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SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 1/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 1 1. AUTORES Maria Sidneuma Melo Ventura Liliana Soares Nogueira Paes 2. PREPARO PARA A REANIMAÇÃO Equipe: profissionais treinados em reanimação e estabilização neonatal, com pelo menos um pediatra, presente em todo nascimento. No caso de gemelaridade, uma equipe para cada recém-nascido (RN) e, diante de nascimento de risco, duas a três pessoas habilitadas deverão se fazer presentes; Anamnese: história materna com foco em fatores de risco antenatais e fatores de risco relacionados ao parto; Equipamentos/material/medicamentos: devem ser testados, preparados e dispostos em local acessível, antes de cada nascimento; Precauções-padrão: devem ser observadas na recepção do recém-nascido, para evitar o contato do profissional com o material biológico do paciente; Coordenador da equipe: para a comunicação efetiva entre os profissionais, conferir qualidade ao atendimento e segurança ao paciente. 3. CLAMPEAMENTO DO CORDÃO UMBILICAL NO RECÉM-NASCIDO (RN) <34 SEMANAS Clampeamento com >30 segundos de vida: imediatamente após o nascimento, se o RN <34 semanas, respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, aguardar 30-60 segundos para clampear o cordão, mantendo o RN sobre o tórax/abdome materno nesse período e em seguida, leva-lo à mesa de estabilização/reanimação; Clampeamento imediato: se a circulação placentária não estiver intacta (DPP, PP; rotura, prolapso ou nó verdadeiro de cordão), ou após o nascimento, se o RN <34 semanas, não inicia a respiração ou não apresenta tônus muscular em flexão, indicar o clampeamento imediato do cordão, para não retardar o início da ventilação com pressão positiva (VPP), se necessária. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 2/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 2 4. ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO DE TERMO (RNT) COM BOA VITALIDADE AO NASCER Imediatamente após o nascimento: idade gestacional (IG) 37-41 semanas, respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, independente do aspecto do líquido amniótico, manter o RN junto à mãe para os cuidados de rotina. 5. CUIDADOS JUNTO À MÃE Manter normotermia: temperatura corporal (36,5 - 37,5ºC): ambiente (Tº = 23 - 26ºC), secar o RN com compressas aquecidas e deixar o RN pele a pele com a mãe, coberto com pano seco e aquecido; Manter as vias aéreas pérvias: leve extensão do pescoço, aspirar boca e narinas se necessário (S/N); Avaliar: frequência cardíaca (FC) com estetoscópio no precórdio, a respiração/choro e o tônus muscular do RN. Manter observação contínua da atividade, do tônus e da respiração/choro; Amamentação: manter o RN junto à mãe assegurando que ele mame ao seio efetivamente, na 1ª hora de vida. 6. PASSOS INICIAIS DA ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO NO RN ≥34 SEMANAS Imediatamente após o nascimento, se resposta for NÃO a pelo menos uma das perguntas listadas abaixo, deverá conduzir o RN à mesa de estabilização/reanimação: Gestação a termo? Respirando ou chorando? Tônus muscular em flexão? Conduzir à mesa de estabilização/reanimação: RN pré-termo tardios (IG >34 e <37 semanas), RN pós-termo (IG ≥42 semanas) e RN que não iniciam movimentos respiratórios regulares e/ou que não têm bom tônus muscular. Passos iniciais na mesa de estabilização/reanimação em 30 segundos: Prover calor; Posicionar a cabeça em leve extensão; Aspirar boca e narinas (S/N); Secar o RN. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 3/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 3 Prover calor – temperatura ambiente (23-26ºC), fonte de calor radiante, evitar circulação de ar (portas fechadas), secar o RN e remover os campos úmidos. 