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9 1ºAula A educação dos povos primitivos Primeiramente, para compreendermos o por quê estudamos a História da Educação, faremos uma breve retomada de um dos entendimento do que é história e o que é educação. Compreender a História é essencial para o entendimento de tudo quanto diz respeito ao que somos, e os processos civilizatórios da humanidade. Portanto, é a essência de um conhecimento secularizado, no quais toda reflexão sobre o destino humano passa, de uma forma ou de outra, pela história. Sendo assim, a Sociologia, a Antropologia, a Psicologia, a Política, a Pedagogia, são alguns exemplos, de áreas de conhecimento que se reportam à História. Sendo assim, a história pode nos ajudar a termos consciência de que também possuímos um papel em seu desenrolar, que nossas atitudes, somada a de outras pessoas pode interferir e modificar o rumo dos acontecimentos. Quanto a educação, ela está presente em todos os momentos da história. Por mais simples que seja uma sociedade, há um momento em que ela se educa. De acordo Freire (1987) “A educação é uma ato político, ideológico e emancipatório, que cria vínculos e compromissos com o futuro, de maneira a contribuir como seres humanos, que vivem e realizam suas atividades em sociedade” (p. 30). Estudar a História da Educação pode nos possibilitar a compreensão como, no passado, o homem formulou as suas concepções acerca do conhecimento, sobretudo, vinculada a outros contextos, como as orientações filosóficas, religiosas, sociais e políticas. Tendo em vista que, a educação não está presente na história como um fato isolado, “a educação nasce quando se transmite e se assegura as outras pessoas o conhecimento de crença, técnicas e hábitos que um grupo social já desenvolveu, a partir de suas experiências de sobrevivência” (MEKSENAS, 2002, p. 19). Após explicitarmos o porquê devemos estudar â disciplina História da Educação, que tal irmos para aula 1 que trata da educação dos povos considerados primitivos, devido a forma simples de ensino e aprendizagem, antes da presença da escola. Bons estudos! História da Educação 10 Objetivos de aprendizagem 1 - A educação na sua mais simples forma: 1º, 2º e 3º estágios 2 - As cerimônias como valor educativo 3 - A importância da linguagem escrita: marco de evolução dos povos primitivos 1 - A educação na sua mais simples forma: 1°, 2° e 3° estágios. Ao final desta Aula, vocês serão capazes de: • compreender a organização social de povos primitivos para perceber as formas de educação espontânea e a ideia de vida integral do sujeito histórico; • perceber que relação pode ter com a realidade da Educação brasileira estabelecendo criticamente a relação entre a sociedade e a escola na contemporaneidade; • analisar quais os legados de sociedade primitiva estão presentes na educação de nossos dias. Seções de estudo A educação ocorre desde os primórdios e é a forma mais comum de transmissão de conhecimentos. Neste contexto, pretende-se fazer uma análise daquilo que foi a educação na idade primitiva, se realmente existiu e quais as suas principais características, de modo a fazer-se uma análise comparativa com a educação em outros períodos históricos. Entretanto, para compreender os fatos históricos da educação precisamos ter presentes as diferentes formas de pensar de cada época, saber por que e como surgiram essas diferentes formas de pensar. Nas sociedades mais simples, a aquisição de conhecimentos não exige estabelecimentos especialmente destinados às tarefas educativas. A aprendizagem se realiza naturalmente, pois a criança participa, de forma cada vez mais ativa, nos trabalhos comuns. Conforme cresce, o papel que desempenha na comunidade torna-se mais importante e definido. As instituições educacionais que exercem maior influência sobre a formação costumam estar vinculadas às práticas religiosas, às crenças mágicas e ao mundo mítico. Estreitamente ligados às atividades educativas estão os ritos de iniciação. A divisão de trabalho é característica de sociedades que atingiram um grau mínimo de desenvolvimento. A primeira divisão de trabalho é determinada pelo sexo: não há sociedade primitiva em que homens e mulheres desempenhem exatamente as mesmas funções. A especialização dos membros da comunidade na execução de cada tarefa produtiva impõe aprendizados