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AULA I TRICOMONOSE E CAMPILOBACTERIOSE GENITAL BOVINA Hoje vamos começar falando um pouquinho sobre as doenças da reprodução, foco principalmente no bovino. E ai, mais uma vez, gostaria de lembrá-los quanto a importância da tríade epidemiológica. Aqui mais uma vez se faz muito importante que nós nos atentemos para a importância daqueles três elementos que destacamos dentro da tríade: o ambiente, o animal e os agentes. Basicamente, aquelas combinações todas que fizemos com relação as síndromes são válidas aqui. Vamos ver que entre os agentes infecciosos e parasitários, são vários. A gente vai ver que entre os fatores ambientais também são vários, inclusive entrando e afetando a reprodução, que é o estresse térmico que atrapalha a fisiologia do trato respiratório. A gente vai comentar de fatores relacionados com o próprio animal, por exemplo, a idade dos animais, imunologia e consanguinidade. Mais uma vez estamos lidando com uma doença de cunho multifatorial e é muito comum o colega chegar na minha sala e falar “ó professor to com um problema lá na fazenda, ta ocorrendo aborto”, ai eu falo “tá, mas o normal seria não ocorrer”. Mas eu quero saber o seguinte: “qual a taxa de abortamento que está acontecendo lá? Repetindo cios como? Em intervalos regulares ou irregulares? Quais os animais que estão repetindo cios? São as vacas primíparas, multíparas ou todo mundo? O seu sistema é monta natural ou inseminação artificial?”. Então com essas colocações eu quero mostrar pra vocês o seguinte, o problema é multifatorial, eu tenho que ter uma visão muito ampla do que está acontecendo na propriedade pra gente conseguir chegar a um diagnóstico. Eu já vi problema desses dois agentes que vamos trabalhar, o campylobacter e trichomona, e na verdade o problema dele era essencialmente o manejo. Tinha falha na detecção de cios e falha na inseminação. Olha pra você ver, estava usando sêmen, foi veterinário, não foi qualquer um não. O veterinário foi la na minha sala e falou que achava que tinha trichomonas e campylobacter, porque os animais estavam repetindo cio em intervalos aumentados. Tem que tirar as viseiras, não necessariamente porque a vaca abortou que é doença, as vezes é estresse térmico, as vezes é outro quadro infeccioso, não tem nada ver com problema reprodutivo. Por exemplo, um animal que teve febre alta, devido a uma mastite aguda. As vezes pode ser por tratamento, antiinflamatório esteroidal. Então estamos diante de um problema multifatorial, o anormal seria se a gente não tivesse uma repetição de cio, se a gente não tivesse abortamento nas propriedades. A gente tem que trabalhar, ter monitoramento pra ver se aquilo foge ou não da normalidade. Tem taxa de abortamento 5% - 10% são normais de acordo com a literatura. No Brasil a gente trabalha pra gado de corte com taxa de abortamento normal de 5%. São duas doenças abordadas em conjunto, porque como veremos a epidemiologia, controle e tratamento são muito semelhantes. CONCEITO: Doenças infecto-contagiosas de transmissão geralmente venérea que têm como principal característica a repetição de cios em intervalos irregulares, em bovinos submetidos à monta natural. Então gente essas duas doenças são consideradas venéreas da reprodução. Tipicamente venéreas, porque as outras que vimos também podem ter transmissão venérea, mas é exceção não é regra, já essas aqui a regra é transmissão venérea através da monta natural. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: tem uma série de estudos que pontuam a importância desses dois agentes. Aqui no Brasil nós temos uma descontinuidade muito grande de trabalhos a respeito desses dois vilões. Existe um certo modismo em termos de diagnóstico de doenças, então esses dois agentes caíram de moda. Então tem pouquíssimos estudos/trabalhos relatando e enfocando a importância deles, mas o que a literatura traz pra gente e que a gente tem a oportunidade em observar em situação de campo é o seguinte, quando esses dois agentes, um ou dois agentes estão presentes em determinado rebanho os animais repetem cios (e a repetição de cio aqui repete de forma interessante, tem intervalo aumentado, as vezes 28, 35, 42 dias). Essa repetição de cio em intervalos aumentados é uma característica marcante, as vezes a vaca fica repetindo cio durante 3-6 meses consecutivos, ao final desse período a vaca recupera a fertilidade (imunidade protetora), não é 100%, porque 5 – 10% delas podem apresentar complicações mais sérias. Então isso já causa um grande problema, imagina no gado de corte, a vaca 6 meses vazia, comendo de graça. No gado leiteiro, o problema é parcialmente compensado, principalmente quando lida com animais especializados devido a persistência leiteira. Dai que advem o grande impacto de associar essas duas doenças, essa falência reprodutiva do rebanho, reduzindo a produção de leite, carne, bezerros. ETIOLOGIA Campilobacteriose: Campylobacter fetus subsp. venerealis Tricomonose: Tritrichomonas foetus Então temos um agente bacteriano e um protozoário. Na inseminação o risco é bem menor, porque os touros são monitorados pra esses agentes. Os dois resistem ao processamento do sêmen, porque no processo de congelamento são adicionados crioprotetores. Esses crioprotetores que protegem as células espermáticas, protegem também o protozoário e a bactéria, mesmo adicionando antibióticos. Porque como coloca o antibiótico e congela logo em seguida, o microrganismo não vai ter acesso ao antibiótico e ele não tendo metabolismo ele não entra em contato com o antibiótico presente no sêmen e não sofre os efeitos tóxicos daquele antimicrobiano. ASPECTOS ETIOLÓGICOS: o Tritrichomonas tem 3 flagelos polares de formato piriforme e tem outro flagelo polar. Essas ondulações/dobrinhas são chamadas de membrana ondulante. Então pela combinação dos movimentos dos flagelos, o flagelo polar e os 3 flagelos anteriores dessa membrana ondulante tem um movimento meio desengonçado, movimento bem peculiar. É baseado na observação da morfologia dessa movimentação que nós damos o diagnostico hoje para essa doença. Aqui o Campylobacter no meio seletivo de carvão. É uma bactéria GRAM – que formam colônias mucoides, pequenas, não hemolítica quando usado o ágar sangue e quando faz o gram ele tem um arranjo característico de forma de asa delta. É uma bactéria curvilínea que quando se multiplica projeta uma filhotinha que fica do lado parecendo então a asa delta. O termo Campylos quer dizer curvo, vem do grego. São dois agentes muito chatos em termos de requerimento para a questão de isolamento. Isso significa o fato de ter poucos estudos. DISTRIBUIÇÃO: Mundial – Principalmente nos países que utilizam a monta natural, tais como, Austrália, Argentina e Brasil. Qual o índice de monta natural no Brasil? Ninguém sabe ao certo, mas dizem em 90%. TRANSMISSÃO Principalmente pela monta natural; Inseminação artificial quando houver falha no monitoramento do sêmen dos doadores (raridade); Homossexualismo – sodomização: pode também ter importância na doença, principalmente em estação de monta em gado de corte. No sistema de estação de monta o touro vai ser utilizado 3 - 4 vezes no ano, depois ele fica lá na solidão, junto com os outros touros. Ai tem um touro passivo que aceita a monta havendo então a transmissão mecânica do agente. Fomites: pode ocorrer também a transmissão atrogênica quando o veterinário vai fazer avaliação ginecológica e leva material só pra duas, ai vai usando em outras e disseminando a doença. Vagina artificial, coleta de sêmen... IMPORTÂNCIA DO TOURO: tem importância gritante nessas duas doenças, porque ele é completamente assintomático. Então o touro é um portador são, ele transmitesilenciosamente para as fêmeas que venham a cobrir. Esta é a grande importância dele, ele não possui nenhuma lesão, não produz anticorpos contra os dois agentes então não tem jeito de fazer sorologia para identificar se está positivo ou não. RESERVATÓRIOS: o reservatório do Tritrichomonas foetus que causa problema na reprodução é o bovino e o reservatório do Campylobacter fetus é o bovino. Mas no caso da tricomonose já se descobriu que suínos e felinos também podem ser infectados, só que de tipos genéticos diferentes do agente. Então lá nos suínos não tem implicação reprodutiva, ele é um agente comum do TGI do suíno, é um saprófita. O de felinos acomete animais jovens causando caso diarreico. TRICOMONOSE FELINA: aqui pra ilustrar pra vocês, essa literatura que diz que de gatos e bovinos são geneticamente diferentes. DADOS SOBRE A TRICOMONOSE BOVINA NO BRASIL O que tanto acontece hoje com relação a essas duas doenças? Não tem um estudo mais amplo, até tem pra Campilobacteriose, mas no geral são pequenos estudos. São doenças endêmicas no nosso rebanho e que tem recebido pouca atenção. Então, no caso da Tricomonose, se especula ai algo em torno de 20% de prevalência. Bem semelhante aos dados de Campilobacteriose. DADOS SOBRE A CAMPILOBACTERIOSE GENITAL BOVINA NO BRASIL O mais interessante é o ultimo, que foi realizado em 2001 pelo grupo de pesquisadores da UFMG que trabalham intensamente com as doenças da reprodução. E ai nesse trabalho eles fizeram um estudo de prevalência em grandes rebanhos de corte desses estados citados. Utilizando a técnica de imunofluorescência eles observaram 18,8% de touros positivos e 100% das propriedades positivas. Trabalharam com mais de 200 grandes rebanhos. PATOGENIA O touro é um portador são, não tem nenhuma lesão associada a infecção