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ARTIGO - O Serviço Social e o trabalho em grupo no Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari a experiência no Projeto Maria Bonita

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O Serviço Social e o trabalho em grupo no Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari: a experiência no Projeto “Maria Bonita”[footnoteRef:1] [1: Artigo apresentado para conclusão do curso de Pós-Graduação Lato Sensu (especialização) - Serviço Social na Sociedade Contemporânea: Direção Social, Instrumentais e Política Social. Maringá, 06 de março de 2017. ] 
Bruna Eloise Souza Vettor[footnoteRef:2] [2: Assistente Social do Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari. Especializanda em Serviço Social na Sociedade Contemporânea: Direção Social, Instrumentais e Política Social. Email: brunavettor@gmail.com] 
Franciele Holanda de Moura[footnoteRef:3] [3: Assistente Social do Conselho da Comunidade de Execuções Penais da Comarca de Maringá. Especialista em Saúde Mental. Especializanda em Serviço Social na Sociedade Contemporânea: Direção Social, Instrumentais e Política Social. E-mail: francielehmoura@gmail.com ] 
RESUMO
Este artigo aborda o relato de experiência de intervenção com grupos, tendo como perspectiva o trabalho socioeducativo com mulheres oriundas de famílias em situação de vulnerabilidade e rico social no Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari. Essa experiência foi construída ao longo do ano de 2016, através do Projeto “Maria Bonita”. O estudo foi desenvolvido através do relato de experiência da assistente social do CRAS de Mandaguari, utilizando-se de pesquisa bibliográfica e documentos oficiais que abordam sobre a temática. Considera-se fundamental a compreensão da política de Assistência Social, dada através de políticas sociais e a sua necessidade para a manutenção do sistema capitalista, além de tomar conhecimento do exercício profissional do assistente social, e especificamente, na proteção social básica no âmbito da Política de Assistência Social. Também tem como base o relato de experiência da profissional de Serviço Social na utilização do grupo “Maria Bonita”, realizado com mulheres, enquanto instrumental técnico-operativo de forma a potencializar a coletividade e a viabilização da garantia de direitos sociais.
 Palavras-chave: Serviço Social. Assistência Social. CRAS. Trabalho em Grupo. 
I. INTRODUÇÃO
Com a transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista ocorre um acirramento da desigualdade social, esta consequência se dá pela contradição existente entre capital e trabalho. No capitalismo concorrencial os “problemas sociais” eram vistos como caso de polícia e intervenção das damas da caridade da igreja católica, já no capitalismo monopolista os problemas sociais se agravam e tanto a repressão policial como a ajuda da igreja já não estavam dando conta de atender toda a demanda. Nesse momento também os trabalhadores se apropriam enquanto classe e realizam movimentações reivindicando os seus direitos perante o empresariado e o Estado. Nessa razão, o Estado se responsabiliza e lança políticas públicas de enfrentamento e o que era considerado “problemas sociais” passa a ser chamado de questão social. 
É nesse cenário que inicia as atividades profissionais do Serviço Social, inserida na dinâmica da vida capitalista, enquanto uma profissão que contribuirá para o processo que envolve a reprodução das relações sociais. 
O Estado vai impulsionando a profissionalização do assistente social, esse processo vai ampliando um amplo campo de trabalho para a profissão. E é com as expressões da questão social no espaço da Política de Assistência Social que o Assistente Social vem desenvolver uma parte de sua atuação profissional. 
No contexto histórico do Brasil e a promulgação da Constituição Federal de 1988, ocorrem novos arranjos que possibilitaram a elaboração e implementação de políticas públicas de proteção social mediante o Estado democrático de direitos. “A Assistência Social não pode ser entendida como uma política exclusiva de proteção social, mas deve-se articular seus serviços e benefícios aos direitos assegurados pelas demais políticas sociais, a fim de estabelecer, no âmbito da Seguridade Social, um amplo sistema de proteção social.” (CFESS, p.4 2011)
A Política Nacional de Assistência Social divide a Proteção em Básica e Especial, cria equipamentos para o atendimento da população seguindo algumas normas especificas. No caso da Proteção Social Básica a forma de viabilizar o atendimento dessa ordem é o Centro de Referência de Assistência Social – CRAS, que atende indivíduos e famílias que se encontram em situação de vulnerabilidade social, com o intuito de fortalecer os vínculos familiares e comunitários, através de programas e projetos, estimulando o protagonismo e assegurando o exercício da cidadania. 
Em 2016 no CRAS do município de Mandaguari, através do Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), iniciou o trabalho voltado para atender mulheres em situação de risco e vulnerabilidade social, com os vínculos familiares rompidos, verificados em atendimentos individuais. Desde então vem sendo executado em formato de grupos socioeducativos o Projeto denominado “Maria Bonita”.
