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MODERNISMO
MODERNISMO PARNASIANISMO
Nacionalismo 
Universalismo (exceto alguns poemas de 
Bilac)
Revisão crítica de nosso passado 
histórico-cultural 
Apego à tradição clássica
Valorização de temas ligados ao 
cotidiano 
Arte pela arte ou arte sobre a arte
Subjetivismo Objetivismo
Urbanismo Mitologia greco-latina
Ironia, humor, piada, irreverência Descritivismo
Versos livres, palavras em liberdade 
Versos regulares, gosto pelo verso 
decassílabo e pelo soneto
Síntese na linguagem, fragmentação, 
flashes cinematográficos, elementos 
surpresa, livre associação de ideias 
Linguagem discursiva, retórica
Busca de uma língua brasileira, mais 
popular e coloquial 
Emprego da variedade padrão formal 
da língua de acordo com
o padrão lusitano
Pontuação relativa Pontuação rigorosa
POEMA PARNASIANO
A um poeta
Longe do estéril turbilhão da rua,
Beneditino, escreve! No aconchego
Do claustro, na paciência e no sossego,
Trabalha, e teima, e lima, e sofre, e sua!
Mas que na forma se disfarce o emprego
Do esforço; e a trama viva se construa
De tal modo, que a imagem fique nua,
Rica mas sóbria, como um templo grego.
Não se mostre na fábrica o suplício
Do mestre. E, natural, o efeito agrade,
Sem lembrar os andaimes do edifício.
Porque a beleza, gêmea da Verdade,
Arte pura, inimiga do artifício,
É a força e a graça na simplicidade.
 Desde o princípio, Bilac buscava, em sua 
poesia, a perfeição formal. Escrevia versos 
decassílabos e alexandrinos (12 sílabas 
poéticas) e concluía-os com “chave de 
ouro” (versos de grande efeito ao final de 
cada estrofe). No poema “A um poeta”, 
Bilac descreve a arte de escrever um 
poema.
POEMA MODERNISTA
ARTE DE AMAR
Se queres sentir a felicidade de amar, esquece a tua alma.
A alma é que estraga o amor.
Só em Deus ela pode encontrar satisfação.
Não noutra alma.
Só em Deus - ou fora do mundo.
As almas são incomunicáveis.
Deixa o teu corpo entender-se com outro corpo.
Porque os corpos se entendem, mas as almas não.
(Manuel Bandeira)
Canto de regresso à pátria
Minha terra tem palmares
Onde gorjeia o mar
Os passarinhos daqui
Não cantam como os de lá
Minha terra tem mais rosas
E quase que mais amores
Minha terra tem mais ouro
Minha terra tem mais terra
Ouro terra amor e rosas
Eu quero tudo de lá
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte para lá
Não pare agora... Tem mais depois da 
publicidade ;)
Não permita Deus que eu morra
Sem que volte pra São Paulo
Sem que veja a Rua 15
E o progresso de São Paulo.
(Oswald de Andrade)
O CONTEXTO PRÉ MODERNISTA
Durante os primeiros 
anos da República 
Velha, como ficou 
conhecido o período 
compreendido entre o 
final do século XIX e as 
duas primeiras 
décadas do século XX 
(1885–1920), São Paulo 
tornou-se uma espécie 
de sede da burguesia 
cafeeira – fazendeiros 
enriquecidos que 
construíram suas 
mansões na recém-
inaugurada Avenida 
Paulista.
Na época, o Brasil era governado pelos políticos da aliança “café com leite”, 
que se tratava de um revezamento de presidentes da República de origem 
mineira e paulista.
O Rio de Janeiro, capital da República, passava por uma modernização 
estrutural. As ruas da cidade já contavam com trilhos para o novo veículo de 
massas: o bonde. Mas a sede do Governo Federal também era palco de 
rebeliões, como a famosa Revolta da Vacina (contra a vacinação obrigatória 
para conter a febre amarela). No cenário de um proletariado emergente, a 
cidade ia assistindo à ocupação das periferias desde a abolição da 
escravatura, em 1888. 
