Prévia do material em texto
Grupo Unico PDF Passe@diante decoracao@editoraonline.com.br www.editoraonline.com.br Os mamíferos formam o grupo de animais vertebrados mais diversificado em termos evolutivos e de variedade de es- pécies da Terra. Nesta classe, incluem-se os morcegos, os cães, os macacos, as baleias, os cavalos, os veados e muitos outros, inclusive o próprio Homem. Descendentes de um determinado grupo de répteis, foram capazes de sobreviver ao arrefecimento global do fim da Era Mesozóica, provavelmente graças a algumas vantagens evolutivas, com a capacidade de controlar internamente a tempera- tura do corpo, e assim foram ocupando os espaços deixados vagos com a extinção dos grandes répteis. Hoje, são eles que, ao lado dos artrópodes, dominam os ambientes terrestres, mas também podem ser encontrados no ar e na água. Caracterizam-se por alimentar suas crias com leite produzido pelas glândulas mamárias – daí o nome da classe – e apresentar, na grande maioria, o corpo coberto de pelos. A temperatura de seus corpos é regulada internamente por um mecanismo cerebral e mantida constante. Além disso, destacam-se também pelo cuidado que têm com a prole, mais acentuado que em qualquer outra classe de animais. Em geral, adaptam-se bem em diferentes ambientes, sendo capazes de modificar o seu comportamento de acordo com as condições encontradas no meio. Alguns grupos, principalmente o dos primatas, podem chegar a formar sociedades muito complexas. Numerosa, a classe dos mamíferos comporta mais de 4.500 diferentes espécies, espalhadas por todos os continentes. Quase metade desse número é composta de roedores e cerca de um quarto de quirópteros (morcegos). No caso do Brasil, são cerca de 520 espécies, divididas em 11 ordens, dez de animais placentários e uma de marsupiais. Estudar esses seres não é tarefa fácil, haja vista a grande diversidade de espécies, cada qual com suas características peculiares. Assim, neste Guia, mostramos alguns dos representantes brasileiros mais conhecidos, com uma ficha técnica completa do animal, além de matérias que explicam quem são eles, as principais diferenças entre essa classe e as demais, as espécies ameaçadas de extinção e, ainda, alguns dos principais mamíferos do mundo. Espero que apreciem esta quarta edição do Guia de Animais Brasileiros. Boa leitura! DOMÉSTICOS De selvagens a Grupo Unico PDF Passe@diante S u m á r i o História e Anatomia 06 Brasileiros 14 Marsupiais Catita (Gracilinanus microtarsus) 16 Cuíca-lanosa (Caluromys sp.) 16 Gambá-de-orelha-branca (Didelphis albiventris) 17 Edentatos Preguiça Real ou Unau (Choloepus didactylus) 18 Tamanduá-bandeira (Mymercophaga tridactyla) 19 Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) 20 Tatu-peba (Euphractus sexcinctus) 21 Quirópteros Morcego (Anoura geoffroyi) 22 Morcego-vampiro (Desmodus rotundus) 23 Primatas Bugio-preto (Alouatta caraya) 24 Cuxiú-preto (Chiropotes satanas) 25 Guigó(Callicebus donacophilus) 26 Macaco-aranha (Ateles belzebuth) 27 Macaco-barrigudo (Lagothrix lagotrichia) 28 Macaco-prego (Cebus apella) 29 Mico-leão-dourado (Leontopithecus rosalia) 30 Mico-leão-preto (Leontopithecus chrysopygus) 31 Muriqui (Brachyteles acrachnoides) 32 Sagui-de-tufo-branco (Callithrix jacchus) 33 Carnívoros Ariranha (Pteronura brasiliensis) 34 Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) 35 Cachorro-do-mato-vinagre (Spheotos venaticus) 36 Gato-maracajá (Leopardus wiedii) 37 Guaxinim (Procyon cancrivorous) 38 Irara (Eira barbara) 39 Jaguatirica (Leopardus pardalis) 40 Jurupará (Potos flavus) 41 Lobo-guará (Chrysocyon brachyurus) 42 Onça-pintada (Panthera onca) 43 Quati (Nasua nasua) 44 Puma (Puma concolor) 45 Cetáceos Baleia-franca (Eubalena australis) 46 Baleia-jubarte (Megaptera novaeangliae) 47 Boto-cinza (Sotalia fluviatilis) 48 Golfinho flipper (Tursiops trucatus) 49 Golfinho-rotador (Stenella longirostris) 50 Sirênios Peixe-boi amazônico (Trichechus inunguis) 51 Peixe-boi marinho (Trichechus manatus) 52 Perisodáctilos Anta (Tapirus terrestris) 53 Artiodáctilos Cervo-do-pantanal (Blastocerus dichotomus) 54 Veado-catingueiro (Mazama gouazoupira) 55 Roedores Capivara (Hydrochaeris hydrochaeris) 56 Cutia (Dasyprocta fuliginosa) 57 Ouriço-cacheiro (Sphiggurus spinosus) 58 Paca (Agouti paca) 59 Ratão-do-banhado (Myocastor coypus) 60 Serelepe (Sciurus aestuans) 61 Lagomorfos Tapeti (Sylvilagus brasiliensis) 62 Mundo 64 Bisão-europeu (Bison bonasus) 66 Canguru (Macropus rufus) 66 Cervo-nobre (Cervus elaphus) 67 Chimpanzé (Pan troglodytes) 67 Dromedário (Camelus dromedarius) 68 Elefante (Elephas maximus) 68 Girafa (giraffa camelopardalis) 69 Hipopótamo (Hippopotamus amphibius) 69 Leão (Panthera leo) 70 Lhama (Lama glama) 70 Tigre (Panthera tigris) 71 Domésticos 72 Cabra 74 Cachorro 74 Cavalo 75 Gato 75 Ovelha 76 Porco 76 Porquinho-da-índia 77 Vaca 77 Extinção e conservação 78 Onde encontrar 82 Grupo Unico PDF Passe@diante Agradecimentos: Luis Camargo e Rodrigo Teixeira, do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros - Sorocaba (fotos e informações); Maria Luiza Gonçalves e Luiz Antônio Lula, da Fundação Parque Zoológico de São Paulo (fotos e informações); Roberto Cabral Borges, do IBAMA (fotos e informações); Rogério V. Rossi, mestrando do Museu de Zoologia da USP (informações); Sinara Lopes Vilela, da Associação Mico-Leão-Dourado (fotos e informações); Enrico Marcovaldi, do Projeto Baleia Jubarte (fotos e informações); Gabriel E. Gonçalves de Oliveira e Paula Nogueira (informações); prof. e dr. Mario De Vivo, curador do acervo de mastozoologia do Museu de Zoologia da USP (informações). Aos revisores: Cecília Pessutti e Paulo Tadeu Matheus de Camargo, do Parque Zoológico Municipal Quinzinho de Barros - Sorocaba; Alexandre Cavarzere Durigan, biólogo e mestrando da PUC-Campinas; Carlos Lins, biólogo da Fundação Mamíferos Aquáticos; Cristiano Leite Parente, engenheiro de pesca da Universidade Federal de Pernambuco; dr. Gumercindo Loriano Franco, zootecnista da FAV – UnB e bolsista do CNPq; Mara Cristina Marques Ângelo, bióloga da Fundação Parque Zoológico de São Paulo; . Grupo Unico PDF Passe@diante H i s t ó r i a e a n a t o m i a Desde os Minúsculos ou gigantescos e de formatos multivariados, eles estão por toda parte. Na terra, na água e no ar, nos diversos climas e em todos os cantos do Planeta, os mamíferos são uma das mais variadas classes PRIMÓRDIOS 4 5 6 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante 1 Ancestral Baleia: Nome: Ambulocetus Nome científico: Ambulocetus natans Época: Eoceno Local onde viveu: Ásia Peso: cerca de 350 kg Tamanho: 3 m Alimentação: carnívora Viveu há aproximadamente 50 milhões de anos 2 Ancestral Canídeos e Felinos: Nome: Miacid Época: Eoceno Local onde viveu: Ásia Peso: cerca de 10 kg Tamanho: 60 cm Alimentação: carnívora Viveu há aproximadamente 56 milhões de anos 3 Ancestral Cavalo: Nome: Cavalo primitivo Nome científico: Hyracotherium Época: Eoceno Local onde viveu: América do Norte e Europa Peso: cerca de 20 a 30 kg Tamanho: aproximadamente 70 cm Alimentação: herbívora Viveu há aproximadamente 55 milhões de anos 4 Ancrestral Primatas: Nome: Plesiadapis Nome científico: Plesiadapis Época: Paleoceno Local onde viveu: Europa e América do Norte Peso: cerca de 1 kg Tamanho: 30 cm Alimentação: herbívora Viveu há aproximadamente 60 milhões de anos 5 Ancestral Roedores: Nome: Telicomys Nome científico: Telicomys giganteus Época: Pleistoceno Local onde viveu: América do Sul Peso: cerca de 250 kg Tamanho: 2 m Alimentação:herbívora Viveu há aproximadamente 5 milhões de anos 1 2 3 Com mais de 4,6 mil espécies e muitas outras já ex- tintas, os mamíferos constituem uma das classes de animais vertebrados mais diversificadas em termos morfológicos (formas e estruturas) e de ocupação de hábitats. Inclui bichos bastante distintos como o gam- bá, a baleia, o morcego, o homem, e muitos outros. Entre os seus representantes, existe uma clas- sificação que os separa de acordo com as seguintes características: animais ovíparos, que põem ovos, como o ornitorrinco; marsupiais, cujas crias nascem prematuras e terminam seu desenvolvimento agarra- das a um mamilo, dentro de uma bolsa (marsúpio), como os cangurus e gambás; e animais placentários, cujos filhotes permanecem mais tempo no interior do corpo da mãe e já nascem mais desenvolvidos, como o cachorro e o cavalo. A classe mammalia foi criada por Lineu (1707- 1778) – naturalista sueco – em 1758, para comportar os animais vertebrados que alimentam seus filhotes com leite produzido por glândulas mamárias. Além dessa característica básica, os mamíferos também se diferenciam de outros vertebrados pelo corpo (em maior ou menor grau) coberto de pelos, aorta única curvando-se para o lado esquerdo, pre- sença de diafragma completo e maxilar relativamente simples, constituído de dois ossos fundidos em um só. Entre as principais características não exclusivas da classe, os mamíferos possuem respiração pulmonar e a capacidade de geração interna de calor, ou endoter- mia. Tamanhos, formas e hábitats variam muito nessa classe, como veremos a seguir. Ilu str aç ão : F eli pe A jze nb erg Guia de Animais Brasileiros - 7 Grupo Unico PDF Passe@diante H i s t ó r i a e a n a t o m i a Distribuição geográfica Eles habitam todos os ambientes e climas, desde o