específicos. O adulto que sabe realizar determinado trabalho adota a criança, ou o jovem, como ajudante ou aprendiz, Ficou claro, quais são os objetivos desta aula? Veremos a seguir o conteúdo organizado em seções nos quais iremos estudar: Disponível em http://goo.gl/6S6Pjh. Acesso em 14/05/2010. Disponível em http://cpantiguidade.wordpress.com. Acesso em 12 jun 2010. Daremos ênfase na História da Educação em sua mais simples forma denominada educação primitiva, veremos quais os conceitos sobre educação primitiva. Figura 1 Figura 2 Nas sociedades primitivas de selvagens e de povos bárbaros a educação é encontrada em sua mais simples forma. Não se acha escola nem método de educação. g 11 que colabora na realização do trabalho, ao mesmo tempo que aprende a fazê-lo. A questão educativa ultrapassa, nesses casos, o ambiente estritamente familiar. Começa nessas sociedades a diferenciação social e nelas já existem em embrião as instituições de transmissão de saber que prefiguram o que viria a ser, na civilização, a escola. No estágio primitivo a sociedade é simples e rudimentar, pode-se determinar a natureza geral voltada para uma Educação prática .Mesmo assim, muito raramente, pode-se encontrar por parte da sociedade um processo de educação consciente e direto, em que a criança adquire o conhecimento necessário por meio da imitação. Nos primeiros anos de vida a criança, nas tribos selvagens e bárbaras (assim denominada pelo europeus), aprendiam por meio da brincadeira com imitações, em miniatura, dos instrumentos usados pelos adultos, podemos assim dizer de primeiro estágio. O treino nos processos de obtenção de alimento, de vestiário e de abrigo que são imposições da natureza direta e permanente para todo indivíduo, na sociedade primitiva. Para a educação prática consistia, muito provavelmente, num processo sem solução de continuidade que, iniciado no interior do núcleo familiar, prosseguia nas atividades desempenhadas pelo grupo social, conforme as potencialidades físicas. Os sucessivos grupos educadores - o grupo de crianças, que compartilham e opõem suas experiências individuais; o grupo de adultos formado para realizar um trabalho coletivo (caça, agricultura, coleta de frutos silvestres ou cultivados, construção de canoas) - se encarregariam de transmitir ao indivíduo o saber necessário à sobrevivência. Desde pequena, a criança participaria da atividade coletiva, primeiro executando pequenas tarefas elementares de ajuda e logo aprendendo,progressivamente, os trabalhos mais complicados. Os passatempos e jogos são imitações das atividades da vida adulta. Pode-se observar esse procedimento de aprendizado na criança índia. Os meninos atiram ao alvo com arco e fl echa; as meninas fazem utensílios de barro e brincam de preparar comida. Nas sociedades primitivas de selvagens e de povos bárbaros a educação é encontrada em sua mais simples forma. Não se acha escola nem método de educação conscientemente reconhecido como tal, é evidente a característica essencial do processo educacional o ajustamento da criança ao seu ambiente físico e social por meio da aquisição da experiência de gerações passadas. O segundo estágio da educação primitiva se dá pela imitação consciente, pois as crianças imitam e aprendem as atividades dos adultos, porque se exige delas o trabalho.O objetivo não é o de educar, e sim, o de obter resultados do trabalho. Nas representações artísticas de atividades sociais deixadas pelos povos primitivos, não se encontra nenhuma evidência de qualquer educação consciente do jovem pelo adulto. Educação teórica é ensinada aos jovens pelos adultos e que possuía valor educativo que é referente às cerimônias das danças e práticas de feitiçaria. Segundo Monroe (1974), as cerimônias de iniciação faz parte do contexto educativo, As cerimônias de iniciação constituem, o culto religioso dos povos primitivos e são necessárias ainda antes do que a caçada, a colheita, o plantio do grão, o armazenamento dos víveres, em suma, antes de qualquer atividade social importante. Mas, como contêm explicações de mitos, lendas, dogmas religiosos, crenças científi cas ou intelectuais, e ainda tradições históricas das respectivas tribos, tais cerimônias possuem função educativa. Desta forma, as gerações mais jovens vão sendo constantemente instruídas na tradição do passado, isto é, no que constitui a vida