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Nome: Letícia Ferreira Santos 2022 Doenças I 2 Letícia Ferreira Santos Aspergilose Doença do Trato Respiratório É uma doença fúngica, causada por Aspergillus. Dentro dos Aspergillus, alguns tem capacidade de produção de toxinas e outros não. Na microscopia, a forma sexuada é produtora de esporos e hifas (podem ser septadas ou não) (Aspegillus são vesículas arredondadas por onde saem os esporos). Etiologia O agente etiológico mais comum de ser isolado é Aspergillus flavus. Este agente é onipresente (utiliza diferentes substratos para crescer). Se não houver coleta correta, pode ocorrer contaminação e diagnóstico errado. Quando o ambiente fica inóspito, ele forma esporos (são muito resistentes). Epidemiologia É uma doença fúngica que reflete falha no manejo. Os principais hospedeiros são aves jovens (10 dias) e aves imunodeprimidas. Na avicultura de frangos de corte, há adoção de medidas de biosseguridade, que conseguem controlar o agente (em frangos de corte é mais controlado, pois há maior controle dos lotes). As poedeiras, devido ao maior tempo na instalação e maior estresse (criadas em gaiolas, com muitas aves), estão mais suscetíveis à doença. Já as reprodutoras, possuem melhor situação sanitária, pois há maiores medidas de biosseguridade e, além disso, são criadas soltas e botam em ninhos (menor estresse). Em relação ao ambiente, a proximidade dos animais torna o ambiente estressante (sistema hiperextensivo x sistema imune). Nos frangos de corte, a ração e a cama são as principais fontes de contaminação. Em poedeiras, as principais fontes são giaolas, estresse e dificuldade de ambiente vazio (muitas galinhas/m2). Transmissão A transmissão da aspergilose ocorre de forma vertical, através da matriz infectada, ocorrendo contaminação do ovo. A contaminação também pode ocorrer no ninho, através de poros de ovos abertos, os ovos são contaminados no ninho. Há deposição de fina película na superfície da casca para selar poros, mas com a diferença de temperatura que ocorre após botar o ovo, há retração do conteúdo e entrada de ar. Com o ar, entram, também, microrganismos que estão no ambiente (contaminação via ovo). A desinfecção externa contribui para matar hifas do fungo. Já a temperatura e umidade da incubadora, predipõe a multiplicação microbiana (incubadora tem que ser desinfetada). Ovos oriundos de postura no chão e trincados jamais devem ir para a incubadora. Estes podem ser contaminado por E. coli, quando são postos no chão (a bactéria produz gás, que pode explodir o ovo que vai para a incubadora, contaminando o restante). Também pode ocorrer transmissão horizontal, na qual os nascedouros são contaminados com material externo. Em granjas, pode ocorrer contaminação de ração e cama (ave inala esporos/hifas e se contamina). Doenças I 3 Letícia Ferreira Santos Patogenia A ave inala material fúngico (hifa, esporos,etc.) e o fungo começa a crescer no trato respiratório superior (traqueia). Como o fungo é um organismo macroscópico, a resposta inflamatória é mais intensa, com produção de muco. A resposta inflamatória das aves é caseosa, formando massas dentro da traqueia. Estas massas podem bloquear a traqueia e levar a morte por asfixia (quando a ave inalou muito fungo). Se a ave inalar pouco fungo, este pode se aprofundar no trato respiratório, chegando aos pulmões e sacos aéreos, tornando uma doença sistêmica. Sinais clínicos O quadro respiratório consiste em: Dificuldade respiratória Tosse e espirro (sinal de agravamento do quadro) Muco seroso passa a ser purulento Quadro ocular: Forma ocular externa (esporos caem nos olhos, gerando aumento de secreção e aumento facial unilateral) Forma ocular interna (doença sistêmica chega ao globo ocular – agente no Sistema Circulatório. Ocorre turvação do humor vítreo e opacidade da córnea). Quadro nervoso (secundário à doença sistêmica): Formação de granulomas Torcicolo e ataxia Quadro cutâneo: Necessita de alta carga do patógeno, com lesão prévia da pele Queda de pena e hiperqueratise Quadro articular (secundário à doença sistêmica): Artrite Lesões No Sistema respiratório, apresenta nódulos caseosos no pulmão (pontos brancos e duros) e nos sacos aéreos (deveriam ser lisos e translúcidos). Também há crescimento fúngico em sacos aéreos. Nos Sistema Nervos, há pontos esbranquiçados e puros. No Sistema Articular, há aumento da articulação (inflamação) e o líquido sinovial se apresenta turvo, com presença de grumos. No fígado e em outros órgãos, há crescimento de colônias. Diagnóstico Para o diagnóstico sugestivo, são importantes os sinais clínicos, o crescimento fúngico nas lesões e a presença de doença respiratória com resistência ao tratamento com antibiótico. O diagnóstivo definitivo é o laboratorial (nódulos caseoso em solução salina com antibiótico são macerados, plaqueados e observa-se o crescimento), pois fungos e bactérias possuem crescimento diferentes. Tratamento Em aves de produção, não é realizado tratamento. Para aves silvestres: - Violeta genciana, anfotericina B, cetoconazol. Inicia com anfotericina B (é excelente, mas muito tóxica). Faz 15 dias com ela e depois dose de manutenção com outro antifúngico. - Tratamento diário e de longa duração (deve-se retornar à clínica, pelo menos, uma vez na semana para verificar rins e fígado). - Colocar na água não é o ideal (dar direto no bico). Controle Há medidas de biosseguridade na reprodução, incubatório e produção. Além disso, deve-se ter cuidado com a cama e após a introdução no aviário; higienização de equipamentos que entram em contato com os ovos; e rastreabilidade da ração (acompanhar a produção). Doenças I 4 Letícia Ferreira Santos Para monitoramento, deve-se coletar material de cama e ninho. Em granjas: Cama e ração Necropsia de 1 pintinho do lote No incubatório: Teste de placa (verifica se tem ovos no ambiente) Ovos que não eclodiram, faz-se a necropsia do embrião Ovos que explodiram, faz-se a necropsia do embrião No nascedouro, penugens dos pintinhos em monitoramento. Bronquite