comum desses 2 agentes. Nas fêmeas observamos vaginite pós-monta (5 – 7 dias) e normalmente o touro infectado ao cobrir a vaca não impede que haja concepção. Principalmente no primeiro serviço que culmina com a infecção. Então, não ocorre uma interferência com a concepção. Normalmente o que acontece é o seguinte, a cervix está aberta, mas o mecanismo de defesa do útero, no momento do estro, estão muito intensos. Os agentes tentam invadir o útero, mas não conseguem, só vão invadir o útero posteriormente, após fim do estro, em que já ocorreu a concepção e o embrião ainda não migrou, está no leite uterino. A nidação vai ocorrer 10-12 dias após a concepção. Ela não corre de imediato, porque esse movimento do embrião é importante para o reconhecimento gestacional. O animal pode ter endometrite, se o ambiente uterino está inadequado para fazer a fixação embrionária, o embrião não fixa e morre. Nesse caso o animal repete cios em intervalos normais. Agora se ocorrer a nidação e ele ficar resistindo heroicamente ali até morrer, quando ele morre o animal acaba absorvendo esse embrião e repetindo cios em intervalos aumentados, o que caracteriza normalmente essas duas doenças. Pode ocorrer eventualmente também morte fetal mais tardia por volta do 5-6 mês de gestação. Isso ocorre com frequência de 10-15% dos casos. Então a taxa de abortamento é pequena, 10-15% dos casos que é um abortamento no 1/3 médio de gestação diferente da maior parte dos outros agentes normalmente causam no 1/3 final da gestação. A literatura coloca pra nós que algo em torno de 5-10% das fêmeas infectadas podem funcionar como carreadoras desses agentes no rebanho. Ou seja, elas tem imunidade que protege o ambiente uterino das mesmas contra o abortamento/morte embrionária, mas elas são portadoras que podem transmitir pra todos que vierem cobri-las, sendo importante na epidemiologia da doença. IMUNIDADE NATURAL: para fêmeas em ambas as doenças, elas recuperam normalmente após 3-6 meses. Já nos machos não tem imunidade nenhuma. Se o agente não agride, ele não induz imunidade. Então, no trato reprodutivo do macho esses dois agentes se comportam como saprófitas. Vivem ali se alimentando de células mortas, muco e na condição de saprofitismo sem causar lesão, sem indução de imunidade. IMUNIDADE VACINAL: pode ser induzida tanto pra um quanto pra outro. Em ambos agentes a vacina pode funcionar preventiva ou terapeuticamente. MANIFESTAÇÃES CLÍNICAS Repetição de cios é a característica maior, que tem intervalos aumentados e irregulares. A segunda mais importante são os abortos. A vaginite está presente nas duas, mas não tem uma frequência, as vezes passa até despercebido. Pode ter vulvaginite, mas discreto. Fetos macerados são fetos que morrem dentro do útero e entram em processo de autólise. Aqui podemos ver um animal com corrimento vaginal. Se analisar por dentro a mucosa estará hiperêmica e com pústulas. Pode ser qualquer uma das duas doenças. DIAGNÓSTICO: pode ser clinico e epidemiológico. Quando que vou suspeitar dessas doenças na minha propriedade? Quando tiver monta natural, primeira condição. Segunda condição, taxa de aborto, mas principalmente a repetição de cios em intervalos aumentados e irregulares. Então na anamnese pode ser feitas alguma perguntas: introduziu o animal adulto no rebanho? Vacina o rebanho, contra o que? Então traça um padrão pra tentar elucidar a causa do problema. E não se iludam, as vezes tem um pouquinho de cada coisa. A presença de um agente não exclui o outro. Então estabelece esse diagnostico clínico e epidemiológico. Depois confirma com os exames de laboratório. Para fazer o diagnostico de laboratório pode utilizar o isolamento que serve para os dois agentes. Os meios que são utilizados para coleta em amostra de material são chamados de meios de enriquecimento e transporte (TEM). Esses agentes são microrganismos chatos, se não der um meio adequado pra eles, eles morrem. Então, precisa usar o TEM pra fazer o diagnóstico quando a técnica utilizada for o isolamento, porque precisa do agente viável. Ainda pra tricomonose pode utilizar de meios específicos só pra manutenção, mas são meios utilizados no laboratório quando vai trabalhar sem ser com isolamento do agente. No caso do isolamento, não basta isolar o Campylobacter, porque tem varias espécies precisa fazer a caracterização bioquímica do isolado. No caso do Tritrichomonas, se você isolou naqueles meios comentados, você vai observar a morfologia microscópica do agente dos sedimentos, ai vai dar o diagnostico positivo ou negativo. Pode utilizar também da imunofluorescência direta, que é muito utilizada para o Campylobacter que funciona muito bem. Pode-se utilizar os testes moleculares para o Tritrichomonas e Campylobacter, eles funcionam muito bem. AULA II CONTINUAÇA O... DIAGNÓSTICO: As ferramentas que temos hoje são basicamente o isolamento que serve para os dois agentes, que necessitam de meios de enriquecimento. Para a Trichomonose, utiliza-se o meio de Rieck. Para a Campylobacteriose genital bovina utilizamos o meio de transporte de Skirrow. Para a manutenção em laboratório usamos os meios (não consigo entender de jeito nenhum, mas ele disse que não precisa decorar). Só precisamos saber que se quiser isolar Campylobacter ou Trichomonas necessita de um meio de transporte e enriquecimento. Uma vez isolado o Campylobacter é necessário fazer uma diferenciação entre as principais espécies, principalmente as que podem estar presentes como contaminantes. COLETA DO MATERIAL PARA DIAGNÓSTICO: Pode ser utilizado o muco cérvico-vaginal da fêmea, conteúdo estomacal de fetos abortados e lavado prepucial do reprodutor. Material deve ser reservado em frasco âmbar ou envolvido em papel alumínio. Como são doenças venéreas da reprodução, o touro é sempre um bom indicador.OUTROS MÉTODOS EMPREGADOS NO DIAGNÓSTICO DAS DOENÇAS Mucoaglutinação: aglutinação do muco cervical das fêmeas. ELISA, PCR (convencional, em tempo real e em ninho) PCR em tempo real tem maior sensibilidade diagnóstica. PCR em ninho é uma associação de duas PCRs, uma com menor especificidade e a segunda é mais específica. DIAGNÓSTICOS DIFERENCIAIS Problemas decorrentes de falhas de manejo: falha na detecção do cio, infertilidade ou subfertilidade do touro, estresse térmico, doenças infecciosas e parasitárias. Neosporose Leptospirose Brucelose BVD e IBR TRATAMENTO Campylobacteriose Vacinoterapia (ação preventiva e curativa): duas doses (1ª dose no dia 0, 2ª dose no dia 21 ao dia 30, reforço anual). No caso de animais já infectados a resposta imune é antecipada e a fertilidade pode ser recuperada mais precocemente. Antibioticoterapia: aplicação local e sistêmica de Di-hidroestreptomicina. Machos: 25mg em dias alternados via parenteral IM; diariamente deve ser feita uma sedação a fim de fazer infusão local no trato genital de 5g do pó misturado em creme neutro durante 5 dias. Fêmeas: normalmente só é feita a vacinação e repouso sexual. Trichomonose Dimetridazole 70 a 100 mg por kg/pv, durante 7 dias, VO. Problema dessa medicação: mata os protozoários do rúmen causando timpanismo. Acriflavina, uso tópico no trato reprodutor de machos durante 5 dias consecutivos. Fêmeas: repouso sexual de 90 a 120 dias. CONTROLE E PROFILAXIA Cuidados na reprodução do rebanho, principalmente na introdução de animais adultos priorizando a compra de novilhas virgens; Cuidados com manutenção de cercas impedindo mistura de rebanhos; Cuidados com utilização de touros de repasse (são usados para emprenhar vacas que não têm sucesso em inseminação artificial); Tratamento ou descarte de animais infectados com antibióticos e vacinação; Utilização de estação de monta: a estação de monta é concentrada no período de dezembro a março, ou seja, a duração é limitada e o contato sexual também. As fêmeas que saem vazias da estação de monta provavelmente têm problemas e são descartadas, o que acaba selecionando; Utilização de touros virgens para novilhas, que têm menos probabilidades de estarem infectados; Vacinação em idade reprodutiva; Implementação de inseminação artificial, pois são doenças transmitidas por monta natural. BRUCELOSE DEFINIÇÃO: Doença infecto contagiosa provocada por bactérias do gênero Brucella, que acometem mamíferos silvestres e domésticos causando manifestações predominantemente reprodutivas. Hoje são conhecidas 12 espécies. Nos bovinos a doença é conhecida como “aborto contagioso” e “aborto infeccioso”, observando a conotação reprodutiva. Nos seres humanos conhecida como “febre ambulante” ou “febre de Malta”, caracterizada por picos febris. Nos ovinos é conhecida por “epididimite ovina”. Nos equídeos “mal de nuca”, “mal da cruz” e “mal da cernelha”, por que tende a formar abcessos na região do ligamento nucal, próximo ao atlas, ou na região da cernelha. ESPÉCIES Brucella abortus – principalmente bovinos, com patogenicidade moderada para o homem; Brucella canis – acomete canídeos, com fraca patogenicidade para o homem; Brucella ceti – isolada de cetáceos, mamíferos aquáticos. Poucos casos de infecções em homens, mas é virulenta; Brucella militenses – preferencialmente caprinos e alternativamente os ovinos, é a mais virulenta para a espécie humana; Brucella neotomae e microti – isoladas de roedores, não há relatos de casos humanos; Brucella ovis – ovinos, não é virulenta para o ser humano; Brucella suis – suínos e roedores silvestres, dependendo da biovariedade pode ser extremamente virulenta para o ser humano. São várias espécies de Brucella em que cada uma delas tem uma certa especificidade, mas é relativa, pois podem infectar humanos. Bovinos podem ser infectados pela B. abortus, B. militensens e B. suis. IMPORTÂNCIA NA PECUÁRIA A brucelose bovina é preocupante, devido a problemas reprodutivos no rebanho. Ao entrar no rebanho, causa epidemias de abortos. No caso dos ruminantes em geral causa queda na produção de leite e de carne, desvalorização comercial do rebanho. Animais infectados tem redução do tempo de vida produtiva por que o animal deve ser descartado. Restrições comerciais, barreiras sanitárias. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA Diferentes espécies de Brucella com potencial zoonótico – associação da infecção por Brucella de acordo com a atividade ocupacional do indivíduo. As atividades de maior risco englobam veterinários, zootecnistas, tratadores, funcionários de abatedouros e laboratórios de diagnóstico, etc. Leva ao comprometimento da capacidade reprodutiva também em seres humanos; Gastos com tratamento, pois é caro e longo. Tem muitos efeitos colaterais e pode deixar sequelas; Quadro clínico extremamente variável, com sinais heterogêneos (a mais virulenta para o homem é a B. militenses seguida pela B. suis). RESISTÊNCIA As Brucellas tem uma resistência ambiental considerável, podem permanecer viáveis no ambiente por várias semanas ou até alguns meses, principalmente se protegidas de luz solar direta e em ambientes úmidos. Além disso, tem grande resistência nos produtos de origem animal como, por exemplo, em carne congelada, leite, queijo e manteiga. Em luz solar direta pode permanecer viável por 4 a 5 horas. Com sol em ambiente úmido por até 66 dias. Em baixas temperaturas por 151 a 180 dias. Fezes: 120 dias. Água contaminada: até 240 dias. Feto abortado a sombra: 180 dias. Leite in natura: 17 dias. Iogurte: 96 dias. Queijo: 6 meses. Carne congelada: indefinidamente. As brucellas normalmente não resistem ao tratamento térmico (pasteurização, cozimento...). FATORES DE RISCO E SUSCEPTIBILIDADE Espécie animal: especificidade espécie-hospedeiro, embora não seja absoluta; Resistência individual: alguns animais são mais susceptíveis, outros possuem fatores de resistência; Densidade animal: quanto maior a densidade maior o volume de excretas e matéria orgânica onde o microrganismo pode sobreviver e o contato é maior; Sexo: nas espécies animais não tem diferença, mas na espécie humana tem diferença porque existem mais homens trabalhando nas atividades ocupacionais de risco que mulheres; Idade: se um animal é infectado antes da puberdade tem tendência a cura espontânea da infecção, caso não se cure ele é um portador latente (só 5% dos casos). O portador latente tem grande importância na epidemiologia da doença, pois não apresentam anticorpos ou indícios de imunidade decorrentes dessa infecção nem sintomatologia, só vão externar a doença quando entrarem para a reprodução em forma de falhas reprodutivas; Período gestacional: se a vaca se infecta muito precocemente o risco de abortamento é menor, e vai aumentando de acordo com a evolução da gestação; Fluxo de animais na propriedade: cuidado com a aquisição de animais; Atividade ocupacional para o ser humano. EPIDEMIOLOGIA Distribuição: mundial, com maiores prevalências em países em desenvolvimento. Nos países desenvolvidos já foi erradicada ou está em processo de erradicação; Controle através do Programa Nacional de Controle da Brucelose a partir de 2000; Baixa prevalência de focos da doença atualmente nos estados do sul do Brasil; média prevalência em São Paulo, Minas Gerais, Espirito santo e Bahia; alta prevalência no Rio de Janeiro, Tocantis, Goiás; prevalência extremamente altas no Mato Grosso do sul, Mato Grosso e Rondonia -> grande preocupaçãoem relação ao acesso ao mercado internacional, já que áreas muito produtoras ainda têm grande prevalência; Obrigatoriedade da vacinação: reduz os riscos de infecção e principalmente diminui as taxas de abortamento no rebanho (em Santa Catarina já é proibida, pois já foi erradicada a doença). A meta de cobertura vacinal nas áreas de alta e altíssima prevalência é de no mínimo 80%; Animais silvestres também podem ter importância na epidemiologia da doença, atuando como reservatórios, e várias espécies de Brucella tem potencial zoonótico. AULA III CONTINUAÇA O... TRANSMISSÃO: Dentre as principais vias estão a via digestiva – em função da ingestão por leite, colostro e fetos e placentas contaminados; a infecção transplacentária – tem grande importância nas espécies que apresentam manifestação reprodutiva como suínos e bovinos, levando a retenção placentária e abortamento; infecção genital – com contaminação do sêmen tanto pela monta natural como pela IA ( no caso dos bovinos, tem menor importância, tanto que somente as fêmeas são comumente vacinadas – cães e suínos tem maior impacto); e infecção conjuntival ou respiratória que é mais importante nos seres humanos – também considerada doença ocupacional – relacionada com a manipulação do agente em laboratórios de diagnostico, produção de vacinas. É importante salientar o papel dos animais carreadores, que são bezerros precocemente infectados, antes ou ao nascer, que apresentam cura espontânea na ordem de 93- 97%. Os 3% restantes se portam como carreadores latentes uma vez que a brucela não se externa clinicamente, permanecendo latente no tecido linfoide até a maturidade reprodutiva – quando sai do estado de latência para colonizar o útero. A importância desses carreadores está que uma vez diagnosticada a doença na propriedade as vacas são descartadas, mas podem permanecer carreadores não identificados que irão recontaminar o rebanho depois de certo tempo tendo grande importância epidemiológica. SINAIS CLÍNICOS: As matrizes apresentam no primeiro ano expostas ao patógeno um surto de abortos no terço final de gestação – característico da doença, e depois há um processo de equilíbrio zoonótico, onde há desenvolvimento de imunidade uterina com manifestação através de crias fracas e quadros de retenção placentária. As crias fracas são consequência da colonização da placenta que impede que as trocas nutricionais ocorram de maneira eficiente, e em função da placentiteintercotiledonária necrótica o animal pode desenvolver não só retenção de placenta, mas endometrites e metrites graves podendo levar a subfertilidade ou esterilidade. ** retenção: 12,18h Nos machos os sinais clínicos estão vinculados a quadros de orquites e epididimites – mais raros, e comprometimento de glândulas anexas, ambos levando a subfertilidade e esterilidade que refletem na porcentagem de concepção do rebanho. Nos cães os machos podem apresentar outras manifestações como discoespondilite, artrites e outros de caráter ósseo-articular, além de abcessos e dermatite escrotal, e uveíte – presença de alteração de pigmentação da iris. Nos equinos, podem desenvolver abcessos de cernelha – que ao estourarem podem ter importância epidemiológica contaminando humanos e outros animais. Os suínos também apresentam quadros de abcesso e artrite. Em todas as espécies que desenvolvem orquite vale dizer que na fase aguda há um aumento inicial do volume escrotal que segue para um quadro de atrofia. Quanto as manifestações no homem, a brucelose é conhecida como a doença de mil facetas podendo ter diferentes manifestações que causam dificuldade de diagnostico. Dentre as manifestações clinicas que podem ser identificadas estão febre, calafrio, sudorese, anorexia, astenia, insônia, impotência sexual, linfoadenopatia – na região cervical ou generalizado, distúrbios visuais e neuropsíquicos, osteoartrites, encefalites, epididimites, orquites, abcessos no SNC. Essa generalização se dá pela ausência de tropismo definido para algum sistema como ocorre nos animais. Pode levar a falência renal em função da deposição de imunocomplexos. DIAGNÓSTICO: Sobre o diagnostico da doença, podem ser utilizados métodos diretos e indiretos. Os testes devem ser realizados quando identificados alterações indicativas da doença – como alterações nos exames andrológicos dos reprodutores, abortamentos, etc. A técnica da PCR vem sendo bastante utilizada inclusive para o ser humano, ELISA ou sorológico, buscando IgG e IgM. Como vantagens e desvantagens foi destacado a dificuldade em realizar o exame direto por isolamento e identificação em função de laboratórios com requisitos necessários como a estufa de CO2 e biosseguridade. Nos exames indiretos pode haver falsos positivos, destacando a bactéria Yerseniaenterocolitica cujos anticorpos não podem ser diferenciados do da Brucela. No diagnostico bacteriológico, pode ser utilizado o meio de farrell onde devem ser utilizados antibióticos e antimicóticos como a bacitracina, nistatina, uma vez que muitas vezes o material sofreu contaminação de outros agentes. O material a ser coletado dos reprodutores e matrizes devem ser linfonodos, placenta, secreção vaginal – que continua apresentando brucela até 20 dias pós parto, baço (excelente), fígado, leite, sêmen, placenta; Já nos fetos podem ser retirados amostras de linfonodo bronquial, conteúdo estomacal, baço, fígado, pulmão, mecônio. Esses fetos podem apresentar como indicador de agente infeccioso broncopneumonia. Nos métodos indiretos são mais utilizados soro e plasma sanguíneo e leite, não sendo muito mais utilizado o plasma seminal. Quanto a morfologia das bactérias elas são muito pequenas, formadas por cocobacilos gram negativos sendo de difícil individualização pelo seu tamanho. É preciso lembrar que a estrutura