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EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL

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EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL¹
Diego Freitas Tassi²
Vanderlei Casprechen³
1-Trabalho apresentado à Faculdade Rolim de Moura – FAROL, como requisito final de avaliação para a conclusão do curso de graduação, Direito, 30 de setembro de 2018.
2-Acadêmico concluinte: Diego Freitas Tassi, tassipower@hotmail.com; 
3-Professor orientador, especialista Vanderlei Casprechen.
Resumo
A educação no Sistema Prisional surgiu com o objetivo de reintegrar os privados de liberdade a oportunidade de acesso à aprendizagem que contribua com a reconstrução de um projeto de vida. No Brasil, o direito à educação do encarcerado está disciplinado na Constituição Federal, no Código Penal, Lei de Execuções Penais, que fixam regras para o tratamento com vista a descentralização da execução penal por força da competência concorrente entre União e Estados para legislar em matéria de direito penitenciário. Deste modo, o artigo trata da Educação Prisional, em uma perspectiva que apresenta estudos exploratórios com um olhar crítico e ao mesmo tempo refletivo por haver necessidades de reformas no sistema prisional. Assim, com os resultados foi possível responder às hipóteses de que a educação prisional colabora com o processo de reintegração aos espaços sociais de seus reeducandos, de modo que ao saírem do sistema penitenciário terão oportunidades de reintegração na sociedade. Com relação às políticas públicas voltadas à educação prisional por sua vez vem sendo ofertadas pelo Estado nos estabelecimentos prisionais, embora de forma precária, demonstrar fragilidades e necessidades emergentes, de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Sua institucionalização ocorre em nível estadual de modo que cada governo apresenta autonomia relativa na introdução às políticas públicas de educação escolar no contexto prisional, restando a aplicabilidade das normas em nível local, como ocorre na Penitenciária Regional de Rolim de Moura, através de parcerias com as Secretárias Estaduais de Educação. 
Palavras-chave: Educação. Sistema Prisional. Ressocialização.
EDUCATION IN THE PRISON SYSTEM
Abstract. 
A educação no Sistema Prisional surgiu com o objetivo de reintegrar os privados de liberdade a oportunidade de acesso à aprendizagem que contribua com a reconstrução de um projeto de vida. No Brasil, o direito à educação do encarcerado está disciplinado na Constituição Federal, no Código Penal, Lei de Execuções Penais, que fixam regras para o tratamento com vista a descentralização da execução penal por força da competência concorrente entre União e Estados para legislar em matéria de direito penitenciário. Deste modo, o artigo trata da Educação Prisional, em uma perspectiva que apresenta estudos exploratórios com um olhar crítico e ao mesmo tempo refletivo por haver necessidades de reformas no sistema prisional. Assim, com os resultados foi possível responder às hipóteses de que a educação prisional colabora com o processo de reintegração aos espaços sociais de seus reeducandos, de modo que ao saírem do sistema penitenciário terão oportunidades de reintegração na sociedade. Com relação às políticas públicas voltadas à educação prisional por sua vez vem sendo ofertadas pelo Estado nos estabelecimentos prisionais, embora de forma precária, demonstrar fragilidades e necessidades emergentes, de acordo com o Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen). Sua institucionalização ocorre em nível estadual de modo que cada governo apresenta autonomia relativa na introdução às políticas públicas de educação escolar no contexto prisional, restando a aplicabilidade das normas em nível local, como ocorre na Penitenciária Regional de Rolim de Moura, através de parcerias com as Secretárias Estaduais de Educação. 
Keywords: Educação. Sistema Prisional. Ressocialização.
1 INTRODUÇÃO
	Com o advento da Constituição cidadã de 1988 e o reconhecimento formal expresso da cidadania e da dignidade da pessoa, a Educação Carcerária passou a ter previsão constitucional, envolvendo a oferta de estudos dentro dos presídios e a percepção do reconhecimento da sociedade pela educação dada dentro deles, o que representa uma oportunidade para os apenados com vistas à mudança de comportamento e reconhecimento de seus erros com o desejo de ingressar em uma nova vida.
	Neste intuito o artigo pretendeu observar se o Estado tem oferecido programas educacionais dentro dos presídios para desenvolvimento cultural e intelectual de seus apenados, conhecendo de que forma esse estudo é implantado e ofertado, verificando se realmente o detento tem interesse quanto ao estudo dentro dos presídios.
	Embora sejam estudados recursos para diminuir os altos índices de criminalidade que vem crescendo, as instituições governamentais buscam criar propostas de reintegração para os internos, mas é através da educação que encontraram alternativas para diminuir um pouco o índice de criminalidade. 
	Nesse sentido, a educação no sistema penitenciário é iniciada a partir da década de 1950, até então a prisão era utilizada unicamente como um local de detenção de pessoas, não havia neste contexto uma proposta de requalificar os presos. Esta proposta veio a surgir somente quando se desenvolveu dentro das prisões os programas de tratamento. Assim, somente nos meados dos anos 50, verificado o fracasso do então sistema prisional, o que motivou a busca de novos rumos, ocasionando na inserção da educação escolar nas prisões.
