endurecido e aderido. Laudo: compatíveis com tumor oat cell. Iniciada quimioterapia uma semana depois, no hospital. Durante o tratamento apresentou vômitos em grande quantidade e consequente desidratação. pH = 7,52 pCO2= 46 HCO3=32 BE=+6,5 Na=128 Ca= 8 K=2,5 Qual o distúrbio ácido-básico apresentado? pCO2 esperada = HCO3 + 15 = 32+15=47 ALCALOSE METABÓLICA por vômitos Hipovolemia, hipoK+ e hipoCl- impedem a eliminação do HCO3- Como deve estar o pH urinário desta paciente? Ácida (acidúria paradoxal) – o rim não consegue jogar HCO3- fora. Qual o tratamento indicado para a correção do distúrbio? Administrar SF0,9% e KCl Justifique os valores encontrados para sódio, potássio e cálcio séricos nesta paciente: HipoNa+: por vômitos e SIAD (oat cell) HipoK+/Ca++: alcalose metabólica ACIDOSE RESPIRATÓRIA AGUDA: Insuficiência Ventilatória Não ocorre adaptação renal Tratamento: IOT e VM CRÔNICA: DPOC Avançada Adaptação renal em 3-5 dias Tratamento: em geral é desnecessário Se agudizar: trata igual a aguda (IOT e VM), mas toma como alvo terapêutico o pH e não a pCO2; pelo risco de alcalose metabólica pós-hipercapnia. ALCALOSE RESPIRATÓRIA Causa: Hiperventilação AGUDA: Ataque de pânico e sepse* Não há adaptação renal (*) a sepse provoca um distúrbio misto, faz acidose metabólica (acidose lática) e alcalose respiratória, mas geralmente a acidose prevalece. CRÔNICA: Cirrose hepática e Gravidez É o distúrbio ácido-básico menos comum TRATAMENTO: CAUSA DE BASE DPOC acidose respiratória + hipoxemia (↓ pH; ↓pO2; ↑ pCO2) Taquicardia + sepse acidose metabólica + alcalose respiratória TEP alcalose respiratória + hipoxemia DISTÚRBIOS DO SÓDIO* (*) Na verdade são distúrbios predominantes da água Na+(EXTRACELULAR) Na+ (NORMAL: 135-145mEq/L ou mosm/L) Obs.: mEq=mOsm quando a valência é +/- 1 O QUE É A OSMOLARIDADE PLASMÁTICA? É o balanço de água no plasma (proporção soluto/solvente) Osm = 2x Na + Glicose/18 + Ureia/6 (normal: 290mOsm/L; +/- 5 ) O Na+ é o grande controlador da osmolaridade e carrega água junto. O sódio tem seu valor multiplicado por dois por causa do ânion que o acompanha. A divisão da glicose por 18 e da ureia por 6 ocorre devido a conversão de mg/dL em mOsm/L. Na literatura americana em vez de ureia fala- se em BUN (nitrogênio da ureia sanguínea), substituindo na formula o calculo de ureia para BUN/2,8. Obs.: Osmolaridade efetiva (tonicidade) – não é incluída a ureia, pois a ureia passa livremente pela membrana das células (pois é uma molécula lipossolúvel), o que faz sua concentração plasmática ser igual a sua concentração intracelular. Além da fórmula, a osmolaridade também pode ser medida por um aparelho especifico, o osmômetro. Se a osmolaridade plasmática pela formula e pelo aparelho vier discordante confiar no aparelho (pois existem outras estruturas que não estão na formula e podem K+ K+ Ray Almeida estar causando esse aumento de osmolaridade, e o aparelho mensura) GAP osmótico = Osm do osmômetro) – Osm pela formula. Se > 10 mOsm/L = intoxicação exógena (a mais comum é a alcoólica) QUEM CONTROLA A OSMOLARIDADE? ADH e Centro da sede Fisiologicamente: (Frio) ↓ Na+ ↓ADH urina diluída ↓Centro da sede ↓ ingesta H2O [Calor(suor)] ↑ Na+ ↑ADHurina concentra ↑Centro da sede ↑ingesta H2O Qual a célula que mais sofre? NEURÔNIO Na+ ADH (retenção de água livre) Perda Na+ = Hipovolemia (Na+, H2O) Acúmulo Na+= Hipervolemia (Na+, H2O) Perda de H2O = Hipernatremia ( H2O, Na+=) Acúmulo H2O = Hiponatremia ( H2O, Na+=) Obs.: O valor de sódio não é um valor absoluto, ele é relativo em relação a quantidade de água. Obs.:↑osmolaridade e/ou ↓ volume estimula a liberação de ADH HIPONATREMIA (<135mEq/L) (ADH) É predominantemente um distúrbio do metabolismo da água!! É o distúrbio hidroeletrolítico mais frequente no mundo, principalmente em pacientes hospitalizados ABORDAGEM DA HIPONATREMIA 1. Checar a osmolaridade plasmática Osm = 2x Na + Glicose/18 + Ureia/6 (normal: 290 mOsm/L) Hiponatremia é hipo-osmolar – com 2 exceções (as falsas hiponatremias): Glicemia >>hiperosmolar ( a cada ↑ 100 na glicemia ↓1,6 no Na+) Lipídeos/ proteínas >>isosmolar (ocorre neste caso uma leitura errada por parte do aparelho) (dislipidemia familiar/mieloma múltiplo). 2) Avaliar a volemia HIPOVOLEMIA (hiponatremia + comum) Causas: Vômitos/hemorragia, Tiazídicos, hipoaldosteronismo(estimulam ADH) HIPOVOLEMIA Logo, a ativação do sistema renia- angiotensina-aldosterona não altera o sódio sérico, já que reabsorve sódio e água na mesma proporção. Entretanto, a ativação do ADH dilui o sódio sérico, já que promove a reabsorção apenas de água. A FUROSEMIDA apesar de promover hipovolemia não causa hiponatremia. Pois, esse diurético bloqueia o mecanismo que promove a hiperosmolaridade da medula renal. Quando o hipotálamo produz o ADH (que é liberado pela neurohipófise – hipófise posterior)esse ADH vai agir no túbulo coletor, abrindo os canais de aquaporina, fazendo com que a água passe para o meio mais concentrado (que geralmente é medula renal). Entretanto, devido a ação da furosemida, a medula renal não está mais hiperosmolar para puxar a água, ocorrendo maior excreção de água livre. A furosemida bloqueia indiretamente o ADH. Como os diuréticos tiazídicos não alteram a osmolaridade da medula renal, eles não bloqueiam a reabsorção de água livre. HIPERVOLEMIA: ICC, cirrose, insuficiência renal (edema líquido 3º espaço ↓ volume circulante hipofluxo renal Ativação do Sist R.A.A. + ↑ADH)... NORMOVOLEMIA: Causa: SIAD (Síndrome da antidiurese inapropriada), endócrinas (hipotireoidismo, insuficiência suprarrenal*) (*)Cortisol faz feedback negativo com o ADH. RIM R.A.Aldosterona HIPÓFISE ADH Retenção de Na+ e H2O Retenção de H2O Ray Almeida SIAD x SÍNDROME CEREBRAL PERDEDORA DE SAL (SCPS) Cuidado nas doençasde SNC!!! SIAD: Pensar em lesões do SNC: hemorragia subaracnoide (AVC, TCE), meningite; Medicamentos: neurofármacos (anticonvulsivantes – carbamazepina, antidepressivos, antipsicóticos); Pulmões: Legionella, oat cell Outras: HIV, cirurgia ↑ ADH >> retenção de água livre >> diluição do sódio. Se o paciente está retendo água, por que não está hipervolêmico? Retenção de água >> aumento do retorno venoso (hipervolemia transitória) >> distensão do átrio >> liberação do peptídeo natriurético atrial >> liberação de sódio e água (voltando a ficar euvolêmico, mas não eunatrêmico) ADH = hipervolemia transitória .... ANP = natriurese A urina do paciente com SIADH é marcante, pois o estímulo natriurético estimula liberação de sódio e água e também de ácido úrico >>hipouricemia (ácido úrico baixo no sangue). URINA: ácido úrico, sódio e osmolaridade (obs.: sódio e osmolaridade urinária desproporcionalmente elevados em relação à natremia plasmática) SÍNDROME CEREBRAL PERDEDORA DE SAL: Pensar em lesões do: SNC BNP (peptídeo natriurético cerebral) = NATRIURESE Começa primeiro com a natriurese (libreração do BNP) Hipovolemia ↑ ADH Reabsorção de água no coletor Hiponatremia Este paciente não tem o excesso de ADH* que o paciente com SIAD tem>>o paciente com síndrome cerebral perdedora de sal apenas perde >> HIPOVOLEMIA (*) nesse paciente ocorre um aumento fisiológico da produção de ADH, devido a hipovolemia, entretanto, ele não é suficiente para restaurar a volemia do paciente. SIAD HIPER K+ Normovolêmico (não há edema) Hiponatremia Natriurese (Na+ urinário>40 mEq/L) Hipouricemia Hipovolemia Hiponatremia Natriurese (Na+ urinário>40 mEq/L) CLÍNICA DA HIPONATREMIA Edema celular ↑PIC Má perfusão cerebral Obs.: Como o sódio está em maior concentração dentro da célula, ocorre a tendência de formação de edema celular neuronal (HIC: cefaleia, convulsão, coma...) Dependendo da gravidade e velocidade de instalação, as manifestações clinicas podem ser: Se Agudo (<48h): cefaleia, vômitos, crise convulsiva, sonolência, torpor e coma. Se Crônico (>48h): Nada (Assintomático) Imagine um neurônio de um paciente com hipoNa+: nos primeiros dias que o paciente fica hiponatrêmico, se o neurônio nada fizesse, o que aconteceria é que o neurônio sofreria edema com posterior hipertensão intracraniana e óbito. Para que isso não ocorra, para tentar se adaptar, o neurônio tenta se equilibrar com o meio, eliminando osmólitos (sorbitol) que atraiam água (isso leva cerca de 48h). CORREÇÃO DA HIPONATREMIA ABORDAGEM DAS HIPONATREMIAS CRÔNICAS: 1)HIPONATREMIA HIPOVOLÊMICA (+comum) SF 0,9% 2) HIPONATREMIA HIPERVOLEMIA (ICC, cirrose) Restrição hídrica Furosemida (ação medular; para retirar água livre) Ray Almeida 3) HIPONATREMIA NORMOVOLEMIA (SIAD) Restrição hídrica + Estimular ingesta de Na+ Furosemida (para retirar água livre) Demeclociclina ou Vaptans (antagonistas ADH) – Caro Demeclociclina é um ATB que tem a propriedade de “dessensibilizar” o túbulo coletor ao ADH. ABORDAGEM DA HIPONATREMIA AGUDA SINTOMÁTICA: Não importa a causa, vai repor sempre com solução salina a 3% 1) Defícit de Sódio DÉFICIT SÓDIO = 0,6 x PESO x ⩟Na Obs.: mulher = 0,5 x peso x variação de sódio Variação de sódio = 8 a 12 mEq/L/dia Nas primeiras 3h 3mEq/L. O restante nas outras 21h (9mEq/L). 2) Passar para g de NaCl Dividir por 17 3) Repor com NaCl 3% Regra de 3 Ex.: Paciente, homem, 60 anos, P=70kg Na+= 110 Nas primeiras 3 horas: Déficit de sódio = 0,6 x 70 x (3) = 126 mEq (1g de NaCl = 17 mEq de NaCl) 126/17= 7,4 g de NaCl 3g NaCl--------- 100ml 7,4g NaCl ------- X X= 250ml de salina 3% em 3h Nas próximas 21 horas: Déficit de sódio = 0,6 x 70 x (9) = 380 mEq 380/17= 22g de NaCl 3g NaCl--------- 100ml 22g NaCl ------- Y Y= 730ml de salina 3% em 21h Regra