das bactérias gram negativas correspondem a uma membrana externa com antígenos chaves para o diagnostico denominados LPS, composto por lipídio A, núcleo e polissacarídeo O – muito presente em amostras de campo. Os antígenos LPS são imunodominantes nas amostras de brucela e podem ser diferenciadas em lisa e rugosas. As amostras rugosas apresentam estrutura do LPS diferenciada sem a cadeia O. Os antígenos imunodominantes dessas amostras consistem em proteínas de membrana e citosólicas (B. ovis). A diferenciação dessas duas espécies busca uma aplicação prática em virtude da diferenciação dos antígenos para diagnóstico. Essa diferença interfere nas características de crescimento das colônias pela presença ou ausência da cadeia 0. Os recursos de diagnósticos previstos para o Programa Nacional de Controle e Erradicação para brucelose e Tuberculose indicam que sejam realizados testes de triagem como o teste do anel do leite (TAL) para rebanhos de bovinos leiteiros e teste do Antígeno Acidificado Tamponado(AAT) para testes de triagem individual em gado leiteiro, corte ou dupla aptidão. Uma vez que o animal dê positivo para os testes de triagem deve ser realizado o teste confirmatório 2-ME – Teste do 2 – Mercaptoetanol ou Teste de Fixação de Complento – RFC (teste de referencia e para transito internacional). Existe um teste novo – Teste de Polarização de Fluorescencia – não é configurado como de triagem, pois tem alta sensibilidade e especificidade. Esse último é definitivo. Sobre a curva de Anticorpos na Infecção Natural: Há um pico de IgG1 e IgM no primeiro mês de infecção, que irá persistir até um ano. Passado esse período a IgM cai praticamente a 0, e a IgG1 cai e passa a oscilar em picos baixos podendo estar a quase ou 0 em determinados períodos, o que pode dificultar o diagnóstico. Portanto, na fase crônica na doença não há praticamente IgM. Sobre a curva deanticorpos pós vacinação: Existe um pico de imunoglobulinas nos primeiros 2 meses, que decai para baixíssimos níveis após 12 meses. Em função disso, uma vez que a vacinação deve ocorrer entre os 3 – 8 meses da bezerra, ao chegar no 24 mês – provável concepção, não há perspectiva de falso positivo. A vacinação após o oitavo mês não é indicada, pois já existem níveis de eritritol e hormônios gonadais que podem desenvolver o tropismo para útero e gônadas, e pode existir dificuldade em diagnosticar animais vacinados e infectados. É preciso lembrar que os índices baixam, mas uma vez que a brucela está dentro das células, apesar da resposta humoral decair, a resposta celular continua presente. TRATAMENTO: Sobre o tratamento da brucelose, ele é proibido em animais de produção – bovinos, suínos, bubalinos, e o tratamento em animais de companhia pode ocorrer e deve ser utilizado o bom senso uma vez que a despesa será alta. Em equinos lembrar que uma vez que o abcesso estiver fistulado ele pode ser fonte de infecção. Dentre as drogas utilizadas estão a tetraciclina, doxiciclina, aminoglicosideos, rifonxina – todos antibióticos de boa permeabilidade celular. Os tratamentos devem ser agressivos e costumam durar por volta de um mês. Os animais tratados devem ser castrados. Mesmo com a eliminação do agente, as sequelas podem permanecer. PREVENÇÃO: Para a prevenção da Brucelose em áreas livres deve ser realizada a vigilância em portos, aeroportos e regiões de fronteiras impedindo a reentrada do agente, deve ser controlado a importação de animais e de produtos derivados que apresentem risco, o monitoramento deve ser realizado, seja ele ativo, com exames periódicos em cooperativas e laticínios ou passivo – pela verificação em animais com algum indicio em abatedouros por exemplo – bursite de cernelha, artrite, abcessos. Em regiões endêmicas, deve ser realizada a educação sanitária, o monitoramento periódico dos rebanhos – 1 vez ao ano, vacinação obrigatória de 3 – 8 meses – no Brasil só hpa exceção de SC, controle do transito de animais com presença de GTA que só é emitido com o diagnostico negativo para animais de 24 meses ou acima ou animais abaixo que foram vacinados, manutenção de cercas e cuidados com aguadas compartilhadas entre propriedades. Na introdução de novos animais ao plantel deve ser realizado o teste na fazenda do vendedor, em caso negativo o animal adquirido deve passar por quarentena com outro teste. Em caso dos animais se soroconverterem o comprador deve sacrificar os animais e deve receber o reembolso garantido por lei se o teste for realizado em 60 dias. CONTROLE: Para controle de situações de foco, deve ser realizada a sorologia de todo o plantel com abate dos animais positivos. O grupo negativo deve sofrer vigilância intensiva já que existe a possibilidade de carreadores latentes e animais que ainda não soroconverteram. Nos dois primeiros anos os animais devem ser testados semestralmente. Deve ser realizada a destinação adequada de fetos abortados, restos placentários e secreções. Pode ser realizado um piquete maternidade com animais no terço final de gestação – preferencialmente devem conter forragem baixa para que o sol faça a desinfecção ambiental. Pode ser realizada a vacinação com RB-51 que é também uma vacina viva, mas que não tem a LPS podendo ser realizada após os 24 meses sem nenhum perigo de interferir no diagnostico. A vacina realizada no Brasil é a B- 19 – viva, atenuada e estável, realizada em bezerras de 3 – 8 meses – vacinação 2 vezes ao ano para garantir. Deve tomar cuidado na aplicação uma vez que é patogênico para o homem. Oferece um nível de proteção de 60 – 70 %, com duração de 7 anos. Deve ser realizada uma dose única, não tendo ação curativa e com persistência de anticorpos em animais vacinados acima dos 8 meses. Já a RB-51 é uma amostra rugosa atenuada – não atrapalhando no diagnostico da B abortus – lisa – é a vacina oficial usada no EUA e Chile, e permitida junto a B19 em outros países. Também é patogênica ao homem. Neosporose Bovina: Tuberculose Bovina: Triconomose e CGB: Leptospirose: AULA IV LEPTOSPIROSE BOVINA Para a ocorrência da infecção leptospirica tem que haver um elo hídrico = canaviais, arrozais (umidade), presença dos roedores nos arrozais (muito comum na Ásia, por exemplo). A lida com suínos, febre dos pântanos (ambiente úmido, onde a leptospira vive). Febre outunal: ocorrência da doença predominantemente no outono, que corresponde a época das chuvas, então vemos mais uma vez o elo hídrico, relacionada à sazonalidade da doença. Febre dos nadadores: elo hídrico, atividade recreativa, muitas vezes como fator de risco para a doença. Febre de andamana: ocorrência na ilha de andamana, na Índia, que na época das mansões, grandes inundações, é um ator de risco. Doença ocupacional é característica na espécie humana. Além dessa característica, determinantes socioeconômicos são muito importantes. IMPORTÂNCIA ECONÔMICA: acomete diversas espécies animais como suíno, bovino, equino, cães, humano, vários mamíferos podem ser infectados. Infectividade: existe mais de uma centena de espécies de onde já se isolou a bactéria, o que torna a epidemiologia um pouco complexa. Animais cinantrópicos: vivem próximo ao homem, silvestres, por exemplo, ratos, micos. Consequentemente os animais que criamos, suínos, bovinos... É uma doença que apresenta elevada endemicidade entre bovinos, tanto de corte quanto de leite. Prejuízos relacionados com os problemas reprodutivos decorrentes de gastos com tratamentos e óbitos eventuais e também gastos com os programas de controle e prevenção. Demanda atenção e em função do monitoramento frequente, o prejuízo se torna mais marcante. SAÚDE PUBLICA: doença com grande importância zoonótica; expressiva letalidade média 11%. Acomete certos grupos ocupacionais: indivíduos que lidam com animais de produção, que lida com ambiente úmido, que pratica natação em áreas desconhecidas. Estreita associação com condicionantes socioeconômicos, existem regiões do mundo como Índia, China, Cuba, Brasil (SP, BH, Recife, Manaus, Salvador) que são regiões endêmicas e sazonais para a doença (não só leptospirose, mas também uma série de doenças de disseminação hídrica). Socioeconômico = indivíduos que vivem em regiões ribeirinhas, que sofrem com inundações, que possui baixo IDH, não tem água potável, coleta de lixo, rede de esgoto, baixo poder aquisitivo, baixo nível educacional... tudo isso cria aumento de reservatórios cinantrópicos e predispõe a ocorrência da doença. Doença no ser humano: determinantes mais importantes são ocupacional e socioeconômico. Mesmo o individuo que se recupera da infecção, principalmente o que gera quadro agudo, febril, muitas vezes com lesões hepáticas e renais, eles podem apresentar sequelas permanentes. Letalidade 11% = parece baixo, mas se pensar que de cada 100 indivíduos, acontecem 11 óbitos, é relativamente alto. Quadro ictero-hemorrágico principalmente em humanos e cães. Este sorotipo gera maior preocupação para a espécie humana, outras espécies também ganham preocupação. Epidemiologia da doença é dinâmica, diferentes sorotipos. Sorotipos patogênicos mais de 200. Possibilidade de infectar diferentes espécies. AGENTE ETIOLÓGICO: bactérias leptospiras, são finas e espiraladas na forma de espiroquetas. Não da pra ver na microscopia comum, porque é muito fina e foge da capacidade de resolução do microscópio óptico, nem na coloração de gram embora seja gram negativa. Metabolismo aeróbio estrito. Temperatura ideal de crescimento: 28 a 30 graus. Extremamente móveis, como saca rolhas em torno do eixo. Habitat:ambiente