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Estudo Doutrina Constitucional

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Constituição – Estudo a Doutrina
Conceito 1: organização do Estado e Limitação do poder estatal.
Jorge Miranda define Direito Constitucional como: “ parcela da ordem jurídica que rege o próprio Estado, enquanto comunidade e enquanto poder. É o conjunto de noras que recordam o contexto jurídico correspondente à comunidade politica como um todo e aí situam os indivíduos e os grupos uns em face dos outros e frente ao Estado-poder e que, ao mesmo tempo, define a titularidade do poder, os modos de formação e manifestação da vontade politica, os órgãos de que esta carece e os actos em que se concretiza.”
O estado o resulta de lenta e gradual evolução organizacional de poder, que não se confude com as formas de agrupamentos antigos.
O estado, portanto, é forma histórica de organização jurídica limitado a um determinado território e com população definida e dotado de soberania, que em termos gerais e no sentido moderno configura-se em um poder supremo no plano interno e num poder independente no plano internacional.
O constitucionalismo escrito surge com o Estado, também com a função de racionalização e humanização, trazendo consigo a necessidade da proclamação de direitos.
Importante ressaltar a importância dada por Canotilho, que em seu conceito é “um tecnologia politica de equilíbrio politico-social através da qual se combateram dois arbítrios ligados a modelos anteriores, a saber: a autocracia absolutista do poder e os privelegios orgânico-corporativo medeievais.
O Estado Constitucional configura-se, portanto, como uma das grandes conquistas da humanidade, que, para ser um verdadeiro Estado de qualidades no constitucionalismo moderno deve ser um Estado democrático de Direito.
Dessa forma, são duas “grandes qualidades” do Estado Constitucional: Estado de direito e Estado Democratico.
O Estado Democratico de Direito, caracterizado do Estado constitucional, significa que o Estado se rege por normas democráticas, com eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades publicas aos direitos e garantias fundamentais é proclamado, por exemplo, no caput do art 1º da CRFB, que adotou igualmente, em seu paragrafo unicom o denominado principio democrático ao afirmar que “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos da constituição”, por mais adiante em seu artigo 14, proclamar que “a soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: I – plesbicito; II referendo; III – iniciativa popular.
Assim, o principio democrático exprime fundamentalmente a exigência da integral participação de todos e de cada uma das pessoas na vida politica do pais, a fim de garantir o respeito à soberania popular.
O Estado Constitucional, portanto, é mais do que o Estado de Direito, é também o Estado Democratico, introduzido no constitucionalismo como garantia de legitimação e limitação do poder.
Portanto podemos definir constituição como Lei Fundamental e suprema de um Estado, que contem normas que estruturam o Estado, quanto a formação dos poderes públicos, a forma de governo e aquisição do poder de governar, distribuindo as competências, direitos garantias e deveres dos cidadãos.
Podemos considerar nossa constituição como super-rigida, uma vez que em regra poderá ser alterada por um processo legislativo diferenciado, mas, excepcionalmente, em alguns pontos é imutável. 
Podemos classificar nossa constituição como formal, escrita, legal, dogmática, promulgada, rígida e analítica.
I – Aplicabilidade das normas 
Eficacia plena: aquelas, que produzem, ou tem possibilidade de produzir todos os efeitos essenciais relativamente aos interesses, comportamentos e situações, que o legislador constituinte quis regular.
Eficacia contida: aquelas em que o legislador constituinte regulou suficientemente os interesses relativos a determinada matéria, mas deixou margem à atuação restritiva por parte da competência discricionária do poder publico. (por exemplo: art 5º XIII é livre o exercício de qualquer trabalho, oficio ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer). 
Eficacia limitada: aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, mediata e reduzida, porque somente são aquelas que apresentam aplicabilidade indireta, reduzida, porque somente incidem totalmente sobre esses interesses, após uma normaticidade ulterior que lhes desenvolva aplicabilidade.
Eficacia plena = eficácia absoluta, eficazes desde sua entrada em vigor.
Eficacia contida = eficácia relativa restringível, também chamada de eficácia redutível ou restringível por serem de aplicabilidade imediata ou plena, ou seja pode ter seu alcance reduzido pela atividade legislativa.
Eficacia limitada = eficácia relativa dependente de complementação legistativa.
Importante cita que temos as normas Intangíveis, ou seja, não podem sofrer emendas, que se distinguem, portanto das normas de eficácia plena, sendo exemplo de normas intangíveis I -  a forma federativa de Estado; II -  o voto direto, secreto, universal e periódico; III -  a separação dos Poderes; IV -  os direitos e garantias individuais, por força do artigo 60 § 4º que diz  “Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir”.
Normas programáticas, são aquelas que não regulam diretamente interesses ou direitos, pois se limitaram a traçar alguns preceitos a serem cumpridos pelo Poder Publico, como “programas das respectivas atividades, pretendendo unicamente a consecução dos fins sociais do estado.”
Interpretação das normas constitucionais; pelo fato de algumas normas entrarem em conflito, se faz necessário uma sistemática para uma interpretação adequada, Raul Machado Horta diz que “todas as normas são fundamentais”, que a colocação de precedência para interpretação não impõe estabelece hierarquia entre as normas, mas sim para extrair a impregnação valorativa dos princípios fundamentais.
Para alexandre de Morais a constituição deve ser sempre interpretada, por meio da conjugação da letra do texto com as características históricas, politicas, ideológicas no momento, se encontrará o melhor sentido da norma jurídica, em confronto com a realidade sociopolítico-economica e almejando sua plena eficácia.
Canotilho enumera diversos princípios e regras interpretativas das normas constitucionais:
Da unidade da constituição: a interpretação constitucional deve ser realizada de maneira a evitar contradições entre suas normas;
Do efeito integrador: na resolução dos problemas jurídico-constitucional, deverá ser dada maior primazia aos critérios favorecedores da integração politica e social, bem como ao reforço da unidade politica;
Da máxima efetividade ou da eficiência: a uma norma constitucional deve ser atribuído o sentido que maior eficácia lhe conceda;
Da justeza ou da conformidade funcional: os órgãos encarregados de interpretação da normal constitucional não poderão chegar uma posição que subverta, altere ou perturbe o esquema organizatório-funcional constitucionalmente estabelecido pelo legislador constituinte originário;
Da concordância pratica ou da harmonização: exige-se a coordenação e combinação dos bens jurídicos em conflito de forma a evitar o sacrifício total de uns em relação aos outros;
Da força normativa da constituição: entre as interpretações possíveis, deve ser adotada aquela que garante maior eficácia, aplicabilidade e permanência das normas constitucionais.
