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AULA 6 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 02 CONVERSA INICIAL Olá! Estamos na reta final, já acabando a disciplina, então, respire! Agora é que vem elas: as métricas! Elas fazem parte de um contexto muito importante no trabalho de gestores e profissionais de marketing digital, pois visam a acompanhar e avaliar resultados para corrigir rumos caso necessário. Nenhuma estratégia é livre de equívocos, mas corrigir rapidamente é vital! As métricas servem não apenas para avaliar se o que foi traçado versus planejado está de fato acontecendo (e como está acontecendo), mas como também para acompanhar se cada etapa do plano está sendo alcançada. Dessa forma, pequenas correções poderão ser feitas a fim de colocar o plano novamente no prumo caso algo não tenha saído exatamente conforme planejado. Esse é um tópico muito importante do marketing digital, apesar de ser o último desta disciplina. Fique atento, falta pouco para terminarmos! CONTEXTUALIZANDO Medir coisas sempre fez parte de nossas vidas. Quem vive, mede. Mede para saber o que fazer, o que é melhor para determinado caso e as vezes para descobrir o que realmente importa. Para introduzir o tema da aula de hoje, leia e reflita sobre o texto "Medições Fabulosas: A Lebre e o Jabuti", de Montini, publicado no site Almanaque do IPEM-SP, disponível em: <https://ipemsp.wordpress.com/2015/01/21/medicoes-fabulosas-a-lebre-e-o- jabuti/>. E aí, o que achou? Onde estariam as métricas nessa fábula? O que eles pretendiam medir? Você concorda com a escolha? O que a moral da história fala sobre as métricas escolhidas na fábula? TEMA 1 – CONCEITOS E DEFINIÇÕES Apesar da importância que o marketing (digital ou não) tem para os negócios, existe uma dificuldade na hora de mensurar o resultado de seus esforços. A maioria dos profissionais não têm experiência no assunto e acaba por levar em consideração modelos e itens não muito adequados na hora de trazer números que legitimem a eficácia das ações. 03 1.1 Conceito O marketing é muito mais que comunicação ou publicidade; é algo mais amplo, estratégico e contextual. Envolve criatividade e comunicação, mas também pesquisa, estatísticas, cálculos de precificação, ROI, entre outros. Para saber se qualquer estratégia funciona, é preciso mensurá-la, ou seja, apresentar uma medida para comparação entre o que foi objetivado e o alcançado. Um dos maiores obstáculos de analistas, gestores e diretores de marketing (pelo menos antes da Era Digital) era conseguir apoio para colocar em prática suas ideias e estratégias porque raramente conseguiam apresentar em números os resultados de campanhas. O retorno sempre foi algo medido de forma meio “capenga”, assim, sem muita certeza. “Nossa campanha foi um sucesso, muita gente comentando” diziam uns, “muitas pessoas foram as lojas ver o produto”, diriam outros, e coisas do tipo. Mas, na prática, não se sabia se as vendas eram mesmo fruto da campanha ou se os que foram às lojas, e compraram, o fizeram porque foram impactados pela campanha ou se era por outras razões. Veremos mais adiante que essas justificativas eram as avós do que chamamos de métricas de vaidade. Você vai entender mais a diante. Com isso, vamos direto ao assunto: você deve entender que não basta apenas ter ferramentas excelentes, conhecer o usuário e desenhar estratégias lindas, alinhadas com tudo isso. É preciso saber medir, mensurar os resultados porque a partir deles é que a equipe, os gestores ou quem quer que seja interessado direto, poderá comemorar, reforçar, reestruturar, mudar ou fortalecer as estratégias traçadas. É como diz o ditado: “O que não é medido não pode ser melhorado”. É sobre isso que tratam as métricas; são parâmetros para medir desempenho. Conforme Paul Farris et al., (2010): “Métrica é um sistema de mensuração que quantifica uma tendência, dinâmica ou característica. Usam-se métricas para explicar fenômenos, diagnosticar causas, compartilhar descobertas e projetar resultados de eventos futuros. Facilitam a compreensão e a colaboração”. 1.2 Por que são necessárias as métricas? Os gestores precisam saber quantificar oportunidades e ameaças aos negócios, saber justificar riscos e benefícios que possam ser fruto de estratégias previamente traçadas ou de resultados já alcançados. Saber avaliar planos, 04 explicar variâncias, julgar desempenho e identificar pontos que possam ser alavancados e/ ou aperfeiçoados. Tudo isso em termos numéricos. Em síntese, exigem métricas. “Se você não pode medir, não consegue gerenciar” (Peter Drucker) TEMA 2 – VISÃO GERAL DE MÉTRICAS NO CONTEXTO ATUAL DE NEGÓCIOS O marketing de hoje é mais tecnológico do que sempre foi. Há algumas décadas, produtos e serviços não muito bons vendiam muito, pois a demanda era maior que a oferta. Ocorre que, nos dias atuais, com a tecnologia e disseminação de informação, os internautas têm acesso à uma série de produtos e serviços que antes não tinham. Assim, o lucro das empresas é menor e elas têm que correr atrás dos clientes. Na Era Digital, a rede é ilimitada, sendo o principal canal de contato e venda. Num universo de ferramentas e estratégias, o desafio é saber “ler” os resultados para saber o que fazer: estourar uma champanhe ou chorar. As fórmulas que davam certo há 30, 20 anos (anúncio na revista de maior circulação no país, por exemplo), já não funcionam mais. 2.1 Web analítica Com tantas mudanças e novos cenários, as métricas ganharam destaque. Isso porque plataformas como o Google Analytics que trazem uma ampla gama de informações oriundas de páginas digitais, permitem uma análise completa do cenário em questão. Em virtude disso, pode-se dizer que estamos vivendo uma fase da web analítica, aquela cujos dados que traz podem e devem ser analisados. É a única forma de manter ações e negócios na rede. O assunto é extenso e as ferramentas são muitas. Trouxe para vocês alguns (além do Google Analytics) exemplos e para que servem: <www.sitespect.com>: para análise de testes A/B1; <www.vertster.com>: semelhante ao Google Analytics; <www.visualwebsiteoptimizer.com>: ferramenta para avaliação de blogs, de sites, testes A/B e aumento de conversão; <www.google.com/wensiteoptimizer>: ferramenta para mensurar desenvolvimento de versões diferentes de botões, sites, páginas etc.; 1 Um teste A/B consiste em apresentar versões da mesma página, com variações pequenas, de modo aleatório para os visitantes para então medir qual delas apresentou um resultado melhor. 05 <www.clicktale.com>: ferramenta de heat map (ou mapa de calor; para visualizar áreas mais clicadas numa página). Avaliação de movimento do mouse (como usuário busca, pesquisa, o que procura), locais de nos quais os usuários clicam; ferramenta excelente para entender o comportamento do usuário e suas interações com o site. 2.2 Mensuração: possibilidades e planejamento Como dito, no meio digital as possibilidades em termos de ferramentas, estratégias, ações e também formas de as mensurar são inúmeras. Empresas, negócios, pessoas e instituições contam com um arsenal amplo de possibilidades, basta saber o que existe e como aplicar. Em se tratando de medidas, é possível, por meio da internet, medir dentre duas opções de nome para livros qual a mais adequada e que agrada ao público- alvo: por meio de uma campanha de links patrocinados, dá para descobrira que mais chamou atenção do público. Se você precisa melhorar o tráfego de sua página e melhorar a reciprocidade de anúncios no Facebook, experimente segmentar utilizando palavras-chave da concorrência e meça se há aumento de comentários e interações. O que se observa é que tudo pode ser medido, é preciso apenas paciência e tempo para coletar dados, pesquisar e fazer testes, muitos testes. Agora, temos que levar em consideração que tão importante quanto ter como medir é preciso saber o que se quer medir e como se vai medir. A definição de quais métricas utilizar é de suma importância para o sucesso de qualquer ação de medição. Não se pode, por exemplo, medir peso por meio da velocidade e vice- versa. Por essa razão, para definir quais métricas são importantes, alguns pontos devem ser previamente definidos: O que será testado/ avaliado? Qual métrica será utilizada? Qual ferramenta/ plataforma de mensuração fará o trabalho? Qual o período do teste? Quem serão os responsáveis pela coleta e leitura de dados? Como vivemos em tempos de redes sociais, um destaque tem que ser dado à forma como podemos medir ações a partir deste recurso tão popular. Existem basicamente três formas de mensurar resultados nas redes sociais: engajamento 06 dos usuários, “buzz” ou barulho e a conversão. Quanto aos demais meios (e- mail, conteúdo, blogs, buscadores), cito as métricas correspondentes no Tema 4 – métricas que importam. O engajamento fala do nível de relacionamento que foi estabelecido com os usuários; um nível alto de engajamento é muito bom; é a parte mais estreita do funil de relacionamento, no qual já se estabelece certa confiança, reciprocidade, recorrência e até defesa da marca, produto ou negócio. O buzz, é o nível de barulho, o burburinho gerado em torno de uma ação, campanha. Quanto maior o buzz, melhor. Exceto em casos nos quais o barulho se deve a comentários negativos, ações desastradas ou campanhas equivocadas que queimam as marcas. A conversão é uma métrica que aponta o quanto das interações estão sendo convertidas em vendas (o mais desejável), cadastros, downloads e compartilhamento de links. Saber o que e como medir é muito importante, como já vimos. Passar por cima dessa tarefa ou fazer vistas grossas não é nada benéfico para as ações digitais. Quem não gosta de números e cálculos precisará repensar seus conceitos e se aproximar das exatas, de outra forma, correrá o risco de incorrer em erros, como buscar alternativas inválidas para justificar ações e campanhas. É sobre isso que trata o tópico a seguir. TEMA 3 – MUNDO DIGITAL: MÉTRICAS DE VAIDADE Já comentei anteriormente aqui sobre a importância de se mensurar as ações feitas em marketing digital. No entanto, quando se fala em redes sociais especialmente, as formas de mensuração são inúmeras, pois inúmeras são as estratégias possíveis, visto que depende do tipo de negócio, objetivos e propósitos de cada entidade. Além disso, existem diversos indicadores, recursos de ferramentas muito boas, como o Google Adwords (por exemplo) que são desconhecidos até mesmo dos profissionais. Por desconhecimento, “miopia” e/ ou falta de gestores trabalhando em conjunto com programadores, designers, agências e outros, é que muitas vezes as métricas escolhidas para “falar” do negócio não são adequadas. Falam sobre o que não se quer saber, significam pouco em termos de resultados, levam o nada a lugar algum. Mas acabam sendo “bonitinhas”, e distraem os gestores desavisados... são as métricas de vaidade: não importam, mas inflam o ego! 07 Assim, precisamos dar uma olhadinha nelas, pois estão aí, rondando o dia a dia de todos os profissionais. Elas não são indesejadas nem perigosas, apenas não servem como a bússola que todas métrica têm o propósito de ser. Antes de vermos as que interessa, vamos dar uma passadinha nelas para vocês depois saberem separar o joio do trigo. 3.1 Conceito São aquelas informações que na prática não ajudam na tomada de decisões, pois seus dados não são relevantes em relação ao que se pretende alcançar. Por exemplo: se eu quero vendas, por que dar demasiada importância a “likes”? Isto não quer dizer que são métricas que você deva ignorar, mas apenas que não são as que refletirão o quão perto ou longe uma entidade está de alcançar deus objetivos. Com a alavancagem das redes sociais, muitas entidades (empresas, marcas, pessoas, instituições) decidiram investir na gestão e presença nas redes. Ocorre que, não adianta simplesmente criar uma página de site ou patrocinar anúncios sem um objetivo claro. No Google Adwords é possível criar campanhas e monitorar os resultados. No entanto, há que se saber quais métricas acompanhar, interpretá-las e (o mais importante) saber que ações tomar para fortalecer bons resultados e mitigar fracassos. Aí sim você estará utilizando ferramentas e métricas da maneira certa, ou seja, extraindo o melhor delas. 3.2 Métricas de vaidade: quais são? A seguir, as nossas “vilãs do bem”; do bem porque não fazem mal, mas vilãs porque roubam nossa atenção e nos levam a lugar algum: Likes, downloads de apps, cliques, compartilhamentos, taxa de rejeição, seguidores, pageviews ou visualizações da página. 3.2.1 Likes Quando surge a pergunta “como estão as campanhas no Facebook?”, uma resposta comum é: “Vai muito bem! Alcançamos “x” likes”. Ok, ótimo! Mas o que é possível fazer com essa informação? O que ela diz realmente sobre o negócio? É possível que um internauta tenha dado um like por ter gostado do título, ou da imagem colocada junto, e só. Não é o tipo de informação que conduza à alguma conclusão e, consequentemente, à uma tomada de decisão. Um like é apenas um 08 like. Ele pode ser um primeiro passo rumo a uma relação que poderá ser estabelecida no futuro, depois do internauta ter passado por alguns níveis do funil de relacionamento, que vai desde a simples curiosidade até a compra, cadastro, efetivo. Mas trata-se de hipóteses, de algo que só poderá ser visto em longo prazo. Até aqui não quer dizer nada. E pensar que tem entidade que paga para ter likes!2 3.2.2 Downloads de apps Se você possui um Aplicativo (App), é muito importante que as pessoas façam o download dele! Porém, é preciso entender melhor o quão relacionado com faturamento e usuários pagos esse número significa. Tão importante quanto baixar é literalmente usar o aplicativo. Mas como saber se quem baixa vai necessariamente usar e, se usar, quanto vai consumir, se vai consumir... a partir dessa métrica não tem como saber. Logo, não parece tratar de uma métrica confiável, não? O download de Apps gera um custo transacional para empresas e muitas vezes a taxa de desinstalação está acabando com esse número. Para quem ainda está criando o App ou o lançou há pouco tempo no mercado, o número de downloads é com certeza bem importante. Mas, em longo prazo, observe a citada taxa de desinstalações, downloads x cadastros de usuários e dos usuários pagantes do seu App. Se a entidade obtém poucos downloads, mas muitos cadastros, poucas desinstalações e os usuários fazem uso das funções pagas deles, este é um bom sinal de início. À medida em que o negócio amadurece, outras métricas deverão ser levadas em consideração. 3.2.3 Cliques Outra métrica que frequentemente soa interessante e válida, mas pode ser mera vaidade é a taxa de cliques. É interessante para saber se você está conseguindo levar os usuários até o site, página, blog, anúncio, ou o que quer que seja. Mas sem ter um objetivo claro bem definido por trás da métrica é um número vazio. Pode-se conseguir muitoscliques, mas se houver uma baixa taxa de conversão3 ou tempo de permanência na página, é preciso reavaliar para qual 2 Uma importante observação: existem casos em que a compra de likes pode ser válida: quando um negócio/página estiver iniciando e ninguém conhece a pessoa ou o negócio – ter muitos likes dá legitimidade e passa uma imagem positiva: “se muita gente gosta, deve ter algo de bom”. Mas é uma estratégia inicial para alavancar popularidade; Como métrica, insisto, não diz muita coisa. 3 Depende do negócio: Pode ser vendas (e-commerce), cadastro (para geração de base de dados para e-mail marketing), comentário (serviços: dá legitimidade, gera buzz). 09 página o visitante está sendo levado, e se ela está alinhada com a expectativa da chamada. São os riscos, por exemplo, de se utilizar os “clickbaits”4 – chamadas atraentes, que prometem algo relevante ao usuário, mas na verdade só visam a atrair cliques. Pode ser um tiro no pé. 3.2.4 Compartilhamentos O número de compartilhamentos de uma página ou conteúdo não diz necessariamente algo quanto ao sucesso de uma estratégia (pelo menos imediatamente). O compartilhamento dos conteúdos leva mais tráfego para o site, porém, uma vez conquistado esse tráfego, é preciso desenvolver um trabalho de captação da atenção do usuário a fim de que percorra todo o caminho do funil de vendas, o que significa conversão. Isso será possível, se depois do compartilhamento (que demonstra interesse no conteúdo), forem desenvolvidas estratégias de relacionamento e engajamento que deverão, sim, ser mensuradas. 3.2.5 Taxa de rejeição A taxa de rejeição significa quantos usuários abandonam sua página antes de cumprir certos requisitos do Google, para que ela não seja considerada como rejeitada pelo usuário. Alguns requisitos levam em consideração o tempo gasto navegando em cada página, se houve interação, se foi feito algum compartilhamento ou visitas a links. Evidentemente, se a página for mais antiga, conhecida e trafegada, elas poderão naturalmente apresentar taxas maiores de rejeição. No entanto, observe: é uma taxa construída a partir de requisitos externos e que depende do tráfego. Isso quer dizer que não necessariamente a rejeição maior determinada pelo Google seja uma rejeição real ou que deva servir como único parâmetro. Por exemplo: se a página “Fale conosco” tiver poucas interações o Google pode entender como rejeição, mas isso pode significar na prática que os produtos estão “redondos”, ou sejam, têm qualidade, serviços bem prestados, com a cadeia logística organizada e eficiente. Assim, não há necessidade para muitos clientes de entrar em contato com a empresa e o que seria algo considerado negativo (rejeição) na verdade reflete algo positivo. 4 Ou caça-clique é um termo pejorativo que se refere a conteúdo da internet que é destinado à geração de receita de publicidade on-line, normalmente às custas da qualidade e da precisão da informação, por meio de manchetes sensacionalistas e/ou imagens em miniatura chamativas para atrair cliques e incentivar o compartilhamento do material pelas redes sociais. Fonte: Wikipedia. 010 3.2.6 Seguidores Em qualquer rede social, seja Facebook, Twitter ou Instagram, o número de pessoas que acompanham a página quer dizer algo próximo de nada, enquanto métrica de negócios. Ter muitos seguidores ou fãs nas redes sociais é interessante, mas não está diretamente relacionado ao sucesso de uma empresa, marca ou personalidade. A pessoa pode seguir e não interagir. Quem não faz isso? De todas as pessoas, empresas e marcas que você segue nas redes sociais, você interage e converte com todas? 3.2.7 Pageviews, ou “visualizações da página” O número de visualizações de uma página é uma métrica que não diz nada a respeito da evolução do site ou blog. Ao contrário de visitantes únicos, esse dado do Google Analytics pode estar equivocado e mesmo que fosse 100% correto nada pode ser decidido a partir dele. Um site pode ter 30.000 visualizações e 300 visitantes, ou 15.000 visualizações de 15.000 visitantes. São cenários diferentes que exigem atitudes diferentes. Existem outras métricas que podemos considerar como de vaidade, porém, esses exemplos já são suficientes para você entender “o espírito da coisa”. Basta sempre considerar a regra: se não ajuda a tomar uma decisão de negócios, talvez não seja a principal métrica a ser acompanhada! TEMA 4 – MUNDO DIGITAL: MÉTRICAS QUE IMPORTAM 4.1 Contexto Para que guardem melhor as métricas e compreendam seu contexto, apresento-as divididas em: Métricas de receita e vendas, Métricas de campanhas pagas, Métricas de marketing de conteúdo, Métricas de e-mail marketing. Métricas de receita e vendas 1. Retorno sobre investimento (ROI): Mostra qual foi o retorno sobre o valor investido. Fórmula 1 – ROI 011 ROI = Receita obtida – valor investido / valor investido 2. Custo de aquisição por cliente (CAC): Quanto a empresa gasta para conquistar um consumidor, seja para um serviço ou produto. Fórmula 2 – CAC CAC = Despesas + investimentos em marketing e vendas* / Número de novos clientes em um período *Inclua todos os custos envolvidos: investimentos em mídia, campanhas, vendas, salários etc. 3. Ticket médio: Explicita o valor que cada cliente gasta, em média, nos serviços ou produtos da empresa. Fórmula 3 – Ticket médio Ticket médio mensal = Receita do mês/ Número de clientes do mês Se o ticket médio estiver baixo, implemente estratégias para aumentá-lo, fazendo upselling e crosselling. Naquele, são ofertados produtos/ serviços/ vantagens adicionais (combo); neste, ocorre uma “venda casada”: determinado produto/ serviço é complementado, alavancado, melhorado com adição de outros itens. 4. Valor do tempo de vida do cliente (Lifetime Value ou LTV): Boa métrica para empresas de serviços recorrentes (assinaturas ou contratos), pois há dificuldade em saber se um cliente realmente está gerando lucro. O valor do tempo de vida do cliente ou Lifetime Value permite identificar o potencial de lucro de cada consumidor, fornecendo uma previsão de rendimentos. Fórmula 4 – LVT LTV = Ticket médio mensal x Tempo médio de retenção de cada cliente O ideal é que o valor do LTV seja pelo menos três vezes maior do que o CAC. Métricas de campanhas pagas 5. Taxa de Cliques (Click-through-rate ou CTR): A taxa de cliques diz respeito à real efetividade dos anúncios. CTR é utilizado em forma de porcentagem, seguindo a fórmula: 012 Fórmula 5 – CTR CTR (%) = (Número de cliques no anúncio/ Número de impressões) x 100 a. Custo por clique (CPC): Métrica utilizada em campanhas pagas por meio da qual é possível determinar o investimento feito para que cada internauta chegue à determinada página do site, como uma landing page, por exemplo. Ela serve também para avaliar quais versões dos anúncios estão apresentando uma melhor performance e quais devem ser descartadas. Fórmula 6 – CPC CPC = Custo da campanha / Número de cliques obtidos 6. Custo por Lead5 (CPL): Nem todas as estratégias de marketing digital buscam gerar leads. No entanto, em muitos negócios há a necessidade de se nutrir a relação entre entidade x internauta. Assim, conhecer o custo por lead é fundamental. Se o CPL for alto, é preciso que o ticket médio por cliente seja ainda maior. Portanto, esse é um número para ficar atento. Quanto mais baixo, melhor. Fórmula 7 – CPL CPL = Investimento total na campanha / Número de leads gerados Métricas de marketing de conteúdo 7. Taxa de conversão:6 Proporção entre o número de visitantes que se tornam clientes ou realizam uma ação considerada valiosa (fim) para a entidade. O cálculo da taxa de conversão depende do objetivo estipulado. Em geral, consiste na razão entre o número de visitas em uma página e o número de visitantes que de fato tomaram a ação desejada. 5 Leads podem ser definidos como pessoas (ou empresas) que entraram em contato com sua empresa e têm potencial para se tornarem clientes. Ou seja, lead é uma oportunidade de negócio que deve ser captada e cultivada para dar retornos efetivos. Fonte: https://endeavor.org.br/leads/. 6 Quando o usuário cumpre determinada ação que tenha um valor mensurável e importante para o negócio, ou seja, é uma oportunidade e o caminho para o que todos buscam no mercado: assinatura de newsletter, cadastro em uma promoção, download de um e-book, uso de versão teste de produtos e compra. 013 8. Visitas únicas: Essa métrica mostra a quantidade exata de usuários que visitam seu site, pois não contam as duplicidades de visita. É um número fundamental de ser monitorado, pois também permite saber a porcentagem de visitantes que retornam à uma página. Em geral, quanto mais pessoas estiverem retornando, melhor. Ainda assim, é importante manter um certo equilíbrio. 9. Tempo gasto no site: Explicita o tempo médio que cada usuário gasta em uma página/ site. A partir desses números, é possível descobrir e corrigir problemas que estejam afastando os visitantes ou impedindo-os de passar mais tempo no site. Métricas de e-mail marketing 10. Taxa de abertura de e-mail: A taxa de abertura revela a quantidade de pessoas de determinada lista que abriram um e-mail disparado. Para manter as taxas altas, o primeiro passo é escrever bons assuntos de e- mail. A partir dessa métrica você pode analisar que tipo de assunto mais atrai sua audiência. Além disso, fazer uma limpeza periódica da lista também ajuda. 11. Taxa de cliques em e-mail: O nome já diz tudo. A partir dessa métrica é possível testar diferentes formatações para ver qual surte mais efeito. Por exemplo: inserir uma maior quantidade de links ao longo da mensagem; incluir um botão colorido com um call-to-action (CTA); colocar imagens com links no corpo do e-mail; e assim por diante. Depois de conhecer as métricas de marketing digital mais utilizadas, é preciso pôr a mão na massa. Esse é um processo indispensável na gestão digital e que faz toda diferença. Quem costuma mensurar, acaba extraindo insights e oportunidades que podem ser valiosas. Com a prática, as ideias e percepções são geradas mais rapidamente, estabelecendo resultados em menos tempo, utilizando menos recursos. Vale a pena, acredite! FINALIZANDO Infelizmente, chegamos ao fim da nossa disciplina de Estratégia de Marketing na Era Digital! Foi um prazer imenso poder compartilhar com vocês um pouco do que sei e receber tantos feedbacks ao longo do curso. Como disse em alguns momentos no decorrer das aulas, em especial na parte de estratégias, o 014 conteúdo foi aqui apresentado a partir de um ponto de vista estratégico, ou seja, amplo e não detalhado. Isso porque para abarcarmos tudo do marketing digital, seria necessário pelo menos um ano inteiro de forma intensiva! O objetivo foi dar a você uma visão geral do que é o marketing digital, sua importância, onde ele se encaixa e o que pode fazer pelos negócios. Com este entendimento agora, você, que for atuar na área, deve continuar persistindo, estudando, especializando-se e, principalmente, praticando muito, pois a cada dia uma novidade surge. Esperamos ter ajudado a dar o pontapé inicial para esse mundo digital (novo para alguns, nem tanto para outros) e desejo que você siga em frente com muito sucesso nas escolhas que fizer. Conte conosco. Um grande abraço! 