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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO ANA LUÍZA DE SOUZA SENA Centro de Movimento Vila Dança NATAL/RN 2015.1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE TECNOLOGIA DEPARTAMENTO DE ARQUITETURA CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO Centro de Movimento Vila Dança Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no semestre de 2015.1, como requisito para a obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. Graduanda: Ana Luíza De Souza Sena Orientadora: Professora Dra. Virgínia Maria Dantas de Araújo NATAL/RN 2015.1 ANA LUÍZA DE SOUZA SENA Centro de Movimento Vila Dança Trabalho Final de Graduação apresentado ao Curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no semestre de 2015.1, como requisito para a obtenção do grau de Arquiteta e Urbanista. Aprovado em: ____ de junho de 2015 BANCA EXAMINADORA: ____________________________________________________ Professora Dra. Virgínia Maria Dantas de Araújo– UFRN(Orientadora) ____________________________________________________ Professor(a): Professora Dra. Luciana de Medeiros– UFRN (Examinador interno) ____________________________________________________ (Examinador externo) Natal / RN “E aqueles que foram vistos dançando foram julgados insanos por aqueles que não podiam escutar a música.” - Friedrich Nietzsche AGRADECIMENTOS Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida e por ter feito essa caminhada comigo desde antes da minha entrada na UFRN. Por ter renovado as minhas forças e me dado sabedoria, criatividade e disciplina durante todos os dias ao longo desses anos. À minha família: pai, mãe e irmã. Pelo amor, carinho, proteção e apoio. Sem vocês eu não teria chegado até aqui. Obrigada, amo vocês! Aos professores do Departamento de Arquitetura da UFRN que se mostraram dispostos a ensinar e compartilhar seu conhecimento conosco durante esses 5 anos de curso. À minha orientadora, Virginia M. Dantas de Araújo, que com sua calma e sabedoria me acompanhou durante todo o processo de desenvolvimento desse trabalho. Ao amigo, pastor e conselheiro Bruno Jehú, que mesmo sem entender o andamento do trabalho estava sempre em prontidão para me acalmar e me dar forças para continuar essa jornada. Você é o cara mesmo! Às amigas de curso Mariana Lucena, Viviane Medeiros, Rafaella Bulhões e Bárbara Gondim, por cada conversa, lanche, conselhos e aulas dadas. Por causa de vocês que lembrarei com carinho desse tempo na universidade. A arquiteta Evânia Bezerra, pelas dúvidas tiradas e por não ser apenas chefe, mas amiga e professora. E ao amigo Paulo Costa, pelas ajudas com as imagens para ilustrar o trabalho. E aos demais amigos que perdoaram minha ausência e meus estresses e se alegraram comigo no final desse semestre. Obrigada! RESUMO SENA, Ana Luiza de Souza. Centro de Movimento Vila Dança. Trabalho Final de Graduação em Arquitetura e Urbanismo, UFRN. Natal, 2015. A dança é uma das mais antigas formas de arte e é uma modalidade extremamente valorizada e difundida mundialmente, tendendo a crescer cada vez mais. Apesar disso, na cidade de Natal, capital do Estado do Rio Grande do Norte, muitas instituições de ensino dessa prática não possuem a infraestrutura adequada para esse fim. Com objetivo de suprir essa carência, esse Trabalho Final de Graduação desenvolveu o anteprojeto de uma escola de dança para a Vila de Ponta Negra com ênfase questões de conforto ambiental e contribuindo para a divulgação da arte e da cultura em nossa cidade. Iniciou-se o trabalho com o levantamento de dados sobre o tema da dança e de estudos de referências diretos e indiretos. Após estudos dos condicionantes legais, bioclimáticos e funcionais, foi desenvolvida uma proposta de setorização (administrativo, social, serviço e aulas) reunidos em um único bloco de um pavimento. A escola ocupa 37.08% do lote e tem área total de 1853.57m2. Sua volumetria utiliza formas puras e resulta em uma forma contemporânea e simples, podendo servir de referência para trabalhos futuros. Palavras-chave: Escola de dança; Projeto de arquitetura; Vila de Ponta Negra. ABSTRACT SENA, Ana Luiza de Souza. Movement Vila Dance Center. Final Work Undergraduate Architecture and Urbanism, UFRN. Natal, 2015. Dancing is one of the oldest forms of art and it´s an extremely valued modality and worldwide widespread, tending to grow more and more. However, in Natal many educational institutions of this practice do not have the appropriate infrastructure for this purpose. In order to meet this need, this Final Graduation Work developed the draft of a dance school for Ponta Negra Village making use of environmental comfort issues and contributing to the dissemination of art and culture in our city. The work began with data collection on the dance theme and of direct and indirect references studies. After studies of legal, bioclimatic and functional constraints, a proposal for four sectors (administrative, social, service and classes) together in a single block of a floor has been developed. The school occupies 37.08% of the lot with a total area of 1853.57m2. Its volumetric uses pure forms and results in a modern and simple form. Keywords: Dance School; Architecture Project; Ponta Negra village. LISTA DE FIGURAS Figura 1 – Foto do prédio onde funciona a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão ................ 13 Figura 2 - Foto do prédio onde funciona a Escola de Ballet Prof. Rooselvet Pimenta .......................... 13 Figura 3 – Foto do prédio onde funciona a unidade I do Studio Corpo de Baile .................................. 14 Figura 4 – Foto do prédio onde funciona a unidade II do Studio Corpo de Baile ................................. 