O presente artigo tem como objetivo relatar a experiência do trabalho desenvolvido em grupo através do Projeto “Maria Bonita” no Centro de Referência de Assistência Social de Mandaguari, bem como, a contribuição deste para as mulheres envolvidas.
Inicialmente, realiza-se uma discussão sobre o Centro de Referência de Assistência Social, dada a sua origem com a LOAS e a Política Nacional de Assistência Social. Em segundo momento nos aprofundamos sobre o surgimento do Serviço Social e como se desenvolve a atuação do assistente social no CRAS. No ultimo tópico apresenta-se um relato de experiência do Projeto “Maria Bonita”. 
E, por fim, nas considerações finais explana-se sobre a importância do trabalho em grupos e dos resultados do Projeto “Maria Bonita” realizado com mulheres atendidas pelo CRAS do município de Mandaguari. 
II. O CENTRO DE REFERÊNCIA DE ASSISTÊNCIA SOCIAL: UMA DISCUSSÃO INICIAL
Visando abranger a atuação do profissional de Serviço Social na política de Assistência Social discorremos brevemente neste item, sobre a formação desta política no Brasil, buscando compreendê-la com base em suas principais regulamentações e referências bibliográficas que discutem sobre a temática apresentada.
Na trajetória histórica do Brasil, com a promulgação da Constituição Federal em 1988, conquistada num período marcado por reivindicações da classe trabalhadora, ocorreram novos arranjos que possibilitaram a elaboração e implementação de políticas públicas de proteção social mediante um Estado democrático garantidor de direitos.
Ao falar sobre proteção social, é importante que se tenha a compreensão de que,
[...] a proteção social se dá através de políticas sociais, se estruturando a favor da disseminação e do desenvolvimento do capitalismo, sendo alterada de acordo com a necessidade desse sistema como estratégia para sua manutenção e expansão. Ela é utilizada para “minimizar” as expressões da questão social, resultantes do sistema de produção capitalista, atendendo os “excluídos socialmente”. (OLIVEIRA; VETTOR, 2014, p. 18)
Um dos principais avanços nas políticas sociais enquanto direito dos cidadãos, foi o surgimento do sistema de Seguridade Social que visa a proteção social na perspectiva de concretização de direitos sociais de cidadania, sendo responsabilidade do Estado. Este sistema busca garantir a proteção integral através da Saúde enquanto direito universal, da Previdência Social de caráter contributivo e da Assistência Social prestada a quem dela necessitar, independente de contribuição. 
A política de Assistência Social, antes relacionada à benemerência, caridade, filantropia e troca de favores, foi a última entre o tripé da Seguridade Social a adquirir visibilidade como política social e ser reconhecida como direito universal, regulamentada pela Lei Orgânica de Assistência Social – LOAS[footnoteRef:4], n.º 8.742 de 1993. É preciso considerar que, [4: Em seu Art. 1º: "A assistência social, direitodo cidadão e dever do Estado, é Política de Seguridade Social não contributiva, que provê os mínimos sociais, realizada através de um conjunto integrado de ações de iniciativa pública e da sociedade, para garantir o atendimento às necessidades básicas". (BRASIL, 1993).] 
[...] a tardia institucionalização da política de assistência acontece num ambiente onde o tratamento da questão social centrado no combate à pobreza focalizada só fez aprofundar o processo de desconstrução simbólica e ideológica da seguridade enquanto base para pensar e construir as políticas sociais, dificultando justamente o caráter intersetorial que tal política deveria ter com as demais políticas públicas. (MAURIEL, 2010, p. 177 apud OLIVEIRA; VETTOR, 2014, p. 39) 
Ainda em seu reconhecimento enquanto política de direito, em 2004 houve a consolidação da Política Nacional de Assistência Social - PNAS que define seu caráter de política de proteção social, ligada às demais políticas de Seguridade Social; em seguida, no mesmo ano, a Norma Operacional Básica – NOB/SUAS; a construção do Sistema Único de Assistência Social - SUAS (2005) que tem como função a gestão da Assistência Social no campo da proteção social brasileira; a criação do Ministério do Desenvolvimento e Combate à Fome – MDS (2004), hoje reconhecido como Ministério do Desenvolvimento Social e Agrário - MDSA; e a Tipificação dos Serviços Socioassistenciais (2009).