intelectual e espiritual desses povos. Possuem especial valor educativo. Vamos encontrá-las em todo povo primitivo. Há, geralmente, cerimônias de iniciação para meninas, orientadas por mulheres; e para rapazes, orientadas por homens. Estas últimas, porém, são as mais complicadas e importantes. Apresentam muitas variações. Tais, cerimônias, em algumas tribos, são breves; em outras, duram anos. Em todos os casos, porém, elas se acentuam de maneira mais característica no inicio da adolescência do noviço e culminam em sua admissão à comunidade adulta da tribo O exemplo de iniciação praticada na atualidade, é o das tribos da Austrália Central. (MONROE, 1974, p. 2 e 3) A iniciação é dividida em três períodos diferentes, a qual se alonga por vários anos. O primeiro período, o menino na idade de 10 ou 11 anos é entregue e pintado com os símbolos totêmicos, atirado ao ar e surrado severamente por alguns adultos, escalados para esse trabalho especial, em virtude da posição que mantêm na organização genética, isto é, uma sociedade organizada na base de relações sanguíneas e não na relação territorial de agrupamentos políticos ou familiar da tribo.O segundo período acontece alguns anos mais tarde, em que novamente o sujeito é apanhado à mutilação. O tipo de mutilação varia: pode ser a escarifi cação das costas ou do peito, que proporcionará durante toda a vida sinais de identifi cação; pode ser também a extração brutal dos dentes da frente, a perfuração do septo nasal ou dos lábios, ou a despregadura do couro cabeludo por meio de dentadas. A cerimônia culmina, geralmente, com a “bênção do fogo”. Durante essas cerimônias que se estendem por vários dias pouco ou nenhum alimento se dá ao jovem. Ele deve apanhar, mediante a caça, certos animais usados nas cerimônias. Dessa forma, como um pormenor da iniciação, o jovem é treinado em fornecer alimentos aos adultos. O período inteiro é ocupado, com uma variedade de complexas cerimônias e danças totêmicas. Durante as cerimônias destina-se ao jovem um guarda, a fi m de dirigí-lo. Todavia, o iniciado deve observar absoluto silêncio, na maior parte do tempo. A terceira e ultima fase da iniciação consiste em danças complicadas e representações com numerosos participantes. Há, muitas vezes, representantes de diversas tribos. Em certas ocasiões esta fase se prolonga por vários meses, com cerimônias diárias. História da Educação 12 2 - As cerimônias como valor educativo As cerimônias tinham o significado educativo moral, pois através das mutilações, o menino aprende a suportar a dor; pela exposição ao tempo e pela falta de alimentação, aprende a tolerar as circunstâncias difíceis e a fome; por meio da subserviência aos dirigentes, aprende a obediência e reverência aos mais velhos; aprende que dele se espera saber servir aos idosos e especialmente suprir as necessidades da família de que se vai tornar membro pelo casamento ou pela adoção. As cerimônias também tinham um valor social e político, sobretudo para assegurar o domínio dos mais velhos no controle da sociedade. Esse segundo valor torna-se mais nítido pelas decorações pintadas nos dirigentes dos símbolos totêmicos. A explicação destes revela a história e as tradições da tribo e as danças e representações cerimoniais têm uma finalidade idêntica e se ligam também às respectivas crenças religiosas. Nisso elas se assemelham, de modo rudimentar, ao drama primitivo dos gregos, ao milagre e aos torneios morais da Idade Média e mesmo às cerimônias de iniciação das modernas sociedades secretas. Os professores mais primitivos são os xamãs, os feiticeiros, os esconjuradores, os curandeiros ou homens que consultam os espíritos familiares. Por último, o valor religioso dessas cerimônias evidencia-se pelo totem, que é centro de culto e porque os símbolos representam animais totêmicos. Um último valor se encontra nas consequências práticas de muitas atividades ligadas a tais cerimônias, sob a direção do guarda designado, os jovens a serem iniciados aprendem os métodos para capturar certos animais, as artes de acender o fogo e de preparar os alimentos, e os processos similares de valor prático. Para os povos primitivos, porém, o aspecto importante dessas atividades não é prático, mas religioso. Tais métodos precisos e característicos de ação constituem sua religião que A educação como processo de transmissão de