prática: na prática podemos usar o valor do déficit de sódio vezes 2 encontrando um valor próximo ao da quantidade de salina a 3% que deve ser reposta em 24h. Formas de preparo do soro 3%: AD 850ml + NaCl 20% 150ml SG5% 850ml + NaCl 20% 150ml SF0,9% 895ml + NaCl 20% 105ml ou SF0,9% 445ml + NaCl 20% 55ml SE CORRIGIR RÁPIDO... Desidratação aguda do neurônio Caso o Na+ for reposto de forma muito rápida, o meio muito concentrado “rouba” a água do neurônio – ao sofrer uma desidratação súbita >>desmielinização osmótica (onde mais sofre é na ponte mielinólise pontinha) SÍNDROME DE DESMIELINIZAÇÃO OSMÓTICA (MIELINÓLISE PONTINA) RNM confirma o diagnóstico; Não possui tratamento especifico e o dano celular é geralmente irreversível. Letargia, tetraparesia, disfagia, disartria,.. HIPERNATREMIA (>145mEq/L): Ocorre uma falta de água (↓ADH e água) QUADRO CLÍNICO A intensidade dos sinais e sintomas depende da severidade e velocidade de instalação da hipernatremia. CEFALEIA; VÔMITOS; AGITAÇÃO; CONVULSÃO; LETARGIA; COMA; HIPERREFLEXIA; ESPASMOS MUSCULARES; ESPASTICIDADE. Causas: Perdas em pacientes debilitados (iatrogênica): crianças, idosos e comatosos Diabetes insípidus (poliúria + polidipsia, sem ↑ glicemia) o Central (alterações hipotalâmicas: pós operatória, neoplásicas, infecciosas, vasculares...): não produz ADH o Nefrogênico (lítio...): o ADH não consegue agir Diabetes insípidus Diagnósticos diferenciais: poliúria + polidipsia o Diabetes mellitus (vai ter ↑ glicemia) o Polidipsia primária (transtorno psiquiátrico) Qual teste para confirmar o diagnóstico: o Diabetes insipidus x Polidipsia: teste da restrição hídrica* (*)na polidipsia primaria a restrição hídrica vai fazer com que ele não tenha mais poliúria, não vai desidratar. A polidipsia tbm quando causa distúrbio do sódio, é mais frequente causar hiponatremia. Ray Almeida Como você esperaria encontrar o sódio plasmático e a osmolaridade e a densidade urinária na Diabetes insípidus: o Na+ plasmático: normal ou o Osmolaridade/ densidade urinária: Como saber se é central ou nefrogênico? o Dar ADH: Se responder é central Se não responder é nefrogênico Após a confirmação do diagnóstico, quais as principais medidas terapêuticas? o Administrar desmopressina (ddAVP) o Se diabetes insipidus nefrogênico: restrição de solutos da dieta (sal, proteínas) – refratários: tiazídicos, indometacina Corrigir hipernatremia aguda sintomática: Déficit de água livre: 0,5 x Peso x [ Napaciente -1] Nadesejado Obs.: mulher = 0,4 O resultado do déficit de água livre deve ser reposto VO (H2O) ou EV (SG 5%). Se for paciente diabético e com impossibilidade de reposição completa VO, usar SF 0.45% (repor o dobro do valor da água livre) Obs.: Perdas insensíveis normais (cerca de 10 ml/kg/dia). Reduzir o na em 10 mEq/L nas primeiras 24h. Geralmente não precisa usar essa fórmula Complicação da reposição rápida de líquidos: Edema cerebral/Coma DISTÚRBIOS DO POTÁSSIO* K+ = 3,5 -5/5,5 mEq/L Qual a célula que mais sofre? MÚSCULO K+: É “guardado” nas células É o principal cátion intracelular Perda: renal e digestiva – o rim evolutivamente criou um mecanismo importante para controlar o potássio a partir da