Através do disposto no Art. 1º, a Tipificação organiza a proteção social do SUAS por níveis de complexidades, entre a básica e a especial de média e alta complexidade. Além disso, consta as provisões, aquisições, condições e formas de acesso, unidades de referência para a sua realização, período de funcionamento, abrangência, a articulação em rede, o impacto esperado e suas regulamentações gerais e específicas. (BRASIL, 2009, p.4)
De acordo com a Tipificação (BRASIL, 2009), os serviços de proteção social básica reúnem ofertas que atuam no sentido da proteção proativa e na atenção as famílias em situação de vulnerabilidade social, na proteção social especial realiza o atendimento das famílias em situações de risco pessoal e social, nas quais já estão agravadas e necessitam intervenções de caráter mais especializado, devido à violação de direitos, sendo efetivada em duas diferentes instituições: a proteção social básica no Centro de Referência de Assistência Social – CRAS e a proteção social especial no Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS.
O CRAS é a instituição pública estatal responsável pela garantia da proteção social básica, ofertando serviços de caráter protetivo, preventivo e proativo. De acordo com a PNAS (2004), tal proteção atende a “população que vive em situação de vulnerabilidade social decorrente da pobreza, privação (ausência de renda, precário ou nulo acesso aos serviços) [...] e, ou, fragilização de vínculos afetivos”. 
São considerados serviços de proteção social básica de assistência social aqueles que potencializam a família como unidade de referência, fortalecendo seus vínculos internos e externos de solidariedade, através do protagonismo de seus membros e da oferta de um conjunto de serviços locais que visam à convivência, a socialização e o acolhimento, em famílias cujos vínculos familiar e comunitário não foram rompidos, bem como a promoção de integração ao mercado de trabalho, [...].” (BRASIL, 2004, p. 29)
A proteção social básica tem como objetivos “prevenir situações de risco, por meio do desenvolvimento de potencialidades, aquisições e o fortalecimento de vínculos familiares e comunitários”, sendo um espaço de realização de acompanhamento dos cidadãos e de suas famílias no território de abrangência em atividades permanentes na vigilância da exclusão social, e na produção, sistematização e divulgação dos indicadores sociais. (COMERLATTO, LAJÚS, 2012)
Os serviços de proteção social básica, com vistas à prover a proteção social de acordo com o SUAS, se constituem por meio da rede socioassistencial através dos serviços, programas, projetos e benefícios que atuam articulados entre as unidades de proteção social, hierarquizada entre básica e especial e ainda por níveis de complexidade, de acordo com a necessidade de seu usuário, como já vimos anteriormente. A PNAS (2004) afirma o seguinte:
Os serviços, programas, projetos e benefícios de proteção social básica deverão se articular com as demais políticas públicas locais, de forma a garantir a sustentabilidade das ações desenvolvidas e o protagonismo das famílias e indivíduos atendidos, de forma a superar as condições de vulnerabilidade e a prevenir as situações que indicam risco potencial. Deverão ainda, se articular aos serviços de proteção especial, garantindo a efetivação dos encaminhamentos necessários.
Além disso, é importante esclarecer que a proteção social não envolve somente os serviços, programas, projetos e benefícios. De acordo com a Política Nacional, ela também se constitui como espaço para viabilizar a participação dos sujeitos enquanto protagonistas, viabiliza o controle social “enquanto instrumento de efetivação da participação popular no processo de gestão político-administrativa-financeira e técnico-operativa, com caráter democrático e descentralizado” (PNAS, 2004, p. 44)
Os serviços que fazem parte da rede socioassistencial, realizados no CRAS, se dá por meio de ações continuadas, sendo eles: Serviço de Proteção e Atendimento Integral à Família (PAIF), Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos, e o Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas[footnoteRef:5]. [5: No Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos são realizados grupos, de modo a garantir aquisições progressivas aos seus usuários, a fim de complementar o trabalho social com famílias e prevenir a ocorrência de situações de risco social. Forma de intervenção social planejada que cria situações desafiadoras, estimula e orienta os usuários na construção e reconstrução de suas histórias e vivências individuais e coletivas, na família e no território. Possui caráter preventivo e proativo, pautado na defesa e afirmação dos direitos e no desenvolvimento de capacidades e potencialidades, com vistas ao alcance de alternativas emancipatórias para o enfrentamento da vulnerabilidade social; O Serviço de Proteção Social Básica no Domicílio para Pessoas com Deficiência e Idosas tem por finalidade a prevenção do rompimento de vínculos familiares e sociais dos usuários. Visa a garantia de direitos, mecanismos para a inclusão social, a equiparação de oportunidades e a participação e o desenvolvimento da autonomia das pessoas com deficiência e pessoas idosas, a partir de suas necessidades e potencialidades individuais e sociais, prevenindo situações de risco, a exclusão e o isolamento. (BRASIL, 2009, 16-25)
] 
O Serviço de Proteção e Atenção Integral à Família – PAIF, se constitui como o principal serviço da proteção social básica. Ele é um trabalho de caráter continuado que visa fortalecer a função protetiva das famílias, prevenindo a ruptura de laços, promovendo o acesso e usufruto de direitos e contribuindo para a melhoria da qualidade de vida. 
