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CAPÍTULO 4 - Proteção Social no Brasil e a atuação do assistente social
Introdução.................................................................................................................................05
4.1. Padrão atual de proteção social no Brasil.................................................................................05
4.2. Proteção social no Brasil: debates e desafios.............................................................................05
4.3. A política social e os programas de transferência de renda.........................................................08
4.4. O trabalho do assistente social no âmbito das políticas sociais...................................................12
4.5. Dimensões do trabalho do assistente social...............................................................................12
4.6. Projeto ético-político do Serviço Social e política social..............................................................16
Síntese.......................................................................................................................................19
Referências.................................................................................................................................20
Sumário
05
Olá! Nos capítulos anteriores, você se apropriou da discussão sobre o surgimento das políticas 
sociais, o Estado de Bem-Estar Social (com o surgimento do Keynesianismo) e, já no século XXI, 
em meio a mais uma crise cíclica do capital, a ascensão da política neoliberal e as mudanças 
ocorridas no âmbito da formulação e gestão das políticas sociais (após a introdução do 
neoliberalismo na agenda governamental no Brasil). Findamos a o capítulo anterior discutindo 
a questão da formulação, gestão, monitoramento e avaliação das políticas sociais no século XX.
Agora, nesse Capítulo 4, convidamos você a embarcar conosco na viagem pelos caminhos 
da proteção social brasileira, com foco nos desafios atuais para se consolidar essa proteção, 
sobretudo na esfera da seguridade social, que contempla as três grandes políticas de proteção 
social: saúde, assistência social e previdência. Essas são as principais políticas de atuação do 
assistente social. 
Você conhece o sistema brasileiro de proteção social?
Nesse capítulo, vamos terminar a nossa viagem discutindo a atuação do assistente social no 
âmbito das políticas sociais e os principais desafios encontrados por esse profissional, além de 
relacionar o trabalho com o projeto dessa profissão, conhecido como Projeto Ético-Político do 
Serviço Social. Será que o assistente social enfrenta desafios nesse trabalho? Você conhece o 
Projeto ético-político da profissão? A proposta desse capítulo é trazer elementos que possam 
contribuir com essa reflexão.
Assim, esperamos que este capítulo possibilite o desenvolvimento de determinadas competências, 
para que você seja capaz de:
•	Compreender	o	debate	e	os	desafios	atuais	da	proteção	social	no	Brasil;
•	Analisar	o	sistema	de	seguridade	social	(e	suas	principais	políticas	sociais)	e	o	espaço	de	
trabalho	do	assistente	social;
•	Articular	o	trabalho	do	assistente	social	(no	âmbito	das	políticas	sociais)	com	os	desafios	
enfrentados pelo profissional e sua relação com o projeto ético-político da profissão.
No capítulo 1 da disciplina, você já teve a compreensão do que é e como se configurou a 
proteção social ao longo da história do capitalismo. Agora, vamos trazer uma discussão mais 
atual sobre esse sistema.
Na contemporaneidade, a proteção social assume outra feição, ou seja, “os modernos sistemas 
Capítulo 4Proteção Social no Brasil e a 
atuação do assistente social
Introdução
4.1 Padrão atual de proteção social no Brasil
4.2 Proteção social no Brasil: debates e desafios
06 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
de proteção social não são apenas respostas automáticas e mecânicas às necessidades e 
carências apresentadas e vivenciadas pelas diferentes sociedades”. Mas, em geral, consideram 
as diferenças nas sociedades e tentam responder pelo menos as seguintes questões: quem será 
protegido? Como será protegido? Quanto de proteção? (SILVA;	YASBEK;	GIOVANNI,	
2004 apud JACCOUD, 2009, p.59).
Sempre vale a pena reforçar que pensar sobre as políticas de proteção social é considerá-las como 
um “produto histórico das lutas do trabalho, na medida em que respondem pelo atendimento de 
necessidades inspiradas em princípios e valores socializados pelos trabalhadores e reconhecidos 
pelo Estado e pelo patronato” (MOTA, 2007, p.46). 
Desse modo, a proteção social se constitui em mecanismo utilizado para refrear as expressões 
da questão social, que tem sua emergência enquanto questão política no século XIX, quando a 
condição de pauperização dos trabalhadores revela o conflito entre capital e trabalho passível de 
uma intervenção pública por parte do Estado (MOTA, 2009).
Em geral, os sistemas de proteção social são implementados através de ações assistenciais para 
aqueles impossibilitados de prover o próprio sustento através do trabalho, cobrem os riscos do 
trabalho (MOTA, 2007). Nesse caso, a proteção social está vinculada ao trabalho e tem sua 
centralidade no sistema de seguridade social.
Por várias décadas no país, a proteção social esteve vinculada ao campo da participação 
contributiva na segurança social. Nesse sentido, Sposati (2009) chama a atenção para a seguinte 
reflexão: “ter um modelo brasileiro de proteção social não significa que ele já exista ou esteja 
pronto, mas que é uma construção que exige muito esforço de mudanças” (SPOSATI, 2009, 
p.17).