015 REFERÊNCIAS ADOLPHO, C. Os 8 Ps do marketing digital. 8. ed. São Paula: Novatec, 2017. E-TALKS – Métricas nas Mídias Sociais. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=aDJNcTbHa4Q>. Acesso em: 27 jan. 2018. FARRIS, P. et al. Métricas de marketing. 2. ed. Porto Alegre: Bookman, 2012. KOTLER, P. et al. Marketing 4.0: do tradicional ao digital. 1. ed. São Paulo: Sextante, 2017. O QUE é conversão? Nova Escola de Marketing. Disponível em: <https://novaescolademarketing.com.br/marketing-de-conteudo/marketing-digital- o-que-e-conversao/>. Acesso em: 27 jan. 2018. TURCHI, S. Estratégias de Marketing Digital e e-commerce. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012. AULA 5 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 02 CONVERSA INICIAL Olá! Vamos tomar fôlego, pois nesta aula veremos uma das partes mais importantes e extensas desta discilplina: as estratégias digitais! Lembra-se do sentido de ferramentas + usuário = escolha da estratégia? Até aqui, vimos as ferramentas existentes e falamos sobre o usuário. Agora, conforme nosso esquema, chegamos ao momento de falarmos sobre as estratégias, no qual você conseguirá visualizar como tudo o que falamos anteriormente (usuário e ferramental) afeta a escolha de cada uma delas. CONTEXTUALIZANDO A definição das estratégias de marketing é o ponto no qual o gestor tem a oportunidade de mostrar se é bom ou não. O que difere um bom gestor dos demais é, evidentemente, o resultado positivo das ações por ele determinadas. No entanto, é necessário lembrar que essas ações são, sem dúvida, fruto de um planejamento estratégico de marketing geral. Sem isso, as estratégias digitais são ações perdidas, isoladas e que no conjunto não apresentam resultados consistentes. Já comentei com vocês na primeira aula que é preciso desenvolver um plano de marketing, conhecer as ferramentas para depois determinar as estratégias e plataformas (online e/ ou offline). Lembrando disso, convido vocês a conhecerem cada uma das estratégias digitais possíveis dentro do universo tecnológico em que vivemos atualmente: começaremos com as estratégias de presença digital, depois veremos as mobile (dispositivos móveis), as de e-mail marketing, seguiremos para redes sociais e, por fim, conheceremos as estratégias de busca. Quero frisar que essas estratégias não são necessariamente implementadas de forma isolada; elas podem (e até devem) ser combinadas entre si, dependendo do objetivo. Aqui elas serão apresentadas de forma separada apenas por uma questão didática. TEMA 1 – ESTRATÉGIAS DE PRESENÇA DIGITAL Como o próprio nome já diz, são estratégias que sinalizam a presença de uma empresa, marca, produto, serviço, celebridade etc. nos meios digitais. Da mesma forma que eles se fazem conhecer/ lembrar nos meios offline, também podem estar no meio online. Dependendo do perfil e do público, estar no meio 03 online é vital. Não ter presença digital significa não existir no mundo virtual, o que para alguns tipos de negócios é o mesmo que simplesmente não existir. Para facilitar, podemos fazer uma analogia: uma empresa que não tem presença digital equivale a uma empresa, que no meio físico (offline) não tem endereço, marca, contato, ou seja, não existe. Existem três tipos de presença: Presença Própria: é estar presente por meio de conteúdos construídos e mantidos pela própria entidade,1 como seu site, blog, perfil em rede social, aplicativos, jogos ou filmes “autoconstruídos”; Presença Gratuita: conteúdosganhos de forma orgânica, natural, por meio de resultados de busca orgânica oriundos de visitas, comentários, interações e menções de usuários, clientes e curiosos nas redes sociais; Presença Paga: como o próprio nome diz, quando a presença se dá por meio do pagamento de ativos digitais, como anúncios em banners, links patrocinados e qualquer tipo de conteúdo pago. A presença digital, assim como a presença da entidade no mundo físico, deve estar alinhada com seu posicionamento e os seus objetivos. Antes mesmo de se desenvolver qualquer estratégia digital, é preciso primeiro estar presente no ambiente virtual que propicie o desenvolvimento dessa estratégia. Pode parecer loucura isso, mas há entidades que desenvolvem estratégias sem mesmo estar presente no ambiente virtual de forma completa/ estruturada. Quando o cliente entra em contato com uma estratégia bacana, como de realidade virtual aumentada, por exemplo, ele acha o máximo, adere. A estratégia despertou a curiosidade dele, mas ao visitar o site da empresa via celular, percebe que, via mobile, não consegue navegar ou que as funcionalidades são limitadas. Essa pode ser uma falha bastante comum. Mas vocês, meus alunos, sabendo disto, vão tirar de letra, não é mesmo? 1.1 Tipos de conteúdos digitais Para que vocês, como gestores, garantam que sua entidade tenha presença digital, segue uma lista dos principais tipos de conteúdo que podem ser criados/ elaborados/ trabalhados: 1 Entidade aqui é o termo que poderá designar ao mesmo tempo empresa, marca, celebridade, pessoa. 04 Páginas digitais (tanto para desktops quanto para dispositivos móveis): sites, minissites, hotsites, portais, blogs (presença própria); Páginas em Redes Sociais: Ter um perfil no Facebook, Twitter, LinkedIn etc. (presença própria); Criação e desenvolvimento de games, conteúdos e aplicativos pela própria entidade (presença própria); Qualquer outro tipo de conteúdo digital criado com a marca da entidade (presença própria); Banners e anúncios em páginas de buscadores, de terceiros de redes sociais, e-mails, portais, blogs (presença paga); Aparecer nos resultados de buscas orgânicas – geralmente é fruto de um trabalho de criação de conteúdo consistente, abertura para interação com usuários, clientes e outros em páginas por meio de espaço para comentários, publicações etc. (presença gratuita); Comunicados digitais enviados pelas empresas (e-mail marketing) – presença própria; Buzz em redes sociais gerados espontaneamente (presença gratuita). A escolha das melhores plataformas para se estabelecer a presença digital depende do tipo de negócio da empresa, imagem de marca e o seu posicionamento. Também é preciso levar em consideração as questões de controle das presenças própria e paga, que diferem entre si. As presenças próprias e pagas são mais fáceis de controlar, pelo menos em termos do conteúdo que é liberado e divulgado pelas entidades. Já a presença gratuita é impossível controlar, visto que é fruto da percepção, interatividade (comentários/ avaliação) de terceiros. Empresas com muitos produtos/ serviços geralmente precisam de mais de um site para poder detalhar característica de produtos; empresas pequenas e pessoas físicas (profissionais liberais, prestadores de serviços) são satisfeitos com a criação de um blog, ambiente propício à interatividade e criação de engajamento. Para empresas B to C (Business to Consumer) é interessante estar em redes sociais, como o Facebook, por exemplo, pois ali seus clientes e possíveis clientes estão interagindo e buscando informações. Já para empresas B to B (Business to Business), redes como o LinkedIn ou Twitter podem ser mais interessantes. Negócios que estão atrelados a um local, como museus, restaurantes, casas de shows etc., podem fazer uso de estratégias mobile, por 05 meio de celulares, já que a localização e a qualidade de interação são primordiais para interagir com este tipo de negócio. O modo mais interessante para pessoas criarem sua presença digital é por meio de perfis em redes sociais e/ ou blogs. Pode também ser uma estratégia válida para determinadas empresas, por meio da criação de conteúdo que interesse seus públicos. Criar blogs que abordem temas de interesse e não apenas enfoquem em venda de produtos e serviços específicos contribuem para o engajamento, podendo trazer alguns benefícios. Enfim, como disse anteriormente, tudo depende do negócio e seu posicionamento. Tendo isso em mente, um caminho a seguir rumo ao mundo virtual é, primeiro, escolher uma estratégia de presença digital. São basicamente quatro as estratégias utilizadas: e-mail marketing, mobile marketing, marketing em redes sociais e marketing de busca. Vejamos a seguir. TEMA 2 – ESTRATÉGIAS MOBILE Conforme falamos na Aula 3, quando abordamos as ferramentas de tecnologia móvel, o mundo está mudando e a Internet das Coisas é o novo paradigma deste tempo. Os aparelhos de tecnologia digital, em especial os celulares, já são uma extensão de nossos corpos. Praticamente não há distinção por onde vem a informação: se originada pelo próprio usuário, vinda por meio de tags de rastreamento ou de dispositivos de geolocalização. Pessoas, coisas e até animais estão ligados à grande rede de computadores. 2.1 Rápido contexto Para você que poderão atuar ou atuam com marketing digital, devem ter em mente que quando se fala em dispositivos móveis, estamos falando não apenas de celulares, mas de tablets, PDA´s (assistente digital pessoal, como palm tops), book readers, tags, GPS, console de jogos etc). Todas essas tecnologias são alavancadas pelo movimento migratório cada vez mais crescente do desktop para as plataformas móveis, similar ao ocorrido anos atrás da televisão para o computador pessoal. A mobilidade tende a avançar cada vez mais, com o ser humano utilizando, ou melhor “vestindo” o computador aonde quer que vá. Nesse contexto, é importante notar que os objetivos de navegação são diferentes dependendo dos meios pelos quais a informação é acessada. A 06 informação que se busca via desktop é diferente da procurada via web móvel. Os tipos de informação que as pessoas buscam quando estão em mobilidade são: Localização e horários de funcionamento; Preços e detalhes sobre produtos/ serviços; Promoções; Informação de contato. 2.2 Elementos mobile Como dito anteriormente, não se pode pensar em estratégias mobile de forma isolada, mas, sim, como parte de uma estratégia ampla de marketing. Com a crescente acessibilidade de dispositivos móveis, como o celular e a banda larga, as operações e acessos quando em mobilidade cresceu muito nos últimos anos e crescerá ainda mais. Com isso, as possibilidades de uso, interação e integração de plataforma alavancará a possibilidade de estratégias mobile. O céu e a criatividade de gestores e analistas são o limite. Alguns conceitos fazem parte desse contexto e sua combinação é que fazem as estratégias. Alguns deles: Web e sites móveis: A web móvel é o conteúdo da rede acessado via dispositivo móvel, assim como os sites móveis. É preciso criar sites otimizados para as plataformas móveis. Muitas vezes, um site é lindo, rápido quando acessado pelo desktop, mas via mobile não roda, é lento ou não permite abrir algumas funcionalidades. Adequação à natureza da plataforma é essencial! Por isso, as dicas para que um site seja otimizado para as plataformas móveis são: otimizar pensando no usuário (de quais aparelhos acessam, porque utilizam o site móvel, qual navegadorpreferem etc.), escolher baseado no tipo de experiência que o usuário quer ter (não apenas por modismo), deixar contato (telefone, redes, e-mail), otimizar o processo de busca para site móvel, que é diferente do site tradicional; Aplicativos: Permitem uma série de experiências ao usuário por meio de câmeras (vira scanner para vários tipos de usos como leitor de código de barras bidimensionais (QRCodes), reconhecimento de imagens, faces e cores via realidade aumentada, por exemplo), GPS e acelerômetro (efeitos para jogos e interatividade); Display: Essa é a era do display. Independentemente da plataforma, é preciso lembrar que com a quantidade imensa de telas, apenas quem 07 apresentar conteúdo relevante e em sintonia com os públicos vai alcançar seus objetivos. E-commerce: Palavra de ordem e emblemática quando se fala em estratégia mobile. Além das funcionalidades necessárias para o site, contatos e interações, uma questão importante se refere aos sistemas de pagamento, que trazem conveniência, sustentabilidade e necessidade de otimização dos dispositivos. Fazem parte das estratégias de mobile payment mencionadas a seguir. 2.3 Estratégias A seguir, algumas sugestões de estratégias possíveis utilizando dispositivos e tecnologias móveis. Anotem! Programar um Site Mobile: Fazer um site otimizado (leia-se adaptado ao dispositivo móvel, conforme mencionado anteriormente) que dará continuidade à experiência do site via desktop. Aqui, o usuário visitará a loja para consultar preços e promoções, em especial quando estiver fisicamente próximo. Buscará a localização exata ou telefone de contato. Utilizar Tags, como QR Code: Conexão entre os canais de marketing disponíveis. Ex: Acesso a conteúdo de anúncios impressos para a tela, acessos da tela para o sistema de pagamento em caso de compras (e- commerce) por meio do uso de tags, como o QR Code. Short Code: caso pretenda realizar alguma ação promocional, esse é o novo caminho, o usuário manda um SMS (com a mensagem que desejar) para participar de uma ação promocional. Aplicativos: Desenvolvidos para interação ou como meio de acesso aos serviços e produtos, típicos de negócios predominantemente ou exclusivamente digitais. Torpedo de Voz: Atendimento via mensagem de voz. A interação do usuário se dá teclando números que o direciona para serviço específico (diminuição de custos de call-center). SMS e Bluetooth: Pode ser usado para campanhas de resposta rápida, tanto virtuais quanto offline. Ex: Ações promocionais usando bluetooth, com envio de mensagens a usuários em tempo real; Mobile Payment e Mobile Ticketing: São estratégias sustentáveis, pois permitem a compra de bilhetes, ingressos online, seguido do envio de código numérico ou QRCode, fazendo com que a impressão de um 08 comprovante não seja mais necessária. Ele é estratégico quando se tem clientes engajados na causa da natureza e/ ou que prezam pela absoluta praticidade e conveniência. As formas de pagamento mobile incluem pagamento via SMS, pagamento via site móvel, via RFID2, cobrança na conta do celular etc. TEMA 3 – ESTRATÉGIAS DE E-MAIL Apesar de parecer um pouco obsoleto, o e-mail e sua consequente utilização para fins de estratégia digital ainda são bastante úteis, em especial no que tange ao compartilhamento de assuntos extensos ou quando é preciso conectar dados de comunicação com banco de dados para permitir o rastreamento e continuidade de ações de relacionamento. Ele continua sendo uma das principais ferramentas de relacionamento e compartilhamento de informações. As pessoas continuam compartilhando dados por e-mail e os links de e-mail são os que apresentam as maiores taxas de conversão e engajamento. Por isso, sem dúvida tem seu lugar reservado entre as estratégias digitais! 3.1 Características Basicamente, o e-mail marketing é uma prática ética de envio de mensagens via e-mail para atingir objetivos de marketing. Ele apresenta as seguintes características: Permissão e ética: deve ser feito com a permissão de quem recebe (Opt- in), deixando uma opção de cancelamento ao receptor (Opt-out)3. Mensuração e rastreamento: permite saber quem recebeu, quem abriu, quando, quantas vezes; assim é possível haver o rastreamento de interações entre entidade/ cliente. Integração de plataformas: ele permite que botões CTA4 direcionem ações às mídias escolhidas, que podem ser sites, redes sociais, portais etc. É também uma opção de recebimento de mensagens de assinatura em 2 Radio Frequency Identification – sensores aplicados a um objeto para rastreá-lo por meio de ondas de rádio, lembram? Vimos na Aula 3 em tecnologias móveis. 3 Opt-in é quando a pessoa opta, concorda em receber um conteúdo de determinado remetente; Opt-out quando ela pode optar por deixar de receber conteúdos e mensagens antes desejados. Política ética. 4 Call to Action: do inglês, “chamada para ação”. Botão com comando para que o usuário tome uma atitude descrita nele mesmo. Ex: Matricule-se já, Compre agora, Cadastre-se aqui etc. 09 RSS feeds de sites e blogs. É uma excelente opção para costurar assuntos e criar conexões entre diversas mídias. Preço baixo. Multimídia: permite o emprego não apenas textual, mas também de imagens, vídeos e sons. Riqueza de conteúdo: devido à precisão em função da segmentação, é possível o aprofundamento de conteúdo, com informação variada e rica para a audiência. Alta difusão: possibilidade de se enviar mensagens a um grande número de pessoas de uma única vez e também de encaminhamento. Assim, acaba sendo uma excelente opção para fazer promoções, propagação de descontos, campanhas etc. Conveniência: pode ser lido a qualquer tempo independente de quando recebido, guardado e armazenado por tempo indeterminado, lido quantas vezes necessário, sem prazos ou limitações Relacionamento: por todas as características listadas acima, acaba sendo uma excelente ferramenta de relacionamento. A possibilidade de proliferação, interação entre mídias, facilidade de acesso além da questão ética e de permissão que são a base dos relacionamentos fazem com que tais estratégias sejam facilitadas e bem-sucedidas. 3.2 Cuidados Todas as características anteriores deixam clara a importância e utilidade do e-mail marketing para o marketing de relacionamento. Além de suas vantagens caraterísticas, para que seja bem-sucedida, alguns cuidados devem ser tomados. Eles envolvem questões de ética, relevância, filtros e as landing pages. Alunos, lembrem-se: as ações de e-mail marketing devem ser éticas, isto quer dizer, seguir a regulamentação vigente, que entre várias coisas fala essencialmente sobre pedir permissão para enviar conteúdo e abortar o envio caso o receptor manifeste essa vontade. Com relação a isso, existe o Capem (Disponível em: <www.capem.org.br/>. Acesso em:27 jan. 2018.), que é um código de auto-regulamentação para prática do e-mail marketing. Anotem nas agendas e consultem depois. Além disso, tenham em mente ser essencial que ações de e-mail marketing tragam mensagens e conteúdos relevantes para quem as recebe. Mensagens com pouca relevância não serão abertas, visto que as 010 pessoas têm atenção pulverizada entre as várias mensagens da caixa de e-mails e de outros meios sociais. Em relação aos filtros, instalados para evitar spams, é preciso conhecer as regras de bloqueios nos servidores e sistemas de e-mail para fazer mensagens adequadas e evitar ser considerado lixo eletrônico. É necessário ouso de ferramentas profissionais, instaladas em servidores na web (e não no desktop de quem manda a mensagem) que façam a mensuração de cada envio. Por fim, o cuidado em relação às landing pages é que estas sejam uma extensão coerente da mensagem de e-mail marketing. As landing pages, ou páginas de aterrissagem, são aquelas em que o usuário chega após clicar num link ou banner digital, num resultado de busca ou e-mail marketing. Nessa última opção, elas devem ser uma extensão deste, a fim de alavancar conversões (resultados almejados, em geral, vendas). 3.2 Considerações O e-mail continua sendo a mídia de preferência de modo geral, inclusive para leitores de blogs.5 Quando é perguntado como preferem receber notícias sobre os blogs que assinam, 44% preferem leitores de RSS feeds, enquanto 47% preferem receber as notícias por e-mail. Em relação à internet móvel, o e-mail marketing também domina o tempo gasto neste tipo de atividade, segundo pesquisa da eMarketer de 2013. Um cenário cada vez mais comum, tanto em função da tecnologia, quanto pelas questões econômicas, é a migração do uso de mídias tradicionais para mídias digitais mais baratas. Segundo Martha Gabriel (2016), as principais plataformas digitais de marketing utilizadas são as redes sociais, as newletters (por e-mail e busca), e o e-mail marketing. São mídias mais baratas e que apresentam resultados consistentes. A combinação de ações em redes sociais e e-mail marketing é tendência em crescimento, segundo pesquisa da StrongMail,6 uma vez que se observa que usuários de redes sociais tendem a usar mais o e- mail que os não usuários. O e-mail marketing é também social, inclusive existem algumas ferramentas que integram redes com e-mail, como pode se ver em <http://www.theemailguide.com/mail-marketing/top-10-twitter-email-tools/> 5 Informação retirada do artigo “Users stills sharing by e-mail” (eMarketer, 2011). 6 <https://www.emarketer.com/>. 011 (Acesso em: 27 jan. 2018). Portanto, meus alunos, tenham em mente que o caminho é a integração entre e-mail marketing e redes sociais! 3.3 Aspectos para definição de estratégias e sugestões de integração Então, a partir do que foi dito anteriormente, o e-mail marketing é uma poderosa ferramenta que, junto das redes sociais, pode constituir estratégias muito bem-sucedidas. No entanto, seu uso deve observar alguns aspectos importantes: Conhecer bem os objetivos de marketing, público-alvo, produto, marca, pois a partir disso são definidos, além de outras coisas, o conteúdo da mensagem, detalhamento, tom, quantidade (quando enviar e quantas vezes), tipos de mídias, (textual, visual, sonora etc.), janelas de visualização;7 Característica da plataforma a ser utilizada, já que itens como velocidade de carregamento, processamento de dados, visualização, diferem entre elas (celulares, desktops etc.); Como fazer para obter as permissões de envio, determinar políticas de privacidade da base de dados; Alinhamento com demais estratégias da entidade (empresa, instituição, marca, pessoa física); Determinar ferramentas de envio/ disparo; Ter uma boa equipe para design de Landing Pages. Tendo isso em mente, é possível pensar nas formas de integração que viram estratégias de e-mail marketing: Criação de ofertas exclusivas em redes sociais, como o Facebook e o Twitter apenas para assinantes de e-mail; Inclusão de botões CTA (Call to action) nos e-mails que levem a páginas de sites, ou links exclusivos para geração de leads ou conversão; Acesso a promoções exclusivas das redes por meio de e-mail; Inserção de vídeos no corpo do e-mail; Divulgar, via e-mail, ganhadores de promoções/ competições/ enquetes realizadas em plataformas de redes sociais; 7 Termo que se refere ao tempo que decorre entre o recebimento de uma mensagem e a ação por parte do receptor. 012 Twittar a respeito de conteúdos exclusivos que estejam à disposição apenas de assinantes de e-mail; Capturar endereços de e-mail por meio de conteúdo relevante disponibilizado via link em redes sociais; As opções são inúmeras! Para finalizarmos, quero lembrar que existem ferramentas pagas (sim, pagas, infelizmente) mas que são excelentes para enviar e-mail marketing como “Topica Inc”., “ExactTarget”, “Constant Contact”, “Carteiro Express”, “Email Marketing LocaWeb”, “UolHost Email Marketing”, “EasyMailing Dinamize” entre outras. Há algumas opções gratuitas, que não possuem todas as funcionalidades das pagas, mas que são uma opção para quem está começando: MailChimp e PhPList. TEMA 4 – ESTRATÉGIAS PARA REDES SOCIAIS Desenvolver estratégias para as redes sociais nada mais é do que utilizar as plataformas de redes sociais de forma estratégica para se alcançar objetivos específicos de marketing. Antes de determinar qualquer estratégia, incluindo uma mídia, é preciso fazer um plano antes, no qual deve constar quais são os objetivos, o público-alvo, produto/ serviço, mercado, ambientes, enfim, tudo aquilo que foi visto na aula 1, de introdução. Além disso, é preciso conhecer as características de cada plataforma de rede social, pois cada uma delas têm suas particularidades e atributos específicos. Não é possível utilizar com eficiência uma ferramenta sem antes conhecê-la a fundo. É importante frisar que o foco do que veremos aqui é estratégico, e será tratado em apenas uma aula, portanto, não cabe aprofundar o estudo de cada uma das plataformas, uma vez que seria preciso um livro para abordar as particularidades de cada uma delas. Aqui, vocês terão uma visão geral que lhes dará um norte para que saibam aquilo que vão precisar e buscar por conta própria. 4.1 Ambientes Sociais Para começarmos, vamos falar sobre os ambientes sociais no mundo digital. É importante levá-los em consideração, pois oferecem um norte na escolha das estratégias em função dos objetivos desejados. Eles existem e são caracterizados em virtude de sua capacidade viral e analítica. A viral diz respeito à capacidade do ambiente de alcançar e impactar o maior número de pessoas; a 013 analítica diz respeito à capacidade de chamar atenção e engajar por meio da relevância e credibilidade. São 5 os tipos de plataformas que correspondem a esses ambientes: Microblogs – ex: Twitter – força viral – conteúdo se espalha rápido e de grande alcance; Blogs – ex: Qualquer blog especializado que você conheça – força analítica – relatos mais detalhados, específicos e de conteúdo relevante para quem lê; Redes Sociais – ex: Facebook, Orkut, LinkedIn – força analítica – debate e troca de informações sobre determinados temas/ áreas de interesse; Redes Virais – ex: Youtube, Flickr, Vimeo – força viral – acessos via arquivos de imagem e som rápida, pontual; Imprensa on-line – ex: Sites de notícias – força analítica – oferecem conteúdo de interesse geral e específico; a qualidade e veracidade da informação são essenciais. Além de observar as capacidades analítica e viral dos ambientes, outro fator importante é compreender o comportamento humano. Os ambientes online e offline diferem enquanto meio, representam formas diferentes de se relacionar, no entanto, as pessoas têm um mesmo padrão de comportamento nos dois. Um exemplo disso nos traz à comparação das taxas de retenção nos perfis de redes sociais (60% de abandono) com as baixas taxas de retenção em academias e cursos de idiomas – as pessoas pagam o semestre, o ano e muitas vezes pouco aparecem. Verdade ou não?4.2 SMM e SMO O SMM (Social Media Marketing) ou marketing nas redes sociais, é o processo de promover entidades (empresas, negócios, instituições, pessoas, marcas) nas redes sociais, por meio da atração ao site dessas entidades, envolvendo tanto ações externas (offpage) quanto internas (onpage). As ações internas são as que conhecemos como SMO (Social Media Optimization), pois têm por objetivo otimizar as plataformas digitais. As ações offpage, ou de SMM, atuam fora do site, focando nas redes sociais usando técnicas para a criação e distribuição de conteúdo na forma de marketing viral, conhecido como WOMM (Word of Mouth Marketing). São exemplos dessas ações externas (offpage) ao site: 014 Criação de conteúdo relevante e interessante, assim, aumentam o número de pesquisas, comentários, interações, podendo, inclusive, chegar a sites como o Digg8, em que se compartilha livremente links de sites e posts que os internautas gostam – faz muito sucesso! Postar vídeos no YouTube e outros sites de mídias sociais; Participar de comunidades online de forma direta ou por meio de avatares9 nas quais o público-alvo está interagindo. O SMM é importante nos processos de branding10 e de relacionamento, pois suas ações são determinantes no sentido de deixar claro ao público-alvo quem é, como atua, o que faz, como, porquê e para quem durante as interações. Ao escolher as mídias sociais, os influenciadores, os produtos, conteúdos e comunicação, as entidades (em especial as marcas) estão comunicando sua personalidade e posicionamento ao mesmo tempo que se relacionam de forma intensa com seus públicos. Além disso, o SMM é importante nas estratégias de busca, porque é uma das melhores formas de obter legítimos links de popularidade e reputação para o site e suas páginas. Os canais de mídias sociais são indexados pelos buscadores, aparecendo nos resultados de busca; também os posts mais populares conseguem excelentes posições no ranking dos sites de busca instantaneamente. Tudo isso favorece o marketing de busca (que veremos a seguir). 