Em síntese a interpretação deverá buscar harmonia de texto constitucional com suas finalidades precípuas, adequando-as à realidade e pleiteando a maior aplicabilidade dos direitos, garantias e liberdades publicas.
Ressalte-se que deverá ser aplicado a norma mais favorável a proteção dos direitos humanos, mas também, a interpretação que garanta a maior e mais ampla proteção.
Inicio ao texto constitucional:
Preambulo; certidão de origem e legitimidade do novo texto e uma proclamação de princípios, demonstrando a rupturado ordenamento anterior, e o surgimento jurídico de um novo estado. O preambulo não faz parte do texto constitucional propriamente dito, mas nem por isso podemos classifica-lo como irrelevante, pois ele dever ser observado como elemento de interpretação e integração dos diversos artigos que lhe seguem.
O estado Democratico de Direito, significa reger-se por normas democráticas, como eleições livres, periódicas e pelo povo, bem como o respeito das autoridades publicas ao direitos e garantias fundamentais. Vale citar o paragrafo único “todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou diretamente, nos termos desta constituição”
Objetivos Fundamentais; o artigo 3º tem um rool exemplificativo, pois os poderes públicos devem buscar os meios e instrumentos para promover condições de igualdade real e efetiva e não somente contentar-se com a igualdade formal. Contudo, deve ser levado em consideração o respeito a um dos objetivos fundamentais da republica “construção de uma sociedade justa”.
Asilo politico consiste em acolhimento de estrangeiro por parte de um estado. A competência de concessão é do presidente da republica, passível ao controle de legalidade do STF, uma vez concedido o Min da Justiça lavrara o termo no qual serão fixados os prazos de estada, competindo a este ultimo a prorrogação do prazo. O asilado que desejar se ausentar do pais e nele, posteriormente reingressar, sem renuncia de sua condição devera solicitar autorização previa, caso saia sem autorização importará em renuncia e impedira o reingresso nesta condição. A condição de asilado não é impeditivo de posterior analise e consequente concessão de extradição, desde que não apronte características de crime politico ou de opinião pois neste caso existira expressa vedação constitucional.
Poder Constituinte
Manifestação soberana da suprema vontade politica de um povo, social e juridicamente organizado.
Em um conceito realista Alexandre classifica que o titular do poder constituinte é o povo, entretanto o exercente é aquele que, em nome do povo, cria o Estado, editando a nova constituição. Para Manoel Gonçalves Ferreira Filho “o povo pode ser reconhecido como o titular do Poder Constituinte mas não é jamais quem o exerce. É ele um titular passivo, ao qual se imputa uma vontade constituinte sempre manifestada por uma elite.”
Especies de Poder Constituinte
Originario, estabelece a constituição de um novo Estado, organizando-o e criando os poderes destinados a reger os interesses de uma comunidade. Podendo se desdobrar por outorga e por assembleia nacional constituinte/convenção, sendo a primeira por declaração unilateral do agente revoluiconario que autolimita seu poder, já a segunda, nasce da deliberação de representação popular, devidamente convocada pelo agente revolucionário, para estabelecer o texto organizatório e limitativo de Poder.
O poder constituinte, caracteriza-se por ser inicial, ilimitado, autônomo e incondicionado. Sendo inicial por ser a base da ordem jurídica, ilimitado e autônomo pois não esta de momo algum limitado pelo direito anterior, não tendo que respeitar os limites postos pelo direito positivo antecessor, e incondicionado pois não esta sujeito a qualquer forma prefixada para manifestar sua vontade, não tem ela que seguir qualquer procedimento determinado para realizar sua obra de constitucionalização.
Ressalte-se que o poder constituinte é permanente, ele não desaparece com a realização de sua obra, ou seja, com a elaboração de uma nova constituição, sendo assim sua titularidade não se esgota, permanece latente, manifestando-se novamente mediante uma nova assembleia nacional constituinte ou um ato revolucionário.
O poder constituinte derivado está na própria constituição, e é passível de controle de constitucionalidade. Ele é derivado, subordinado e condicionado. Ou seja, ele deve seguir as regras previamente estabelecidas no texto da constituição. Existe em duas espécies, sendo o reformador possibilitanto alterar o texto constitucional respeitando regulamentação especial prevista na própria constituição, e o decorrente que possibilita os estados membros em virtude de sua autonomia politico administrativa de se autoorganizarem por meio de suas respectivas constituições estaduais, sempre respeitando as regras limitativas estabelecidas pela constituição.
DIREITOS FUNDAMENTAIS COMO DIREITO DE DEFESA
A doutrina nos apresenta a classificação de direitos fundamentais de primeira, segunda e terceira geração. 
Direitos de primeira geração: compreende os direitos civis e políticos; os direitos de segunda geração: compreende direitos econômicos sociais e culturais(relacionados ao trabalho, o seguro social, a subsistência, o amparo à doença) ; os direitos da terceira geração: compreende o principio da igualdade e fraternidade(meio ambiente equilibrado, saudável qualidade de vida, progresso, a paz).
PODEMOS DEFINIR NORMAS DE DIREITOS E GARANTIAS FUNDAMENTAIS AQUELAS NO QUAL TEM EFICACIA E APLICAÇÃO IMEDIATA. 
Os Direitos e garantias são limitados, e em caso de conflito entre dois ou mais direitos ou garantias fundamentais, o interprete deve utilizar-se do principio da concordância pratica ou da harmonização, de forma a coordenar e combinar os bens jurídicos em conflito, evitando o sacrifício total de uns em relação aos outros, realizando uma redução proporcional do âmbito de alcance de cada qual. Destarte, a própria declaração dos direitos humanos das nações unidas, em seu artigo 29 afirma que “No exercício de seus direitos e no desfrute de suas liberdades todas as pessoas estarão sujeitas as limitações estabelecidas pela lei com a única finalidade de assegurar o respeito dos direitos e a liberdade dos demais...”.