Com a imigração proletária intensiva, os socialistas e anarquistas passaram a 
ter atuação destacada: movimentos populares, greves e revoltas 
avolumaram-se. Em 1917, uma greve marcou um dos mais importantes 
movimentos resultantes da politização do proletariado. Em São Paulo, cerca 
de 100 mil trabalhadores reivindicaram melhores condições de vida.
Nesse período, o maior conglomerado industrial do Brasil, São Paulo, também 
se firmou como centro político. Em 1922, foi fundado o Partido Comunista.
Lojas, confeitarias, salões elegantes e 
teatros multiplicavam-se. Nos cafés, 
organizam-se reuniões de artistas,
boêmios, estudantes.
Também proliferaram os cortiços e as 
favelas, “verdadeiras sepulturas de 
madeira, onde uma cidade doente
aos poucos apodrece”, na visão do 
cronista João do Rio.
Assim também escreveu Lima Barreto, 
escritor, a respeito da nascente classe 
média: “próximo ao centro e
nos subúrbios, os assalariados constroem 
suas casas singelas. São pequenos 
negociantes, funcionários públicos,
médicos de alguma clínica, tenentes de 
diferentes milícias...”
Os primeiros anos do século corresponderam à belle époque brasileira: um mundo 
cor-de-rosa, consumista de produtos importados de moda em Paris.
Nas ruas movimentadas da Capital federal, conviviam veículos, bondes de tração 
animal e elétricos que circulavam pelas vias cortadas por trilhos, interligando bairros 
afastados da região central.
Um período de transição 
O momento histórico das duas primeiras décadas do século XX criou uma literatura social 
cuja ênfase recaiu sobre a análise da realidade nacional com preocupações 
socioculturais.
Voltada para os problemas sociais do país, essa nova literatura buscava o nacional 
autêntico sem a idealização das fórmulas europeias importadas.
O Pré-modernismo abrangeu um período literário de transição compreendido entre 1902 e 
1922, cujo marco inicial foi a publicação de Canaã, de Graça Aranha, e de Os Sertões, de 
Euclides da Cunha, ambos em 1902.
A Semana de Arte Moderna, em São Paulo, em 1922, marcou o fm do Pré-modernismo e a 
inauguração do movimento modernista no Brasil.185
Como em qualquer fase de transição, no Pré-modernismo coexistiram tendências opostas. 
O elemento novo leva tempo para ser implantado. As novidades injetadas na literatura 
social por Graça Aranha e Monteiro Lobato, por exemplo, foram sendo assimiladas aos 
poucos.
Desse modo, a linguagem ornamental do Parnasianismo persistiu em muitos poetas 
daquele período, que escreviam ao gosto do público das camadas dominantes sem 
finalidade de denúncia, de análise ou de crítica.
Perspectivas nacionalistas e renovação
Típicas dessa fase de transição foram as obras de Graça Aranha, Euclides da 
Cunha, Lima Barreto e Monteiro Lobato. Todos produziram literatura de caráter 
nacionalista, mas com perspectivas diferentes.
Graça Aranha renegou gradativamente o passado para se tornar uma das 
personalidades da Semana de Arte Moderna.
Euclides da Cunha repensou o interior do país, completamente afastado do 
ufanismo social. Em Os sertões, trouxe uma voz inconformada com o massacre de 
Canudos e um retrato realista da situação do homem sertanejo.
Lima Barreto foi o mais radical dos renovadores. Posicionou-se contra a literatura 
acadêmica e fez ressaltar a realidade triste dos subúrbios cariocas e as 
problemáticas atitudes de políticos tiranos e ineficazes. 
“Zé Brasil era um pobre coitado. Nasceu e sempre viveu em casebres de sapé e
barro, desses de chão batido e sem mobília nenhuma – só a mesa encardida, o banco
duro, o mocho de três pernas, os caixões, as cuias... Nem cama tinha. Zé Brasil sempre
dormiu em esteira de tábua. Que mais na casa? A espingardinha, o pote d’água, o caco
de cela, o rabo de tatu, a arca, o facão, um santinho na parede. Livros, só folhinhas – para
ver as luas e se vai chover ou não, e aquele livrinho na Fontoura com história de Jeca Tatu.