4.3 WOMM Todas as estratégias marketing em redes sociais se baseiam no relacionamento entre pessoas. Uma das mais interessantes é a WOMM (Word of Mouth Marketing) ou marketing boca a boca. A ideia é a mesma do boca a boca offline, um grande telefone sem fio, que nesse caso tem as informações transmitidas via redes sociais e outros meios digitais. O WOMM está relacionado a vários termos semelhantes que você provavelmente já ouviu falar por ai: Buzz 8 Digg é um site norte-americano que reúne links para notícias, podcasts e vídeos enviados pelos próprios usuários e avaliados por eles. Combina social bookmarks, blog e feed. Faz parte da rede de sites pertencentes a Web 2.0. – Fonte: Wikipedia. 9 Representação projetada do usuário dentro do ambiente virtual por meio de um personagem que interaja com ele. Pode buscar a representação na íntegra do usuário no ambiente virtual projetado. Ex: Lu da cadeia varejista Magazine Luiza. Fonte: Adaptado de Wikipedia. 10 Conjunto de ações que visa criar uma imagem coerente da marca; coerência significa o público alvo conseguir ter em mente muito claro o posicionamento e características daquela marca, pois é impactada de forma regular em todas as interações com a mesma, seja na comunicação (tom, conteúdo, forma, personagens, tipo de interação), no produto/serviço, atendimento, lay out ,no pós venda, etc. 015 Marketing (Ações que fazem com se fale muito sobre uma marca, gerando um “buzz”, ou burburinho), Marketing Viral (ações que chamam tanto a atenção que acabam sendo espalhadas de forma exponencial), entre outros, como Community Marketing (comunidades de nicho com interesse em compartilhar informações sobre assunto específico, ex: clube de fãs e fórum de discussões), Influencer Marketing (uso de celebridades digitais para gerar mais interessados numa entidade, geralmente marca – influenciadores), entre outros. Seria necessário um capítulo grande a parte apenas para falar do WOMM, dada a quantidade de opções de viralização e suas características. Como esta disciplina é estratégia, não é o foco detalharmos todas as opções aqui, mas, sim, deixá-los com uma visão geral dos conceitos mais importantes, assim vocês têm condições de ir encaixando conteúdos e especificidades à medida que novos termos vão surgindo. O mais importante agora é conhecer e compreender do que se trata o termo WOMM e saber que o trabalho de desenvolvimento de ações de viralização de conteúdo faz parte de estratégias de SMM (Social Media Marketing). 4.4 Estratégias Pessoal, lá vou eu bater na mesma tecla: para se alcançar os resultados que queremos enquanto gestores de marketing digital, primeiro temos que elaborar um plano de marketing completo, com foco nos objetivos e posicionamento da entidade (empresa, marca, instituição, produto/ serviço, pessoa física). Esse plano vai ajudar também a mensurar, controlar e ajustar as ações (como veremos na última aula). Então, anote a ordem: depois de fazer a análise estratégica, deverão ser definidos os objetivos de SMM e depois as ações de otimização onpage (SMO), simples não? Para finalizarmos, segue uma lista de estratégias SMM e SMO. 4.4.1 Estratégias SMM (offpage) As estratégias SMM são um conjunto de ações que ocorrem fora das páginas do site, geralmente dentro das redes sociais. O objetivo principal é conseguir espaço nas mídias sociais. São estratégias voltadas especialmente a relacionamento devido ao fato de as funcionalidades de design e tecnologia das plataformas serem limitadas. São elas: Conteúdo: Criar conteúdo interessante e relevante para os públicos, atentando para as plataformas por onde possam ser espalhados de forma 016 que sejam facilmente transferidos e transmitidos (arquivos PDF, de vídeo e áudio) e favorecendo para que sejam distribuídos por meio das redes sociais; Participação: as entidades devem interagir com seus públicos, mas de forma inteligente. Isto quer dizer, pesquisar e conhecê-los antes, para evitar gafes, mal-entendidos e erros que poderiam ser evitados. Na rede, todo cuidado é pouco, pois se você interagir de forma errada, todos os esforços serão em vão. Principalmente se atingir líderes de comunidades e formadores de opinião. É difícil resgatar relacionamentos e a rede detecta rapidamente a falsidade. Portanto, é necessário interagir, mas conhecendo muito bem o interlocutor e estar alinhado com a linguagem, valores e propósitos. Capital Social: Promover a atuação nas redes, mantendo e alavancando o capital social por meio de atuação relevante. Trazer conteúdo que se encaixe no perfil do público-alvo (e não apenas aquele vinculado ao negócio) de forma desinteressada. Conteúdo relevante promove a marca, imagem, traz interação espontânea e fortalece o capital social nas redes. 4.4.2 Estratégias SMO (onpage) São conjuntos de ações que visam a otimizar todos os aspectos possíveis do site, facilitando sua visualização, promoção, divulgação e compartilhamento. Por ocorrerem dentro do site, envolvem diretamente as áreas de marketing, tecnologia e design. Esses aspectos precisam estar alinhados para que os resultados apareçam! Vamos a elas (as estratégias): Mais uma vez ele, o conteúdo: Criação de páginas com conteúdos interessantes, criativos e originais, usando uma isca (link bait) que atraia naturalmente cliques para a página. A isca deve ser boa a ponto de as pessoas falarem, discutirem em fóruns, colocarem em blogs, no Digg, del.icio.us11, Twitter etc. Para criar essa isca,é preciso um gancho popular: ataque, notícias, oposição, humor. Links: Facilitar e disponibilizar links para as pessoas e páginas que fazem link com a página em questão. É uma forma de retribuição de links que faz 11 Serviço de Social bookmarks que oferece um serviço on-line, que permite adicionar e pesquisar bookmarks sobre qualquer assunto. Mais do que um mecanismo de buscas para encontrar o que se quer na web, é uma ferramenta para arquivar e catalogar os sites preferidos para acessá-los de qualquer lugar. Fonte: Wikipedia. 017 crescer o capital social entre parceiros. Isso mesmo, estabeleça parcerias que divulguem seu link e vice-versa. Da mesma forma como se indicam serviços e produtos no mundo offline, é possível fazer o mesmo online, por meio da retribuição de links. Marcadores – Bookmarking, Feeding, Tagging: Facilitar o processo de marcadores de páginas (no caso para a sua), disponibilizando em sua página links para o Digg, del.icio.us, RSS feed12. No caso de blogs, existem ferramentas que facilitam o usuário a twittar posts da página, como o TweettThis, que é um plug-in13 para o WordPress14 que permite twittar automaticamente a partir da página. Essa é uma excelente estratégia na qual você ajuda o usuário a ajudá-lo. TEMA 5 – ESTRATÉGIAS DE BUSCA O Marketing de Busca é o processo de utilização dos sites de busca (Google, Yahoo, Bing etc.) a fim de promover e/ ou aumentar o tráfego de uma determinada página na internet. É também comumente conhecido como SEM, sigla de Search Engine Marketing e envolve todas as ações internas (onpage) e externas (offpage) ao site a fim de otimizá-lo. As ações internas ao site feitas com esta finalidade são conhecidas como SEO, ou Search Engine Optimization. 5.1 Estratégias de SEM As estratégias de SEM podem ser realizadas onpage (dentro da página do site) e offpage (em outros ambientes, como mídias sociais). Vejamos a seguir cada uma delas: Links Patrocinados: Estratégia de compra de palavras-chave para que um anúncio apareça em posição privilegiada no resultado de busca paga. Apenas quando o anúncio é clicado é que o anunciante será cobrado. Assim, as campanhas de links patrocinados são conhecidas como campanhas de Pay-Per-Click. O Google também apresenta links 12 Leitor de feed de notícias que permite aos usuários da internet se inscreverem em sites específicos que disponibilizam este programa, para receberem notícias na medida em que as mesmas são atualizadas. Fonte: emailmanager.com. 13 Programa de computador usado para adicionar funções a outros programas maiores, provendo alguma funcionalidade especial ou muito específica. Geralmente pequeno e leve, é usado somente sob demanda. Fonte: Wikipédia 14 Aplicativo de sistema de gerenciamento de conteúdo para web, voltado principalmente para a criação de sites e blogs via web. Fonte: Wikipédia. 018 patrocinados em sites e blogs da rede de parceiros associados em função do conteúdo que apresentam. WOMM, SMM, SMO: Estratégia de otimização em redes sociais juntamente com redes sociais, bookmarkers, RSS feeds, Digg, del.icio.us de forma a atrair links para o website. Isso porque a atração de links é entendida pelos buscadores como relacionamento e sites que se relacionam são mais relevantes que os isolados. Construção de Links: Associação/ parcerias com empresas e sites para indicação de links – construção de links reciprocamente ou de sentido único. Link Baits: São estratégias que funcionam como iscas de links, na qual as pessoas fazem links para uma página a partir de seus sites devido ao fato daquela ter conteúdo relevante, criativo, provocante de forma que as pessoas falem sobre em fóruns, blogs, grupos, insiram no Digg, del.icio.us etc. Press Releases: Feitos em sites de relações públicas, são bem-avaliados e são um ótimo meio para se obter links. Afiliação: Afiliar-se a um programa como o da Amazon para conseguir links para determinado site. 5.2 SEO Como mencionado anteriormente, a otimização dos mecanismos de busca (SEO) é o conjunto de ações feitas dentro do site para promovê-lo e aumentar seu tráfego. São ações que requerem paciência, porque depois de otimizada, a página pode demorar de 15 dias a mais para ser indexada (encontrada e avaliada) pelos buscadores. Como técnica, o SEO depende das palavras-chave escolhidas para melhorar o posicionamento. A escolha deles é de fundamental importância, constituindo o “coração” do processo de SEO. A determinação de boas palavras- chave pode levar dias de pesquisa em ferramentas, como o Google Adwords, mas vale muito a pena quando acertadas. Além das palavras-chave (chamarei aqui de P-C), outro fator que afeta o posicionamento nas buscas é a relevância da página, que terá relação estreita com o conteúdo criado, qualidade da página, entre outros fatores que citarei a seguir. 019 Cada vez que um usuário faz uma busca, ele utiliza uma ou mais palavras, o que chamamos de P-C. Os buscadores trarão resultados baseados na “vocação” que as páginas têm em relação àquela P-C. Assim, os buscadores procuram determinar o quanto uma página é relevante em relação a todas as outras (cálculo do índice de relevância) e o quanto uma página é importante para as P-C que estão sendo buscadas. Mais uma vez, vejam como tudo sempre faz sentido: independentemente das ferramentas e estratégias, tudo parte de um bom planejamento de marketing, que vai definir posicionamento, objetivos e, depois, neste caso, quais ações de SEM deverão ser realizadas e como otimizá-las (SEO). O sucesso de uma campanha de SEO só será alcançado com o SEM em mente. Não é o caso de nos aprofundarmos aqui, mas a título de curiosidade, apresentamos a seguir como os buscadores definem a relevância de uma página (site): Relevância: Está associada à importância geral que a página tem na rede. Essa importância tem a ver com o relacionamento que esta tem com outros sites e ao fluxo de tráfego que a página atrai; Popularidade: Quanto mais websites apontam para uma página específica (por meio de links), mais importante é a página. Tem o mesmo sentido de uma indicação; Reputação: Links relacionados ao tema da página em questão; não basta apenas fazer o link, mas, sim, ser um link relacionado ao tema de pesquisa; Tráfego: Quanto mais acessada uma página, mais relevância ela adquire; Profundidade de página: Páginas que possuem links para outras páginas. Os buscadores consideram que páginas que se relacionam com outras são mais relevantes que as que são isoladas ou soltas. 5.3 Links patrocinados Em se tratando de buscar, o mais importante são duas coisas: ser buscado e ser encontrado. Você deve saber que na internet ou uma página é encontrada organicamente ou “artificialmente”. Por orgânica entenda a busca que traz um resultado fruto da relevância da página; por artificial é o resultado fruto de ações pagas, geralmente links patrocinados. Até então, para ter relevância bastava ter uma página com bom conteúdo, links relacionando-se com outras páginas e de outras páginas etc., no entanto, 020 com a proliferação de anunciantes, nem sempre isso basta e aparecer entre as buscas principais ficou mais difícil. É importante estar pelo menos entre os 10 primeiros resultados de busca, pois inúmeras pesquisas observaram que a maioria dos internautas não passam da primeira página de resultados. Por isso, uma ajudinha extra é bem-vinda e, por isso, alguns administradores de sites optam peloslinks patrocinados. A questão é: quando utilizar a otimização orgânica ou links patrocinados? Resposta: nos casos, apenas a otimização orgânica não atende aos objetivos de marketing, não estando entre os primeiros resultados de busca. Lembrem-se, o que não é visto não existe. Se seu site aparece na segunda página de buscas e o internauta só visita a primeira, então... Os links patrocinados complementam as otimizações orgânica e vice-versa. Veja na tabela seguinte: Tabela 1 – Otimização orgânica e links patrocinados Otimização orgânica Links patrocinados Posição controlada pelo buscador Posição controlada pelo administrador da campanha Site apresentado na área de resultados orgânicos Site apresentado nas áreas de links patrocinados Não existe custo por clique Existe custo por clique (CPC) Recebe de 60% a 70% dos cliques em média Recebe de 30% a 40% dos cliques em média A comunicação apresentada nos resultados depende dos conteúdos dos sites/ páginas Cria-se a comunicação como desejar, independentemente do conteúdo do site/ página Resultado a médio e longo prazo Resultado imediato Resultados dependem do conteúdo dos sites, buscadores e suas regras Resultados proporcionais ao investimento feito na compra de palavras-chave e à comunicação no texto dos links Fonte: Gabriel, 2016 5.4 Plano de marketing de busca Como forma de se organizar, é importante fazer um plano de marketing de busca para guiar e orientar as ações das suas principais áreas envolvendo o SEO: Marketing e T.I. Esse plano tem 5 passos: Análise, escolha das palavras-chave (keywords), otimização interna (onpage) e externa (offpage) do site, monitoramento e controle e ajustes. O monitoramento e controle estão relacionados às métricas que abordaremos na próxima aula, portanto, veremos aqui os três primeiros passos. A análise preliminar vai avaliar e determinar a relevância das páginas versus as dos concorrentes, situação da página atual em diversos mecanismos de busca, objetivos de otimização (tráfego, assinaturas, vendas, cadastros, downloads 021 etc.) e os indicadores que devem avaliar os resultados da otimização proposta. A determinação das palavras-chave é a parte mais importante de SEO, pois afeta os resultados de buscas orgânicas, links patrocinados e parte interna do site. Há que se fazer uma completa e minuciosa busca e descoberta de P-C que são utilizadas pelos internautas a buscar por algo relacionado ao site em questão. Geralmente, e dependendo do negócio, é uma ação que leva dias e até mesmo meses. Existem algumas ferramentas que auxiliam nesse processo como Google Adwords, Yahoo Search Marketing Data, KeywordDiscovery e Wordtracker. Por fim, a otimização do site que pode ser feita tanto internamente (SEO) quanto externamente (offpage). A grosso modo, parte interna está relacionada à otimização em função das palavras-chave escolhidas (eu diria minuciosamente garimpadas) e a externa relacionadas a ações de links patrocinados, SMM, SMO, WOMM, construção de links etc.). 5.5 SEO – Otimização de buscas A otimização via SEO está relacionada às buscas orgânicas. Depois que o buscador encontra uma página, ele usa critérios onpage e offpage para indexá-la. As otimizações offpage, como já dito, estão relacionadas aos links patrocinados, SMM, SMO, WOMM, link baits etc. Juntas, essas otimizações completam o SEM. Os pilares das otimizações onpage são: Código da página; Conteúdo; Estrutura da página/ site. Em relação ao código da página, é importante saber que a URL pode ajudar e muito no posicionamento de uma página em relação aos buscadores. Uma dica importante é: insira na URL da página uma palavra-chave do seu site e ela trará maior relevância nas buscas. Em relação ao conteúdo das páginas, a orientação é a mesma de sempre: ter conteúdo relevante, inédito, atrativo, assim as buscas são orgânicas ou não têm grandes chances de sucesso. Cuidado com conteúdo em Flash,15 pois a maioria dos mecanismos de busca não o indexam. Fazer um conteúdo adequado para SEO requer trabalho e exige experiência, mas tem que se começar um dia. É necessário pensar como quem busca, quais 15 Plataforma multimídia de desenvolvimento de aplicações que contenham animações, áudio e vídeo, bastante utilizada na construção de anúncios publicitários e páginas web interativas. Fonte: Canaltech.com.br. 022 palavras e quantas vezes devem aparecer, inclusive os erros de grafia, que ocorrem dependendo do termo. E em relação à estrutura da página/ site é preciso atentar para os seguintes aspectos para se ter um bom resultado de SEO: Design e estrutura: Relativo à navegação, frames, servidores, arquivos robots.txt;16 Recomendações: Relativo aos robots/ crawlers17 dos buscadores. Os crawlers são uma das bases das Search Engines, sendo responsáveis pela indexação dos sites, armazenando-os na base de dados dos motores de busca. Também são conhecidos como Spider ou Bot (robô). O processo que um web crawler executa é chamado de Web crawling ou spidering. Muitos sites, em particular os motores de busca, usam crawlers para manter uma base de dados atualizada. Idade e atualizações da página: esses fatores influenciam, sim, no ranking da página. Quanto mais antiga for, mais confiável ela tenderá a ser. 5.6 Considerações finais sobre a otimização de buscas Em se tratando de mecanismos de busca na mudança de comportamento do consumidor/ internauta e nas especificidades operacionais, são observáveis as seguintes tendências/ fenômenos: Busca universal: Tipo de busca que traz como resultado todos os tipos de informação, desde notícias, vídeos, imagens, som, buscas locais, em livros etc. Ela afeta o resultado de buscas, pois os sites concorrem com todo tipo de conteúdo devido à amplitude de resultados. Assim, o processo de otimização é mais complexo e deve ser feito em todas as plataformas das quais a informação pode ser oriunda; Mobile search: Os sites têm de estar preparados para a navegação mobile. Curiosamente, muitos não estão. Pelos meios tradicionais (desktops) as páginas são incríveis, mas ao visita-las via celular muitas funcionalidades desaparecem. Otimizações devem ser feitas! Atenção ao tamanho e quantidade das palavras-chave (dispositivos móveis não têm tanto espaço), é preciso manter a estrutura de página o mais simples 16 Arquivo no formato.txt (bloco de notas). Funciona como um filtro para os robôs dos sites de busca e faz com que os webmasters controlem permissões de acesso a determinadas páginas ou pastas dos sites. O robots.txt controla qual informação de um site deve ou não deve ser indexada pelos sites de busca. Fonte: www.seomarketing.com.br/robots.txt.php 023 possível, e configurá-la não apenas para aparelhos de última geração, mas para os mais simples também; Busca como relacionamento: O relacionamento com marcas, empresas, e outras entidades têm cada vez mais começado na busca. Se o internauta consegue as informações e ajuda de que necessita, dados e informações, geralmente ele deixa o site/ fornecedor anterior para ir em direção àquele que resolve o assunto. Isso pode ocorrer também pelo simples fato da página apresentar um processo de navegação mais simples, direta e bem estruturada. A comunicação é outro fator importante, que pode reverter um visitante em usuário; Busca como experiência: A dimensão da experiência com as marcas no processo de busca é cada vez mais relevante. As pessoas são impactadas com um comercial,reportagem, notícia e, em seguida, vão buscar mais informações e referências na rede. Por isso, a experiência durante o processo de busca deve ser tão boa quanto em qualquer outro ponto de contato das marcas com o público. O aprofundamento do relacionamento cada dia mais tem começado via mecanismos de busca. Caros alunos, encerramos o assunto aqui. Esta aula é insuficiente para trabalharmos todos os conhecimentos relativos às estratégias de busca, SEO e SEM. Portanto reitero, que estamos olhando os conteúdos de forma estratégica e ampla, pincelando os principais conceitos para que vocês compreendam o contexto da matéria. Para que vocês compreendam tudo referente ao assunto é necessário muita pesquisa, prática posterior e algum investimento em cursos técnicos e especializados. Conhecimento é um processo contínuo! FINALIZANDO Na aula de hoje vimos as estratégias existentes para se trabalhar no marketing digital. Não se trata de uma receita de bolo, mas, sim, de um conjunto de ideias e informações que auxiliarão você, futuro gestor digital, a ter uma visão geral do que existe para seguir atuando. É importante frisar que você precisará continuar buscando, estudando e colocando a mão na massa, pois a tecnologia e o mundo digital mudam a todo momento. Tendo isso em mente, é necessário agora saber que tão importante quanto definir o que fazer é saber o quanto se deve esperar de resultado e como medi- 024 lo. Por isso, no próximo encontro, fecharemos nossa disciplina com as métricas de marketing. Estamos esperando você! 025 REFERÊNCIAS ADOLPHO, C. Os 8 Ps do marketing digital. 8. ed. São Paula: Novatec, 2017. E-MAIL MANAGER. O que é feed RSS e como funciona? E o feed RSS por email? Disponível em: <https://www.emailmanager.com/br/blog/1/1458/o-que-e- feed-rss-e-como-funciona-e-o-feed-rss-por-email.html>. Acesso em: 27 jan. 2018. GABRIEL, M. Marketing na era digital. 7. ed. São Paulo: Novatec, 2016. KOTLER, P. et al. Marketing 4.0 – do tradicional ao digital. 1. ed. São Paulo: Sextante, 2017. TECMUNDO. Disponível em: <https://www.tecmundo.com.br/>. Acesso em: 27 jan. 2018. TURCHI, S. Estratégias de marketing digital e e-commerce. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2012. ZACHO, R. O que são bookmarks? Disponível em: <http://www.mzclick.com.br/o-que-sao-bookmarks/>. Acesso em: 27 jan. 2018. AULA 4 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 2 CONVERSA INICIAL Na aula de hoje, deixaremos um pouquinho a tecnologia de lado para estudarmos o componente humano, ou a parte dele que impacta diretamente nos negócios, nas estratégias de marketing e no uso da tecnologia. Sem ele não há sentido no que estamos vendo até aqui. O sentido é este: ferramentas + usuário = escolha da estratégia. Esta aula tem como ponto de partida um conceito bastante em moda ultimamente, o Design Thinking (DT), visto que ele ajuda a buscar soluções para problemas do mundo atual. O contexto mudou completamente e é preciso pensar de fora para dentro, ouvindo os usuários/ consumidores. Também serão abordados temas essenciais relacionados ao DT que você, se já não ouviu falar, ainda vai ouvir bastante a respeito. Resumidamente, esta aula aborda as mudanças de pensamento no contexto atual dos mercados, como buscar soluções com foco no usuário, entender como ele é e pensa, sua jornada de consumo de bens e serviços e como se comunicar com ele de forma que o cative. Tudo isso para que você possa compreender a importância de colocar o usuário no centro das estratégias, já que, no fim das contas, é ele, o cliente final, que traz os resultados (lucros) que as empresas almejam. CONTEXTUALIZANDO Quando o assunto é marketing digital, muito se vê e ouve falar sobre as ferramentas, estratégias e métricas que englobam todo esse ecossistema tecnológico. Todos esses conceitos são muito importantes, visto que as ferramentas são os meios que propiciam operacionalizar todas as ações que se julga necessárias para se atingir determinado fim com mercados e públicos. As estratégias são a direção detalhada e ao mesmo tempo ampla do que vai acontecer a partir de um contexto. E as métricas são a forma não só de avaliar se o que foi traçado e planejado está acontecendo, mas como também de acompanhar sistematicamente e em tempo real se cada etapa do plano está sendo atingida, assim, pequenas correções poderão ser feitas a fim de colocar o plano novamente no prumo, caso algo não saia exatamente conforme planejado. Esse cuidado evita estresse, retrabalhos, custos extras e prejuízos. 