DIREITO VS GARANTIA; alguns doutrinadores classificam a primeira como mera disposição declaratória, e a segunda como disposições assecuratórias, em defesa dos direitos e limitando poder.
Pode-se classificar direitos fundamentais da seguinte forma:
Art 5º - Direitos e Garantias Individuais e Coletivos
Art. 6º ao 11 – Direitos Sociais
Art. 12 – Direitos de Nacionalidade
Art. 14 – Direitos Politicos
Art. 17 – Direitos de Criação, Organização e Participação em Partidos Politicos
Direitos humanos de 1ª dimensão – art 5 e 14
Direitos humanos de 2ª dimensão – art 6, 7, 205
Direitos humanos de 3ª dimensão – art 225
Direitos humanos de 4ª dimensão – art 1 e 3
O artigo 5º garante que todos aqueles, ainda que estrangeiros em transito pelo território brasileiro, tenham todos os direitos e garantias previstos na constituição inclusive pessoas jurídica.
Direito a vida: pressuposto para existência e exercício de todos os demais direitos. Cabendo ao Estado assegurar em acepção dupla, a primeira quanto ao direito de continuar vivo e a segunda de se ter vida digna quanto à subsistência. Importante ressaltar que como os demais direitos fundamentais, tal proteção não é absoluta, cujo próprio texto constitucional admite penal de morte no caso de guerra declarada, no mesmo sentido , citou previsão de aborto ético ou humanitário como causa de excludente de ilicitude ou antijuricidade.
Principio da Igualdade: Importante ressaltar eu o tratamento desigual dos casos desiguais, na medida em que desigualam, é exigência tradicional do próprio conceito de justiça. O principio constitucional, opera em dois planos distintos, o primeiro que incumbe ao legislador ao próprio executivo impedindo que possam criar tratamentos abusivamente diferenciados a pessoas que se encontram em situações idênticas, e o outro plano que incumbe ao interprete, basicamente, a autoridade publica, de aplicar a lei e atos normativos de maneira igualitária, sem estabelecimento de diferenciações em razão de sexo, religião, convicções filosóficas ou politicas, raça, classe social.
Excepcionalmente poderá haver um tratamento normativo diferenciado desde que tenha compatibilidade com a constituição e quando verificada a existência de uma finalidade razoavelmente proporcional ao fim visado.
Caberá ao Judiciario utilizarno caso concreto, os mecanismos constitucionais no sentido de dar uma interpretação única e igualitária às normas jurídicas.
Finalmente não poderá o particular, pautar-se por condutas discriminatórias, preconceituosas ou racistas, sob pena de responsabilidade civil e penal, nos termos da legislação em vigor.
PAg 41.
Principio da Legalidade: O art.5 determina que ninguém sera obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão em virtude de lei, no intuito de combater poder arbitrário. Há doutrinador que conceitua esse principio como uma garantia constitucional e não individual, pois ele assegura o particular o privilegio de evitar imposição que lhe sejam impostas por uma outra via que não seja a da lei.
O principio da legalidade é mais abrangente, enquanto o da reserva legal é mais restrito. O primeiro significa a submissão do respeito a lei, ou a atuação dentro da esfera estabelecida pelo legislador. Enquanto o segundo consiste em determinar que a regulamentação de certas matérias precisam ser realizadas necessariamente por lei formal. 
A CF estabelece essa reserva de lei, de modo absoluto ou relativo, assim, temos a reserva legal absoluta quando a norma constitucional exige para sua integral regulamentação a edição de lei forma, entendida como ato normativo emanado do congresso nacional elaborado de acordo com o devido processo legislativo constitucional.
Por outro lado temos a reserva legal relativa quando a CF, apesar da exigência de lei formal, permite que esta fixe tão somente parâmetros de atuação para o órgão administrativo, que poderá complementa-la por ato infralegal, sempre, respeitando os limites ou requisitos estabelecidos pela legislação.
Inexistência da obrigatoriedade de duplo grau de jurisdição: A CF consagra como regra a importância de os julgamentos ocorrerem, ordinariamente, em duas instancias, sendo a primeira monocrática e a segunda colegiada, entretanto esse modelo de segurança jurídica não é taxativamente obrigatório. Posto isso, a CF limitou-se apenas mencionar a existência de tribunais, conferindo-lhes competência recursal, portanto apenas incluindo a existência de previsão recursal. 
Direito Adquirido, ato jurídico perfeito e coisa julgada: Segundo Celso Bastos direito adquirido “limita a retroatividade da lei. O estado cumpre seu papel na medida em que atualiza suas leis. No entretanto, a utilização da lei em caráter retroativo, em muitos casos, repugna porque fere situações jurídicas que já tinham por consolidadas no tempo, e esta é umas fontes principais de segurança do homem na terra.”
Ato Juridico Perfeito, “é aquele que se aperfeiçoou, que reuniu todos os elementos necessários a sua formação, debaixo da lei velha. Isto não quer dizer, por si só que ele encerre em seu bojo um direito adquirido. Do que está o seu beneficio imunizado é de oscilações de forma aportadas pela lei nova.”
Coisa julgada, é a decisão transitada em julgada que não cabe mais recurso. Coisa julgada formal é aquela que se da no âmbito do próprio processo, seus efeitos se restringem apenas a este. Já a coisa julgada material, esta condicionada a inimpugnabilidade no mesmo processo, a sentença reúne a imutabilidade até mesmo em processo posterior.
Direitos Fundamentais, Tratados Internacionais e Novos Instrumentos de Efetivação dos Direitos Humanos Fundamentais: O texto constitucional permite que tratados e convenções internacionais que versem sobre direitos humanos, desde que aprovados em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, por três quintos dos votos dos respectivos membros, serão equivalentes às emendas constitucionais e, consequentemente, passão a compor nosso “bloco de constitucionalidade”.
E ainda o STF conceitua que “o status normativo supralegal dos tratados internacionais de direitos humanos subscritos pelo Brasil torna inaplicável a legislação infraconstitucional com ele conflitante, seja ela anterior ou posterior ao ato de adesão”.