– Coitado desse Jeca! – dizia Zé Brasil olhando para aquelas fguras. Tal qual eu.
Tudo que ele tinha, eu também tenho. A mesma opilação, a mesma maleita, a mesma
miséria e até o mesmo cachorrinho.Pois não é que o meu cachorro também se chama
Joli?...”
( Monteiro Lobato. Zé Brasil. In: LAJOLO, Marisa. Monteiro Lobato. São Paulo: Abril Educação, 1981).
Monteiro Lobato fez uma literatura de advertência, sob a óptica da 
caricatura, denunciando a miséria campesina e buscando uma 
sociedade moderna, como revelado neste trecho de Zé Brasil:
➢ Um regionalismo de pesquisa: a paisagem brasileira e o homem regional foram 
preocupações dos escritores pré-modernistas sob a tônica da pesquisa da região, com a 
finalidade de ressaltar o sentimento da terra e do homem sertanejo. Hugo de Carvalho 
Ramos, Valdomiro Silveira e Simões Lopes Neto representam bem essa tendência. 
➢ Uma poesia de estranhamento: Ao lado da poesia acadêmica dos poetas presos ao 
formalismo, destaca-se também a poesia lírica, uma mescla de Parnasianismo, Simbolismo e 
certo Romantismo. Trata-se da poesia de Augusto dos Anjos, única naquela mistura de 
influências.
Psicologia de um vencido
Eu, flho do carbono e do aminoácido,
Monstro de escuridão e rutilância,
Sofro, desde a epigênese da infância,
A influência má dos signos do zodíaco.
Profundissimamente hipocondríaco,
Este ambiente me causa repugnância...
Sobe-me à boca uma ânsia análoga à ânsia
Que se escapa da boca de um cardíaco.
Já o verme – este operário das ruínas –
Que o sangue podre das carnifcinas
Come, e à vida em geral declara guerra,
Anda a respeitar meus olhos para roê-los,
E há de deixar-me apenas os cabelos,
Na frialdade inorgânica da terra!
(Augusto dos Anjos) 
Principais autores
Monteiro Lobato
José Bento Monteiro Lobato (1882–1948) passou a infância em Taubaté, SP, entre a 
fazenda do pai, José Bento Marcondes Sampaio, e a cidade onde residia o avô, José 
Francisco Monteiro, o Visconde de Tremembé, que o influenciou muito, principalmente
no amor aos livros.
Em 1918, Monteiro Lobato publicou Urupês, livro que reúne doze contos, sobre cidades do 
Vale do Paraíba. Lobato notabilizou-se por atuações de caráter variado. No Brasil carente
do começo do século XX, foi editor, escreveu literatura infantil como poucos, lançou 
campanhas em prol do petróleo brasileiro e envolveu-se em política contra a ditadura 
Vargas.
A produção literária de Monteiro Lobato é dedicadamente classificada em literatura 
geral e literatura infantil. 
Criador da literatura infantil no Brasil
➢ Sem dúvida, Monteiro Lobato criou uma obra diversificada, com 
personagens que unificam o universo ficcional. No Sítio do Picapau 
Amarelo, vivem Dona Benta, Tia Nastácia, Tio Barnabé (personagens 
adultos) que orientam as crianças Pedrinho e Narizinho, bem como outras 
criaturas fantásticas que vivem no sítio, como Emília, Visconde de 
Sabugosa, Quindim e Rabicó. 
➢ Lobato também valorizou o folclore nacional. Pedrinho e Narizinho viraram 
exploradores do universo ficcional, no qual encontram todos os seres 
fantásticos, o Saci, a Cuca, a Mula sem cabeça, a Iara, o Lobisomem, entre 
outros, que levam os leitores a compreenderem um pouco mais da cultura 
brasileira. O tempero maior de tudo isso é introduzido com as dúvidas e 
maluquices de Emília, a boneca de pano, que, após tomar uma pílula que 
a fazia falar, virou uma grande tagarela.
Obras 
➢ Na literatura geral de Lobato, destacam-se Urupês, Cidades mortas, 
Ideias de Jeca Tatu, Negrinha, O escândalo do petróleo e ferro, O 
presidente negro.
