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ACORDÃO BANCO SAFRA

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UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DIREITO
JOSIANE CRISTINA DA COSTA
AÇÃO PAULIANA
ACÓRDÃO 1009892-54.2016.8.26.0001
MOGI DAS CRUZES – SP
2019
UNIVERSIDADE DE MOGI DAS CRUZES
DIREITO
JOSIANE CRISTINA DA COSTA
AÇÃO PAULIANA
ACÓRDÃO 1009892-54.2016.8.26.0001
Trabalho apresentado ao Professor Dr. Antonio Maria como parte das atividades do segundo semestre A do curso de Direito da Universidade de Mogi das Cruzes, na disciplina de Direito Civil II.
MOGI DAS CRUZES – SP
2019
“Fazer Direito é evitar o monopólio de uma teoria. 
Pois o Direito, na sua essência, é poesia.
É aquilo que te liberta, 
E da indiferença te distancia. 
A discussão é aberta.
As opiniões mudam a cada dia.
A verdade, incerta. 
A vida, uma ousadia. 
Os corações estão em alerta, 
E as mentes em oferta.
Há sempre uma outra visão,
Uma nova interpretação descoberta.”
Rafael Clodomiro, poeta advogado.
	
RESUMO
O trabalho consiste em versar sobre acórdão em ação pauliana. Para tanto, inicialmente se procurou levantar alguns aspectos do processo em primeiro grau de jurisdição: os fatos, as alegações e a sentença proferida. Em continuidade, já em segundo grau de jurisdição, desenvolveu-se a relação entre a apelação e o acórdão. Com base em textos de Lei, procurou-se narrar a decisão que segue anexo.
Palavras-chave: Ação Pauliana; Código Civil; Código de Processo Civil; Acórdão; Fraude.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO .......................................................................................................06
1 PROCESSO EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO ......................................07
1.1 Da proposição da Ação até a sentença ............................................................07
2 PROCESSO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO ......................................08
2.1 Apelação .........................................................................................................08
3 CONCLUSÃO .....................................................................................................10
4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...................................................................11
5 ANEXO ................................................................................................................12
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INTRODUÇÃO
	Em apelação em face de ação pauliana julgada como procedente, os réus tentaram reverter sentença em favor da anulação de negócio jurídico firmado, sob a alegação de cerceamento de defesa devido à impossibilidade de comprovar por, meio de prova oral, a característica de bem de família.
	Observa-se que fica caracterizada a ineficácia do negócio jurídico firmado, eventus damni.
 Voltando o bem para o patrimônio dos réus, perde a característica de bem impenhorável, passando a fazer parte do rol de bens que garantem o pagamento da dívida. 
	Após análise da apelação por três desembargadores e o relator, se mantém a sentença de nulidade do negócio jurídico, sendo negado o provimento da apelação.
	 