14 Figura 5 – Foto do prédio onde funciona a Cia do Movimento ............................................................ 15 Figura 6 – Foto do prédio onde funciona o Espaço vivo ....................................................................... 15 Figura 7 – Foto do prédio onde funciona a Escola de Ballet Maria Cardoso ........................................ 15 Figura 8- Localização Escola de Ballet Maria Cardoso .......................................................................... 19 Figura 9 – Foto da recepção da EBMC .................................................................................................. 20 Figura 10 – Foto da Sala de aula 1 da EBMC ......................................................................................... 20 Figura 11 – Foto da Sala de aula 2 da EBMC ......................................................................................... 20 Figura 12 - Localização Studio Corpo de Baile ...................................................................................... 21 Figura 13 – Foto da fachada da unidade I do Studio Corpo de Baile .................................................... 22 Figura 14 – Foto da fachada do Anexo do SCB .....................................................................................22 Figura 15 – Foto da entrada/espera do SCB ......................................................................................... 23 Figura 16 – Foto da loja de artigos de dança do SCB ............................................................................ 23 Figura 17 – Foto da Lanchonete do SCB ............................................................................................... 23 Figura 18 – Foto do cantinho virtual do SCB ......................................................................................... 23 Figura 19 – Foto da entrada/espera do anexo do SCB ......................................................................... 23 Figura 20 – Foto da sala de yoga/vídeo do SCB .................................................................................... 23 Figura 21 – Foto da sala 1 do SCB ......................................................................................................... 24 Figura 22 – Foto da sala 2 do SCB ......................................................................................................... 25 Figura 23 – Foto da sala infantil do SCB ................................................................................................ 25 Figura 24 – Foto da sala de aula pratica do anexo do SCB ................................................................... 26 Figura 25 - Localização EDTAM ............................................................................................................. 27 Figura 26 – Foto da sala do primeiro pavimento da EDTAM ................................................................ 28 Figura 27 – Foto da sala do segundo pavimento da EDTAM ................................................................ 28 Figura 42 - Localização do CMDC .......................................................................................................... 29 Figura 43 – Foto do hall de entrada do CMDC ...................................................................................... 30 Figura 44 – Foto da lanchonete e loja do CMDC ................................................................................... 30 Figura 45 – Foto da sala 01 do CMDC ................................................................................................... 30 Figura 46 – Foto da sala 02 do CMDC ................................................................................................... 30 Figura 47 – Foto da sala 03 do CMDC ................................................................................................... 30 Figura 48 – Foto da sala 04 do CMDC ................................................................................................... 30 Figura 28 - Localização Houston Ballet Center for Dance ..................................................................... 31 Figura 29 – Foto das aberturas do HBCD .............................................................................................. 32 Figura 30 – Corte esquemático do HBCD .............................................................................................. 32 Figura 31 - Planta baixa do pavimento térreo do HBCD ....................................................................... 33 Figura 32 – Foto de uma das salas de aula práticas do HBCD .............................................................. 34 Figura 33 – Foto do espaço para socialização do HBCD........................................................................ 34 Figura 34 – Foto de uma das salas de aulas práticas do HBCD ............................................................. 35 Figura 35 - Localização da Escola Municipal de dança de Oleiros ........................................................ 35 Figura 36 - Planta baixa da EMDO ......................................................................................................... 36 Figura 37 – Foto da fachada da EMDO ................................................................................................. 37 Figura 38 – Foto do espaço para espera da EMDO ............................................................................... 37 Figura 39 – Foto da sala de aulas teóricas da EMDO ............................................................................ 37 Figura 40 – Foto do estúdio de dança menor da EMDO ....................................................................... 