Dentre os objetivos do PAIF, destacam-se: o fortalecimento da função protetiva da família, a prevenção da ruptura dos vínculos familiares e comunitários, a promoção de ganhos sociais e materiais às famílias, a promoção do acesso a benefícios, programas de transferência de renda e serviços socioassistenciais, e o apoio a famílias que possuem, dentre seus membros, indivíduos que necessitam de cuidados, por meio da promoção de espaços coletivos de escuta e troca de vivências familiares. (BRASIL, 2009, p. 9)
O PAIF tem como princípio dois pilares do SUAS: a matricialidade sociofamiliar e a territorialização. A família é reconhecida como o núcleo primário de afetividade, acolhida, convívio, sociabilidade, autonomia, sustentabilidade e referência no processo de desenvolvimento e reconhecimento da cidadania. O Estado tem o dever de prover aproteção social às famílias para que essas possam exercer sua função protetiva. O território é o lócus de operacionalização do PAIF, o lugar a ser re-significado pelas suas ações, tendo as famílias como referência. Ele é um programa estratégico do SUAS por integrar os serviços socioassistenciais, programas de transferência de renda e benefícios assistenciais (BRASIL, 2009, p. 4, 5).
Visando compreender a atuação do profissional de Serviço Social na política de Assistência Social, mais especificamente no projeto “Maria Bonita”, discorreremos no próximo item sobre a atuação do profissional de Serviço Social e sua relação com esta política, buscando para tanto, referências bibliográficas que discutem sobre a temática apresentada.
III. A ATUAÇÃO DO ASSISTENTE SOCIAL NO CRAS
O Serviço Social é uma profissão que surgiu como uma forma de resposta às expressões da questão social[footnoteRef:6]. O seu significado está diretamente ligada ao processo de produção e reprodução das relações sociais, ou seja, o Serviço Social só encontra espaço na divisão sociotécnica do trabalho a partir do momento em que se apresenta necessidade de profissionais para executar tarefas específicas. (VOLPATO, 2016) [6: [...] diz respeito ao conjunto das expressões das desigualdades sociais engendradas na sociedade capitalista madura, impensáveis sem a intermediação do Estado. Tem sua gênese no caráter coletivo da produção, contraposto à apropriação privada da própria atividade humana – o trabalho –, das condições necessárias à sua realização, assim como de seus frutos. (IAMAMOTO, 2001, p.10).] 
O surgimento da profissão se dá no momento da sociedade burguesa que, com o desenvolvimento do capitalismo, trouxe como consequências o aumento das desigualdades sociais e o acirramento das expressões da questão social. (IAMAMOTO E CARVALHO, 2004)
É na dinâmica que envolve a transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista que a profissão do Serviço Social surge enquanto participante do trabalho coletivo, assim, é neste processo que ela inicia as suas atividades profissionais inserida na dinâmica da vida capitalista, enquanto uma profissão que contribuirá para o processo que envolve a reprodução das relações sociais. O contexto no qual o Serviço Social tem o seu espaço no mundo do trabalho de acordo com Netto (2007) é no período em que ocorre a transição do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista, mais especificadamente no último quartel do século XIX. Para o autor este contexto é marcado por um processo de acirramento da exploração da força de trabalho do proletariado, resultando em inúmeras mazelas e consequências negativas para a classe trabalhadora, o que proporcionará o acirramento da questão social. (VOLPATO, p. 2 e 3)
A classe trabalhadora se ingressa no cenário político e passa a exigir melhores condições de vida e seu reconhecimento como classe por parte do empresariado e por parte do Estado, esse processo evidencia a contradição existente entre capital e trabalho. É na manifestação, que o trabalhador passa a exigir outras intervenções além da repressão e caridade. (IAMAMOTO; CARVALHO, 2007)
Devido às consequências advindas do antagonismo entre as classes (dada a questão social), o Estado é chamado para intervir diretamente nas relações existentes entre o empresariado e a classe trabalhadora. Nesse contexto, a profissão se institucionaliza como um dos instrumentos que o Estado utiliza para o enfrentamento da questão social. O Estado passa a intervir no processo de reprodução das relações sociais assumindo o papel de regulador e fiador dessas relações. Esse processo vai abrir para o Serviço Social um novo mercado de trabalho, ampliando assim seu campo de intervenção, abrindo as bases de seu processo de formação e assumindo seus profissionais o lugar de executor das políticas sociais. (YASBECK, 2009)
Dessa forma, gradativamente, o Estado vai impulsionando a profissionalização do assistente social e ampliando seu campo de trabalho em função das novas formas de enfrentamento da questão social. Esta vinculação com as Políticas Sociais vai interferir também no perfil da população-alvo para a qual se volta à ação do Serviço Social, que se amplia e alcança grandes parcelas de trabalhadores, principal foco das ações assistenciais do Estado (YASBECK, 2009, p.10)
O Serviço Social aparece na dinâmica da sociedade burguesa, como uma profissão que contribuirá para a reprodução das relações sociais, tendo em sua gênese o discurso voltado a ideologia burguesa, sempre se baseando em uma postura conservadora. (VOLPATO, 2016)
Com o passar do tempo ocorre modificações na profissão, e esta veio se desenvolvendo e ganhando novas roupagens. Dessa forma, observamos que os assistentes sociais desenvolvem o seu trabalho nos mais variados espaço sócio-ocupacionais, tendo como o seu objeto de trabalho diretamente vinculado às expressões da questão social. 