úmido. Apatogênicas vivem normalmente no ambiente com água, sobrevivem por longos períodos, mas não se multiplicam. Leptospiras patogênicas só se multiplicam nos hospedeiros, nos rins deles. Resistência: ph ideal próximo ao neutro, umidade, resistem ao congelamento, sobrevive a Biofrização= desidratação, conserva a matéria orgânica no organismo. São sensíveis a salinidade, não contrai no mar; sensíveis a desinfetantes comuns e a dessecação. IMUNIDADE: Quando ocorre a primeira infecção, os anticorpos da classe M praticamente eliminam as leptospiras da circulação. Bactéria chega, ele fixa o complemento e destrói a leptospira. Sítios privilegiados = alberga leptospira e os anticorpos não tem acesso as elas – rins, túbulos renais, gônodas, humor aquoso, liquido cérebro espinhal. Os anticorpos são muito importantes na resistência à infecção. As leptospiras formam biofilmes (multiplicação lenta) e se tornam menos agressiva ao hospedeiro e por isso pode ficar meses nos rins dos animais, sem causar infecção, eventualmente podem ocorrer recidivas, infecção crônica na forma de biofilmes, mas no geral não causam muitos problemas nessa forma. GÊNERO: Leptospira PATOGENIA: várias espécies e dentro de cada espécie existem vários sorotipos. Um sorotipo não guarda imunidade com outro, se uma vaca for infectada pelo sorotipo X e tiver circulando no rebanho o sorotipo Y, ela não cria imunidade contra o sorotipo Y. Elas podem ser infectadas por diferentes sorotipos num mesmo momento, porque não existe imunidade cruzada entre os sorotipos. Isso é um complicador para vacinas. O rebanho pode estar vacinado, mas não estar protegido contra leptospirose. Tendência é trabalhar com genoma espécie para identificação, caracterização molecular. Ampla endemicidade entre bovinos. Predominância do sorotipo rardio? Em bovinos, isso está associado com o conceito de sorotipo hospedeiro adaptado. Distribuição mundial, exceto em calotas polares devido a baixa temperatura, ela congela e fragmenta Variação regional de sorotipo hospedeiro adaptado = vários países Sorotipos hospedeiro - adaptados: rardio em bovinos; australiscomona em suínos; canicola e icterohemorragiae em cães. O homem e outras espécies animais não possuem. INFECÇÃO: elo hídrico, presença de água como veículo de infecção. O animal infectado independente de apresentar o quadro clínico, a tendência é ele se tornar um portador renal e eliminar as leptospiras na urina, que normalmente caminha para os cursos de água. Mucosa digestiva: ingestão da água contaminada com urina, menor importância via ocular (em sistemas de grande densidade de animais a urina pode se tornar aerossol), via respiratória, via genital = na fase aguda a leptospira pode estar sendo eliminada nas secreções espermáticas, e na fase crônica quando se desenvolve estado de portador gonadal (suínos), isso é fator de risco para inseminações, porque o macho pode não apresentar sinais, mas a leptospira está no sêmen e se for usado para inseminação o sêmen é conservado por criopreservação. No caso do macho, o trato urinário é uma via comum entre urinário e reprodutivo. As primeiras porções do ejaculado podem entrar em contato com urina que estiver presente na uretra e através da monta/ inseminação ocorrer a transmissão da doença. Mas a principal forma é a oral, onde a leptospira não chega no estômago, porque se chegar ela morre devido ao ph, ela já penetra através da mucosa oral causando bacteremia, infecção sistêmica. Pode ocorrer por via transplacentária. Mais importante na associação que o agente tem com doenças de reprodução, como abortos no terço final, nascimento de crias fracas, diminuição da quantidade de crias nascidas. Determina comprometimento precoce do neonato ou do feto. Via percutânea: quando existe sessão de continuidade da pele – pequenas lesões. Na pele integra a leptospira não penetra, na mucosa ela adere. Indivíduos quando ficam muito tempo na água, a queratina é parcialmente hidrolisada e favorece a penetração da leptospira na pele íntegra. VEÍCULOS PRINCIPAIS: água, alimentos contaminados, urina, colostro, leite (pode apresentar sangramentos na amamentação), sêmen. RESERVATÓRIOS: animal que pode albergar o sorotipo adaptado – formam biofilmes, se adaptam melhor aquele hospedeiro e tendem a causar menos sinais clínicos ou se causam é de menor quantidade, mais brando, subclinico. Como são adaptados, a tendência de colonização do portador renal seja de longa duração e que sejam eliminadas em maiores quantidades principalmente na urina, porque elas vivem quase na condição de saprofitismo. A quantidade de leptospiras eliminadas no ambiente é maior, tendência de maior participação do quadro de leptospirose de bovino a radia?? Matando o hospedeiro, mata o agente junto. Quando o sorotipo não é adaptado ocorre o contrário, tendência a causar quadros cínicos mais severos. A colonização renal pode se estender a meses, enquanto que no sorotipo adaptado a colonização é mais rápida. A eliminação renal é menor. Importância dos ratos na epidemiologia: poder de disseminação muito alto, tanto humana quanto canina. Albergam icterohemorragea. Nas outras espécies podem dissemina diferentes sorotipos em diferentes propriedades e quando introduz no rebanho um sorotipo que não existia, o reservatório principal passar a ser o bovino/suíno. AULA V CONTINUAÇA O... FATORES PREDISPONENTES Para a leptospirose animal: Proximidade de animais silvestres e homem: existem estudos que comprovam que as Leptospiras circulam também entre eles, que acabam atuando como reservatórios; Densidade animal: aumento da população de animais silvestres - grande densidade leva a grande volume de urina, o que facilita a disseminação; Topografia da região: difícil escoamento de água de chuva, solos de baixa drenagem, e ph alcalino facilitam acúmulo de água possivelmente contaminada; Promiscuidade entre espécies: mistura de espécies, as quais podem funcionar como reservatórios de diferentes sorotipos; Uso de águas comuns: as leptospiras se mantém principalmente em águas estagnadas ricas em matéria orgânica por vários meses; Transito de animais na propriedade: introdução de animais na propriedade sem a preocupação em detectar se o animal está infectado por leptospira; Presença de roedores, principalmente sinantrópicos; Exposição a águas estagnadas. Qual a implicação da leptospirose nos equinos? Nos equinos as manifestações são predominantemente reprodutivas, com altas taxas de abortamento entre as éguas. A orientação quando houver surtos é fazer a vacinação e tratamento com dihidro-streptomicina. Pode ocorrer também nos equinos a oftamia periódica, ou seja, a cegueira em função de resposta autoimune apresentando diferentes prognósticos. Para a leptospirose humana: Os fatores mais importantes seriam a atividade ocupacional e os condicionantes socioeconômicos: Atividade ocupacional: veterinários, açougueiros, entre outros profissionais que tem contato direto com os animais; Condições socioeconômicas: regiões com baixo IDH. Mas outros fatores predisponentes estão presentes, que são: Sexo: não tem predisposição genética associada ao sexo, mas há um predomínio de indivíduos do sexo masculino lidando com atividades ocupacionais de risco, o que leva a maior número de casos em homens; Idade: jovens adultos; Prática de esportes aquáticos, principalmente em águas desconhecidas (que podem ter recebido esgotamento humano ou animal). CADEIA DE TRANSMISSÃO DA LEPTOSPIROSE: De um lado estão os animais infectados, e de outro os animais susceptíveis. Podem pertencer ao mesmo domicílio, ao mesmo sistemade produção. O animal infectado contamina alimentos, água e solo através da urina (portador renal), e os animais susceptíveis podem ser contaminados pelo contato com esses veículos contaminados ou mesmo através do contato direto. PATOGENIA: Os fatores de virulência clássicos, mais conhecidos quando se fala em leptospira são: LOS (lipooligossacarídeo): já que a leptospira é Gram negativa. Quando ocorre a bacteremia após a infecção, coincide com o ápice da sintomatologia clinica que o animal apresenta (entre o 5º e o 7º dia após a infecção). Nessa ocasião começam a aparecer os primeiros anticorpos IgM, que tem alta capacidade de fixar complemento, lisando a bactéria que libera o LOS em grande quantidade que deposita no leito vascular ativando o fator de necrose tumoral provocando vasculite generalizada (essa vasculite é a maior característica da patogênese da doença); Hemolisinas: provoca hemólise intravascular e, além disso, podem destruir outros tipos celulares, como por exemplo, podem causar lesões em hepatócitos provocando um quadro de hepatite leptospírica; Esfingomielinases e Fosfoslipases: enzimas primordiais no metabolismo das leptospiras. A leptospira lisa a membrana celular liberando ácidos graxos de cadeia longa que ela precisa para seu crescimento (no cultivo, deve-se disponibilizar esses ácidos graxos). São essas duas enzimas que vão fazer a lise da membrana liberando os ácidos graxos. Além desses, outros fatores de virulência também estão presentes: Formação de biofilmes: explica como elas ficam nos túbulos renais sem manifestação clínica; Doença auto-imune: oftalmia periódica no equino (coloniza os tecidos oculares desencadeando resposta celular de hipersensibilidade tardia, culminando em cegueira), uveíte. No cão é comum o comprometimento hepático crônico provocado pela leptospira. ACHADOS PATOLÓGICOS E HISTOPATOLÓGICOS: O quadro patológico é caracterizado pela vasculite generalizada