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Queimaduras 1. Introdução • Grande frequência nos extremos de idade. • Perda de integridade fisiológica da pele (permeabilidade capilar, metabólica, imunológica). • Distúrbio hidroeletrolítico/desnutrição/infecção. • Agentes físicos, químicos, radiação e eletricidade. 2. Classificação - Quanto a profundidade da lesão Espessura parcial Espessura total Nas lesões acima da membrana basal, há regeneração. Abaixo da membrana basal há cicatrização/fibrose. - Quanto aos graus 1º grau Compromete apenas a epiderme Apresenta eritema, calor e dor Não há formação de bolhas Evolui com descamação em poucos dias Regride sem deixar cicatrizes Há pouca repercussão sistêmica 2º grau Compromete totalmente a epiderme e parte da derme Apresenta dor, eritema, edema, bolhas, erosão e ulceração Há regeneração espontânea Ocorre reepitelização a partir dos anexos subcutâneos A cicatrização é mais lenta (2 a 4 semanas) Pode deixar sequelas como discromia (superficial) e cicatriz (profunda) 3º grau Acomete todas as camadas da pele, inclusive o subcutâneo, podendo lesar tendões, ligamentos, ossos e músculos É indolor Causa lesão branca ou marrom, seca, dura e inelástica (branca nacarada) Não há regeneração espontânea, necessitando de enxertia Eventualmente, pode cicatrizar, porém com retração das bordas 3. Fisiopatologia das lesões térmicas - Efeitos locais a área queimada Zona de lesão Características Coagulação central São tecidos do centro da queimadura que estão inviáveis, com lesão irreversível Estase intermediária Inicialmente dilatação dos vasos e difusão capilar. Depois de 24h a 48h, os capilares são obstruídos, resultando na zona de coagulação, cuja tensão pode ser reversível com tratamento adequado. Hiperemia externa É formada por tecidos edemaciados viáveis. Alterações hemodinâmicas • Liberação de substâncias vasoativas • Perda de líquidos e proteínas para o extravascular • Edema (36h a 48h) • Diminuição do débito cardíaco Alterações hematológicas • Perda de plasma inicial • Perda da massa eritrocitária (8 a 12% ao dia) • Desvio do metabolismo proteico – menor produção de hemácias – maior produção de fibras para cicatrização Alterações endócrinas • Início – padrão endócrino catabólico: níveis elevados de glucagon, cortisol e catecolaminas, e níveis diminuídos de insulina e tri-iodotironina (T3) • Após hidratação – inversãoe início de anabolismo Alterações gastrointestinais • Íleo paralítico – mais de 25% de área queimada • 3 a 5º dia retono da peristalse Alterações imunológicas • Principal causa de morte – infecções • Perda da barreira natural da pele • Necrose • Depressão imunológica 4. Avaliação inicial – Via aérea e ventilação - Gravidade – tempo de exposição / temperatura / fonte de queimadura (calor / químicos / elétrico) - Possibilidade de inalação - Lesões associadas (explosões / quedas) - “O queimado é um politraumatizado” • A – Vias aéreas e proteção da coluna cervical - Hipóxia – causa mais frequente de mortes no incêndio – 50% das vítimas; - Intoxicação por CO – formação de carbo-hemoglobina (HbCO) – afinidade 200 vezes maior que o oxigênio; - Cefaléia, náuseas, vômito, acidose, sonolência; -Administração de O2 a 100% - reduzir a HbCO para <20%. - Lesão térmica das vias aéreas superiores: Relacionadas a queimaduras da face e tórax Lesão por inalação Primeiras 2 a 4 horas: observar sinais de lesão por inalação (queimaduras de cílios e face – estridor) Escarro carbonáceo = intubação precoce - Lesão de via aérea baixa Pneumonia química, semelhante a SARA Processo inflamatório irritativo Fechamento dos bronquíolos e atelectasia Inalação em ambientes fechados Sinais de lesão por inalação: escarro carbonáceo, estridor, queimadura dos cílios/olhos/sobrancelhas Intubação precoce Lesão grave – ventilação mecânica > 96h Rx de tórax – edema difuso Manter oxigenação e limpeza de via aérea • B – Ventilaçao - Vítimas de explosão: Pneumotórax – simples, hipertensivo, aberto - Queimaduras circunferenciais no tórax Limitação constritiva – carapaça – escarotomia • C – circulação - Perda de proteção da pele - Perdas para o 3º espaço - Reposição volêmica mais agressiva - 2 acessos calibrosos periféricos - Importante saber a área queimada - Desconsiderar áreas de queimaduras de 1º grau - Regras para estimativa da área queimada (no 2º e 3º grau) “Regra da palma da mão = 1%” (não é a melhor estimativa) Regra dos 9 (Wallace) Regra de Lund – Browder (1955) - O mais avançado método de cálculo de área queimada - Leva em consideração as várias faixas de idade com precisão - Ele reconhece o percentual da ASCT de diversas regiões anatômicas - Reposição – Fórmula de Parkland 2 a 4ml solução cristalóide ( R. Lactato) X peso (kg) X SAQ (superficie de área queimada) infundir em 24h. Infundir metade do volume nas primeiras 8h da queimadura. - Eficácia – Débito urinário Adultos – 0,5 a 1ml/kg/h Crianças – 1ml/kg/h - Outras fórmulas Com colóides – Evans – Broke Sem colóide – Broke modificado • D – neurológico - Confusão mental – Perda de líquido? Hipotensão? - Explosões ou lesões elétricas: TCE? - Avaliação neurológica: Glasgow, pupilas - Estabilidade hemodinâmica – previne lesão secundária • E – exposição e prevenção da hipotermia Calcular a área queimada Classificar o grau de queimadura Remoção de roupas e agentes térmicos Resfriamento com água fria só em lesões pequenas Envolver a vítima com toalhas secas Queimaduras elétricas – remover a vítima da fonte de energia Queimadura química – irrigação exaustiva 5. Tratamentos específicos nas queimaduras • Antibióticos - Principal causa de morte – infecção - Remoção precoce das escaras e cobertura com enxertos de pele - Grandes queimados – falta de áreas doadoras - Recomendação – antimicrobianos tópicos • Tratamento cirúrgico - Excisão e enxertia de pele Após estabilização Debridamento do tecido queimado inviável Padrão ouro – excisão tangencial do tecido queimado e cobertura cutânea imediata • Nutrição no queimado - Considerações: Estado catabólico – necessidade proteica Fórmula de Curreri e Lutterman (1978): (25 kcal/kg peso) + (40 kcal x %SAQ) Íleo paralítico – 20% dos pacientes Úlcera gástrica pelo estresse – Úlceras de Curling: profilaxia com protetor gástrico • Queimadura elétrica Porta de entrada e saída Dano muscular – compartimento – mioglobulina (hipóxia, necrose) Arritmias transitórias – Dano renal por mioglobinúria Fasciotomia / diurese osmótica / alcalinização da urina • Queimaduras químicas - Ácidos / álcalis / fenol / fósforo Geralmente mais profundas do que parecem Ácidos – dor, ulceração e necrose Álcalis – mais comuns – mais profundas – necrose de liquefação e coagulação Tratamento – lavagem abundante 6. Transferência para o Centro de Queimados
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