valores, da cultura de uma geração a outra, existe desde o surgimento dos povos, desde os primórdios que fazem parte de nossa evolução em vários níveis de ser, compreender, aprender, desenvolver e produzir. não se relaciona com fases isoladas da vida, mas com as mais comuns e práticas. O aprendizado de tais métodos constitui a educação desses povos. Mas, para compreender totalmente a significação educativa dessas cerimônias, é preciso considerar-se ainda a característica fundamental da vida primitiva: denominada animismo, isto é, todas as outras coisas animadas ou inanimadas, a crença sobre a interpretação do ambiente. Os antigos egípcios distinguiam no homem três elementos: o corpo, o duplo e a alma. Após a morte, o faraó convertia se num “akh”, um “ente glorioso”, e incorporava se ao círculo dos deuses. Os nobres também se transformavam em “akhs”, mas não se tornavam deuses. No além túmulo, o faraó adquiria um “bá”, que se traduz por “alma’ (falta um termo mais adequado): a continuidade duma função após a morte. Os demais, mesmo os nobres, não possuíam um “bá”. Para o selvagem e o bárbaro, toda pedra, árvore, canoa, cachorro, enfim toda forma de existência material, quer animada, inanimada, possui uma alma semelhante à sua própria alma, chamada duplo. A natureza da educação do homem primitivo é determinada por essa característica social dominante. A vida do homem primitivo é largamente dedicada à obtenção do mais necessário: alimento, vestuário e abrigo. Mas isso deve ser obtido de tal modo que não ofenda o espírito ou o duplo que habita os objetos de que precisa para combustível ou para construção, os utensílios de que se utiliza na preparação de alimentos, e que habita, enfim, toda arma e todos os animais. Assim, todos os fins almejados precisam ser assegurados por atividades, segundo certos métodos formais e estabelecidos, que são produtos da experiência das gerações passadas. O aprendizado desses métodos formais, que apaziguarão ao mundo dos espíritos conciliando o com o mundo material, constitui a mais importante parte de sua educação. Como ela consiste em torná-lo familiar com os resultados da experiência do passado, esta parte de sua educação é aqui chamada educação teórica, em oposição ao ajustamento prático e imediato às necessidades do ambiente,que provém diretamente da própria experiência individual. Esta crença no controle de espíritos ou duplos, e na necessidade de meios especiais para alcançar os fins devidos, sem ofender os duplos, perdura 13 mesmo em estágios mais altos da vida social. O grego primitivo explicava a ação das forças físicas pelo domínio de uma multidão de divindades especiais e pretendia controlar o vôo de uma flecha ou o curso de uma embarcação, alcançar o domínio sobre o cavalo e o carro de corrida, mediante atos propiciatórios pelos quais governava as divindades contidas nesses objetos ou animais. Para o hebreu, o domínio direto das minúcias da vida, da colheita, da peste, da batalha, da doença, de objetos a serem usados e de processos da natureza, estava nas mãos da suprema divindade e só podia ser obtido pelo homem através do culto cerimonial e da oração. Para o homem moderno, o domínio de uma arma só pode ser conseguido a mercê do conhecimento das leis da física; a preparação de artigos alimentícios, livres dos elementos nocivos contidos nas substâncias utilizadas pode ser alcançada mediante o conhecimento de certas leis de química; o domínio sobre determinada doença, graças ao conhecimento de certas leis biológicas; o controle da colheita, pelo conhecimento de diversas leis da natureza, deduzidas de uma variedade de ciências. O ponto especial a ser assinalado é este: o homem moderno presume que haja tais coisas, como afinidade química, atração molecular, corrente elétrica, pela mesma razão que o homem primitivo presume que há duplos no fundo de todo fenômeno material. Em outras palavras, as cerimônias de iniciação, com as danças totêmicas e encantamentos que se lhes seguem, dão ao homem primitivo a explicação do universo que o torna capaz de assegurar um satisfatório ajustamento às suas exigências. Esse conhecimento do mundo de duplos e as crenças animistas, servem ao mesmo fim a que se destinam nas sociedades mais complexas as ciências, a filosofia, a história, a literatura e a religião. Na verdade, é destas crenças animistas primitivas