Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
1 2 Olá estudante de Direito, obrigado pelo download deste eBook Tempo sempre foi uma das coisas mais preciosas em nossas vidas, ainda mais nos dias em que vivemos o tempo é curto e muito valioso! Devido a isso tivemos a ideia de reunir todo o nosso conhecimento para produzir um conteúdo organizado, estruturado e com linguagem fácil. Desta forma o teu aprendizado será muito mais rápido e eficiente // Didática deste eBook: Didática Organizada Matéria organizada e estruturada para ter uma linha de raciocínio e o melhor entendimento sobre o conteúdo Aprendizado Rápido Aprenda direito e aprenda rápido, não perca tempo com o que não traz resultado Linguagem Fácil Nem sempre a formalidade e a linguagem rebuscada ajuda, principalmente quando vamos aprender algo que ainda não sabemos Qualquer dúvida, sugestão, crítica ou feedback que tiver, por favor, envie em nosso e-mail: formulajuridicacontato@gmail.com Curta nossa Página do Facebook e envie uma mensagem em nossa página para fazer parte de nosso grupo de estudos do Whatsapp “O conhecimento quando compartilhado é muito melhor, pois, todos são beneficiados com novas formas de enxergar o mundo” 3 DIREITO PENAL Este é o 4º ebook lançado pela Fórmula Jurídica, sendo assim é muito importante que você acesse o nosso site http://www.formulajuridica.com/ebooks e faça o download do ebook Direito Penal – Crimes Contra a Vida, pois nesse ebook terão alguns pontos da Parte Geral do Direito Penal, como forma de relembrar/revisar temas necessários que serão muito utilizados nos delitos em espécie Falando deste ebook serão tratados os Crimes Contra o Patrimônio – Parte 1, mais especificamente os Crimes de Furto e Roubo No próximo ebook de Crimes Contra o Patrimônio abordaremos Extorsão, Apropriação Indébita e Estelionato Crimes contra o Patrimônio FURTO O furto subdivide-se em quatro figuras: Simples, Noturno, Privilegiado e Qualificado FURTO SIMPLES Art. 155 CP - Subtrair, para si ou para outrem, coisa alheia móvel: Pena - Reclusão, de 1 a 4 anos, e multa Como no crime de furto ocorre uma subtração pura e simples de bens alheios, pode-se concluir que se trata de delito que afeta apenas o patrimônio e, eventualmente, a posse O Sujeito Ativo pode ser qualquer pessoa, exceto o dono do bem, já que o tipo penal exige que se trate de coisa alheia. Trata-se de crime comum e simples As ELEMENTARES DO CRIME de furto podem ser divididas em 4 partes: 1. Subtração 2. Coisa Móvel 3. Coisa Alheia 4. Fim de Assenhoreamento Definitivo Vamos estudar cada um dos seguintes itens que são necessários para caracterizar o crime de furto: 1. Conduta Típica, que consiste em um ato de SUBTRAÇÃO A subtração pode se verificar de duas formas: 1) Quando alguém pega a coisa do outro sem sua autorização – Ex.: Trombadinha que leva uma bolsa 2) O agente não coloca as mãos no produto do furto sem a autorização da vítima, caracteriza pela posse vigiada. Algo é retirado da esfera de vigilância do dono, mesmo que o dono tenha colocado essa coisa nas mãos do furtados. Ex.: O funcionário de um caixa de uma loja recebe o dinheiro dos clientes, e em vez de guarda-los no caixa, leva-os para casa OBS.: Não confundir com apropriação indébita. Pois na apropriação indébita a diferença é que mesmo havendo a autorização da vítima a posse é desvigiada. Ex.: Locação de DVDs. Estudaremos essa modalidade de crime posteriormente 4 2. O Objeto Material deve ser COISA MÓVEL Apenas a coisa móvel pode ser objeto de furto porque somente ela pode ser transportada e, assim, tirada da esfera de vigilância da vítima Os bens imóveis, portanto, não podem ser furtados, cabe ressalvar que se consideram imóveis apenas os bens que não possam ser levados de um local para outro OBS.: Assim, quando o Código Civil ou leis especiais, por ficção, equiparam a imóvel os aviões e as embarcações para fim de registro de hipoteca, não lhes retira a possibilidade de