	Foucault (1987, p. 224) diz: “A educação do detento é, por parte do poder público, ao mesmo tempo uma precaução indispensável no interesse da sociedade e uma obrigação para com o detento, ela é a grande força de pensar”. Com efeito, a educação precisa transmitir significados presentes na vida concreta de quem se pretendem reeducar, caso contrario, não produz resultado, aprendizagem.
	Desde a edição da Lei de Execução Penal (LEP), Lei 7.210/1984, várias propostas foram criadas para que as unidades prisionais estivessem em seu interior salas de aula para que os detentos tivessem acesso à educação, constituindo a responsabilidade de cada estado junto com as secretarias de educação a instrumentalização desta oferta em cada unidade prisional. 
	A análise realizada nas leituras, jurisprudência e doutrina mostraram que a população carcerária no Brasil é maior que a população de muitas cidades brasileiras, e os números é cada vez crescente. Entretanto, cabe ao Estado o dever de prestação educacional entre outros tantos direitos conferidos aos encarcerados, pois o fato de estarem privados de liberdade não requer a perda de condição humana, nem tão pouco representa perca de seus direitos já que Código Penal legisla que ao preso são garantidos todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, e a competência de oferta é do Estado tanto na efetiva aplicação do cumprimento da pena quanto da oferta de educação prisional, com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos.
2 METODOLOGIA
	Para a elaboração do artigo foram realizados procedimentos metodológicos de abordagem qualitativa, com objetivo exploratório, de cunho descritivo, utilizando-se de analise bibliográfica e documental, para definir conceitos, identificar e avaliar a interferências geradas pela oferta da educação prisional na Penitenciária Regional de Município de Rolim de Moura. 
	Para que o estudo fosse possível, houve o levantamento bibliográfico sobre a educação no sistema prisional, das quais as informações obtidas, colhidas inicialmente por meio de pesquisas bibliográficas, partindo de um conhecimento especifico, utilizando se de fatos que ocorreram no passado para compreender o presente, além de contribuir para a busca da solução de problemas futuros (LAKATOS; MARCONI, 2017).
	O método de investigação da pesquisa consistiu na aplicação de um questionário, com questões abertas e fechadas, com os reeducandos dosistema prisional, assim com este questionário levantaram dados sobre a oferta deste segmento na penitenciária.
	Já a pesquisa exploratória teve como finalidade principal o desenvolvimento, a formação ou o esclarecimento de conceitos e ideias, tendo em vista a formação de problemas mais precisos ou hipóteses pesquisáveis para estudos futuros. De acordo com Gil (2017), esse é o método que apresenta menor rigidez quanto ao planejamento, e que com habitualidade envolve levantamento bibliográfico e documental, entrevistas não padronizadas e estudos de caso.
	A questão da educação prisional é relevante na medida em que contempla a estreita relação educação/ressocialização, e contribui para a compreensão de que a educação pode adequar à conduta dos reeducando possibilitando uma reflexão sobre a volta para sociedade. Com o intuito de contribuir para o desenvolvimento de estudos sobre a educação prisional, foi verificado na pesquisa por meio de questionário aplicado aos reeducandos da Penitenciária Regional de Rolim de Moura o atendimento que é ofertado, percorrendo o processo histórico da educação prisional no Brasil, sua conceituação na doutrina e perante o Código Penal, na Lei de Execução Penal, descrevendo políticas públicas de ressocialização implementadas no sistema penitenciário brasileiro.
	Posteriormente a realização da pesquisa, os resultados adquiridos foram tabulados e analisados sistematicamente, para a formulação da conclusão das questões levantadas, sua intencionalidade, de forma a compor as conclusões sobre o tema. Para a apresentação dos critérios de interpretação dos fatos da oferta da educação prisional foram utilizados como embasamento da pesquisa de maneira a propor os resultados elencar critérios para obtenção, elaboração, viabilidade e procedimento. 
	Ainda, para a elaboração deste trabalho monográfico foram efetuadas pesquisas
doutrinárias dentre os principais autores dos assuntos propostos (FOUCAULT , MELLO e SANTOS, SILVA, STF), para que fosse possível discorrer sobre os principais institutos que abordam a temática.
3 CONCEITOS DE EDUCAÇÃO NO SISTEMA PRISIONAL
	A educação no Sistema Prisional surgiu com o objetivo de reintegrar as pessoas que se encontram fora do convívio social e sem nenhuma perspectiva de vida, a oportunidade de acesso à aprendizagem significativa que contribua com a reconstrução de um projeto de vida para quando o encarcerado recuperar sua liberdade. Pois é através de ações dos órgãos governamentais junto com as Secretarias Estaduais de Educação, que essa iniciativa de expandiu em muitos estados com a finalidade de ressocialização dos detentos através da educação. 
