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DIREITO ADMINISTRATIVO 1 ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO CONCEITOS A ordem econômica e financeira é visto na CF88 e se fundamenta na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, uma vez que tem por finalidade de assegurar a todos existência digna e ditames da justiça social - artigo 170, caput, Constituição Federal. *JÁ IMAGINOU NAS CONSEQUÊNCIAS SOCIAIS DE CRISES NA ECONOMIA?* DOUTRINA: As intervenções do Governo neste quadro são muito perigosas porque são ações interventivas. Se ocorrem, por exemplo, em preços administrados, ou em manipular indicadores de resultado econômico, em aferição irregular dos valores de preços (especialmente em serviços e/ou produtos essenciais para a economia e os mercados, tais como: energia elétrica, água, combustíveis, medicamentos) essenciais à vida de todas as pessoas, empresas e mercados, a intervenção pode reduzir competição empresarial e a eficiência econômica, que desregulam ainda mais os mercados e a economia. DOUTRINA: processo sociais x intervenção no domínio econômico ( cont.) Havendo desorganização na formulação de preços e no emprego de novas estruturas de negócio, o resultado é a disfunção dos mercados, especialmente do principal mercado para a sociedade: o mercado de trabalho. As consequências serão devastadoras: aumento do índice de desemprego, baixa no valor das remunerações e, por fun, dificuldade na realocação de novas ofertas de trabalho. Quando essas providências ocorrem, elas mudam a percepção do estado nossa economia no exterior. Quanto à estrutura articulada, a ordem econômico-financeira é introduzida pelos princípios explicitados no art. 170 e aos demais difusamente escolhidos pela constituinte. O art. 173 delimita a forma jurídica e econômica de atuação direta do Estado. O art. 174 cuida do Estado como agente normativo e regulador do processo econômico. No art. 175 está desenhado o papel do Estado como prestador de serviços públicos. ORDEM ECONÔMICA E FINANCEIRA – CONSTITUIÇÃO FEDERAL DOS PRINCÍPIOS GERAIS DA ATIVIDADE ECONÔMICA Art. 170. A ordem econômica, fundada na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, tem por fim assegurar a todos existência digna, conforme os ditames da justiça social, observados os seguintes princípios: I - soberania nacional; II - propriedade privada; III - função social da propriedade; IV - livre concorrência; V - defesa do consumidor; VI - defesa do meio ambiente; DIREITO ADMINISTRATIVO 2 VI - defesa do meio ambiente, inclusive mediante tratamento diferenciado conforme o impacto ambiental dos produtos e serviços e de seus processos de elaboração e prestação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 42, de 19.12.2003) VII - redução das desigualdades regionais e sociais; VIII - busca do pleno emprego; IX - tratamento favorecido para as empresas brasileiras de capital nacional de pequeno porte. IX - tratamento favorecido para as empresas de pequeno porte constituídas sob as leis brasileiras e que tenham sua sede e administração no País. LIVRE CONCORRÊNCIA → Traduz-se na criação de um ambiente econômico complexo tal como entendemos a estrutura mercadológica sob a ótica dos agentes econômicos que concorrem entre si ( empresas, instituições financeiras, famílias, Estado...). LIVRE EXERCÍCIO DA ATIVIDADE ECONÔMICA → LIBERALISMO CONSTITUCIONAL COMO REGRA ART.170, P. único, CF 88 É assegurado a todos o livre exercício de qualquer atividade econômica, independentemente de autorização de órgãos públicos, salvo nos casos previstos em lei. O Estado deve estimular, incentivar, contribuir e orientar (...) FORMAS DE ATUAÇÃO DO ESTADO NO DOMÍNIO ECONÔMICO → O Estado atua no domínio econômico de duas formas precípuas: na regulação das atividades exercidas pelos particulares (Estado Regulador) e na exploração de atividades econômicas (Estado Executor) , o que se dá excepcionalmente. Estado executor - Empresas públicas e sociedade de economia mista Estado Regulador - criação de normas e limitações na ordem econômica ESTADO EXECUTOR Art. 173. Ressalvados os casos previstos nesta Constituição, a exploração direta de atividade econômica pelo Estado só será permitida quando necessária aos imperativos da segurança nacional ou a relevante interesse coletivo, conforme definidos em lei. DOUTRINA: Esse comando constitucional cuida da intervenção direta do Estado na atividade econômica, em qualquer uma das esferas