No caso do Brasil, os assistidos pelo sistema de proteção são os cidadãos que se encontram em 
situação de vulnerabilidade social e desfavorecidos economicamente.
O sistema de proteção social enfrenta desafios desde a sua constituição. Ele esteve ligado, 
Figura 1: representação da questão social – desigualdade social. Fonte: https://sociologiaemredemv.wordpress.
com/
07
desde o princípio, ao trabalho ou à condição de pobreza da população. Após as conquistas 
alcançadas pós-Constituição Federal, a proteção social enfrenta dificuldades em manter os 
princípios norteadores da universalidade e igualdade de acesso para todos, em função da 
política neoliberal implementada no país, que, conforme vimos anteriormente, reduz o alcance 
das políticas sociais.
O que se presencia nesse contexto é uma reorganização econômica e política, que leva a maioria 
dos países capitalistas, frente à emergência de novas manifestações e expressões da Questão 
Social, a alterar seus sistemas de proteção social. Um dos desafios é a perspectiva de redução 
de sua ação reguladora na esfera social. A intervenção do Estado volta-se para efetivar de 
forma emergente as denominadas “políticas de inserção”, que obedecem a uma lógica de 
focalização e de discriminação positiva, focalizando os programas sociais nos segmentos mais 
empobrecidos	da	população	(YASBEK,	2014).
Estas políticas, além de corrigirem as “falhas do mercado” constituem instrumentos 
estratégicos para a promoção da redistribuição da riqueza social mediante a inclusão 
social por diversas vias, como a provisão de bens eserviços, provisão de benefícios 
monetários e cobertura de necessidades sociais, entreoutras, nesse contexto assiste-se 
também	ao	ressurgimento	da	(re)mercantilização	de	direitos	sociais	(YASBEK,	2014,	p.8).
Assim, nesse contexto neoliberal, o que é possível identificar no campo da proteção social é 
a emergência das políticas de inserção focalizadas e seletivas para as populações mais 
pobres, em detrimento de políticas universalizadas para todos os cidadãos. Conforme aponta 
Yasbek	(2014,	p.27),	o	maior	desafio	que	a	proteção	social	brasileira	enfrenta	hoje	é	manter	a	
perspectiva de universalização da Política Social (Saúde, Educação, entre outrasáreas), de 
modo a não restringir as políticas sociais à função de combate à pobreza, abandonando suas 
possibilidades na redução das desigualdades sociais.
Assim, convém lembrar que a proteção social no Brasil de hoje é composta por um modelo 
híbrido contributivo e não contributivo. A previdência social é contributiva, portanto, trata-se de 
um seguro social. As políticas de saúde e assistência social não são contributivas, portanto, são 
políticas de seguridade social que visam garantir os direitos e ter acesso universal.
No Brasil, o sistema de seguridade social foi uma grande inovação e está contido no Art. 194 
da Constituição Federal. Quem tem direito à seguridade social? O que significa seguro social? 
Pesquise sobre esses pontos.
O que chamamos de políticas de inserção? No seu município, você consegue identificar 
alguma dessas políticas?
NÓS QUEREMOS SABER!
Figura	2:	representação	gráfica	da	seguridade	social	brasileira.	Fonte:	http://www.lookfordiagnosis.com.
08 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
A seguridade social brasileira contempla três grandes políticas sociais: previdência, assistência 
social e saúde. Isso significa um avanço? Como são gestadas essas políticas na atualidade? Qual 
é a ligação dessas políticas com os programas de transferência de renda? É sobre essas políticas 
que vamos refletir a seguir, com ênfase na política de assistência social, que se materializa nos 
programas de transferência de renda.
A política social garantida pelo governo brasileiro com maior representatividade é composta por 
um tripé. O sistema de seguridade social supõe que os cidadãos tenham acesso a um conjunto de 
direitos e seguranças, que cubram, reduzam ou previnam situações de risco e de vulnerabilidades 
sociais. Veremos um pouco do percurso da política pública de assistência social.
Na visão de Jaccoud (2009), a expansão do sistema de proteção social no Brasil significou 
grandes avanços no país, sobretudo no campo da assistência social. Em 1993, notam-se os 
avanços significativos na Política de Assistência Social, com a aprovação da Lei Orgânica de 
Assistência Social (LOAS). Essa lei afirma a Política de Assistência Social como direito do cidadão 
e dever do Estado. É definida no Capítulo I, art. 1º da Lei n.º 8.742, de 7 de dezembro de 1993, 
da seguinte forma: 
A assistência social, direito do cidadão e dever do Estado, são Política de Seguridade 
Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto 
integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às 
necessidades básicas (BRASIL, 1993, p.9).