que provieram as ciências, a filosofia e as religiões naturais. Na educação primitiva, o homem procura ajustar se ao seu ambiente tal como o encontra e como se ajustaram as gerações passadas. Tem pouca consciência do passado, como forma de vida a ser conservada. Vive no presente; daí a limitada tendência para modificações. No entanto, por meio de vários estágios da vida selvagem e da vida bárbara, alguns avanços inconsciente ou irracional, podem serem observados: Os primeiros professores, as linguagens escritas e o método de aprendizagem. E como surge a linguagem escrita? Há! Veremos como foi importante, veja os benefícios que a linguagem escrita trouxe. 3 - A importância da língua escrita: marco de evolução dos povos primitivos. Há, então, uma instrução menos elaborada e cotidiana para o povo em geral, dada pelo sacerdócio; e uma instrução mais elaborada e formal dos futuros membros do sacerdócio, ministrada pelos atuais membros da classe, sendo estes os primeiros professores profissionais. Por vários séculos o ensino permanece como um direito especial do clero e por muitos séculos mais, a educação é orientada e dirigida unicamente por ele. Porém, antes de ter sido alcançado esse estágio, a sociedade primitiva atingiu a primeira fase de civilização. Pois bem, a linguagem surge devido a necessidade de interpretação da vida ou da experiência que a cada dia se torna tão complexa e as cerimônias tão complicadas, sendo necessário sujeitá-las a uma forma permanente. Das literaturas primitivas procedem, como exemplificam o caso dos caldeus e o dos egípcios, as primeiras cosmológicas, filosofias e ciências; nelas se fundamenta o desenvolvimento das artes. O ensino esotérico dessa instrução literária é reservado somente ao sacerdócio que é ministrada para o povo. Consiste, em sua maior parte, em determinações com respeito às formas de conduta e de culto. O método de aprendizagem consiste apenas em aprender o “que fazer e como fazer” pela imitação direta dos adultos ou da classe religiosa especial, não se pode ainda falar de método propriamente dito. Há, apenas, treino pela imitação. A instrução é peculiar na formação de um sacerdócio especial através da linguagem escrita e de uma literatura. Durante os estágios primitivos da civilização, as escolas para o povo era a educação das massas, através do treino prático do lar. O treino O homem primitivo atribui também a seu cão, seu cavalo, sua canoa e suas armas de combate e caça, um duplo. Através do duplo, cada um deles sente, pensa e tem poder de volição, como ele mesmo. O mundo de duplos é uma reprodução imaterial do mundo dos objetos materiais. História da Educação 14 Educação entre os povos primitivos A primeira dificuldade que se tem entre estes povos, segundo Piletti (1997, p. 43), é de atribuição conveniente de um nome. Uns consideram-nos de selvagens. Esses povos não são, se entendermos esta palavra, seres humanos que vivem errantes, sem lei, sem convenções, sem organização social e familiar. Os outros os chamam de povos não civilizados. Portanto, se esses povos não possuem nosso gênero de cultura, então, podemos afirmar que tem uma outra, adaptada a sua natureza e a sua condição graças a qual desenvolvem e desfrutam a sua vida. Então, não existem agrupamentos humanos desprovidos de civilização. Sendo assim, poderemos chamá-los de primitivos, se entendermos por essa palavra o estado de civilização que parece mais simples, menos avançado que a do homem atual. Meios e fins da educação primitiva Nos dizeres de Piletti (1997, p.45), a educação entre esses povos se apresenta sob a forma mais simples e rudimentar, pois não há educação sistemática, nem instituições escolares. Todavia, existem certas épocas e lugares determinados para a realização de uma educação intencional, visto que a época preferida é a da puberdade dos educandos e quanto aos lugares existem as chamadas casas dos homens, santuários de bosques sagrados. Para além de influência inconsciente do meio social, na educação entre os povos primitivos, nota-se também uma preocupação clara e explicita pela formação das novas gerações, segundo certos ideais éticos. Entretanto, o objetivo imediato desta formação é a satisfação das necessidades materiais, relativas a alimentação, ao vestiário e ao abrigo. Entre os povos primitivos encontramos três formas fundamentais de educação: Disponível em : http://www.pedagogia.com.br/historia/ primitivo.php>. Acesso em 27 set 2012. Disponível em : http://www.pedagogia.com.br/historia/ primitivo.php>. Acesso em 27 set 2012. O papel do jogo e da imitação tem uma importância relevante na educação dos povos primitivos, pois brincando e imitando as crianças aprendem todas as atividades dos adultos. Este fenômeno esteve evidente nas tribos guerreira, onde as crianças faziam espadas, arcos, escudos e em tribos consideradas de pacíficas onde imitavam as atividades dominantes como a tecelagem, a construção de cabanas, a confecção de vasos e adornos, os trabalhos do campo, a caça, a pesca e a navegação. Esses brinquedos e jogos imitativos os preparavam para a vida real. Educação Intelectual - Figura 4 Essa educação visava tornar a criança capaz de resolver as suas necessidades individuais e, mais tarde, as da família e da comunidade. Vamos recordar? Em síntese. teórico, realizado em cerimonial religioso, era dado pelo sacerdócio, com já dissemos anteriormente. Podemos concluir que a educação baseada na linguagem escrita, bem como o treino prático, representa o desenvolvimento educacional de um estágio de evolução maiselevado da história da educação dos povos primitivos. • Educação Física; Educação Intelectual e a Educação Moral. Educação Física - Figura 3 15 Disponível em http://historiaeducar.blogspot.com/2007/09/ educao-primitiva.html. Acesso em 18 out 2012. Disponível em: http://www.educacaodialogica.blogspot. com/2008/10/histri. Acesso em: 23 out 2012. A educação intelectual começa cedo e varia conforme o sexo e a maneira de viver de cada tribo. Quer isso dizer que, se o jovem deve viver da caça e da pesca, é habituado desde cedo ao exercício de todas as atividades relacionadas com a pesca e a caça, a construir embarcações, a manejar as armas com precisão e a desenvolver sua agilidade física. Com efeito, suas faculdades intelectuais se tornam precisas, ágeis e eficazes, contribuindo automaticamente pelo desenvolvimento intelectual do indivíduo. Por outro lado, se o jovem é destinado aos trabalhos agrícolas então exercita-se em todas atividades relacionadas com a agricultura e a criação de animais e como consequência a sua inteligência se desenvolve e se aperfeiçoa. No que se refere a educação das raparigas: visa preparar a mulher para o lar, para a criação dos filhos e para auxiliar o marido nas suas ocupações. Educação Moral Os primitivos procuravam transmitir às suas gerações novos preceitos morais e espirituais, dentre eles o respeito aos pais e aos mais velhos, o culto dos antepassados, o sofrimento de honra, a fidelidade a palavra, a obediência a autoridades legítimas. Figura 5 A iniciação, a puberdade e o acontecimento de maior importância da educação dos primitivos e se reveste de um caráter de formação moral. A iniciação representa a recepção solene dos Uma das formas pelas quais a criança adquire os conhecimentos necessários entre os povos primitivos é a imitação (Piletti, 1997, p. 46). Nos primeiros anos de vida a imitação é inconsciente. As crianças brincam com pequenas reproduções dos instrumentos utilizados pelos adultos. Numa segunda etapa a imitação torna-se consciente. As crianças participam das atividades dos adultos e aprendem por imitação. Essa segunda etapa tem início quando se começa a exigir trabalho da criança. Ela vai aprendendo, pouco a pouco, as diversas ocupações da tribo: construção de utensílios; a pesca e a caça, entre os povos caçadores; guarda do gado, entre os pecuários; trabalhos agrícolas, entre os povos sedentários. adolescentes na comunidade dos adultos. Nesta fase onde se evidenciam os ritos de iniciação, os adolescentes são submetidos a provas cruéis e brutais: extrações de dentes, tatuagens, escarificações, circuncisão. Esses testes visam a avaliar a coragem e a resistência ao sofrimento por parte das iniciativas. Para além destes atos, eles recebem relativas as leis do matrimonio, as tradições sagradas da tribo, as precursões a serem tomadas contra vícios degradantes, a fidelidade ao chefe da nação. Por outro lado, dão aos jovens conselhos sobre a guerra, a caça, a pesca, as artes manuais: exortam também a combaterem com coragem a protegerem os fracos e defenderem os humildes. A Educação através da Imitação - Figura 6 História da Educação 16 A Educação e as Cerimônias de Iniciação