federais. A exploração da atividade econômica pela empresa estatal está subordinada ao regime jurídico dos bens públicos e aos efeitos jurídicos do sistema constitucional que regula as atividades da administração pública. O legislador ordinário, ao aplicar as normas constitucionais reguladoras da atividade administrativa em atividade econômica, deve começar observando os princípios administrativos da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. DIREITO ADMINISTRATIVO 3 EMPRESAS PÚBLICAS E SOCIEDADES DE ECONOMIA MISTA São chamadas de empresas estatais porque possuem personalidade de pessoas jurídicas de direito privado , dessa forma teriam algumas características próprias, tais como a obrigação de realizar concursos Públicos e uma complexa fiscalização (Legislativo, Judiciário e Tribunal de Contas) ROSSI: São consideradas entidades da Administração Pública Indireta, com personalidade jurídica de direito privado, que têm por finalidade a prestação de um serviço público e/ou a exploração da atividade econômica – exploração esta que é realizada de forma indireta , já que a exploração direta da atividade econômica pelo Estado só pode ser realizada em casos excepcionais constitucionalmente previstos (art. 173 da CF). DIREITO ADMINISTRATIVO 4 DIREITO ADMINISTRATIVO 5 EMPRESAS PÚBLICAS SOCIEDADE DE ECONOMIA MISTA Personalidade jurídica de direito privado. Personalidade jurídica de direito privado. 1) prestar serviço público; 2) explorar a atividade econômica – atividades gerais de caráter econômico. 1) prestar serviço público; 2) explorar a atividade econômica – atividades gerais de caráter econômico.Capital: exclusivamente público – art. 3º da Lei n. 13.303/2016: “Empresa pública é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei e com patrimônio próprio, cujo capital social é integralmente detido pela União, pelos Estados, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios. Parágrafo único. Desde que a maioria do capital votante permaneça em propriedade da União, do Estado, do Distrito Federal ou do Município, será admitida, no capital da empresa pública, a participação de outras pessoas jurídicas de direito público interno, bem como de entidades da administração indireta da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios”. Capital: misto – art. 4º da Lei n. 13.303/2016: “Sociedade de economia mista é a entidade dotada de personalidade jurídica de direito privado, com criação autorizada por lei, sob a forma de sociedade anônima, cujas ações com direito a voto pertençam em sua maioria à União, aos Estados, ao Distrito Federal, aos Municípios ou a entidade da administração indireta. § 1º A pessoa jurídica que controla a sociedade de economia mista tem os deveres e as responsabilidades do acionista controlador, estabelecidos na Lei n. 6.404, de 15 de dezembro de 1976, e deverá exercer o poder de controle no interesse da companhia, respeitado o interesse público que justificou sua criação. § 2º Além das normas previstas nesta Lei, a sociedade de economia mista com registro na Comissão de Valores Mobiliários sujeita-se às disposições da Lei n. 6.385, de 7 de dezembro de 1976”. Criação: por autorização legal nos termos do art. 37, XIX e XX, da Constituição Federal – que consagra o Princípio da Autorização Legislativa: 1º) há a promulgação de lei autorizando sua criação; 2º) há expedição de decreto regulamentando a lei; 3º) há o registro dos atos constitutivos em cartório e na Junta Comercial. Criação: por autorização legal nos termos do art. 37, XIX e XX, da Constituição Federal – que consagra o Princípio da Autorização legislativa: 1º) há a promulgação de lei autorizando sua criação; 2º) há expedição de decreto regulamentando a lei; 3º) há o registro dos atos constitutivos em cartório e na Junta Comercial. Forma organizacional livre: poderão constituir qualquer modalidade empresarial. Forma organizacional: obrigatoriamente deve ser S.A. – Sociedade Anônima, por expressa determinação legal. DIREITO ADMINISTRATIVO 6 Foro competente para julgamento REGRA: 1) Se empresa pública federal →JUSTIÇA FEDERAL “Art. 109. Aos juízes federais compete processar e julgar: I – as causas em que a União, entidade autárquica ou empresa pública federal forem interessadas na condição de autoras, rés, assistentes ou oponentes, exceto as de falência, as de acidentes de trabalho e as sujeitas à Justiça Eleitoral e à Justiça do Trabalho.” 