É nesse cenário de evolução da política de assistência que surge o Sistema Único de Assistência 
Social (SUAS), reconhecido pelo Ministério de Desenvolvimento e Combate à Fome (MDS) como 
um “sistema público não contributivo, descentralizado e participativo, que tem por função a 
gestão do conteúdo específico da assistência social no campo da proteção social brasileira” 
(2010, p. 42).
Tendo sido reconhecida como política pública, a assistência social se constitui hoje no principal 
pilar de sustentação da proteção social no país, uma vez que são de responsabilidade dessa 
política as ações de enfrentamento à pobreza materializadas nos programas de transferência de 
renda. De acordo com a PNAS (2004), a assistência social divide a sua atuação em proteção 
social básica e proteção social especial de média e alta complexidade.
A proteção social básica é materializada através do Programa de Atendimento Integral à Família 
(PAIF), que tem como porta de entrada o Centro de Referência de Assistência Social (CRAS).
4.3 A política social e os programas de transferência 
de renda
Figura 3: representação da proteção social na PNAS. Fonte: http://200.156.42.162/webassistenciasocial/
09
A proteção social especial de média e alta complexidade tem como serviço de referência o 
Centro Especializado de Referência de Assistência Social (CREAS), que atende os 
cidadãos que tiveram seus direitos violados ou seus vínculos familiares rompidos.
Nesse sentido, a assistência social passa a ter como foco de atuação a ação preventiva, 
protetiva e proativa, reconhecendo a importância de responder às necessidades humanas 
de forma integral, para além da atenção a situações emergenciais, centradas exclusivamente nas 
situações de risco social. (BRASIL, 2004). 
A oferta desses serviços a esse estrato da população possibilita, através de seus espaços de 
intervenção, fortalecer os cidadãos quanto ao acesso aos seus direitos, na emancipação e 
fortalecimento da autonomia, mesmo que de forma restrita, garantindo-lhes uma melhor 
qualidade de vida. Podemos considerar isso como uma grande mudança na perspectiva da 
proteção social no país.
Essa política contempla benefícios, programas e serviços, como: Benefício de Prestação 
Continuada	 (BPC);	 Programa	de	Atenção	 Integral	 às	 Famílias	 (PAIF);	 Serviços	 Socioeducativos	
para	Adolescentes	(Projovem	Adolescente)	e		Erradicação	do	Trabalho	Infantil	(PETI);	Combate	à	
Exploração	Sexual	de	Crianças	e	Adolescentes;	além	da	segurança	alimentar,	através	do	Sistema	
Nacional de Segurança Alimentar e Nutricional (SISAN), responsável pelo Programa Fome Zero 
e seus equipamentos, que visam garantir o acesso da população à alimentação e à agua, 
através de Restaurantes Populares, Banco de Alimentos, Feiras, Mercados Populares, Cozinhas 
Comunitárias e Cisternas.
O principal mecanismo de inclusão social da política de assistência social se dá por meio 
do Cadastro Único para Programas Sociais, um instrumento de identificação e caracterização 
socioeconômica das famílias brasileiras de baixa renda, entendidas como aquelas com renda 
igual ou inferior a meio salário mínimo por pessoa (per capita) ou renda familiar mensal de até 
três salários mínimos. As informações obtidas nesse cadastro podem ser utilizadas pelos governos 
federal, estadual e municipal, para o diagnóstico socioeconômico das famílias e análise das suas 
principais necessidades (MDS, 2015). O cadastro é realizado no CRAS.
É através do Cadastro Único (CadUnico) que as famílias têm acesso aos programas de 
Agora, será mesmo que a assistência social ou as demais políticas que compõem a 
seguridade social conseguem cumprir o seu papel? Quais condições o Estado dá para 
que esse sistema garanta direitos de fato?
NÓS QUEREMOS SABER!
Figura 4: Cadastro Único. http://www.tudoemfoco.com.br/fome-zero.html.
10 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
transferência de renda, como o Bolsa Família, inserido no Programa Fome Zero. O Bolsa Família 
é o maior programa de transferência de renda da história do Brasil. Esse programa, criado em 
2003 pelo governo federal, é considerado um eixo estratégico para a integração de políticas e 
ações no enfrentamento à pobreza, no acesso à educação e no combate ao trabalho infantil.
Você sabe o que significa um Programa de Transferência de Renda? 
É uma transferência monetária direta aos indivíduos e famílias. Porém, o acesso e permanência 
dessas famílias nos programas estão sujeitos a determinadas condicionalidades. Você sabe quais 
são as condicionalidades do Bolsa Família?
Figura 4: Cadastro Único. http://www.tudoemfoco.com.br/fome-zero.html.
O Programa Bolsa Família é o resultado da unificação de programas de transferência 
de	 renda	 já	 existentes,	 como:	 Bolsa	 Escola,	 Bolsa	 Alimentação,	 Auxílio	 Gás,	 Cartão	
Alimentação, Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e Agente Jovem. 
VOCÊ SABIA?