ser produto de furto porque são coisas móveis OBS².: É possível, também, o furto de partes que compõem um imóvel, como, por exemplo, a subtração de telhas já instaladas ou de portões já colocados. É que, em tais casos, o agente mobiliza os bens antes de levá-los Casos específicos: Os ANIMAIS DOMÉSTICOS OU DOMESTICADOS, quando tiverem dono, e os semoventes (bois, porcos, cabras) podem ser objeto de furto. O furto de gado possui denominação própria: abigeato O art. 155, § 3º, do CP, expressamente equipara coisa móvel à ENERGIA ELÉTRICA e outras formas de energia que tenham valor econômico (nuclear, térmica etc.), de modo que podem elas ser produto de furto Os SERES HUMANOS podem ser transportados, porém, não se enquadram no conceito de coisa, de modo que não podem ser objeto material de furto, mas apenas de crimes específicos como sequestro (art. 148 CP), extorsão mediante sequestro (art. 159 CP) e subtração de incapaz (art. 249 CP) Da mesma forma, a subtração de parte do ser humano, enquanto o integra, constitui crime de lesão corporal, ainda que haja interesse econômico envolvido, como no caso do corte desautorizado de cabelo alheio para venda à confecção de perucas ou a cabeleireiros que as utilizam em apliques capilares. É possível, porém, que haja furto em relação a tecido humano que já não integre o corpo, como, por exemplo, a subtração de sangue do banco que o armazena O FURTO DE TÍTULO DE CRÉDITO em geral constitui crime-meio para a prática de outro crime, restando por este absorvido. É o que ocorre, por exemplo, quando o agente subtrai folha de cheque e se passa pelo correntista para efetuar compra em um mercado, hipótese configuradora de estelionato, porque o agente obteve vantagem ilícita no valor da compra ao enganar o vendedor 3. O Elemento Normativo encontrado na necessidade que se trate de COISA ALHEIA Pressupõe que o Juiz, em todo caso concreto, verifique se o bem não pertencia a quem o subtraiu Para que uma coisa seja considerada alheia, é necessário que ela tenha dono. Assim, por não ter dono, não pode ser objeto de furto a coisa de ninguém (res nullius), isto é, aquela que NUNCA TEVE PROPRIETÁRIO, como um cão de rua, os peixes das águas públicas e a coisa abandonada (res dereclicta) As coisas perdidas têm dono, porém, só são assim consideradas aquelas que estão fora da esfera de vigilância do dono porque foram perdidas em locais públicos ou abertas ao público COISAS DE USO COMUM – São coisas que não foram retiradas de seu ambiente natural e todos podem usar, como a água, ar etc. Sendo assim não podem ser objeto material de furto 5 SUBTRAÇÃO DE OBJETOS ENTERRADOS COM O CADÁVER – Invasão noturna em cemitério para arrombamento de sepultura há uma divergência doutrinária em torno da classificação jurídica. A 1ª Corrente entende que os objetos dos mortos sepultados se equiparam à coisa abandonada, pois não existe interesse por parte dos herdeiros em tê-los de volta (Caracteriza crime de violação de sepultura – Art. 210 CP). A 2ª Corrente entende que os bens pertencem aos herdeiros (Caracteriza furto – Art. 155 CP) SUBTRAÇÃO DE COISA PRÓPRIA QUE SE ENCONTRA EM PODER DE TERCEIRO – Evidentemente que não ocorre o crime de furto, pois não se trata de coisa alheia. Porém para evitar este tipo de conduta e colocar as relações jurídicas em risco, o art. 346 CP tipificou esta conduta como um subtipo do exercício arbitrário das próprias razões FURTO E EXERCÍCIO ARBITRÁRIO DAS PRÓPRIAS RAZÕES - Quando alguém tem um direito e a outra parte se recusa a observá-lo, deve o interessado procurar o Poder Judiciário para fazer valer sua pretensão.Caso não o faça e resolva a questão pessoalmente, exorbitando as regras legais, comete crime de exercício arbitrário das próprias razões. Ex.: Locador troca as chaves da casa alugada para que o inquilino, que está com os aluguéis atrasados, não possa mais entrar, quando o correto seria ingressar com ação judicial de despejo 4. O