37 Figura 41 – Foto do estúdio de dança maior da EMDO ........................................................................ 38 Figura 49 - Mapa da divisão dos bairros de Natal com destaque para Ponta Negra ............................ 42 Figura 50 – Planta do terreno escolhido ............................................................................................... 42 Figura 51 - Planta topográfica do terreno escolhido ............................................................................ 43 Figura 52 - Cortes topográficos do terreno escolhido .......................................................................... 43 Figura 53 - Foto de entulhos no terreno escolhido .............................................................................. 44 Figura 54 - Fotos da vegetação existente no terreno escolhido ........................................................... 44 Figura 55 - Estudo da ventilação no terreno ......................................................................................... 45 Figura 56 - Estudo solar do terreno ...................................................................................................... 46 Figura 57 - Calculo de largura mínima necessária para saídas de emergência .................................... 51 Figura 58 - piso tátil de alerta ............................................................................................................... 52 Figura 59 - piso tátil direcional .............................................................................................................. 52 Figura 60 - Espaço de circulação compartilhado entre duas vagas perpendiculares à calçada ........... 53 Figura 61 - Vaga paralela à calçada ....................................................................................................... 53 Figura 62 - Banheiro pra pessoas com necessidades especiais ............................................................ 54 Figura 63 - Boxe para chuveiro com banco e barras de apoio .............................................................. 54 Figura 64 - Matriz de relações ............................................................................................................... 58 Figura 65 - Organograma ...................................................................................................................... 59 Figura 66 - Fluxograma .......................................................................................................................... 60 Figura 67 - Proposta de zoneamento 01 ............................................................................................... 63 Figura 68 - Proposta de zoneamento 02 ............................................................................................... 64 Figura 69 - Zoneamento final ................................................................................................................ 65 Figura 70 – Primeira proposta de fachada principal ............................................................................. 65 Figura 71 - Segunda proposta de fachada principal.............................................................................. 66 Figura 72 - Proposta final de fachada principal .................................................................................... 66 Figura 73 - Estudo 01 para fachada noroeste....................................................................................... 67 Figura 74 - Estudo 02 para fachada noroeste ....................................................................................... 67 Figura 75 – Modelo de brise usado na fachada noroeste ..................................................................... 67 Figura 76 – Implantação inicial ............................................................................................................. 68 Figura 77 - Implantação ........................................................................................................................ 69 Figura 78 - Cortes topográficos original e proposto ............................................................................. 70 Figura 79 - Salas de aula ........................................................................................................................ 72 Figura 80 - Telha metálica sanduiche com lã de vidro .......................................................................... 73 Figura 81 - Modelo de porta acústica das salas de aula ....................................................................... 74 Figura 82 - Detalhe de porta acústica ................................................................................................... 74 Figura 83 - Brises ................................................................................................................................... 75 Figura 84 - Sistema Drywall ................................................................................................................... 76 Figura 85 - Piso flutuante acústico ........................................................................................................ 76 Figura 86 - cobogó acústico .................................................................................................................. 76 Figura 87 - Painéis absorventes ............................................................................................................ 77 LISTA DE QUADROS Quadro 1 - Resultados do estudo de insolação .................................................................................... 