7. PASSOS INICIAIS DA ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO NO RN <34 SEMANAS Recomenda-se que todos os RN <34 semanas de IG, devem ser conduzidos à mesa de estabilização/reanimação após o clampeamento do cordão umbilical, indicando-se os passos iniciais da estabilização/reanimação em 30 segundos, incluindo locar o sensor do oxímetro de pulso; Prover calor – temperatura ambiente (23-26ºC), fonte de calor radiante, evitar circulação de ar (portas fechadas), conduzir o RN envolto em campos aquecidos e sob a fonte de calor, sem secá-lo, colocar o corpo exceto a face, em saco plástico transparente, cobrir a fontanela com plástico e colocar toca de lã ou algodão na cabeça. O saco deve ser mantido até a estabilização térmica na unidade neonatal. Hipertermia: temperatura axilar >37.5ºC deve ser evitada em todas as IG, para não agravar a lesão cerebral em RN asfixiados. 8. AVALIAÇÃO DO RN ≥ 34 SEMANAS DURANTE A ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Avaliar FC e Respiração simultaneamente após os passos iniciais, com estetoscópio no precórdio por 6 segundos e multiplicar por 10 para obter os batimentos por minuto, e inspecionar o tórax do RN para detectar a presença de movimentos respiratórios regulares; Recém-nascido com respiração regular e FC >100bpm - avaliar condições clínicas e se possível, cuidados de rotina junto à mãe; Recém-nascido com FC <100 batimentos por minuto e/ou apnéia/gasping – iniciar ventilação com pressão positiva (VPP), no 1º minuto de vida – minuto de ouro. Ao mesmo tempo, locar oxímetro no punho D ou mão D e eletrodos do monitor cardíaco em cada braço próximo ao ombro e na face anterior da coxa, sem secar a pele. Acompanhar a FC pelo monitor cardíaco e a saturação de oxigênio (SatO2) pelo oxímetro e seguir o fluxograma da reanimação neonatal. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 4/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 4 Valores Esperados Minutos de vida Sat O2 pré-ductal Até 5 5-10 >10 70-80% 80-90% 85-95% 9. AVALIAÇÃO DO RN <34 SEMANAS DURANTE A ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Avaliar FC e Respiração simultaneamente após os passos iniciais, com estetoscópio no precórdio por 6 segundos e multiplicar por 10 para obter os batimentos por minuto, e inspecionar o tórax do RN para detectar a presença de movimentos respiratórios regulares; RN com FC >100bpm, respiração regular sem desconforto respiratório e SatO2 adequada – rotinas da sala de parto e de transporte à unidade neonatal; RN com FC >100bpm e desconforto respiratório ou SatO2 baixa - considerar CPAP na sala de parto e manter a avaliação da respiração, FC e SatO2.; RN com FC <100bpm e/ou respiração irregular ou ausente - iniciar VPP no 1º minuto de vida – minuto de ouro. Ao mesmo tempo, locar oxímetro no punho D ou mão D e eletrodos do monitor cardíaco em cada braço próximo ao ombro e na face anterior da coxa, sem secar a pele e acompanhar a FC pelo monitor cardíaco e a SatO2 pelo oxímetro de pulso, seguindo o fluxograma da reanimação. 10. VENTILAÇÃO COM PRESSÃO POSITIVA Frequência de 40 a 60 movimentos por minuto (aperta/solta/solta) se VPP com B&M ouoclui/solta/solta se VPP com VMM em T. O fluxo de oxigênio de 5L/min com B&M ou 5 a 15L/min com VMM em T. Inicia-se com pressões de 20cmH2O com B&M e no VMM em T, Pmáx. de 30-40cmH2O, Pinsp de 20 a 25cmH2O e PEEP de 5 cmH2O. 12. BOLETIM DE APGAR Determinado no 1º e 5º minutos após o nascimento, é útil para avaliar a resposta do RN, às manobras de estabilização/reanimação realizadas. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 5/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 5 13. LÍQUIDO AMNIÓTICO MECONIAL RN a termo, respirando ou chorando e com tônus muscular em flexão, independente da viscosidade do líquido amniótico, cuidados de rotina junto à mãe; RN pré-termo tardio, pós-termo, ou não iniciou respiração regular, ou o tônus está flácido, deve ser levado à mesa de estabilização/reanimação para realizar os passos iniciais em 30 segundos, recomendando-se aspirar vias aéreas com sonda traqueal nº 10; Após os passos iniciais, RN apresenta respiração espontânea e regular e FC >100bpm, cuidados de rotina junto à mãe; Após os passos iniciais, RN apresenta apneia, respiração irregular e/ou FC <100bpm, iniciar VPP com máscara facial e ar ambiente no 1º minuto de vida; Após VPP efetiva por 30 segundos, se o RN não melhora e há forte suspeita de obstrução de vias aéreas, aspirar a traqueia sob visualização direta, com cânula e aspirador de mecônio, uma única vez. 14. OXIGÊNIO SUPLEMENTAR RN ≥ 34 semanas – iniciar VPP com ar ambiente (oxigênio a 21%) e monitorar a necessidade de oferta de O2 pela oximetria de pulso; RN <34 semanas – iniciar VPP com O2 a 30% e monitorar a necessidade de oferta de O2 pela oximetria de pulso; RN em VPP que não melhora, checar a técnica. Se técnica correta, ajustar oferta de O2 em 20% a cada 30 segundos, se necessário, e considerar intubação traqueal. Recomenda-se inserção de sonda oro-gástrica, se VPP com máscara facial, prolongada. 