Elemento Subjetivo do tipo consistente no FIM DE ASSENHOREAMENTO DEFINITIVO do bem Quando o tipo penal do furto exige que o agente subtraía o bem para si ou para outrem está a indicar que este crime pressupõe a intenção de manter a coisa em seu poder ou de repassá-la a terceiro de forma não transitória. É o que se chama de animus rem sibi havendi ou animus furandi Por isso, quando o agente se apossa clandestinamente de coisa alheia, para usá-lo momentaneamente e, logo em seguida, o restitui à vítima, o fato é considerado atípico, por ter havido o que se chama de furto de uso TEORIAS DE QUANDO SE CONSUMAM O CRIME DE FURTO 1) CONCRETATIO – Se consuma quando o agente toca a coisa alheia, encostou, consumou! 2) APPREHENSIO – Se consuma quando o agente segura a coisa 3) AMOTIO – Se consuma quando o agente retira o bem do local aonde se encontrava 4) ABLATIO – Se consuma quando o agente coloca o bem no lugar aonde pretendia A Teoria por nós adotada é uma construção da Jurisprudência Brasileira, que é a teoria da INVERSÃO DA POSSE Grosso modo, essa corrente exige que a vítima perca a posse e o agente a obtenha. Temos, então, que definir quando ocorre essa inversão e, apesar de pequenas divergências, acabou prevalecendo o entendimento de que isso se dá quando o agente obtém a posse tranquila do bem, ainda que por pouco tempo, por ter conseguido tirá-lo da esfera de vigilância da vítima. Diante desta Teoria, o furto se consuma quando ocorre a posse mansa e pacífica do bem, nem que seja por um momento muito pequeno. Então sim, se o furtador pega o bem e sai correndo, porém é pego, não caracteriza o furto, mas a tentativa de furto, pois não tinha a posse mansa e pacífica 6 TENTATIVA DE FURTO É possível em todas as modalidades de furto – Simples, Privilegiado e Qualificado A Doutrina afirma que o mero ato de ingressar na área externa da casa não caracteriza ato executório de furto, devendo o agente ser flagrado em tal momento Se o ladrão já entrou no interior da residência, deverá responder por tentativa de furto PENA E AÇÃO PENAL A pena do furto simples é cumulativa: multa e privativa de liberdade (reclusão, de 1 a 4 anos). Como a pena mínima não supera 1 ano, é cabível a suspensão condicional do processo, se presentes os demais requisitos do art. 89 da Lei n. 9.099/95 A ação penal é Pública Incondicionada FURTO NOTURNO Art. 155, § 1º — A pena aumenta-se de um terço, se o crime é praticado durante o repouso noturno Esse instituto tem natureza jurídica de causa de aumento de pena e somente se aplica ao furto simples. É incabível às formas qualificadas de furto porque estas estão previstas em dispositivo posterior (§§ 4º e 5º) e já possuem pena maior em abstrato No furto noturno, não é cabível a suspensão condicional do processo porque a pena mínima em abstrato é de um ano e quatro meses, em razão do aumento obrigatório de um terço da pena Apesar de o nome do instituto ser “furto noturno”, não basta que o fato ocorra à noite (período de ausência de luz solar), exigindo o texto legal que ocorra durante o período em que os moradores de determinada região estejam dormindo, repousando, devendo a análise ser feita de acordo com as características de cada região (rural ou urbana) FURTO PRIVILEGIADO Art. 155, § 2º — Se o criminoso é primário, e é de pequeno valor a coisa furtada, o juiz pode substituir de pena de reclusão pela de detenção, diminuí-la de um a dois terços, ou aplicar somente a pena de multa É fácil notar que o reconhecimento do privilégio pressupõe 2 Requisitos: PRIMARIEDADE e PEQUENO VALOR DO BEM Primariedade A condição de pessoa primária não é definida no CP, que contém apenas definição de reincidência em seu art. 63 CP Considera-se primária toda e qualquer pessoa que não seja considerada reincidente pelo Juiz na sentença condenatória transitada em julgado. Dessa forma, as pessoas que já foram condenadas anteriormente, mas já cumpriram pena há mais de 5 anos antes de cometer