Infecciosa Doença do Trato Respiratório É uma doença infecto contagiosa com manifestações respiratórias, principalmente, renais e reprodutivas (afeta frangos, poedeiras e reprodutoras), causada por uma grande diversidade de vírus da BIG. Há perdas econômicas na produção de ovos, alteração na qualidade interna e externa do ovo (o ovo tem que ser descartado, pois perde todo o valor nutricional), infertilidade, aumento de ocorrência de doenças oportunistas e mortalidade. Não é considerada zoonose, mas é uma das doenças mais importantes. Etiologia Doença causada por vírus Coronaviridae. Tratam-se de vírus RNA de fita simples, que sofrem alta taxa de mutação (alteração do ligante viral – proteína S, ou seja, a principal proteína indutora de anticorpos neutralizantes). São vírus envelopados e, por isso, sensíveis a sabão, desinfetantes, etc. Possui diversas variantes e, por isso, são agrupadas em patotipos. Os patotipos estão relacionados com o tipo de doença que ocorre no campo. Alguns causam doenças respiratórias mais graves, outros renal e/ou reprodutivos. As principais proteínas deste agente são: Nucleoproteína N Recobre o genoma. A resposta imune contra N é forte, mas não é protetora (proteína fica no núcleo). Envelope Projeções superficiais que formam espículas. A proteína S é formada por 2 unidades: S1 (mais superficial, que ocasiona a formação de anticorpos neutralizantes) e S2. Matrix ou membrana (M) Sorotipos de VBIG A variação de sorotipos ocorre pelas diferenças da glicoproteínas S1. Dependendo do aminoácido trocado em S1, pode haver maior ou menor mudança terciária. A mutação espontânea + seleção natural geram a evolução de sorotipos.Características fisico-químicas É inativado a 56ºC por 15 minutos Mais estável em pH ácido (6-6,5) Sensível a éter e clorofórmio Hipoclorito de sódio, amônia quaternária, formaldeído e fenólicos. Quando em matéria orgânica, o vírus fica mais resistente a agentes desinfetantes. Por isso, é comum manter no ambiente entre um lote e outro. Epidemiologia É espécie-específica. Em frangos de corte, o quadro de maior importância é o respiratório. Os patotipos renais e reprodutivos para frangos de corte não são tão importantes (não entram em reprodução e, se for um patotipo renal, pode chegar a causar doenaças, mas no final da produção). Em poedeiras e reprodutoras, todos os patotipos têm importância. Transmissão Ocorre apenas de forma horizontal, por aerossol (principal) e excretas. Em épocas de seca do ano, forma poeira de excretas, que podem ser instaladas e causar doença. Não há transmissão vertical, pois as alterações no ovo são tão graves que o embrião não se desenvolve. Doenças I 5 Letícia Ferreira Santos Patogenia A infecção primária é no aparelho respiratório reprodutor (tem tropismo por células ciliadas). O vírus entra nas células (primeiramente, na traqueia), multiplicam e causam cilioestase. Assim, ocorre aumento de produção de muco (facilita infecções secundárias). Depois, pode causar viremia (cai no sistema circulatório), causando quadros renais e reprodutivos. Sinais clínicos Em aves jovens (não entraram em reprodução): Respiratório Dificuldade respiratória Secreção de serosa para mucopurulenta. A partir do momento que tem cilioestase, aumento de secreção e presença de células de defesa, a secreção vai modificando. Quadro respiratório complicado (quando atinge aparelho respiratório inferior, causando pneumonia e aerossaculite) Renal Diarreia Cloaca suja de fezes Cama emplastada Na avicultura de postura, a visualização das fezes é difícil, pois as excretas caem em valas ou esteiras. Em aves adultas (há reprodução): Respiratório Mais brando, apenas dificuldade respiratória Renal Mais compliado de observar (principalmente em poedeiras criadas em gaiolas) Observar a ave defecar Reprodutivo Parecido com a Síndrome da queda de postura (EDS-76) Queda de postura, má qualidade dos ocos externamente (ovo defeituoso, casca mole, fina ou irregular. Ovo colorido ode ficar manchado ou perder a cor) Má qualidade interna dos ovos (clara se apresenta liquefeita) Diferencial para EDS-76: albúmen liquefeito (clara vira água). Quanto mais velho o ovo, maior a câmara de ar Lesões As lesões dependem do patotipo do vírus. Em alguns respiratórios, pode não ter nenhuma lesão reprodutiva. Em alguns reprodutivos, tem grande lesão, com atrofia do oviduto e ave para de botar. Também pode haver degeneração de ovário. No Sistema Respiratório, há lesões das células ciliares da traqueia (vírus é intraceular e destrói as células); deslocamento do epitélio da traqueia (consegue separar a parede ciliar da cartilagem); e aumento de muco. Na forma complicada, há pneumonia e alterações dos sacos aéreos (em caso de pneumonia grave, o pulmão fica muito friável). No Sistema Reprodutivo, há intensa resposta inflamatória no oviduto (visto microscopicamente. Na macroscopia, é difícil a visualização); e cilioestase no oviduto, acentuando a queda na postura. Alguns patotipos podem levar à infertilidade. Nos machos, há grânulos nos testículos e atrofia destes. Nas fêmeas, pode causar atrofia de oviduto. Também pode ocorrer algumas degenerações foliculares. No Sistema Renal, os rins se apresentam pálidos e estriados (os rins possuem células ciliadas, que vão sofrer cilioestase, gerando acúmulo de ácido úrico, deixando os rins claros, pois é branco); pode formar cristais e, ao corte, ranger a faca; acúmulo de urato nos rins (pode se depositar em vísceras e pode evoluir para um quadro de gota úrica visceral, que ocorre em quadros mais crônicos). Diagnóstico Existem vários testes que podem ser utilizados (alguns mais viáveis que outros). O teste sorológico mais comum é o ELISA, que possui menor custo,mas é usado apenas para monitoria (utilizado para monitoramento de imunidade de lote). A microscopia eletrônica não é uma ferramenta de fácil diagnóstico. Doenças I 6 Letícia Ferreira Santos O diagnóstico laboratorial é o mais indicado e pode ser feito por: Isolamento viral e identificação do agente Ovo embrionado de 9-11 dias Inocula amostra suspeita (macera o material, coloca em solução salina, centrifuga, inocula na câmara de ar e fecha o furo com cola) e observa o que acontece com o embrião. Deve-se usar sempre um grupo de controle para comparação O vírus causa (no embrião): Morte embrionária; Problemas no desenvolvimento; Embrião enrolado Cultivo celular Faz-se a introdução do vírus na célula Leva a formação de siscídios em cultivo celular Cultivo em anéis de traqueia (mais utilizado) É o cultivo celular mais comum A amostra suspeita é macerada e colocada em solução viral Retira a traqueia de embriões de 20 dias (necropsia e retira a traqueia) Coloca em solução tampão Observa cilioestase em microscópio (vírus entra na célula, causa cilioestase e, depois, destrói a célula) Controle As medidas de biosseguridade impedem a contaminação entre lotes (vazio sanitário e limpeza garantem um ambiente livre). A utilização de vacina ocorre apenas quando necessário (quando há caso confirmado). A vacina deve ser sorotipo específico. A vacina viva é otima, mas tem que intensificar a higienização, para que o vírus não passe de um lote para outro e ocorra reversão de patogenicidade. Para a vacinação, primeiramente, é mandado uma amostra ao laboratório (para identificação do sorotipo), certificando qual vacina atua no sorotipo da granja. Coriza Infecciosa Doença do Trato Respiratório Etiologia Agente: Avibacterium paragallinarum É uma doença respiratória que pode apresentar outros sintomas, na presença de outros microrganismos. Trata-se de uma bactéria gram-negativa (induzem uma reação inflamatória intensa pela própria presença do organismo. As bactérias gram-negativas são mais resistentes fora do hospedeiro), com bastonestes curtos/cocobacilos e imóvel. Esta bactéria cresce em temperatura de 34-42 ºC e é inativada rapidamente fora do hospedeiro. Tem a característica de ser hemaglutinante (característica importante para o diagnóstico do vírus) e, também, ter satelismo bacteriano: fator V (NAD) (também está relacionada com o diagnóstico. Na presença de determinadas bactérias, ele cresce ao redor. Essas bactérias tem características de produzir NAD para o meio. O Avibacterium paragallinarum precida de NAD para crescer, por isso se desenvolve bem). Além disso, possui diferentes sorotipos (variações antigênicas), relacionado à proteção/imunidade. Epidemiologia Os hospedeiros são galinhas de todas as idades (exceto pintinhos, que são resistentes até 7 dias de idade, por imunidade passiva da gema - IgY). A ocorrência é maior em aves adultas com mais de 12 semanas de idade (no início do ciclo de postura, pois há estresse e mudança no metabolismo). Os hospedeiros ocasionais são faísões, codornas, passeriformes e psitaciformes. A doença está muito associada a estresse e problemas de higiene (normalmente, está presente em granjas que apresentam alguma falha no manejo). Transmissão A transmissão é apenas horizontal (todo pintinho nasce livre). Há aves portadoras assintomáticas e aves com infecção crônica. Doenças I 7 Letícia Ferreira Santos A transmissão ocorre por aerossol, moscas, contato direto entre aves na gaiola. Entretanto, a forma de transmissão mais importante é por água contaminada no bebedouro tipo calha. Patogenia Em quadros agudos, o microrganismoinstala no aparelho respiratório superior (na maioria das vezes, fica restrito ali), se adere ao epitélio da traqueia, estimula a produção de muco, com alta inflamação (presença de LPS no agente). Não há cilioestase. À medida que o processo evolui, muco seroso e abundante muda de características (mucoso, purulento, etc.). Em um quadro mais evoluído, pode ter descamação do epitélio respiratório (traqueia), pois, pela inflamação, células do epitélio morrem. O muco e a descamação podem causar asfixia (pouco comum), mas o mais comum é a evolução para um quadro crônico. Em quadros crônicos, a secreção nasal abundante que evolui para mucopurulenta (devido à resposta intensa ao gram-negativo). A secreção mucopurulenta fica acumulada na região infraorcital (sinal clássico de coriza), gerando aumento unilateral da face (não consegue abrir o olho) e mau cheiro. Coriza Infecciosa Complicada Infecção por outros agentes bacterianos (mycoplasma, fungos, E. coli, etc.). Há secreção nasal e ocular. Quando se complica, para de ser restrita ao sistema respiratório superior, podendo acometer pulmões e sacos aéreos. Há espirros, tosses, dispneia (cabeça estendida, respirando de boca aberta) e queda de postura de 10-40%. Sinais clínicos Secreção nasal (serosa a mucopurulenta) Edema facial (unilateral) Conjuntivite Barbelas inchadas Estertores respiratórios (infecção mais grave) Odor repugnante Lesões Macroscopia No quadro não complicada, há conteúdo purulento no trato respiratório superior e traqueia com deslocamento de epitélio. No quadro complicado, há pneumonia no trato respiratório inferior e alterações dos sacos aéreos (opacos e espessos). Microscopia Resposta inflamatória intensa Diagnóstico O diagnóstico é realizado por sinais clínicos e lesões. Laboratorialmente (feito em aves de produção, para identificar o sorotipo), pode ser feito: Isolamento (CAMP – crescimento satélite com hemólise) Teste sorológico (inibição de hemaglutinação) Tratamento Antibióticos aliviam, mas não eliminam a infecção (sulfas; eritromicina; oxitetraciclina; sulfa + trimetoprim; sulfa + dihidroestrepto; quinolonas; macrolídeos). Doenças I 8 Letícia Ferreira Santos Controle Há medidas de biosseguridade diferentes para avicultura de postura: Comprar apenas pintos de um dia Se maiores, comprar de granja livre Após o surto, descanso de 2-3 semanas após limpeza e desinfecção Idade e procedências únicas Vacinação Ocorre entre 10-20 semanas (período pré- postura) Vacinas bacterianas comercias (existe a pronta entrega, mas só vai funcionar se o sorotipo da vacina dor o mesmo da granja) Vacinas autógenas (produção demora, pois é feito sob encomenda, mas o sorotipo será o mesmo da granja) Influenza Aviária Doença do Trato Respiratório De acordo com o PNSA (Programa Nacional de Sanidade Avícola), é