46 Quadro 2 - Itens programáticos dos estudos de referencia ................................................................. 55 Quadro 3- Pré-dimensionamento ......................................................................................................... 57 SUMÁRIO INTRODUÇÃO ...................................................................................................................................... 8 PARTE I – APRESENTAÇÃO DO TEMA ESCOLHIDO ................................................................................10 1 A DANÇA E SEU SIGNIFICADO......................................................................................................... 11 1. 1 A dança em Natal ................................................................................................................... 13 2. O CONFORTO AMBIENTAL ............................................................................................................ 16 PARTE II. ESTUDOS DE REFERÊNCIAS ...................................................................................................18 2 ESTUDOS DE REFERÊNCIAS PROJETUAIS ........................................................................................ 19 2.1. Estudos diretos ....................................................................................................................... 19 2.2. Estudos indiretos .................................................................................................................... 28 2.3 Análises e conclusões dos estudos de referência ................................................................... 38 2.4 Uma Escola de Dança para a Vila de Ponta Negra .................................................................. 38 PARTE III CONDICIONANTES PROJETUAIS ............................................................................................41 3. CONDICIONANTES PROJETUAIS .................................................................................................... 42 3.1. Condicionantes físico-ambientais .......................................................................................... 42 3.2. Condicionantes legais ............................................................................................................. 47 3.3 Condicionantes funcionais ...................................................................................................... 54 PARTE IV. A PROPOSTA ARQUITETÔNICA ............................................................................................61 4. O PARTIDO ARQUITETÔNICO ........................................................................................................ 62 4.1 Evolução da proposta .............................................................................................................. 62 5. MEMORIAL DESCRITIVO E JUSTIFICATIVO .................................................................................... 68 CONSIDERAÇÕES FINAIS .................................................................................................................... 79 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .............................................................................................................80 C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 8 INTRODUÇÃO A dança é uma das formas mais antigas de arte, por meio dela expressamos emoções e conseguimos nos comunicar através de movimentos corporais. Independente das razoes que causaram sua prática, a dança é uma atividade bastante difundida pelo mundo, com tendência a crescer mais. Além do lazer, ela traz benefícios para o corpo, como disciplina, postura, concentração e coordenação motora. Da mesma forma no contexto mundial, a dança também está ganhado mais espaço em Natal, porém, a maior parte do locais utilizados para a prática dessa atividade não possuem a infraestrutura adequada para tal. Diante dessa realidade, o objeto de estudo deste Trabalho Final de Graduação é o anteprojeto arquitetônico de uma escola de dança para Natal, visando suprir a demanda por melhores espaços para essa modalidade, mas que também alcance às camadas mais baixas da nossa sociedade. O principal objetivo do trabalho é realizar um projeto de escola de dança na Vila de Ponta Negra fazendo uso das questões de conforto ambiental, contribuindo para a divulgação da arte e da cultura em nossa cidade. Para alcançar esse propósito, foram estabelecidos objetivos específicos: entender o funcionamento e as necessidades de espaços destinados à dança; estudar as diretrizes do conforto ambiental (ventilação e iluminação natural e acústica) e propor uma solução arquitetônica que atenda ao programa de necessidades das escolas de dança e às diretrizes do conforto ambiental dentro do contexto da Vila de Ponta Negra. O tema escolhido se deu por interesse pessoal e também por constatar que, apesar dos muitos espetáculos apresentados e de novas instituições de ensino da dança que estão surgindo, a estrutura das mesmas não conseguia suprir as necessidades dos usuários. Desta forma, a escola proposta será um incentivo para o desenvolvimento ainda maior desse setor, incentivando investimentos públicos e privados. Além disso, a instituição proposta tem papel social, que é contribuir para o processo de inclusãocultural da população carente, e também funcionará como equipamento para revitalizar a Vila e atrair moradores das outras regiões administrativas da cidade para o bairro. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 9 Metodologicamente o trabalho se desenvolveu por meio de pesquisas bibliográficas sobre o tema da dança, estudos de referências (diretos e indiretos) com enfoque em função e/ou forma plástica, escolha do lote, estudo da legislação vigente, estudo dos condicionantes físico-ambientais, desenvolvimento do estudo preliminar e desenvolvimento da proposta arquitetônica final. Este TFG está organizado em dois volumes: a parte escrita e a parte gráfica, ou seja, o anteprojeto arquitetônico. Na primeira parte temos o desenvolvimento da proposta e se encontra divido em 4 partes. Primeiramente temos uma apresentação do tema dança, incluindo um pequeno resumo da história da dança no mundo e um pouco da mesma na nossa cidade, e considerações básicas acerca do conforto ambiental. Na segunda parte temos os estudos de referências diretos e indiretos e as análises de cada um deles. A terceira traz informações a respeito da escola proposta, incluindo o perfil do usuário e sua proposta pedagógica e os condicionantes projetuais físico-ambientais, funcionais e legislativos do anteprojeto, e a quarta apresenta a proposta arquitetônica final, desde o partido e evolução projetual até o memorial descritivo e justificativo. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 10 PARTE I – APRESENTAÇÃO DO TEMA ESCOLHIDO C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 11 1 A DANÇA E SEU SIGNIFICADO Não se sabe exatamente quando e como os homens começaram a dançar, mas existem indícios de que eles dançam desde os primórdios, para expressar sentimentos, adorar a deuses ou aquecer o corpo. Independente da motivação, a dança foi ganhando espaço e consolidando sua importância nas sociedades com o passar dos séculos. Assim: Como todas as artes, a dança é fruto da necessidade de expressão do homem. Essa necessidade liga-se ao que há de básico na natureza humana. Assim, se a arquitetura veio da necessidade de mora, a dança, provavelmente, veio da necessidade de aplacar os deuses ou exprimir a alegria por algo de bom concedido pelo destino (FARO, 1986, p. 13) Segundo Faro (1986), inicialmente a dança possuía um sentido mais místico e raramente era executada em festas comemorativas, foi no período do Renascimento que esta atividade adquiriu um caráter mais social e passou a ser realizada em festas pela nobreza, como entretenimento ou recreação. A partir disso, a dança social foi se transformando e aos poucos tornou-se acessível às camadas mais baixas da sociedade, dando origem a um outro tipo de dança: as danças populares. De acordo com o mesmo autor, o balé desenvolveu-se inicialmente na Itália (a palavra ballet vem do italiano ballo e de seu diminutivo balleto, que significam baile), no século XV, e chegou à França através do casamento da rainha Catarina de Médicis com o rei Henrique II. Ela importou artistas especializados em preparação de grandes espetáculos para manter a corte distraída e também foi responsável pela criação da primeira companhia de dança, o balé cômico da rainha, em 1581. Faro (1986) conta que durante o reinado de Luís XIV (quase 100 anos mais tarde) a dança ganhou ainda mais destaque, pois o rei amava dançar e fundou, em 1661, a Academia Real de Ballet, primeira instituição com objetivo de normatizar a pratica e o ensino da dança, tendo surgido a Escola Nacional de Ballet oito anos mais tarde. Inicialmente, segundo Faro (1986), a dança era praticada exclusivamente por homens, que inclusive assumiam os papeis femininos nos espetáculos. Só no fim do século XVII que a C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 12 Escola de Dança passou a formar bailarinas mulheres, que mesmo tendo seus movimentos ainda limitados pelos complicados figurinos foram ganhando importância e espaço no ramo. No Brasil, as danças da corte chegaram através do rei D. Joao XVI e o primeiro espetáculo de balé clássico foi realizado em 1813, no Real Teatro de São Joao no Rio de Janeiro. Ainda no Rio, em 1921, foi criada a Escola Bailado do Teatro Municipal do Rio de Janeiro e, em 1936, formou-se a primeira companhia de dança oficial do pais: o Corpo de Baile do Teatro Municipal. No século XX, com a vinda para o Brasil de bailarinos de fora, consequência do início da segunda guerra mundial, se desenvolveu a dança com caráter mais profissional Faro (1986) ainda explica que de uma revolução contra o sistema de regras rígidas do balé clássico, no fim do século XIX, surgiu a dança moderna, que hoje conhecemos como dança contemporânea. Nela os bailarinos possuem uma maior liberdade: os movimentos são mais soltos, espontâneos, os figurinos são menos pesados e volumosos, as músicas não se restringem às clássicas e, muitas vezes, as coreografias são dançadas com os pés descalços. Portanto, a dança moderna “veio somar-se ao que já existia de valor sob a forma de dança.”. O mesmo autor ainda fala que além dos estilos de dança já comentados, temos o jazz, que tem seu surgimento na cultura negra, pois, nos navios negreiros, era através da dança que os escravos conseguiam se manter saudáveis durante as longas viagens. Os movimentos eram uma mistura dos costumes negros com a imitação dos ritmos europeus. Já o sapateado americanos surgiu da variação da clog dance (dança dos tamancos), uma dança tradicional da Irlanda. E da dança de salão, tão praticada nos bailes da corte, surgiram o tango argentino, a salsa, o maxixe, o samba de gafieira, entre outras. Nas últimas décadas, a dança percorreu novos caminhos e chegou aos cinemas, à televisão e ao teatro musicado. Essa arte também chegou às universidades em vários países, inclusive no Brasil, oferecendo-se cursos de formação e reciclagem de artistas e professores. Assim, segundo Faro (1986) “Da elite a dança chegou ao povo, e sua identificação com a juventude fez com que ela se tornasse uma das artes mais fáceis de serem apreciadas por pessoas de todas as idades.”