15. INDICAÇÕES DE INTUBAÇÃO TRAQUEAL Em toda situação em que é necessário manter uma via aérea patente e segura, a intubação traqueal pode estar indicada. Desse modo, as indicações de intubação traqueal em RN incluem: VPP com máscara facial não efetiva; VPP com máscara facial prolongada; Indicação de massagem cardíaca e em RN com hérnia diafragmática. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 6/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 6 15.1 Profundidade de inserção da cânula traqueal conforme idade gestacional (IG) Idade Gestacional Marca no lábio superior (cm) 23–24 semanas 5,5 25-26 semanas 6,0 27-29 semanas 6,5 30-32 semanas 7,0 33-34 semanas 7,5 35-37 semanas 8,0 38-40 semanas 8,5 ≥ 41 semanas 9,0 Após intubação, inicia-se a ventilação, na mesma frequência e pressões descritas para VPP com máscara facial & balão ou máscara facial & VMM em T. O oxigênio suplementar na VPP com cânula traqueal (CT), depende da indicação da intubação. Se VPP com máscara facial, inadequada, é indicado iniciar a VPP em CT com ar ambiente para RN ≥34 semanas e com 30% de oxigênio para RN < 34 semanas e seguir o fluxograma da reanimação para ajustes da [O2]. Se VPP com máscara facial, adequada, e o RN permanece com FC < 100bpm, iniciar a VPP com CT na mesma [O2] que estava sendo oferecida antes da intubação e seguir o fluxograma da reanimação para ajustes da [O2]. 16. INDICAÇÕES DE MASSAGEM CARDÍACA Está indicado a massagem cardíaca se: FC < 60bpm após 30 segundos de VPP com técnica adequada através de CT e [O2] de 60 a 100%. Aplicar a massagem cardíaca sincronizada com VPP por CT, na relação de 3 compressões para 1 ventilação (3:1 – um e dois e três e ventila), durante 60 segundos e reavaliar a FC, seguindo o fluxograma da reanimação. 17. INDICAÇÕES DE MEDICAÇÃO Indicação de medicação está previsto quando: FC < 60bpm, apesar de VPP efetiva por CT com O2 a 100%, sincronizada com massagem cardíaca adequada, é indicação de Adrenalina, Expansor de volume ou ambos, ver quadro 1 abaixo. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 7/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 7 Quadro 1: MEDICAÇÕES UTILIZADAS NA REANIMAÇÃO EM SALA DE PARTO Adrenalina Endovenosa Adrenalina Endotraqueal Expansor de Volume Diluição 1:100.00 1 mL adrenalina 1:100.00 em 9 mL de SF 1:100.00 1 mL adrenalina 1:100.00 em 9 mL de SF Soro Fisiológico Preparo 1 mL 5 mL 2 seringas de 20 mL Dose 0,1 - 0,3 mL/kg 0,5 - 1,0 mL/kg 10 mL/kg PESO AO NASCER 1 Kg 0,1 - 0,3 mL 0,5 - 1,0 mL 10 mL 2 Kg 0,2 - 0,6 mL 1,0 – 2,0 mL 20 mL 3 Kg 0,3 – 0,9 mL 1,5 – 3,0 mL 30 mL 4 Kg 0,4 – 1,2 mL 2,0 – 4,0 mL 40 mL Velocidade e Precauções Infundir rápido na veia umbilical seguido por 0,5-1,0 mL de SF Infundir na cânula traqueal e ventilar USO ÚNICO Infundir na veia umbilical lentamente em 5 a 10 minutos SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 8/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 8 FLUXOGRAMA DE REANIMAÇÃO NEONATAL Fonte: Fluxograma de Reanimação Neonatal – Programa de Reanimação Neonatal. Sociedade Brasileira de Pediatria, 2016. SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE Tipo do Documento: Protocolo Clínico PRO.MED-NEO.006 - Página 9/9 Título do Documento: ASSISTÊNCIA AO RECÉM-NASCIDO NA SALA DE PARTO ESTABILIZAÇÃO/REANIMAÇÃO Emissão: 01/03/2015 Revisão Nº: 01 – 31/08/2018 9 BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 1. ALMEIDA, Maria Fernanda Branco; GUINSBRUG, Ruth. Reanimação do recém-nascido ≥34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria, 26 de janeiro de 2016. Texto disponível em www.sbp.com.br/reanimacao. 2. ALMEIDA, Maria Fernanda Branco; GUINSBRUG, Ruth. Reanimação do Prematuro <34 semanas em sala de parto: Diretrizes 2016 da Sociedade Brasileira de Pediatria, 26 de janeiro de 2016. Texto disponível em www.sbp.com.br/reanimacao. Revisado por: Fernanda Macedo de Oliveira Neves Data: 31/08/2018