E sendo assim, essa alteração de posicionamento permitiu ao STF garantir verdadeira evolução na proteção dos direitos humanos fundamentais, por meio de normas gerais internacionais tuteladoras de bens da vida primordiais (dignidade, vida, segurança, liberdade, honra, moral, entre outros).
ORGANIZAÇÃO POLITICO ADMINISTRATIVA
A CF adotou como forma de Estado o federalismo, que na conceituação de Dallari é uma aliança ou união de Estados, baseada em uma constituição e onde os Estados que ingressam na federação perdem sua soberania no momento mesmo do ingresso, preservando, contudo, uma autonomia politica limitada.
A adoção da espécie federal de Estado gravita em torno do principio da autonomia e da participação politica, pressupondo a consagração de regras constitucionais, não somente a configuração mas também a sua manutenção e indissolubilidade. 
“Ou seja, Estado federativo possui membros dotados de participação politica e autonomia relativa, no qual seus membros estão sob o regimento das regras constitucionais para com a sua configuração, manutenção e indissolubilidade.”
Importante mencionar que o legislador constituinte determinou a impossibilidade de qualquer proposta de emenda constitucional tendente a abolir a Federação.
“Art. 60. § 4º Não será objeto de deliberação a proposta de emenda tendente a abolir:
I - a forma federativa de Estado;”
Estado constituído indissolúvel através do artigo 1º.
“Art. 1º A República Federativa do Brasil, formada pela união indissolúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos”
A capital federal é vedado a divisão em municípios. Sendo assim podemos definir Brasilia como função servir de Capital da União e, pois, Capital do Brasil, como entidade de direito internacional.
A União é entidade federativa autônoma em relação aos Estados-membros e municípios, constituindo pessoa jurídica de Direito Publico Interno, cabendo-lhe exercer as atribuições da soberania do Estado brasileiro. Não se confunde com o Estado Feral, este sim pessoa jurídica de direito Internacional e formado pelo conjunto de União, Estados membros, Distrito Federal e municipios. 
Estados Membros possui a tríplice capacidade de auto-organização e normatização própria, autogoverno e adutoadministração.
ORGANIZAÇÃO DOS PODERES E DO MINISTÉRIO PUBLICO
A CF adotou o principio da igualdade dos direitos; todos os cidadãos tem o direito de tratamento idêntico pela Lei, sendo vedada as diferenciações arbitrárias, as discriminações absurdas, mostrando-nos que o tratamento desigual dos casos desiguais, à medida que se desigualam, é exigência do próprio conceito de Justiça.
Analisando a aplicabilidade e a interpretação das normas constitucionais, Tercio Sampaio Ferraz Junior ensina: “ Se o objetivo do emissor da norma é obter uma obediência ou submissão(cometimento), mas o conteúdo normado não tem condições de ser cumprido, o sucesso da disposição normativa é frágil, ou não existe. Portanto, a eficácia enquanto termo relativo ao normativo, tendo em vista a relação entre o emissor da norma e o seu destinatário, exige-se que se leve em conta o objetivo colimado na instauração da relação de autoridade.”
Não há pois qualquer duvida da estreita interligação constitucional entre a defesa da separação de poderes e dos direitos fundamentais como requisito sine qua non para a existência de um Estado democrático de direito.
Funções estatais: Poder Legislativo, Poder Executivo, Poder Judiciário e Min. Publico: O poder judiciário para ser imparcial precisa continuar sendo inerte, ou seja, o poder judiciário age mediante provocação. Entretanto para atender os anseios da população o Ministério Publico exerce em razão do estado o ação na área penal, civil ou intervem no processo entre as partes na defesa daqueles interesses que não se deixaram a disposição dos interessados.
Podemos concluir ainda, que não existiria um Estado democrático de direito, sem que haja Poderes de Estados e Instituições, independentes e harmônicos entre si, bem como a previsão de direitosfundamentais e instrumentos que possibilitam a fiscalização.
Poder Legislativo: O art. 2º da CF consagrou a tripartição de Poderes, sendo que cada um deles possui uma função predominante, o que a caracteriza detentor de parcela da soberania estatal, além de outras funções previstas no texto constitucional. São chamadas as funções típicas e atípicas.
As funções típicas do Poder Legislativo são legislar e fiscalizar. Por um lado a CF prevê regras de processo legislativo, para que o Congresso Nacional elabore as normas jurídicas, de outro, determina que a ele compete a fiscalização contábil, financeira, orçamentaria, operacional e patrimonial do Poder Executivo(Art 70).
As funções atípicas constituem-se em administrar e julgar. A primeira é decorrente de sua organização e operacionalidade interna, já a segunda decorre do processo e julgamento do Presidente da Republica por crime de responsabilidade.
Congresso Nacional: o Poder Legislativo Federal é bicameral, que se compõe em câmara dos deputados e senado federal, diferentemente dos estaduais, distritais e municipais, onde é consagrado o unicameralismo.
Câmara dos Deputados: se compõe de representantes do povo. E a ela compete privativamente:
Autorizar, por DOIS TERÇOS de seus membros, a instauração de processo contra o Presidente e o Vice-Presidente da Republica e os Ministros de Estado;
Proceder à tomada de contas do Presidente da Republica, quando não apresentar ao Congresso Nacional dentro de 60 dias após a abertura da sessão legislativa;
Elaborar seu regimento interno;
Dispor sobre sua organização, funcionamento, policia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentarias;
Eleger dois membros do Conselho da Republica, nos termos do art 89, VII.
Senado Federal: Compõe-se de representantes dos Estados e do Distrito Federal, eleitos segundo o principio majoritários, sendo que cada Estado e o Distrito Federal terão três senadores, com mandato de oito anos.
Sistema majoritário é aquele em que será considerado vencedor o candidato que obtiver maior numero de votos(maioria simples), tendo o texto constitucional optado pelo sistema majoritário puro ou simples(um único turno) para eleição de Senadores da Republica.