3 No entanto, um conceito que não pode ser deixado de lado é o de usuário. Esquecer de considerá-lo ou relegá-lo a um segundo plano é cometer um erro grave. Lembram da história do Mágico de Oz? É como o homem de lata que segue a estrada de tijolos amarelos sem um coração. Para se alcançar a meta/ objetivo/ resultado, deve-se percorrer um longo caminho (a estrada de tijolos amarelos), mas não se pode esquecer de levar o necessário para o percurso: corpo e alma, ou seja, as ferramentas (braços e pernas), a estratégia (mente), as métricas (olhos) e o usuário (coração). Assim, estaremos menos sujeitos às intempéries do caminho! Esse personagem é uma boa analogia sobre o que falamos, pois a tecnologia por si só é dura, fria como lata, sem emoção. É preciso um coração para aquecê-lo e trazê-lo próximo à experiência humana, que é, na verdade, o que interessa, o que trará resultados. Figura 1 – Homem de Lata O usuário é como o farol que guia, dá o Norte para onde as estratégias devem mirar a fim de acertar o alvo. Assim, precisamos conhecer o que devemos observar e levar em consideração quando se trata do usuário. O contexto de negócios mudou e agora está em função deste usuário, do conhecimento de suas características, de suas dores, desejos, experiências e da forma como se comunicar com ele de forma efetiva. Você nunca ouviu falar de algum fracasso em estratégia por não levar em conta o usuário? Pense a respeito. Certamente poderá 4 se lembrar de algum caso. Mesmo assim, veremos mais adiante, no decorrer da aula... Tendo esse contexto como exemplo, convido vocês a conhecer e a caminhar nesta estrada de tijolos amarelos comigo para descobrir como conquistaremos esse coração (que poética, hein?!) com louvor, a fim de chegarmos a Oz (resultado) com sucesso. Ao contrário do filme, a viagem não é para buscar um coração, mas para levá-lo junto na viagem. Prontos para partir? TEMA 1 – DESIGN THINKING 1.1 Contexto Vivemos na Era da Informação, e com ela novos cenários e desafios surgem. Um dos principais aspetos dessa era é a tecnologia, que não apenas impulsionou a globalização, fazendo com que produtos e serviços sejam uniformes em várias partes do mundo, mas também proporcionou às pessoas formas de se comunicar e trocar informações sobre eles de forma mais rápida e confiável. O impacto disso no mercado de bens e serviços é que o consumidor ganhou enorme poder, por meio de sua voz, ouvida por toda parte. O modelo baseado no produto, no qual empresas fabricam e o consumidor usa como for, não existe mais. Ou, se existe, está fadado ao fracasso. No novo mercado digital da internet e a crescente concorrência entre as empresas, os produtos precisam ser mais interessantes, funcionais e inovadores. São as pessoas que determinam o que, quando, como, onde e por que consumir. Empurrar produtos é uma fórmula do passado,herança da antiga Revolução Industrial. Estamos na era em que a revolução é do consumidor. A visão de negócios deve mudar o foco: de dentro para fora; de cima para baixo. As empresas têm de dialogar com seus clientes/ usuários para saber o que querem e inseri-los em seus processos de desenvolvimento de produtos e serviços antes que outro o faça. É preciso gerar ideias continuamente. Sua criação deve vir de todas as partes, sem julgamento. O canal para isso não é por meio do topo da organização, mas por meio da base, em que vendedores e funcionários que têm contato imediato com o cliente devem ser ouvidos e chamados também a participar, uma vez que recebem o feedback imediato e diário de usuários e 5 clientes. Eles também sabem o que as pessoas dizem sobre os produtos e serviços e podem contribuir com insights1 valiosos. 1.2 Pensamentos intuitivo e analítico Os produtos e serviços, de modo geral, viraram commodities2 e sua diferenciação virá por meio de entregas com mais valor, ou seja, de produtos e serviços que proporcionem ou viabilizem uma experiência importante. Na verdade, o termo produto ou serviço poderia ser substituído por solução. Os primeiros são tangíveis, o segundo é experiência. É uma mudança de pensamento sutil, mas muito poderosa. É preciso pensar “fora do quadrado”, livre de ideias pré- concebidas, preconceitos para deixar a mente trazer soluções. E é nesse contexto que o pensamento fluido do design ganha espaço. Em essência, o design busca transformar produto bruto em algo que traga funcionalidade para o usuário sem, contudo, deixar de lado a forma que agrega beleza e diferencial ao produto. Assim, surge a necessidade de uma nova forma de pensar os negócios, focando em soluções para o cliente/ usuário, pensando, ao mesmo tempo, de forma analítica e intuitiva. É reunir na mesma equipe pessoas que pensem de forma criativa e racional ao mesmo tempo para designar soluções funcionais para usuários e clientes, soluções estas ainda não encontradas, despidas de qualquer preconceito. Assim, o Design Thinking surgiu para resolver problemas cuja fronteira de definição não está clara, assim como os caminhos para a solução também não estão óbvios. Para resumir as ideias expostas até aqui, trago a definição de DT segundo Adriana Melo e Ricardo Abelheira,3 pois ela consegue captar bem o espírito desse conceito: Design Thinking é uma metodologia que aplica as ferramentas do design para solucionar problemas complexos. Propõe o equilíbrio entre o raciocínio associativo, que alavanca a inovação, e o pensamento analítico, que reduz riscos. Posiciona as pessoas no centro do processo, do início ao fim, compreendendo a fundo suas necessidades. Requer uma liderança com habilidade para criar soluções a partir da troca de ideias entre perfis totalmente distintos. (Melo; Abelheira, 2017, p. 15) 1 Ideias, clareza súbita na mente, iluminação, estalo, luz. (Adaptado de Wikipedia). 2 Produtos e serviços de qualidade e características uniformes, que não são diferenciados de acordo com quem os produziu ou de sua origem. (Adaptado de Wikipedia) 6 1.3 Pilares e processos Além do fundamento de pensamento analítico junto ao pensamento intuitivo, o DT é baseado em três pilares: Empatia, Colaboração e Experiência. Esses pilares estão relacionados aos respectivos processos ou mecanismos: de imersão, cocriação e prototipação. Os pilares se referem aos valores que guiam o pensamento e a filosofia de DT, e os mecanismos são as ações que tangibilizam tais valores. A empatia está relacionada à capacidade de colocar-se no lugar do outro, compreender suas dores, alegrias, anseios e necessidades. Assim, o mecanismo de imersão serve bem a esse valor, já que esse processo ou fase objetiva compreender quais são as necessidades e “dores” do cliente. Pesquisa, observações, questionários, entrevistas são ricas fontes de informação nessa fase. A colaboração é um pilar de destaque do DT porque tem a ver com a inteligência coletiva, na qual “duas cabeças pensam mais do que uma”. É o pilar que reforça a necessidade de se reunir deferentes formas de pensar, raciocinar e ver o mundo. Nesse pilar é que se desenvolve o processo, ou mecanismo de cocriação no qual o objetivo é levantar a maior gama de informações e ideias possível oriundas de fontes multidisciplinares. Aqui, acontece o famoso “brainstorming”, ou “tempestade de ideias”. O último pilar é o da experimentação, e dentro do DT serve para minimizar erros e riscos. Como o próprio nome diz, visa experimentar várias vezes um modelo, ideia para que possíveis falhas apareçam desde o início ou antes do lançamento. Mesmo com muita informação, não estamos livres de cometer equívocos. Assim, o procedimento correspondente é o da prototipação. Criar modelos e simular produtos, situações, a fim de eliminar problemas que possam vir a surgir no início ou no decorrer do processo. Os protótipos devem ser simples, podendo ser feitos em papel, diagramas, bonecos, cartazes e desenhos. Para finalizar, a fim de ajudá-los a guardar uma palavra importante sobre o DT, lembro que design deriva do latim designare, desígnio. Logo, a palavra não se refere a desenho, ou seja, o traçado, mas, sim, ao desígnio que se dá a algo. Assim, o papel do design é criar produtos que se encaixem perfeitamente à função para a qual foram designados, fazendo isso por meio de sua funcionalidade e forma. E para encontrar o melhor desígnio de algo é preciso saber o que importa para aquele que o usa. Assim, o mesmo processo pelo qual um designer passa 7 ao desenvolver uma peça, imaginando o usuário como destino final, agora é transferido para o processo de criar soluções para as necessidades dos clientes. TEMA 2 – PERSONAS Agora, vamos olhar um pouco mais de perto para o componente humano, traduzido nos negócios como clientes e usuários. Já sabemos que eles são muito importantes, pois são a base de todas as estratégias de negócio e, mais especificamente, marketing digital. Vimos anteriormente a metodologia de Design Thinking e sabemos que ela precisa pensar no usuário a fim de designar alternativas para atendê-lo bem. Surge, então, outro conceito, que você já deve ter ouvido falar por aí: persona. Ele tem a ver com o usuário e o mapeamento de suas características. 2.1 Persona Persona é uma representação fictícia do perfil de um cliente ou usuário que pode existir dentro de determinado contexto. Quanto mais completa essa representação for, melhor. O ideal é que dentro dos possíveis perfis de cliente sejam determinadas de três a dez tipos. Em caso de negócios muito específicos, como nichos, podem ser dois perfis. Mais que dez, começam a acontecer repetições e o processo pode se tornar confuso e improdutivo. O objetivo é projetar alguns tipos que pertencem à determinada categoria de usuários ou clientes a fim de estudar e compreender características, motivações, criando um mapa para definir a melhor forma de interagir com eles, assim como criar melhores produtos e serviços. Existem opiniões diferentes quanto à forma como se deve desenhar ou definir como seriam esses comportamentos, gostos, atitudes e preferências. Algumas apontam que a melhor alternativa é utilizar dados já existentes, reais, procurando traços comuns que poderão ser extrapolados. Esta é uma abordagem conhecida como data driven (direcionada por dados). Outras, preferem o uso da intuição, percepções e experiência prévia dos envolvidos no projeto, sem base estatística ou pesquisa. Essa abordagem é conhecida como ad hoc4. Independentementeda alternativa escolhida, o que se quer é compreender o comportamento de determinado usuário ou grupo de usuários distintos quando se 4 Expressão latina cuja tradução literal é "para isto" ou "para esta finalidade". (Wikipedia). 8 relacionam com o objeto de um projeto específico. O que se deseja é identificar o que encanta, o que afasta, surpreende, e significa valor para então iniciar o processo de cocriação. É importante lembrar que ao construir uma persona, não estamos determinando um tipo médio ou projetando um estereótipo. O tipo médio não tem valia, já que se constitui de parte de características encontradas em várias pessoas, que podem não ser nenhuma delas o usuário ideal. Mesmo que aparentemente limitante, a persona é o tipo único, completo em todas suas características. Da mesma forma, estereótipos são generalizações ou modelos que, por vezes, dão origem a preconceitos e anedotas, sendo aproximações que se aplicam a grupos de indivíduos e não a indivíduos em particular, que é o que se busca. Acabam sendo de pouca ou nenhuma vantagem para o projeto, visto que anulam todas as nuances, que é o que os gestores buscam. 2.2 Aplicação A criação de personas, além do papel estratégico no entendimento de usuários e clientes, cumpre outro papel importante: ele também ajuda a engajar as equipes do projeto durante o processo, pois pede que seja feito um mergulho profundo na personalidade e rotina da persona. Esse processo é envolvente e intrigante e acaba gerando empatia, uma qualidade importantíssima entre os participantes do projeto, pois os distancia de julgamentos pessoais, além de representar um dos pilares do DT. Existem algumas opções para se realizar o trabalho de análise e construção da persona. Uma delas é iniciar a construção com foco nas funções oferecidas pelo produto ou serviço. O enredo é construído do ponto de vista funcional, orientado à performance. No entanto, é uma aplicação fria, que parte de uma visão de dentro para fora e tenta encaixar a persona no negócio. Pode não funcionar tão bem, e representa um dos exemplos de porque o ideal é partir da “dor” do cliente para a solução (produto/ serviço). A outra opção, e na minha opinião, a mais adequada, é construir a persona a partir do foco nela mesma. O ponto de partida é o usuário/ cliente. O negócio se adapta a ele em primeiro lugar; pode, talvez, ser mais trabalhoso, caso a empresa tenha um portfólio de produtos e serviços definido, no entanto, os resultados são mais sólidos e gratificantes. 9 2.3 Roteiro Para não esquecermos nenhum detalhe ou análise importante, existe um roteiro sugerido por uma importante corrente de design o qual adaptei aqui para vocês para que sigam ou usem como referência caso apliquem a construção de personas em seus trabalhos ou empreendimentos. São 5 as etapas, autoexplicativas: 1. Coleta e análise de dados; 2. Definição do número de Personas; 3. Construção da(s) Persona(s) em si; 4. Análise de possíveis cenários e brainstorming; 5. Reconhecimento das Personas e criação de soluções. A seguir, como exemplo e inspiração, observamos um script (ou breve história) de Personas criadas como clientes de uma padaria fictícia, a Pão de Centeio, a partir das quais serão delineados cenários e soluções a cada um deles. Figura 2 – Script de Personas HISTÓRIA/ JORNADA Depois de identificar e traçar um perfil, traça-se uma possível jornada do cliente que refletirá como ele se relaciona com o negócio (como, quando, onde, por que). Isso ajudará a compreender pontos fortes, falhas em todas as fases (conhecimento, investigação, compra, pós-venda) e a decidir quais produtos/ ANA – 18 anos, mora com os pais; entrou na faculdade de design, curte mangás e reuniões com os amigos na “padoca”. LUIS – 37 anos, mora sozinho; é corretor. Viaja muito a trabalho por isso come muito fora. Adora tortas e sanduiches; quando pode, encomenda para o fim de semana. AURÉLIO – 63 anos, é casado e tem 3 netos que vêm visitá- lo sempre. Aos domingos, gosta de sair comer com a família e tomar um café enquanto lê jornal. 10 serviços incluir ou excluir. Abordarei melhor essa questão da jornada no próximo tema. Veja a seguir: ANA – Gosta de se reunir com os amigos para discutir sobre novos quadrinhos e trocar dicas; a padaria fica perto da sua casa, então ela gosta de marcar com eles lá; aproveitam e fazem um lanche na conveniência ou no café colonial; LUIS – Viaja muito e sempre que chega em casa passa na padaria para comprar algo para comer durante a semana; as vezes passa para tomar um café e arejar as ideias; AURÉLIO – Cliente assíduo da padaria aos domingos; sempre vai com a família para tomar um café depois do almoço; durante a semana, dá uma passadinha de manhã para ler seu jornal e conversar com os atendentes. Tendo em mãos esse script de hábitos, comportamentos e preferências, os projetistas podem designar atitudes, serviços, produtos que ofereçam experiências de acordo com que cada tipo de cliente da padaria quer. Esse é um exemplo bem básico, mas com ele vocês conseguem compreender a essência importância da designação de personas para, posteriormente, construir estratégias bem-sucedidas de marketing digital. Quanto mais aprofundada for a construção da persona, melhor, mais rico o feedback e a possibilidade de acerto. Sugiro, como forma de incrementar seu conhecimento, que busque também informação a respeito de arquétipos, uma visão mais ampla do comportamento de grupos estudado por Carl Jung. Deixei uma referência bibliográfica na leitura obrigatória. TEMA 3 – USER EXPERIENCE (UX) Também conhecida como a Jornada do Usuário, nada mais é do que o mapeamento do processo de interação que o cliente ou prospect5 tem com a marca/ negócio. Esse mapeamento pode envolver tudo, desde as primeiras fases de conhecimento da marca/ negócio, o processo de investigação, engajamento, conversão/ compra, manutenção, pós-venda e amadurecimento. 3.1 Mapeamento 5 É a pessoa que tem interesse em determinado produto/ serviço e que ainda não é cliente, mas pode vir a ser; tem perfil qualificado para ser atendido pelo negócio. 11 O mapeamento é muito importante porque apresenta falhas em qualquer parte do processo. Muitas empresas têm um produto excelente e vêm suas vendas caindo: pode ser que estejam divulgando nos locais onde seu público não acessa e vice-versa, ou o atendimento não deixa claro os benefícios dos produtos ou diferencial dos serviços que fazem os clientes buscarem a concorrência. Sem valor, cliente só vê preço. Ou, ainda, pode ser que o acesso aos produtos e serviços esteja inadequado, dificultando a experimentação, contato. Opções de pagamento também podem representar obstáculos na escolha de produtos e serviços. A miríade de pontos em que um contato com o cliente pode ser fatal (ou seja, o estará levando à concorrência ou simplesmente desistindo de determinado negócio ou marca) é enorme, então disponibilizar um bom tempo para entender as dores e prazeres dos clientes ao consumir é fundamental e custa pouco em comparação com os prejuízos oriundos de correções, ajustes, pedidos de desculpa, processos judiciais, perda de cliente fiéis ou prospects. “O UX pode muitas vezes ser a diferença entre o sucesso e o fracasso de um projeto”. Imagine, por exemplo, um negócio de pizzarias. Ao mapear a experiência do usuário, algumas perguntassão essenciais: Como o cliente sabe/ ficou sabendo do meu negócio? Como ele entrou em contato? Ele foi bem atendido? Será que as opções que oferto são relevantes para ele? Ele teve dificuldades em entrar em contato? O que gostou? Algo o surpreendeu? O quê? Ele fica satisfeito com minha opção de entrega? E o tempo? E assim por diante... Poderíamos ficar um dia inteiro definindo perguntas para mapear a experiência de nosso cliente. Nos dias atuais, não atentar para esse tipo de detalhe é a diferença entre sobreviver e morrer. Vejamos um exemplo bem atual: O Nubank. Ele é uma dessas fintechs6 que despontaram em função do entendimento de dores básicas (e muito conhecidas) das pessoas. Perceberam que muitos bancos oferecem serviços muito amplos e amarrados a outros pouco valorizados pelos clientes. Os serviços beneficiavam determinados perfis e muitos clientes não eram satisfatoriamente atendidos e tinham que pagar altas taxas. O atendimento, também, sempre foi fator de reclamação: impessoal, demorado e até humilhante. O Nubank simplificou, não atende pessoalmente, mas seus canais de contato realmente funcionam e os atendentes não usam scripts decorados mas resolvem os 6 Startups da área de serviços financeiros. 12 problemas dos correntistas. Resultado: uma verdadeira explosão de adesões, que fez com que os tradicionais bancos ligassem o alerta, pois estão perdendo fatia de mercado. Saiba mais Deixo aqui um link para vocês compreenderem bem porque entender a experiência do usuário é uma fonte inesgotável de oportunidades de negócio: <http://www.administradores.com.br/noticias/negocios/por-que-o-nubank-e-um- sucesso/113777/>. Acesso em: 2 jan. 2018. Espero que gostem. 3.2 Pilares O mapeamento da experiência do usuário é guiado por algumas práticas que refletem a mentalidade que permeia a importância de compreender o cliente. Tais práticas são como pilares, que baseiam toda essa ação e mindset7. São eles: 1. Um dos pilares da experiência do usuário, já vimos aqui. Trata-se do Design Thinking. Sim, ele novamente. Não vou me repetir aqui, mas ele faz sentido porque encoraja os projetistas a criar empatia, olhar para as necessidades do cliente, desenvolver espírito colaborativo entre as equipes multidisciplinares e enxergar o design de produtos e serviços numa perspectiva holística; 2. O segundo pilar refere-se à tecnologia de ponta, que propiciará não apenas a coleta e armazenamento de dados, mas seu processamento e velocidade de ajustes/ adaptações; 3. O terceiro, pode-se dizer que é a ação rápida, relacionado ao método utilizado nas startups8 enxutas de construção-mensuração-aprendizado. Esse método minimiza os riscos do projeto e permite que os profissionais envolvidos se organizem e aprendam rapidamente. O negócio é desenhar um produto/ serviço viável rapidamente e colocá-lo no mundo real o mais rápido possível. Se for para errar, que seja logo! Assim, concerta-se mais rápido também! Existe outra nomenclatura muito semelhante a UX que vocês poderão ver por aí e que poderá confundi-los um pouco. Essa sigla é a UI, ou User Interface. Evidentemente, são coisas distintas, e não abordaremos esta última aqui, mas é 7 Mentalidade. 8 Grupo de pessoas à procura de um modelo de negócios repetível e escalável, trabalhando em condições de extrema incerteza. Revista EXAME, fevereiro de 2016. 13 importante que você fique atento. Apenas para contextualizar um pouco e não deixá-los perdidos, listo a seguir as diferenças básicas entre um e outro: Tabela 1 – Diferenças entre UX e UI UX User Experience: estratégico UI User Interface: técnico Design de interação Visual design Protótipos Cores Arquitetura da informação Design gráfico Pesquisa com o usuário Lay Out Cenários Tipografia O User Interface foca na criação de projetos interativos, com ícones, aplicação de cores, textos e outros elementos para facilitar, agradar e evitar/ solucionar problemas na interação direta com o cliente/ usuário. É mais técnico e específico da função de designer. Já o UX, conforme vimos, não é uma técnica, mas uma forma ampla de pensar negócios relacionada ao sentimento do usuário quando interage com um produto ou serviço. O UI é técnico visando a operacionalização, já o UX é estratégico, visando o longo prazo. TEMA 4 – STORYTELLING “Um cientista me contou que somos feitos de átomos, mas um passarinho me contou que somos feitos de histórias” (Eduardo Galeano, escritor Uruguaio) Contar histórias sempre fez parte da tradição humana. Nos primórdios, quando ainda não havia outro meio de comunicação senão a palavra oral, transmitida pelos ancestrais, as motivações que levavam a contar histórias eram bem diferentes das dos dias atuais. Contavam-se histórias para manter a audiência entretida e atenta ao redor da fogueira, transmitir conhecimentos e tradições importantes para a sobrevivência do grupo e manter a qualidade de vida, para manter e/ou gerar senso de identidade no grupo. Eram tradições passadas ao longo de gerações por meio de narrativa envolventes e eloquentes. Nos dias atuais, as motivações para contar histórias são outras. Além disso, outros personagens, que não “humanos”, passaram a se interessar pelas narrativas: as empresas. As razões pelas quais elas querem contar histórias são: 14 • Vencer a guerra pela atenção do consumidor; • Gerar conexões entre pessoas, colaboradores, clientes e criar fãs/ seguidores; • Alinhar conhecimentos, transmitir experiências positivas, envolver o público-alvo e stakeholders9. 4.1 Contexto Estamos vivendo numa economia que pede por atenção. Em virtude da imensa massa de informação disseminada pela tecnologia, as pessoas são cada vez mais bombardeadas por propagandas, anúncios, textos, notícias e dados num espaço cada vez mais curto de tempo. A capacidade de memorização de tais conteúdos é nula, visto que mal acabamos de ler algo, já somos deparados com novas informações. O cérebro, com seu mecanismo inteligente, guarda penas o estritamente necessário e deleta, em seguida, todo aquele conteúdo sem relevância. É nesse contexto que entram as histórias. É preciso prender a atenção de clientes cada vez mais assediados pela concorrência. Nesse sentido, as histórias são narrativas, de forma geral envolventes, que por meio de personagens especiais despertam emoções e, por isso, ficam gravadas na mente de quem tem acesso a elas. É sabido que a emoção é uma das principais formas de cativar e fazer com que determinado conteúdo fique gravado (pelo menos por mais tempo) na mente do interlocutor. 4.2 Conceito Storytelling é o ato de contar histórias de maneira relevante, a fim de captar integralmente a atenção do interlocutor. Tem caráter mais persuasivo do que invasivo. Está sendo muito utilizado porque se destaca pela capacidade de estreitar a relação entre uma marca e o seu consumidor final. Um ótimo aliado para compartilhar ideias, conhecimento e demais interesses por meio de uma narrativa. Ele não é apenas uma ferramenta de comunicação, mas um processo, um sistema que abarca todas as atividades humanas. Vejam só: quando saímos com amigos para jantar, nos reunimos em um café ou vamos ao cinema, queremos, na verdade, ouvir e compartilhar histórias, experiências. Desde a 9 Todos os interessados no negócio da empresa; participam em algum momento de sua cadeia de valor: clientes, funcionários, governo, acionistas, fornecedores, concorrentes.15 compra de um carro, um vestido, o pedido de flores, enfim, tudo que nos cerca está atrelado a uma história, já perceberam? 