uma doença respiratória com evolução sistêmica. É uma doença infecciosa viral altamente contagiosa, causada por vírus da família Orthomyxoviridae, exótica para avicultura industrial brasileira, de notificação e erradicação obrigatórias, classificada no grupo de doenças da OIE (Organização Mundial de Saúde Animal). Etiologia Os vírus da influenza aviária são da família Orthomyxoviridae, do gêneto Influenza A (os gêneros Influenza B e C da família ocorrem em humanos e, eventualmente, em suínos). É um vírus de RNA, com genoma segmentado (é menos estável). Há duas proteínas de destaque: Neuraminidase: é importante para a saída do vírus na célula (possuem 11 tipos) Hemaglutinina: ligante viral, é importante para a entrada do vírus na célula (possuem 18 tipos) H5N1 – altamente patogênico; difícil transmissão H1N1 – baixa letalidade; fácil transmissão Proteína H2 – canal de íons Nomenclatura (geral): Identificação do gênero do vírus (A, B ou C) / espécie hospedeira (no qual foi isolado) / localização geográfica (onde foi encontrado) / número de referência laboratorial / ano de isolamento / subtipo HA e de NA Epidemiologia O reservatório são aves aquáticas de vida livre e pode isolar todos os tipos de HA e NA (a promiscuidade entre espécies facilita a transmissão de angentes patogênicos). H5 e H7 apresentam maior letalidade, geralmente. Receptor de aves: aparelho gastrointestinal Receptor de humanos: traqueia (trato resp superior). A infecção de aves para humanos é mais demorada e mais difícil do que de aves para aves e aves para suínos. Receptor de suínos: na traqueia tem receptores iguais de aves e de humanos (misturador de influenza vírus). Todas as aves domésticas e selvagens são suscetíveis: Emus, Ganso doméstico, Pato doméstico, Pombo doméstico. Transmissão A transmissão ocorre por excretas. Assim, a transmissão se dá por vírus inativado após o cozimento (exposto a temperatura alta) do frango. Também pode ocorrer por contato longo e prolongado (Ex.: no mercado asiático, no qual há comércio de aves vivas). A promiscuidade entre as espécies é um dos principais fatores para a transmissão (importância das medidas de biosseguridade). Sinais Clínicos Edema da face, crista e barbelas (sinal de doença respiratória) Tosse, espirros, secreção nasal (sinal de doença respiratória) Hemorragias (lesão endotelial geral, pode ocorrer em qualque órgão; é visualizada, principalmente, na área da face e dos pés) Penas arrepiada (inespecífico) Inapetência (inespecífico) Queda na postura (inespecífico) Prostração (inespecífico) Diarreia (pode ter sinal gastrointestinal, pois a influenza se replica no aparelho gastrointestinal) Doenças I 9 Letícia Ferreira Santos Paresia, paralisia, torcicolo, convulsão e morte (sinais nervosos) - Além do número de animais acometidos, o que chama a atenção é a hemorragia. - Se ocorre uma mortalidade acima de 10% dentro de um período curto (48h) tem que notificar. Isso vale para qualquer tipo de mortalidade, infecciosa ou não. Se ocorrer uma mortalidade acima de 1% no transporte, também tem que notificar. O sinal respiratório mais característico é a ave respirando de bico aberto (deve-se diferenciar com calor) (aves com problema respiratório apresentam sofrimento para respirar) Lesões Hemorragias em qualquer lugar Edema de barbela Traqueia com pontos de hemorragia. Pode ter aumento de sercreção, que começa serosa e evolui para purulenta Pontos de hemorragia nas glândulas do proventrículo Fígado com aumento de volume Hemorragia ovariana com atresia folicular Tratamento Não tem tratamento, apenas sintomático (mas não é feito). Controle No Brasil, não existe vacina (não é comercializado e é proibido trazer). As aves migratórias são um risco, desde que ocorra surtos na América do Norte. Tráfico de animais silvestres é um risco. Existe uma ação conjunta entre Ministérios (Ministério da Saúde, Ministério do Meio Ambiente, Ministério da Agricultura), que monitoram Influenza aviária no Brasil (em aves de vida livre, migratórias) Pegam aves de forma aleatória, coletam amostras e tentam identificar vírus por isolamento viral ou RT-PCR; entretanto, mesmo que positivas, não podem ser eliminadas. Não se faz teste sorológico, pois a chance de dar positivo é alta (já houve contato) Se aves de produção derem positivas, devem ser eliminadas, ambiente limpo e desinfectado. Insere aves sentinelas, que são submetidas a testes sorológicos e, após 2 testes negativos, podem repovoar. Se alguma ave der positivo, reinicia processo, com eliminação das aves. A forma de eliminação mais rápida e ética das aves afetadas é por espuma especial de alta densidade. Além disso, deve- se abrir uma vala, encinerar as valas e enterrar a ave. O teste sorológico mais utilizado é o swab da traqueia (realizado com paramentação de EPI’s adequados). Micoplasmose Doença do Trato Respiratório e do Trato ReprodutivoO agente etiológico da micoplasmose tem predileção por membranas mucosas e serosas das aves, causando problemas respiratórios, articulares e urogenitais. As formas clássicas dessas enfermidades são: Doença Crônica Respiratória, Sinusite Infecciosa dos Perus, Sinovite Infecciosa, Aerossaculite das aves. De modo geral, há custo de medicação e custo de vacinas (dados de acordo com PNSA). As perdas econômicas da micoplasmose podem ser: Poedeiras: menor produção de ovos Frangos de corte: condenação de carcaça Matrizes: menor eclodibilidade; menor fertilidade; pintinhos ruins Etiologia Gênero: Mycoplasma São 3 mycoplasmas previstos no controle do PNSA: Mycoplasma gallisepticum É o mais patogênico. Causa quadro respiratório e reprodutor em galinhas e perus. Mycoplasma synoviae Causa quadro respiratório e articular em galinhas e perus. Mycoplasma meleagridis Causa quadro respiratório e reprodutivo apenas em perus. Mycoplasma iowae Não faz parte da legislação, mas é um micoplasma emergente e muito importante na agricultura pet e de silvestres. Doenças I 10 Letícia Ferreira Santos Todos podem infectar aves de produção e aves silvestres, exceto o Mycoplasma meleagridis. Características