Os programas pioneiros de transferência de renda surgiram na Europa. Em 1930, foram 
introduzidos programas para beneficiar crianças, idosos e deficientes. O programa 
brasileiro de transferência de renda teve como modelo o Programa de Renda Mínima de 
Inserção (RMI), criado em 1988, naFrança. Para saber mais, leia: 
SILVA,	Maria	Ozanira	da	Silva	e;	 LIMA,	Valéria	F.	Santos	de	Almada.	Avaliando	o	Bolsa	
Família: unificação, focalização e impactos. São Paulo: Cortez, 2010.
VOCÊ SABIA?
11
Segundo dados de 2015 da Caixa Econômica Federal, banco do governo que operacionaliza 
a parte financeira do Programa Bolsa Família em todo o Brasil, mais de 13,9 milhões de 
famílias são atendidas por esse programa. O alvo são famílias em situação de extrema pobreza, 
ou seja, aquelas que têm renda de até R$ 77,00 por pessoa, por mês. 
Já as famílias consideradas pobres são aquelas que possuem renda entre R$ 77,01 e R$ 154,00 
por pessoa, por mês. As famílias pobres participam do programa, desde que tenham em sua 
composição gestantes e crianças ou adolescentes entre 0 e 17 anos.
Outro programa de transferência de renda direta ao usuário é o Benefício de Prestação 
Continuada da Lei Orgânica da Assistência Social (BPC/Loas), criado em 1988. 
Consiste em uma transferência de renda sem condicionalidades e independente de contribuição 
prévia para o regime de seguridade social, destinada a idosos com 65 anos ou mais e a pessoas 
com deficiência, não aptas ao trabalho e a uma vida independente. A renda familiar per capita 
deve ser abaixo de ¼ do salário. O programa é avaliado a cada dez anos e pode ser suspenso, 
caso a situação da família tenha mudado (MDS, 2015).
Como podemos perceber, os programas de transferência de renda no Brasil seguem a receita 
da política neoliberal. São programas focalizados na pobreza, que ainda não conseguem 
promover	a	emancipação	das	famílias.	Segundo	Yazbek	(2015),	dentro	da	política	de	assistência,	
um dos grandes desafios é conseguir fazer a intersetorialidade para articulação das iniciativas 
públicas, na perspectiva da construção de uma rede protetiva no âmbito dessa política.
Na atualidade, como podemos verificar nessa breve análise sobre a política social brasileira, 
o caminho é longo e difícil, e ainda há muito a ser realizado, uma vez que as políticas sociais, 
conforme visto ao longo da discussão, possuem poder limitado de ampliação da cobertura.
O Assistente Social é quem trabalha diretamente com essas políticas. Como será o trabalho 
desse profissional? Discutiremos sobre esse tema a seguir.
Figura 6: BPC/LOAS. Fonte: http://www.portalterceiraidade.org.br/horizontais/direitos
12 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
Antes de começar a falar sobre o trabalho do assistente social no âmbito das diferentes políticas 
sociais, convém situar um pouco o debate acerca da questão social, principal base material 
instituinte e instituída das práticas profissionais do Assistente Social. Historicamente, o profissional 
é requisitado para compreender e dar resposta às problemáticas, situações, necessidades e 
demandas postas e repostas pela questão social.
A questão social, como você já viu, aparece na sociedade capitalista como expressão das 
contradições sociais. Ela revela, sobretudo, o conflito existente entre o capital e o trabalho, que 
impulsionou o protagonismo político da classe trabalhadora, forjando o Estado a dar respostas 
às reivindicações dos trabalhadores por meio de políticas sociais públicas. 
Portanto, falar sobre o trabalho do Assistente Social nas políticas sociais é lembrar que esse 
trabalho é polarizado pelos interesses distintos entre as classes, sobretudo no que se refere 
ao enfrentamento das expressões da questão social. O trabalho do assistente social na 
contemporaneidade se dá na esfera das:
Disputas políticas no espaço das políticas sociais, mediações centrais no exercício da 
profissão. Estamos tratando das disputas política na esfera pública e nas lutas sociais 
em seus impactos sobre as relações sociais. Estamos tratando da questão de construção 
de hegemonia, na condução dos serviços sociais e das necessidades que atendem, bem 
como dos direitos que asseguram, não apenas como questão técnica, mas como questão 
essencialmente	política,	lugar	de	contradições	e	resistência	(YAZBEK,	2014,	p.	681).
O fato é que o assistente social é um profissional que formula, implementa, gerencia e executa as 
políticas sociais públicas ou privadas desde a década de 1940, quando o Estado passa a intervir 
de forma regular nas relações sociais e cria as grandes instituições assistenciais. Nesse momento, é 
criado oficialmente o mercado de trabalho do assistente social no Brasil. Vale ressaltar que, nessa 
época, o assistente social era somente o “executor terminal das políticas sociais” (NETTO,1996), 
dadas as possibilidades históricas de reconhecimento dos direitos sociais.
