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Transação por adesão A Lei n.° 13.140/2015 previu a figura da “transação por adesão”. Isso significa que, em determinados temas que estão gerando muitos conflitos envolvendo a Administração Pública federal, poderá o órgão ou entidade propor, de forma geral, ou seja, para todos os interessados que façam um acordo com o Poder Público, nas condições por ele oferecidas. Em outras palavras, é uma proposta de acordo com os parâmetros fechados. Daí ser chamada de “transação por adesão” (a parte aceita ou não; não havendo margem ampla para negociação). Exemplo: diversos servidores públicos federais aposentados estão ingressando com ações judiciais pedindo o pagamento de uma gratificação que está sendo concedida aos servidores ativos. A jurisprudência é amplamente favorável ao pleito dos servidores. A AGU poderá formular uma proposta de acordo prevendo o pagamento imediato dessa gratificação com deságio (desconto) de 20%. Os servidores que concordarem aceitam a transação por adesão e recebem o valor sem precisar recorrer ao Poder Judiciário. Requisitos para que haja a transação por adesão As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento em: I - autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou II - parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. Os demais requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos em resolução administrativa própria. Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução administrativa. A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione apenas parte da controvérsia. Parte que aceita a transação renuncia ao direito A parte que aceita a transação por adesão, renuncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial. Em outras palavras, a parte não poderá mais questionar, judicial ou administrativamente, os pontos que foram objeto da resolução e do acordo. Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa (§ 5º do art. 36). Ponto de destaque O fato de a Administração Pública propor a transação não interfere no prazo prescricional, que continua correndo normalmente O § 6º do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015 é importantíssimo e preconiza o seguinte: § 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão. Vamos explicar esse dispositivo com um exemplo: Imagine que a União tenha deixado de pagar, em fevereiro de 2012, uma verba que seria devida a todos os servidores públicos do Ministério da Saúde. Isso significa que, nesta data, surgiu o direito de os servidores públicos cobrarem o pagamento da quantia pela Administração Pública federal. A partir daqui começa a correr o prazo prescricional para que os lesados ajuízem ação pleiteando a verba. Vale ressaltar que o prazo prescricional contra a Administração Pública é de 5 anos, nos termos do art. 1º do Decreto 20.910/32. Logo, a prescrição se consumará em fevereiro de 2017. Suponha, no entanto, que, em fevereiro de 2015, a AGU tenha formalizado uma resolução administrativa propondo transação por adesão aos servidores públicos para que eles recebam, sem precisar ingressar na Justiça, a verba devida com desconto de 40%. Segundo determinou o § 6º do art. 35 da Lei n.° 13.140/2015, essa resolução administrativa não interfere no curso do prazo prescricional que continua a correr normalmente. A Lei afirmou que o fato de a Administração Pública ter proposto o acordo não significa que ela está renunciando ao seu prazo prescricional nem que isso possa ser caracterizado como interrupção ou suspensão desse prazo. Logo, mesmo tendo havido a proposta de transação, o prazo prescricional para aqueles que não aceitarem terminará em fevereiro de 2017. Se não houvesse essa previsão do § 6º do art. 35, o ato da Administração Pública poderia ser encarado como reconhecimento da procedência do direito dos servidores e seria classificado pela jurisprudência como renúncia ao direito à prescrição ou, no mínimo, como ato interruptivo do prazo, nos termos do art. 202, VI, do Código Civil. transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão. Tal requisito, entretanto, necessita de lei complementar para tratar desses aspectos, a exemplo do que ocorreu com a Súmula Vinculante 8 que declarou inconstitucionais o §único do art. 5º do Decreto-lei nº. 1.569/1977, e os arts. 45 e 46 da Lei Federal 8.212/1991, por terem tratado indevidamente de prescrição e decadência de crédito tributário. Lei Seção II Dos Conflitos Envolvendo a Administração Pública Federal Direta, suas Autarquias e Fundações Art. 35. As controvérsias jurídicas que envolvam a administração pública federal direta, suas autarquias e fundações poderão ser objeto de transação por adesão, com fundamento em: I – autorização do Advogado-Geral da União, com base na jurisprudência pacífica do Supremo Tribunal Federal ou de tribunais superiores; ou II – parecer do Advogado-Geral da União, aprovado pelo Presidente da República. 1º Os requisitos e as condições da transação por adesão serão definidos em resolução administrativa própria. 2º Ao fazer o pedido de adesão, o interessado deverá juntar prova de atendimento aos requisitos e às condições estabelecidos na resolução administrativa. 3º A resolução administrativa terá efeitos gerais e será aplicada aos casos idênticos, tempestivamente habilitados mediante pedido de adesão, ainda que solucione apenas parte da controvérsia. 4º A adesão implicará renúncia do interessado ao direito sobre o qual se fundamenta a ação ou o recurso, eventualmente pendentes, de natureza administrativa ou judicial, no que tange aos pontos compreendidos pelo objeto da resolução administrativa. 5º Se o interessado for parte em processo judicial inaugurado por ação coletiva, a renúncia ao direito sobre o qual se fundamenta a ação deverá ser expressa, mediante petição dirigida ao juiz da causa. 6º A formalização de resolução administrativa destinada à transação por adesão não implica a renúncia tácita à prescrição nem sua interrupção ou suspensão.
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