o furto, são consideradas primárias, nos termos do art. 64, I, do CP, tendo direito ao benefício A condenação anterior por contravenção penal não retira a primariedade daquele que, posteriormente, comete crime de furto, não impossibilitando o privilégio 7 Pequeno Valor do Bem Pequeno valor é considerado aquele que não ultrapassa um salário mínimo O valor do salário mínimo é aquele vigente à época do crime Princípio da Insignificância não se confunde o instituto do privilégio, em que o réu é condenado com uma pena menor, com o princípio da insignificância, decorrente do princípio da intervenção mínima, segundo o qual não se reconhece a existência de justa causa para a ação penal quando a lesão ao bem jurídico tutelado é irrisória, ínfima, insignificante. Ex.: o furto de um doce, de uma rosa etc. É o que se chama de furto de bagatela. Em tais casos, o fato é considerado atípico FURTO QUALIFICADO § 4º - A pena é de reclusão de 2 a 8 anos, e multa, se o crime é cometido: I - Com destruição ou rompimento de obstáculo à subtração da coisa II - Com abuso de confiança, ou mediante fraude, escalada ou destreza III - Com emprego de chave falsa IV - Mediante concurso de duas ou mais pessoas § 5º - A pena é de reclusão de 3 a 8 anos, se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior No § 4º existem, ao todo, 7 qualificadoras, distribuídas em 4 incisos. É plenamente comum que o Juiz reconheça duas ou mais qualificadoras deste parágrafo e, se isso ocorrer, a primeira servirá para qualificar o crime e as demais servirão como circunstância judicial para fixação da pena-base Todas as qualificadoras do § 4º referem-se aos meios de execução do furto, de modo que todas são compatíveis com o instituto da tentativa, bastando que o agente não consiga concretizar a subtração MODALIDADES DE FURTO QUALIFICADO Rompimento ou Destruição de obstáculo Essa qualificadora se mostra presente quando o agente arromba trincos, fechaduras, portas ou janelas, ou, ainda, quando consegue arrombar um cofre ou nele fazer um furo com um maçarico Igualmente incorre na figura qualificada quem corta com um alicate a corrente que prende uma bicicleta ou uma motocicleta a um poste Rompimento é a danificação parcial do obstáculo, como no arrombamento do trinco de uma porta Destruição é a danificação completa, como quebrar uma porta de vidro, que fica toda estilhaçada no chão 8 Abuso de Confiança Somente ocorre se existirem duas circunstâncias no caso concreto: • Demonstre a existência de uma especial confiança da vítima no agente, que pode decorrer de forte amizade ou coleguismo no trabalho, parentesco, namoro ou noivado • Agente tenha se aproveitado de alguma facilidade decorrente da relação de confiança para executar o furto Assim, o amigo que furta bens do interior da casa do outro durante uma visita incide na forma qualificada A modalidade tentada é plenamente possível, quando o agente que se aproveita da confiança da vítima é flagrado no ato de subtração e acaba sendo impedido de continuar o crime Emprego de Fraude Fraude é qualquer artifício, engodo, ardil ou artimanha utilizados pelo agente durante o contexto fático do delito a fim de viabilizar a subtração Os métodos fraudulentos são muito variados,como para distrair a atenção da vítima, aproximar ou afastar dos bens da vítima como funcionário de alguma empresa etc NÃO CONFUNDA Furto mediante fraude com Estelionato!! Cartão clonado no banco – No estelionato é preciso que um ser humano seja enganado. No caso da pessoa usar o cartão falso na máquina será considerado furto mediante fraude. Se o cartão for passado diante de uma pessoa, será considerado estelionato Escalada É qualquer via anormal de acesso ao local aonde está a coisa a ser subtraída. Ex.: Muro, portão Destreza É uma habilidade dos furtadores em que a vítima não percebe a princípio que está sendo subtraída. Ex.: Batedores de carteiras Só acontece no furto de coisas portadas pela pessoa, sendo