Desde a década de 1940, quando se deu a institucionalização e a profissionalização do Serviço 
Social no Brasil, que o assistente social ocupa um espaço no processo de trabalho das políticas 
sociais que compõem o tripé da seguridade social. Segundo Costa (2007), a saúde tem sido, 
historicamente, o maior espaço no mercado de trabalho para o assistente social.
Segundo Sposati (2013), a presença do assistente social foi uma constante na questão da 
previdência social. Centrada na lógica do seguro social ligado ao trabalho, ela exige uma série 
4.4 O trabalho do assistente social no âmbito das 
políticas sociais
Para saber mais sobre a questão social na sociedade capitalista, não deixe de ler: 
PASTORINI, Alejandra. A questão social em debate. São Paulo: Cortez, 2004. 
(Coleção	Questões	de	Nossa	Época;	v.109).
NÃO DEIXE DE LER...
4.5 Dimensões do trabalho do assistente social 
13
de critérios “como forma de benefício, pensão e aposentadoria, cujo acesso é vinculado a regras 
de tempo de contribuição, idade, grau de agravo, entre outros requisitos” (SPOSATI, 2013, p. 
663).
A presença do assistente social na previdência data ainda da década de 1940, no 
governo de Vargas, quando o sistema previdenciário se materializava através dos Institutos de 
Aposentadorias e Pensões (IAPS). Nesse período o Serviço Social era concebido como uma 
“assistência complementar” e os profissionais trabalhavam com orientações, encaminhamentos e 
estudos individuais de desajustamento dos segurados (SILVA, 2008). Essa condição de assistência 
complementar vai perdurar durante muitos anos. Somente na década de 1990, com os avanços 
constitucionais, é que o Serviço Social passa a ter como competência “esclarecer junto aos 
beneficiários seus direitos e os meios de exercê-los”. 
O trabalho do assistente social se desenvolve no âmbito interno e externo (SILVA, 2008, p.31). 
No âmbito interno, o profissional realiza ações de: prestação e socialização das informações 
previdenciárias;	 articulação	 com	 os	 setores	 dentro	 da	 própria	 instituição;	 emissão	 de	 laudos	
sobre a situação do beneficiário. No âmbito externo, realiza um trabalho de articulação com 
entidades de classe, como associações, sindicatos, empresas, entre outros, difundindo a política 
previdenciária. (SILVA, 2008). 
Hoje, o profissional de Serviço Social na previdência é denominado de Analista de Seguro Social. 
O que mudou com essa nova denominação? Por que mudou? Pesquise sobre essa mudança.
Segundo Sposati (2013) no campo da previdência social, a ação do assistente social constrói e 
reconstrói suas “possibilidades de exercício da prática, que é, ao mesmo tempo, um contínuo 
confronto com as reduções que se processam no caminho da igualdade e uma ação que busca 
estender o máximo possível o alcance do direito” (SPOSATI, 2013, p. 665). 
Figura 7: Serviço Social na previdência social. Fonte: http://www.cygnuscosmeticos.com.br
A partir dessas mudanças engendradas na previdência social, em relação ao Serviço 
Social, o que mudou na atuação do profissional? Hoje, quais são as suas atribuições como 
analista de seguro social? Elas estão em conformidade com a Lei de Regulamentação da 
Profissão? 
NÓS QUEREMOS SABER!
14 Laureate- InternationalUniversities
Ebook -Política Social
Na política de saúde, outra área de inserção do assistente social no sistema de seguridade 
social, Sposati (2013) afirma que, desde 1948, se tem registro da inserção desse profissional em 
hospitais. Nessa época, a saúde não era tida como um direito e a atuação do assistente social 
era atribuída à gestão da triagem socioeconômica dos demandatários. Ainda segundo Sposati 
(2013), na política de saúde:
A entrada do profissional pode ser vertical ou horizontal. Em a ç õ e s 
programáticas, horizontais, o assistente social compõe equipes interprofissionais 
direcionadas para a saúde da mulher, a saúde da família. É de se dar relevância a 
inserção do Serviço Social nos NASF — Núcleos de Apoio à Saúde da Família e na 
Residência Multiprofissional em Saúde. Na atenção hospitalar, a depender do volume 
e tipos de especialidades dos leitos, o profissional de Serviço Social pode 
ter inserção porespecialidades, clínicas e/ou cirúrgicas, ou manter a atenção genérica 
voltada para relações entre o paciente e sua família e/ou suas condições externas 
para manutenção de seus cuidados de saúde. É de se referir a presença nada trivial 
de assistentes sociais em cargos de direção na gestão da saúde básica ou preventiva 
(Sposati, 2013, p. 667-668).
Nesses espaços, o assistente social trabalha na perspectiva da garantia do direito, com as 
contradições do sistema, visto que os princípios do Sistema Único de Saúde (SUS) de universalidade 
de acesso e integralidade das ações não são cumpridos, bem como há pouca efetividade das 
ações, em função da reconfiguração da política pós-neoliberalismo.