nível do mar (e abaixo dele), até as altas montanhas e cordilheiras. Das gélidas regiões polares aos secos e escaldantes desertos, e às quentes e úmidas florestas tropicais. Nos mares e gelos árticos vivem a morsa e algumas focas, enquanto as baleias e as toninhas habitam os oceanos. Na água doce, de rios e banhados, estão os castores, as lontras e certas cuícas. A maioria das espécies de mamíferos é terrestre. Os campos, os cerrados e as florestas abrigam muitos carnívoros, roedores e ungulados, entre outros. Cada espécie tem uma distribuição geográfica e ecológica mais ou menos definida e restrita. No entanto, a limitação do hábitat pode ser estreita ou ampla, variando de acordo com as necessidades e com a capacidade de adaptação de cada espécie. Ao longo da história, os mamíferos têm sido muito úteis e economicamente importan- tes para o Homem e, por outro lado, também prejudiciais. Espécies domesticadas fornecem alimento, vestuário e transporte. Isso sem falar nos “pets”, animais de estimação, criados para fazer companhia e compartilhar o lazer. Contudo, alguns, como os roedores, que invadem plantações, e os carnívoros, que ata- cam as criações, podem causar prejuízos econômicos; outras espécies, por sua vez, podem servir como reservatório de doenças. Mas essa é a natureza e, mesmo que esses animais en- trem em conflito com o ser humano e seus interesses, há muito mais qualidade e beleza para falar deles. Anatomia, fisiologia e metabolismo dos mamíferos Tamanho e forma de diminutas espécies de insetívoros a gigantescas baleias, os mamífe- ros variam muito quanto à forma e ao tamanho. Os menores representantes da classe en- contram-se entre determinadas espécies de mussaranhos, como o mussaranho-pigmeu, que mede cerca de 4 cm. Quando nascem – pelados e de olhos fechados – alguns desses peque- nos insetívoros pesam cerca de 0,5 g e são menores que uma abelha. Extremo oposto, por exemplo, é a baleia-azul (Balaenoptera musculus), que chega Fo to: Ju are z S ilv a Exclusivo no Reino Animal: filhotes de marsupiais nascem pré-maturos e desenvolven-se agarrados ao corpo da mãe 8 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Guia de Animais Brasileiros - 9 a atingir cerca de 30 m de comprimento e a pesar 119 toneladas, sendo o maior animal já conhecido, dentre todas as classes. Entre as espécies terrestres, o campeão de tamanho é o elefante-africano (Loxodonta africana), que chega a medir até 8 m de comprimento, 4 m de altura e pesar cerca de 7 toneladas. Em geral, a cabeça dos mamíferos é relativamente grande, por causa do cérebro mais desenvolvido. O pes- coço pode ser longo, como nos camelos e nas girafas, ou curto e, em alguns casos, como na baleia, por exemplo, até imperceptíveis. Os olhos também são dispostos de forma variada: frontalmente, como nos primatas e nos carnívoros, o que lhes aumenta a percepção de profundi- dade; ou lateralmente, como nos herbívoros, o que lhes possibilita perceber a aproximação dos predadores de ân- gulos variados. Como uma caixa, o crânio tem a função de pro- teger o cérebro e os três principais órgãos dos sentidos – visão, audição e olfato. Constitui-se de vários ossos uni- dos que se soldam com o passar do tempo. As maxilas, em geral, têm dentes, e a mandíbula diferencia-se pela simplicidade. É constituída de apenas dois ossos que se unem muito cedo, parecendo ser um único osso. Confinados nos maxilares, os dentes dos mamífe- ros são implantados em alvéolos e, em geral, apresen- tam grande diversificação, existindo mais de 50 tipos de dentições. Nos casos mais complexos, existem 4 tipos de dentes: incisivos, caninos, molares e pré-molares. São em números pares nas duas metades de cada maxilar, poden- do diferir de um maxilar para outro. Pele, pelos e glândulas Os mamíferos apresentam duas camadas de pele superpostas: a derme e a epiderme. A primeira, mais profunda, é repleta de nervos e vasos sanguíneos, reco- bre os músculos e abriga os sistemas de defesa contra infecções e várias glândulas. A segunda camada, mais superficial, é a que oferece proteção mecânica ao corpo do animal com relação ao meio externo. Sua superfície geralmente é recoberta de pelos, que são constituídos de queratina. Essa mesma substância protéica mor- ta também forma outros anexos epidérmicos, como unhas, garras, cornos e outros. Todos os mamíferos apresentam uma camada de gordura (hipoderme) sob a pele, que serve como um isolante térmico, além de constituir uma significativa re- serva de substâncias enérgicas. Os diferentes padrões de cores dos mamíferos re- sultam de diferenças na pigmentação do pelo. A pelagem desses animais costuma sofrer mudanças periódicas, ge- ralmente no outono, para garantir um novo revestimen- to para o inverno. Nas regiões temperadas (mais frias), boa parte das espécies apresenta uma segunda troca na primavera, que resulta em uma cobertura mais fina e cur- ta para o verão. Além das distintivas glândulas mamárias, os mamí- feros também possuem uma série de outras glândulas, com funções específicas, que podem liberar secreções externas ou internas (indócrinas): sudoríparas, sebáceas, produtoras de substâncias odoríferas e de feromônios – substância que influi no desenvolvimento ou no com- portamento de outros membros de uma mesma espécie. As glândulas sebáceas têm a função de lubrificar a pele e os pelos, para que eles não ressequem ou se tornem quebradiços; as sudoríparas secretam suor para regular a temperatura do corpo e auxiliar a excreção de sais e uréia. Porém, nem todos mamíferos transpiram; as glândulas de cheiro podem ter função de defesa, como no caso dos gam- bás, que as utilizam para afastar o predador, por exemplo. Esqueleto O esqueleto, sistema muscular e sistema nervo- so dos mamíferos, é adaptado para servir aos modos de locomoção da classe. Ele possui cartilagens em di- versas partes, como nas articulações e nas costelas e, com seus músculos eligamentos, a coluna vertebral e os membros a ela articulados são de fundamental importância para os animais terrestres. Os que vivem em meio aquático contam com a água para ajudar a sustentar o próprio peso, e o sistema muscular prati- camente só é exigido para o deslocamento. A disposição da coluna varia muito entre as di- versas espécies de mamíferos, mas todas apresentam cinco regiões bem definidas: cervical, torácica, lom- bar, sacra e coccígea. Com relação aos membros, os mamíferos apresen- tam um padrão básico que costuma variar de acordo com o modo de vida de cada um. Essa variação está ligada principalmente às funções locomotoras (andar, correr, escalar etc) e específicas (cavar, no caso das toupeiras – que têm membros anteriores muito curtos; ou desen- volver grandes velocidades, como no caso dos cavalos e outros ungulados, cujas patas são bastante longas). O esqueleto e a constituição dos pés e das mãos dos mamíferos também apresentam grande variedade de formas Guia de Animais Brasileiros - 9 Grupo Unico PDF Passe@diante e estruturas adaptadas para as diferentes formas de vida de cada espécie, desde os cinco dedos comuns dos primatas ao dedo único das patas dos cavalos. De modo geral, em comparação a outros vertebrados, os mamíferos apresentam mús- culos mais aperfeiçoados na região do pescoço, da cabeça e das pernas, e uma quantidade menor de músculos segmentados na coluna e nas vértebras. O sistema nervoso dos mamíferos diferencia-se do de outros animais pelo enorme tamanho relativo do cérebro. A configuração da medula é a mesma de outros vertebrados: segmentada e com raízes dorsais de ambos os lados de cada segmento (vértebra). Metabolismo e endotermia A temperatura é regulada pela própria atividade metabólica e mantida constante, em vez de depender do meio ambiente. Apesar de consumir mais energia do que a picilotermia (temperatura regulada pelo meio) e exigir maior consumo de alimento e oxigênio, tal capa- cidade foi um dos principais fatores para o sucesso da expansão dos mamíferos por todos os continentes e climas. Esse controle de temperatura ocorre de várias maneiras: . tremer, contraindo os músculos para liberar calor e aquecer o corpo; . rebaixar os pelos, para variar a espessura da camada de ar isolante retida entre a pelagem, contribuindo para a diminuição da temperatura; . variar a taxa metabólica conforme a temperatura do meio externo; . contrair os vasos periféricos no frio e dilatá-los no calor, para aumentar ou diminuir a perda de calor do sangue; . transpirar, como o homem, ou ofegar, como os cães; . encolher-se no frio e estender-se no calor, para variar a extensão da superfície de troca de calor do corpo com o meio; . algumas espécies de mamíferos hibernam em determinadas épocas ou períodos do dia, para economizar reservas de energia. No estado de hibernação, a atividade metabólica é enormemente diminuída, a temperatura do corpo se iguala à do ambiente e o coração bate muito lentamente. O morcego é um exemplo desses mamíferos. Ele hiberna durante o dia e é ativo à noite ao contrário do que se costuma imaginar, os ursos não hibernam. Sua tem- peratura não sofre quedas profundas durante o inverno e eles não deixam de se alimentar, acordando de vez em quando. Circulação e respiração Os mamíferos possuem um sistema de circulação muito eficiente, devido à capacidade endotérmica e à vida muito ativa. O