4.3 Benefícios do Storytelling Como já mencionado, empresas e negócios precisam cada vez mais da atenção dos clientes em virtude da grande concorrência. A seguir, estão os benefícios gerados por meio da utilização do Storytelling na comunicação de valores e conteúdo para o público-alvo: • Captar a atenção: Quase ninguém mais presta atenção a anúncios, propagandas; a quantidade de informação é tão grande que as pessoas perderam a capacidade de processar tudo e muito menos de memorizar. Uma história bem contata, com bons personagens, um enredo bem estruturado tem a capacidade de sobrepor essas dificuldades e ficar gravada na mente por mais tempo; • Entreter: É uma qualidade que derruba barreiras e traz sentimentos positivos com relação ao locutor da mensagem; facilita seu acesso; • Facilitar a aceitação de mensagens: Inúmeras estratégias de comunicação e diálogo com o cliente têm sido ineficazes, pois são consideradas inapropriadas e invasivas. Telemarketing, pesquisas, pop ups, e-mail marketing mal elaborado tem enfurecido os usuários, criando uma barreira de aceitação e credibilidade. Dessa forma, contar histórias a respeito sobre como a empresa surgiu, seus valores etc., é uma forma lúdica de disseminar mensagens e conteúdos sem criar barreiras. As pessoas tendem a associar o ato de ouvir histórias à uma espécie de relaxamento. Mais dispostas a ouvir, elas ficam mais atentas ao conteúdo; • Garantir relevância por meio do contexto: Em meio a tantas ofertas, as pessoas já estão acostumadas a encontrar e são bombardeadas por boas ideias, inteligentes, interessantes. Então, o que fazer? Não basta ser bom, assertivo e bacana? A resposta é não! A única forma de sobreviver a esse ambiente competitivo é tendo relevância, entregando diferencial, algo de valor. Muitas vezes, o sucesso passa pela construção de uma imagem atrelada a valores não diretamente relacionáveis ao produto/ serviço da marca. Geralmente, são valores universais apreciados e que podem estar em falta no mundo. Um exemplo disso podemos ver nas campanhas do Banco Itaú, que não vendem produtos financeiros, mas valores da família, 16 relacionamentos e cidadania. Eles usaram em 2015 o Storytelling como meio para disseminar valores do banco de uma forma lúdica e bem- sucedida. Veja: <https://youtu.be/H3XE7FT-Ja0>. Acesso em: 16 fev. 2017. Resumo da história: o gerenciamento da atenção é um fator determinante para muitos negócios. Aqueles que não compreenderem a dinâmica e importância de saber atrair sua audiência, poderão ser muito prejudicados ou até mesmo ficar fora do mercado. FINALIZANDO Nesta aula, estudamos o componente humano do marketing digital. Aprendemos (ou reforçamos a ideia) que o contexto ambiental em que os negócios ocorrem mudou e que o pilar é o usuário. Conhecemos a metodologia de Design Thinking e os temas relacionados a ela. Lembram do sentido ferramentas + usuário = escolha da estratégia? Esse é o esquema que seguimos abordando no decorrer das aulas. Falamos de ferramenta, usuário e a seguir vamos a ela: estratégia. Na próxima aula, estudaremos as principais estratégias de marketing digital em conformidade com as ferramentas que vimos até aqui. Você também conseguirá visualizar tudo o que falamos do usuário e o seu papel na escolha de cada uma delas. 17 REFERÊNCIAS BROWN, J. Design Thinking – Uma Metodologia Poderosa Para Decretar o Fim das Velhas Ideias. 1. ed. São Paulo: Alta Books, 2017. CHABANNE, H.; URIEN, P.; SUSINI, J.F. RFID and the Internet of Things. 1. ed. United States: Willey-Iste, 2011. JACOBI, J.; JUNG, C. Complexo, arquétipo e símbolo na psicologia de C.G Jung. 1. ed. Petrópolis: Vozes, 2016. KALAKOTA, R.; ROBINSON, M. M-business. Tecnologia Móvel e Estratégia de Negócios. 1. ed. São Paulo: Bookman, 2002. KOTLER, P. et al. Marketing 3.0. As forças que estão definindo o novo marketing centrado no ser humano. 4. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2010. MELO, A.; ABELHEIRA, R. Design Thinking & Thinking Design. Metodologia, ferramentas e reflexões sobre o tema. 1. ed. São Paulo: Novatec, 2017. OLIVEIRA, S. Internet das coisas com esp8266, arduino e raspberry pi. 1. ed. Brasil: Novatec, 2017. PALACIOS, F.; TERENZZO, M. O guia completo do Storytelling. 1. ed. Rio de Janeiro: AltaBooks, 2016. THE 3 FOUNDATIONS OF LEAN UX. Disponível em: <https://www.oreilly.com/ideas/>. Acesso em: 16 fev. 2018. AULA 3 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 2 CONVERSA INICIAL Bem-vindos a mais uma aula de estratégias de marketing na Era Digital! Que bom que seguiram firmes até aqui, pois agora vem uma parte interessante: após analisarmos as transformações ambientais e termos o primeiro contato com o conceito de marketing digital, vamos conhecer as plataformas e tecnologias digitais existentes que servem de base para seu desenvolvimento. Elas devem fazer parte da “caixa de ferramentas” de todo profissional de marketing que pretende idealizar uma estratégia digital! CONTEXTUALIZANDO O primeiro passo para se desenhar uma estratégia de marketing digital eficaz é conhecer as ferramentas existentes para tal tarefa. No entanto, não é incomum que as pessoas, de modo geral, e até mesmo os profissionais de marketing façam confusão entre as estratégias e as ferramentas (ou seja, plataformas e tecnologias) de marketing digital. É preciso conhecer as ferramentas para saber qual ou quais se encaixam dentro de determinada estratégia e saber diferenciar umas das outras. Imagine, por exemplo, escolher uma ferramenta para depois determinar a estratégia. Isso ocorre quando não se conhece a diferença entre ambas. Seria o mesmo que escolher o remédio para depois saber qual é a doença! Provavelmente, o remédio escolhido não resolveria o problema de saúde. Vamos supor que você seja gestor de uma empresa que atua apenas no meio offline com mídias tradicionais, mas que pretende entrar também no ambiente virtual. Logo, você pretende adotar uma estratégia de presença digital. Isso significa que você precisa informar ao seu público e aos prospects1 que você está online. Para tanto, as ferramentas mais utilizadas são o site (página da empresa) e as mídias digitais mais comuns, como o Facebook, por exemplo. São locais onde as pessoas mais buscam as primeiras informações. Se você não estiver nesses locais, dificilmente estará em outras plataformas e as buscas cessam. Sem esse conhecimento, você, gestor, proporá uma estratégia de presença digital com o uso de ferramentas como LinkedIn, Twitter e Instagram. Certo? Errado! Essas ferramentas (plataformas de redes e imagens) não servem para construir uma estratégia inicial de presença, pois servem para uma segunda fase, quando a 1 Clientes potenciais; não são clientes atuais, mas poderão vir a ser; são alvo das ações. 3 presença digital é conhecida e já foi construído um relacionamento prévio, que leva as pessoas a compartilharem conteúdos e acessarem a qualquer momento (estratégia mobile, ou móvel). Ou seja, você gastará tempo e esforços que provavelmente não gerarão os resultados desejados: a reconhecida presença digital. Tendo esse contexto como exemplo, convido vocês a conhecer cada uma das ferramentas (plataformas e tecnologias) existentespara no futuro saber quais aplicar em função das estratégias definidas. Tenho certeza que, depois disso, vocês farão as escolhas mais adequadas para cada tipo de estratégia, que serão vistas mais adiante, na Aula 4. Prontos? TEMA 1 – PÁGINAS DIGITAIS As páginas digitais são, de modo geral, documentos no formato HTML que estão hospedadas em servidores Web acessadas por meio do protocolo HTTP. Elas são especificadas por sua URL (Uniform Source Locator), que é um endereço online que pode ser encontrado por meio de navegadores (Chrome, Internet Explorar, Firefox etc.). Existem vários tipos de páginas que diferem entre si pelo tipo de conteúdo que trazem. Elas podem ser categorizadas em 5 tipos: site (minissite, hotsite), portal, blog, perfil em rede social e landing page. Vejamos a seguir qual a característica que difere umas das outras. 1.1 Site, minissite, hotsite Apesar da semelhança ortográfica, esses três tipos de site têm características e funcionalidades distintas. Um site tem como principal característica a organização de conteúdos de forma que possa ser facilmente encontrado por determinado público-alvo. Os conteúdos são expostos horizontalmente, estruturados em seções bem-definidas, com detalhamento de produtos e serviços. Assim, possibilitam a navegação em informações existentes sobre determinado tema. Um exemplo de site é o <www.microsoft.com>, <www.amazon.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2018. O minissite é um site no qual os conteúdos são expostos de forma vertical, abordando de forma detalhada um assunto ou tema restrito a fim de atrair um público específico. Tem um tom essencialmente informativo, sendo usado normalmente como parte específica de um site maior ou de um portal. O design é 4 diferenciado e se pode ter acesso por meio de uma janela menor. Um exemplo de minissite é <www.gazetadopovo.com.br/esportes>. Acesso em: 16 fev. 2018. Já o hotsite é um site criado para fim específico e que tem um tempo determinado de “vida”, que geralmente dura apenas alguns meses. Seu conteúdo serve de apoio promocional e o tom da comunicação é persuasivo, pois é criado geralmente para o lançamento de produtos e serviços. Um exemplo de hotsite é o lançamento da coleção da estilista Viviane Westwood para a marca Melissa: <www.melissa.com.br/collabs/vivienne-westwood>. Acesso em: 16 fev. 2018. 1.2 Portal O portal é uma espécie de site construído para um público específico. Os conteúdos são apresentados verticalmente, com foco nas necessidades de seu público-alvo. Geralmente apresenta ferramentas de interação e relacionamento com este, e proporciona uma experiência de navegação privilegiada pelos conteúdos. Exemplo de portal encontramos em <espn.uol.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2018. 1.3 Blog É um tipo de site em formato de diário no qual as entradas são feitas em forma cronológica. Blog é a abreviação de web+log, em que log é o registro cronológico de processos em um sistema. Geralmente é mantido por uma pessoa ou grupo de pessoas, podendo ser pessoal ou institucional. Um exemplo de blog: <https://super.abril.com.br/blog/cienciamaluca>. Acesso em: 16 fev. 2018. 1.4 Perfil nas Redes Sociais São páginas digitais específicas que estão dentro de um contexto de redes sociais. As mais conhecidas são Facebook, Orkut, MySpace, entre outras. Cada uma delas representa plataformas que permitem a construção de conteúdos de forma específica pelo usuário por meio de seus gerenciadores de conteúdo. Ter páginas em redes sociais é uma estratégia interessante de presença digital. 1.5 Landing Page A Landing Page, ou “página de aterrisagem”, é o local para onde o indivíduo é direcionado quando clica em um anúncio (banner), um link de resultado de busca de e-mail marketing ou link promocional. A landing page por ser uma extensão do 5 anúncio clicado, por exemplo, funciona como o portal de entrada para um site no qual se buscará converter o visitante em usuário e, em seguida, comprador. Para ver exemplos de uma landing page, basta fazer uma busca no Google e clicar no link do resultado. A página em que você chegará é uma landing page. Uma comparação muito interessante feita por Martha Gabriel em seu livro Marketing na Era Digital (2016), relaciona as categorias de páginas digitais com mídias impressas, relação que torna o entendimento das características de cada página muito simples. Veja: Site: Equivale a um livro ou catálogo; Portal: Equivale a uma revista tipo Exame (público específico de negócios); Blog: Equivale a um jornal ou diário; Minissite: Equivale a um folheto informativo; Hotsite: equivale a um folheto promocional; Perfil em redes sociais: Equivale a uma página em catálogo específico, como lista telefônica, por exemplo; Landing Page: Equivale a um flyer2 promocional entregue por indicação. Assim, fica mais fácil compreender o espaço que cada mídia digital pode ter dentro das estratégias digitais e o papel que cada uma pode desempenhar dentro de suas especificidades. Nesse sentido, é preciso se atentar também para o gerenciador de conteúdo de cada uma delas, que se trata das possibilidades de padronização e gestão de conteúdo de cada categoria de página. Cada uma das páginas possui gerenciadores de conteúdo diferentes, com características específicas que influenciarão (ou pelo menos devem influenciar) também a escolha do tipo de página. Os gerenciadores de conteúdo de redes sociais são mais flexíveis e apresentam mais possibilidades de personalização do que os de landing pages e hotsites, que exigem maior conhecimento de programação e os conteúdos tão dirigidos. TEMA 2 – PLATAFORMAS DE BUSCA O ato de buscar é inerente à natureza humana. Buscamos desde os primórdios toda sorte de informação que nos guie a fazer boas escolhas. Esse hábito continua até os dias atuais e a única diferença é a forma como buscamos e os instrumentos que utilizamos. Em virtude da tecnologia e da imensa 2 Do inglês, folheto. 6 quantidade de informações disponíveis, o maior desafio é saber encontrar, dentre a miríade de opções, a informação desejada, ou até mesmo escolher dentre as opções possíveis. 2.1 Search Engines e os Oráculos Nesse contexto, surgiram os buscadores, ou as Search Engines, melhor traduzidas como Mecanismos de Busca. Elas funcionam como verdadeiros oráculos para os quais nos dirigimos quando queremos sanar dúvidas ou quando buscamos respostas, indicações e resultados para determinado fim. A diferença entre esses mecanismos (ou buscadores) e os antigos oráculos é que, felizmente, sua acessibilidade é plena (qualquer tempo e lugar), e a facilidade de uso (consulta) é notória. A necessidade de buscadores cada vez mais eficientes se dá devido ao fluxo e à disseminação da informação que atualmente flui tão rapidamente e se multiplica numa velocidade tal que o processo de escolha se tornou fonte de estresse e indecisão. Diante de uma gama enorme de opções (fenômeno chamado de Cauda Longa), muitas pessoas simplesmente não conseguem escolher. A sensação de nunca saber se foi feita a melhor escolha é constante, o que gera angústia. Esse é o que chamamos de Paradoxo da Escolha. O primeiro mecanismo de busca surgiu em 1994, o Yahoo! Nesse interim e até os dias atuais foram criados vários outros, mas nenhum foi tão bem-sucedido quanto o Google, lançado em 1998 e que até já virou verbete no Dicionário Oxford. Atualmente, ele é o mais conhecido, maior e mais usado “buscador” na internet nos dias atuais. Outro buscador conhecido chama-se Bing, criado pelaMicrosoft, conhecem? Existem buscadores ainda mais modernos, como o Wolfram Alfa, que fazem a busca semântica (falamos disso na Aula 2), mais completa e contextual. Menciono mais adiante sobre a busca semântica. É interessante comentar aqui que o Twitter, que não é originalmente um buscador, acaba por exercer, de certa forma, essa função, pois é uma fonte de informação em tempo real e, por isso, as pessoas recorrem a ele para ver o que anda acontecendo no mundo em tempo real. Menciono essa forma de busca no Item 2.4. 2.2 Mecanismos de Poder e a Ditadura Top 10 Como “oráculo” que é, e com toda a quantidade e sorte de informações que circulam pela net, é evidente que os mecanismos de busca se tornaram 7 poderosíssimos. A busca continua sendo a segunda atividade mais popular on line; segundo estudos3, 90% dos internautas usam mecanismos de busca (search engines). Desses, 40% acreditam que os resultados que aparecem na primeira página são melhores, ou líderes entre o mercado como um todo. As pessoas têm preguiça de pesquisar além da terceira página e em função dessa crença acabam fazendo escolhas baseadas nos primeiros resultados. O poder desses buscadores está na confiança que atribuímos a eles. Não sei se vocês sabem, mas não basta colocar as informações da sua empresa ou negócio na rede para que ela seja encontrada. Os buscadores, por meio de seus algoritmos, definem quais websites, documentos, serão adicionados à base de dados, ou seja, aparecerão nas buscas. Quem determina o que vai ser ou não apresentado na rede são os buscadores! Eles possuem o poder de apagar, eliminar, filtrar e controlar todos os resultados que encontramos! Entenderam o poder disso? Esse poder traz impactos à vida offline, pois ao buscar algo real por meio da net e este algo não for encontrável, então isso não existe! O poder relacionado aos hábitos de consumo da informação por parte dos usuários que influencia as buscas, seus resultados e interpretações tem um nome: Ditadura dos Top 10. Isso mesmo, ditadura dos 10 mais! Se o resultado procurado não estiver entre os 10 primeiros, ele dificilmente será visto pelos usuários. Assim, os esforços de anunciantes serão em vão. Por essa razão, as empresas estão buscando técnicas de otimização dos mecanismos de busca para manter seus resultados entre os 10 primeiros de uma página. Essas técnicas são conhecidas como SEO (Search Engine Optimization), Mecanismo de Otimização de Busca e SEM (Search Engine Marketing), Marketing de Busca, que veremos mais adiante em estratégias. 2.3 “Lado Negro da Força” Tendo em mente todo o poder dos mecanismos de busca, não dá para deixar de pensar se as intenções oriundas desse indexa–não indexa são sempre boas. Quando buscamos na net, estamos colocando nossos dados lá, dados esses totalmente rastreáveis e manipuláveis. Informações como endereço de IP do usuário, data, hora, objeto da busca ficam disponíveis. Sem pensar, estamos fornecendo informações sobre nós, nossos gostos, preferências, atitudes, comportamentos, tendências políticas, religiosas, sexuais. Essas informações, 3 iProspect, 2006. 8 usadas isoladamente ou em conjunto, podem ser utilizadas para determinar tendências (ok!), mapear dados, policiar e restringir (xi!). Existe, de fato, uma preocupação sobre o que é feito com tais dados, que os acessa e se forem utilizados, como isso é feito, porque e para quem. Saiba mais Para quem for um pouco mais curioso, deixo como dica esse artigo: “FAQ: When Google is not your friend”4 que mostra que tem bastante gente pensando sobre o assunto. 2.4 Formas de busca E, para finalizarmos o tema de redes sociais, é preciso abordar aqui as formas de busca possíveis. Já vimos o que são buscadores e exemplos deles. Agora, quero que vocês saibam que há mais de um tipo de busca e para cada uma poderá haver um mecanismo novo. Olho! A busca pode ser: Horizontal: é busca geral por toda web dos sites indexados; Vertical: tem foco especializado indexando informações referentes a uma área específica. Ex: Flickr, Pipl; Universal: busca que mistura todos os tipos de resultados, ou seja, textuais, notícias, vídeos, imagens, música etc. Ex: Google Schoolar; Semântica: Busca não por palavras-chave, como é o usual, mas por significados, que permitem compreender o contexto da busca e entregar mais valor ao usuário. Ex: Wolfram Alfa; Em tempo Real: Como o próprio nome diz, são sistemas de busca que trazem informações da hora, no tempo em que estão acontecendo. Ex: Collecta, Twitter; Deep Web:5 ou Web profunda, é a parte da rede que não é indexada, mas ela existe e pode ser encontrada, não pelos buscadores tradicionais, mas por específicos. Ex: Complete Web, Infomine. 4 McCullagh, 2006. 5 Informações sobre Deep Web: <http://en.wikipedia.org/wiki/Deep_Web>. Acesso em: 31 dez. 2017. 9 Aqui, vimos contexto atual e conceito dos mecanismos de busca, suas ferramentas e implicações para nossas vidas. Algumas reflexões também podem ser extraídas. As estratégias relacionadas aos mecanismos de busca, rapidamente mencionados aqui, serão tratados mais adiante, na Aula 5. TEMA 3 – TECNOLOGIA MÓVEL A tecnologia mobile6 é um reflexo da qualidade humana de mobilidade. O ser humano é móvel e, por isso, as tecnologias que possibilitam e alavancam essa característica encontram plena aceitação e vieram para ficar. Os celulares, por exemplo, são tão indispensáveis na vida cotidiana que as pessoas não conseguem mais se separar deles; não seria exagero dizer que são praticamente uma extensão do corpo! As plataformas móveis (ou mobile) não se restringem apenas aos aparelhos celulares e smartphones, mas englobam também PDA’s, PSP’s, GPS, e-book readers7 etc. Vamos ver a seguir as principais, tanto por serem instrumentos interessantes na concepção de ações de marketing, quanto por oferecerem opções inovadoras e surpreendentes do ponto de vista do público em geral: Aplicativos, SMS/MMS, RFID, GPS, Mobile Tagging. 3.1 Aplicativos Os aplicativos talvez sejam a expressão mais conhecida de tecnologia móvel. Na verdade, eles são programas computacionais específicos instalados em dispositivos móveis, tais como celulares e PDAs. Foram os aplicativos que ajudaram na disseminação da cultura mobile, alavancada com o lançamento do iPhone. Os aplicativos podem funcionar com ou sem conexão com a internet, ou seja, podem ser online e offline. Exemplos de aplicativos offline são jogos e simuladores que não necessitam informações fora do aparelho, como Minecraft e Angry Birds. Já os aplicativos online são aqueles que necessitam de conexão com a internet como aplicativos para realizar pagamentos, para pesquisar preços, adquirir informações meteorológicas, entre outros. 6 Do inglês, móvel. 7 PDA: Sigla para Personal Digital Assistant, é um computador de bolso, ou de “palma da mão”; PSP: Sigla para Provedor de Serviços de Pagamento; GPS: sigla para Global Positioning System; e-book reader: leitor para livros eletrônicos. Ex: Kobo ou Kindle. 10 3.2 SMS/MMS Essas tecnologias são bem conhecidas de vocês. SMS ou Short Message Service (Serviço de Mensagens Curtas) é a que permite enviar mensagens de texto pelo celular, limitada a 160 caracteres. É bastante comum e utilizada em diversos aparelhos celulares e sua difusão deve-se principalmente à facilidade de uso. Com isso, o SMS é bastante utilizado em ações de marketing (tantotradicionais quanto promocionais), não apenas pela praticidade e baixo custo, mas pelas vantagens apresentadas em termos de retorno: segundo consultorias de tecnologia especializadas, a taxa de abertura das mensagens SMS é de 95%! Enquanto o tempo média de resposta de e-mails é de 90 minutos, no caso do SMS, a média é de apenas 90 segundos; além disso, em 70% das pesquisas realizadas por SMS os usuários tomam alguma ação em dentro de uma hora a contar de seu recebimento. Esse tipo de tecnologia é geralmente combinado com outros elementos, resultando em ações de marketing interessantes. Muitas delas utilizam vending machines ou mobile commerce. Um exemplo são ações que pedem o envio de SMS por parte do usuário para trocar por brindes, produtos em determinados pontos físicos. Em casos mais simples, porém não menos eficientes, os SMS são utilizados como comunicação de eventos que pretendem fortalecer relacionamento e/ ou lançar produtos e serviços. Saiba mais Veja exemplos em: “Carefree interacting vending machine”, disponível em: <https://vimeo.com/9680162>. Acesso em: 31 dez. 2017. E Publicidade via SMS marketing – reportagem, disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=UyZon9StEWQ>. Acesso em: 16 fev. 2018. O MMS ou Multimidia Messaging Service (Serviço de Mensagem Multimídia) é uma versão mais ampla dos tradicionais SMS, ele permite incluir conteúdo de vários tipos de mídia, como imagens, vídeos e ringtones. O custo é maior do que o de envio de um SMS e seu uso ainda é menos popular. Em relação às campanhas de marketing, o maior problema para a difusão de uso é a interoperabilidade8 entre as operadoras de telefonia, que dificulta ações mais abrangentes e complexas. 8 Interoperabilidade é a capacidade de um sistema (informatizado ou não) de se comunicar de forma transparente (ou o mais próximo disso) com outro sistema (semelhante ou não). 11 Saiba mais Exemplos de ações utilizando MMS: MMS Marketing – Did you know this was possible? Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=rNWknIb- T7w>. Acesso em: 16 fev. 2018. As mensagens contêm textos e imagens de produtos. Uma vez clicados os links levam o consumidor à página do produto de interesse, com ofertas e promoções para fechar a compra. Além disso, pode rastreá-lo e usar o banco de dados para futuras ofertas. 3.3 RFID Radio Frequency Identification (Identificação por Rádio Frequência) é uma tecnologia por meio de sensores (tags) que identifica ou rastreia objetos, pessoas, por meio de ondas de rádio. Ela é uma importante tecnologia móvel que vem sendo cada vez mais utilizada. Um exemplo da aplicação dessa tecnologia que vocês podem já ter tido contato é o “Sem Parar”, utilizado na passagem por pedágios. A tecnologia RFID alavanca a Web 3.0 da sincronicidade, semântica e para a Internet das Coisas, lembram? Isso porque as tags em pessoas, veículos e objetos permitem seu rastreamento em tempo real, fazendo com que possamos acessá-los a qualquer momento para adquirir dados, abordar pessoas em momentos específicos e compreender contextos de consumo específicos. Dessa forma, pessoas, veículos e objetos também fazem parte da net e não apenas documentos. As tags podem descrever muitas informações sobre objetos nas quais estão fixadas, como temperatura e condições para consumo. Dependendo do produto, essa tecnologia pode mudar a relação com o usuário e a base de oferta, na qual o produto passa a ser secundário e o valor estará baseado na manutenção de relacionamento e atualização de serviços. Algumas ações de marketing que utilizam as tags de identificação fazem parte da Realidade Aumentada, conceito no qual a vida real tem suas possibilidades expandidas por meio de ferramentas digitais. Exemplos disso são ações como a feita pelo L´Egregore Café, na qual são utilizadas tecnologias de mobile tagging, QR Code (veremos a seguir) e mídias sociais. As tags são utilizadas para fazer check-in, receber informações, participar de promoções, ganhar brindes etc. 12 Saiba mais Confira em: <https://www.youtube.com/watch?v=qwxRhLckgRU>. Acesso em: 16 fev. 2018. Uma das vantagens da tecnologia RFID é que o leitor da tag não precisa ter contato visual com ela, podendo ser “sentida” automaticamente pelo leitor. 