Frente a esse cenário, Sodré (2010) afirma que, ao assistente social que atua no campo da 
saúde, torna-se importante trazer à tona que talvez a saúde seja uma das políticas sociais 
que manifestam uma diversidade enorme de demandas e necessidades da vida 
humana. Não é possível realizar ações estanques e padronizadas em políticas públicas 
que atuam diretamente sobre a vida (Sodré, 2010, p. 473). 
Na política de assistência social, a participação do assistente social é histórica e, cada vez 
mais, tem se constituído em espaço ocupacional privilegiado, com maior inserção na área do 
serviço público municipal. Isso se deu, principalmente, a partir da implantação da Lei Orgânica 
de Assistência Social (Loas), por meio do sistema descentralizado. Com a lei, os municípios 
passaram a assumir a carga mais pesada, isto é, a execução e formulação dos programas e 
projetos sociais, levando a uma maior contratação desse profissional pelas prefeituras.
Na área da Assistência Social, devido à sua particularidade, a profissional efetiva serviços que 
buscam atender às necessidades sociais dos usuários. A política tem por princípio a efetivação 
dos direitos socioassistenciais. Sabemos que, cada vez mais, o assistente social se depara com o 
critério de seletividade nos programas prestados pela assistência social à população pauperizada.
Mesmo enfrentando essa realidade de exclusão e focalização no âmbito da política, o 
Conselho Federal de Serviço Social (CFESS) orienta, nos Parâmetros para atuação dos assistentes 
sociais na Política de Assistência Social, que a intervenção orientada por uma perspectiva crítica 
pressupõe:
(...)	 leitura	 crítica	 da	 realidade;	 capacidade	 de	 identificação	 das	 condições	 materiais	
de vida e identificação das respostas existentes no âmbito do Estado e da sociedade 
civil, reconhecimento e fortalecimento dos espaços e formas de luta e organização dos 
NÃO DEIXE DE VER...
Quer saber mais sobre o debate contemporâneo do Serviço Social na Saúde? Assista ao 
vídeo “Serviço Social na Saúde: dilemas e desafios”: 
https://www.youtube.com/watch?v=N7JEj2jnnPY
15
trabalhadores	em	defesa	de	seus	direitos;	formulação	e	construção	coletiva,	em	conjunto	
com os trabalhadores, de estratégias políticas e técnicas para modificação da realidade 
e formulação de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os recursos 
financeiros, materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos 
direitos (2010, p. 17).
Ainda com base no documento do CFESS (2010), o trabalho do assistente social abrange diversas 
dimensões interventivas, complementares e indissociáveis:
1 – dimensão que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva 
de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentos 
públicos	 (...);	 2	 –	 dimensão	de	 intervenção	 coletiva	 junto	 aos	movimentos	 sociais,	 na	
perspectiva	da	socialização	da	informação	(...);	3	–	dimensão	de	intervenção	profissional	
voltada para a inserção nos espaços democráticos de controle social e construção 
de	 estratégias	 pra	 fomentar	 a	 participação	 (...);	 4	 –	 dimensão	 de	 gerenciamento,	
planejamento e execução direta de bens e serviços a indivíduos, famílias, grupos e 
coletividade	(...);	5	–	dimensão	que	se	materializa	na	realização	sistemática	de	estudos	
e	pesquisas	que	revelem	as	reais	condições	de	vida	e	demandas	da	classe	trabalhadora;	
6 – dimensão pedagógico-interpretativa e socializadora de informações no campo dos 
direitos, da legislação social e das políticas públicas (CFESS, 2010, p. 18-19).
De modo geral, observa-se que a Assistência Social vem se constituindo em um dos campos 
da prestação de serviços sociais governamentais, e o trabalho do assistente social se inscreve, 
também, no campo da defesa e/ou realização dos direitos sociais de cidadania, na gestão da 
coisa pública, podendo contribuir para o partilhamento do poder e sua democratização. Todavia, 
conforme análise de Sposati (2013), o “campo da assistência social, assim como o da saúde, 
não distingue os cidadãos como inseridos ou não em trabalho formal ou informal. Para ambas 
as políticas, o direito a ter uma necessidade atendida é primordial, independentemente de sua 
situação de emprego” (SPOSATI, 2013, p. 610).
Na verdade, o trabalho realizado pelo assistente social nos diferentes espaços, com as diferentes 
políticas públicas, requer a apreensão de como as esferas pública e privada se relacionam hoje, 
frente à reconfiguração do sistema de proteção social. Ao operar a política de assistência, o 
profissional	se	 insere	em	espaços	do	 terceiro	setor,	como	 instituições	 filantrópicas	e	ONGs,	 já	
que a operacionalidade da política frente às mudanças não se limita apenas à esfera do Estado.
É preciso reafirmar que o assistente social trabalha também com as políticas educacionais, 
sociojurídicas, habitacionais, entre outras áreas onde se desenvolvem programas, atividades ou 
projetos voltados à garantia de direitos.