ritmo cardíaco varia conforme a idade, o sexo, o tamanho e a atividade das espécies. As circulações geral e pulmonar são totalmente separadas. O coração – dotado de quatro cavidades – recebe o sangue venoso, que vem de várias partes do corpo, pelo lado direito e o bombeia para os pulmões pelas artérias pulmonares. Pelo lado esquerdo, chega o sangue oxigenado que vem dos pulmões que, em seguida, é impelido para todas as partes do corpo pela aorta e suas ramificações. Fo to : L uc ia no ca nd isa ni Fo to: Ju are z S ilv a Fo to: M an oe l C arv alh o, na Fa ze nd inh a E sta çã o N atu rez a Ao longo do tempo, adaptações foram feitas para que os mamíferos pudessem viver nos diferentes meios 10 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Respiração A respiração dos mamíferos é exclusivamente pulmo- nar. Constituídos por alvéolos, os pulmões oferecem gran- de superfície para a troca de gases. Junto com o coração, esses órgãos enchem praticamente toda a cavidade torácica. O ar entra pelas narinas e passa pela traquéia, segue pela laringe e depois pelos brônquios, que vão se ramifi- cando em tubos cada vez menores até chegar às finíssimas paredes dos alvéolos, onde ocorre a oxigenação do sangue. O ar é empurrado para dentro dos pulmões por movimentos respiratórios produzidos pela contração e relaxamento do diafragma – músculo que separa a caixa torácica do abdôme – e dos músculos intercostais (que unem as costelas). Alimentação e excreção O sistema digestivo dos mamíferos é praticamente igual ao de outros vertebrados. Os lábios e a cavidade bucal têm revestimentos mucosos e a língua é muscular e flexível, dotada de sensores gustativos na face superior. Já as glându- las salivares são uma característica apenas dessa classe. Da boca, segue a faringe, cavidade onde se cruzam as vias respiratórias e digestivas. Anterior a ela e atrás da língua, fica a glote, que fecha o caminho do ar quando o alimento passa. Da faringe, o tubo muscular do esôfago corre ao longo da coluna vertebral, atravessa o diafragma e abre-se no estômago. O intestino é curto nas espécies que consomem ali- mentos concentrados, como insetos, e longo nas que se alimentam de capim e de outros vegetais. Muito diferente dos demais mamíferos é o aparelho digestivo dos ruminantes. O estômago desses animais é constituído de várias câmaras, e a digestão é auxiliada pela ação de microorganismos. Depois de pastar e encher a primeira câmara do es- tômago com capim, rapidamente mastigado, o animal procura um lugar tranquilo onde irá regurgitar o alimen- to e ingeri-lo novamente, desta vez, mastigando com mais cuidado. Essa segunda ingestão segue para outras câmaras e a digestão completa se dá com a participação de microorganismos existentes no estômago do rumi- nante, verdadeiros agentes da digestão. O comportamento alimentar dos mamíferos ainda não é muito conhecido. A maioria das espécies é adaptada a um certo tipo de alimentação, geralmente não exclusi- va, exceto em alguns casos de dietas extremamente estritas. Um deles é o coala, que se alimenta somente de folhas de eucalipto e apenas de determinadas espécies da planta. Diferentemente dos répteis e das aves, os mamíferos excretam principalmente uréia. Um sistema complexo com dois rins retira do sangue água e várias outras subs- tâncias originadas do metabolismo celular formando a urina, que é armazenada na bexiga. Um volume conside- rável de água é requerido nesse processo de eliminação da uréia, que possui alto nível tóxico. Porém, cerca de 99% dessa água é reabsorvida, depois, nos túbulos renais. Sistema nervoso e sentidos Associados aos padrões de locomoção, os sistemas nervoso e sensorial dos mamíferos são igualmente com- plexos, e isso é denotado pelo enorme tamanho do cére- bro dessa classe, comparado ao de outros animais. Sentidos Um dos sentidos mais apurados em boa parte dos mamíferos é o olfato. Os bulbos e os lobos olfativos constituem grande parte do cérebro de alguns insetívoros e são relativamente desenvolvidos em carnívoros e roedo- res. Já em outros animais, como as baleias, por exemplo, esse sentido é pouco desenvolvido. Nos golfinhos, chega a ser ausente. A audição também é bem desenvolvida, e nenhum outro vertebrado depende tanto dela quanto os mamí- feros. Cerca de 20% dos animaisdessa classe utilizam o ouvido como meio principal de orientação.Uma caracte- rística exclusiva dos mamíferos é a existência de pavilhão externo, a orelha. A visão, na maioria das espécies, não lhes possibilita nem distinguir as cores e os detalhes. Apenas o homem e alguns tipos de primatas têm visão extremamente desen- volvida, perdendo apenas para determinadas aves. Car- nívoros e ungulados (cavalos, veados etc) também têm a visão bastante desenvolvida, adaptadas aos seus modos de vida. Os primeiros não podem perder as presas, às vezes pequenas, de vista durante a caçada, e os segundos têm de conseguir perceber e distinguir predarores à dis- tância, por viverem em campo aberto. Alguns mamíferos, como os morcegos, baleias e golfinhos, utilizam a ecolocalização para se orienta- rem. Emitem ultra-sons e percebem os objetos à sua volta pelo eco. Quanto ao tato, os mamíferos distinguem-se em dois aspectos. O primeiro é a capacidade de sentir pe- quenos movimentos junto à pele, em áreas cobertas de pelos. Esse tipo de sensibilidade atinge o grau máximo nas vibrissas – pelos longos e duros que se encontram na Guia de Animais Brasileiros - 11 Grupo Unico PDF Passe@diante região do focinho (no caso de gatos, ratos etc) e em outras partes do corpo em diferentes espécies. Esses pelos são extremamente sensíveis a qualquer variação. O segundo corresponde a diminutos órgãos receptores espalhados na pele e, de acordo com sua disposição e concentração em determinados pontos, como nos dedos dos primatas, possibilitam perceber sutis diferenças táteis. REPRODUÇÃO E SOCIABILIDADE A Interação sexual dos mamíferos, em geral, apresentam duas etapas: o cortejo e o coito. Na primeira delas, se valem de sinais específicos para se identi- ficarem mutuamente como parceiros se- xuais, sendo a visão e o olfato os sentidos mais utilizados. As fêmeas podem ado- tar comportamentos característicos a de cada espécie, como simular as posições da cópula, como no caso de algumas macacas, ou apresentar alterações físicas, como o inchaço da vulva ou da pele na região dos órgãos genitais. Os machos também apresentam transformações físicas, como o mandril, que fica com cores ainda mais vivas, e comportamentais, tornando-se geral- mente mais agressivo. Os cheiros, mais do que os sons, são muito importantes na interação sexual dos mamíferos. Um bom exemplo é o cio da cadela, que atrai toda a cachorrada ao redor. O que não significa, no entanto, que alguns tipos de gritos dos machos não sejam utilizados para atrair as fêmeas e afastar os rivais. O coito costuma se dar com o macho por cima da fêmea, que procura adotar posições favoráveis à penetração. Fecundação, aparelho reprodutor e gestação. A fecundação nos mamíferos é sempre interna. No caso dos monotremados, a reprodução assemelha-se muito à dos répteis. Os ovos descem dos ovários por dois canais (ovidutos) totalmente separados. Os marsupiais também apresentam um sistema mais ou menos parecido com o de determinados répteis. O ovo é mantido dentro do corpo, preso a uma placenta pouco desen- volvida, e desenvolve-se de forma precária e por pouco tempo, com uma gestação média de 8 a 12 dias. Já a grande maioria dos mamíferos é placentária e apresenta um padrão uniforme de aparelho reprodutor, constituído (resumidamente) por dois ovários funcionais, cada um ligado por uma tromba ao útero. Este, por sua vez, termina na vagina, aberta ao meio exterior. O aparelho dos machos é constituído pelo pênis, órgão copulador, e dois testículos produtores de espermatozóides que, junto com outras substâncias, constitui o esperma ou sêmen, que sai pela uretra durante o coito. Quanto ao desenvolvimento do embrião, de modo geral, a maioria dos mamíferos apresenta um esquema de desenvolvimento comum. Após a ovulação, o óvulo desce pelas trompas, onde é fecundado. Nesse trecho, ele passa a se dividir e chega ao útero já como uma Agradecimento: Gilberto Miranda / Foto: Viviane Pelissari 12 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante estrutura constituída de uma camada de células em torno de uma cavidade cheia de líquido chamada blastocisto, que se fixa na parede uterina entre o quinto e o 14º dia após a cópula. Depois disso, o embrião desenvolve um sistema de membranas e vasos sanguíneos estreitamente ligado aos vasos da mãe e, na maioria dos casos, começa a desenvol- ver-se com a placenta. Estrutura de extrema importância, a placenta ga- rante a nutrição, a respiração e a excreção do embrião no interior do útero, por difusão. Os tipos de placenta diferem claramente quanto à estrutura e à eficiência. As mais primitivas, ou seja, pouco desenvolvidas, são as dos marsupiais. O período de gestação é bastante variável, sendo, geralmente, mais longo entre os mamíferos de grande porte. A duração é influenciada, entre outros fatores, pelo estado do desenvolvimento do embrião. A ratazana e o coelho-doméstico têm, em média, um período de gestação de 22 a 31 dias, respectivamente. Enquanto o do cavalo é de 336, e o do elefante