Figura 7 - Disponível em: http://www.4.bp.blogspot.com/ kraussofi a.blogspot.com/2010/02/educacao-na-p.... Acesso em: 26 out 2012. Disponível em: http://drugline.org/img/term/ neanderthal-10163_3.jpg. Acesso em 09 out 2012. Entre todos os povos primitivos encontramos as cerimônias de iniciação, que possuem especial valor educativo. Em algumas tribos elas são breves, em outras duram anos. Geralmente tais cerimônias se verificam desde o início da adolescência até a admissão do jovem à comunidade adulta da tribo. Essas cerimônias têm um valor moral: através das mutilações a que se deve submeter, o menino aprende a suportar a dor; e, pela exposição ao tempo e pela falta de alimentação, aprende a tolerar as circunstâncias difíceis e a fome. As cerimônias tradicionais possuem também um valor social e político. Através da subserviência aos dirigentes, o menino aprende a obediência e a reverencia aos mais velhos e aprende, igualmente, a servir aos idosos e a suprir as necessidades da família. Outro valor das cerimônias de iniciação é o religioso. Esse valor evidencia-se pelo fato de o totem ser o centro do culto nas cerimônias. O totem – geralmente um animal e às vezes um vegetal – é considerado o antepassado mítico da tribo, de quem esperam proteção. No totem centralizam-se os mitos religiosos – explicações que os povos primitivos conseguem dar ao modo de agir das forças da natureza. As cerimônias de iniciação revestem-se também de um valor prático: nessas cerimônias, os jovens a serem iniciados aprendem os métodos de capturar certos animais, as artes de acender o fogo, de preparar os alimentos, e processos similares de valor prático. Para os povos primitivos, porém, o aspecto importante dessas atividades não é o Todos os povos primitivos possuem uma característica comum: são animais. O animismo consiste na crença de que todas as coisas possuem uma alma, portanto para os primitivos, as árvores, as pedras, os animais, etc. possuem alma ou espírito. Sendo assim, estes povos atribuem a todos os fenômenos que acontecem no seu meio circundante à intervenção dos espíritos amigáveis ou dos inimigos, dependendo do tipo de situação a que estão sujeitas. As cerimônias de iniciação servem para transmitir aos jovens a explicação do universo e, assim, torná-los capazes de assegurar um satisfatório ajustamento às suas exigências. Os Primeiros Professores Eram os feiticeiros, curandeiros, esconjugadores ou homens que consultam os espíritos familiares às pessoas, às quais cabia a direção das cerimônias de prático, mas o religioso. Todas essas atividades práticas devem processar-se de modo definido e previamente estabelecidos. Tais métodos precisos e característicos de ação constituem sua religião. E esta, pois, não se relaciona com fases isoladas da vida, mas com as mais comuns práticas.” (Piletti: 1997, p. 47). O Animismo - Figura 8g 17 iniciação. Estes constituem assim os professores primitivos (Piletti, 1997, p. 47). Há, então, um esboço de instituição para o povo em geral, dado pelo sacerdócio e uma instrução mais elaborada e formal dos futuros membros da classe. Estes últimos são os primeiros professores profissionais. Por vários séculos o ensino permanece como um direito especial do clero e, por muitos séculos mais, a educação é orientada e dirigida unicamente por ele. Pode-se afirmar que a educação primitiva é resultante dos seus modus vivendi e operandi. Isto significa que a educação é resultado inevitável da imitação. Era através da imitação que os primitivos se transmitiam saberes que posteriormente eram usados pelos mais novos. Eles não se preocupavam em conhecer a ciência, mas sim em conhecer aquilo que estava em seu redor para lhes facilitar a vida. No entanto, eles acabavam por criar práticas que nos dias que correm são fundamentais para as diversas atividades sociais. 1 - Claro que não, a educação como processo de transmissão de valores, da cultura de uma geração a outra, existe desde o surgimento dos povos, desde os primórdios que fazem parte de nossa evolução em vários níveis de ser, compreender, aprender, desenvolver e produzir. 