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TARANTINO - COM E IMAGEM

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Introdução
No filme selecionado para este trabalho - Pulp Fiction de Quentin Tarantino, propõe a quebrar as rígidas regras de narração do tempo, elevando a montagem a protagonizar comentários e críticas. A desconstrução narrativa, característica da pós-modernidade, revela o lado fascinante da edição, a qual muitas vezes passa imperceptível. Tarantino chama a atenção, e constrói sua história a partir da reconstrução do tempo de narração em Pulp Fiction.
Segundo LOTMAN, “O mundo do filme, fraccionado em planos, permite-nos isolar qualquer pormenor. O plano adquire liberdade da palavra: pode ser destacado, combinado com outros planos segundo as leis da associação e da contiguidade semânticas, e não naturais, pode empregar-se num sentido figurado, metafórico ou metonímico. ” (LOTMAN, Yuri. 1978. Pg 46.)
Sendo assim, é importante observar que o plano aliado ao ângulo e a movimentação da câmera têm grandes influências nos filmes, pois são os que posicionam o olhar do espectador para o foco de cada cena, podendo transpassar emoções. Portanto, cada tipo de plano influencia em diferentes formas de interpretação. 
Visto isso, o trabalho em questão tem o objetivo de analisar a construção da cena do filme Pulp Fiction – Tempo de Violência, com foco nos planos, ângulos e movimentos cinematográficos usados. 
Pulp Fiction- Tempo de Violência
Pulp, do inglês “revista ou livro de assunto escabroso, impresso em papel de baixa qualidade, ou inacabado”, e sua “ficção” (Fiction), é o trocadilho que intitula uma das mais originais obras do cinema pós-moderno. 
O filme, produzido em 1994, foi um marco na forma de contar uma história dentro da estrutura rígida do cinema, pois eleva a função da montagem ao patamar principal, chamando o espectador para a desconstrução narrativa a fim de que ele mesmo junte as partes do quebra-cabeça e monte a história. Seus protagonistas são pistoleiros, o gângster e sua bela esposa, ladrões de araque e policial corrupto.
A fábula visual do diretor Quentin Tarantino trata de assuntos como uso de drogas, trapaças, roubos, assassinatos e outros temas de conteúdo censurado para menores com a maior naturalidade, engendrado por humor negro e diálogos inteligentes. 
1ª CENA
Na cena em que Vincent e Jules entram em um prédio e começam a falar sobre massagem erótica nos pés, não há nenhum corte, somente movimentação de câmera. O espectador acaba entrando no corredor junto com os personagens. A técnica plano sequência foi utilizada como forma de ligar uma ideia a outra do filme, a introduzir a próxima cena, e o espectador vai se preparando para ela enquanto acompanha o diálogo entre os dois matadores.
Durante a cena, é possível analisar em como a câmera vai acompanhando os dois personagens, no que podemos atentar ao movimento da câmera em travelling em ângulo frontal, com os personagens conversando frente à câmera. Ao decorrer da cena os personagens param (visto pela câmera, os personagens se dialogam em perfil) no meio do corredor e discutem, é possível reparar que o ângulo se torna lateral, quando os personagens são vistos de perfil. Nota-se as passagens de planos durante a cena, de início vemos que os personagens estão em primeiro plano e que ao decorrer da cena passa-se para plano médio e para o plano americano. A forma em que acompanhamos o diálogo dos dois personagens, com as mudanças de ângulos e acompanhando a movimentação da câmera com os dois personagens andando e conversando/discutindo, faz com que o espectador tenha sensação de estar dentro do filme, acompanhando o diálogo dos dois pistoleiros.
2ª CENA
Contra-plongée, o plano em que a câmera filma o objeto de baixo para cima – geralmente abaixo do nível dos olhos do espectador, é um dos preferidos de Tarantino principalmente nas cenas de porta-malas.
Na cena em questão, é possível perceber os dois personagens pegando revólveres no porta-malas do automóvel e ao mesmo tempo discutindo. Pode-se reparar o ângulo de câmera inusitado, pois vemos os personagens em um contra-plongée que parte do porta-malas do carro. Tal perspectiva, aparenta colocar o espectador a uma distância segura, como se estivesse a par dos “segredos” dos personagens, mas que não é atingido pelo que se passa.

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