➢ Na literatura infanto-juvenil, estão presentes os personagens que Lobato 
situou no Sítio do Pica-Pau Amarelo: A chave do tamanho; A reforma 
da natureza; Aritmética da Emília; Caçadas de Pedrinho; Dom Quixote 
das crianças; Emília no País da Gramática; Fábulas; Geografa de Dona 
Benta; Hans Staden; Histórias de Tia Nastácia; Histórias diversas; 
Memórias de Emília; O minotauro; O Pica-Pau Amarelo; O Poço do 
Visconde; O saci; Os doze
trabalhos de Hércules; Peter Pan; Reinações de Narizinho; Serões de 
Dona Benta; Viagem ao céu. 
Personagens
Os tipos humanos, o estilo novo, os 
originais flagrantes de cenas, a força da 
linguagem fizeram de Monteiro Lobato,
mestre ao compor quadros de 
representação do real, tornando-o um 
dos mais extraordinários escritores da 
Literatura brasileira, principalmente no 
filão da literatura infantil.
Alguns personagens dos livros infantis 
tornaram-se verdadeiros porta-vozes do 
pensamento lobatiano: Emília, por 
exemplo, boneca de pano curiosa e 
petulante, é provocadora de discussões e 
polêmicas. 
Já a personagem Jeca Tatu é uma representação simbólica do caboclo 
brasileiro, acometido por um continente de doenças, e abandonado pelo 
Estado. O exagero na caracterização tem a função de chamar atenção para 
uma realidade dura e perversa, “um grito contra o falso caboclismo de chapéu 
de palha rebatido à testa e camisa aberta ao peito”, como afirmou, repetindo 
Edgard Cavalheiro.
Muito se discute sobre a condição em que são 
postos os personagens lobatianos, alvo de muitas 
críticas. Ele adota a lógica de um Brasil oficial, 
segundo a qual a questão de classe é encarada 
sob uma lógica vertical em que as hierarquias se 
mantêm intactas. A figura do negro, por exemplo, 
no início do século XX, era regularmente associada 
à do empregado. 
Tia Nastácia. Reprodução de As 
reinações de Narizinho, de Monteiro 
Lobato.
Linguagem 
Além das caricaturas, a obra de Monteiro Lobato destaca-se pela originalidade 
e pelo pitoresco das situações, bem como pela linguagem regionalista e 
humanizada dos casos que conta.
Hábil (e interessante) contista, Lobato prossegue a linha de Urupês com Cidades 
mortas, que consolida o “contador de casos”, um gênero difícil de ser 
manipulado.
Publicado em 1919, Cidades mortas reúne os primeiros trabalhos do autor do 
tempo de estudante e de promotor em Areias, SP. Tempo em que não havia 
muitos recursos de comunicação no interior do país: nem rádio nem cinema. A 
política estava na mão de fazendeiros e “coronéis” que tudo controlavam. As 
cidades viviam à custa do café. 
Depois da derrocada da Bolsa de Nova York, em 1929, as cidades do Vale do 
Paraíba, no interior paulista, decaíram e tornaram-se anacrônicas. 
Polêmica antimodernista: “paranóia ou 
mistificação?” 
“Há duas espécies de artistas. Uma composta dos que veem normalmente as 
coisas e em consequência disso fazem arte pura, guardando os eternos ritmos 
da vida, e adotados para a concretização das emoções estécas, os processos 
clássicos dos grandes mestres. Quem trilha por esta senda, se tem gênio, é 
Praxíteles na Grécia, é Rafael na Itália, é Rembrandt na Holanda, é Rubens na 
Flandres, é Reynolds na Inglaterra, é Leubach na Alemanha, é Iorn na Suécia, é 
Rodin na França, é Zuloaga na Espanha. Se tem apenas talento vai engrossar a 
plêiade de satélites que gravitam em torno daqueles sóis imorredouros. A outra 
espécie é formada pelos que veem anormalmente a natureza, e interpretam-
na à luz de teorias efêmeras, sob a sugestão estrábica de escolas rebeldes, 
surgidas cá e lá como furúnculos da cultura excessiva. São produtos de 
cansaço e do sadismo de todos os períodos de decadência:
são frutos de fins de estação, bichados ao nascedouro. Estrelas cadentes, 
brilham um instante, as mais das vezes com a luz de escândalo, e somem-se 
logo nas trevas do esquecimento. 