Compete privativamente ao Senado Federal:
Processar e julgar o presidente e o vice-presidente a republica nos crimes de responsabilidade bem como os ministros de estado e os comandantes da marinha, do exercito e da aeronáutica, nos crismes da mesma natureza conexos com aqueles;
Processar e julgar os ministros do supremo tribunal federal, os membros do conselho nacional de justiça e do conselho nacional do ministério publico, o procurador-geral da republica e o advogado-geral da união nos crimes de responsabilidade;
Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição publica, a escolha de:
Magistrados, nos casos estabelecidos nesta constituição;
Ministros do tribunal de constas da união indicados pelo presidente da republica;
Governador de território;
Presidente e diretores do banco central;
Procurador- geral da republica;
Titulares de outros cargos que a lei determinar;
Aprovar previamente, por voto secreto, após arguição em sessão secreta, a escolha dos chefes de missão de caráter permanente;
Autorizar operações externas de natureza financeira, de interesse da União, dos Estados, do Distrito Federal, dos Territórios e dos Municípios;
Fixar, por proposta do Presidente da Republica, limites globais para o montante da divida consolidada da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Dispor sobre limites globais e condições para as operações de crédito externo e interno da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, de suas autarquias e demais entidades controladas pelo Poder Publico federal;
Dispor sobre limites e condições para o montante da divida mobiliaria dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios;
Suspender a execução, no todo ou em parte, de lei declarada inconstitucional por decisão definitiva do Supremo Tribunal Federal;
Aprovar, por maioria absoluta e por voto secreto, a exoneração, de oficio, do Procurador-Geral da republica antes do termino de seu mandato;
Elaborar seu regimento interno;
Dispor sobre sua organização, funcionamento, policia, criação, transformação ou extinção dos cargos, empregos e funções de seus serviços, e a iniciativa de lei para fixação da respectiva remuneração, observados os parâmetros estabelecidos na lei de diretrizes orçamentarias;
Eleger membros do conselho da republica, nos termos do art. 9, VII;
Avaliar periodicamente a funcionalidade do Sistema Tributário Nacional, em sua estrutura e seus componentes, e o desempenho das administrações tributarias da União, dos Estados e do Distrito Federal e dos Municípios.
Função típica – Fiscalização. Comissão parlamentares de inquérito: consiste no controle parlamentar, classificado em politico-administrativo e financeiro-orçamentário. A Constituição Federal autoriza a criação de comissões parlamentares de inquérito que terão poderes de investigação próprios das autoridades judiciais, além de outros previstos nos regimentos das respectivas casas, e serão criadas pela câmara dos deputados e pelo senado federal, em conjunto ou separadamente, mediante requerimento de um terço de seus membros, para a apuração de fato determinado e por prazo certo, sendo suas conclusões, se for o caso, encaminhadas ao Ministerio Publico, para que promova a responsabilidade civil ou criminal dos infratores(CF, art.58, paragrafo 3º).
Poder Executivo: São características básicas do presidencialismo: 1. Ser um sistema de governo surgido como o modelo clássico da separação de Poderes apontado por Montesquieu; 2. O Presidente da Republica, como chefe de Estado, representa o país nas suas relações internacionais, bem como corporifica a unidade interna do Estado. Como Chefe de Governo, a função presidencial corresponde a representação interna, na gerencia dos negócios internos, tanto de natureza politica(participação no processo legislativo), como de natureza eminentemente administrativa; 3. Garantir a independente entre Executivo e Legislativo. O Poder Executivo, exerce em regra, sem responsabilidade politica perante o Poder Legislativo. A irresponsabilidade politica do Chefe do Executivo engloba seu ministério.
O Executivo, portanto, além de administrar a coisa publica(FUNÇÃO TIPICA), de onde deriva o nome republica, também legisla(art.62-Medidas provisórias) e julga(contencioso administrativo), no exercício de suas funções ATIPICAS.
“Art. 84. Compete privativamente ao Presidente da República:
        I -  nomear e exonerar os Ministros de Estado;
        II -  exercer, com o auxílio dos Ministros de Estado, a direção superior da administração federal;
        III -  iniciar o processo legislativo, na forma e nos casos previstos nesta Constituição;
        IV -  sancionar, promulgar e fazer publicar as leis, bem como expedir decretos e regulamentos para sua fiel execução;
        V -  vetar projetos de lei, total ou parcialmente;
        VI -  dispor, mediante decreto, sobre:
            a)  organização e funcionamento da administração federal, quando não implicar aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos;
            b)  extinção de funções ou cargos públicos, quando vagos;
        VII -  manter relações com Estados estrangeiros e acreditar seus representantes diplomáticos;
        VIII -  celebrar tratados, convenções e atos internacionais, sujeitos a referendo do Congresso Nacional;
        IX -  decretar o estado de defesa e o estado de sítio;
        X -  decretar e executar a intervenção federal;
        XI -  remeter mensagem e plano de governo ao Congresso Nacional por ocasião da abertura da sessão legislativa, expondo a situação do País e solicitando as providências que julgar necessárias;
        XII -  concederindulto e comutar penas, com audiência, se necessário, dos órgãos instituídos em lei;
        XIII -  exercer o comando supremo das Forças Armadas, nomear os Comandantes da Marinha, do Exército e da Aeronáutica, promover seus oficiais-generais e nomeá-los para os cargos que lhes são privativos;
        XIV -  nomear, após aprovação pelo Senado Federal, os Ministros do Supremo Tribunal Federal e dos Tribunais Superiores, os Governadores de Territórios, o Procurador-Geral da República, o presidente e os diretores do Banco Central e outros servidores, quando determinado em lei;
        XV -  nomear, observado o disposto no art. 73, os Ministros do Tribunal de Contas da União;
        XVI -  nomear os magistrados, nos casos previstos nesta Constituição, e o Advogado-Geral da União;
        XVII -  nomear membros do Conselho da República, nos termos do art. 89, VII;
        XVIII -  convocar e presidir o Conselho da República e o Conselho de Defesa Nacional;
        XIX -  declarar guerra, no caso de agressão estrangeira, autorizado pelo Congresso Nacional ou referendado por ele, quando ocorrida no intervalo das sessões legislativas, e, nas mesmas condições, decretar, total ou parcialmente, a mobilização nacional;
        XX -  celebrar a paz, autorizado ou com o referendo do Congresso Nacional;
        XXI -  conferir condecorações e distinções honoríficas;
        XXII -  permitir, nos casos previstos em lei complementar, que forças estrangeiras transitem pelo território nacional ou nele permaneçam temporariamente;
        XXIII -  enviar ao Congresso Nacional o plano plurianual, o projeto de lei de diretrizes orçamentárias e as propostas de orçamento previstas nesta Constituição;
        XXIV -  prestar, anualmente, ao Congresso Nacional, dentro de sessenta dias após a abertura da sessão legislativa, as contas referentes ao exercício anterior;
        XXV -  prover e extinguir os cargos públicos federais, na forma da lei;
        XXVI -  editar medidas provisórias com força de lei, nos termos do art. 62;
        XXVII -  exercer outras atribuições previstas nesta Constituição.