	No Brasil, o direito à educação do preso está disciplinado de maneira direta de forma paralela na Constituição Federal, no Código Penal, na Lei de Execuções Penais, na Resolução nº. 14 do Conselho Nacional de Política Criminal e Penitenciária, que fixam regras mínimas para o tratamento de prisioneiros no país no em vista a descentralização da execução penal no país por força da competência concorrente entre União e Estados para legislar em matéria de direito penitenciário (BRASIL, 1988). Juntos garantem que ao preso são reservados todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade, como o respeito à sua individualidade, integridade física e dignidade pessoal.
	De acordo com Foucault (2008) “a educação do detento é por parte do poder público, ao mesmo tempo uma precaução indispensável no interesse da sociedade e uma obrigação para com o detendo”. Para o autor a educação em espaços de privação de liberdade representava um fenômeno complexo, uma vez que no contexto prisional se cruzam visões de mundo, de educação e de cultura presentes na sociedade como um todo e se constituía como ponto de partida para a construção de políticas públicas que contribuíam para a reconstrução da dignidade do apenado e pleno exercício da cidadania.
	Todavia, para a consolidação da educação carcerária no Brasil dentro dos presídios muitas dificuldades foram encontradas, pois nem todos os estados aderiram de imediato á educação no cárcere, isso se deveu pela falta de estrutura de algumas casas penais por não ter haver um interesse maior do Estado em construção de unidades escolares adequadas dentro das penitenciárias e nem servidores capacitados para segurança dos professores que ministram as aulas, haja vista que muitos queriam estudar, mas eram ameaçados por outros internos que não tinham os mesmos interesses, ou até mesmo pelos próprios funcionários das unidades penais por acreditarem que eles estariam ali apenas para cumprir suas penas e não tinham o direito a nada mais (NOVELI & LOUZADA, 2012).
	Para Graciano (2010), a presença da sociedade civil no ambiente prisional é de fundamental importância para exercer o controle social sobre a ação repressora do estado, promovendo atividades educativas ou não, a organização tem a responsabilidade de tornar pública a realidade construída no interior dos muros e celas, buscando contribuir para o respeito aos direitos humanos. 
	Nesta perspectiva, com a Constituição Federal de 1988 o legislador contemplou em seu artigo 205 o princípio da universalidade do direito à educação incluindo os indivíduos encarcerados, e passou a estruturar sua oferta com a Le de Execução Penal, com a qual buscou disciplinar o direito à educação do preso no ordenamento jurídico brasileiro, admitindo sua importância nas funções de prevenção do crime e orientação do retorno do apenado à convivência em sociedade.
	Percebe-se que a educação prisional no Brasil não é novidade, mas um tema complexo, por apresentar problemas e passar por mudanças importantes, atualmente esse cenário tem se alterado positivamente, e vive-se um novo quadro na política nacional.
	Um ponto importante destacado por Silva (2011) para essas mudanças na política de educação prisional nacional no Brasil foi o lançamento do Programa Nacional de Direitos Humanos em 1996, da qual tinha por objetivos propostos de promover programas de educação, treinamento profissional e trabalho para facilitar a reeducação e recuperação do preso, combatendo a violência e a sensação de insegurança dos cidadãos, unindo políticas de segurança com ações sociais, constituindo-se um dos elementos comuns nesse apontamento a oferta à educação no processo de ressocialização do indivíduo privado da liberdade.
	E é nesse contexto que a educação prisional aparece com ou um direito fundamental, garantido constitucionalmente. Claude (2005) afirma que a educação é condição fundamental para o indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade moderna, por ser o instrumento mais eficaz de que dispõe o homem para o seu crescimento pessoal no contexto em sociedade, adquirindo o status de direito humano social, por ser parte integrante da dignidade humana e contribuir para ampliá-la com conhecimento, saber e discernimento. 
	Assim constitui-se dever do Estado promover e incentivar o acesso à educação, sem nenhuma discriminação, em consonância com as demais leis, sendo consagrado como direito universal do homem e norteado pelos princípios da igualdade e dignidade da pessoa humana.
	A metodologia de como a escola prisional pode ser trabalhada pode sofrer variações, para Mello e Santos (2011) dependem da maneira como esta modalidade de escola deve ser encarada, considerando que a mesma pode servir como um instrumento que visa adequar os sujeitos introduzindo nestes os valores, bem como também as regras sugeridas pelo estabelecimento prisional e também levar em consideração a visão social de como deve se comportar um reeducando. 
	Mello e Santos (2011) complementa que outro papel da escola prisional tem a visão educacional libertadora, metodologia de educação idealizada por Paulo Freire, que não se prende apenas na alfabetização tradicional, nela o educador defende e incentiva o posicionamento do adulto não alfabetizado no meio social e político em que ele vive, no seu contexto real. Assim possibilitando ao condenado se libertar, podendo assim teruma melhor condição de vida e também ser aceito pela sociedade.