Embora eles se deem como novos precursores duma arte a ir, nada é mais velho de que a 
arte anormal ou teratológica: nasceu com a paranoia e com a mistificação. De há muitos já 
que a estudam os psiquiatras em seus tratados, documentando-se nos inúmeros desenhos 
que ornam as paredes internas dos manicômios. A única diferença reside em que nos 
manicômios esta arte é sincera, produto ilógico de cérebros transtornados pelas mais
estranhas psicoses;e fora deles, nas exposições públicas, zabumbadas pela imprensa e 
absorvidas por americanos malucos, não há sinceridade nenhuma, nem nenhuma lógica, 
sendo mistificação pura. Todas as artes são regidas por princípios imutáveis, leis 
fundamentais que não dependem do tempo nem da latitude. As medidas de proporção e 
equilíbrio, na forma ou na cor, decorrem de que chamamos sentir. Quando as sensações do 
mundo externo transformam-se em impressões cerebrais, nós “sentimos”; para que sintamos 
de maneiras diversas, cúbicas ou futuristas, é forçoso ou que a harmonia do universo sofra 
completa alteração, ou que o nosso cérebro esteja em “pane” por virtude de alguma grave 
lesão. Enquanto a percepção sensorial se fazer anormalmente no homem, através da porta 
comum dos cinco sentidos, um artista diante de um gato não poderá “sentir” senão um 
gato, e é falsa a “interpretação” que o bichano fazer um ”totó”, um escaravelho ou um 
amontoado de cubos transparentes.
Estas considerações são provocadas pela exposição da Sra. 
Malfatti, onde se notam acentuadíssimas tendências para uma 
atitude estética forçada no sentido das extravagâncias de Picasso 
e companhia. Essa artista possui talento vigoroso, fora do comum. 
Poucas vezes, através de uma obra torcida para a má direção, se 
notam tantas e tão preciosas qualidades latentes. Percebe-se de 
qualquer daqueles quadrinhos como a sua autora é 
independente, como é original, como é inventiva, em que alto 
grau possui um seminúmero de qualidades inatas e adquiridas das 
mais fecundas para construir uma sólida individualidade artística. 
Entretanto, seduzida pelas teorias do que ela chama arte 
moderna, penetrou nos domínios dum impressionismo 
discutibilíssimo, e põe todo o seu talento a serviço duma nova 
espécie de caricatura. Sejam sinceros: futurismo, cubismo, 
impressionismo e tutti quanti não passam de outros tantos ramos 
da arte caricatural. É extensão da caricatura a regiões onde não 
havia até agora penetrado. 
Caricatura da cor, caricatura da forma – caricatura que não visa, como a primitiva, 
ressaltar uma ideia cômica, mas sim desnortear, aparvalhar o espectador. A fisionomia 
de que sai de uma destas exposições é das mais sugestivas. Nenhuma impressão de 
prazer, ou de beleza denuncia as caras; em todas, porém, se lê o desapontamento de 
quem está incerto, duvidoso de si próprio e dos outros, incapaz de racionar, e muito 
desconfiado de que o mistificam habilmente. Outros, certos críticos sobretudo, 
aproveitam a vaza para épater les bourgeois. Teorizam aquilo com grande dispêndio de 
palavrório técnico, descobrem nas telas intenções e subintenções inacessíveis ao vulgo, 
justificam-nas com a independência de interpretação do artista e concluem que o 
público é uma cavalgadura e eles, os entendidos, um pugilo genial de iniciados da 
Estética Oculta. No fundo, riem-se uns dos outros, o artista do crítico, o crítico do pintor e 
o público de ambos. Arte moderna, eis o estudo, a suprema justificação. Na poesia 
também surgem, às vezes, furúnculos desta ordem, provenientes da cegueira sempre a 
mesma: arte moderna. Como se não fossem moderníssimo esse Rodin que acaba de 
falecer deixando após si uma esteira luminosa de mármores divinos; esse André Zorn, 
maravilhoso “virtuose” do desenho e da pintura; esse Brangwyn, gênio rembrandtesco
da babilônia industrial que é Londres; esse Paul Chabas, mimoso poeta das manhãs, das 
águas mansas, e dos corpos femininos em botão [...]" 