3.4 GPS Global Positioning System (Sistema de Posicionamento Global) é um sistema via satélite que fornece a localização de coisas e pessoas de forma confiável por meio de um dispositivo receptor do sistema. Esse sistema é composto por 3 partes: a espacial, a de controle e a do usuário. As duas primeiras partes são operadas por satélites e a do usuário por meio dos receptores que calculam altura, latitude e longitude, podendo fornecer a localização exata do objeto ou pessoa. Atualmente, há um barateamento dos dispositivos receptores que fez com que seu uso comercial fosse alavancado. Vários são os usos atuais para essa tecnologia e certamente vocês já conhecem: rastreamento de cargas e objetos, navegação por meio dos celulares que permite encontrar pessoas e fornecer serviços, como o 911 de emergência nos EUA, sistemas de vigilância, mapeamento de regiões e até mesmo para recreação e arte (serviços em museus, restaurantes, gincanas e jogos). Atualmente, os dispositivos GPS para navegação em veículos e geolocalização estão se popularizando. Grande parte dos celulares vem com receptor de GPS, propiciando o desenvolvimento de aplicativos, como Waze, Foursquare, iFood, Google Maps, para citar apenas alguns mais conhecidos. Esse fato cria um ambiente fértil para o desenvolvimento de ações de marketing utilizando tecnologias móveis de geolocalização. 3.5 Mobile Tagging Conforme Martha Gabriel, em Marketing na Era Digital, (2016) “As Mobile Tags são códigos de barras bidimensionais que permitem encriptar URL´s e outros tipos de dados... Mobile tagging é o processo de ler de decodificar uma mobile tag”. A grande vantagem é que o código de barras pode ser escaneado e decodificado por dispositivos móveis, como celulares, smartphones e PDA´s. Existem vários padrões de código de barras e, consequentemente, diferentes leitores. Os padrões de mobile tags mais utilizados atualmente são o 13 QRcode e DataMatrix, tanto que as pessoas não falam mobile tag e, sim, QRcode. Na verdade, o QRcode é um tipo de mobile tag, atenção. A Figura 1 mostra os padrões de código de barras existentes. Nos códigos de barra bidimensionais (2D) é possível encriptar vários tipos de informação, desde textos, números e URL (endereços de internet) em grande quantidade. Ele pode lidar com caracteres numéricos, alfanuméricos, símbolos, binários, códigos de controle, kanji, kana, higarana. Já nos códigos de barra tradicionais é possível encriptar apenas dados numéricos de até 20 dígitos. A Figura 2 mostra um exemplo de códigos tradicionais e bidimensionais. Certamente você já deve ter visto e utilizado algum deles no seu dia a dia. Figura 1 – Tipos de códigos Bidimensionais 14 Figura 2 – Códigos tradicionais e bidimensionais Tradicional QR code Uma grande vantagem das mobile tags sobre códigos de barras tradicionais está relacionada à forma de ler e decodificar a informação. Enquanto as tags móveis são lidas e decodificadas por qualquer aparelho móvel celular (tem que instalar o software de leitura, claro, mas é muito simples), os códigos de barra tradicionais precisam de scanners e hardwares específicos. Essa facilidade de acesso e operacionalização das tags móveis faz comque sejam uma opção viável de uso para o marketing, pois é uma tecnologia com potencial para impactar qualquer pessoa do planeta. Em resumo, as mobile tags têm inúmeros benefícios: Alta capacidade de armazenamento; Leitura e decodificação de uma ampla gama de informações; Possibilita rastreamento; Simplicidade na leitura e criação dos códigos: usa plataformas já existentes de dispositivos móveis (leitura) e computadores (criação); É gratuito; É sustentável: elimina etiquetas, cupons, tickets e vouchers; É flexível: o detalhamento da informação desejada é definida pelo usuário. O cenário para disseminação das mobile tags é muito propício. Atualmente, o padrão de codificação mais conhecido no mundo é o QRcode, mas o DataMatrix e o Beetagg também são bastante utilizados. É importante lembrar que para cada código deve haver um leitor. Assim como os padrões de codificação há diversos tipos de leitores, que leem um ou mais códigos. O QRcode por exemplo, pode ser lido pelo i-nigma e beetagg. O uso das mobile tags pode beneficiar várias áreas do conhecimento inclusive, é claro, o marketing, por isso as menciono aqui. O entretenimento, a área privada, cultural, pública, educação e pessoal são exemplos de atuação. Por detrás da tecnologia de mobile tagging há uma ideia tanto de convergência de 15 mídias (falamos sobre isso na Aula 2) quanto de uma plataforma cujo uso propicia processos transmídia (também já vimos), já que as tags podem conduzir pessoas de uma mídia até outra. Um exemplo excelente para que vocês compreendam bem está no clipe da música “Integral” da banda inglesa Pet Shop Boys, disponível em: <ww.youtube.com/watch?v=61ocE12lWOs>. Acesso em: 31 dez. 2017. Ele foi lançado na TV aberta; as pessoas iam até o YouTube para acessar o vídeo de forma que pudessem acessar os QRcodes via celular. Genial, não? Ao criar um link físico para o mundo digital, as mobile tags atuam como um instrumento de ampliação da realidade, pois podem acrescentar várias informações digitais às coisas da realidade física. Assim, elas fazem parte de um dos processos mais simples e econômicos de se criar realidade aumentada, uma estratégia cada vez mais utilizada pelo mundo do marketing. Vale a dica. TEMA 4 – REDES SOCIAIS A primeira coisa que vocês devem ter em mente quando se fala em rede social, é que ela não tem nada a ver com tecnologia. Rede social é a reunião de pessoas em função de seus relacionamentos ou interdependências, sejam elas em função das amizades, trabalho, família, interesses entre outros. Logo, as redes sociais existem desde que existe a humanidade. O que ocorre é que a tecnologia vem alavancando e trazendo novas possibilidades de interação, ajudando na criação, interação e disseminação de redes entre pessoas e grupos. Assim, as redes vêm se tornando mais abrangentes e complexas. Por isso, não é incomum que nas plataformas de redes sociais atuais as pessoas tenham 500, 1000, 2000 amigos. Nesse sentido, e a título de curiosidade, quero trazer uma informação interessante: vocês sabiam que o cérebro humano é capaz de administrar no máximo 150 amigos? Esse é um dado do estudo conduzido por Robin Dunbar9, conhecido por número Dunbar. Alguns estudos afirmam que este número pode ser superado pela ampliação cognitiva do cérebro humano em virtude da quantidade de informação, dados e relações aos quais somos expostos, porém não é o que se observa na realidade, e o número Dunbar continua apresentando certa precisão. Como conclusão, percebe-se que a tecnologia torna as 9 Antropólogo britânico especialista em comportamento primata. Atualmente é diretor do grupo de pesquisa de neurociência evolucionária do departamento de psicologia experimental da Universidade de Oxford e professor visitante na Universidade de Alto. 16 possibilidades de relação ilimitadas, mas o indivíduo permanece limitado em virtude de fatores humanos. Saiba mais Para compreender melhor, sugiro a leitura do seguinte artigo: <www.theguardian.com/technology/2010/mar/14/my-bright-idea-robin-dunbar>. Acesso em: 16 fev. 2018. 4.1 Tipos Existem vários tipos de sites de redes sociais na internet em função de suas características e interesses. A seguir, podemos observar uma tabela com exemplos mais conhecidos: Tabela 1 – Exemplos de redes sociais Foco Rede Amizade Facebook, Orkut, Trabalho Linked In Vídeos You Tube, Vimeo Fotos, imagens, ilustrações Instagram, Flickr Localização Foursquare Relacionamento Tinder A maioria mencionada anteriormente, se não todos, são conhecidos por vocês. No entanto, é necessário conceituar adequadamente redes sociais e mídias sociais, pois geralmente há uma grande confusão entre os termos e costuma-se utilizá-los como se fossem a mesma coisa. As redes sociais relacionam-se a pessoas que estão conectadas em função de algo em comum (características, afinidades, interesses); já as mídias sociais estão associadas aos conteúdos compartilhados e gerados pelos usuários. Elas são meios pelos quais esses conteúdos transitam e chegam até os membros de uma rede. Diferenciar esses conceitos evita erros na determinação de ações de marketing adequadas. Também é importante atentar para os valores que permeiam a presença das redes, pois além de serem uma consequência da presença nela, acabam, mesmo que inconscientemente, sendo também uma razão para a sua imersão. A presença em redes implica em valores de: 17 Visibilidade; Reputação; Popularidade; Autoridade. Existem milhares de sites e plataformas de redes sociais; algumas delas são populares em todo mundo, outras, apenas em determinados países e/ ou regiões. É perceptível ao longo dos anos o aumento do uso e difusão das redes sociais online em todas as camadas sociais e em todos os países. A seguir, uma figura que mostra quais as mais utilizadas no mundo todo. Figura 3 – Redes sociais mais utilizadas no mundo Fonte: <www.techtudo.com.br/noticias>. Acesso em: 16 fev. 2018. É importante lembrar que conhecer as funcionalidades e características específicas de cada site de rede social, bem como o perfil de seus usuários é crucial para determinar quais farão parte de uma estratégia/ ação de marketing desejada. Em resumo, o que você precisa saber sobre esse tema de redes sociais é diferenciar os conceitos de redes e mídias sociais, os tipos existentes, suas 18 características e funcionalidades bem como os valores que permeiam a presença digital. Dessa forma, é possível criar ações e estratégias de marketing assertivas! FINALIZANDO Neste encontro conhecemos as principais ferramentas de marketing digital existentes para quando forem atuar como gestores digitais em suas empresas ou empreendimentos. Assim, eliminamos a confusão entre o que são estratégias e o que são ferramentas, afim de elucidar o que utilizar quando se tratar de contexto, plano e operacionalização. Uma vez que já temos nossa “caixa de ferramentas” arrumada, podemos seguir adiante e começar a traças alguns planos. Antes, contudo, teremos que conhecer a respeito dos “personagens” os quais pretendemos atingir com nossas ações, ou seja, nosso público-alvo. Além das ferramentas disponíveis, precisamos saber quem pretendemos alcançar com nossas estratégias. Logo, nossa próxima parada diz respeito ao público-alvo e aos cuidados e ideias que devemos adotar para desenharmos estratégias eficazes. Que bom que seguiram até aqui! 19 REFERÊNCIAS AMA – AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Disponívelem: <https://www.ama.org/>. Acesso em: 16 fev. 2018. CHABANNE, H.; URIEN, P.; SUSINI, J.F. RFID and the Internet of Things. 1. ed. United States: Willey-Iste, 2011. GABRIEL, M. Marketing na Era Digital. 7. ed. São Paulo: Novatec, 2016. KALAKOTA, R.; ROBINSON, M. M-business. Tecnologia Móvel e Estratégia de Negócios. 1. ed. São Paulo: Bookman, 2002. MARTHA GABRIEL. Disponível em: <https://www.marthagabriel.com.br>. Acesso em: 16 fev. 2018. OLIVEIRA, S. Internet das coisas com esp8266, arduino e raspberry pi. 1. ed. Brasil: Novatec, 2017. TIM O`REILLY. Disponível em: <http://www.oreilly.com>. Acesso em: 16 fev. 2018. AULA 2 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 02 CONVERSA INICIAL Estão comigo, pessoal? Gostaram da revisão dos principais conceitos de marketing? Eles são essenciais para o que vem a seguir. Agora que abordamos o essencial para um planejamento de marketing, vamos analisar as transformações que vêm ocorrendo no ambiente ao longo do tempo em decorrência do aparecimento de tecnologias e plataformas digitais. Além disso, vamos estudar o conceito de marketing digital e as tecnologias e plataformas que servem de base para seu desenvolvimento. CONTEXTUALIZANDO Alguns pesquisadores, cientistas e filósofos do Século XX previram de forma espetacular alguns eventos humanos que estavam por vir, em especial relacionados à educação, disseminação de conhecimento, comunicação e interação humanas. Dentre algumas ideias e teorias que mais impressionam pela proximidade com a realidade atual, está a Teoria da Noosfera, de Vladimir Vernadsky e Pierre Teilhard de Chardin. Ela se refere à evolução do pensamento humano em termos de complexidade e desenvolvimento (redes). A Noosfera é formada pela integração do pensamento humano numa única rede na qual o conhecimento é produzido e compartilhado por todos. Segundo essa teoria, conforme a humanidade se organiza em redes sociais cada vez mais complexas, gerando mais conhecimento, mais a Noosfera cresce. Saiba mais Veja mais sobre a Noosfera em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Noosfera>. Com essa ideia em mente e a partir do conteúdo que veremos mais adiante, convido-os a observar a conexão entre os conteúdos desta matéria e a fazer uma reflexão a respeito de como a evolução do pensamento humano, por meio da internet e das tecnologias digitais em uma grande rede, é a infraestrutura que torna essa ideia de Noosfera possível. TEMA 1 – O NOVO CONSUMIDOR O consumidor sempre teve um enorme poder. Desde a década de 60 quando colocaram em suas mãos o controle remoto, até os dias atuais com a miríade de possibilidades em termos de produtos, serviços e mídias disponíveis, 03 ele é cada vez mais o centro das estratégias de marketing, que precisam se ajustar continuamente não apenas às demandas, mas às tecnologias emergentes. Não se trata de uma escolha: é adaptar ou morrer. Ao mesmo tempo em que empresas e marcas se adaptam, os consumidores aprendem, trocam e discutem informação, e nesse processo em que todos aprendem surgem novos conceitos, termos que valem a pena conhecer e debater. 1.1 Cibridismo A alta conectividade faz parte de nossas vidas atualmente. “Estar” conectado é uma necessidade; “ser” conectado é status. Estar conectado é o fato de entrar e sair eventualmente da rede, conforme desejo ou necessidade. Ser conectado significa que parte de nós está na rede, vivendo em uma espécie de simbiose1 com ela. A verdade é que estamos cada vez mais dependentes e isso só foi possível graças ao barateamento da banda larga da internet, que permitiu o acesso irreversível a esse mundo conectado, no qual podemos consumir, opinar, interagir. Esse constante estado de trânsito entre as redes, hora on e off-line é conhecido como cibridismo. Esse termo está cada vez mais presente no meio digital e você precisa conhecer. Nesse ambiente de troca, aprendizado e adaptação proporcionado pela tecnologia, as mudanças ocorrem de forma muito rápida, assim como foi o crescimento do uso da internet nos últimos 10 anos (sim, apenas 10 anos!). Saiba mais Um vídeo que pode exemplificar bem o que estou falando e que vale a pena acessar é The State of the Internet – Statistics about The Use of the Internet in the World. Ele apresenta dados estatísticos e o volume de informações que a web movimenta. Já em 2010, o volume investido em mídia digital superou o volume de mídia impressa nos Estados Unidos, segundo a Revista Forbes. 1.2 Multi-interação Uma das mudanças mais emblemáticas ocorridas desde o surgimento da primeira “tela” com a qual o consumidor interagiu se refere ao passo rumo à múltipla interatividade. Esse movimento caracteriza perfeitamente a evolução que 1 Simbiose é uma associação a longo prazo, podendo ser essa relação benéfica para ambos os indivíduos envolvidos ou não. 04 vem ocorrendo até aqui em termos tecnológicos. Para compreender isso, façamos uma retrospectiva. A primeira das telas foi a de cinema, cuja experiência é compartilhada com várias pessoas, de modo passivo, ou seja, todos assistem ao mesmo conteúdo, previamente definido. A segunda foi a tela da TV, com a qual desfrutamos conteúdo de forma privada e começamos a experimentar certa interação. A terceira foi a tela do computador, que proporcionou real interação com o mundo ao invés de apenas assistir a ele. E, por fim, a quarta tela, a dos dispositivos móveis, que permite total interação (ver, responder, criar, buscar, provocar) em qualquer tempo e em qualquer lugar. Ou seja, nessa evolução passamos de meros espectadores a indivíduos multiteleinterativos. 1.3 Inversão do vetor de marketing Seguindo a ideia de múltiplas interações, observamos que hoje em dia o acesso à informação começa na palma da mão das pessoas e isso muda radicalmente a forma de fazer marketing. O consumidor tornou-se uma presença ativa em meio a marcas e produtos. Ele não é mais o receptivo, mas, sim, ativo no processo de busca por aquilo que deseja. Enquanto no marketing tradicional as ações acontecem no sentido empresa/marca–consumidor, hoje é este que busca a marca/empresa (como, quando e onde desejar). Isso é o que podemos chamar de inversão do vetor de marketing, sustentada pela digitalização. Assim como a evolução das telas, temos também a evolução nas formas de se fazer marketing. Até os anos 80, o marketing era voltado ao produto (atributos e benefícios). As estratégias eram baseadas numa Proposição Única de Venda (USP – Unique Selling Proposition) e a plataforma era a TV. No marketing de massa é a generalidade que caracteriza as ações. Com o passar do tempo, os atributos dos produtos já não faziam diferença, e o marketing passou a focar nas pessoas e suas emoções, assim, as estratégias foram baseadas numa Proposição de Venda Emocional (ESP – Emotion Selling Proposition), cuja plataforma passou a ser o PC. No marketing de nicho/segmento é a especificidade que caracteriza as ações. Atualmente, estamos na Era da Experiência, na qual o ser, viver, experimentar é melhor que ter, possuir. O foco passa a ser a experiência do consumidor e as estratégias são baseadas numa Proposição de Venda por Experiência (ESP – Experience Selling Proposition) cuja plataforma são as mídias sociais. No marketing digital é a sincronicidade que caracteriza as ações. 05 Sincronicidade é focar num determinado públicoapenas quando ele está em determinada situação. Exemplo: Ação para homens de 35 a 55 anos, das classes A e B em busca de um apartamento para comprar nos próximos 2 meses. 1.4 Exigência ética Conhecer as motivações e valores do consumidor é fundamental para estabelecer um bom relacionamento e, consequentemente, concretizar trocas. Os consumidores mudaram bastante nos últimos anos, e se outrora eles se encantavam com o produto e suas utilidades ou a emoção que despertavam, hoje, na Era da Experiência e transparência das relações, eles desejam consumir de forma mais consciente, ou seja, aqueles produtos que satisfaçam necessidades e desejos e ao mesmo tempo não representem um malefício ou tragam qualquer tipo de prejuízo em termos sociais, ambientais e de saúde. Vivemos a Era da Transparência e, com a internet, nada mais pode ser escondido. Por isso, o ideal hoje é pautar os negócios sob um valor essencial: a ética. Pessoal, a ética nos negócios tem sida tão valorizada que escândalos de corrupção, exploração de mão de obra infantil, utilização de cobaias, entre outros não são mais admitidos e atitudes como o CEO de uma grande empresa vir a público pedir desculpas por um deslize cometido já se tornou lugar comum nas redes sociais. Já aconteceu com o Walmart, quando criou um blog baseado em fatos não verídicos sobre supostos clientes, com o Uber, quando o próprio CEO foi flagrado maltratando um motorista do aplicativo e, mais recentemente, com a American Airlines, depois de um episódio desastroso em que um passageiro foi agredido e arrancado para fora do avião. Motivo: disponibilizar lugar para um dos tripulantes. Saiba mais Como demonstração, sugiro que vejam estas duas reportagens que exemplificam ações tomadas pelas empresas a fim de resgatar/minimizar impactos negativos proveniente de ações antiéticas e que impactaram negativamente (em termos de receita e imagem) os negócios dessas empresas: Oppa: <https://exame.abril.com.br/negocios/ceo-da-oppa-visita-cliente-para- se-desculpar-por-atendimento>; Zara: <http://veja.abril.com.br/economia/zara-lanca-selo-de-procedencia-na- vespera-de-cpi-do-trabalho-escravo>. 06 Na Era Digital, as pessoas confiam mais na avaliação de seus pares e reviews do que nas avaliações do Google ou das próprias empresas. O word of mouth (boca a boca), auxiliado pelas tecnologias digitais, tornou-se o world of mouth. “Na dúvida, faça a coisa certa”. As empresas têm de ser, ou pelo menos parecer éticas acima de tudo. TEMA 2 – MOVIMENTOS DAS REDES SOCIAIS 2.1 Transformações na rede (web 1.0, 2.0, 3.0) Desde o início da internet, nos anos 90, observamos muitas transformações significativas na web. Ela passou de estática à dinâmica, de leitura para interatividade, de páginas para plataformas. Hoje, a web é semântica. Como assim, professora? Calma, em breve chegamos lá. Vocês já devem ter ouvido falar nos termos Web 1.0, 2.0 ou 3.0, correto? Na verdade, essas nomenclaturas dizem muito mais respeito à mudança no comportamento dos usuários do que na tecnologia propriamente dita. Não que ela não tenha mudado, mas o principal vetor de mudança foi o indivíduo. A Web 1.0 é estática, na qual as pessoas apenas consomem informação. A Web 2.0 é participativa, uma plataforma na qual as pessoas interagem de todas as formas: não apenas consumindo, mas também produzindo conteúdo, informação. Elas interagem com marcas e empresas de forma ativa, questionando, cutucando, opinando, trazendo dados. A Web 3.0 é a qual estamos vivenciando agora: a web semântica. Nela, encontramos não apenas os dados de que necessitamos, mas uma resposta inteligente e integrada de todos os aspectos referentes à uma consulta. Ancorada no Big Data, a informação vem categorizada, na medida das características do usuário e a partir das ligações referentes à informação solicitada. Quer ver um exemplo? Eu desejo comprar um tênis da marca Puma. Na Web 2.0 a consulta mostrará vários tênis da marca, mas também trará informações, fotos do animal puma. Cabe a mim, usuário, filtrar e inserir dados mais específicos para encontrar apenas o que busco: um tênis Puma. Na Web 3.0, a consulta mostrará apenas opções de tênis da referida marca, assim como opções adicionais que um usuário pode vir a buscar em função da aquisição desse produto, desde dados funcionais (para que modalidade, tamanho, modelo ideal, garantia) quanto acessórios 07 (opções de roupas, ocasiões de uso, acessórios que combinam, outros modelos sugeridos). Tudo isso conforme as caraterísticas do usuário. A net 3.0 sabe tudo! 2.2 A explosão do conteúdo Como dito anteriormente, foi a partir da Web 2.0 que os indivíduos passaram a um novo patamar como consumidores: de mandados eles passaram a mandar. Criando conteúdos e interagindo com as marcas e empresas, eles passaram a dizer o que querem, como, onde e quando. Pela facilidade de se publicar e compartilhar conteúdos, sua multiplicação ocorre em velocidade vertiginosa. Como não existem limitações físicas para armazenar qualquer tipo de informação, há uma imensa massa de opções disponíveis para cada conceito buscado, permitindo que produtos ou marcas muito pouco procurados ainda apareçam disponíveis na rede. Nesse contexto, temos a chamada Cauda Longa (the long tail)2, que é expressa pela possibilidade de existência simultânea da oferta de todo tipo de produto na rede, desde os mais procurados/desejados até aqueles com uma demanda exígua. E é aí que temos um ponto importante: tudo isso quer dizer que, com a gigante oferta de informação, são necessários muitos filtros e validações dos conteúdos, o que acaba criando um ambiente fértil para os processos de busca. 2.3 Era da busca e as redes sociais Em função do que falamos anteriormente, vemos que estamos na Era da Busca, cujos mecanismos (Google, Yahoo) são diariamente usados por milhões de pessoas. As enciclopédias foram substituídas pelos mecanismos de busca que trazem informação em quantidade e, em muitos casos, qualidade superior a respeito de um determinado termo. A popularidade é tão grande que o Google, em 2006, virou verbo na Inglaterra por meio do Merriam-Webster’s Dictionary. Saiba mais Veja em: <https://www.merriam-webster.com/dictionary/google>. Além dos mecanismos de busca, outro componente da web de destaque são as redes sociais. Não é de se admirar seu sucesso, principalmente pelo fato 2 Ver imagem em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Cauda_longa>. 08 de vivermos numa época de intensa interação e necessidade de transparência. Amparadas pela distância, as pessoas se sentem à vontade para expressar opiniões (muitas vezes beiram a agressividade e irracionalidade, mas esse não é o foco aqui) e dar feedbacks3 sobre produtos e marcas, o que contribui para a percepção sobre elas. Nesse sentido, as redes sociais podem exercer um papel vital na construção da reputação de marcas e produtos. Desde o início das redes sociais até os dias de hoje, é possível presenciar as impressionantes transformações ocorridas em termos de uso e participação das redes no cotidiano mundial. Para citar um exemplo: Se o Facebook fosse um país, em termos de habitantes, ele seria o terceiro maior do mundo, atrás apenas da China e da Índia. Saiba mais Para ver mais, sugiro que assistam ao vídeo: <https://www.youtube.com/watch?v=lFZ0z5Fm-Ng>. Acesso em: 31 dez. 2017. As redes sociais mudam a forma como se dá a economia, que parte de uma perspectiva mecanicista baseada no produto e na indústria para um vetor social. Social nesse contexto significaa interação entre as pessoas e não entre pessoas-empresas ou vice-versa. O social se refere a relacionamento, conquista, engajamento, manutenção, ética, cuidado, respeito e transparência. Assim, as mídias sociais representam uma das formas mais importantes (se não a mais importante, dependendo do público) de mídia para o marketing. 