. Atualmente, somado aos significados desde sua origem, a dança é considerada atividade de lazer e serve de complemento na educação de crianças e jovens. Além disso, esta C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 13 atividade traz benefícios aos corpo, como melhora na postura, no equilíbrio e no desenvolvimento da coordenação motora. 1. 1 A dança em Natal A primeira escola de dança fundada na nossa cidade em 1974, mas foi no ano 2000 que a dança começou a ganhar mais espaço na cidade do Natal, pois a partir deste ano novas escolas surgiram. Consequentemente houve um aumento no número de espetáculos e amostras de dança e, além disso, as escolas de ensino regular passaram a ofertar algumas modalidades de dança, principalmente o ballet, como opção de esporte. As escolas mais conhecidas na cidade deo Natal são: Escola Municipal de Ballet Professor Roosevelt Pimenta (Balé Municipal, 1974), Escola do Teatro Alberto Maranhão (EDTAM, 1986), Studio Corpo de Baile, Cia do Movimento, Espaço Vivo e Escola de Ballet Maria Cardoso. Destas seis apenas a EDTAM (Figura 1) e o Balé Municipal (Figura 2) são financiadas pelo poder público e possuem mensalidades acessíveis à população mais carente da nossa cidade. Ambas estãolocalizadas no bairro da Ribeira e funcionam em prédios históricos. Figura 1 – Foto do prédio onde funciona a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão Fonte: <http://tribunadonorte.com.br> Acesso em 05.04.2015. Acesso em: 07.04.2015 Figura 2 - Foto do prédio onde funciona a Escola de Ballet Prof. Rooselvet Pimenta Fonte: <http:// http://www.natal.rn.gov.br> Acesso em 05.04.2015. Acesso em: 07.04.2015 C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 14 Já as escolas privadas estão localizadas nas regiões administrativas Leste ou Sul de Natal, normalmente próximas a avenidas/ruas conhecidas em nossa cidade. O Studio Corpo de Baile (Figura 3 e Figura 4) é a escola mais antiga dentre as privadas, fundada em 1997, e também a com maior estrutura física, possuindo duas unidades, uma no bairro de Tirol e outra no bairro de Neópolis. No ano 2000 a Cia do Movimento (Figura 5) abriu suas portas, no bairro Barro Vermelho, em 2005 veio o Espaço Vivo (Figura 6) no bairro de Lagoa Nova e em 2007 a Escola de Ballet Maria Cardoso (Figura 7) no bairro de Capim Macio. Figura 3 – Foto do prédio onde funciona a unidade I do Studio Corpo de Baile Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em 05.04.2015. Figura 4 – Foto do prédio onde funciona a unidade II do Studio Corpo de Baile Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em 05.04.2015. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 15 Figura 5 – Foto do prédio onde funciona a Cia do Movimento Fonte: < http://www.ciadomovimento.com> Acesso em 05.04.2015. Figura 6 – Foto do prédio onde funciona o Espaço vivo Fonte: <http://www.espacovivonatal.com> Acesso em 05.04.2015. Figura 7 – Foto do prédio onde funciona a Escola de Ballet Maria Cardoso Fonte: <http://www.maps.google.com.br> Acesso em 05.04.2015. Todas essas escolas não foram projetadas para tal uso, mas sim abrigadas em edificações existentes, passando por reformas a medida que a demanda de alunos aumentava. Assim, a estrutura física dos espaços é bastante limitada e não atende às necessidades dos usuários do local. Falta espaço de convivência e locais para apresentações de pequeno porte, por exemplo. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 16 Mesmo assim, a dança na cidade do Natal vem se destacando em qualidade técnica, tanto em território nacional quanto internacional. Um exemplo disso é que todo ano a EDTAM recebe professores de escolas renomadas de fora do país para realizações de audições com os alunos locais. Nos festivais de dança nas cidades de Indaiatuba (SP) e Joinville (SC) nossos bailarinos também ganham destaque. Neste contexto de ascensão da dança em nossa cidade que se insere a proposta de Escola de Dança apresentada nesse TFG. 2. O CONFORTO AMBIENTAL Segundo o Laboratório de Conforto Ambiental e Eficiência Energética em Edificações da Escola de Arquitetura de Belo Horizonte, o conforto ambiental em Arquitetura e Urbanismo está relacionado à proporcionar as pessoas as condições necessárias de habitualidade, utilizando-se dos recursos disponíveis de forma racional. É fazer com que o produto arquitetônico corresponda (conceitual e fisicamente) às necessidades e condicionantes do meio ambiente natural, social, cultural e econômico de cada sociedade Assim, a edificação proposta pretende fazer uso da ventilação e iluminação natural, utilizando grandes esquadrias e elementos vazados. O uso do elemento vazado - cobogó – será interessante por ser um elemento comum em nossa arquitetura local e que proporciona ventilação e iluminação natural, além de proteção solar. Fora isso, é um elemento de fácil fabricação e baixo custo. A escola também terá isolamento e condicionamento acústico em suas salas de aulas práticas, de forma a não provocar ruídos indesejáveis na vizinhança. Porém, existe a preocupação de combinar este isolamento/condicionamento com a ventilação natural. Desta forma, o uso do cobogó acústico (ARAÚJO, 2010) se faz útil e necessário para que o conforto térmico e lumínico coexistam com o conforto acústico. A acústica estuda os fenômenos do som e sua interação com nossos sentidos buscando eliminar/reduzir os ruídos que possa comprometer nossa audição e C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 17 “controlar” os sons, de forma a evitar interferências em excesso (ecos, reverberação, etc), ou seja, preocupa-se não só com o isolamento do ambienta, mas com a preservação da qualidade ambiental do mesmo. Em uma sala de aula (seja de