Esse artigo de Monteiro Lobato foi publicado no jornal O Estado de S. Paulo, em 20 de 
dezembro de 1917, sob o título “A propósito da exposição Malfatti”, e provocou a 
polêmica que afastaria o autor dos modernistas. 
Lima Barreto 
Afonso Henriques de Lima Barreto (1881–1922) 
teve uma infância difícil em um internato, pois 
perdera a mãe, uma professora, quando 
tinha apenas sete anos de idade.
Aos 14, ingressou no curso superior na Escola 
Politécnica, no Rio de Janeiro, mas
precisou abandoná-lo para cuidar do pai.
Iniciou a vida profissional como escrevente, 
na Secretaria de Guerra, em 1903. Dois
anos mais tarde, ingressou no jornalismo, 
atuando no jornal Correio da Manhã, e na 
vida política, militando no Partido Operário 
Independente.
Em 1909, estreou como escritor com a publicação, em Lisboa, do romance 
Recordações do escrivão Isaías Caminha. Em 1911, passou a publicar no Jornal 
do Comércio em forma de folhetins o romance Triste fim de Policarpo Quaresma.
Foi acolhido como grande jornalista e participou das lutas esquerdistas que 
culminaram na greve operária de 1917.
Dominado pelo álcool, foi internado pela primeira vez em 1914. Em 1919, 
recolhido novamente ao sanatório, escreveu Clara dos Anjos e o relato 
Cemitério dos vivos.
Legítimo representante do Pré-modernismo, Lima Barreto nasceu no mesmo ano 
em que se iniciou o Realismo-Naturalismo no Brasil (1881) e morreu no mesmo 
ano em que se realizou a Semana de Arte Moderna (1922). 
Triste fim de Policarpo Quaresma 
Publicado em folhetins, em 1911, e depois em livro, em 1915, esse romance relata a vida do 
major Quaresma, que trabalha como subsecretário do Arsenal de Guerra. Nacionalista 
exaltado, julgava-se, pelas meditações patrióticas que fizera, em condições de lutar por 
reformas radicais no país.
Estudioso das tradições folclóricas, defensor do modo de vida dos índios tupinambás e 
admirador das modinhas populares, Quaresma considera que o povo brasileiro deveria 
emancipar-se.
O major Quaresma é visto como louco e perigoso depois de mandar um requerimento ao 
Congresso Nacional sugerindo a adoção do tupi, língua indígena, como idioma oficial do 
Brasil. É suspenso temporariamente do trabalho depois de traduzir um ofício para a língua 
indígena. Declarado louco, é internado em hospício, onde projeta reformas e mais 
reformas.
Apenas o amigo fel Ricardo Coração dos Outros, um violeiro, e a afilhada do major, Olga 
Coleoni, acreditam naquilo que Quaresma prega.
Ao sair do hospício, seis meses depois, resolve defender 
uma reforma na agricultura brasileira. O seu sítio
“Sossego” transforma-se em verdadeiro quartel-general da 
reforma agrária.
Admirador do marechal Floriano Peixoto, Quaresma atrai 
para si mais ódio.
Quando eclodiu a Revolta Armada, o major apoia Floriano 
e pretende lutar contra os rebeldes amotinados na baía de 
Guanabara em defensa da ordem republicana. Enquanto 
isso, os amigos militares só pensam em tirar proveito
da revolta. Posteriormente, o próprio Floriano Peixoto 
chega a desprezar Quaresma. Já doente, quando do fim 
da revolta, Quaresma é preso e mandado para a Ilha das 
Cobras, pena imposta por ele ter redigido um protesto em 
defesa dos presos. Nesse local, o personagem é 
injustamente fuzilado.
(Trecho do romance Triste fim de Policarpo Quaresma HQ do romance Triste 
fim de Policarpo Quaresma. Libretos.)

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