causada pela LOS. Então todas as outras lesões são decorrentes desta. Observa-se lesões hemorrágicas em praticamente todos os órgãos e tecidos (o que leva o animal a óbito. Geralmente são essas lesões em nível de fígado, rim e pulmões). Ocorrem miosites generalizadas, lesões em órgãos parenquimatosos, lesão em sistema nervoso = quadro sistêmico da leptospirose, que também se manifesta através de hemorragias intestinais, icterícia que marca a fase aguda da doença (causada pela hemólise intravascular e pela hepatite), hepatomegalia e lesão do aparelho bile excretor, miocardite focal, meningite e encefalite, pneumonia hemorrágica e exudativa, síndrome urêmica - nefrite intersticial, hemorragias pélvicas, lesão glomerular, necrose tubular e nefrose hemoglobínica (hemoglobina e mioglobina obstrui os glomérulos acumulando metabólitos na circulação, caracterizando em azotemia), necrose de fibras musculares: dores musculares são características na fase aguda. Toda a musculatura pode ser comprometida, inclusive a cardíaca. IMUNIDADE: Existem dois tipos de imunidade a humoral e a celular, mas esta ultima é pouco estudada. A imunidade efetivamente protetora da leptospirose é a humoral, e uma das principais estratégias de controle é a vacinação regular do rebanho e do animal de companhia, garantindo um bom nível de anticorpos circulantes no sangue. Os antígenos protetores são LOS e OMPs (proteínas externas da membrana) e, portanto, a imunidade é sorotipo específica. A imunidade dura em média 6 meses quando for vacinal e no caso de imunidade natural dura em torno de um ano. Mas dependendo do sorotipo infectante essa imunidade pode variar. Por causa disso a frequência recomendada de vacinação é de 4 em 4 meses tanto em pequenos quanto em grandes. Um aspecto importante na imunidade vacinal é a interferência de anticorpos vacinais no diagnóstico: após quatro meses da última vacinação pode ser feita a sorologia que os anticorpos vacinais não vão mais interferir no diagnóstico. Antes disso, os anticorpos presentes na sorologia foram induzidos pela vacina. Espera-se que com a vacinação sistemática as taxas de infecção diminuam. SINAIS CLÍNICOS Sistêmicos (não reprodutivos) – síndrome de “Weih?”: Febre, anorexia, apatia, anemia (causada pela hemólise intravascular), icterícia, hemoglobinúria, leite anormal (presença de sangue vivo, decorrente de hemorragias na glândula mamária) Reprodutivos: Abortamentos no terço final de gestação, natimorto, nascimento de crias fracas, mumificação fetal (principalmente em suínos, raro em bovinos), repetição de cios decorrente de mortalidade embrionária, infertilidade temporária do animal no caso dos touros. Sintomas em seres humanos: São duas formas básicas de apresentação em seres humanos: a forma ictérica e a não ictérica. Ambas tem período de incubação variando de 7 a 14 dias. A forma ictérica é representada por comprometimento e falência renal e hepática, com icterícia, comprometimento pneumônico, febre, indisposição, cefaleia, dores abdominais e musculares, uremia e azotemia, anúria, falência cardiorrespiratória. A letalidade é altíssima, e antibióticos podem corrigir a infecção, mas as lesões persistem. A forma não ictérica responde pela maioria dos casos, os sinais simples estão presentes adicionado do comprometimento pulmonar, com pneumunia exudativa e normalmente com desfecho fatal. DIAGNÓSTICO: clinico e epidemiológico, que é importante para implementação de tratamento imediato e minimização de lesões, maximizando as chances recuperação com menores sequelas. Fatores analisados na anamnese que podem ajudar no diagnóstico: ambiente, contato com água, acesso a rua, vacinação, contactantes, infestação de roedores no ambiente... ACHADOS LABORATORIAIS Hemograma: Anemia hipocrômica e microcítica; Leucocitose com neutrofilia: indicativo de processo infeccioso de origem bacteriana; Aumento do tempo de sedimentação: relacionado a anemia e hemólise intravascular; Trombocitopenia: plaquetas foram mobilizadas para tentar conter hemorragias, portanto estão diminuídas. Líquor: Icterícia na fase aguda relacionada aos sorotipos que causam quadro ictérico; Aumento da densidade relacionado a reação inflamatória. Plasma Aumento da uréia e bilirrubina: indicativo de comprometimento renal; Aumento de AST e ALT: indicativo de lesão hepática, rompimento de hepatócitos. Urina Oligúria ; Albuminúria (lesão glomerular severa), Hematúria, Cilindrúria: achados mais tardios relacionados à síndrome urêmica e a falência renal crônica; Aumento de urobilinogênio: relacionado ao aumento dos níveis de bilirrubina, indicando lesão hepática e hemólise intravascular; Aumento de creatinina: indicativo de lesão muscular. DIAGNÓSTICO LABORATORIAL Métodos diretos: Isolamento e identificação: é um processo demorado e necessita de meios complexos, por isso não é viável; Microscopia de campo escuro: examina o plasma do animal, sedimento urinário, conteúdo estomacal de feto abortado analisando a presença de espiroquetas com movimento específico, mas a sensibilidade é baixa; Imunofluorescência direta: tem boa sensibilidade; Impregnação por sais de prata: tem boa sensibilidade; PCR: pesquisa um gene conservado da leptospira, utilizado principalmente para pacientes humanos. A resposta é rápida e precisa. Métodos indiretos - Sorologia: A produção de anticorpos é demorada, não há anticorpos suficientes na fase aguda. Tipos de testes sorológicos: Teste de aglutinação microscópica (MAT): é o mais utilizado. São feitas diluições seriadas do soro do animal e são adicionados soros ou antígenos variados nos poços, incuba e faz- se leiturano microscópio. Observa-se então se a leptospira foi aglutinada por anticorpos, de acordo com a intensidade de aglutinação diz se é positivo ou negativo. Analisa-se diferentes sorotipos detectando suas respectivas titulações, possibilitando a vacinação pelo sorotipo específico que é necessário no seu rebanho. Teste de aglutinação macroscópica ELISA Fixação do complemento TRATAMENTO: Fazer o mais rápido possível! Drogas: A droga de eleição é a Dihidroestreptomicina: nas posologias convencionais 11 mg/pv de 12 em 12h, por 5 a 7 dias. Tetraciclina é muito utilizada para tratamento maçal na suinocultura, 800g/ton de ração. Penicilinas e derivados observando as posologias padrões. Tratamento sintomático: Antitérmicos, analgésicos e transfusão sanguínea quando a anemia estiver muito forte ou quando a icterícia estiver avançada (evitando quadro neurológico, pois a bilirrubina é neurotóxico). AULA VI - (PRÁTICA) CONTINUAÇA O... EPIDEMIOLOGIA DA LEPTOSPIROSE: Os roedores são importantes, a densidade animal, a região de criação desses animais (regiões de baixadas, passíveis de inundação) são fatores de risco. São aspectos que consideramos para a prevenção da doença. No que diz respeito aos roedores, é fundamental o controle dos mesmos, mesmo que a gente tenha o conhecimento. Uma vez que a Leptospirose esteja instalada no rebanho, a importância maior passa a ser daquele animal dentro do sistema de produção e não somente dos roedores, mas é óbvio que temos que controlar os roedores também pelo prejuízo e outras doenças que eles trazem além da Leptospirose. Deve-se planejar as instalações no sentido de minimizar e controlar a multiplicação desse agente, tanto no âmbito das propriedades rurais quanto no âmbito dos municípios. Uma das estratégias para prevenção da Leptospirose é a vacinação, é uma das principais ferramentas para se controlar a doença, principalmente quando pensamos em animais de companhia e de produção. A vacina que utilizamos é morta, que contém os sorotipos que causam problema na espécie em questão: L. canicola e L. enterohemorragie (?) para cães por exemplo. Para o bovino o sorotipo mais importante é (?). As vacinas comerciais geralmente contém esses sorotipos mais importantes de cada espécie. Essas vacinas tem que ser utilizadas em intervalos de no máximo 6 em 6 meses, a duração dos anticorpos induzidos pela vacinação é em média de 6 meses. Quando você vacina sistematicamente o rebanho você mantem uma media de proteção do rebanho. Após 2 anos de vacinação sistemática a gente consegue um controle bastante efetivo das novas infecções dentro desse rebanho. Em uma situação de foco, é muito importante fazer vacinações de 4 em 4 meses durante os dois primeiros anos e depois pode passar a fazer semestralmente. É muito importante também a higiene ambiental, que é fundamental para eliminar as leptospiras do ambiente, a destinação correta das excretas é fundamental principalmente em sistemas de alta densidade. Pensando na prevenção dos seres humanos, a Leptospirose é uma doença ocupacional, acometendo veterinários, zootecnistas, o individuo que lida com os animais, que trabalha em laboratório, o individuo que trabalha com sanidade nas cidades. São atividades de risco não somente para Leptospirose, mas para uma serie de doenças de veiculação hídrica. Para esses grupos expostos, preconizamos EPI (Equipamento de Proteção Individual). A Leptospirose humana também está associada a fatores socioeconômicos, indivíduos que habitam regiões ribeirinha passiveis de inundação na época de chuvas, são expostos a um risco maior. O grande problema da vacina humana é que gera efeitos colaterais, efeitos intensos no local de aplicação. As vacinas já vem sendo utilizadas na Ásia, em Cuba, na China, com uma ação preventiva bastante efetiva. Também é preciso orientação sanitária da população em relação a prevenção da doença. As minorias também por parte do