assim não é possível se enquadrar o furto de um carro por exemplo (mas se furtar a chave do carro sem que a pessoa perceba pode caracterizar). No caso da pessoa furtada estar bêbada, ou dormindo, não se encaixa a destreza Emprego de Chave falsa Há 2 categorias: Imitação da chave verdadeira feita clandestinamente (necessita do desconhecimento da vítima desta chave falsa, se ela sabe do conhecimento passa a ser uma chave verdadeira) e qualquer instrumento com ou sem formato de chave, capaz de abrir uma fechadura Ligação Direta NÃO é considerada chave falsa 9 Concurso de Pessoas A qualificadora é cabível ainda que um dos envolvidos seja menor de idade ou que apenas um dos envolvidos tenha sido identificado em razão da fuga dos demais do local Assim, para aplicar a qualificadora, não é necessário que o juiz condene duas ou mais pessoas na sentença, exigindo-se, contudo, prova de que havia outras pessoas envolvidas Quadrilha e o bis in idem – Não existe, responde em concurso material Furto de Veículo Automotor transportado para outro Estado ou Exterior Trata-se de qualificadora que, ao contrário das anteriores, não se refere ao meio de execução do crime, e sim a um resultado posterior, qual seja, o transporte do veículo automotor para outro Estado da Federação ou para outro País Já deve haver a intenção de no mínimo cruzar a fronteira de um Estado e efetivamente cruzar a fronteira ROUBO Essa figura criminosa abrange o roubo simples (que pode ser próprio ou impróprio), 5 causas de aumento de pena e 2 qualificadoras ROUBO PRÓPRIO está previsto no caput do art. 157 CP – A violência, a grave ameaça ou a redução de resistência da vítima, são empregados para a subtração, isso significa que qualquer uma dessas atitudes serão empregadas antes da subtração ou no momento concomitante da subtração ROUBO IMPRÓPRIO começa como um furto, porém em um momento posterior passa a garantir uma violência para assegurar a impunidade O roubo é um crime complexo na medida em que atinge mais de um bem jurídico: o patrimônio e a incolumidade física ou a liberdade individual Art. 157 CP - Subtrair coisa móvel alheia, para si ou para outrem, mediante grave ameaça ou violência a pessoa, ou depois de havê-la, por qualquer meio, reduzido à impossibilidade de resistência: Pena - reclusão, de quatro a dez anos, e multa § 1º - Na mesma pena incorre quem, logo depois de subtraída a coisa, emprega violência contra pessoa ou grave ameaça, a fim de assegurar a impunidade do crime ou a detenção da coisa para si ou para terceiro. § 2º - A pena aumenta-se de um terço até metade: I - se a violência ou ameaça é exercida com emprego de arma II - se há o concurso de duas ou mais pessoas III - se a vítima está em serviço de transporte de valores e o agente conhece tal circunstância IV - se a subtração for de veículo automotor que venha a ser transportado para outro Estado ou para o exterior V - se o agente mantém a vítima em seu poder, restringindo sua liberdade § 3º - Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de sete a quinze anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de vinte a trinta anos, sem prejuízo da multa 10 TIPO OBJETIVO DO ROUBO O roubo, em princípio, contém as mesmas elementares do furto: a) Subtração como conduta típica b) Coisa móvel como objeto material c) A circunstância de a coisa ser alheia como elemento normativo d) A finalidade de assenhoreamento definitivo, para si ou para terceiros, como elemento subjetivo Trata-se, contudo, de infração bem mais grave do que o furto porque, enquanto neste ocorre uma subtração pura e simples, no roubo, o agente domina a vítima, pelo emprego de violência, grave ameaça ou qualquer outro meio, para viabilizar a subtração Sendo assim o roubo tem outros elementares, na qual iremos estudar agora: VIOLÊNCIA – VIS ABSOLUTA Caracteriza-se pelo emprego de força física ou ato agressivo. Ex.: Agarrar para imobilizar, laçar a vítima com uma corda, agredi-la