(...) a sala de aula não será mais do que uma “cela de estudo”, uma cela, digamos onde encontramos lousa e carteiras. Por isso, usamos chamar a sala de aula no interior de uma penitenciaria de “cela de aula”. Não queremos, com isso, estigmatizar esse espaço. Acreditamos que se possa olhar a cela de aula em um sentido positivo. Será nesse espaço que ocorrerá o aprendizado escolar de maneira formal. Esse espaço terá para muitos presos um significado especial. Para alguns, será a primeira oportunidade de aprender a ler e escrever; para outros, a chance de concluir os estudos e esboçar, assim, um futuro diferente (LEME, 2007, P. 145) 
	Dentro deste contexto, é questionável sobre qual a real função e objetivo da educação prisional e quais os caminhos que podem ser percorridos em busca de uma ampla formação do sujeito, proporcionando um caminho promissor para a reintegração social da pessoa condenada à pena de prisão. Segundo Português (2001), a educação compõe a área de reabilitação estando subordinada ao corpo administrativo da instituição prisional, sendo assim, seria difícil imaginar como uma Educação Libertadora poderia fazer parte de um ambiente como esse acima descrito (MELLO & SANTOS, 2011).
3.1 A dignidade da pessoa humana
	O princípio da dignidade da pessoa humana está na Constituição Federal de 1988 fundamentada em seu artigo 1º, III, que diz:
Art. 1° A REPUBLICA FEDERATIVA DO BRASIL, formada pela união indissolúvel dos estados e Municípios e do distrito Federal, constitui-se em Estado Democrático de Direito e tem como fundamentos:
III – a dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988).
	Tal princípio deve ser respeitado pelo Estado, Gomes e Molina (2012) define que respeito à dignidade da pessoa humana implica para o Estado não só abster-se da prática de atos lesivos, como também o cumprimento discussões positivas de inclusão do social do apenado a sociedade.
	Nesse sentido, Poppe (2012) muito bem se posiciona ao que:
O princípio da dignidade da pessoa humana, apesar de estar amplamente disposto no ordenamento jurídico brasileiro, não tem encontrando uma efetivação satisfatória no que diz respeito à pessoa e à integridade física e moral dos apenados. Busca-se muito mais a satisfação em ver o apenado “pagar pelo que fez” do que a recuperação desde indivíduo para uma reinserção na sociedade.
	Deste modo, a questão seria como aplicá-la no Direito Penitenciário de modo a garantir direitos constitucionais, como a dignidade da pessoa humana, aos privados de liberdade, servindo para resguardo dos direitos individuais e coletivos.
	Assim, seguindo a ideia de Rosa (2004), a responsabilidade do Estado alcança também os atos decorrentes da omissão do Poder Público na preservação dos direitos e garantias fundamentais, sem os quais o status de dignidade a todos assegurado perde o seu sentido.
	Segundo Capez (2005): 
Da dignidade humana, princípio genérico e reitor do Direito Penal, partem outros princípios mais específicos, os quais são transportados dentro daquele princípio maior. Desta forma, do Estado Democrático de Direito parte o princípio reitor de todo o Direito Penal, que é a dignidade da pessoa humana, adequando-o ao perfil constitucional do Brasil e erigindo-se à categoria de Direito Penal Democrático.
	No entendimento de Capez o princípio da dignidade pessoa humana repercute de modo profundo no direito penal. Assim, em nenhuma situação é admitida no ordenamento jurídico brasileiro o tratamento desumano, cruel ou bárbaro, pois o Estado democrático de direito prima pelas garantias fundamentais do ser humano.
	Nesse sentido, Moraes (2002) leciona que: 
A dignidade da pessoa humana é um valor espiritual e moral inerente à pessoa, que se manifesta singularmente na autodeterminação consciente e responsável da própria vida e que traz consigo a pretensão ao respeito por parte das demais pessoas, que constituindo-se um mínimo invulnerável que todo estatuto jurídico deve assegurar, de modo que, somente excepcionalmente, possam ser feitas limitações ao exercício dos direitos fundamentais, mas sempre sem menosprezar a necessária estima que merecem todas as pessoas enquanto seres humanos. O direito à vida privada, à intimidade, à honra, à imagem, dentre outros, aparecem como consequência imediata da consagração da dignidade da pessoa humana como fundamento.
	Para o autor o princípio o dignidade da pessoa humana tem em sua essência um valor indispensável para a vida de todo e qualquer cidadão, servindo para resguardo dos direitos individuais e coletivos, além de ser um princípio maior para a interpretação dos demais direitos e garantias conferidos aos cidadãos.	
	A partir desta interpretação, Gomes e Molina (2012) assevera que as penas não condizem com o respeito à dignidade humana, seja pela sua péssima qualidade, seja pela sua falta de atenção ao tempo fixado na pena e o que é realmente cumprido, e que a finalidade precípua da pena que é ressocializar não está sendo efetivamente cumprida, ao invés de encontrarem condições dignas para se redimirem de seus crimes, encontram um ambiente onde há propagação da criminalidade.