    Parágrafo único. O Presidente da República poderá delegar as atribuições mencionadas nos incisos VI, XII e XXV, primeira parte, aos Ministros de Estado, ao Procurador-Geral da República ou ao Advogado-Geral da União, que observarão os limites traçados nas respectivas delegações.”
Os regulamentos, portanto, são normas expedidas privativamente pelo Presidente da Republica, cuja finalidade precípua é facilitar a execução das Leis, removendo eventuais obstáculos práticos que podem surgir em sua aplicação e se exteriorizam por meio de decreto, sendo, pois, como relembra Marcelo Caetano, importante fonte de Direito Administrativo.
O exercício do poder regulamentar do Executivo situa-se dentro da principiologia constitucional da Separação dos Poderes(CF, arts. 2º; 60, paragrafo quarto, inciso III), pois, salvo em situações de relevância e urgência(medidas provisórias), o presidente da Republica não pode estabelecer normas gerais criadoras de Direitos ou obrigações, por ser função do Poder Legislativo. Assim, o regulamento não poderá alterar disposição legal, tampouco criar obrigações diversas das previstas em disposição legislativa.
Essa vedação não significa que o regulamento deva reproduzir literalmente o texto da lei, pois seria flagrante de inutilidade. O poder regulamentar somente será exercido quando alguns aspectos da aplicabilidade da lei são conferidos ao Poder Executivo, que deverá evidenciar e explicitar todas as previsões legais, decidindo a melhor forma de executa-las e eventualmente, inclusive, suprindo suas lacunas de ordem pratica ou técnica.
A partir da Emenda Constitucional nº 32/01, o texto constitucional brasileiro passou a admitir “os decretos autônomos” do Chefe do Executivo, quando não implicar em aumento de despesa nem criação ou extinção de órgãos públicos. 
A constituição de 1988, apesar de reservar a primazia, não concedeu o monopólio da função normativa ao Poder Legislativo, estabelecendo outras fontes normativas primarias, tanto no Executivo(medidas provisórias, decretos autônomos), quanto no Judiciario(poder normativo primário ao Conselho Nacional de Justiça).
Poder Judiciário: Poder autônomo e independente, no qual sua função consiste somente em administrar a Justiça, é o verdadeiro guardião da constituição. Com a finalidade de preservar, basicamente, os principio da legalidade e igualdade, sem os quais os demais tornariam-se vazios. Esta concepção resultou da consolidação de grandes princípios de organização politica, incorporados pelas necessidades jurídicas na solução de conflitos.
Não se consegue conceituar um verdadeiro Estado democrático de Direito sem a existência de um poder judiciário autônomo e independente para que exerça sua função de guardião das leis, pois, como afirmou zafaroni, “chave do poder judiciário se acha no conceito de independência”. 
Garantias: 1.Vitaliciedade, 2.Inamovibilidade e 3.irredutibilidade de vencimentos.
Como autoproteção, o próprio Judiciario poderá garantir sua posição constitucional, por meio do controle judicial destes atos, de onde concluímos a ampla possibilidade de controle de constitucionalidade das leis ou atos normativos que desrespeitem o livre exercício deste Poder.
Brandrés afirma que a independência judicial constitui um direito fundamental dos cidadãos, inclusive o direito à tutela judicial e o direito ao processo de julgamento por um Tribunal independente e imparcial.
Funções Tipicas e atípicas: ao lado da função de legislar e administrar, o Estado exerce a função de julgar, ou seja, a função jurisdicional, consistente na imposição da validade do ordenamento jurídico, de forma coativa, toda vez que houver necessidade.
Sendo assim, a função TIPICA do Poder Judiciario é a jurisdicional, ou seja, julgar, aplicando a lei a um caso concreto, que lhe é posto, resultante de um conflito de interesses.
O judiciário, porem, como os demais Poderes do Estado, possui outras funções, denominadas atípicas, de natureza administrativa e legislativa. De natureza administrativa, temos a concessão de férias aos seus membros e serventuários, de natureza legislativa, temos a edição de normas regimentais(pois cabe ao Poder Judiciario elaborar seu regimento interno).
Garantias do Poder Judiciario: 1.A regra da proteção dos direitos individuais; 2. A regra do processo jurídico regular; 3.A regra do razoável ou do equilíbrio de interesses; e 4.A regra da igualdade de direito à proteção legal.
Garantias Institucionais: garantem a independência do poder judiciário no relacionamento com os demais poderes. Tão importante, que a própria CF, conforme art.85, e conforme afirma Carlos S. Fayt, as imunidades da magistratura não constituem privilégios pessoais, mas relacionam-se com a própria função exercida e o seu objeto de proteção contra os avanços, excessos e abusos dos outros poderes em beneficio da Justiça e de toda a Nação.
Independência do Poder Judiciario e Controle Externo: A harmonia prevista entre os Poderes de Estado vem acompanhada de um detalhado sistema de freios e contrapesos(check and balances), consistente em controles recíprocos. 
PROCESSO LEGISLATIVO: Duplo sentido, Sociológico e Jurídico.
 Juridicamente consiste no conjunto coordenado de disposições que disciplinam o procedimento a ser obedecido pelos órgãos competentes na produção de leis e atos normativos que derivam diretamente da própria constituição. 
Sociologicamente conjunto de fatores reais que impulsionam e direcionam os legisladores a exercitarem suas tarefas.
Juridicamente a CF define uma sequencia de atos a serem realizados pelos órgãos legislativo, visando à formação das espécies normativas previstas no art 59: Emendas constitucionais, Leis complementares e ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, decretos legislativos e resoluções.