Gerais Os micoplasmas não possuem parede celular, são sensíveis no ambiente (inativados pelo sol) e se protegem em ambiente úmido, sombreado, com presença de matéria orgânica e fresco. Epidemiologia O período de incubação, em média, é de 15-20 dias (para galinhas) e, a sinusite dos perus, de 6-10 dias. Após o contágio, os lotes são portadores vitalícios. Transmissão A transmissão da micoplasmose pode ocorrer de forma vertical ou horizontal. A transmissão vertical pode ocorrer via trasnsovariana ou por sêmen (mais para M. meleagridis). A transmissão horizontal ocorre por curtas distâncias; contato direto entre aves; aerossóis, excretas e água; vetores (mecânicos), como insetos, pássaros e utensílios; vacinas “vivas” contaminadas. Patogenia Após a transmissão, a ave torna-se infectada. O sítio primário de multiplicação do agente é o aparelho respiratório superior, causando ciliostase. A partir daí, este vai para a circulação, podendo seguir vários caminhos. O agente pode mimetizar proteínas celulares (vantagem para escapar do sistema imune) e começa a liberar hemolisinas, proteases, nucleases, gerando uma resposta inflamatória inespecífica no hospedeiro (causa destruição celular e intensa resposta inflamatória). Também gera proliferação de linfocitos. Alguns micoplasmas geram a proliferação de linfócitos B (gerando produção de anticorpos inespecíficos e, por consequência, há acúmulo de imunocomplexos nas articulações e rins), outros micoplasmas geram a proliferação de linfócitos T (quando há proliferação de linfócitos T regulador, que regulam a resposta inflamatória, haverá imunossupressão da ave; quando há proliferação de linfócitos T citotóxico, que identificam o agente invasor e o destroem, gerará reação inflamatória intensa e inespecífica). Sinais Clínicos Mycoplasma gallissepticum Respiratório: normalmente é um quadro grave, com dificuldade respiratória (ave respira de bico aberto), produção de secreção nasal e ocular, ronqueira (muco TRS), doença crônica respiratória, aerossaculite (leva o agente para o oviduto, gerando, a partir daí problemas reprodutivos). Reprodutivo: queda na postura e baixa eclosão (ovos bicados). Mycoplasma synoviae Respiratório: é uma quadro mais brando, mas também apresenta com dificuldade respiratória (ave respira de bico aberto), produção de secreção nasal e ocular, ronqueira (muco TRS), doença crônica respiratória, aerossaculite. Articular: acúmulo de imunocomplexos nos rins e articulação, gerando diarréia (quando há acúmulo de imunocomplexos nos rins) e artrite. Mycoplasma meleagridis Respiratório: quadro complicado, que atinge outros tecidos e chega no aparelho reprodutor. Lesões As lesões não são específica de Mycoplasma. No aparelho respiratório, há reação inflamatória intensa, aumento de secreções nas vias aéreas, os sacos aéreos ficam mais opacos e espessos (doença sistêmica) e há pneumonia intersticial. No aparelho reprodutivo, macroscopicamente, é difícil a visualização e, microscopicamente, há infiltrados linfóides. Nas articulações, há aumento de tamanho destas, aumento de volume do líquido sinovial e espessamento da cápsula onde acumula o imunocomplexo No Sistema Renal, há acúmulo de imunocomplexos (microscopia). Doenças I 11 Letícia Ferreira Santos Diagnóstico O diangóstico presuntivo pode ser realizado com base na epidemiologia, nos parâmetros de produção, nos sinais clínicos e nas lesões macroscópicas e microscópicas. Já o diagnóstico definitivo é laboratorial: Testes sorológicos Soroaglutinação rápida (SAR) É um teste de triagem e é um teste de população (não é bom como teste individual) Inibição da Hemaglutinação É considerado o teste confirmatório Tratamento Em reprodutores, é proibido o tratamento na avicultura industrial (aves são eliminadas). Em aves terminais, de corte ou de postura, deve-se realizar uma avaliação econômica. Em avicultura de subsistência, há diversas tratamentos: estreptomicina, oxitetraciclina, clotetraciclina, eritromicina, magnamicina, espiramicina, macrolídios (tilosina e azitromicina), lincomicina, espectinomicina, vibramicina, quinolona, enrofloxacina, danofloxacina, norfloxacina. Controle De acordo com PNSA No nível de bisavós e avós (o nível mais alto da reprodução), todas as aves devem ser livres de Mycoplasma As aves são monitoradas com teste sorológico e não podem apresentar nenhuma resposta. As matrizes (nível mais baixo da reprodução) e poedeiras comerciais devem ser livres ou controlados (um lote controlado significa que o lote é vacinado contra a doença), com vacinas viva/atenuada (é proibido usar vacina inativada, com antibiótico). Em matrizes, a monitoria ocorre de 6 em 6 meses e, em poedeiras, a monitoria é municipal e ocorre por amostragem. Medidas de biosseguridade (de acordo com as condições do produtor) também são adotadas. Síndrome da queda de postura Doença do Trato Reprodutivo Nesta doença a ave não apresenta nenhuma mudança de comportamento, mas tem queda de postura. É uma doença bem controlada (vacina funciona bem). As principais características são: Queda de postura, principalmente em poedeias vermelhas e reprodutoras pesadas (mães de frango de corte são reprodutoras pesadas, enquanto de poedeiras são leves) Presença de ovos com cascas finas Ovos sem casca, só com a membrana Casca descolorada e com depósito irregular de cálcio na superfície Mortalidade inexpressiva OBS.: Alguns medicamentos, como a sulfa, podem causar alterações de casca A doença foi causada pela transmissão do agente etiológico presente em ovos de patos, usados na produção da vacina contra Marek (aplicadas em galinhas reprodutoras de um dia). Para produzir a vacina, tem que atenuar o vírus, passando em outro sistema, neste caso, ovos de pato. Quando houve a atenuação do vírus de Marek, trouxe, junto a ele, um agente presente nos ovos de pato (não causava problema em patos). Etiologia É um adenovírus tipo III (vírus DNA), não envelopado (mais difícil de eliminar do ambiente). Possui capacidade de aglutinar hemácias de galinhas, patos, gansos, perus, pombos e