	Nesta mesma concepção Ferrajoli (2000) afirma-se que:
É necessário, sobretudo, que as condições de vida dentro da prisão sejam para todos as mais humanas e as menos aflitivas possíveis; que em todas as instituições penitenciárias esteja previsto o trabalho – não obrigatório, senão facultativo – juntamente com o maior número possível de atividades coletivas, de tipo recreativo e cultural. Que na vida carcerária se abram e desenvolvam espaços de liberdade e de sociabilidade mediante a mais ampla garantia de todos os direitos fundamentais da pessoa; que, por fim, seja promovida a abertura da prisão – os colóquios, encontros conjugais, permissões, licenças, etc. – não mediante a distribuição de prêmios e privilégios, senão com a previsão de direitos iguais para todos. É provável que tudo isso, ainda que necessário, resulte insuficiente para impedir a função perversa e criminógena do cárcere: e isto [...], é um dos argumentos mais consistentes em favor da abolição da pena privativa de liberdade.
	Deste modo, para que haja condição de humanização da pena não basta fundamentação constitucional, é preciso que na prática a dignidade do preso seja respeitada. Assim, a concretização sobrevém com o reconhecimento dos direitos fundamentais, que precisam ser respeitados e propiciados tanto pela sociedade quanto pelo Estado, assegurando-lhe as bases necessárias para que seja valorizado como pessoas. 
3.2 Da Responsabilidade objetiva e subjetiva do Estado
	O texto constitucional de 1988 leciona em seu artigo 24 que o direito penitenciário é de competência da União, concorrentemente com os Estados e o Distrito Federal, além de da garantia constitucional de que ninguém será submetido a tratamento desumano, sendo assegurado aos encarcerados o respeito à integridade física e moral, devendo o Estado zelar para manter os estabelecimentos prisionais dignos para que possam cumprir suas penas.
	O nível educacional geralmente baixo das pessoas que entram no sistema carcerário reduz seus atrativos para o mercado de trabalho. Isso sugere que programas educacionais pode ser um caminho importante para preparar os detentos para um retorno bem-sucedido à sociedade. Deste modo, como dever do Estado, a assistência educacional nos estabelecimentos prisionais encontra ampara legal nos artigos 10 e 11 da Lei de Execuções Penais – LEP, neles estão às formas pelas quais o encarcerado deverá ser assistido:
Art. 10. A assistência ao preso e ao internado é dever do Estado, objetivando prevenir o crime e orientar o retorno à convivência em sociedade. Parágrafo Único – A assistência estende-se ao egresso.
Art. 11. A assistência será:
I – Material; 
II – A saúde; 
III – Jurídica; 
IV – Educacional; 
V – Social;
VI – Religiosa;
Omissis (...)
Art. 17. A assistência educacional compreenderá a instrução escolare a formação profissional do preso e do internado.
Art. 18. O ensino de 1º grau será obrigatório, integrando-se no sistema escolar da Unidade Federativa.
Art. 19. O ensino profissional será ministrado em nível de iniciação ou de aperfeiçoamento técnico.
Parágrafo único. A mulher condenada terá ensino profissional adequado à sua condição.
Art. 20. As atividades educacionais podem ser objeto de convênio com entidades públicas ou particulares, que instalem escolas ou ofereçam cursos especializados.
Art. 21. Em atendimento às condições locais, dotar-se-á cada estabelecimento de uma biblioteca, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos, (BRASIL, 1984).
	Nesta perspectiva, a responsabilidade do Estado com a educação no cárcere surgiu no sistema prisional no Brasileiro no intuito de ser mais um instrumento de ressocialização para os apenados, porém não havia propostas de requalificar os presos. De acordo com Santana e Amaral (2017), essa educação teve como incentivador o estado de são Paulo, por perceber que deveria haver, mas uma forma que pudesse diminuir o índice de criminalidade no Brasil.
	Contudo, de acordo com o Ministério da Justiça e Departamento Penitenciário Nacional (Depen), no relatório do Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias (Infopen), publicados pela Agência Brasil em 2017, o Brasil está entre os países com maior população prisional do mundo (441.700 mil), ficando atrás dos Estados Unidos (2,2 milhões), China (1,5 milhão) e Rússia (870 mil). Esse percentual concebe que dos 441.700 mil presos é 0,21% da população brasileira que dá um total de cada 100 mil habitantes 210 se encontram presos, desse total de presos 280 mil são jovens com idade entre 18 e 29 anos, a maioria desses presos é pobre ou estiveram excluídos da sociedade (SANTANA & AMARAL, 2017).
	Como pode ser analisada a população carcerária no Brasil é maior que a população de muitas cidades brasileiras. Contudo, o fato de estar privado de liberdade não imputa-lhes a perda de condição humana, nem a titularidade de seus direitos, é o que dispõe o artigo 38 do Código Penal, “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade” e educação é um direito humano, e como tal, estendida a todas as pessoas, sem qualquer distinção, sendo de competência do Estado tanto a efetiva aplicação do cumprimento da pena quanto da oferta de educação prisional, com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos.
	Assim, em se tratando da responsabilidade do Estado com o indivíduo encarcerado, ela pode ser por uma atitude comissiva, assunto já pacificado pelos operadores do Direito e a omissiva depende da comprovada culpa por parte de quem sofreu a injustiça agressão.