chega a 20 meses. Comportamento maternal e a prole Os mamíferos também se diferenciam pelo cuida- do com a cria, mais longo e mais dedicado do que em qualquer outra classe de animais, que tem o seu ápice na espécie humana. Em geral, nos mamíferos, todas as mães provêm ca- lor, alimento e proteção aos filhotes. O tempo e o tipo de dedicação despendidos variam muito, conforme o grau de desenvolvimento de cada um ao nascer. Há espécies cujas proles nascem mais desenvolvidas e logo já estão se virando sozinhos, em outras, permanecem dependentes por mais tempo. Basicamente, pode-se resumir em 4 os principais tipos de assistência maternal aos pequenos: Filhotes muito imaturos, marsupiais, são mantidos na bolsa (marsúpio) até terminarem parte de seu desen- volvimento; Filhotes são abrigados em ninhos construídos pe- las mães (coelhos, ursos etc); Filhotes são carregados pela mãe (ou pai, no caso dos micos-leões) durante boa parte de sua infância, rece- bendo calor, proteção dos predadores e se locomovendo junto com o bando; Filhotes nascem precoces, tornam-se independen- tes rapidamente e requerem o mínimo de cuidado ma- terno, reduzido, muitas vezes, apenas à amamentação; geralmente ungulados, veado, boi, cavalo etc. Crescimento – Observando-se o crescimento de um mamífero desde a fecundação do óvulo, percebe- -se que ele é lento no início, depois acelera progressi- vamente e volta a declinar até parar, quando atingido o tamanho definitivo. A velocidade de crescimento também varia enor- memente entre as diferentes espécies, sendo muito rápi- do em algumas e mais lento em outras. Um dos índices mais incríveis é o da foca-elefante (mironga leonina), animal enorme que chega a atingir até três toneladas (machos).Uma fêmea, que nasce pesando cerca de 46 kg, pode dobrar de peso em apenas 11 dias, e chega a quadruplicar em 21. Comportamento – Por sua grande capacidade de aprender, recordar e inovar – diretamente ligada ao seu alto desenvolvimento cerebral –, os mamíferos desta- cam-se dos outros animais do ponto de vista do compor- tamento. Muitas atitudes estão ligadas aos hábitos ali- mentares, à reprodução e à necessidade de se abrigarem. Algumas espécies, como os castores, por exemplo, desenvolveram esplêndido comportamento relacionado à construção de abrigos. De forma cooperada, os mem- bros de um grupo são capazes de construir fortes bar- ragens, capazes de resistir a enchentes e temporais por diversos anos. Bastante variada é a vida social das diferentes es- pécies. A mais simples se manifesta no grupo territorial familiar, no entanto, muitos são os animais que estabele- cem grupos formados por diversas famílias. Entre os primatas, ocorrem vários tipos de organi- zação social. As espéciesque habitam terrenos descam- pados, como os babuínos, costumam viver em grandes grupos, de até 100 animais, enquanto as que habitam as florestas, geralmente se organizam em pequenos grupos. Numerosas espécies de carnívoros formam grupos de uma ou mais famílias, que, às vezes, não toleram a presença de outros indivíduos da mesma espécie só que de um grupo diferente. Os grandes ungulados, que vivem em descampados, protegem-se agrupando-se em grande manadas, onde muitos indivíduos podem vigiar melhor a aproximação de predadores. Particularmente interessantes são os comportamen- tos ritualizados, evidentes durante o cio, manifestados por gritos e atos violentos entre os machos. Guia de Animais Brasileiros - 13 Grupo Unico PDF Passe@diante B r a s i l e i r o s Fauna preciosa Campeão absoluto de biodiversidade terrestre, o Brasil abriga cerca de 13% de todos os mamíferos do mundo, reconhecidos por suas diferentes formas, cores e hábitos. São 524 espécies – 483 continentais e 41 marinhas – distribuídas em 11 ordens e 43 famílias. Só na Mata Atlântica, um dos biomas mais ricos do planeta, ocorrem 250 espécies. Esses números fazem do país o número 1 em diversidade de mamí- feros da região neotropical (América Central e do Sul), seguido do México e do Peru, com 500 e 460 espécies respectivamente. Nas próximas páginas, você vai encontrar uma seleção dos principais animais. São fotos de 48 espécies, com representantes das 11 ordens de mamíferos brasileiros, acompanhadas de fichas técnicas. Vale lem- brar que os dados sobre tamanho e peso de cada animal referem-se a indivíduos machos adultos, sendo as medidas de comprimento, di- mensões do corpo e cabeça somadas 14 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Fauna preciosa Campeão absoluto de biodiversidade terrestre, o Brasil abriga cerca de 13% de todos os mamíferos do mundo, reconhecidos por suas diferentes formas, cores e hábitos. Guia de Animais Brasileiros - 15 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome científico: Caluromys sp. Ordem: Marsupialia Família: Didelphidae Tamanho: comprimento: de 16 a 28 cm / peso: entre 140 e 390 g. Reprodução: gestação de aproximadamente 25 dias, com ninhadas de 1 a 7 filhotes. Dieta: onívoro, alimenta-se, principalmente, de frutas, invertebrados e néctar, nas épocas secas do ano. Onde vive: sudeste do Brasil e em grande parte da América do Sul, da Venezuela ao norte da Argentina. Características e hábitos: os olhos grandes e salientes são suas marcas características. Possuem o feitio geral dos gambás, seus “parentes” próximos. No Brasil, existem duas espécies de cuícas do gênero Caluromys: C. philander e C. lanatus, ambas conhecidas pelo nome vulgar de cuíca-lanosa, por causa da sua pelagem mais farta que a de outros gêneros. São animais noturnos e arborícolas. Solitários, costumam ser vistos acompanhados somente nas épocas de acasalamento, quando os machos procuram as fêmeas. Sua reprodução não é sazonal, e pode ocorrer em qualquer época do ano. Apontamentos recentes relatam que um indivíduo da espécie chega a viver mais de 6 anos. Catita Nome científico: Gracilinanus microtarsus Ordem: Didelphidia Família: Didelphidae Tamanho: comprimento: de 9 a 11 cm / peso: entre 19 e 30 kg. Reprodução: gestação de Dieta: onívoro, alimenta-se de vegetais e invertebrados. Onde vive: no Brasil, ocorre no Sudeste, no Centro-Oeste, e em parte do Norte e do Nordeste. Características e hábitos: apresenta pelagem marrom-avermelhada e cauda relativamente comprida. Já as patas, tanto as dianteiras quanto as traseiras, são pequenas em relação ao corpo. Cuíca-lanosa Fo to: Ju are z S ilv a Fo to: R od rig o T eix eir a 16 - Guia de Animais Brasileiros M a r s u p i a i s 4 f a m í l i a s , 1 4 g ê n e r o s , 4 0 e s p é c i e s Grupo Unico PDF Passe@diante Nome científico: Didelphis albiventris Ordem: Marsupialia Família: Didelphidae Tamanho: comprimento: de 30 a 50 cm / peso: de 0,5 a 2,5 kg. Reprodução: gestação de 11 a 12 dias, com ninhadas de 18 a 21 filhotes. Dieta: onívoro, alimenta-se de pequenos vertebrados, insetos, larvas e vegetais. Onde vive: ocorre em todos os biomas brasileiros e, na América do Sul, desde a Venezuela até a Argentina. Características e hábitos: geralmente lembrados pelo cheiro desagradável que exalam, os gambás não costumam ser muito queridos pela maioria das pessoas. Cuíca-lanosa Mas o forte odor, além de ser uma de suas defesas, é também um sinal das fêmeas para os machos, que indica cio. Outra tática de defesa, usada quando se sente ameaçado, é fingir-se de morto para depois fugir. Os gambás em geral são animais pequenos de hábitos noturnos, terrestres e arborícolas. Passam o dia dormindo em tocas e, solitários, costumam ser agressivos, especialmente com os machos. Pode se reproduzir de 1 a 3 vezes por ano, nas estações chuvosas. Após curta gestação, chegam a nascer até 21 filhotes, mas, em média, apenas a metade sobrevive. Eles nascem muito pequenos, ainda em fase embrionária, e têm de se deslocar até o marsúpio – uma bolsa no ventre da mãe. Lá, ficam agarrados às mamas até completarem o desenvolvimento total, com cerca de 90 dias. Seu nome popular deriva do tupi “gã’bá” ou “guaambá”, que significa “saco vazio”, ou “ventre oco” , em referência ao seu marsúpio. O gambá-de-orelha-branca, recebe esse nome popular por causa da cor de suas orelhas, embora o seu rosto também possua coloração clara, com uma faixa escura rodeando os olhos, que vai até a base das orelhas. No Brasil, os gambás também são chamados por outros nomes populares, como mucura, timbu, suruê, entre outros, de acordo com a região do País. Gambá-de-orelha-branca Fo to: Ju are z S ilv a Guia de Animais Brasileiros - 17 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Choloepus didactylus Ordem: Edentata Família: Megalonychidae Tamanho: comprimento: de 46 a 86 cm / peso: de 4 a 8,5 kg. Reprodução: gestação de cerca de 6 meses, nascendo apenas um filhote por ano. Dieta: herbívoro, alimenta-se de brotos, folhas e frutos. Onde vive: norte do Brasil, na Amazônia, e no norte da América do Sul. Características e hábitos: de hábitos noturnos, a preguiça-real passa o dia em um estado de semi-torpor, pendurada de cabeça-para-baixo, nos galhos das árvores. Mas mesmo à noite, quando sai em busca de alimento, movimenta- se vagarosamente. No chão, onde faz as necessidades fisiológicas, move-se ainda mais devagar, o que a torna uma presa fácil para os seus predadores – os carnívoros de grande porte. Já na água, é capaz de nadar rapidamente. Com pernas mais longas que a