Como já estudado anteriormente o Poder Legislativo não detém o monopólio da função normativa, em virtude da existênciade outras fontes normativas primarias, tanto no executivo(medidas provisórias, e decretos autônomos), quanto no judiciário(regimento interno dos tribunais e poder normativo primário do conselho nacional de justiça).
Em hipótese de desrespeito às normas de processo legislativo constitucionalmente previstas acarretara a inconstitucionalidade formal da lei ou ato normativo produzido, possibilitando pleno controle repressivo de constitucionalidade por parte do Poder Judiciario, tanto pelo método difuso quanto pelo concentrado.
Noções Gerais: para o estudo de processo legislativo, alguns conceitos importantes precisa ser definidos, são eles: desconstitucionalização, recepção e repristinação.
Desconstitucionalização; nome que se dá à manutenção em vigor, perante uma nova ordem jurídica, da Constituição anterior, que contudo perde sua hierarquia constitucional para operar como legislação comum. Tal fenômeno não encontra acolhida em nosso sistema constitucional.
A constituição substituída por outra implica em perda de eficácia da Carta primitiva. Contudo o mesmo não acontece com o restante das leis e atos normativos que, em regra, permanecem validos, satisfeita a única condição de serem compatíveis com a nova ordem constitucional. Sendo assim as normas conflitantes(de modo geral), serão retiradas do ordenamento jurídico, independente da espécie, pois a criação de uma nova ordem exige o adequamento do restante do ordenamento jurídico. 
Recepção: consiste no acolhimento que uma nova constituição posta em vigor dá às leis e atos normativos editados sob a égide da Carta anterior, desde compatíveis consigo. Este fenômeno, recebe as leis e atos normativos materialmente bem como garante a sua adequação a nova sistemática legal.
Repristinação: nome do fenômeno que ocorre quando uma norma revogadora de outra anterior, que, por sua vez, tivesse revogado uma mais antiga, recoloca esta ultima novamente em um estado de produção de efeitos. 
Exemplo: Norma X revogadora da norma Y, que por sua vez Y já tivesse revogado a norma Z, X recoloca a norma Z em um estado de produção de efeitos.
Essa verdadeira restauração de eficácia é proibida em nosso Direito, em nome da segurança jurídica, salvo se houver expressa previsão em lei. Sendo assim, a legislação que tenha perdido sua eficácia anteriormente a edição da nova Constituição Federal não irá readquiri-la com sua promulgação. Neste sentido o STF decidiu que existe efeito represtinatorio quando houver suporte em clausula normativa que a preveja expressamente, pois a represitnação não se presume.
Processo Legislativo: divide-se em duas fases, o primeiro em relação as formas de organização politica e o segundo em relação à sequencia das fases procedimentais.
Quanto as fases de organização politica, podemos distinguir em quatro espécies de processo legislativo:
Autocrático – do próprio governante, que fundamente em si mesmo a competência para editar leis, excluindo desta atividade o legiferante o corpo de cidadãos, seja diretamente, seja por intermédio de seus representantes.
Direto – aquele discutido e votado pelo próprio povo.
Semidireto – consubstanciava-se em um procedimento complexo, pois a elaboração legislativa necessitava da concordância de vontade do órgão representativo coma vontade do eleitorado, através de referendum popular.
Indireto ou Representativo – adotado no BR e na maioria dos países, pelo qual o mandante(povo) escolhe seus mandatários (parlamentares), que receberão de forma autônoma poderes para decidir sobre os assuntos de sua competência constitucional.
Quanto a sequencia das fases procedimentais temos:
Comum ou ordinário – é aquele que se destina à elaboração das leis ordinárias, caracterizando-se pela sua maior extensão.
Sumário – apresenta apenas uma diferenciação em relação ao ordinário, a existência de prazo para que o congresso nacional delibere sobre determinado assunto.
Especiais – estabelecidos para elaboração das emendas à Constituição, leis complementares, leis delegadas, medidas provisórias, decretos-legislativos, resolução e leis financeiras(lei de plano plurianual, lei de diretrizes orçamentarias, lei do orçamento anual e de abertura de créditos adicionais).
No processo legislativo ordinário: possui as fases: introdutória, fase constitutiva e fase complementar. 
Na fase introdutória temos de iniciativa parlamentar, portanto prerrogativa que a CF confere a todos os membros do congresso nacional(deputados federais/senadores), de apresentar projeto de lei. Temos iniciativa extraparlamentar, conferida ao Chefe do Poder Executivo, aos Tribunais Superiores, ao MP, e aos cidadãos. 
Temos iniciativa concorrente, que pertence a vários legitimados, e temos a iniciativa exclusiva que é reserva a determinado cargo ou órgão.
Vicio de iniciativa e Sanção: um projeto resultante de iniciativa inconstitucional sofre de um pecado original, que a sanção não tem a virtude de apagar, até porque, a par das razões jurídicas, militam os fortes motivos políticos que terminassem a exclusividade da iniciativa presidencial, cujo afastamento poderia conduzir a situações de intolerável pressão sobre o Executivo.
Na fase constitutiva uma vez apresentado o projeto de lei ao Congresso Nacional, haverá ampla discussão e votação sobre a matéria nas duas Casas, delimitando-se o objeto a ser aprovado ou mesmo rejeitado pelo Poder Legislativo. Além da atividade legislativa, na chamada deliberação parlamentar, caso o projeto de lei seja aprovado pelas duas Casas legislativas, haverá participação do chefe do Poder Executivo, por meio do exercício do verto ou da sanção.
Na deliberação parlamentar, será analisado inicialmente sua constitucionalidade e posteriormente seu mérito, na chamadas, respectivamente, comissão de constituição e justiça e justiça e comissões temáticas.
Na fase complementar compreende a promulgação e a publicação da lei, sendo que a primeira garante a executoriedade à lei, enquanto a segunda lhe dá notoriedade. Como recorda Celso de Melo “a obrigatoriedade da lei decorre de sua publicação. O ato promulgatório confere à lei certeza quanto à sua existência e autenticidade. Dele também emana a presunção juris tantum (relativa) de constitucionalidade de lei promulgada. 