	De acordo com o entendimento do Supremo Tribunal Federal traz em seu texto o seguinte trecho do Ministro Gilmar Mendes, in verbis:
A jurisprudência desta corte que firmou o entendimento de que o Estado tem o dever objetivo de zelar pela integridade física e moral do preso sob sua    custódia, atraindo, então, a responsabilidade civil objetiva, em razão de sua conduta omissiva, motivo pelo qual é devida a indenização decorrente da morte do detento, ainda que em caso de suicídio, (STF, 2012).
	Este entendimento já é consolidado pela doutrina, aos danos provocados por ação do Estado deve ser aplicada a teoria da responsabilidade objetiva, quem foi lesado está isento de provar a culpa ou dolo do agente. 
	Quanto à responsabilidade do Estado a nossa Constituição Federal atribui a este a responsabilidade objetiva pelos danos causados, em seu artigo 37, §6º:
As pessoas jurídicas de direito público e as de direito privado prestadoras de serviços públicos responderão pelos danos que seus agentes, nessa qualidade, causarem a terceiros, assegurado o direito de regresso contra o responsável nos casos de dolo ou culpa, (BRASIL, 1988).
	No que diz respeito a uma ação de seus agentes, Formolo (2016) afirma que não há qualquer discussão, já que o entendimento é de que o agente responde pelos danos causados a terceiros. O entendimento pacificado do Tribunal de Justiça do Distrito Federal e Territórios: 
A responsabilidade objetiva diz respeito aos atos comissivos. No caso dos autos, a lesão ou o dano sofrido pela autora não foi praticado diretamente pelos agentes estatais, e desse modo, se a conduta foi omissiva, consoante a doutrina e a jurisprudência predominantes, a responsabilização do Estado é subjetiva. Significa isso que, para fazer brotar a obrigação de indenizar, deverá ser demonstrado o dever de evitar a ocorrência do dano ou que houve culpa do agente público. Nessa hipótese há necessidade de comprovar a omissão culposa da Administração, a fim de configurar a obrigatoriedade de indenizar, (TJDF, 2012).
	Como se vê nos atos omissivos o dever de indenizar do Estado ainda existe caso haja dolo ou culpa, já nos atos comissivos não há o que discutir, já que o Estado tem a obrigação de reparar os danos causados por seus agentes, restando a ele entrar com ação de regresso contra seus agentes quando for comprovado dolo ou culpa. 
	O cenário educacional brasileiro aponta a omissão do poder público em conflito com a legislação nacional, já que a Lei de Diretrizes e Bases da Educação – LDB (Lei nº 9.394/1996), que regulamenta a Constituição Federal de 1988 em seu artigo 208, inciso I, estabelece que toda a população brasileira tem direito ao ensino fundamental obrigatório e gratuito, sendo assegurada, inclusive, sua oferta para todos os que a ele não tiverem acesso na idade própria, (BRASIL, 1996). 
	Nesse mesmo entendimento a LEP também prevê a educação escolar no sistema prisional, com fundamento no artigo 17, estabelecendo que a assistência educacional abranja a instrução escolar e a formação profissional do preso, já no artigo 18 determina que o ensino fundamental seja obrigatório e integrado ao sistema escolar da unidade federativa, exigindo no artigo 21 a implantação de uma biblioteca por unidade prisional, para uso de todas as categorias de reclusos, provida de livros instrutivos, recreativos e didáticos. Todavia, quando se trata da população encarcerada, tal direito parece não ter o mesmo grau de reconhecimento. 
3.3 Responsabilidades do Estado pelo sistema prisional
	O fato de um indivíduo estar preso não significa que seus direitos devem ser negligenciados. O Estado, que é responsável pela efetiva aplicação da pena com o cerceamento da liberdade, é o mesmo que deve ter a responsabilidade pelos que estão cumprindo pena, devendo ser tratados com a mesma dignidade e respeito que os demais seres humanos. 
	Recentemente, uma declaração feita pelo ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, em São Paulo, provocou diversos comentários, onde disse que se fosse necessário cumprir muitos anos numa prisão brasileira preferia morrer. Além disso, ele reconheceu ainda que haja um sistema prisional medieval, que não só desrespeita os direitos humanos como também não possibilita a reinserção dos condenados (JULIÃO, 2007).
	O intuito da pena privativa de liberdade é preparar o preso para a ressocialização, servindo como uma preparação do indivíduo para voltar ao convívio social. Deve haver o incentivo ao trabalho e estudo, onde o Estado deve proporcionar as ferramentas.
	A educação é considerada um grande desafio no sistema prisional. Deve-se primeiramente entender que a educação é um direito e não um benefício. A ideia é inserir a população carcerária nas políticas públicas existentes e a educação é uma delas. A questão da educação é um direito universal que está previsto na declaração dos direitos humanos e repetido no Art. 205 da Constituição Federal de 1988 e que também faz parte das assistências previstas na Lei de Execuções Penais de 1984 que apesar de ser muito eficiente é vista atualmente como uma lei progressista (JULIÃO, 2007).