Os Assistentes Sociais trabalham com a questão social nas suas mais variadas expressões quotidianas, tais como os indivíduos às experimentam no trabalho, na família, na área habitacional, na saúde, na assistência social pública, etc. Questão social que sendo desigualdade é também rebeldia, por envolver sujeitos que vivenciam as desigualdades e a ela resistem, se opõem. É nesta tensão entre produção da desigualdade e produção da rebeldia e da resistência, que trabalham os Assistentes Sociais, situados nesse terreno movido por interesses sociais distintos, aos quais não é possível abstrair ou deles fugir porque tecem a vida em sociedade. (IAMAMOTO apud VOLPATO, 2007b, p.14)
Ainda que o surgimento da profissão tenha sido voltado para a ideologia burguesa, torna-se imprescindível mencionar que no decorrer da trajetória e em sua contemporaneidade, verifica-se a aproximação da profissão com a teoria social de Marx. 
 Com base nessa perspectiva, a categoria trabalho é assumida como eixo central da vida social. A sociedade capitalista é tratada de acordo com suas especificidades: a divisão social do trabalho, a propriedade privada, o conflito e os antagonismos de classes, as relações de exploração e de dominação e, ainda, as suas formas de alienação e de resistência. Ademais, o recurso a essa orientação teórico-metodológica no Serviço Social proporcionou avanços no arsenal teórico, prático e investigativo da profissão, permitindo aos assistentes sociais ultrapassarem a condição de meros executores de políticas, programas e projetos, para assumirem, nas últimas três décadas, a condição de planejadores e de gestores das políticas. (FAERMANN, 2016, p.47)
A aproximação com a ideologia marxista vem a possibilitar ao profissional de Serviço Social no que tange a compreensão crítica da realidade em sua historicidade e totalidade, ou seja,
É o método dialético-crítico que possibilita aos assistentes sociais desvendarem o real a partir de um sistema de mediações que se renova permanentemente, viabilizando a incorporação do novo, não de modo espontâneo, mas a partir de uma reflexão crítica (SIMIONATTO, 2004). Os fundamentos teóricos e metodológicos embasam os assistentes sociais para elaboração de leituras da realidade e ampliam o seu olhar sobre a questão social. Esta não se revela nas suas expressões imediatas, que são o objeto dado aos assistentes sociais nos espaços institucionais. As relações de produção que geram a questão social e configuram as relações sociais devem ser apreendidas na relação entre assistente social e usuário. FERREIRA, 2010, p. 213)
O Serviço Social demanda uma atuação numa perspectiva totalizante, tendo como reconhecimento a questão social como objeto de intervenção profissional, baseado na identificação dos determinantes socioeconômicos e culturais das desigualdades sociais. (CFESS, 2011)
A intervenção orientada por esta perspectiva crítica pressupõe a assunção, pelo/a profissional, de um papel que aglutine: leitura crítica da realidade e capacidade de identificação das condições materiais de vida, identificação das respostas existentes no âmbitodo Estado e da sociedade civil, reconhecimento e fortalecimento dos espaços e formas de luta e organização dos/as trabalhadores/as em defesa de seus direitos; formulação e construção coletiva, em conjunto com os/as trabalhadores/as, de estratégias políticas e técnicas para modificação da realidade e formulação de formas de pressão sobre o Estado, com vistas a garantir os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos necessários à garantia e ampliação dos direitos. (CFESS, p.18 2011)
Com base na Lei 8.662/1993 Lei que Regulamenta a Profissão, as competências e as atribuições dos assistentes sociais, requisitam competências que são fundamentais à compreensão do contexto sócio-histórico em que se situa a sua intervenção. (CFESS, 2011)
• apreensão crítica dos processos sociais de produção e reprodução das relações sociais numa perspectiva de totalidade; 
• análise do movimento histórico da sociedade brasileira, apreendendo as particularidades do desenvolvimento do Capitalismo no país e as particularidades regionais; 
• compreensão do significado social da profissão e de seu desenvolvimento sócio-histórico, nos cenários internacional e nacional, desvelando as possibilidades de ação contidas na realidade; 
• identificação das demandas presentes na sociedade, visando a formular respostas profissionais para o enfrentamento da questão social, considerando as novas articulações entre o público e o privado (ABEPSS, 1996 apud CFESS, p.23 e 24, 2011).