com socos ou chutes O ato de desferir facada ou disparo de arma de fogo contra a vítima constitui emprego de violência e caracteriza roubo; porém, se o agente o fez com intenção de matar a vítima, responde por crime de latrocínio, consumado ou tentado, dependendo do resultado Para que a violência tipifique crime de roubo, o texto legal exige que esta seja empregada contra pessoa (o próprio dono do bem ou terceiro) e nunca apenas contra a coisa GRAVE AMEAÇA – VIS RELATIVA É a promessa de mal grave e iminente a ser provocado no próprio dono do bem ou em terceiro (filho, cônjuge etc) Pode-se dar por promessa de morte, lesão ou prática de violência sexual contra a vítima caso esta não concorde com a subtração A simulação de arma, como no caso em que o agente esconde a mão sob a blusa ou um pedaço de pano, ou quando encosta um dos dedos nas costas da vítima e a manda não olhar para trás, constitui grave ameaça, na medida em que tais condutas têm poder intimidatório, porque a vítima não sabe que se trata de uma simulação e, portanto, se sente amedrontada QUALQUER OUTRO MEIO QUE REDUZA A VÍTIMA À IMPOSSIBILIDADE DE RESISTÊNCIA Estamos aqui diante de uma fórmula genérica cuja finalidade é permitir a tipificação do roubo em hipóteses em que o agente subjuga a vítima antes de efetuar a subtração, porém, sem empregar violência física ou grave ameaça É o que ocorre, por exemplo, quando ele coloca sonífero na bebida da vítima para subtrair-lhe os pertences enquanto ela está inconsciente, ou quando usa de hipnose para deixá-la em transe e, em tal momento, concretizar a subtração 11 SUJEITOS DO ROUBO Sujeito Ativo Pode ser qualquer pessoa, exceto o próprio dono do bem, já que a lei exige que a coisa seja alheia. Trata-se de crime comum Admite coautoria e participação Para a existência de coautoria, NÃO é necessário que todos os envolvidos realizem todos os atos de execução, podendo haver divisão de tarefas Sujeito Passivo Pode ser sujeito passivo o proprietário, bem como o possuidor ou detentor do bem, que sofra prejuízo econômico, e também todos aqueles que sofram a violência ou grave ameaça, ainda que não tenham prejuízo patrimonial. Trata-se de crime complexo, pois é possível ter mais de uma vítima em um só roubo CONCURSO DE CRIMES Ao contrário das hipóteses mencionados no item anterior, existem algumas situações, comuns no dia a dia, que caracterizam mais de um crime de roubo: • Se o agente em um único contexto fático emprega grave ameaça contra duas pessoas e subtrai bens de ambas, responde por dois crimes de roubo em CONCURSO FORMAL (art. 70 do CP), já que houve uma só ação (a mesma grave ameaça para ambas as vítimas) e duas lesões patrimoniais • O agente aborda uma pessoa em uma esquina e rouba seu dinheiro. Minutos depois aborda outra pessoa naesquina de cima e também subtrai seus pertences. Aqui houve claramente duas ações (duas graves ameaças) contra vítimas distintas, estando caracterizados DOIS CRIMES de roubo em CONTINUAÇÃO DELITIVA (art. 71 do CP) • Se o agente aborda uma só pessoa e apenas contra ela emprega a grave ameaça, mas acaba subtraindo objetos desta e de terceiro, que também se encontravam em poder dela, responde por dois crimes de roubo em CONCURSO FORMAL, desde que a prova indique que ela sabia que estava subtraindo bens pertencentes a pessoas diversas • Se o agente comete roubo em residência subtraindo objetos pertencentes ao corpo familiar como um todo (aparelho de som e televisão, por exemplo), responde por CRIME ÚNICO OBS.: Caso de Roubo Simples e Latrocínio – Apesar de o latrocínio ser uma forma qualificada do crime de roubo, a Doutrina e a Jurisprudência não aceitam a configuração de crime continuado entre essas infrações penais, com o argumento de que o latrocínio atinge um bem jurídico a mais do que o roubo simples (a vida humana), de modo que não podem ser considerados crimes da mesma espécie, o que é requisito da continuação delitiva CONSUMAÇÃO