Ressalte-se que uma vez publicada a lei (através do Diario Oficial), no silencio do texto a lei entra em vigência após 45 dias em todo o Pais, e nos Estados estrangeiros, três meses após a publicação, no lapso temporal denominado vacatio legis. A própria lei, porém, poderá estabelecer a data de inicio de sua vigência, sendo costumeiramente fixada de forma imediata.
Espécies Normativas: A CF estabelece como espécies normativas: emendas à constituição, leis complementares, leis ordinárias, leis delegadas, medidas provisórias, Decretos-legislativos e as resoluções.
Especies normativas primarias, são aquelas que retiram seu fundamento de validade diretamente da Carta Magna.
Emendas Constitucionais: possibilidade de alteração através de um processo legislativo especial e mais dificultoso, fato este que definiu a CF como rígida, fixando-se a ideia de supremacia da ordem constitucional.
Como explica Maria Helena Diniz “ o fato do preceito constitucional submeter-se a determinadas formalidades de produção e alteração é importante para a fixação de sua eficácia, pois se pudesse ser modificada sem que houvesse processo especial, comprometeria a produção concreta de seus efeitos jurídicos.” 
A emenda à constituição é produzida segundo uma forma versando sobre conteúdo previamente limitado pelo legislador constituinte originário, respeito aos preceitos fixados pelo art. 60. Porem, se qualquer das limitações impostas pelo citado artigo for desrespeitada, a emenda constitucional será inconstitucional, devendo ser retirada do ordenamento jurídico através das regras do controle de constitucionalidade. 
Desta forma, plenamente possível a incidência do controle de constitucionalidade, difuso ou concentrado, sobre as emendas constitucionais, a fim de verificar-sesua constitucionalidade ou não, a partir da analise do respeito aos parâmetros fixados no art. 60 da constituição federal para alteração constitucional.
Limitações expressas, são aquelas previstas textualmente.
Materiais – proposta de emenda tendente a abolir a forma federativa de estado. 
Circunstancias – Durante a vigência do estado de sítio, Estado de defesa ou de intervenção federal não haverá possibilidade de alteração constitucional.
Procedimentais ou formais – Em relação ao processo legislativo ordinário, o legislador constituinte estabeleceu para permitir a alteração da CF, do seguinte modo:
C.1 Fase introdutória – permitindo somente ao presidente da republica; a um terço, no mínimo separadamente, dos membros da Camara dos Deputados ou do Senado Federal e a mais da metade das Assembleias Legislativas das unidades da Federação, manifestando-se, cada uma delas, pela maioria relativa de seus membros.
C.2 Fase constitutiva 
Deliberação parlamentar: proposta será discutida e votada em cada casa do congresso nacional, em dois turnos, considerando-se aprovada se obtiver, em amos, TRES QUINTOS dos votos dos respectivos membros.
Deliberação Executiva: não existe participação do presidente, na fase constitutiva, uma vez que o titular do poder constituinte derivado reformador é o Poder Legislativo. Assim, não haverá necessidade de sanção ou veto. A emenda constitucional aprovada pelas duas Casas do Congresso Nacional, seguirá, diretamente, à fase complementar, para promulgação e publicação.
Fase complementar: a promulgação será realizada, conjuntamente, pelas mesas do senado federal e da Camara dos deputados, com o respectivo numero de ordem. Sobre a publicação, o texto constitucional silencia, devendo-se entende, entretanto, que essa competência é do congresso Nacional.
Limitações implícitas: as constituições não contem quaisquer preceitos limitativos do Poder de revisão, mas entende-se que há limites não articulados ou tácitos, vinculativos do poder de revisão. Esses limites podem ainda desdobrar-se em limites textuais implícitos, deduzidos do próprio texto constitucional, e limites tácitos imanentes numa ordem de valores pré-positiva, vinculativa da ordem constitucional concreta.
Pontes de Miranda, Pinto Ferreira e Nelson de Souza Sampaio, salientam ser implicitamente irreformável a norma constitucional que prevê as limitações expressas(Art.60), pois, se diferente fosse, a proibição expressa poderia desaparecer, para, só posteriormente, desaparecer, por exemplo, as clausulas pétreas. Além disto, observa-se a inalterabilidade do titular do Poder Constituinte derivado-reformador, sob pena de também afrontar a Separação dos Poderes da Republica.
Lei Complementar: o art. 59 da CF traz as leis complementares como espécie normativa diferenciada, com processo legislativo próprio e matéria reservada.
O legislador constituinte pretendeu resguardar determinadas matérias de caráter infraconstitucional contra alterações volúveis e constantes, sem, porém, lhes exigir a rigidez que impedisse a modificação de seu tratamento, assim que necessário.
A lei complementar se diferencia da lei ordinária em dois aspectos: o material e o formal. O primeiro somente poderá ser objeto de lei complementar a matéria taxativamente prevista na CF, enquanto todas as demais matérias deverão ser objeto de lei ordinária. A segunda diz respeito ao processo legislativo, na fase de votação, enquanto o quórum para aprovação de lei ordinária é de maioria simples(art.47), o quórum para aprovação da lei complementar é de maioria absoluta(art.69), ou seja, o primeiro número inteiro subsequente à divisão dos membros da Casa Legislativa por dois.
Cabe ressaltar que nas votações por maioria absoluta, não devemos nos ficar no número de presentes, mas sim no numero total de integrantes da Casa Legislativa. 
Medidas Provisórias: No âmbito do direito constitucional brasileiro, Medida Provisória (MP) é um ato unipessoal do presidente da República, com força imediata de lei, sem a participação do Poder Legislativo, que somente será chamado a discuti-la e aprová-la em momento posterior.
O Art. 62 da CF determina que , em caso de relevância urgência, o Presidente da Republica poderá adotar medidas provisórias, com força de lei, devendo submete-las de imediato ao congresso nacional. Uma vez editada, ela permanecerá em vigor pelo prazo de 60 dias e será submetida, imediatamente, ao Poder Legislativo, para apreciação. 
Uma vez rejeitada expressamente pelo Legislativo, a medida provisória perderá seus efeitos retroativamente. Ex TUNC.
Rejeição Tacita: A decadência da Medida Provisoria, pelo decurso do prazo constitucional, opera a desconstituição, com efeitos retroativos, dos atos produzidos durante a sua vigência.

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