bomba de aldosterona (que ‘puxa’ sódio e ‘joga’ potássio ou hidrogênio) Por mais que eu coma muita banana, não fico sobrecarregado de potássio o organismo negocia potássio Com as células: CÉLULA 2K+ K+ SANGUE 3 Na+ H+ BOMBA DE NA/K ATPASE Entrada de potássio na célula: Insulina, adrenalina e alcalose metabólica. Saída de potássio da célula: Rabdomiólise e acidose metabólica. ALCALOSE ↔ HIPOCALEMIA ACIDOSE* ↔ HIPERCALEMIA (*) as acidoses tubulares renais tipo I e II são exceções. Com os rins: COLETOR K+ H+ SANGUE Na+ BOMBA DE ALDOSTERONA Causas de distúrbios do K+: HIPOCALEMIA: guarda ou perde muito K+ Guarda muito: insulina, adrenalina, beta-2 agonista, alcalemia, Vit B12 Perde muito: Renal – poliúria (diuréticos, exceção os de coletor – p. ex.: espironolactona), hiperaldosteronismo 1º e 2º, acidose tubular renal (tipo I e II)... Digestiva – diarreia, adenoma viloso, vômitos, (obs.: vômitos: quem vomita perde potássio pela urina – o suco gástrico tem muito pouco potássio. Ao vomitar, ela perde HCl, fazendo alcalose > em resposta, a aldosterona “segura” o H+ e ao invés dele, “joga” K+) HIPERCALEMIA: guarda ou perde pouco K+ Liberação celular: rabdomiólise, acidemia, hemólise, lise tumoral... Perde pouco: insuficiência renal, hipoaldosteronismo (acidose tubular renal tipo IV – única ATR que cursa com hipercalemia, IECA, espironolactona) Ray Almeida Clínica: HIPO K+ HIPER K+ Alterações cardíacas (ECG); Alterações não cardíacas (fraqueza, câimbra, constipação) Alterações cardíacas (ECG); Alterações não cardíacas (fraqueza) Alterações no ECG: O potássio interfere primordialmente na repolarização ventricular (a onda T acompanha o potássio – é a 1ª que se altera) HIPO K+ HIPER K+ Achatamento da onda T Onda U (muito cobrada) onda P e do intervalo QT QRS Onda T alta e apiculada (em tenda) onda P e intervalo QT QRS ABORDAGEM DA HIPERCALEMIA: Hipercalemia grave: K+>6,5* ou alteração do ECG (*) na apostila ta >7,5 1ª. medida: ESTABILIZAR A MEMBRANA (evitar arritmias) Se ECG alterado: Gluconato de cálcio a 10% (1 amp 2-5 min)* (*)Gluc. Cálcio a 10%: 10 a 20ml + 100ml de SF0,9% - correr EV em 2 a 5 min – pode correr até de 5/5min se alterações no ECG persistirem; Tem duração de 30 a 60 minutos. 2ª. medida: REDUZIR O POTÁSSIO “Guardar” na célula: Glicoinsulinoterapia (1UI insulina a cada 5g glicose) Beta-2-agonista (berotec 10 gts 4/4h) NaHCO3 (se acidose) 3ª. medida: MANUTENÇÃO Perda renal/ digestiva: Furosemida*/ Sorcal** ® (troca Ca pelo K elimina K pelas fezes) (*)Furosemida 1mg/Kg EV a cada 4h (**)Sorcal (poliestirenossulfonato de calcio): 15g a 30g + 100ml de Manitol VO ou VR até de 4/4h Refratários: DIÁLISE ABORDAGEM DA HIPOCALEMIA: Via de escolha para reposição: oral (KCl 3- 6g/dia) – todo o potássio ingerido é absorvido *Intolerância GI/ K+<3,0/ECG alterado: IV EV: pode dar flebite, arritmia! Velocidade: ≤20 mEq/h Na hipocalemia grave sintomática: Salina 0,45% 210 ml + KCl 10% 40 ml, correr em 4 horas. Evitar usar SG5% estimula insulina coloca potássio para dentro da célula Preferência por salina hipotônica (NaCl 0.45%) HipoK+ refratária: pensar em hipomagnesemia!
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