marrecos. Há crescimento em cultivo celular de células hepáticas e fibroblastos de embriões de pintos e patos. As partículas do vírus podem ser vistas no núcleo de células epiteliais da mucosa do oviduto de galinhas. Doenças I 12 Letícia Ferreira Santos Epidemiologia Patos, gansos domésticos e selvagens são hospedeiros naturais do vírus (possuem vírus e anticorpo, mas há ausência de doença clínica). Galinhas e codornas podem apresentar a doença clínica.Há infecção em aves de qualquer idade e os sinais só aparecem na fase de reprodução (fase de postura). Transmissão Vacina contaminada Transmissão vertical O nível de transmissão do vírus via ovos declina com o tempo até sua negativação. Depois de 45 semanas de idade (iniciou a postura com 20 semanas), ela não transmite mais o vírus. Reprodutoras positivas não transmitem após 45 semanas de idade Transmissão horizontal Acontece facilmente quando há promiscuidade entre espécies. Há secreção no oviduto e nas excretas. Também pode haver transmissão por equipamentos, veículos, caixas, gaiolas e agulhas usadas na vacinação Patogenia A replicação do vírus se inicia de 3-4 dias após infecção nos tecidos linfoides do timo, pâncreas e células do infundibulo. Quando o animal entra em reprodução, a bactéria vai para o oviduto. A replicação em massa do vírus no oviduto ocorre de 7-20 dias na câmara calcígena (útero). Reação inflamatória na parede produção de casca prejudicada má formação da casca do ovo Como o microrganismo não afeta o interior do ovo, pode ser utilizado na indústria (ovo em pó, gema, etc.) Sinais clínicos Queda na produção de ovos Reprodutoras pesadas há queda de 10-30% por 6-8 semanas consecutivas Postura comercial 19-43% Ausência do pico de postura (é pior do que a queda de postura, pois a produção depende do pico, então prejudica toda a postura) Sonolência e queda de consumo de ração (apenas na literatura, na prática isso não ocorre) Ovos com casca fina, sem casca, somente membrana da casca, casca deformada e descolorida, redução no peso e depósito anormal de cálcio sobre a mesma. Lesões A macroscopia é de difícil visualização, podendo haver atrofia do oviduto, ovário inativado e edema de útero. Microscopicamente, há glândula na cavidade formadora da casca (há replicação viral no núcleo da célula epitelial. Em 7 dias, há corpúsculo de inclusão nuclear) Diagnóstico Teste sorológico HI: prático e eficiente, além de ser recomendado para monitoramento ELISA (aves sorologicamente negativas na cria e recria não garantem status de lotes livres) Isolamento viral Inoculação de espécimes em ovos embrionados de patos ou gansos, livres do vírus EDS, ou em cultivo celular destas aves Inoculação de patinhos de 10-12 dias de idade Controle Compra de lotes negativos para a doença Programa de biosseguridade Identificar a ave infectada e eliminar (difícil, pois há muitas aves no galpão) Usar ovos somente a partir de 45 semanas (para reprodução, pois para indústria podem ser usados antes deste tempo) Adoção de vacinação Vacinação A vacina é inativada oleosa, aplicada em aves de recria em dose única (deve-se ter cuidados com equipamentos automáticos de injeção). Doenças I 13 Letícia Ferreira Santos Parvovirose Doença do Trato Reprodutivo Faz-se a vacinação em todo o pantel da trípice reprodutiva (erisipela, leptospira, parvovirose). Etiologia O agente etiológico é da família Parvoviridae. O genoma DNA é não envelopado (as células em fase S estão presentes no intestino, feto) e é um agente extremamente resistente no ambiente. Epidemiologia O suíno é o único hospedeiro sem impacto na saúde pública (a doença tem distribuição mundial). A doença afeta, principalmente, marrãs (50% das fêmeas de reposição apresentam transtorno reprodutivo por parvovírus, mesmo em sistemas que a vacinação é bem realizada). As marrãs são cada vez mais precoses. Então, quando entram em reprodução, ainda tem anticorpos maternos em altos níveis e a vacina não é tão eficaz (quanto maior o nível de anticorpos que a porca receber via passiva, mais demora para cair. Se a granja vacina bem, filhotes terão titularidade alta) (os anticorpos maternos protegem por até 5 meses). Transmissão A transmissão é rápida fácil e ocorre de forma vertical (fezes, fetos, envoltórios fetais, sêmen e secreção vaginal). Patogenia A infecção ocorre pela via oronasal, por alimento/água contaminada por fezes. O vírus se multiplica em macrófagos intestinais, atinge outras células do sistema imune (principalmente os linfócitos) e cai na circulação, chegando ao aparelho reprodutivo. Então, o vírus causa danos no embrião e feto (não há danos em células do aparelho reprodutivo da fêmea), causando morte embrionária/fetal. Depois da primeira cria, normalmente, não há mais problema, mesmo com o vírus circulante, pois os anticorpos bloqueiam a transmissão vertical, ainda que possa ocorrer trnasmissão pelas fezes. Sinais Clínicos Febre baixa Falhas reprodutivas (retorno ao cio, baixo número de nascidos, falsa gestação, fetos mumificados, abortos e natimortos) Fetos em diferentes fases do desenvolvimento no momento do nascimento (é o mais comum) Os machos são assintomáticos, sem interferir na qualidade do sêmen A presença de fetos mumificados/autolisados não prejudica o desenvolvimento dos suínos que ainda estão vivos A gestação de fêmeas suínas é de 114 dias: 9d – Reconhecimento materno da gestação (pelo menos 2 fetos/corno) 35d – Calcificação do esqueleto. Após calcificado, a fêmea perde a capacidade de absorver o embrião. 