Ressalta-se que o trabalho do assistente social no âmbito das políticas públicas ou privadas se 
depara com o predomínio de políticas focalizadas na extrema pobreza, em detrimento de políticas 
sociais universais: ênfase nas condicionalidades ou contrapartidas como mecanismos 
de controle seletivo	 do	 acesso	 a	 benefícios;	 substituição	 de	 análises	 socioeconômicas	 dos	
determinantes da pobreza por argumentos morais com base em comportamentos 
desviantes como causadores da pobreza; culpabilização dos pobres pela situação de 
privação;	revalorização	da	família	como	principal	canal	de	absorção	dos	“novos	riscos	sociais”	
(RAICHELIS, 2013, p. 631).
As cartilhas “Parâmetros para a Atuação do Assistente Social na Política de Assistência 
Social e na Política de Saúde” e o “Trabalho do Assistente Social no SUAS” estão 
disponíveis online no site do Conselho Federal de Serviço Social (CFESS): 
http://www.cfess.org.br 
NÃO DEIXE DE LER...
16 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
Na atual conjuntura, os desafios para os assistentes sociais são inúmeros. Que tipo de impacto 
esses desafios causam no fazer profissional e no projeto ético-político? É sobre a relação entre o 
projeto profissionale o cenário atual das políticas sociais que trataremos a seguir.
Você conhece ou já ouviu falar sobre o projeto ético-político do Serviço Social? Nesse último 
tópico, vamos falar um pouco sobre esse projeto e qual a sua relação com as políticas sociais.
Segundo Netto (2007), o projeto profissional do Serviço Social representa:
A autoimagem de uma profissão, elegem os valores que a legitimam socialmente, 
delimitam e priorizam seus objetivos e funções, formulam os requisitos (teóricos, práticos 
e institucionais) para o seu exercício, prescrevem normas para o comportamento dos 
profissionais e estabelecem as bases das suas relações com os usuários de seus serviços, 
com as outras profissões e com as organizações e instituições sociais privadas e públicas 
(inclusive o Estado, a que cabe o reconhecimento jurídico dos estatutos profissionais) 
(NETTO, 2007, p.144). 
Nesse sentido, trata-se de um projeto coletivo, construído pela categoria profissional em defesa 
de determinadas escolhas, valores e posicionamentos que imprimem uma direção social a ser 
seguida. O documento tem uma dimensão política muito clara em defesa dos direitos, da justiça 
social e da democracia.
Figura 8: Trabalho coletivo. Fonte: http://www.toldosglobo.com.br/
4.6 Projeto ético-político do Serviço Social e política 
social 
17
O projeto ético-político do Serviço Social (PEP) tem representatividade na área do trabalho 
profissional, com a Lei de Regulamentação da Profissão (1993) e o Código de Ética Profissional 
(1993), e no campo da formação profissional, através das Diretrizes Curriculares da ABEPSS 
(1996). Os princípios fundamentais do Código de Ética Profissional do Assistente Social são:
I. Reconhecimento da liberdade como valor ético central e das demandas políticas a ela inerentes 
-	autonomia,	emancipação	e	plena	expansão	dos	indivíduos	sociais;	
II.	Defesa	intransigente	dos	direitos	humanos	e	recusa	do	arbítrio	e	do	autoritarismo;	
III. Ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, 
com	vistas	à	garantia	dos	direitos	civis	sociais	e	políticos	das	classes	trabalhadoras;	
IV. Defesa do aprofundamento da democracia, enquanto socialização da participação política e 
da	riqueza	socialmente	produzida;	
V. Posicionamento em favor da equidade e justiça social, que assegure universalidade de acesso 
aos	bens	e	serviços	relativos	aos	programas	e	políticas	sociais,	bem	como	sua	gestão	democrática;	
VI. Empenho na eliminação de todas as formas de preconceito, incentivando o respeito à 
diversidade,	à	participação	de	grupos	socialmente	discriminados	e	à	discussão	das	diferenças;	
VII.	Garantia	do	pluralismo,	através	do	respeito	às	correntes	profissionais	democráticas	existentes	
e	suas	expressões	teóricas,	e	compromisso	com	o	constante	aprimoramento	intelectual;	
VIII. Opção por um projeto profissional vinculado ao processo de construção de uma nova ordem 
societária,	sem	dominação,	exploração	de	classe,	etnia	e	gênero;	
IX. Articulação com os movimentos de outras categorias profissionais que partilhem dos princípios 
Figura 9: representação do PEP. Fonte: http://blogdoassistentesocial.spaceblog.com.br
18 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
deste	Código	e	com	a	luta	geral	dos/as	trabalhadores/as;	
X. Compromisso com a qualidade dos serviços prestados à população e com o aprimoramento 
intelectual,	na	perspectiva	da	competência	profissional;	
XI. Exercício do Serviço Social sem ser discriminado/a, nem discriminar, por questões de inserção 
de classe social, gênero, etnia, religião, nacionalidade, orientação sexual, identidade de gênero, 
idade e condição física. (BRASIL, 2012, p.23).