2.4 Mobilidade: um caminho sem volta Já é fato e não há como negar: o futuro é móvel. Ou melhor, o presente é móvel. A velocidade dos fatos é tão grande que aquilo que idealizamos como futuro, já está acontecendo hoje, agora. O gasto com anúncios móveis vem crescendo vertiginosamente e apenas não é mais elevado porque ainda temos alguns gargalos (pelo menos aqui no Brasil) a resolver, como limitado acesso à conexão na internet (banda larga), baixa velocidade e preços elevados, ainda não acessíveis para as classes C, D e E. Uma vez resolvidas tais limitações, certamente experimentaremos uma explosão de ações de marketing desenvolvidas em mídias mobile.4 3 Resposta. 4 Do inglês: móvel. 09 Dentro do aspecto de mobilidade, a geolocalização é alavancada e uma realidade cada vez mais crescente nas mídias móveis. Ela traz um novo componente às ações de marketing por segmentação: a possibilidade de segmentação em tempo real! Imagine que você está viajando com sua namorada e o plano é pedi-la em casamento no dia dos namorados. Você quer levá-la a um local especial, mas não sabe onde pois é sua primeira vez na cidade. Que apuro, hein? Mas felizmente seu celular possui geolocalizador que acusa aonde você está e, em virtude disso (e da data importante para o comércio), você recebe de 3 a 4 anúncios de bons restaurantes da cidade nos quais se você fizer a reserva naquele momento, ganha o vinho na faixa! Perfeito, não? Como podemos ver, a geolocalização traz ao marketing uma dimensão importante para oferecer produtos e serviços às pessoas, enriquecendo as ações de marketing. Está havendo um colapso do tempo e espaço na propagação da informação propiciado pelas tecnologias digitais móveis e que está transformando o mundo em um mundo em tempo real. Por isso, cada vez mais as empresas têm monitorado as redes sociais presenciais para rastrear problemas e resolvê-los rapidamente, antes que ocorra algum prejuízo de reputação. Por fim, e em função do que vimos anteriormente, temos o conceito de Internet das Coisas (IoT – Internet of Things), que é um conceito baseado exatamente no que presenciamos diariamente: não apenas pessoas são conectadas, mas também coisas, objetos. Amparado por sistemas embarcados, microeletrônica, comunicação e sensoriamento, a IoTé uma extensão da internet atual, que permite aos objetos do dia a dia (mas com capacidade computacional e de comunicação) se conectarem à internet. TEMA 3 – ASPECTOS DA ERA DIGITAL 3.1 Conceito de preço na economia digital Empresas que apoiam a precificação de seu negócio à moda antiga (preço de custo, margem lucro, concorrência) podem estar ganhando concorrentes de peso que vão deixá-las para trás. Assim como produtos, comunicação, interação e promoção mudaram estrondosamente na Era Digital, assim está acontecendo com os preços, ou melhor, com as estratégias de precificação. É evidente que, dependendo do segmento, algumas mudanças sejam percebidas com maior ou menor velocidade, mas elas estão aí e não dá para 010 negar, pessoal. Nos Estado Unidos, por exemplo, há rádios que participam de leilões para ofertar spots de rádio. Quem ofertar o melhor preço leva o cliente! Na Era Digital, a definição do preço de algo é definido na relação preço versus valor. Como assim? Preço é determinado por quem vende. Valor é determinado por quem compra. E ai? Como vai ser? Na Era Digital, quando as pessoas trocam informações livremente, opinam em reviews, dão dicas nas redes sociais e compartilham toda sorte de dados; elas promovem a transparência, e atribuem valor às coisas, pessoas, marcas e empresas. O valor é inegociável, ou se vê ou não se vê. Por isso, artistas e alguns negócios baseiam seu preço no valor dado pelo cliente. Anotem! O preço de venda passou a ser um equilíbrio negociável entre o valor percebido pelo usuário e o preço desejado pelo anunciante. Logo, observa-se uma inversão do vetor preço: agora é o consumidor que faz o preço e o anunciante decide se vai vender ou não. Nesse contexto em que o que se vende é valor, percepção e não o produto em si necessariamente, o papel do marketing digital é aumentar o valor percebido pelo consumidor, já que de outra forma a quantia recebida em troca dum bem ofertado pode ser insatisfatória. Por essa razão, muitas estratégias apoiam-se no uso de celebridades, influenciadores digitais, instagrammers etc. Essas figuras agregam valor a produtos, serviços e marcas. Eles interagem individualmente com seu público (pelo menos a percepção é essa). Lembre-se: Relevância gera valor; massificação, não. Opinião de influenciadores, gera valor; propaganda de ampla abrangência, não mais. Lembre-se: a informação aumenta o valor de um bem ou serviço; quanto mais informação o consumidor tem sobre o que é vendido, mais seguro ele se sente, maior valor ele dá ao bem/serviço e maior a probabilidade de ele efetuar a troca (compra). O valor percebido aumenta junto com a margem de lucro. Por isso, cuide bem da informação que passa para o consumidor. 3.2 Novos formatos de negócio Assim como praticamente tudo mudou com a Era Digital, não poderia ser diferente em relação aos modelos de negócios, à forma de transicionar bens e serviços. Destaco para vocês três novos formatos de negócios que surgiram em virtude da digitalização: a desintermediação, a terceirização e a coopetição. A desintermediação, como o próprio nome diz, é a eliminação de intermediários. Em virtude da internet, o conteúdo hoje é livre e trafega na rede. Se antes vários negócios precisavam de intermediários, como na indústria da 011 música, agora não mais. Lembra quando você gostava de determinada música de uma banda mas para ouvi-la tinha que comprar um disco com 14 faixas? Nos dias de hoje, você pode baixar as músicas de que gosta em seu IPod e nele compor um set de sua preferência. Daí eu pergunto: onde foram parar as gravadoras que nos obrigavam a comprar o disco todo? Sumiram! Se antes os artistas que produziam o conteúdo dependiam de alguém que desse a forma (confecção do disco, fita cassete, DVD), hoje praticamente não há mais a necessidade do intermediador entre o artista e seu público (fãs). Esses intermediários foram retirados da cadeia de valor do produto simplesmente porque não geram mais valor para o produto. Uma alternativa para lojas de música, já que para quem quer apenas o conteúdo, ou seja, a música em si, elas não agregam valor, pode ser trabalhar a questão da “experiência”, ofertando um serviço maravilhoso de indicações de CD’s, um café espetacular e um ambiente acolhedor. Mas a mensagem que deve ficar para você, meu aluno, é a seguinte: as empresas devem parar de insistir no suporte físico como meio de acesso ao conteúdo. Já era! A terceirização é um modelo de negócio usado pelas empresas que querem ser extremamente competitivas no seu segmento. O espírito da coisa é deixar para o marketing digital a criação de estratégias de presença, conteúdo, atração, promoção, enquanto que a empresa cuida “pessoalmente” daquilo que é seu “core” business, aquilo que é o diferencial e somente ela sabe fazer. Quer ver um exemplo? A Livraria Cultura tem uma presença digital forte, na qual realiza a comunicação, promoção, ofertas, transações,vendas, porém, no canal físico (lojas) ela foca naquilo que pode ser seu diferencial: atendimento e orientação na busca e aquisição de obras e músicas. Ela sempre promove encontros de artistas, músicos e literatos que proporcionam uma experiência prazerosa aos seus clientes. A terceirização acabou criando outra forma de negócio: a coopetição, que é um híbrido entre competição e cooperação. Numa era em que as transformações acontecem de forma muito rápida, praticar uma política da boa vizinhança e estabelecer parcerias representa a força que pode ser necessária num futuro incerto. 3.3 Culto à simplicidade e ao significado Menos é mais. Já ouviram essa? Já perceberam como há uma demanda crescente ou pelo menos a relacionada ao consumo de luxo (que é onde a grande 012 maioria gostaria de estar) por um design mais simples, por uma vida mais simples na qual as pessoas têm mais tempo para o que verdadeiramente importa? Algumas necessidades expressas em publicações, como Vida Simples, Melhores Empresas para se Trabalhar ou logos como “tempo para o que realmente importa” e a que abriu esse parágrafo mostra que estamos subindo na famosa Pirâmide de Maslow (lembram dela na Aula 1?). Na atualidade, as atenções se voltam para valores humanos, bem-estar e até mesmo espiritualidade. O ser humano deslocou suas necessidades básicas para preocupações como desenvolvimento pessoal. É o ser humano voltado para o próprio ser humano. A web interligada faz com que culturas se conheçam, reconheçam e aglutinem-se, recriando um novo contexto. O sentimento do coletivo proporcionado pela internet auxilia no processo de autoconhecimento que, por sua vez, faz o indivíduo refletir sobre si, sua condição no mundo e buscar alternativas para encurtar distâncias a fim de melhorar a qualidade de vida como um todo. Mudanças no consumo são um reflexo disso: combate ao consumo pelo consumo, consciência do que se consome, apoio a alternativas menos nocivas ao ecossistema e pensamento nas gerações futuras. Todo esse viés de pensamento impacta nas tecnologias e ferramentas (digitais em sua essência) escolhidas para viabilizar e pôr em prática tais visões, assim como influencia o modelo de novos negócios e a forma de comunicar tudo isso. Estamos numa era que busca pela simplicidade. Simples não quer dizer simplório, medíocre, mas, sim, essencial. A simplicidade e objetividade representam exatamente o que a dinâmica da vida atual exige. As empresas que captam isso são bem-sucedidas com o mercado. Exemplos? Google. Que dizer da sua página de entrada? Mais simples impossível. Twitter: simples de visualizar e fácil de usar. Na Era Digital é preciso ter em mente: a comunicação, as plataformas, os sites têm de ser simples, apenas com informações essenciais, ir direto ao ponto naquilo que pretendem, ser centrados na experiência do usuário. O internauta navega porque, além da informação abundante, quer otimizar seu tempo, tempo este para gozar da sua nova experiência humana. 3.4 Aspectos sobre obtenção, análise e mensuração de dados O ambiente digital é muito fértil em termos de proliferação de dados. As pessoas têm uma imensa quantidade de informações a seu respeito circulando pela net (em geral sem saber), em virtude de suas atividades diárias, como o uso 013 de cartões de crédito ou da navegação pela internet. Cada clique na rede, telefonema, compra com cartão fornece uma série de dados a respeito de cada indivíduo. A quantidade de informação é tão grande, que não é preciso fazer muito esforço para reunir dados de uma pessoa. No entanto, sabe-se que existem vários sistemas utilizados com o intuito de angariar informações para utilizá-las de diversas formas. Muitas vezes, os dados são utilizados para a criação de ações que, de fato, visam oferecer produtos e serviços ou promover marcas que agregam valor ao seu alvo. No entanto, por vezes as informações são utilizadas de forma negativa, visando à manipulação. Nesse contexto, é importante que vocês conheçam o conceito de Engenharia Social. Ele geralmente é associado a um significado pejorativo de manipulação de dados, mas isso não é correto. Engenharia Social é o conjunto de práticas de obtenção e análise de dados dos indivíduos para influenciar atitudes e comportamentos. Essa é uma ferramenta que, como tudo na vida, pode ser usada de forma benéfica ou não. Podemos chamar sua forma benéfica de Behavioral Targeting (enfoque comportamental), cujo objetivo é conhecer o comportamento dos consumidores a fim de realmente lhes oferecer produtos, serviços e experiências de valor. O mau uso da Engenharia Social, aquele feito com intuito manipulativo, fica por conta de hackers que invadem sistemas, roubam dados e utilizam de chantagem para conseguirem o que querem. Dados captados, a mensuração é um dos componentes mais importantes de qualquer estratégia. Ela permitirá avaliar se as estratégias poderão ser atingidas ou não. Dentro do atual cenário de marketing digital, em função das tecnologias disponíveis e da forma de interação, há, felizmente, uma facilidade muito maior para mensurar dados do que no marketing tradicional. Nas mídias tradicionais analógicas são necessários pesquisa de mercado, contagem, códigos promocionais para mensurar de forma quase satisfatória; nas mídias digitais o rastreamento é nativo.5 TEMA 4 – MARKETING DIGITAL: PRIMEIRAS (E IMPORTANTES) NOÇÕES 4.1 Considerações importantes O termo marketing digital é constantemente utilizado para definir qualquer estratégia ou ação de marketing que tenha em sua composição algum 5 Por meio do próprio dado, direto, imediato. 014 componente digital. No entanto, essa visão não é muito adequada, pois só faz sentido falar em marketing digital se TODAS as tecnologias e plataformas usadas numa ação forem digitais. Isso raramente ocorre, visto que geralmente as estratégias de marketing fazem uso tanto de mídias on como off-line. Além disso, apesar do digital estar cada vez mais presente, a eletricidade e os meios eletrônicos também estão em outras mídias utilizadas, como televisão, rádio, telefone, computador pessoal, videogame etc. Assim, deveríamos também ter um marketing elétrico ou eletrônico. Apesar de o digital abranger cada vez mais aspectos de nossas vidas, nós existimos fora do digital, no ambiente material no qual consumimos uma série de mídias, que ainda fazem parte das estratégias utilizadas em combinação com as digitais. Gosto de deixar tudo isso bastante claro, pois ao meu ver essa é uma das razões pelas quais empresas e profissionais ainda separam os dois ambientes em “caixinhas” separadas – isso quando não colocam os profissionais do on-line num setor a parte dos off-line (que atraso!) – pensando separadamente estratégias para clientes em comum. Marketing é marketing, seja ele de varejo, ambiental, educacional, político, financeiro, de guerrilha, on-line, digital. OK? É preciso pensar no marketing como estratégia geral e, a partir daí, definir as ferramentas existentes mais adequadas para atingir os objetivos. Por fim, quero apenas ressaltar que o digital não conserta estratégia ruim, pelo contrário: pode até piorá- la. O digital apenas potencializa tanto para o bem quanto para o mal. Com isso em mente, sigamos em frente! 4.2 Plataformas e tecnologias digitais: organizando as ideias Existem inúmeras tecnologias e plataformas digitais que podem ser utilizadas nas estratégias de marketing. No entanto, ainda vejo que há certa confusão entre o que é plataforma e tecnologia com o que é estratégia. Precisamos deixar claraa diferença para que os usos das tecnologias e plataformas sejam adequados. Quais são as plataformas e tecnologias digitais que temos hoje? Vejamos as fundamentais: Páginas digitais: sites, minissites, hotsites, portais, blogs e perfis; Realidades mistas: realidade aumentada, virtualidade aumentada e virtual; Tecnologias móveis: Mobile Tagging, SMS/MMS, Bluetooth, aplicativos, mobile TV, RFID; Plataformas digitais de redes sociais; 015 Plataformas digitais de busca: Google, Yahoo, Bing etc.; Games; Tecnologias de voz; Vídeo/TV digital/Vídeo imersivo; E-mail. Essas plataformas/tecnologias, quando combinadas, devem servir de base para o desenvolvimento das estratégias digitais, como presença digital, e-mail marketing, mobile marketing, SMO (Social Media Optimization), SMM (Search Media Marketing), SEM (Search Engine Marketing), SEO (Search Engine Optimization). Assim, a partir do perfil de estratégia desejado, podemos combinar as plataformas e ferramentas mais adequadas para aquele perfil. Exemplo: uma estratégia de presença digital, que significa estar nas redes e interagir criando engajamento, pode escolher uma combinação de site + blog + Twitter, por exemplo. Por combinar dois tipos de páginas com uma rede social (plataformas/tecnologias com esse fim), a estratégia deverá atingir o objetivo (presença, interação, engajamento). Uma estratégia de comunicação com propaganda pode combinar anúncios em revistas, TV, links patrocinados, banners em portais e game. Assim, plataformas e tecnologias digitais, somadas a plataformas e tecnologias tradicionais, oferecem uma infinidade de opções que podem ser exploradas nas estratégias de marketing. Por isso, é importante saber diferenciar entre o que é ferramenta/plataforma do que é estratégia, pois será a estratégia a definir quais opções deverão ser combinadas a fim de se alcançar o resultado desejado. 4.3 Mídias: integração e convergência No atual contexto de proliferação e difusão de plataformas e mídias digitais e sua mistura com as plataformas e mídias tradicionais, conforme podemos ver anteriormente, surgiram dois fenômenos: A crossmedia (ou transmídia) e a convergência. É importante que você os conheça pois eles estão cada vez mais presentes nas estratégias digitais de produtos dos últimos anos e, além disso, representam a oportunidade de melhorar a experiência de marca/produto com o público-alvo, potencializando-a por meio da integração de pontos de contato e interação. Transmídia é o uso integrado de mídias, quando uma mensagem ou conteúdo é transmitido utilizando-se vários meios, tanto digital como tradicional. 016 Um exemplo é o uso das tecnologias de mobile tagging (como QR Code), aliadas às mídias impressas, como livros. Você lê o livro e, por meio do celular, acessa o QR Code impresso no livro que te conecta à web na qual um conteúdo virtual, em formato de vídeo, vai enriquecer o conteúdo impresso. Show, não? Já a Convergência ocorre quando tecnologias que eram usadas separadamente passam a compartilhar o mesmo meio. Exemplos de convergência fáceis de compreender são os smartphones, smartvs. São mídias que reúnem em si a função de várias outras mídias. Nos smartphones temos funções de áudio, voz, imagem dados, geolocalização, TV. Trouxe esses conceitos para vocês porque, para que sejam bons estrategistas digitais é preciso conhecer e refletir a respeito dessas dinâmicas emergentes a fim de utilizá-las adequadamente. Mas tenham em mente também que, para que o marketing se beneficie de seu uso, é imprescindível conhecer o comportamento do público-alvo em relação às mídias e tecnologias que acessam. 4.4 Hype-Cycle e o Ciclo de Vida das tecnologias Assim como os produtos têm seu ciclo de vida, as tecnologias emergentes também têm. Muitas delas quando nascem, são recebidas com euforia, viram moda, todo mundo quer usar até que o entusiasmo acaba. Se não desaparecerem por completo, continuam disponíveis, mas os usuários acabam por encontrar sua real funcionalidade, o que acaba por encaixá-la dentro da miríade tecnológica. Esse processo foi batizado de Hype-Cycle, do inglês, Ciclo do exagero ou de propaganda exagerada e passa por 5 momentos: 1. Gatilho da Tecnologia: Um fator se torna o gatilho para criação de determinada tecnologia; a novidade gera curiosidade e interesse do mercado e da mídia. 2. Pico das expectativas infladas: A publicidade em cima da nova tecnologia gera uma expectativa exagerada, muitas vezes irreais. 3. Depressão por Desilusão: Nesse estado, entram as tecnologias que falham em atender às expectativas (o que não é raro). A imprensa abandona o assunto e a tecnologia. 4. Ladeira do esclarecimento: Apesar do aparente abandono da imprensa/mídia, algumas empresas continuam utilizando e começam a compreender seus benefícios e aplicações de forma realista. 017 5. Platô de Produtividade: Fase em que uma tecnologia é amplamente conhecida e seus benefícios aceitos; ela se torna estável e evolui para outras gerações. Seu tempo de auge vai depender se é aplicável amplamente ou se beneficia apenas um nicho de mercado. Essa noção é desejável uma vez que pode indicar aos estrategistas a hora de aguardar o amadurecimento da tecnologia ou buscar outras alternativas. FINALIZANDO Nesta aula foram analisadas as transformações ambientais ocorridas em virtude do aparecimento e difusão de tecnologias e plataformas digitais, além de termos um primeiro contato com o conceito de marketing digital e as tecnologias e plataformas que servem de base para seu desenvolvimento. Fique firme! Na próxima aula, entraremos com tudo no marketing digital, conhecendo as plataformas e tecnologias digitais emergentes! 018 REFERÊNCIAS ADOLPHO, C. Os 8 Ps do marketing digital. 8. ed. São Paulo: Novatec, 2017. BERTÃO, N. I. Zara lança ‘selo de procedência’ na véspera de CPI do Trabalho Escravo. Veja, São Paulo, Economia, 20 maio 2014. Disponível em: <http://veja.abril.com.br/economia/zara-lanca-selo-de-procedencia-na-vespera- de-cpi-do-trabalho-escravo>. Acesso em: 31 dez. 2017. ERIK QUALMAN. Social Media Revolution 2 (Refresh). 5 maio 2010. Disponível em: <https://www.youtube.com/watch?v=lFZ0z5Fm-Ng>. Acesso em: 31 dez. 2017. GABRIEL, M. Marketing na era digital. 7. ed. São Paulo: Novatec, 2016. GLADWELL, M. O ponto da virada. 1. ed. São Paulo: Sextante, 2013. GOOGLE. In: Dictionary Merriam-Webster. Disponível em: <https://www.merriam- webster.com/dictionary/google>. Acesso em: 31 dez. 2017. MELO, L. CEO da Oppa visita cliente para se desculpar por atendimento. Exame, São Paulo, Negócios, 24 mar. 2014. Disponível em: <https://exame.abril.com.br/negocios/ceo-da-oppa-visita-cliente-para-se- desculpar-por-atendimento>. Acesso em: 31 dez. 2017. NOOSFERA. In: Wikipédia: a enciclopédia livre. Disponível em: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Noosfera>. Acesso em: 31 dez. 2017. QUALMAN, E. Socialnomics. 1. ed. 2009. ZYMAN, S. The end of advertising as we know it. 2. ed. 2007. AULA 1 ESTRATÉGIA DE MARKETING NA ERA DIGITAL Profª Juliana Machado de Sousa 02 CONVERSA INICIAL Olá! Sejam bem-vindos à disciplina de Estratégias de Marketing na Era Digital! Nossa primeira aula terá como objetivo relembrar conceitos e aspectos essenciais sobre marketing, assim como as ferramentas metodológicas existentes para a elaboração de um plano consistente, instrumento básico para o desenvolvimento de estratégias de marketing de toda natureza. Esse entendimento é muito importante, pois servirá de balizador para a futuraconstrução de estratégias digitais eficientes, objeto principal desta disciplina. CONTEXTUALIZANDO Mesmo diante das novas possibilidades tecnológicas e da crescente busca pelo conhecimento das ferramentas digitais, é importante lembrar que não são apenas os “likes” ou o número de visitas a um site que fazem uma estratégia de marketing de valor. Antes, deve haver um trabalho duro de análise que constituirá a base para ações futuras. O mundo “off-line”, deixado em segundo plano, é tão importante quanto o on-line, assim como determinados aspectos e contextos ambientais que fazem parte dos elementos e análise de marketing. Logo, é importante conhecer tais aspectos e mantê-los em foco. Eles deverão servir como balizadores, tanto para a observação do contexto em que a organização está inserida e na qual irá atuar quanto para a determinação de ações que atenderão às estratégias definidas. Segundo a Startup Farm, maior aceleradora da América Latina que realizou o primeiro estudo sobre mortalidade de startups brasileiras, a taxa de encerramento ainda é alta. O levantamento analisou 191 empresas do portfólio entre 2011 e março de 2016. O estudo aponta que 74% das startups brasileiras fecham após cinco anos, enquanto 67% encerram suas atividades entre dois a cinco anos de funcionamento e 18% em até dois anos de operação. Entre os motivos da mortalidade estão os conflitos entre os sócios e o desalinhamento entre a proposta de valor e o interesse do mercado. Também segundo estudo realizado pela Fundação Dom Cabral, por meio de seu Núcleo de Inovação e Empreendedorismo, pelo menos 25% das startups morrem com pelo menos um ano; 50% em até quatro anos e 75% em até treze anos. Os pesquisadores constataram que, dentre os fatores que concorrem para isso, estão o número de sócios envolvidos, menor capacidade de adaptação dos gestores às mudanças e 03 necessidades do mercado e o local de instalação (aceleradora, incubadora, parque tecnológico, escritório próprio, loja ou sala alugada). No entanto, algumas apresentavam bons indicadores digitais (likes, interações, visitas). Mas porque será da extinção se tais números eram favoráveis? Qual sua opinião? Podemos pensar em outros fatores? Por quê? O quadro a seguir traz as percepções das startups (fechadas e em operação) com relação ao assunto. Pensemos sobre esses fatores, pois esses podem ser um ponto de partida para reflexão e para compreender a importância do conteúdo a seguir. Quadro 1 – Percepção das startups Fonte: Assessoria de Imprensa FDC – Andreoli MSL Group, em 16/10/2014. TEMA 1 – CONCEITOS ESSENCIAIS DE MARKETING Os conceitos essenciais encontram-se nessa simples definição de marketing, segundo Philip Kotler: “Marketing é atividade humana dirigida para satisfazer necessidades e desejos por meio de troca”. Assim, sem mais rodeios, vejamos cada um deles. 1.1 Troca O marketing é baseado na troca, feita de forma livre entre as partes, na qual ambos os lados, pelo menos teoricamente, saem ganhando. A troca ocorre quando: Existem pelo menos duas partes envolvidas; As partes entregam algo de valor para outra; As partes são livres para aceitar ou rejeitar a troca; 04 Na relação entre as partes existe comunicação de forma espontânea, assim como a entrega (desejo de troca); Há livre negociação entre as partes. A troca pode envolver várias coisas que não exclusivamente monetárias; uma campanha pode objetivar uma mudança de hábito, ou conscientização, por exemplo. Quanto mais se conhece a respeito do público, seus hábitos e preferências, maior a probabilidade de saber o que pode ser oferecido a fim de, consequentemente, realizar a troca. 1.2 Necessidades e Desejos As necessidades são exigências humanas básicas, tais como alimentação, descanso, homeostase etc. Elas costumam ser elencadas na famosa Pirâmide de Maslow, que as classifica a partir das mais primitivas (fisiológicas) às mais elevadas (autorrealização). Figura 1 – Pirâmide de Maslow Fonte: <https://pt.wikipedia.org/wiki/Hierarquia_de_necessidades_de_Maslow>. Acesso em: 31 dez. 2017. Os desejos são necessidades dirigidas a produtos específicos tidos como capazes de satisfazê-los. Por exemplo: alimentar-se é uma necessidade básica vital; desejo é que essa necessidade seja satisfeita por determinada comida, como um bife, massa ou doce. Os desejos são moldados pela sociedade e a cultura em que um indivíduo vive. No Brasil, o desejo pode ser por uma feijoada, na Argentina, por um asado, e no Canadá por um poutine, por exemplo. 