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1 PROCESSO EM PRIMEIRO GRAU DE JURISDIÇÃO
Da Proposição da Ação até a Sentença
O autor firmou contrato de crédito, onde os réus assumiram condição de avalistas a partir do momento que se verificou que os mesmos eram proprietários de determinado imóvel, imóvel esse que satisfazia o valor como garantia para o crédito solicitado, já que o referido era livre e desimpedido de quaisquer ônus; fato que foi determinante na liberação do crédito.
Ante ao inadimplemento dos devedores, o autor impetrou ação de execução, onde houve penhora do referido imóvel, sendo esse o único bem dos avalistas.
De acordo com o Código Civil, art. 818: “Pelo contrato de fiança, uma pessoa garante satisfazer ao credor uma obrigação assumida pelo devedor, caso este não a cumpra.” Ainda no Código Civil, art. 897: “O pagamento de título de crédito, que contenha obrigação de pagar soma determinada, pode ser garantido por aval”.
Ocorre que ao fim da lide, ao proceder ao embargo do imóvel junto ao cartório de registro de imóveis, a filha dos réus, aqui denominada corré, se opôs ao embargo, sob a alegação de que o mesmo lhe foi cedido por doação.
Ao tomar conhecimento, o credor impetrou ação pauliana em face aos réus, solicitando a nulidade do negócio jurídico, já que a doação ocorreu em data posterior ao inadimplemento.
Tal medida também foi tomada, pois a doação do imóvel tornou os réus insolventes, já que não possuíam outros bens que satisfizesse o montante do débito.
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PROCESSO EM SEGUNDO GRAU DE JURISDIÇÃO
Apelação
Os réus, inconformados com a sentença que determinou a nulidade do negócio jurídico, considerando assim nula a doação do imóvel, moveram recurso de apelação em face à sentença proferida.
Alegam prejuízo ante o julgamento antecipado, uma vez que não exerceram seu direito de defesa pelo impedimento de produção de prova oral que comprovaria que o referido imóvel é bem de família, sendo assim impedido de constrição.
Fazem menção da Súmula 486 do Superior Tribunal de Justiça: “É impenhorável o único imóvel residencial do devedor que esteja locado a terceiros, desde que a renda obtida com a locação seja revertida para a subsistência ou a moradia da sua família”.
Também citam embasamento na Lei 8009/90, alegando que não há que se falar na ineficácia da transferência patrimonial, uma vez que os requisitos da ação pauliana não foram demonstrados.
	Ocorre que, de acordo com a ação pauliana impetrada pelo apelante, ficou caracterizada a fraude contra credores, dada a insolvência dos réus após a doação do imóvel. 
O eventus damni está caracterizado pela existência de crédito quirografário do credor fraudado, da insolvência do devedor e da anterioridade do crédito ao ato fraudulento.
Com base no Código Civil, art. 158: 
“Os negócios de transmissão gratuita de bens ou remissão de dívida, se os praticar o devedor já insolvente, ou por eles reduzido à insolvência, ainda quando o ignore, poderão ser anulados pelos credores quirografários, como lesivos dos seus direitos”.
Nesse tocante, a Lei 8009/90, que trata da impenhorabilidade de bens de
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família, não impede o reconhecimento da ineficácia do negócio jurídico quando estiverem presentes os requisitos que caracterizam a fraude, sendo o bem doado considerado, ao voltar para o patrimônio do devedor, destituído de sua impenhorabilidade. 
Versa em seu texto, no art. 1º:
 “O imóvel residencial próprio do casal, ou da entidade familiar, é impenhorável e não responderá por qualquer tipo de dívida civil, comercial, fiscal, previdenciária ou de outra natureza, contraída pelos cônjuges ou pelos pais ou filhos que sejam seus proprietários e nele residam, salvo nas hipóteses previstas nesta lei” e no art. 4º: “Não se beneficiará do disposto nesta lei aquele que, sabendo-se insolvente, adquire de má-fé imóvel mais valioso para transferir a residência familiar, desfazendo-se ou não da moradia antiga. § 1º: Neste caso, poderá o juiz, na respectiva ação do credor, transferir a impenhorabilidade para a moradia familiar anterior, ou anular-lhe a venda, liberando a mais valiosa para execução ou concurso, conforme a hipótese”.
Sendo assim, após análise dos autos por três desembargadores e um relator, o recurso interposto pelos réus foi negado por unanimidade de votos.
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CONCLUSÃO
	Dada a atual situação econômica, não são raras as ações de execução impetradas nas várias comarcas espalhadas pelo país. Também não são incomuns os casos de ação pauliana em face dos réus.
Na tentativa de livrar algum bem da execução, os réus devedores se utilizam de vários meios na tentativa de se livrar do pagamento de dívidas com seus bens. Muitos por não conhecerem as leisde fraude contra credores, outros, mesmo conhecedores, agem de má-fé na tentativa de manter algum bem.
Fato é que não há o que se discutir nesses casos. A lei é clara quanto às possibilidades de fraude contra credores.
Um devedor não pode se desfazer de um bem, ainda que seja bem impenhorável, por doação se esse negócio jurídico o tornar insolvente em face ao pagamento de dívida. 
Tal atitude, juntamente com a anterioridade do crédito ao ato fraudulento e o crédito quirografário, concretiza o eventus damni, firmando a ineficácia do negócio jurídico e caracterizando sua nulidade. A partir daí o bem volta ao patrimônio dos réus, perdendo sua característica de impenhorabilidade. 
Tanto juízes quanto desembargadores são unanimes nesses casos, tanto em sentenças proferidas em favor dos credores, em processo de primeiro grau, quanto nas apelações, em segundo grau. 
No caso em questão, o acórdão segue as leis de fraude contra credores, estando ele em pleno acordo com o que a Lei regulamenta, não havendo nenhum embasamento legal para entendimento contrário à decisão proferida.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
CARNEIRO, Nelson. Lei 8009. 1990. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/LEIS/L8009.htm - acesso em 21/09/2019.
SARAIVA, Editora; CÉSPEDE, Lívia; ROCHA, Fabiana D. Vade Mecum Saraiva. 28 edição. São Paulo: Saraiva Educação, 2019.
TRIBUNAL DE JUSTIÇA. Poder Judiciário do Estado de São Paulo. Acórdão 100.9892-54.2016.8.26.0001. São Paulo, 2019.
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ANEXO
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