preguiça-de-três-dedos, caracteriza-se por possuir apenas dois dedos nas patas dianteiras, cujas garras, que servem como eficientes armas contra os inimigos, podem chegar a 8 cm de comprimento. É a maior espécie de preguiça. Robusta, porém sensível a grandes variações de temperatura, a sua distribuição geográfica é restrita à região equatorial. Livre, chega a viver até 11 anos. Preguiça Real Fo to: G lór ia Ja fet / Fu nd aç ão Pa rqu e Z oo lóg ico de Sã o P au lo 18 - Guia de Animais Brasileiros E d e n t a t o s 4 f a m í l i a s , 1 0 g ê n e r o s , 1 9 e s p é c i e s Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Mymercophaga tridactyla Ordem: Edentata Família: Myrmecophagidae Tamanho: comprimento: de 1 a 1,9 m / peso: de 18 a 40 kg. Reprodução: cerca de 190 dias de gestação, nascendo apenas um filhote. Dieta: mirmecófago, alimenta-se de formigas, cupins e larvas. Onde vive: no Brasil, ocorre, preferencialmente, no Cerrado. É encontrado também na América Central e do Sul. Características e hábitos: animalpacífico e solitário, habita as florestas úmidas, campos e cerrados de todo o Brasil. Vive no chão, mas é capaz de subir em árvores com desenvoltura e até de nadar. Os longos pelos da cauda, que parecem formar uma espécie de bandeira, deram origem ao seu nome popular. De cor geralmente cinza-acastanhada, apresenta uma banda preta que sobe do peito até a metade do dorso, ladeada por duas linhas de pelos brancos. Sem dentes – como o nome da própria ordem a que pertence já diz – alimenta-se apenas de formigas, cupins e larvas, que consegue localizar graças ao seu olfato bem desenvolvido. Uma vez encontrada a comida, o tamanduá-bandeira usa suas poderosas garras para cavar a terra do formigueiro ou cupinzeiro e, depois, com a língua pegajosa – de mais de 50 cm de comprimento – captura os insetos, que são imediatamente engolidos. Lento e silencioso, caminha apoiado no dorso das mãos, dobrando as grandes unhas contra as palmas, e só aperta o passo em caso de perigo. De hábitos naturalmente diurnos, pode adquirir hábitos noturnos quando vive próximo de humanos. É inofensivo para o homem e outros mamíferos. Quando ameaçado, fica em posição ereta, apoiado nas patas de trás, e usa as poderosas garras das patas dianteiras para se defender. Tamanduá-bandeira Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 19 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Tamandua tetradactyla Ordem: Edentata Família: Myrmecophagidae Tamanho: comprimento: de 47 a 88 cm / peso: de 2,0 a 8,4 kg. Reprodução: gestação de 130 a 160 dias, nascendo um filhote por vez. Dieta: mirmecófago, alimenta-se de formigas, cupins e abelhas. Onde vive: sul do Brasil e na América do Sul (da Venezuela a Argentina). Características e hábitos: além do tamanho e coloração do pelo, o tamanduá- mirim diferencia-se do tamanduá-bandeira por ter uma garra a mais, em cada pata, e sua cauda ser preênsil, o que lhe confere grande agilidade entre os galhos das árvores. Arborícola, desce ao chão frequentemente, caminhando apoiado na lateral das patas – ferramentas preciosas que utiliza para escavar os duros ninhos de cupins, formigueiros e colméias. Como todos os tamanduás, o tamanduá-mirim não possui nem vestígio de dentes, e utiliza a sua língua (cerca de 25 cm de comprimento) e saliva pegajosa para capturar o alimento. De hábitos predominantemente noturnos, dorme em ocos de árvores durante o dia e sai à noite para procurar comida. A mãe carrega o filhote nas costas durante alguns meses, até ele se desenvolver o suficiente para se locomover e procurar comida sozinho. Em cativeiro, o maior tempo de vida já registrado é de pouco menos de 10 anos. Outros nomes: tamanduá-de-colete. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Tamanduá-mirim 20 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Euphractus sexcinctus Ordem: Edentata Família: Dasypodidae Tamanho: comprimento: de 64 a 66 cm / peso: de 3,2 a 6,5 kg. Reprodução: gestação de cerca de 2 meses, e ninhada de 2 filhotes. Dieta: onívoro, alimenta-se de formigas, vegetais, insetos e pequenos vertebrados. Onde vive: é visto com frequência no Pantanal. Características e hábitos: assim como os outros tatus, possui o corpo recoberto por uma espécie de couraça, composta de placas ósseas. Ocupa campos e cerrados, onde escava túneis para se esconder, mas, diferente das outras espécies, frequentemente reutiliza suas tocas. Possui hábitos diurnos e dificilmente realiza alguma atividade noturna. A visão do tatu-peba é pouco desenvolvida, utilizando, assim, o bom olfato para procurar alimento. Tatu-peba Fo to: M an oe l C arv alh o, na Fu nd aç ão Pa rqu e Z oo lóg ico de Sã o P au lo Guia de Animais Brasileiros - 21 Grupo Unico PDF Passe@diante Fo to: Ju are z S ilv a Morcego Nome científico: Anoura geoffroyi Ordem: Quiroptera Família: Phyllostomidae Tamanho: comprimento: de 8,5 a 9,7 cm / peso: aproximadamente 15 g. Reprodução: gestação de cerca de 4 meses, nascendo, normalmente, um filhote por vez. Dieta: nectarívoro, alimenta-se, principalmente, de néctar e pólen, mas também pode ingerir frutas e insetos. Onde vive: ocorre nos 5 grandes biomas brasileiros, da Amazônia ao Pantanal, e na América Central e do Sul. Características e hábitos: este pequeno morcego nectarívoro não possui cauda e apresenta pelagem marrom-escura nas partes superiores do corpo, e mais acinzentada nas partes de baixo, sendo os ombros e o pescoço prateados. Sua língua é longa e dotada de papilas. Animal de hábitos noturnos, descansa sozinho ou em grupos – formados de indivíduos de ambos os sexos – em cavernas, de onde só sai depois do anoitecer. Voador habilidoso, é capaz de se manter no ar, num mesmo lugar – quase como os beija-flores –, para se alimentar. As fêmeas, geralmente, engravidam uma vez por ano, mas as épocas de reprodução podem variar bastante, conforme a ocorrência geográfica. O período de gestação dura, em média, 4 meses e os nascimentos costumam ser mais comuns entre as estações seca e chuvosa. A fêmea carrega o filhote durante o voo até que ele possa voar sozinho, período em que ela também lhe fornece comida e proteção. Na natureza, seu tempo de vida é provavelmente semelhante ao de outros microquirópteros, mas não há dados conclusivos sobre a longevidade máxima. Em cativeiro, alguns indivíduos chegam a viver cerca de 10 anos. 22 - Guia de Animais Brasileiros Q u i r ó p t e r o s 9 f a m í l i a s , 5 6 g ê n e r o s , 1 3 7 e s p é c i e s Grupo Unico PDF Passe@diante Nome científico: Desmodus rotundus Ordem: Quiroptera Família: Phyllostomidae Tamanho: comprimento: de 7 a 9,5 cm / peso: de 26 a 42 g. Reprodução: gestação de cerca de 7 meses, nascendo um filhote, ocasionalmente dois. Dieta: hematófago, alimenta- se do sangue de mamíferos, principalmente das espécies domésticas. Onde vive: no Brasil, ocorre nos cinco grandes biomas, da Amazônia ao Pantanal e nos Campos do Sul. Também é encontrado na América do Sul, desde o México até o Chile. Características e hábitos: o morcego-vampiro é uma das três únicas espécies de morcego exclusivamente hematófagos que existem no mundo. Altamente especializado, seus dentes, língua e modo de locomoção são adaptados ao seu hábito alimentar. Ao contrário do que a maioria das pessoas pode imaginar, ele não faz dois “furinhos” na carne da presa para chupar-lhe o sangue. Dotado de grandes e afiados incisivos e caninos, o morcego-vampiro faz um pequeno corte na pele, como se utilizasse uma lâmina de barbear e lambe o sangue da vítima. Sua língua possui saliências laterais que se contraem e se expandem quando ele está se alimentando, e sua saliva contém um poderoso anticoagulante. Caracteriza-se pelo focinho curto, orelhas pontudas e pelagem marrom- acinzentada nas partes superiores do corpo e mais clara na barriga. Não possui cauda, e suas asas têm entre 35 e 40 cm de envergadura. Normalmente as fêmeas são maiores que os machos. Apesar de ser um animal voador, o morcego-vampiro também é ágil no chão, o que não é muito comum. Ele é capaz de andar, saltitar e até mesmo correr pequenas distâncias. Essa habilidade é estreitamente ligada à obtenção de alimento. Quando avista uma presa, o morcego pousa em um local próximo e se aproxima pelo solo para atacá-la desprevenida. Geralmente ele escala o corpo da vítima sem ser notado e escolhe o melhor ponto para retirar o sangue. Animal dehábitos noturnos e social, vive e caça em grupos. Acredita-se que o morcego-vampiro seja sexualmente ativo o ano inteiro. As fêmeas engravidam geralmente uma vez por ano, e os nascimentos podem ocorrer em qualquer época, mas costumam ser mais frequentes de abril a maio, e de outubro a novembro. O filhote nasce pesando de 5 a 7 g e se desenvolve rapidamente. No primeiro mês de vida, alimenta-se exclusivamente do leite materno e só começa a se alimentar de sangue a partir do segundo mês, com a mãe regurgitando o alimento em sua boca. Aos 4 meses, já é capaz de conseguir seu próprio alimento. Vive até 12 anos.Morcego-vampiro Fo to: Ju are z S ilv a Guia de Animais Brasileiros - 23 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Alouatta caraya Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho:comprimento: de 44 a 57 cm / peso: de 3,7 a 7,3 kg. Reprodução: gestação de 180 dias, nascendo 1 filhote por vez. Dieta: folívoro