Essas competências se fazem necessárias, pois permitem ao profissional a análise crítica da realidade, para, a partir daí, planejar seu trabalho e estabelecer competências e atribuições necessárias para atender as demandas para intervenção. (CFESS, 2011)
A Assistência Social, desde o seu surgimento, tem sido um importante campo de trabalho de muitos assistentes sociais que vem a atuar diretamente com as expressões da questão social. Ao se inserir nesta política, seja na gestão, proteção social básica (CRAS) e especial (CREAS) visa viabilizar a garantia de acesso de indivíduos e famílias aos serviços da Assistência Social de forma igualitária e demais políticas sociais públicas, bem como, diagnosticar e intervir em situações de vulnerabilidade e risco social. 
Tendo aqui como foco a experiência profissional do assistente social no projeto “Maria Bonita” realizado no CRAS de Mandaguari, é importante mencionar que o Serviço Social, por meio da Secretaria Municipal de Assistência Social, se insere na instituição, concomitante a sua implantação, dada no ano de 2006, como instrumento de garantia e efetivação dos direitos e organização das políticas sociais. 
Atua na instituição através de meios para a minimização dos agravantes sociais, como os serviços, programas projetos governamentais e parcerias com a sociedade civil embasados, sobretudo, na Constituição Federal de 1988, LOAS, Política Nacional de Assistência Social (PNAS-2004), Norma Operacional Básica do Sistema Único de Assistência Social (NOB/SUAS-2005), Norma Operacional Básica de Recursos Humanos (NOB-RH), Tipificação dos Serviços Socioassistenciais (2009) que direcionam a prática do Serviço Social, na perspectiva da garantia de direitos. 
O trabalho desenvolvido deve estar articulado com a rede de atendimento, de forma a corresponder às demais demandas apresentadas pelos indivíduos e suas famílias além daquelas atendidas pela proteção social básica, sendo elas: CREAS, Conselho Tutelar, Política de Saúde, Política de Educação, Previdência Social, Ministério Público, entidades não governamentais, entre outros.
No âmbito da política de Assistência Social as competências específicas dos assistentes sociais abrangem diversas dimensões interventivas, e uma delas sendo complementar e indissociável é a dimensão
[...] que engloba as abordagens individuais, familiares ou grupais na perspectiva de atendimento às necessidades básicas e acesso aos direitos, bens e equipamentos públicos. Essa dimensão não deve se orientar pelo atendimento psicoterapêutico a indivíduos e famílias (próprio da Psicologia), mas sim à potencialização da orientação social, com vistas à ampliação do acesso dos indivíduos e da coletividade aos direitos sociais; (CFESS, p.19 2011)
Na Assistência Social, mais especificamente no CRAS, o profissional faz uso de diversos instrumentais, tendo como os principais: observação, entrevista, escuta qualificada, encaminhamento, visita domiciliar, reuniões, relatório/estudo/parecer social, registro documental, acompanhamento psicossocial, trabalho em rede e planejamento e desenvolvimento de grupos socioeducativos.
Como podemos ver e sendo aqui o nosso foco, um dos instrumentais técnico-operativos competentes do assistente social para ser utilizado na sua intervenção, é o trabalho em grupo, sempre respeitando a atribuição privativa da profissão. 
Nesse espaço grupal com mulheres, familiares entre outros, é o momento onde o assistente social se apropria de seu objeto de intervenção profissional e realiza as devidas orientações, encaminhamentos, sempre ampliando o acesso das pessoas e da coletividade aos seus direitos sociais. 
IV. O TRABALHO DO ASSISTENTE SOCIAL NO PROJETO “MARIA BONITA”: RELATO DE EXPERIÊNCIA DA ABORDAGEM EM GRUPO COM MULHERES
No ano de 2016, um dos serviços executados no CRAS foi o trabalho em grupo de caráter socioeducativo com mulheres, o projeto “Maria Bonita”. Este projeto foi planejado, criado e coordenado pela profissional de Serviço Social juntamente com a profissional de Psicologia. 