65d – Imunidade ativa (feto tem capacidade de responder ativamente). Há sistema imune completo e o animal pode nascer com anticorpos. Doenças I 14 Letícia Ferreira Santos Lesões Não há lesões na fêmea. Diagnóstico O diagnóstico sugestivo é feito pelo histórico e sinais clínicos (na marrã, geralmente). O diagnóstico confirmatório é laboratorial: Material de escolha para isolamento viral: fetos (menos de 16cm próximo aos 30 dias) (depois de 35 dias, animal já pode ter anticorpo, o que interfere no isolamento) PCR HA/HI ELISA Pode ser usado para leitões que vieram a termo. Há coleta de sangue antes de mamar o colostro e faz- se ELISA. Se tiver anticorpo, significa que entrou em contato com o vírus durante a gestação. Tratamento Não há tratamento (quando se faz, o tratamento é apenas para suporte). Controle Vacinação Leitoas (reposição) 1ª dose: aos 170-180 dias de idade ou 30 dias antes da cobertura 2ª dose: aoos 190-200 dias de idade ou 15 dias após a primeira Machos 1ª dose: 5-6 semanas antes de ser utilizado pela primeira vez 2ª dose: 15-20 dias após a primeira vacina Revacinar anualmente Porcas 10-15 dias após 1º, 2º, 3º, 5º, 7º e 9º parto (para vacinas oleosas) O produto deve ser aplicado pela via intramuscular profunda atrás da orelha. A dose é de 2mL em suínos de qualquer raça, sexo ou idade. Deve-se vacinar as marrãs aos 180 dias de idade. Revacinar 2-3 semanas após. Porcas: revacinar entre 8 dias e 2 semanas antes de cada cobertura. Este período corresponde ao 10º/15º dia de lactação. Cachaços: vacinar entre 6-7 meses de idade. Revacinar de 6 em 6 meses. Pleuropneumonia Doença do Trato Respiratório. O quadro respiratório é mais grave que pneumonia enzoótica Etiologia O agente etiológico é Actinobacillus pleuropneumonia (APP). É um cocobacilo gram- negativo pequeno, B-hemolítico, positivo no teste de CAMP. Possui 12 sorotipos diferentes (foram relatados no Brasil: 1, 3, 5, 7, 9, 12), os quais possuem 4 toxinas (I, II, III, IV, de maior para menor toxicidade). Epidemiologia Existem granjas que nunca tiveram problemas com APP. A introdução de animais assintomáticos é um fator de risco para granjas que nunca tiveram contato (o preocupante é a inserção de outro sorotipo). A doença atinge suínos em fase de terminação. Transmissão Ocorre por contato direto e aerossóis. Doenças I 15 Letícia Ferreira Santos Sinais Clínicos Quadro Super Agudo Quando o organismo nunca teve contato com APP ou está tendo contato com um sorotipo que nunca teve contato antes, os animais tendem a morrer rápido e não ter muitas lesões (morte súbita, com sangue nasnarinas e boca). Quadro Agudo Ocorre quando não foi uma amostra tão patogênica, mas ainda é grave. Febre Anorexia Dificuldade Respiratória Secreção purulente com estrias de sangue Tosse Produtiva Cianose Quadro Crônico Quando há um sorotipo de menor patogenicidade ou de maior patogenicidade, que já estava inserido no ambiente e animais já têm imunidade. Não é possível identificar pneumonia enzoótica por sinal clínico, mas o quadro macro chama mais atenção e é mais grave (lesões macroscópicas mais pronunciadas) Tosse seca Secreção naral serosa Anorexia Queda nos índices produtivos Desuniformidade do lote Lesões Macroscopicamente, há áreas de hepatização pulmonar; deposição de fibrina (pulmão, pleura, pericárdio); presença de líquido serofibrinoso com presença de sangue na cavidade torácica; necrose, abscesso e hemorragia pulmonar; e aderências torácicas. As lesões são restritas à cavid torácica e pode condenar 1/2 da carcaça. Microscopicamente, há pneumonia exsudativa fibrinohemorrágica; infiltração de mononucleares; necrose tecidual; e trombose vascular. Diagnóstico O diagnóstico sugestivo é feito pelo histórico (introdução de animais), sinais clínicos e lesões macroscópicas e microscópicas. O diagnóstico confirmatório é laboratorial e é realizado para descobrir o sorotipo (para vacinação): Teste de CAMP Imuno-histoquímca das lesões PCR ELISA Tratamento No tratamento, o antibiograma é importante. Faz-se tratamento parenteral dos animais com sinal clínico e massal nos outros (não é possível garantir que todos os animais vão receber antibiótico na dose certa). Controle Vacinação (é sorotipo específica) Leitões: vacinar no final da creche Fêmeas: 1 dose aos 90 dias de gestação Cachaços: revacinação semestral Vacinas com toxóides (faz-se a vacina a partir das 4 toxinas, que são causadoras das lesões) (ainda não existe no Brasil) Doenças I 16 Letícia Ferreira Santos Pneumonia Enzoótica Doença do Trato Respiratório. É o mais comum de suínos Etiologia Causada por Mycoplasma hyopneumoniae (agente específico de suínos). É um micoplasma gram- negativo, sem parede celular. É um agente filtrável e cresce em cultivo (colônias em formato de ovo frito). Epidemiologia O suíno é o único hospedeiro e a infecção é exclusiva do trato respiratório. Há morbidade maior (4-6 meses), entre 40-60%. A mortalidade é considerável, mas não é altíssima (5%). Transmissão A transmissão é apenas horizontal (não tem transmissão vertical), principalmente, por contato direto e aerossóis e vetores mecânicos (a interação entre animais é focinho-focinho e aumenta a facilidade de transmissão por secreções) Fatores pré-disponentes (são fatores para doenças respiratórias de qualquer espécie) Ventilação A renovação de ar evita a proliferação da doença. Ventiladores diretos no animal podem causar estresse. Na suinocultura, hs sistema de exaustão, para promover a circulação do ar. Superlotação É estressante e favorece a proliferação da doença Flutuações térmicas Variações térmicas 8ºC ou mais é estressante. Umidade relativa do ar Conforto térmico e facilidade do animal perder calor Sistema contínuo de manejo Não há momento de instalação vazia, pois constantemente introduz animais. Na maternidade e creche, o manejo é “all in all out”, permitindo a higienização. Na terminação, animais saem por peso, impossitibilitanto a higienização completa Baias vazadas Permite a passagem de aerossóis e o contato entre secreções Patogenia Inalação Células ciliadas da traqueia Destruição dos cílios Imunodepressão Infecções secundárias Após a inalação do micoplasma, há um período de incubação de 5 semanas. Então, o agente atinge células ciliadas da traqueia, ocasionando destruição dos cílios (perde a primeira forma de defesa), gerando imunodepressão e infecções secundárias (patogenia semelhante às aves). Sinais Clínicos É uma doença endêmica em suínos de baias de terminação. Tosse seca (tosse produtiva pode parecer quando houver infecção por microrganismo secundários) Secreção nasal serosa (pode virar purulenta