O documento traz, de forma muito clara, a defesa e compromisso da profissão com a 
democracia, com os direitos e, portanto, com políticas sociais públicas de qualidade 
e de acesso universal. No entanto, cotidianamente, nos deparamos nos espaços de trabalho 
do assistente social com um grande desafio, que é conseguir materializar esses princípios contidos 
no Código de Ética Profissional.
A impossibilidade de cumprir as determinações do PEP pela categoria torna o trabalho, segundo 
Raichelis (2013), complexo, social e, ao mesmo tempo, coletivo, visto que é preciso que o 
profissional tenha competência para propor, negociar com os empregadores privados ou públicos, 
defender projetos que ampliem direitos das classes subalternas, seu campo de trabalho e sua 
autonomia relativa, atribuições e prerrogativas profissionais. Isso porque a direção estratégica do 
projeto vai de encontro ao Estado neoliberal, que defende a redução de direitos, o sucateamento 
dos serviços públicos e política sociais focalizadas, descentralizadas e privadas.
Hoje, trabalhar com políticas reducionistas exige do profissional um conhecimento mais 
amplo sobre os processos de trabalho, sobre os meios que dispõe para realizar as suas atividades, 
sobre a matéria onde recai a sua intervenção e, também, um conhecimento mais profundo 
sobre o sujeito vivo responsável por esse trabalho, que é o próprio profissional assistente social 
(RAICHELIS, 2013, p.31).
No campo da proteção social, a atuação do assistente social exige a recusa do conservadorismo, 
do assistencialismo e das práticas funcionalistas, como parte de uma construção histórica, humana, 
intencional e criativa capaz de possibilitar uma reflexão crítica, voltada para a construção do 
pacto democrático no Brasil. Com a ampliação da cidadania, por meio da implementação de 
políticas sociais de direito, esse talvez seja o grande desafio colocado hoje para o profissional 
nas políticas sociais em curso no Brasil.
Por fim, ressalta-se que, frente à complexidade da sociedade atual, é preciso um repensar contínuo 
do saber teórico e metodológico da profissão, além da ampliação da pesquisa no conhecimento 
da realidade social, da produção do conhecimento sobre a organização da vida social e da 
busca pela consolidação do projeto ético-político.
Você considera que o Projeto Ético-político do Serviço Social é hegemônico na categoria 
profissional? Por quê?
NÓS QUEREMOS SABER!
19
Olá, chegamos ao fim de mais um encontro! Agora, é hora de recapitular o que estudamos neste 
quarto capítulo, em que nos propusemos a discutir e conhecer um pouco mais sobre o sistema 
de proteção social brasileiro. 
Iniciamos debatendo o padrão de proteção social na atualidade no Brasil, focando nos desafios 
enfrentados para a construção e consolidação de uma política eficaz. Como pudemos perceber 
ao longo do texto, o Brasil avança em alguns momentos, mas, em outros, retrocede, sobretudo 
porque a política de direção neoliberal reflete na proteção social, tornando-a mais fragilizada.
•	 Ao	 tratarmos	 das	 políticas	 sociais	 e	 da	 proteção	 social,	 evidenciamos	 os	 programas	 de	
transferência de renda, criados pelo governo em substituição das políticas sociais de caráter 
mais amplo. Os programas de transferência de renda têm caráter seletivo e reducionista. 
São fragmentados e focalizados nas situações de extrema pobreza, além de não conseguirem 
promover a emancipação das famílias atendidas.
•	 Trocamos	 ideias	 sobre	 o	 trabalho	 do	 assistente	 social	 no	 âmbito	 das	 políticas	 sociais,	
especialmente com as políticas que compõem o sistema brasileiro de seguridade social. Vimos 
quantos desafios o profissional enfrenta, mas também o quanto seu trabalho é necessário na luta 
pela garantia dos direitos sociais da população menos favorecida economicamente, usuária dos 
serviços sociais públicos.
•	Por	fim,	tecemos	algumas	reflexões	a	respeito	do	trabalho	do	assistente	social	no	campo	das	
políticas sociais e a sua relação com o Projeto Ético-Político do Serviço Social. Nessas reflexões, 
ficou claro o embate entre o que o projeto profissional defende e o que, de fato, o profissional 
enfrenta em seu cotidiano,ao operar com políticas escassas, reduzidas, seletivas, privatistas e 
focalizadas. Descobrimos que vivemos um tempo de grandes desafios para a profissão e que, 
cada vez mais, precisamos repensar o trabalho na sociedade do capital.
SínteseSíntese
20 Laureate- International Universities
Ebook -Política Social
ALMEIDA,	Nei	Luiz	Teixeira	de;	ALENCAR,	Mônica	Maria	Torres	de.	Serviço Social, trabalho 
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