O grupo socioeducativo para as famílias é um excelente espaço para trocas, para o exercício da escuta e da fala, da elaboração de dificuldades e de reconhecimento de potencialidades. Contribui para oferecer aos cidadãos/ãs a oportunidade de melhor viver os seus direitos dentro de um contexto de proteção mútua desenvolvimento pessoal e solidariedade. Neste sentido os núcleos socioeducativos introduzem elementos de discussão, vivência e reflexão relacionados às etapas dos ciclos de vida familiar. (BRASIL, 2006)
Nos atendimentos individuais realizados perceberam-se, mulheres trabalhadoras, inseridas no mercado informal, e ainda, desempregadas, tendo como principal responsabilidade ser provedora financeira do lar, com baixa autoestima, desmotivadas, com vínculos familiares e comunitários fragilizados, ausência de convivência social, além da carência de conhecimento a respeito de seus direitos sociais. 
Apesar das intensas mudanças na concepção do papel social da mulher, a ideologia de caráter machista ainda está fortemente presente na sociedade. Isso significa que a mulher ainda é oprimida. Trata-se do desrespeito com a liberdade do feminino, manifestado, muitas vezes, através de repressões a sua sexualidade, de violência doméstica e sexual, dominação masculina em relação à feminina, desvalorização de sua capacidade profissional, desqualificação em relação ao homem e o conservadorismo em relação aos seus comportamentos. (PEREIRA, VETTOR, 2016, p. 3-4).
Sendo assim, é de suma importância o reconhecimento das mulheres quanto à dominação a que podem estar submetidas por conta do contexto ideológico que se encontram, para que tenham a possibilidade de superá-los e de empoderar-se de seus direitos, desejos e necessidades, sendo também uma forma de superar vulnerabilidades e riscos sociais.
	A atuação da assistente social na atividade de grupo norteia-se a determinadas competências profissionais presentes no Art. 4º da Lei 8.662/1993, que dispõe sobre a profissão de Serviço Social, sendo elas as principais para nortear a coordenação e execução do projeto:
 I - elaborar, implementar, executar e avaliar políticas sociais junto a órgãos da administração pública, direta ou indireta, empresas, entidades e organizações populares;
 II - elaborar, coordenar, executar e avaliar planos, programas e projetos que sejam do âmbito de atuação do Serviço Social com participação da sociedade civil;
 III - encaminhar providências, e prestar orientação social a indivíduos, grupos e à população;
V - orientar indivíduose grupos de diferentes segmentos sociais no sentido de identificar recursos e de fazer uso dos mesmos no atendimento e na defesa de seus direitos;
VI - planejar, organizar e administrar benefícios e Serviços Sociais;
X - planejamento, organização e administração de Serviços Sociais e de Unidade de Serviço Social;
XI - realizar estudos socioeconômicos com os usuários para fins de benefícios e serviços sociais junto a órgãos da administração pública direta e indireta, empresas privadas e outras entidades. (grifos nossos)
	Diante da demanda identificada, o projeto foi elaborado enquanto parte do PAIF, pautado nos objetivos deste serviço. Foi realizado levantamento de mulheres pertencentes às famílias atendidas e acompanhadas pelo CRAS e também as beneficiárias de benefícios e programas sociais. A partir disso, foram feitos convites manuais e entregues às usuárias pelas técnicas mediante visita domiciliar e atendimentos individuais realizados na instituição.
	Os encontros se iniciaram no dia 31 de março de 2016, finalizando no dia 1º de dezembro de 2016, totalizando vinte e seis encontros, sendo realizados semanalmente, intercalando entre rodas de conversa e artesanato, tendo, em média, quinze participantes.
	Neste projeto, os grupos foram desenvolvidos por meio de rodas de conversa a fim de possibilitar o diálogo e reflexão crítica, os quais eram iniciados com a realização de dinâmicas, de forma a provocar as discussões grupais, visando incentivar a autonomia, empoderamento e emancipação das mulheres, considerando o contexto atual, além de possibilitar um espaço democrático e participativo, promover convívio social e comunitário.
A abordagem grupal é um instrumental técnico-operativo do assistente social e,
[...] pode ser considerado não somente em seus aspectos técnicos - referentes ao “fazer” - mas nas implicações sócio-políticas da prática da qual ele potencializa as ações, viabilizando uma intervenção que tem uma direção social situada no movimento contraditório da sociedade. (TRINDADE, 2001, p. 22)
	Também buscou-se possibilitar a proteção e a prevenção de vulnerabilidade e riscos sociais, pois, como já vimos no decorrer deste estudo, trata-se de um dos principais objetivos da proteção social básica, trabalhada no grupo mediante orientações e temas no que diz respeito à violência, abuso sexual, igualdade de gênero, machismo, direitos sociais e cidadania.