se houver contaminação bacteriana secundária) Anorexia Quedas nos índices reprodutivos (geralmente no final do ciclo de produção) Desuniformidade do lote (animais de diferentes tamanho) Lesões Macroscopicamente, quando se trata de infecção só por Mycoplasma, as lesões, geralmente, são limpas. O que mais chama atenção são áreas de consolidação pulmonar (hepatização), nos quais os lobos craniais, normalmente, são os primeiros e mais afetados. Haverá pneumonia intersticial. Linfonodos bronquiais e mediastínicos aumentados de volume Conteúdo mucopurulento (traqueia, brônquios e bronquíolos) Microscopicamente, as lesões são muito sugestivas. Há hiperplasia progressiva linforreticular (ao redor de vias aéreas, principalmente, e vasos), ou seja, acúmulo de células linfoides. Também há exsudação intra-alveolar (macrófagos e neutrófilos) e edema intra-alveolar. A infiltração linfoide e o exsudato ocorre precocemente. À medida que a doença progride, ocorre aumento da proliferação, mas o exsudato diminui (por isso, há tosse seca). Doenças I 17 Letícia Ferreira Santos Diagnóstico Para o diagnóstico sugestivo, é importante os sinais clínicos (tosse seca), as lesões macroscópicas (áreas de hepatização) e microscópicas (exsudação e infiltrado). O diagnóstico confirmatório pode ser realizado por: Isolamento (teste-ouro para Mycoplasma) PCR ELISA (só serve para monitoramento sorológico) Monitoramento Uma forma de monitoramento, proposto pela EMBRAPA, ocorre pela quantificação de lesões (no abatedouro, avalia número de pulmões lesionados) e tosse seca (estimula os animais a se movimentarem). A partir disso, tem-se 30% - infecção subclínica 30-50% - nível baixo 50-70% - nível moderado Mais de 70% - nível grave Tratamento Antibioticoterapia com tilosina (principal), enrofloxacina, clortetraciclina. Vacinação Leitões: vacinar aos 7 dias de idade e revacina 21 dias após Marrãs não vacinadas: vacinar 2 doses aos 70 e 90 dias de gestação Marrãs vacinadas: vacinar com 1 dose aos 90 dias de gestação Porcas: 1 dose aos 90 dias de gestação Cachaços: revacinação semestral Normalmente, vacina-se os animais no final da creche (ainda vão ter anticorpos passivos, pode ser neutralizada, mas ainda trará alguns benefícios) e não aos 7 dias, caso a mãe tenha sido vacinada. Controle A doença é de difícil eliminação. O controle é feito pela correção dos fatores de risco: Utilizar o sistema “all in all out” (se possível) Boa ventilação (sem correntes de ar) Taxa de reposição de 30% (todo ano remove animais mais velhos e substitui por animais jovens) Limpeza e desinfecção Lotação 1m2/animal Evitar variação térmica Controlar umidade Controle de vetores Síndrome Respiratória e Reprodutiva de Suínos (PRRS) Doença do Trato Respiratório e Reprodutivo. É a doença mais importante na suinocultura mundial. É uma doença relativamente nova (também conhecida como Doença misteriosa dos suínos ou Doença da orelha azul). É uma doença exótica no Brasil, entretanto na Bolívia, Chile, Colômbia, Peru e Venezuela já registraram a doença. Etiologia O agente etiológico é da família Arteviridar. Possui genoma de RNA envelopado e os isolados americanos e europeus possuem diferenças genéticas e sorológicas. Epidemiologia Ocorre através da introdução de suínos positivos. A doença endêmica é crônica (pode ser confundida com pneumonia enzoótica e parvovirose) e a doença reprodutiva ocorre em surtos. Transmissão Ocorre de forma rápida e fácil. A transmissão é vertical e também ocorre através do contato direto, aerossóis,sêmes, fezes, saliva, urina e vetores mecânicos. Doenças I 18 Letícia Ferreira Santos Patogenia A infecção ocorre via oronasal, venérea ou vertical e destrói macrofagos alveolares, se replica em células germinativas e provoca viremia prolongada (resposta imune humoral não é o suficiente para proteger o animal), chegando aos tratos reprodutivo e respiratório. Além disso, há alteração da função dos macrófagos (diminui fagocitose; diminui capacidade oxidativa; diminuição da atividade microbiana). Sinais Clínicos Febre Analisada pelo comportamento: animal sente frio e fica junto aos outros. Ficam mais avermelhados, devido à hiperemia de pele Anorexia/apatia/agalaxia Em machos, há diminuição do volume, qualidade e motilidade do sêmen Dificuldade respiratória e cianose de extremidades Falhas reprodutivas (retorno ao cio, baixo número de nascidos, falsa gestação, fetos mumificados, abortos e natimortos) Fetos em diferentes fases de desenvolvimento (em países endêmicos) Diferença da parvovirose: a síndrome afetaria fêmeas de qualquer idade e não só marrãs, pois nenhum suíno tem anticorpos. Além disso, ocorreria transtorno reprodutivo mais grave. Lesões Na fêmeas, não tem grandes lesões reprodutivas. Macroscopicamente, há áreas de consolidação pulmonar (hepatização); pneumonia intersticial; linfonodos bronquiais e mediastinicos aumentados de volume e pálidos; conteúdo muco- puruento (traqueia, brônquio, bronquíolos); e lesão umbilical hemorrágica. Microscopicamente, há pneuonia intersticial com ausência de macrófagos alveolares. Diagnóstico O diagnóstico sugestivo é feito pelo histórico (introdução de animais), sinais clínicos e lesões. O diagnóstico confirmatório é laboratorial: Isolamento viral RT-PCR ELISA (no Brasil, seria suficiente) Tratamento Não há tratamento Controle Segue a Instrução Normativa (para doenças exóticas, não sendo exclusivo para PRRS): Para importar animal, a granja de origem deve ser livre da doença nos últimos 12 meses Quarentena dos animais importados na origem e no destino. É testado com teste sorológico (se der negativo, faz quarentena de 21 dias no país de origem. Chegando ao Brasil, vai para São Paulo, que é quarentenário oficial, e testa outra vez. Se der negativo, fica em quarentena 21 dias novamente. Antes de ir para granja de destino, faz teste outra vez e fica em quarentena na granja novamente) Importação de sêmen: ELISA do reprodutor (faz-se um teste 30 dias antes da colera e outro 15 dias após a coleta).
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