05 1.3 Demanda É importante lembrar que apenas a necessidade e o desejo não bastam para que exista a relação de troca. É preciso que o público tenha condições de adquirir determinado produto/serviço – isso determinará a demanda. A demanda é a real disposição para aquisição de um bem ou serviço, expresso tanto pelo desejo quanto pela capacidade financeira. Ela não está explicitamente mencionada na definição de marketing,1 porém, é um elemento importante cuja avaliação deve ser pensada. Isso porque ela será maior ou menor em função de uma série de questões ambientais, tanto macro quanto micro. Ao escolher pela produção de determinado bem ou serviço, a empresa deverá levar em conta seu planejamento, sua capacidade produtiva/de prestação, adaptação a novos desejos, inovação. 1.4 Produto O produto é o objeto da relação de troca. No entanto, é importante salientar que ele não se refere apenas a bens tangíveis, como um carro ou um livro. É preciso ter em mente que produto é qualquer coisa capaz de satisfazer uma necessidade ou desejo. Ele deverá ser avaliado constantemente a fim de saber se deve ser mantido/alterado/excluído em função das necessidades e desejos que mudam constantemente. Existem 10 tipos de produtos, apresentados na tabela abaixo: Tabela 1 – Tipos de produtos Bens Tangíveis. Livro, Carro, eletrodoméstico, celular Serviços Aula de espanhol, curso de artesanato, consultoria Experiências Proporcionam experiência específica (voar de balão na Capadócia) Eventos Relacionados a acontecimentos (Copa do Mundo, Tomorrowland) Pessoas Trata-se de uma pessoa específica (celebridade, personalidade) Lugares Cidade do México, Ilha de Rhodes Propriedades Direito intangível de posse (casa, ações, títulos) Organizações Empresa (Google), Universidades (Stanford), Grupo de Teatro (Tablado) Informações O produto é a informação (sites, mídias, revistas) Ideias O produto é um conceito ou benefício. Fonte: Adaptado de Gabriel, 2010. 1 Kotler, 2003. 06 1.5 Público-alvo Trata-se da parte mais importante, já que todos os esforços são dirigidos a atender seus desejos e necessidades a fim de efetivar a troca. Quanto mais se conhece a respeito do público, seus hábitos e preferências, maior a probabilidade de que ela ocorra. Até aqui, sem grandes novidades. O mais importante a respeito do público-alvo é ter em mente que em função dele é que as estratégias deverão ser definidas. O que ocorre, muitas vezes, é que as estratégias são definidas conforme as preferências, desejos e olhar de sócios, empresários e empreendedores. É fundamental separar gostos e opiniões pessoais daquilo que o público-alvo quer. Lembre-se: o importante é o que o cliente quer! TEMA 2 – AMBIENTE DE MARKETING A análise do ambiente em que uma empresa está inserida é uma ação extremamente importante antes de determinar qualquer ação de marketing. Existem dois tipos de ambientes que impactam os negócios de uma organização: o macro e o micro.O microambiente é composto por fatores relativamente controláveis pela organização e que estão próximos a ela, como funcionários, clientes, fornecedores, concorrentes. O macroambiente é composto por fatores que impactam a organização, mas que estão fora de seu controle, como fatores econômico, legais e tecnológicos. Vejamos a seguir cada um deles. 2.1 Fatores Econômicos Afetam o poder de compra, a demanda e a oferta de produtos, impactando negócios e a economia como um todo. Podem estar relacionados a crises, (des)valorização monetária, pacotes econômicos do governo, inflação, ajustes cambiais, barreiras comerciais entre países/blocos etc. A desvalorização da moeda local pode afetar negativamente a indústria do turismo, mas por outro lado incentiva o setor de comércio exterior que ganha mais com as exportações. 2.2 Fatores Políticos/Legais Estão relacionados à toda sorte de regulamentos (leis, normas, portarias, regimentos, atos, registros, determinações, decisões judiciais entre outros), decisões ou barreiras impostas implícita ou explicitamente por órgãos governamentais, grupos de interesse, partidos, políticos, lobistas que afetam, 07 alteram de maneira direta ou indireta os negócios de uma empresa. Por exemplo, a reforma trabalhista e a lei de terceirização das atividades. Ambas alteram significativamente as relações entre empresa e empregados, podendo afetar em decisões sobre contratação, volume de mão de obra, perfil de funcionários, quantos contratar e quantos alocar por projeto. Essas são algumas decisões que impactam, por exemplo, no preço final e na oferta de produtos e serviços. 2.3 Fatores Demográficos/Sociais/Culturais Estão relacionados à sociedade em que uma organização está inserida. Referem-se às variações da população de consumidores em termos de densidade populacional, distribuição, idade, raça, cultura, hábitos de consumo, saúde e lazer, nível educacional, renda, perfil das famílias etc. Tais fatores afetam diretamente as decisões sobre o público-alvo; quais produtos/serviços ofertar, onde. Como, para quem, quais faixas etárias, entre outros. Também ajuda na definição da faixa de preços a praticar, formato por região, aumento, reforma ou diminuição de portfólio. O aumento da expectativa de vida, por exemplo, traz oportunidades para uma série de segmentos (academias, instituições de ensino, treinamentos, planos de saúde, turismo, gastronomia). 2.4 Fatores Ambientais Relacionados às condições ambientais e naturais que servem tanto como insumos para produtos e serviços ou que afetam atividades de marketing, como a logística, por exemplo. O clima quente do Nordeste propicia a atividade turística, assim como o frio e a neve em determinados períodos na região sul. Fenômenos naturais, como os vulcões, que afetam a costa leste dos Estados Unidos afetam negativamente a logística de vários setores, e empresas como a Fedex, uma vez que aviões não decolam e o transporte terrestre fica limitado. 2.5 Fatores Tecnológicos Relacionados ao aparecimento e introdução de novas tecnologias e conhecimento no cotidiano da sociedade. Esses fatores, quando presentes, afetam o ambiente de negócios de forma cada vez mais rápida. A criação dos smartphones, por exemplo, fez aflorar o desenvolvimento de inúmeros aplicativos, como o Uber, que transformou a forma de pensar transporte, assim como alterou a política de preços existente até então. A tecnologia alterou totalmente esse tipo 08 de serviço, impactando diretamente o setor de transporte de passageiros, indiretamente a indústria automobilística (pessoas podem deixar de comprar carros e arcar com custos muito elevados de manutenção) e até mesmo o mercado de trabalho, já que muitas pessoas se tornaram motoristas desse aplicativo e não pretendem voltar ao mercado formal. TEMA 3 – PLANEJAMENTO ESTRATÉGICO DE MARKETING 3.1 Estratégia Antes de falarmos em planejamento estratégico, é preciso entender o que é estratégia. Segundo Sun Tzu, no livro A Arte da Guerra, estratégia “é a definição de como os recursos são alocados para se atingir determinado objetivo”. Temos dois elementos importantes neste conceito: recursos e objetivo. A definição de como alocar recursos a fim de conseguir o que se deseja depende do ambiente, que conforme já vimos, são dois, o macro e o microambiente. Assim, o planejamento estratégico é um processo no qual uma empresa analisa o ambiente (macro e micro) no qual está inserida, reúne os recursos de que dispõe para atingir seus objetivos em relação a determinado público-alvo. 3.2 Matriz SWOT Como dito anteriormente, uma empresa sofre influência tanto do macroambiente, o qual ela não controla, e do microambiente, o qual ela tem relativo controle. No primeiro caso, ela apenas reage às circunstâncias; no segundo, seu poder de ação é maior. Agir ou reagir ao ambiente exige ajustar as variáveis controláveis do ambiente interno da empresa, avaliando pontos fortes e fracos e as variáveis das quais não tem controle, considerando possíveis ameaças ou oportunidades de negócio. Essa análise de forças e fraquezas (do ambiente interno) e das ameaças e oportunidades (do ambiente externo) resulta na Matriz SWOT, que explicita competências e análises de cenários, a fim de orientar a escolha da melhor estratégia para determinado fim. SWOT é o acrônimo em inglês para Forças, Fraquezas, Oportunidades e Ameaças (Strenghs, Weaknesses, Opportunities, Threats). Ao fazer uma Matriz SWOT, estão sendo percebidos e analisados pontos fortes e fracos, assim como ameaças e oportunidades relacionadas a uma empresa/produto/serviço. As forças e fraquezas estão relacionadas a fatores 09 internos da organização, como funcionários, estrutura, processos, tecnologias, know how etc. As oportunidades e ameaças estão relacionadas ao ambiente externo à organização, como mercado, economia, concorrentes, fornecedores. Para compreender melhor, faça o seguinte exercício: questione: O que a empresa faz bem? (Pontos fortes) Quais processos devemos melhorar? (Pontos fracos) Quais novos produtos/serviços do ramo de atuação da empresa foram legalizados/regulamentados pelo governo? (Oportunidade) A quais insumos meus fornecedores não têm acesso? (Ameaça) A figura a seguir resume os elementos da Matriz SWOT. Figura 2 – Elementos da Matriz SWOT 3.3 Posicionamento No planejamento estratégico, temos outro conceito bastante importante a considerar quando se trata de atingir objetivos junto ao público-alvo. No mercado, há uma miríade de empresas, concorrentes que fazem o mesmo trabalho, produzem o mesmo produto e prestam o mesmo serviço. E todos batalham por um lugar ao sol. Com exceção daquelas empresas que surgiram há vários anos e conseguiram o lugar como pioneiras, a maioria das marcas e produtos criados trava uma guerra com um mar de concorrentes. Assim surge o Posicionamento, a necessidade de assumir um lugar diferenciado na mente do consumidor para que este compre do “meu” negócio/empresa e não do meu concorrente. De forma mais abrangente e de Strenghts Weaknesses Opportunities Strenghts Threats FORÇAS FRAQUEZAS OPORTUNIDADES AMEAÇAS S W O T Ambiente Interno Ambiente Externo 010 acordo com os autores do conceito, Al Ries e Jack Trout (2005), posicionamento “é o modo como você se diferencia na mente de seu cliente potencial”. Em mercados competitivos e nos quais os produtos têm atributos muito similares, senão iguais, o posicionamento é essencial para a empresa/marca se diferenciar. Segundo Kotler (2003),a metodologia para definir o posicionamento envolve 8 etapas: 1. Definição do mercado de atuação e público-alvo. 2. Identificação dos atributos que caracterizam o produto/serviço. 3. Pesquisa sobre a percepção do público quanto aos atributos do produto/serviço. 4. Levantamento dos principais concorrentes. 5. Estabelecimento de um ranking de produtos/serviços dos concorrentes segundo a percepção do público-alvo. 6. Determinação de uma combinação excelente de atributos a partir do ranking. 7. Análise das possibilidades de ajuste do posicionamento dentro desse ranking de percepções e atributos considerados excelentes. 8. Posicionamento do produto/serviço/marca. O posicionamento tem como propósito encontrar um lugar ainda não ocupado na mente do consumidor para então ocupá-lo, posicionando seu produto, serviço ou marca nela. Claro que o desafio será diferente em função do tipo de produto e sua possibilidade de diferenciação. Uma marca de perfume, por exemplo, é mais fácil de ser posicionada do que uma marca de arroz. O ideal em termos de posicionamento é ser o pioneiro. As pessoas sempre lembram do primeiro! No entanto, se isso não for possível, o posicionamento pode ser determinado em função de um destes três conceitos: 1. funcional; 2. simbólico; 3. experiencial. Neles, os produtos/serviços/marcas: a. resolvem problemas, trazem benefícios; b. proporcionam identificação, sentimento de inclusão; c. fornecem estímulos sensoriais, cognitivos. 011 Independente da escolha, é preciso deixar claro que o posicionamento deve ser feito antes do plano de marketing; aquele está acima deste e envolve decisões estratégicas que afetarão as decisões sobre produto, linhas, marcas, ciclo de vida e inovação em longo prazo. 3.4 O Composto de Marketing O composto ou mix de marketing é uma ferramenta estratégica para elaborar o plano de marketing, pois aborda os aspectos essenciais da gestão mercadológica. É também conhecido como os 4 Ps: Produto, Preço, Praça, Promoção. Não é a intenção aprofundarmos em excesso neste tema, visto que essa é uma tarefa para a disciplina de marketing, mas para que vocês tenham uma noção ou relembrem os conceitos, vejamos resumidamente cada um deles: Produto O produto é a oferta que serve para satisfazer necessidades e desejos. Possui três dimensões distintas: o produto em si, sua marca e embalagem. O produto é a oferta cujos atributos podem ser determinados, alterados conforme o plano de marketing. A marca é o sinal, símbolo, nome que serve para diferenciar um produto de seus concorrentes. É um elemento extremamente importante, já que muitas vezes quando bem posicionada é a responsável pelo sucesso ou fracasso de um produto. A embalagem é o invólucro do produto e desempenha importantes funções para o produto, como a possibilidade de armazenagem e transporte. Além disso, auxilia na promoção e venda. O produto é formado por três níveis que podem ser usados como elementos estratégicos: parte central (atributos do produto), parte tangível (parte física, estilo, qualidade, marca) e ampliação (fatores que envolvem o produto, ampliando sua percepção, como garantia, entrega, instalação, pós-venda). O serviço é um tipo especial de produto que possui as seguintes características: Intangibilidade (não pode ser tocado, segurado), Inseparabilidade (é consumido no mesmo momento em que é produzido), Variabilidade (varia mesmo sendo prestado pela mesma pessoa – cada vez será diferente), Perecibilidade (não pode ser estocado). Preço É o item que define as condições de troca e é por meio dele que se geram as receitas da empresa. É o fator que estabelece a percepção de qualidade 012 perante o mercado e mais especificamente sobre o público-alvo. Preços que terminam em “,99” passam ideia de produtos com baixo valor agregado, enquanto itens sem preço visível ou que tem muitos “zeros” passam a ideia de qualidade, sofisticação, de serem “premium”. Outros componentes relacionados ao preço, como forma de pagamento, parcelamentos (ou não) são elementos que podem ser usados estrategicamente a fim de atingir o público-alvo. Por isso, o preço também é um fator importante de posicionamento do produto, embora seja de alteração mais fácil que os outros elementos do composto (produto, praça e promoção). Praça É o componente do composto que diz respeito às estratégias para colocação do produto no mercado (como chegará ao ponto de venda e como será exposto e disponibilizado ao cliente potencial). Embora não seja tão abordado quanto os “Ps” de produto e promoção, ele é extremamente importante, pois é o passo inicial para propiciar que a troca ocorra. Muitos não percebem, mas muitas ações de marketing digital estão voltadas para esse “P” do composto. Um exemplo disso são as lojas virtuais de roupas, que não existe fisicamente e que contam com a exposição digital em ferramentas como o Instagram para efetivar as vendas. Ao se definir estratégias de praça, é preciso levar em consideração: as características do público-alvo (onde se encontram e como compram), as características do produto (perecibilidade, necessidade ou não estocagem, preço), condições da empresa (capacidade de distribuição, estocagem e produção) e, por fim, as estratégias de comercialização definidas. Promoção É o elemento do composto que visa promover produtos e serviços para que cheguem ao conhecimento do público-alvo e, depois dessa fase, interajam com este a fim de promover trocas reiteradas vezes. Para isso, existem as ferramentas de comunicação, cada qual com suas características específicas segundo as intenções que se pretende atingir. Vejamos, resumidamente, quais são e para que são utilizadas: Propaganda: do latim propagare, é o meio utilizado para propagar uma mensagem ao público-alvo. A comunicação é feita de forma repetida e impessoal e costuma custar caro, já utiliza em geral mídia de massa, como a TV. 013 Promoção de Vendas: Ação que visa incentivar a experimentação e estabelecer um relacionamento com o público-alvo. Em geral, oferece incentivos para a aproximação do consumidor em direção à marca/produto com prazo de duração determinado. Marketing Direto: conjunto de ações destinadas a construir um relacionamento direto com o público-alvo. Para que assim seja caracterizada, deve ter um momento call-to-action2, no qual se “exige” uma resposta por parte do cliente, a fim de que haja uma evolução no grau de intimidade estabelecido entre produto/marca e consumidor. É uma ação privada, imediata, personalizada e interativa. Relações Públicas: Trabalho realizado no intuito de estabelecer uma imagem positiva da marca/produto perante o público-alvo e a comunidade envolvida com os negócios de uma organização. Isso é feito por meio de veiculações na mídia de forma geral e de um porta-voz (assessor de imprensa) que deve passar credibilidade acima de tudo. Venda pessoal: Como o próprio nome diz, é a interação pessoal que proporciona contato direto com o público-alvo. É a chance de vender direta ou indiretamente não apenas o produto, mas qualidades e características desejáveis da empresa que produz e/ou promove o produto/serviço/marca. TEMA 4 – ESTRUTURA E PASSO A PASSO DO PLANO DE MARKETING A fim de concatenar os conceitos revisados/aprendidos, chagamos ao fim desta primeira aula, quando vamos colocar na prática como elaborar o plano de marketing. É só seguir o passo a passo! 4.1 1º Passo: Análise Ambiental Lembram-se dos conceitos de macro e microambiente, dos fatores controláveis e não controláveis por parte da organização?Pois bem, como dito algumas vezes, não se pode começar uma estratégia de marketing sem antes analisar: Um a um os fatores do macroambiente (econômicos, demográficos, político/legais, sócio/culturais, ambientais e tecnológicos). Esses fatores 2 Call-to-action (CTA) ou chamada para agir, são ações que provocam a resposta do cliente/usuário de forma imediata. Em geral este deve responder a uma demanda para dar continuidade à interação com determinado produto/serviço/site. 014 serão, então, elencados na Matriz SWOT dentro de oportunidades ou ameaças para o negócio; Aspectos do microambiente relacionados ao mercado, aos concorrentes e ao público-alvo. Esses são os principais, mas nada impede que sejam levados em conta também fornecedores, novos entrantes etc., que também serão elencados na Matriz SWOT dentro de oportunidades ou ameaças; O ambiente interno da organização em todos seus aspectos: recursos, estrutura, tecnologia, produtos/serviços/marcas (4 Ps), know how, processos, procedimentos, cultura etc. Esses fatores serão, então, elencados na Matriz SWOT dentro das forças e fraquezas do negócio. 4.2 2º Passo: Objetivos Com a análise SWOT e dos ambientes em mãos, assim como o público- alvo em mente, inicia-se a etapa de definição dos objetivos de marketing, que podem ser desde o aumento de vendas, decisões sobre descontinuidade de produtos ou ampliação de mercado até campanha para fortalecimento de imagem ou mudança de posicionamento. O importante é que sejam estabelecidos objetivos quantificáveis, mensuráveis no tempo. Mas atenção: para cada objetivo em relação a um determinado público-alvo (a empresa pode ter vários em função de diversas linhas de negócios) é preciso desenvolver um plano de marketing específico! Posso citar como exemplo os seguintes objetivos: lançar 3 novas linhas de produtos nos próximos 5 anos; alcançar um market share de 55%3 em 2 anos; aumentar o volume de vendas em 25% nos próximos 2 meses; ampliar os canais de marketing de 8 para 20 em 2 anos. Os objetivos dependerão de empresa para empresa, conforme seu ramo de atuação, segmento, estrutura, patrimônio e caixa. O importante, aqui, é que fique bem claro quais perguntas devem ser feitas. O passo a seguir é sobre as respostas. Siga comigo! 3 Os percentuais utilizados aqui são meramente exemplificativos e não constituem um valor obrigatório a ser utilizado pelos gestores. 015 4.3 3º Passo: Plano de Ação O plano de ação compõe a parte tático-operacional da estratégia, ou seja, a parte em que literalmente se “coloca a mão na massa”. As ações delineadas para cada um dos itens do composto de marketing (4 Ps) deverão ter um plano que dirá como tais ações deverão ser executadas. Respostas para perguntas como: o quê, por que, quando, onde, para quem, por quem, a que custo/preço, em que prazo devem ser respondidas pelo plano de ação. Por exemplo: A empresa decide expandir seus canais de distribuição, que até então eram apenas físicos também para o digital. O plano de ação deve ter as respostas para as seguintes perguntas: Por quê estamos fazendo isso? (as pessoas precisam entender o porquê do que fazem para dar sentido à ação; com isso, tendem a fazer melhor) Como? Quais canais digitais serão utilizados para comercializar nossos produtos? On-line e off-line ao mesmo tempo? Só on-line? Quem vai administrá-los? (administração de pedidos, geração de conteúdo, relacionamento, SEO, SEM) Em quanto tempo esse novo canal deverá estar plenamente operante? Em quanto tempo deverá se pagar? (1 mês, 11 meses, 2 anos?) Quantas pessoas serão necessárias para operacionalizar tudo? (funcionários, freelancers, agência, profissionais liberais, entre outros) Qual estrutura a parte deverá ser montada para atender esse novo negócio? (escritório de advocacia, apoio logístico, agentes etc.) Quanto essa nova estratégia de negócio custará? Qual o mix de produtos será comercializado? (será o mesmo dos canais físicos? Será completamente diferente? Serão complementares?) Qual será o público-alvo desta estratégia? (os mesmos clientes ou clientes de outro perfil, para ampliar segmentos?) Como comunicaremos a novidade ao mercado? E assim por diante, pessoal! Essas são perguntas como exemplos; muitas outras podem e devem ser feitas. Vejam quantos aspectos envolvem a operacionalização de uma estratégia. Aqui, além das perguntas, é essencial ter as respostas certas, claras, para orientar o pessoal e executar a estratégia conforme idealizada. Para se ter uma noção clara da responsabilidade e dos ganhos ou prejuízos que se pode ter com atrasos e comunicação ineficiente, é 016 preciso ter noção também dos cronogramas e orçamentos previstos. A ordem é caprichar no planejamento para executar sem falhas! 4.4 4º Passo: Orçamento e Cronograma Neste estágio do plano são elaborados os esquemas (gráficos, planilhas) que conterão os recursos (financeiros, de pessoal, material, estrutural etc.) necessários para a execução do planejamento, bem como um cronograma de execução com todos os passos em começo, meio e fim. É uma etapa crucial, pois atrasos acarretam custos adicionais, como multas, taxas, aluguéis e horas extras, serviços, contratos adicionais, entre outros. Assim, é importante que sejam considerados no cronograma não apenas os prazos de execução, mas também “folgas” para eventuais imprevistos ou remanejamentos, já que alguns recursos poderão faltar, ou não serem suficientes conforme esperado. Após a elaboração do cronograma, é necessário reavaliar a viabilidade de sua execução e implementação para que quando se inicie a execução tudo ocorra como previsto. 4.4 5º Passo: Avaliação e Controle Este é o último passo de um plano de marketing, mas não o menos importante. Muito pelo contrário. Ele trata da mensuração de tudo que foi estabelecido versus o que de fato ocorreu. Esse passo diz respeito a eventuais inconsistências nos objetivos traçados e traz limitações que devem ser trabalhadas a fim de que o objetivo seja alcançado. A posse de dados é importante, mas não é nada sem a mensuração que permite o efetivo gerenciamento. Para tanto, é necessário o prévio estabelecimento de indicadores de desempenho que deverão guiar as análises de resultados. Nesse ponto, tudo o que foi alcançado ou não, redefinido, reorganizado, o que deu certo ou não deve ser registrado de forma a orientar futuros planos. FINALIZANDO Nesta aula, revisamos os principais conceitos e aspectos do marketing, assim como as ferramentas existentes para que pudéssemos seguir no aprendizado de forma consistente, já que tais conhecimentos são instrumento básico para o desenvolvimento de estratégias de marketing vencedoras, em especial as digitais, foco desta disciplina. Na sequência, estudaremos as 017 transformações ambientais que vêm ocorrendo nos últimos anos para compreender o contexto no qual as tecnologias e plataformas digitais apareceram e se desenvolveram e porque elas chegaram para ficar. 018 REFERÊNCIAS AMA – AMERICAN MARKETING ASSOCIATION. Disponível em: <https://www.ama.org>. BLOG O MELHOR DO MARKETING. Disponível em: <http://omelhordomarketing.com.br/posicionamento-de-marca>. GABRIEL, M. Marketing na Era Digital. São Paulo: Novatec, 2010 KOTLER, P. Administração de Marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson, 2003/2012. _____. Marketing de A a Z: 80 Conceitos que todo profissional precisa saber. 3. ed. Riode Janeiro: Elsevier, 2003. PORTER, M. Estratégia Competitiva. 1. ed. São Paulo: Campus, 2005. TROUT, J. Estratégia de Marketing. 1. ed. São Paulo: M. Books, 2005. TROUT, J.; RIES, A. Positioning: A Battle for your Mind. 1. ed. New York: McGraw-Hill, 2001. TZU, S. A Arte da Guerra. 1. ed. São Paulo: L&PM Pocket, 2012. FUNDAÇÃO DOM CABRAL. Disponível em: <www.fdc.org.br>.