frugífero, alimenta- se de folhas, brotos e frutos. Onde vive: no Brasil, ocorre no Cerrado, no Pantanal e nos Campos do Sul. Encontrado também no centro da América do Sul (leste da Bolívia ao Paraguai e norte da Argentina). Características e hábitos: o bugio, conhecido também como guariba, é um dos maiores primatas do Brasil e da América do Sul. Os machos apresentam pelagem preta, e uma barba revestindo o queixo. As fêmeas e os filhotes são mais claros, da cor de palha. Animal de pouca atividade, passa a maior parte do dia descansando. Habita os galhos altos, onde se movimenta com o auxílio de sua forte cauda preênsil. Vive em grupos de aproximadamente 7 indivíduos liderados pelo macho mais velho. Os bandos comunicam-se por meio de diferentes tipos de gritos, gemidos, uivos e grunhidos. Cada som tem um significado específico, como, por exemplo, alerta de perigo ou um filhote desgarrado. Ao amanhecer, roncam para demarcar seu território e intimidar os intrusos de outro bando. Vive, em média, 20 anos. Bu gio pr eto Fo to: M an oe l C arv alh o, na To ca da R ap os a 24 - Guia de Animais Brasileiros P r i m a t a s 2 f a m í l i a s , 1 5 g ê n e r o s , 6 8 e s p é c i e s Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Chiropotes satanas Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 33 a 44 cm / peso: de 2 a 4 kg. Reprodução: gestação de 5 meses, nascendo 1 filhote, por vez. Dieta: frugívoro, alimenta-se de frutas, flores, castanhas e sementes. Onde vive: na América do Sul. No Brasil, ocorre na região Amazônica. Cuxiú-preto Características e hábitos: os cuxiús caracterizam-se pelos tufos de pelos macios na cabeça e no rosto, que lembram as formas da barba e do cabelo humano. Nos machos, despertam atenção os testículos de cor rosa-claro e totalmente sem pelos, em contraste com a pelagem escura do corpo. Sua cauda é preênsil apenas na infância, nos primeiros 2 meses de idade. Quando adulto, a cauda perde essa função. Animal arborícola de hábitos diurnos, vive em grandes bandos de cerca de 30 indivíduos. Costuma se deslocar rapidamente por vários quilômetros ao longo do dia em busca de alimento. Algumas vezes, acontece de um membro do bando ficar para trás e os outros nem perceberem. Quando isso acontece, o macaco que ficou sozinho costuma se juntar a grupos de outras espécies, como os de macacos-pregos ou de macacos-de-cheiro. Vive aproximadamente 20 anos. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 25 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Callicebus donacophilus Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 32 a 55 cm / peso: de 1,0 a 1,65 kg. Reprodução: gestação de cerca de 5 meses, nascendo 1 filhote por vez. Dieta: frugívoro onívoro, alimenta- se de frutas, folhas e um pouco de Guigó insetos. Onde vive: América do Sul, na região oeste do Mato Grosso e na Bolívia. Características e hábitos: o nome científico significa macaco lindo, enquanto o nome popular faz referência ao som que produz. Assim como os bugios, o guigó também é capaz de vocalizar sons bem altos e os utiliza para demarcar seu território. Animal arborícola de hábitos diurnos, vive em pequenos grupos de 2 a 6 indivíduos. Quando macho e fêmea estão sentados lado a lado, é comum vê-los entrelaçando suas caudas uma na outra, o que significa que eles estão demonstrando sua união. Outros nomes: auá. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a 26 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Características e hábitos: o macaco-aranha vive nas florestas primárias da Amazônia. No Brasil, ocorre do leste do Rio Negro ao norte do Rio Amazonas. Possui esse nome por causa de seus membros acentuadamente longos e finos, que lembram os de uma aranha. Seu pelo escuro varia de preto a castanho. As fêmeas se diferenciam por apresentarem uma pele avermelhada pendurada na parte traseira. Animal de hábitos diurnos e arborícola, raramente desce ao solo. Habita o topo das árvores, onde se movimenta com grande rapidez. Ao saltar entre os galhos, é capaz de vencer vãos de mais de 10 m. Grande parte dessa agilidade deve-se à sua cauda preênsil, dotada de grande mobilidade e precisão de agarre. Esse membro, além de sustentar o peso do animal pendurado, também é utilizado praticamente como uma terceira mão. É com a cauda que o macaco-aranha prefere pegar comida e objetos delicados. Vive em bandos de 20 a 40 indivíduos. Sai em busca de alimento de manhã e descansa à tarde. Costuma dormir em grupos, agarrado um ao outro, pela cauda e sempre no topo das mesmas árvores. Pode viver até 20 anos. Nome Científico: Ateles belzebuth Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 42 a 58 cm / peso: de 5,9 a 10,4 kg. Reprodução: gestação de 139 dias, 1 filhote por vez. Dieta: frugívoro herbívoro, alimenta-se de frutos, folhas, brotos e flores. Onde vive: América do Sul, na região da Amazônia, do Suriname e da Guiana Francesa até o Brasil, incluindo Peru, Colômbia e Venezuela. Macaco-aranhaF oto : M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 27 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Lagothrix lagotrichia Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 39 a 58 cm / peso: de 3,6 a 10,2 kg. Reprodução: gestação de 225 dias, nascendo 1 filhote por vez. Dieta: frugívoro herbívoro, alimenta-se de frutos, folhas, sementes e pequenos invertebrados. Onde vive: América do Sul (Brasil, Colômbia, Equador e Peru). Características e hábitos: por causa da “barriguinha” proeminente Macaco-barrigudo – que lhe rendeu o nome popular –, das orelhas pequenas, da pelagem curta e espessa, variando do cinza ao amarelo, o macaco-barrigudo possui uma aparência facilmente reconhecível. Sua longa e forte cauda preênsil apresenta uma placa de pele almofadada, sem pelos, na parte interna, perto da ponta. Extremamente ágil, desloca-se com grande rapidez entre os galhos, realizando verdadeiras acrobacias com seus saltos incríveis. No chão, caminha em posição ereta com a cauda voltada para cima. Animal arborícola de hábitos diurnos, vive em bando de 12 ou mais indivíduos, podendo conter até 70 membros. Grupos grandes costumam se subdividir em 2 ou 3 grupos menores, que se congregam de tempos em tempos. Às vezes, os macacos-barrigudos também se juntam a grupos de macacos-aranha ou bugios.Por ser dócil e calmo, é muito capturado e comercializado clandestinamente como animal de estimação. Isto somado à caça predatória e à destruição de seu hábitat o coloca em risco de extinção. Em cativeiro, existiram animais que viveram por 33 anos. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a 28 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Macaco-prego Nome Científico: Cebus apella Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 35 a 49 cm / peso: de 1,7 a 4,5 kg. Reprodução: gestação de 150 a 160 dias, nasce 1 filhote por vez. Dieta: onívoro, alimenta-se de frutas, artrópodes e pequenos vertebrados. Onde vive: no Brasil, ocorre da Amazônia aos Campos do Sul. América do Sul, do leste dos Andes colombianos e venezuelanos até o Paraguai e norte da Argentina. Características e hábitos: a pelagem do macaco-prego varia do marrom-claro e amarelo-escuro ao preto, na maior parte do corpo, e torna-se mais clara nos ombros e abaixo da barriga. Na cauda, nos pés e nas mãos, os pelos são pretos ou marrom-escuros. Possuem cauda longa e semi-preênsil. Robustos e esguios, os machos chegam a ser cerca de 30% maiores que as fêmeas. Animal inteligente e curioso, o macaco-prego gosta muito de brincar, especialmente quando jovem. Arborícola de hábitos diurnos, habita as partes média e baixa das florestas e, às vezes, desce ao solo para pegar algum alimento ou brincar. Vive em grupos de 8 a 15 indivíduos, liderados por um macho, que é o principal responsável pela segurança de todos contra predadores e invasões do território por outros grupos. Quando ameaçado, o líder emite sons de alerta que chamam a atenção do animal para si, possibilitando a fuga do bando. Os machos jovens costumam deixar o grupo quando atingem a maturidade sexual para procurar novos grupos para cruzar, enquanto as fêmeas têm o costume de passar a vida inteira no mesmo grupo. Na natureza, sua longevidade ainda não é precisamente conhecida, mas, em cativeiro, há registros de animais que viveram até os 45 anos. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 29 Grupo Unico PDF Passe@diante Estado do Rio de Janeiro. Características e hábitos: a juba em torno da cabeça e a pelagem cor de ouro, que brilha sob o sol, renderam-lhe o apropriado nome popular. O mico-leao-dourado é um pequeno primata, de ocorrência restrita às serras costeiras, no Estado do Rio de Janeiro, entre 500 e 100 m de altitude. Além da pelagem exuberante, caracteriza-se pelas mãos e dedos muito compridos e finos, adaptados para pegar insetos e anfíbios, nos ocos e nos troncos e galhos. Vive em grupos familiares e abriga-se em buracos nas árvores, feitos por outros animais. Animal social, porém territorialista, é capaz de lutar até a morte para defender seu território. Vive até 15 anos. Mico-leão-dourado Fo to: Si na ra Lo pe s V ile la Nome Científico: Leontopithecus rosalia Ordem: Primates Família: Callithrichidae Tamanho: comprimento: de 22 a 28 cm / peso: de 410 a 650 g. Reprodução: gestação de 4 a 5 meses. Nascem 2 filhotes. Dieta: frutos, moluscos, insetos e pequenos vertebrados. Onde vive: Mata Atlântica, no 30 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Leontopithecus chrysopygus Ordem: Primates Família: Callithrichidae Tamanho: comprimento: de 25 a 30 cm / peso: de 540 a 800 g. Reprodução: gestação de 132 a 135 dias. Nascem 2 filhotes. Dieta: insetívoro onívoro, alimenta-se de frutas, insetos, anfíbios, pequenos lagartos, passarinhos e ovos. Onde vive: somente no Brasil, principalmente no interior do Estado de São Paulo e na Mata Atlântica. Características e hábitos: apesar de ser menos conhecido ou lembrado pela maioria das pessoas do que o mico-leão-dourado, o mico-leão-preto é considerada a espécie mais ameaçada de extinção do País. Grupos grandes desse primata existem somente em algumas poucas unidades de conservação no interior do Estado de São Paulo, como a do Morro do Diabo. No Brasil, além do mico-leão-preto, o gênero Leontopithecus, dos chamados micos-leões, comporta mais 3 espécies: mico-leão- dourado (L. rosalia), mico-leão-da-cara-dourada (L. chrysomelas) e mico-leão-da-cara-preta (L. caissara), diferentes entre si pela coloração do pelo. Pequenos e com dedos extremamente finos e compridos, os micos- leões caracterizam-se pela exuberante pelagem, especialmente farta na região da cabeça e do pescoço, que lhe confere uma espécie de juba (daí o nome popular). Uma curiosidade dessa espécie de primata diz respeito ao trato com os filhotes. Aqui, quem cuida da cria é o macho. A mãe só fica com o recém-nascido junto ao ventre nos primeiros quatro dias. Depois disso, é o pai quem o carrega o tempo todo, cuida, limpa e penteia. A mãe só pega o pequeno, a cada 2 ou 3 horas, para amamentá-lo. Mas mesmo durante esses intervalos, que duram cerca de 15 minutos, o pai costuma ficar sempre por perto. Usualmente monogâmico, o mico-leão-preto é uma espécie social. Passa a maior parte do tempo com seu grupo familiar, formado, geralmente, pelo casal e a prole das últimas 2 ou 3 crias. Mesmo depois de se tornarem independentes, os filhotes costumam permanecer com o grupo familiar até atingirem a maturidade sexual, aos 16 ou 20 meses. Na natureza, vivem cerca de 15 anos. Mico-leão-preto Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 31 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Brachyteles acrachnoides Ordem: Primates Família: Cebidae Tamanho: comprimento: de 46 a 63 cm / peso: de 12 a 15 kg. Reprodução: gestação de 7 a 8 meses, nascendo 1 filhote. Dieta: frugívoro herbívoro, alimenta-se de frutos, brotos e folhas, sementes e frutas. Onde vive: no sudeste do Brasil, exclusivamente na Mata Atlântica. Características e hábitos: espécie exclusiva da Mata Atlântica, do sudeste brasileiro, o mono-carvoeiro é o maior primata das Américas e está seriamente ameaçado de extinção. O nome popular vem da cor de sua face, mãos e pés: negros, como os dos trabalhadores das minas de carvão. Animal arborícola de hábitos diurnos, vive em grupos de 8 a 42 indivíduos. Quando enconcontram árvores carregadas de frutos, ele costuma permanecer vários dias no mesmo local. Diferente dos demais primatas, são as fêmeas que copulam com diversos machos, usandoo rabo para brincar ou fugir do adversário. Vive até 20 anos. Outros nomes: mono-carvoeiro. Muriqui Foto: Manoel Carvalho, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a 32 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Sa gu i-d e- tuf o-b ra nc o Nome Científico: Callithrix jacchus Ordem: Primates Família: Callithrichidae Tamanho: comprimento: de 19 a 25 cm / peso: de 261 a 323 g. Reprodução: gestação de aproximadamente 150 dias, com cria de 1 a 3 filhotes. Dieta: gomívoro onívoro, alimenta-se de frutos, insetos e goma das árvores. Onde vive: na Mata Atlântica, mas está sendo introzido em outras regiões do País. Características e hábitos: de corpo pequeno e frágil, o mico-estrela possui uma pelagem cinza com tons de marrom, cortada por tiras transversais mais claras nas costas. É caracterizado pelos tufos de pelo claro próximo às orelhas. Animal arborícola de hábitosdiurnos, o mico-estrela passa o dia procurando comida pelos galhos das árvores. Apesar de se movimentar com agilidade entre os ramos, evita pular de uma árvore para a outra. O sagui-de-tufo-branco, assim como outras espécies de micos e saguis, é poligâmico. A fêmea geralmente cruza com diversos machos. Vive em bando de 2 a 13 indivíduos, que pode incluir subgrupos compostos de 2 machos e uma fêmea, que se unem para acasalar e cuidar das crias. Os filhotes geralmente nascem aos pares e são relativamente grandes. Juntos, pesam cerca de 40% do peso da mãe e, por isso, os machos ajudam as fêmeas a carregar os pequenos. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 33 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Pteronura brasiliensis Ordem: Carnivora Família: Mustelidae Tamanho: comprimento: de 1 a 1,2 m / peso: de 24 a 34 kg. Reprodução: gestação de 65 a 70 dias, nascendo de 1 a 5 filhotes. Dieta: piscívoro, alimenta-se principalmente de peixes e moluscos. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pantanal. América do Sul, desde a Colômbia e Venezuela até o norte da Argentina. Características e hábitos: a ariranha é uma espécie de mustelídeo – família de carnívoros, que inclui a irara e o furão, entre outros – exclusiva da América do Sul. Muito parecida com a lontra, diferencia- se desta por ter uma pelagem marrom mais escura, que fica quase preta quando molhada, e por apresentar uma característica mancha branco- amarelada que sobe do peito até o queixo. Animal semi-aquático, de hábitos diurnos, vive próximo às margens de rios e lagos, onde constrói suas tocas sob barrancos e raízes de árvores ribeirinhas. Sua adaptação ao meio aquático inclui pés grandes, com membranas entre os dedos, e uma longa e musculosa cauda achatada, que lhe dá grande impulso dentro d’água. Piscívoro e excelente nadador, a ariranha mergulha com precisão para capturar seus peixes, que carrega para comê-los em terra firme. Apesar de ser territorialista, é um mamífero altamente social. Monogâmico, vive em grupos familiares de cinco a oito indivíduos, formados geralmente por um casal e várias gerações de filhotes. A reprodução da ariranha é mais conhecida em cativeiro do que na natureza. Sabe-se que ela comumente ocorre entre o fim da primavera e início do verão, mas que algumas vezes pode se dar em qualquer outra época do ano. A fêmea fica no cio por um período de aproximadamente vinte e um dias e o acasalamento se dá dentro d’água. Os filhotes nascem com os olhos fechados e pesando entre 170 e 230 gramas. Abrem os olhos depois de um mês de vida, quando começam a acompanhar os pais em incursões além da área do abrigo familiar, e tornam-se totalmente independentes por volta dos nove ou dez meses de idade. Vivem entre 10 e 13 anos. Ariranha Foto: Manoel Carvalho, no Parque Zoo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a 34 - Guia de Animais Brasileiros C a r n í v o r o s 5 f a m í l i a s , 2 0 g ê n e r o s , 2 6 e s p é c i e s Grupo Unico PDF Passe@diante Onde vive: no Brasil, ocorre na Mata Atlântica, na caatinga, no cerrado, no Pantanal e nos Campos do Sul. América do Sul, desde o sudeste da Bolívia e Paraguai até o norte da Argentina e Uruguai. Características e hábitos: de rabo peludo e focinho comprido, o cachorro- do-mato é um animal de hábito diurno. Marca seu território com as fezes e com a urina e forma grupos de, geralmente, 5 indivíduos. Quando vive perto de áreas habitadas pelo homem, é comum atacar criações de aves domésticas, o que o torna indesejado pelos fazendeiros. Também costuma ser visto em beiras de estradas, onde procura por restos de animais atropelados, o que acaba, muitas vezes, causando a sua própria morte. Vive até 10 anos. Nome Científico: Cerdocyon thous Ordem: Carnivora Família: Canidae Tamanho: comprimento: de 59 a 76 cm / peso: de 3,6 a 7,9 kg. Reprodução: gestação de 52 a 59 dias, nascendo de 2 a 5 filhotes. Dieta: carnívoro, alimenta-se de pequenos mamíferos, aves, répteis, insetos e frutas. Cachorro-do-mato Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 35 Grupo Unico PDF Passe@diante Cachorro-do-mato-vinagre Nome Científico: Spheotos venaticus Ordem: Carnivora Família: Canidae Tamanho: comprimento: de 61 a 75 cm / peso: de 5 a 7 kg. Reprodução: gestação de 67 dias, nascendo de 1 a 6 filhotes. Dieta: estritamente carnívoro (o mais carnívoros dos canídeos), alimenta-se de pequenos e médios mamíferos, aves e peixes. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pantanal. América Central e do Sul, desde o Panamá até o nordeste da Argentina. Características e hábitos: caracteriza-se pela coloração parda, com tom ruivo- avermelhado acentuado na região do dorso, do pescoço e da cabeça, e pelas pernas e focinho curtos. Animal que pode ser considerado semi-aquático por alguns estudiosos, por nadar e mergulhar com grande facilidade. De hábito diurno, à noite recolhe-se em tocas nos troncos de árvores. Visto como uma das espécies mais sociais entre os canídeos sul-americanos, geralmente anda em grupos de 4 a 7 indivíduos, mas também pode viver solitário. Suas presas preferidas são roedores, como cutias e pacas. Em grupo, pode abater presas bem maiores que ele, como capivaras, por exemplo. Considerada uma espécie monogâmica, o cachorro-do-mato-vinagre não apresenta ciclos sazonais de reprodução. A fêmea pode ter uma nova cria a cada 235 dias, aproximadamente. Os filhotes nascem de cor preto-acinzentada e costumam ficar, de 4 a 5 meses, sob os cuidados da mãe. Enquanto a fêmea está tratando os pequenos, é o macho quem busca a comida para o casal. O cachorro-do-mato-vinagre é altamente “vocal” e costuma usar sons altos e agudos e diversos tipos de latido para localizar membros de seu grupo na floresta. Fo to: M an oe l C arv alh o, na To ca da R ap os a 36 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Leopardus wiedii Ordem: Carnivora Família: Felidae Tamanho: comprimento: de 56 a 71 cm / peso: de 3 a 9 kg. Reprodução: gestação de 80 a 84 dias, nascendo, geralmente, apenas 1 filhote. Dieta: carnívoro, alimenta-se de pequenos mamíferos terrestres e arborícolas, pássaros e répteis, mas, também, de insetos e de frutas. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica, no Pantanal e nos Campos do Sul. Na América Central e do Sul, também é encontrado. Características e hábitos: de porte pequeno e com pelagem amarelo-escura na maior parte do corpo, salpicada de manchas que se espalham longitudinalmente da cabeça até a cauda, o gato-maracajá é semelhante a um gato comum, com pele de jaguatirica. Animal arborícola e terrestre, como muitos felinos, movimenta-se nas árvores com agilidade peculiar e rapidez. Graças às suas patas traseiras, dotadas de uma articulação capaz de rotacionar até 180º sobre si mesma, o gato-maracajá consegue descer dos troncos com a cabeça voltada para baixo, enquanto a maioria dos felinos desce com a cabeça para cima, deslizando. Tal habilidade lhe permite caçar presas que habitam as árvores, como alguns roedores e aves. Chegam à maturidade sexualpor volta dos 2 anos e os machos são maiores que as fêmeas. Gato-maracajá Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a Guia de Animais Brasileiros - 37 Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Procyon cancrivorous Ordem: Carnivora Família: Procyonidae Tamanho: comprimento: de 54 a 65 cm /peso: de 3 a 7,7 kg. Reprodução: gestação de 60 a 73 dias, com ninhadas de 2 a 7 filhotes, em média de 3 a 4. Dieta: frugívoro onívoro, alimenta- se de moluscos, peixes, alguns insetos, anfíbios e frutas. Onde vive: no Brasil, ocorre nos cinco grandes biomas, da Amazônia aos Campos do Sul. América Central e do Sul, da Costa Rica ao norte da Argentina. Características e hábitos: os guaxinins são encontrados em vários hábitats e se adaptam facilmente a qualquer lugar onde houver água, comida e condições para se esconder e fazer suas tocas. Vivem geralmente em locais de vegetação alta e fechada, próximos de rios, pântanos e lagos. A mancha negra em torno dos olhos é sua marca característica. Em espécies que vivem mais ao norte do continente americano, essa mancha costuma se estender até as orelhas. Apresenta pelagem marrom na região dorsal e negra nas patas. A cauda, de pelos fartos, corresponde a 50% do comprimento do corpo. Animal terrestre, de hábitos noturnos e solitário, passa o dia na toca, geralmente em ocos de árvores e sai à noite para procurar comida. Vive e alimenta-se no solo, mas sobe em árvores com facilidade e nada muito bem. Hábil pescador e caçador de caranguejos, come principalmente peixes, crustáceos e moluscos, mas também anfíbios. O guaxinim se reproduz uma vez por ano, entre julho e setembro. Os machos são poligâmicos e cruzam com um grande número de fêmeas. Após um período de gestação que varia de 60 a 73 dias, podem nascer de 2 até 7 filhotes numa ninhada, mas o mais comum é nascerem entre 3 e 4. Os pequenos guaxinins nascem de olhos fechados e sem dentes. Os olhos se abrem a partir da terceira semana, quando também começa a aparecer a característica mancha em torno dos olhos. Os filhotes de ambos os sexos tornam-se independentes a partir dos oito meses e sexualmente adultos com cerca de um ano de idade. Na natureza vivem em média cinco anos, sendo a estimativa máxima de vida selvagem de aproximadamente 14 anos. Em cativeiro, há registro de um animal que viveu até 20 anos. Outros nomes: mão-pelada. Guaxinim Foto: Manoel Carvalho, na T oc a d a R ap os a 38 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Eira barbara Ordem: Carnivora Família: Mustelidae Tamanho: comprimento: de 56 a 71 cm / peso: de 2,7 a 7 kg. Reprodução: gestação de 63 a 70 dias, com ninhada de 2 a 3 filhotes. Dieta: carnívoro, alimenta- se de pequenos vertebrados, especialmente roedores e insetos, mas também de frutas e mel, tanto que, em lugares do Brasil, também é chamada de “papa-mel”. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado, no Pantanal e na Mata Atlântica. América Central e do Sul, do Irara México ao Norte da Argentina. Características e hábitos: do tamanho de um cachorro médio, a irara apresenta pescoço e cauda bem compridos. A cor da pelagem costuma variar conforme a região de ocorrência, mas é, geralmente, marrom-escuro. A cabeça é robusta, coberta de pelos mais pálidos que o corpo, e as orelhas pequenas e arredondadas lhe conferem uma certa “aparência humana”. Tanto que, em alguns lugares da América do Sul, a irara é também chamada de “cabeza de viejo”, que significa cabeça de velho. Apesar de ser um animal terrestre e arborícola, movimenta melhor nas árvores do que em terra e, quando se sente ameaçada, solta um curto latido e corre para a árvore mais próxima, para se proteger. Normalmente de hábitos diurnos, quando vive próxima a habitações humanas, pode adotar costumes crepusculares. A irara geralmente anda sozinha, ou aos pares. Mas, às vezes, também pode ser encontrada em grupos pequenos, de 3 a 4 indivíduos. Na hora de dormir, procura abrigo tanto nas árvores como em tocas na terra, feitas por outros bichos. Pouco se conhece sobre a reprodução das iraras, como a época exata de acasalamento e dos nascimentos, por exemplo. Fo to: M an oe l C arv alh o, na To ca da R ap os a Guia de Animais Brasileiros - 39 Grupo Unico PDF Passe@diante Jaguatirica Nome Científico: Leopardus pardalis Ordem: Carnivora Família: Felidae Tamanho: comprimento: de 0,8 a 1,3 m / peso: de 7 a 15 kg. Reprodução: gestação de 70 a 85 dias, ninhada de 1 a 4 filhotes. Dieta: carnívoro, alimenta-se de aves, répteis e mamíferos de pequeno e médio porte. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado, na Mata Atlântica e no Pantanal. Também nas Américas do Norte, Central e do Sul, do Texas ao norte da Argentina. Características e hábitos: a jaguatirica é o terceiro maior felino do Brasil, ficando atrás apenas da onça-pintada e da suçuarana. Seu corpo delgado e musculoso apresenta uma pelagem curta, de cor pardo-amarelada, com manchas negras arredondadas, que se torna esbranquiçada no ventre e nas patas. A jaguatirica é essencialmente noturna, mas pode adquirir hábitos diurnos em áreas de leve interferência humana ou onde as presas são, em sua maioria, de hábitos diurnos. Animal terrestre, caça e caminha principalmente no chão, mas também sobe em árvores com facilidade. Vive solitária a maior parte do tempo, exceto na época de acasalamento. Fora do período de reprodução e trato dos filhotes, machos e fêmeas ocupam territórios distintos, cujo tamanho pode variar muito conforme as condições do hábitat. Mas a área do macho é sempre maior que a da fêmea. Como são poligâmicos, o território dos machos permeia o de muitas fêmeas. Fo to: M an oe l C arv alh o, no Pa rqu e Z oo lóg ico M un ici pa l Q uin zin ho de B arr os - So roc ab a 40 - Guia de Animais Brasileiros Grupo Unico PDF Passe@diante Nome Científico: Potos flavus Ordem: Carnivora Família: Procyonidae Tamanho: comprimento: de 39 a 55 cm / peso: de 2 a 3,2 kg. Reprodução: gestação de 98 a 120 dias, nasce 1 filhote por vez. Dieta: frugívoro onívoro, alimenta- se de frutas, insetos, pequenos animais, ovos e mel. Onde vive: no Brasil, ocorre na Amazônia, no Cerrado e na Mata Atlântica. América Central e do Sul. Características e hábitos: do tamanho aproximado de um gato doméstico, só que mais robusto e com a cauda bem mais forte e comprida, o jurupará também é chamado equivocadamente em alguns lugares de macaco-da-noite. Sua semelhança com os macacos, no entanto, diz mais respeito a seus hábitos e comportamentos, que à sua forma e aparência em si. Ele se movimenta com grande agilidade entre os galhos e é capaz de ficar um largo tempo pendurado por sua potente cauda preênsil, enquanto apanha algum alimento. Da ordem dos carnívoros, ele não tem nenhum parentesco com os primatas, e pertence à família dos procionídeos, a mesma do quati e do guaxinim. Animal estritamente noturno e arborícola, o jupará passa o maior tempo de sua vida no topo das árvores, apesar de também se movimentar bem no chão. Dorme o dia todo em sua toca, geralmente feita no oco de um tronco, e não desperta enquanto houver luz. Ao anoitecer sai em busca de comida. Alimenta- se principalmente de frutas e insetos, mas também preda pequenos animais, principalmente pássaros. Ovos e mel também são complementos de sua dieta. Em cativeiro, come de tudo e tem uma queda por alimentos e bebidas doces, podendo até se embriagar de licor. São animais solitários a maior parte do tempo, exceto as fêmeas quando estão