governo e relação ao saneamento, fornecimento de água potável, tratamento sanitário. Isso previne não somente a Leptospirose, mas uma serie de doenças, principalmente aquelas de veiculação hídrica. MÉTODOS DE DIAGNÓSTICO PARA BRUCELOSE Os métodos de diagnostico para Brucelose, se revisarmos a literatura, veremos que tem dezenas de tipos de diagnóstico, mas o nosso programa PNCBT realiza as técnicas oficiais, que podem ser utilizadas para o diagnostico e para o monitoramento da doença em rebanhos brasileiros e essas técnicas são padronizadas mundialmente. Essas técnicas primeiramente se dividem em técnicas de triagem e técnicas complementares: Teste do anel do leite: é uma técnica de triagem; Teste do antígeno acidificado tamponado: triagem; Mercato-etanol (?) Reação de Fixação de Complemento: complementar; Os testes complementares são realizados quando os testes de triagem dão positivo, se der negativo, não tem necessidade de fazer teste complementar. Primeiramente é importante entendermos as características de um bom teste de triagem. O teste de triagem deve ser rápido, barato e confiável. Confiável no que diz respeito ao resultado do teste principalmente no que diz respeito ao resultado alternativo. Um bom teste de triagem tem que ter uma alta sensibilidade, ser rápido e barato. O que é um teste sensível? É um teste que detecta a maior parte dos animais positivos. Então se eu estou usando uma técnica que tem 100% de sensibilidade isso significa que ela detecta 100% dos animais positivos, mas eu nunca vou ter uma técnica de diagnostico que seja 100%. Então o ideal é que o teste de triagem tenha sensibilidade o mais próxima possível de 100%, de modo que quando eu tiver um resultado negativo nesse teste, eu possa ter uma confiança nesse mesmo caso negativo. Teste de alta sensibilidade é um teste que detecta a maior parte dos animais positivos, se esse teste detecta a maior parte dos animais positivos, quando ele falar que esse animal cujo soro deu negativo, eu tenho uma confiança grande que esse animal seja realmente negativo, o teste de alta sensibilidade detecta de uma forma geral todos os animais positivos, de modo que se ele constata um animal negativo, tenho uma confiança grande que realmente seja negativo, por isso o negativo eu não preciso fazer teste complementar. Teste do Anel do Leite - é uma técnica que vou utilizar para vigilância epidemiologia em rebanhos leiteiros. A cada 3 meses o leite de cada uma das propriedades leiteiras de Santa Catarina é encaminhado para o laboratório para fazer acompanhamento, a partir dessa amostra de leite do rebanho, é feito esse teste, se o rebanho apresentar resultado positivo, a propriedade é identificada e os técnicos do serviço oficial visitam essa propriedade para fazer um outro teste de triagem só que agora individual para identificar se existem mesmo animais positivos nessa propriedade. Esse teste é de vigilância epidemiológica, não é um teste de diagnostico individual. Para fazer o teste do anel do leite eu utilizo o leite do tanque da propriedade onde eu vou ter uma amostra de leite de todos os animais. Coleta-se mais ou menos 50 ml. Para fazer a coleta da amostra, homogeneíza o leite para que a gordura do leite esteja incorporada na amostra, pois a presença da gordura é fundamental para que ocorra a reação. Se a fazenda tiver 200 animais, a gente usa 2 ml e se tiver entre 300 e 500 animais, usamos 3 ml de leite, utilizando um volume maior de leite a gente compensa a diluição em função do número maior de animais. O leite tem que ter gordura e a amostra tem que ser homogeinizada, eu procuro nessa amostra deleite principalmente anticorpos (IgA), essa IgA tem vários sítios deligação ao antígeno então eu coloco o antígeno corado em azul intenso, que é uma suspensão de brucelas inativadas, se tiver anticorpos, eles vão se ligando aos antígenos, formando complexos antígenos anticorpos formando como se fosse uma teia e se não tiver nada ali para conter esses complexos, ele sedimenta no fundo, mas como tem os glóbulos de gordura dispersos eles funcionam como uma boia não deixando os complexos sedimentarem no fundo e como a gente coloca esse tubinho após a mistura na estufa a 37º durante uma hora, a gordura nessa temperatura tende a subir e arrasta esse complexo para cima. Se não tiver complexo a gordura sobe e as brucelas continuam em suspensão, mas quando tem anticorpo reagindo com o antígeno, isso é arrastado pra cima formando um anel em azul, violáceo, porque no antígeno as bactérias são coradas de modo que se nos centrifugarmos, a parte liquida não tem corante nenhum, as bactérias que são coradas. Quando a amostra é negativa forma um anel branco. A prevalência de alta mastite pode dar um falso positivo. Teste do antígeno acidificado tamponado - Usamos um antígeno cor de rosa, uma suspensão de brucelas na concentração de 6,5% num pH acido tamponado, por isso o nome. Esse corante só cora a bactéria, o sobrenadante não é corado. É importante saber que esse teste é de triagem individual que serve tanto para gado de leite quanto para gado de corte e também serve para triagem de qualquer espécie animal, como caprinos, suínos, humanos, equinos, qualquer espécie que tenha envolvimento de brucela lisa. As brucelas rugosas são a canis e a ovis, então se a gente suspeitar de brucelose no cão esse antígeno não serve. No bovino pode usar pois ele pode ser infectado pela ovis e pela melitenses e esta é lisa. O pH desse antígeno é 3,6, ele é acido porque a IgM não reage nessa faixa de pH e excluindo a atividade de IgM no teste imunológico, aumenta a especificidade do teste porque diminui a chance de falso positivo, pois IgM gera muito falso positivo porque é uma Ig pouco especifica e por ser tão pouco especifica é interessante eliminar a participação dela de algumas reações. O antígeno além de ser acidificado é tamponado pois na técnica eu misturo 30 microlitros do soro do animal a ser testado com 30 microlitros do antígeno e mantem o pH do soro fisiologia na faixa de 7,4 a 7,4 o que faz com que ocorra um equilíbrio do pH, de modo que quando mistura uma gosta de antígeno com uma gosta de soro do animal o pH se mantenha em 3,6 não se alterando, pois ele tem um tampão forte que não permite variação de pH mesmo quando eu coloco o soro sanguíneo que tem tampão fisiológico e pH bem superior ao pH do antígeno, então a IgM não participa dessa reação. No curso da infecção natural, o animal inicia com a resposta de IgM e esta dura poucos meses e depois ela cai para praticamente zero e predomina IgG. Esse teste tem altíssima especificidade e é usado no mundo todo, a sensibilidade do acidificado tamponado é muito alta, permite até detectar animais com baixíssimos níveis de anticorpos. Esse teste é barato, um frasco com 160 testes custa em torno de R$ 120,00. Tem-se uma grande confiança no resultado negativo. O teste é feito homogeneizando as amostras de soro, troca a ponteira entre cada amostra de soro, pega 30 microlitros do soro e coloca no centro do quadrinho e coloca próxima a amostra de soro 30 microlitros de antígeno e mistura com palitinhos de dente formando uma circunferência que deve ocupar metade da área do quadrinho (tamanho de uma moeda de 10 centavos). Depois faz-se um movimento com o quadro durante 4 minutos e depois faz a leitura contra uma fonte de luz oblíqua, e ao final é feita a interpretação, o soro que formar grumos é positivo. AULA VII NEOSPOROSE BOVINA É uma afecção parasitária causada por um protozoário cistogênico (formador de cisto) da família Sarcocistidae e um dos aspectos mais relevantes desse protozoário é o fato de estar associado a distúrbios reprodutivos. Quando falamos em Neosporose Bovina, a primeira coisa que vem a cabeça é o fato de problemas reprodutivos, geralmente em propriedades que tem baixos índices de fertilidade e um alto índice de aborto existe uma correlação muito alta com a presença do Neospora caninum. Essa doença não tem tratamento nem vacina. Um dos aspectos fundamentais é preconizar o descarte seletivo de animais soropositivos. O agente etiológico é um protozoário cistogênico, porque é formador de cisto. A presença de cisto é um aspecto interessante, porque uma vez o animal infectado pelo Neospora caninum, ele vai ficar infectado pelo resto da vida. Toda vez que tem um animal que é soropositivo para o Neospora caninum, eu parto do pressuposto que esse animal tem um cisto tecidual que pode estar em qualquer tecido, geralmente mais encontrado na musculatura esquelética, ele é neurotrópico, possuindo atração pelo SNC, mas é encontrado no coração, no fígado, baço, em animais gestantes, na placenta. A formação de cisto é muito variável, posso encontrá-lo em qualquer célula de qualquer tecido. Ele é um protozoário de descrição recente, foi descrito pela primeira vez em 1988. Provavelmente, os diagnóstico que já tiveram em Toxoplasma gondhi e outros do gêneros Sarcostidae, muito provavelmente eram de Neospora caninum. Temos 2 hospedeiros principais, o bovino como HI, porque ele só tem o ciclo assexuado e o HD é o cão doméstico. Os canídeos silvestres também são HD, alguns outros como lobo cinzento, coiotes e dingos australianos. Esse animais são HD, porque tem ciclo sexuado, são os únicos que eliminam oocistos. Os bovinos e os demais hospedeiros são intermediários, só tem ciclo assexuado, o único que tem ciclo sexuado com a eliminação de oocisto é o cão e canídeos silvestres. Além do bovino, caprinos, ovinos, aves e ratos podem ser HI. A neosporose canina tem uma