	Há uma grande demanda nos departamentos penitenciários que desejam o estudo. No ano de 2011 teve-se um grande avanço com a possibilidadeda redução da pena através do estudo. As pessoas privadas de liberdade que estão envolvidas em atividades educacionais na ordem de a cada 12 horas de ensino diminuem um dia no total de sua pena, além dos demais benéficos que é, por exemplo, adquirir a cidadania e entender o papel dentro da sociedade (CARREIRA & CARNEIRO, 2009).
	É necessário que se faça uma mudança generalizada no método de gestão para que se haja uma integração com a Secretaria de educação do estado. Com isso é possível discutir diariamente sobre a questão da educação nas prisões e todos os documentos diplomas que rezam sobre a educação nas prisões podem ser discutidos abertamente quando se tem uma parceria da gestão do sistema prisional com a Secretaria de Educação do estado (OLIVEIRA, 2013).
4 RESULTADOS E DISCUSSÕES
	Para o desenvolvimento deste tópico, utilizou-se das informações obtidas através dos questionários aplicados acerca da vida pessoal dos reeducandos da Penitenciária Regional de Rolim de Moura. Assim, com os resultados pode ser traçado um perfil daqueles que ao sistema educacional que é ofertado no estabelecimento prisional, afim de obter um diagnóstico das dificuldades encontrada para o acesso, a dinâmica das aulas e o interesse do reeducando na participação nas aulas. 
	Neste intuito em contato com, a equipe da Penitenciária, a dinâmica da pesquisa foi apresentada aos reeducandos, e 4 responderam ao questionário proposto. Sendo 3 do sexo masculino e 1 do sexo feminino. A pesquisa contou com questões fechadas, onde o reeducando escolheria entre as opções a que melhor se enquadraria a sua realidade e também questões abertas da qual poderiam usar argumentos próprios para respondê-las.
	Foi questionado aos reeducandos se o nível de escolaridade interfere nos índice de criminalidade, de forma consensual respondera que sim, que tem a ligação de criminalidade por não ter oportunidade de estudo. Realidade que está presente em muitos estabelecimentos prisionais, cabendo ao Estado conforme determina os artigos 10 e 11 da LEP, organizar as formas pelas quais o encarcerado deverá ser assistido, especialmente no que concerne a educação prisional.
 	Foi abordada a baixa escolaridade dos reeducados está relacionada por falta de oportunidade de estudo, condições econômica precária, condição familiar, contexto social em que o reeducado está inserido, falta de interesse e vontade do reeducando, aptidão para a criminalidade, inicio de praticas delitivas muito cedo, dados esses que foi reconhecido por 80 % por falta de interesse e vontade do reeducando, 20 % por falta do contexto social que o reeducando está inserido. 
	Sobre uma possível causa da baixa escolaridade entre os reeducando, os mesmos apontaram entre outros, a falta de oportunidade de estudo, de interesse em prosseguir, o contexto em que estavam inseridos, condições econômicas e familiares precária, por este motivo foram unânimes responder que julgam ser muito importante a oferta de estudos dentro do presídio.
	O interesse do reeducando pelo ensino quando ofertado, tem por motivo melhorar sua escolarização, tendo novas oportunidades após deixar a unidade, promover sua reinserção social, permitir a redução de dias de pena pela remição, os dados apresentaram que há o interesse em promover sua reinserção social. Conforme afirma Claude (2005) que a educação é condição fundamental para o indivíduo atuar plenamente como ser humano na sociedade moderna, por ser o instrumento mais eficaz de que dispõe o homem para o seu crescimento pessoal no contexto em sociedade. Percebe-se que os próprios reeducando tem essa concepção, de que a educação pode mudar sua vida, dentro e for das prisões.
	Os resultados apontam 50% dos entrevistados dizer que a estrutura ofertada para estudo dentro dos presídios é suficiente, já os outros 50 % dizem que a estrutura ofertada é parcialmente suficiente. Quanto aos materiais e instrumentos didáticos, a oferta de materiais escolares, disponibilidade de acervo de livros e outros materiais pedagógico auxiliares, apostilhas, revistas, jogos, a situação atual encontrada é 50 % parcialmente suficiente e 50 % suficiente.
	A pesquisa quis saber se há um controle interno sobre o aproveitamento da escolariedade e o desenvolvimento do reeducando quanto ao ensino prisional, ou independendemente de qualquer coisa, a mera participação deles nas aulas já levam eles ao processo de remição de pena, alguns disseram que apesar de ser de grande relevância para sua vida, dentro e fora da prisão, muitos só querem ter direitos aos dias remidos pela participação nas aulas, mas que o controle só ocorre quando são feitas as leituras dos livros, que precisam entregar as resenhas para serem corrigidas pelo professor.