DO ROUBO A consumação ocorre quando o agente inicialmente domina a vítima pelo emprego de violência ou grave ameaça, no exato instante em que ele se apossa do bem pretendido sua posse já é tranquila, não sendo necessário que consiga tirá-lo do local Entende-se, atualmente, inclusive nos Tribunais Superiores, que o crime de roubo se consuma no momento em que o agente se apossa do bem da vítima, ainda que seja preso no local 12 TENTATIVA DO ROUBO É possível quando o agente emprega a violência ou grave ameaça e não consegue se apoderar dos bens visados. Ex.: Vítima que, ao ter a arma apontada para ela, acelera o carro em que está e foge MODALIDADES DE ROUBOS ROUBO DE USO A Jurisprudência entendeu ser possível o reconhecimento da atipicidade da conduta quando a intenção do agente é a de uso momentâneo, embora não autorizado, do bem alheio, com imediata restituição, no roubo, por serem também afetadas a incolumidade física e a liberdade da vítima pelo emprego da violência ou grave ameaça, não se reconhece a existência da intenção de uso como hipótese de atipicidade ROUBO PRIVILEGIADO Não existe no Código Penal, ainda que o réu seja primário e a coisa roubada seja de pequeno valor. Sua pena não poderá ser diminuída em razão disso ROUBO e PRINCÍPIO DA INSIGNIFICÂNCIA Tendo em vista que no crime de roubo há emprego de violência ou grave ameaça, a Jurisprudência tem, reiteradamente, NEGADO a possibilidade de aplicação do princípio da insignificância a tal delito ROUBO MAJORADO O art. 157, § 2º do CP estabelece 5 causas de aumento de pena, de um terço até a metade, que são aplicáveis tanto ao roubo próprio quanto ao impróprio 1. Emprego de arma; 2. Concurso de agentes; 3. Vítima em serviço de transporte de valores; 4. Transporte de veículo roubado para outro estado ou país; 5. Restrição da liberdade da vítima ROUBO QUALIFICADO Se da violência resulta lesão corporal grave, a pena é de reclusão, de 7 a 15 anos, além da multa; se resulta morte, a reclusão é de 20 a 30 anos, sem prejuízo da multa Lesão Grave As lesões graves que qualificam o roubo são aquelas descritas no art. 129, §1º e §2º do CP. A provocação de lesão leve em decorrência da violência empregada fica absorvida pelo crime de roubo, na medida em que o texto legal não a menciona como forma qualificada e tampouco ressalva a sua autonomia, tal como ocorre em outros delitos Latrocínio Ocorre quando o agente provoca a morte da vítima durante o roubo De acordo com o art. 1º, II da Lei n. 8.072/90, o latrocínio, consumado ou tentado, é crime hediondo. Por ser crime hediondo, o autor do latrocínio não pode obter anistia, graça ou indulto De acordo com a Súmula n. 603 do STF, a competência para o processo e julgamento de latrocínio é do Juiz singular e não do Tribunal do Júri Quando duas ou mais pessoas são mortas, mas apenas um patrimônio é lesado, a Doutrina e a Jurisprudência dominantes são no sentido de que há crime único O crime de latrocínio enquadra-se no conceito de crime complexo porque atinge mais de um bem jurídico: a vida e o patrimônio 13 Nosso conteúdo de Direito Penal sobre Crimes contra o Patrimônio – Parte 1 encerra aqui Esperamos que este ebook ajude em seus estudos. O objetivo desta didática é fazer com que o entendimento do mundo jurídico fique muito mais fácil e que seu aprendizado seja rápido Desta forma você estará acelerando o seu conhecimento, economizando um tempo valioso e se preparando para ser um excelente profissional Aguardo novamente sua visita em nosso site Acesse www.formulajuridica.com e estude com mais ebooks como esse Qualquer dúvida, sugestão, crítica ou feedback que tiver, por favor, envie em nosso e-mail: formulajuridicacontato@gmail.com Curta nossa Página do Facebook e envie uma mensagem em nossa página para fazer parte de nosso grupo de estudos do Whatsapp “O conhecimento quando compartilhado é muito melhor, pois, todos são beneficiados com novas formas de enxergar o mundo”
Compartilhar