2) Se empresa pública estadual ou municipal → JUSTIÇA ESTADUAL Foro competente para julgamento REGRA: Sociedade de Economia Mista federal, estadual ou municipal → JUSTIÇA ESTADUAL •Súmula 556 do STF: “É competente a justiça comum para julgar as causas em que é parte Sociedade de Economia Mista”. •Súmula 42 do STJ: “Compete à justiça comum estadual processar e julgar as causas cíveis em que é parte sociedade de economia mista e os crimes praticados em seu detrimento”. ESTADO REGULADOR REGULAÇÃO DA ATIVIDADE ECONÔMICA Art. 174. Como agente normativo e regulador da atividade econômica, o Estado exercerá, na forma da lei, as funções de fiscalização, incentivo e planejamento , sendo este determinante para o setor público e indicativo para o setor privado. Fiscalização → EVITAR FORMAS ABUSIVAS DE ATUAÇÃO NOS SETORES ECONÔMICOS Incentivo → Estímulo do desenvolvimento econômico do país Planejamento → Estabelecer metas – dever-ser da ordem econômica ABUSO DE PODER ECONÔMICO ART. 173, § 4º, CF → INTERVENÇÃO DO ESTADO E LIVRE CONCORRÊNCIA A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros. OBS: *LEI 12.529 DE 2011→ SISTEMA BRASILEIRO DE DEFESA DA CONCORRÊNCIA * CADE → CONSELHO ADMINISTRATIVO DE DEFESA ECONÔMICA MONOPÓLIO É PERMITIDO? Art. 177. Constituem monopólio da União: DIREITO ADMINISTRATIVO 7 I - a pesquisa e a lavra das jazidas de petróleo e gás natural e outros hidrocarbonetos fluidos; (Vide Emenda Constitucional nº 9, de 1995) II - a refinação do petróleo nacional ou estrangeiro; III - a importação e exportação dos produtos e derivados básicos resultantes das atividades previstas nos incisos anteriores; IV - o transporte marítimo do petróleo bruto de origem nacional ou de derivados básicos de petróleo produzidos no País, bem assim o transporte, por meio de conduto, de petróleo bruto, seus derivados e gás natural de qualquer origem; V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados. V - a pesquisa, a lavra, o enriquecimento, o reprocessamento, a industrialização e o comércio de minérios e minerais nucleares e seus derivados, com exceção dos radioisótopos cuja produção, comercialização e utilização poderão ser autorizadas sob regime de permissão, conforme as alíneas b e c do inciso XXIII do caput do art. 21 desta Constituição Federal. DIREITO ADMINISTRATIVO 8 VAMOS RESPONDER? Caso Concreto VII: As empresas “Frangão”, “Quero Frango” e “Frangonne”, que, juntas, detêm dois terços da produção nacional de aves para consumo, realizam um acordo para reduzir em 25% a comercialização de aves de festa (aves maiores, consumidas especialmente no Natal), de modo a elevar o seu preço pela diminuição da oferta (incrementando o lucro), bem como reduzir os estoques de frango comum, cujo consumo havia caído sensivelmente naquele ano. Às vésperas do Natal de 2009, as empresas são autuadas pelo órgão competente, pela prática de infraçãoda ordem econômica. Em suas defesas, as três alegam que a Constituição consagra a liberdade econômica, de modo que elas poderiam produzir na quantidade que desejassem e se desejassem, não sendo obrigadas a manter um padrão mínimo de produção. Seis meses depois, os autos são remetidos ao julgador administrativo, que, diante do excessivo número de processos pendentes, somente consegue proferir a sua decisão em outubro de 2013. Em alegações finais, as empresas apontam a prescrição ocorrida. Sobre a situação dada, responda, fundamentadamente, aos itens a seguir. A) A conduta das três empresas é lícita? Não. A Lei nº 12.529/2011, ao estruturar o Sistema Brasileiro de Defesa da Concorrência, prevê uma série de condutas que constituem infração da ordem econômica, independentemente de culpa, caso tenham por objeto ou possam produzir como efeito o aumento arbitrário dos lucros. Dentre elas, destaca-se acordar, combinar, manipular ou ajustar com concorrente, sob qualquer forma, os preços de bens ou serviços ofertados individualmente ou a produção ou a comercialização de uma quantidade restrita ou limitada de bens (Art. 36, § 3º, I ou Art. 173, §4ª da CF/88). B) É procedente o argumento da prescrição? Sim. A Lei nº 12.529/2011 estabelece a prescrição no procedimento administrativo paralisado por mais de 3 (três) anos, pendente de julgamento ou despacho, cujos autos serão arquivados de ofício ou mediante requerimento da parte interessada, sem prejuízo da apuração da responsabilidade funcional decorrente da paralisação, se for o caso (Art. 46, § 3º, da Lei nº 12.529/11).
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