2 - O que podemos chamar de educação primitiva? A educação primitiva é aquela que é encontrada nas ditas sociedades primitivas. Nelas não havia escolas, nem um método educacional conscientemente reconhecido. O ajustamento da criança à sua comunidade e ao meio natural, por meio da transmissão das experiências dos adultos, dos mais velhos, aos mais novos.3 - Nos estudos de Paul Monroe, esta educação pode ser entendida como prática e teórica. Como podemos diferenciar? A Educação Prática: se constitui no treino para a obtenção de alimento, abrigo e vestuário. Ela se realiza pela imitação consciente no qual a criança, nas tribos, brinca com objetos em miniatura, imitando os objetos dos adultos. A educação teórica: a educação teórica consiste na instrução dos mais jovens nos rituais, Então fi cou claro? Vamos pensar e retomar a nossa conversa inicial? Vejamos: nas cerimônias de iniciação e danças de seu povo. Essas atividades possuem uma função educativa na medida em que as gerações mais jovens vão sendo instruídas pelas gerações mais velhas acerca da tradição e da cultura da sociedade. 4 - Como eram os procedimentos de ensino na educação dos povos primitivos? Não havia escrita, portanto era transmitida oralmente. A educação primitiva é aquela que é encontrada nas ditas sociedades primitivas. Nelas não havia escolas, nem um método educacional conscientemente reconhecido. Existia educação, não na forma de escolas, de forma formal. Objetivava ajustar a criança ao seu ambiente físico e social, através da aquisição das experiências (dos mais velhos), isto é, a educação naquelas sociedades tinha como característica o ajustamento da criança à sua comunidade e ao meio natural, por meio da transmissão das experiências dos adultos, dos mais velhos, aos mais novos. Segundo os estudos de Paul Monroe, esta educação pode ser entendida como prática e teórica: Educação Prática se constitui no treino para a obtenção de alimento, abrigo e vestuário. Ela se realiza pela imitação consciente no qual a criança, nas tribos, brinca com objetos em miniatura, imitando os objetos dos adultos. Os meninos brincam de arco e flecha, as meninas fazem utensílios de barro e brincam de fazer comida, atividades que farão na vida adulta. Os chefes de família, grupos eram os primeiros professores e em seguida os sacerdotes. A educação naquelas sociedades tinha como característica o ajustamento da criança à sua comunidade e ao meio natural, por meio da transmissão das experiências dos adultos, dos mais velhos, aos mais novos. A Educação Prática A educação prática se constitui no treino para a obtenção de alimento, abrigo e vestuário. Ela se Retomando a aula Para encerrar esse tópico, vamos relembrar os conteúdos estudados nesta Aula. História da Educação 18 Souza, Neuza Maria Marques (Org.) História da Educação. São Paulo; Avercamp, 2006. Disponíveis em: <http://www.webartigos. com/articles/16486/1/A-EDUCACAO-EM- SEU-CONTEXTO-HISTORICO-DESAFIOS- DA-EDUCACAO-PUBLICA-BRASILEIraIRA- FRENTE-AO-TERCEIRO-MILENIO/pagina1. html>. Acesso em 05/10/2012. A Missão − Disponível em: <http://www. youtube.com/watch?v=TyOkX0R6-sE>. Acesso em 27/10/2012. Avatar − Disponível em: <http://www. youtube.com/watch?v=kHsVbptb1RU>. Acesso em 26/10/2012. Vale a pena Vale a pena ler Vale a pena acessar Vale a pena assistir realiza pela imitação consciente no qual a criança, nas tribos, brinca com objetos em miniatura, imitando os objetos dos adultos. Os meninos brincam de arco e flecha, as meninas fazem utensílios de barro e brincam de fazer comida, atividades que farão na vida adulta. A Educação Teórica A educação teórica consiste na instrução dos mais jovens nos rituais, nas cerimônias de iniciação e danças de seu povo. Essas atividades possuem uma função educativa na medida em que as gerações mais jovens vão sendo instruídas pelas gerações mais velhas acerca da tradição e da cultura da sociedade. A educação nos povos primitivos era transmitida oralmente, não havia escrita. A educação baseada na linguagem escrita, ministrada por uma classe especialmente designada para tal fim, compreendendo a instrução formal, bem como o treino prático, representa no desenvolvimento educacional de um estágio mais elevado do que o verificado entre os povos primitivos. Os tipos mais primitivos desse estágio se encontram nas sociedades orientais. Estimados alunos e estimadas alunas, chegamos ao término de nossa aula 1, caso tenham dúvidas vocês poderão saná-las através das seguintes ferramentas: “ fórum”, “quadro de avisos” e nos encontros virtuais – “chat”.
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