	Questionados se é preciso valorizar e incentivar a oferta de programas de escolarização dentro das unidades prisionais, os reeducandos responderam que sim, “para ter um conhecimento melhor, uma vez que abre seus horizontes, amplia as oportunidades, além de que acreditam que existe muita força de vontade para o professor da rede pública estar ali para atende-los. Como dizia Mello e Santos (2011) a metodologia de como a escola prisional pode ser trabalhada pode sofrer variações e dependem da maneira como esta modalidade de escola deve ser encarada, a importância da escola com visão educacional libertadora, onde educador defende e incentiva o posicionamento do adulto não alfabetizado no meio social e político em que ele vive, no seu contexto real, neste caso a prisão.
	Sobre as principais dificuldades para oferta e efetiva escolarização do reeducando dentro do sistema prisional, foram apontadas a falta de oportunidades, de interesse da vontade de estudar, o preconceito em relação ao apenado e agente, aqui reflete-se ao tratamento desumano a que são subemtidos, contrariando norma constitucional de que ninguém será submetido a tratamento desumano, sendo assegurado aos encarcerados o respeito à integridade física e moral, devendo o Estado zelar para manter os estabelecimentos prisionais dignos para que possam cumprir suas penas.
	Com relação ao currículo escolar, foi investigado se as disciplinas, metodologia e carga horária de estudo que são tratadas no processo de ensino nas unidades prisionais são adequadas, uns acreditam que sim, pelo fato de estarem ali o pouco que lhes é ofertado é suficiente para manter a mente ocupada, pois muitos passam com a cabeça vazia ouvindo coisas erradas, e que tudo que aprendem servirá depois que cumprirem a pena.
	À os que dizem que não é adequada, mas que já representa um início, e que a adequação depende da melhor forma da relação dos agentes penitenciários e reeducando e com relação ao professor não tem preconceito, pois todos são tratados com simplismente aluno. 
	Aqui presente a resposabilidade do Estado em ofertar educadores prisionais qualificados, com uma formação específica, especializada, para melhor atuar e conviver com os apenados, pois não podemos esquecer que são seres humanos fragilizados, contemplando o disposto o artigo 38 do Código Penal, “o preso conserva todos os direitos não atingidos pela perda da liberdade” e educação é um direito humano, e como tal, estendida a todas as pessoas, sem qualquer distinção. 
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
	A pesquisa apresentada demonstrou a importância da educação no sistema prisional como forma de ressocialização dos apenados de forma a reintegra-los ao convívio social de forma significativa, contribuindo com a reconstrução de um projeto de vida para quando o encarcerado readquirir sua liberdade. Com esse objetivo foi apresentada doutrinadores, legislação que aprova e incentiva a educação prisional nos presídios. O procedimento para coleta de dados se deu por meio da aplicação de questionários, com foco no cotidiano dos apenados que aderem à educação na prisão. 
	Diante da análise do resultado buscado trouxe que, por mais dificultoso que seja a oferta dessa modalidade nos estabelecimentos prisionais, no sentindo de incentivo de políticas públicas voltadas paraesta camada da sociedade, por apresentar problemas e passar por mudanças importantes, a realidade tem se alterado positivamente, melhorando a qualidade e modalidade da oferta educacional.
	Através da pesquisa também pode observar que nem todos os apenados tem interesse em participar das aulas ofertadas, outros só querem ter direitos aos dias remidos pela participação nas aulas, mas que há aqueles que acreditam que existe muita força de vontade para o professor da rede pública estar ali para atende-los, daí a responsabilidade do Estado em oferecer uma educaçaõ de qualidade, independente de onde ela aconteça. Pois, somente quando o preso percebe que não há descaso por parte do educador, que ele age com naturalidade, estimula com palavras otimistas de modo que possam sentir-se valorizados e crê em sua capacidade de regeneração, é que se inicia o processo de autoconfiança.
	Com os resultados da pesquisa foi possível responder às hipóteses de que a educação prisional colabora com o processo de reintegração aos espaços de vida e de trabalho de seus reeducandos, de modo que ao saírem do sistema penitenciário terão oportunidades de reintegração na sociedade. Com relação às políticas públicas voltadas à educação prisional por sua vez vem sendo ofertadas pelo Estado nos estabelecimentos prisionais, embora de forma precária, demonstrar fragilidades e necessidades emergentes, de acordo com o Depen, no relatório do Infopen. Sua institucionalização ocorre em nível estadual de modo que cada governo apresenta autonomia relativa na introducação as políticas públicas de educação escolar no contexto prisional, restando a aplicabilidade das normas em nível local, como ocorre na Penitenciária Regioanal de Rolim de Moura, através de parcerias com as Secretárias Estaduais de Educação.
	Assim, o assunto em pauta é relevante, visto que a educação no sistema prisional ainda é passível de várias mudanças para melhoramento de sua viabilização no momento da saída do egresso do sistema prisional, e que é preciso desenvolver novos programas educacionais no sistema penitenciário que visem alfabetizar e construir a cidadania dos presos, capaz de alertá-los para as possibilidades de escolhas e a importância dessas escolhas para a sua vida e consequentemente a do seu grupo social. 
REFERÊNCIAS 
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_______Lei de Execução Penal. Lei Nº 7.210 de 11 de julho de 1984. Disponível em: https://www.planalto.gov.br/. Acesso em: 18/11/2017.
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