Na realização deste projeto é preciso sinalizar a imprescindibilidade do trabalho interdisciplinar realizado no CRAS entre o profissional de Serviço Social e de Psicologia, que potencializa a eficiência do trabalho coletivo diante dos problemas e intervenções necessárias numa perspectiva de totalidade.
	[...] as abordagens das profissões podem somar-se com o intuito de assegurar uma intervenção interdisciplinar capaz de responder a demandas individuais e coletivas, com vistas a defender a construção de uma sociedade livre de todas as formas de violência e de exploração de classe, gênero, etnia e orientação sexual. (CFESS, 2011, p.25).
	 Desde o início, foi trabalhado com as integrantes do grupo sobre a importância da coletividade frisando a igualdade de acesso aos direitos e o respeito às diferenças sociais, além da importância de sigilo com os assuntos debatidos, de forma a propiciar a escuta das usuárias, a construção e reflexão crítica de conhecimentos coletivos e o reconhecimento das usuárias enquanto protagonistas das políticas sociais públicas, com foco na Assistência Social. 
	As oficinas de artesanato foram inseridas como estratégia para a convivência e fortalecimento de vínculos comunitários, onde foi possível identificar, ao ser desenvolvida concomitante às rodas de conversa, a criação de laços afetivos, empatia, respeito e confiança entre as participantes, além da ajuda mútua e cooperação presentes na realização das atividades. 
	Em avaliação feita pelas usuárias no encerramento do grupo, foi possível constatar em suas falas que o grupo enquanto instrumental utilizado na política de Assistência Social possibilitou o sentimento de pertencimento por parte das mulheres enquanto grupo construído mediante atividades coletivas, além de ter se tornado um espaço sem julgamentos alheios e de compreensão. Potencializou a autoestima, o fortalecimento de vínculos sociais e comunitários, o reconhecimento da importância da participação neste espaço, além do aprendizado a respeito de direitos sociais e demais conhecimentos de interesse social, o empoderamento, encorajamento, segurança, incentivo, igualdade e direito de expressão de opiniões.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
O Projeto “Maria Bonita” tem significado um forte instrumento de trabalho do Serviço Social para viabilização, efetivação dos direitos sociais das mulheres oriundas de famílias em situação de vulnerabilidade e risco social no Município de Mandaguari. 
Verifica-se que o trabalho realizado em grupo de maneira propositiva e criativa pautados nos princípios éticos da profissão vai além do que é posto pela Política Nacional da Assistência Social e demais regulamentações. 
Segundo Iamamoto (2001) as possibilidades estão dadas para o assistente social em contato com a realidade, assim, cabe aos profissionais se apropriarem dessas possibilidades, e como sujeitos, desenvolvê-las transformando-as em projetos e frentes de trabalho. Destaca ainda que na atual conjuntura requisita um profissional propositivo, não apenas um executor terminal de politicas sociais, sendo capaz de formular projetos de trabalhos e apresentá-los a instituição, defendendo sempre os princípios éticos do Serviço Social. Dentre o quais, destacam-se, o terceiro princípio que nos diz sobre a “ampliação e consolidação da cidadania, considerada tarefa primordial de toda sociedade, com vistas à garantia dos direitos civis sociais e políticos das classes trabalhadoras”.
Se a ampliação e a consolidação da cidadania são consideradas tarefa primordial de toda sociedade, é neste pressuposto que o Projeto “Maria Bonita” vem de encontro, priorizando a garantia dos direitos sociais. Desde o atendimento individual até o grupal, o assistente social proporciona uma relação própria com a questão da cidadania, assim como com a da equidade e da justiça social. 
Além disso, o trabalho em grupo com mulheres atendidas pelo CRAS de Mandaguari cria um ambiente participativo de escuta e fala, ou seja, dá-se voz para essas mulheres que não querem apenas levar os problemas relativos à expressão da questão social, mas querem e precisam sentir-se pertencentes ao meio onde vivem.
O Projeto “Maria Bonita” realizado em formato de grupo traz resultados mais consistentes, por possibilitar a vivência e a cooperação, fortalecendo vínculos entre os membros; é também um caminho para a participação na defesa e conquista de direitos. 
Considera-se que o Projeto “Maria Bonita”, de maneira despretensiosa vem causando uma pretensão no atendimento em grupo com as mulheres do CRAS de Mandaguari. Ocorre que o assistente social deixa de ser apenas um executor de políticas sociais e pautados pelos princípios da profissão, formula e executa programas e projetos para a ampliação, consolidação e a garantia de direitos da população. 
REFERÊNCIAS 
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