relevância secundária em relação à neosporose bovina. Geralmente um cão com quadro de neosporose apresenta distúrbios neuromusculares, mas a frequência casuística é muito baixa. Embora o cão possa se infectar, a doença clinica é muito rara. A preocupação é com cães de área rural, que é o ambiente com maior risco de infecção, porque o cão como carnívoro vai se infectar ingerindo tecido de HI que tenha presença do cisto tecidual. Atualmente a neosporose bovina é considerada a maior causa de aborto no mundo. Esse aborto pode ocorrer em qualquer fase da gestação, mas geralmente ocorrem entre o 3º e 6º mês de gestação. Além do aborto, outros problemas reprodutivos que se tem são: natimortalidade, tem morte embrionária geralmente quando a infecção se da no inicio da gestação, tem-se morte embrionária com absorção embrionária quando em menos de 50 dias e aumento do intervalo entre partos (17- 19 meses). Diminui a produção de leite (aumento da taxa de descarte, introdução de animais mais jovens). O aborto e a natimortalidade são dados importantes. A vaca não manifesta sinais clínicos, a vaca muitas vezes mesmo depois do aborto, volta a ciclar normalmente. O ideal é a cada 6 meses fazer uma sorologia do rebanho para identificar qual a prevalência de neospora caninum no rebanho em animais de idade reprodutiva. Se não fizer 2 vezes por ano, fazer uma pelo menos. A neosporose não está somente ligada a questão de aborto e natimortalidade: Repetição de cio (morte e absorção embrionária), quando a infecção se da no inicio da gestação; Quando a vaca se infecta no final da gestação, geralmente tem-se o nascimento de uma cria saudável, porém persistentemente infectada; Se tem uma infecção no início da gestação, ou ela leva ao aborto, ou a morte e absorção embrionária; Anestro temporário; Parto prematuro; Necrose multifocal não supurativa e o protozoário migra para a placenta e para os vilos dos placentomas, comprometendo principalmente a nutrição e a oxigenação fetal; Aumenta retenção de placenta que geralmente leva a um quadro de metrite. IMPACTO ECONÔMICO: os autores americanos estimam em mais de um bilhão de dólares perdidos por ano por causa da Neosporose. No Brasil tem poucos trabalhos assim, nos trabalhos daqui, os autores estimam que os prejuízos anuais causados pela Neosporose bovina gira em torno de 100 milhões de dólares por ano. DISTRIBUIÇÃO GEOGRÁFICA: é um protozoário cosmopolita. A média de bovinos leiteiros acometidos no mundo está em torno de 16% e nos de corte a prevalência é menor do que nos de leite. Isso está associado à transmissão facilitada pelo manejo. Outro aspecto é o estresse a que a vaca de leite é submetida. O sistema de confinamento facilita uma das rotas de transmissão do protozoário que é a horizontal fecal-oral. A vaca se infecta ingerindo água e alimentos contaminados com oocistos do neospora caninum esporulado. Tem uma outra forma de transmissão, que é a mais importante, rota principal é a transmissão vertical. A prevalência varia de 4 a 90% em gado leiteiro e de 2,5% até 82% em gado de corte, o que implica isso é principalmente o que está sendo usado como método para diagnóstico. Geralmente se trabalha mais com sorologia. A média mundial de prevalência está em torno de 14%, ou seja, é uma doença de alta prevalência. No Brasil o primeiro trabalho de estudo sorológico de N. caninum foi feito em 1993 na Bahia, e vai de 23,3% até 91,2%. CICLO BIOLÓGICO: o HD é o cão, ele se infecta ingerindo tecido (resultado de um aborto, placenta), qualquer víscera não comestível ou até mesmo o rato. O cão se infecta ingerindo cisto tecidual presente no tecido de um HI. O cão tem um ciclo intestinal, em seu intestino tem a fase assexuada e sexuada e depois elimina oocisto na forma não infectante. Em presença de água, oxigênio e calor, esse oocisto passa da forma não infectante (não esporulada) para infectante (esporulada: 2 esporocisto com 4 esporozoítos cada). A vaca pode se infectar ingerindo água ou alimento com oocisto esporulado transmissão horizontal ou lateral. É uma transmissão fecal-oral. Se esse animal estiver gestante, ele vai ter a transmissão vertical (transplacentária, congênita ou intrauterina). O parasito vai se difundir por via hematógena e pelo sangue atravessa a placenta chegando até o feto. Se a infecção for bem no inicio da gestação, geralmente tem-se morte e absorção embrionária, se for mais adiante na gestação, tem-se aborto, se for mais no final, geralmente tem-se o natimorto. Pode acontecer também o nascimento de uma cria saudável, porém persistentemente infectada, visto em fazendas com prevalência muito alta. O animal depois que se infecta, forma um cisto tecidual (podemos consumir a carne, porque não se tem relato ainda de potencial zoonótico do N. caninum embora o homem possa se infectar, mas não causa problema). MECANISMOS DE TRANSMISSÃO Transmissão Horizontal - fecal-oral, ingestão de água e alimentos contaminados com oocistos esporulados. Transmissão Vertical - é a transplacentária, principal mecanismo de transmissão do N. caninum. É importante, porque envolve 2 mecanismos: Transmissão transplacentária exógena: o animal gestante recebe alimento contaminado, o parasito está vindo de fora para dentro do animal. É uma transmissão congênita, mas o parasito está vindo de fora para dentro do hospedeiro e o veículo pode ser água ou alimento. Transmissão transplacentária endógena: o animal já é infectado, tem cisto de N. caninum e durante a gestação essa forma cística que estava em latência mantendo uma infecção crônica persistente, durante a gestação (a partir do 2º trimestre de gestação) tem-se uma reativação desse cisto em latência. O cisto que nada mais é que uma coleção de bradizoítos, vai passar para taquizoíto que por via hematógena chega a placenta, a atravessa e chega ao feto. É uma infecção que foi reativa dentro do hospedeiro que foi ativada principalmente pela modulação da resposta imune durante a gestação (imunossupressão fisiológica e pelo aumento da produção de progesterona pela placenta). O bradizoíto não causa nada no hospedeiro mas em função dessa remodulação da resposta imune, o bradizoíto se torna taquizoíto, chegando ao feto levando a aborto, parto prematuro, etc. Abortos epidêmicos - taxa de aborto de 30% a 50%, ocorre entre 4 a 8 semanas. Toda vez que tem isso, suspeito que teve uma infecção transplacentária exógena. A presença do cão dentro do rebanho é fator de risco para a Neosporose bovina, deve-se evitar o máximo possível que esse cão tenha acesso a tecidos contaminados de hospedeiros intermediários. Deve-se incinerar ou enterrar esses materiais. O cão só vai eliminar oocisto se ingerir tecido contaminado, cão tem que comer ração! Os abortos são endêmicos ou esporádicos, o sistema imune não controla uma infecção transplacentária endógena. MECANISMOS DE TRANSMISSÃO Horizontal: ingestão de água ou alimentos contaminados com oocistos esporulados, é menor, porque o cão quando elimina oocisto, consegue eliminar no máximo de 800 a 1000 oocistos em 2 semanas, sendo a probabilidade de um animal ingerir oocisto, menor. A principal rota de transmissão é a congênita. Uma novilha de primeira cria tem 97% a 100 % de chance de infectar seu descendente. A medida que ela for parindo, vai diminuindo a taxa de infecção. Uma das principais medidas de descarte é o descarte seletivo de vacas soropositivas em rebanhos. Até o segundo trimestre de gestação, a vaca mantém constante o nível de anticorpos contra neospora caninum, a partir do segundo trimestre, aumenta, há um pico na produção de IgG, porque esta vindo um estímulo antigênico, significa que o cisto tecidual em função da modulação da resposta imune e aumento da progesterona plasmática faz com que os bradizoítos vão se converter em taquizoítos. PATOGENIA: Não é totalmente esclarecida, mas tem ação direta do protozoário que geralmente causa uma necrose multifocal não supurativa. Tem uma resposta patogênica que envolve uma resposta imune: o parasito se multiplicando (intracelular obrigatório) nos vilos dos placentomas vai causar uma necrose multifocal e consequentemente faz com que haja uma menor oxigenação e nutrição do feto. Outro aspecto importante é a resposta inflamatória com liberação de prostaglandinas pro-inflamatórias que interferem na permanência do corpo lúteo causando uma luteólise. Durante a gestação quer que se predomine uma resposta TH2, mas nesta infecção vai predominar a resposta TH1 da mãe e do feto levando a produção de INF-Gama que é um passo fundamental para o controle do parasita, mas não é interessante para a permanência e tranquilidade do ambiente uterino. Essa resposta TH1 que é necessária principalmente com produção de INF-gama é um passo fundamental para controle de parasitas. Para o controle do protozoário, que é intracelular obrigatório, a resposta imune celular e humoral é importante, tendo produção de IgG1, IgG2, embora isso seja fundamental, para um protozoário intracelular, o que predomina é uma resposta de TH1 que tem como participantes linfócitos TCD4+, INF-gama, IL-12, TNF-alfa e IgG1 e IgG2 com predomínio de IgG2, isso é extremamente importante para o controle do parasita, mas no inicio da gestação isso é péssimo, a modulação da resposta imune durante a gestação quer predominar TH2 que é imunossupressora e para controlar o parasita é necessária uma resposta TH1 que leva ao aborto. SINAIS CLÍNICOS: O exame clínico de uma vaca que abortou por neosporose bovina
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