escola de ensino regular, de dança, teatro, etc) é importante que a comunicação entre aluno e professor ocorra sem interferências. Uma sala mal projetada pode causar problemas de saúde aos usuários da mesma, como estresse, problemas de audição, além da dificultar o aprendizado. Desta forma, o uso de materiais isolantes nas salas da escola proposta também será necessário para se alcançar o conforto ambiental (luminoso, térmico e acústico.) C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 18 PARTE II. ESTUDOS DE REFERÊNCIAS C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 19 2 ESTUDOS DE REFERÊNCIAS PROJETUAIS Buscou-se, neste capítulo, referências funcionais, formais, estéticas e construtivas que auxiliassem na elaboração da presente proposta arquitetônica. A partir da seleção de referências encontradas, balizada pelas relações com a temática, realizou- se os estudos de forma direta e indireta. Nos estudos diretos, a partir de visitas técnicas aos locais escolhidos, buscou-se obter informações que poderiam auxiliar na concepção do projeto, a partir de fotografias, esboços e notas de visita. Nos estudos indiretos, as informações foram colhidas a partir de pesquisas em meio digital, sobretudo em sites especializados. 2.1. Estudos diretos 2.1.1 Escola de Ballet Maria Cardoso - EBMC Localização/data: Capim Macio, Natal/RN, 2007 Fonte: Visita in loco, Abril de 2013 Figura 8- Localização Escola de Ballet Maria Cardoso Fonte: <http://www.maps.google.com.br> com modificação da autora. Escola fundada por sua atual proprietária e diretora, Maria Cardoso, voltada para o ensino do ballet clássico para crianças, jovens e adultos. Além da pratica do ballet, os alunos têm aulas de condicionamento físico, anatomia e consciência corporal. Incialmente o prédio possuía um único pavimento e era a residência da família da diretora. O projeto de reforma aproveitou apenas as paredes externas da casa, para C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 20 que além de moradia, a edificação pudesse funcionar como escola de dança. Hoje, são dois pavimentos: no térreo funciona a escola e no primeiro andar, a residência. A escola possui uma entrada que também funciona como local de espera (Figura 9), uma recepção (Figura 10), dois banheiros e duas salas. Uma das salas, a maior (Figura 11) constitui-se em uma ampliação e a outra (Figura 12) foi reformada. Figura 9 – Foto da recepção da EBMC Figura 10 – Foto da Sala de aula 1 da EBMC Figura 11 – Foto da Sala de aula 2 da EBMC O entorno da EBMC é basicamente residencial, mas existem estabelecimentos de serviço (clínica veterinária, igreja, barzinhos, oficina mecânica)e institucionais (Universidades). Apesar de pequena, a escola possui uma boa proporção de espaço aberto e verde, promovendo uma boa ventilação dos ambientes. As salas possuem ventiladores, mas segundo a diretora mal são usados, pois as janelas fornecem uma boa ventilação natural durante todo o dia. A escola atende hoje a uma demanda de 120 a 150 alunos e segundo a proprietária duas salas de aula não são mais suficientes. A limitação espacial também causa outros problemas: não existem vestiários, local para deposito de cenários e outros aparatos utilizados no espetáculos de fim de ano, espaço para os alunos estudarem para as provas praticas/teóricas e nem um ambiente recreativo para as crianças. Também não existe estacionamento próprio para os usuários. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 21 Porém, pontos positivos também foram apontados: as salas são bem iluminadas e ventiladas, os pisos são apropriados para a pratica da dança e as salas possuem pé direito com altura suficiente para prática de saltos. 2.1.2 Studio Corpo de Baile, SCB - unidade I Localização/data: Tirol, Natal/RN, 1997 Fonte: Visita in loco, Abril de 2013. Figura 12 - Localização Studio Corpo de Baile Fonte: <http://www.maps.google.com.br> com modificação da autora. Acesso em: 07.04.2015 Escola de dança localizada no bairro de Tirol com enfoque no ballet clássico e voltada para crianças, jovens e adultos. Além do ballet oferece sapateado, jazz, dança contemporânea, dança de salão e pilates. Assim como a Escola de Maria Cardoso, o SCB funciona em um reuso de uma residência unifamiliar e sua reforma também foi feita pelos proprietários, porém o edifico é de uso exclusivo da escola. O Corpo de Baile iniciou seus trabalhos em 1997, com apenas uma sala de aula e hoje, após várias reformas e ampliações, o SCB funciona no prédio original (Figura 13), em um anexo (Figura 14) localizado na mesma rua deste primeiro e ainda em uma segunda unidade, no bairro de Neópolis. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 22 Figura 13 – Foto da fachada da unidade I do Studio Corpo de Baile Fonte: <http://www.maps.google.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 14 – Foto da fachada do Anexo do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 O prédio original possui uma estrutura melhor que o anexo, pois está em um lote maior. Os ambientes que compõe a unidade I são: entrada/espaço de espera (Figura 15), recepção, tesouraria, loja de artigos para dança (Figura 16), lanchonete (Figura 17), vestiários (dois), banheiros (dois), salas administrativas (secretaria, sala dos professores e diretoria), espaço para uso de computadores (Figura 18) e outro para as crianças pintarem e desenharem, deposito (fantasias, cenários e objetos utilizados em espetáculos) e três salas de aula - duas de tamanho médio e uma menor, destinada à crianças. O anexo é composto de dois pavimentos, no térreo encontra-se uma área espera (Figura 19) e uma sala de aula grande, um vestiário, um banheiro e o espaço pilates. O segundo pavimento abriga uma pequena sala - utilizada para aulas de yoga ou de vídeo/teórica (Figura 20), um banheiro e um deposito. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 23 Figura 15 – Foto da entrada/espera do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 16 – Foto da loja de artigos de dança do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 17 – Foto da Lanchonete do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 18 – Foto do cantinho virtual do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 19 – Foto da entrada/espera do anexo do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 Figura 20 – Foto da sala de yoga/vídeo do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 07.04.2015 C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 24 O entorno do Studio é formado majoritariamente por residências térreas e edifícios residenciais multifamilares, mas são encontrados estabelecimentos de serviço (academia, clinicas, igreja, escolas de inglês) e institucionais (IFRN, Tribunal Regional eleitoral, Tribunal de Contas da União). As salas de aula são os ambientes que ocupam maior espaço nos dois prédios, todas possuem piso flutuante de madeira (exceção da sala voltada para as crianças), ventilação e iluminação natural, espelhos e barras fixas e móveis. A sala de aula 1 (Figura 21) foi a primeira da escola e construída de uma adaptação da sala de estar da antiga casa, por esse motivo possui um pé direito comum em residências térreas, 2.60m. A ventilação é proporcionada por meio de uma janela e um pergolado, mas possui ventiladores, pois essas aberturas não são suficientes. Figura 21 – Foto da sala 1 do SCB Fonte:< http://www.studiocorpodebaile.com.br >Acesso em: 02.05.2015 A sala 2 (Figura 22) foi construída depois, por isso possui um pé direito mais adequado para a prática da dança - 3.43m. Possui duas janelas e assim como a primeira sala, conta com a ajuda de ventiladores para auxiliar na ventilação, já que por uma das janelas, no período da tarde, incide bastante sol e precisa ser fechada. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 25 Figura 22 – Foto da sala 2 do SCB Fonte:: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 02.05.2015 A sala 3 é a menor do prédio original e é usada para as aulas de ballet do nível Baby. Seu pé direito é de 2.66m, não possui piso flutuante e conta com apenas uma janela. Figura 23 – Foto da sala infantil do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 02.05.2015 A sala do anexo é a maior das quatro, com 100m² e pé direito de 4m, sendo a mais usada pelas companhias da escola para a pratica de grandes saltos e acrobacias. É também a sala utilizada para ensaios gerais dos grandes espetáculos e para pequenos eventos (carnaval e pascoa, por exemplo). Sua ventilação natural é proporcionada através de seis janelas e complementada por ventilação mecânica (ventiladores de parede). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 26 Figura 24 – Foto da sala de aula pratica do anexo do SCB Fonte: <http://www.studiocorpodebaile.com.br> Acesso em: 02.05.2015 As salas 1 e 2 do SCB são as que possuem melhor ventilação e iluminação natural. A sala 3 (infantil) tem sua ventilação prejudicada pelas outras construções da escola, que se constituem barreiras para o vento. A sala 4 (do anexo) encontra-se voltada para o oeste e praticamente não possui recuos, sendo bastante quente especialmente no turno da tarde. Nenhuma das salas possui tratamento acústico. Apesar de ocupar quase todo o lote, no prédio original existe um pátio descoberto, que é bastante utilizado pelas crianças enquanto esperam suas aula iniciarem e por seus responsáveis. A escola possui pequenos canteiros com plantas, tornando o ambiente agradável de se permanecer. Mesmo sendo uma escola antiga e de grande porte, o SCB também sofre com as limitações espaciais dos seus prédios. Não existe um deposito para o estoque da loja, estacionamento próprio, um espaço destinado a apresentações e nem um local para reunião de pais e professores. Porém, as dimensões das salas, a localização da escola, os espaços recreativos e o pátio aberto são pontos positivos a serem considerados. 2.1.3Escola de dança do Teatro Alberto Maranhão – EDTAM Localização/data: Ribeira, Natal/RN, 1986 Fonte: Visita in loco, Abril de 2013. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 27 Figura 25 - Localização EDTAM Fonte: <http://www.maps.google.com.br> com modificação da autora. Uma das mais antigas escolas de dança da nossa cidade, a Escola de Dança do Teatro Alberto Maranhão possui um papel indispensável na educação de jovens e crianças desde que foi fundada pelos professores Carmem Borges e Edson Claro em 1986. A EDTAM tem como proposta atender a uma faixa da população que não tem condições financeiras para pagar uma academia de dança, mudando assim a visão de que estudar ballet é apenas para a elite. Seu foco principal é o ballet clássico, mas após um tempo de estudo do clássico os alunos podem aprender também sobre danças populares. A escola iniciou seus trabalhos no próprio Teatro Alberto Maranhão, mas com o aumento da demanda de alunos transferiu-se, em 1998, para o antigo prédio da governadoria da cidade, na Rua Chile, no bairro da Ribeira. Portanto, assim como as duas escolas já citadas, a EDTAM também é fruto de um reuso. A edificação possui três pavimentos. No térreo temos a entrada, uma espera que dá acesso a uma sala pequena usada para as aulas do nível Baby, cozinha, cantina, banheiros, secretaria (com um cantinho de leitura) e um deposito de figurinos. O primeiro e o segundo pavimento possuem os mesmos ambientes: uma sala grande e banheiros, que servem de vestiário. As salas de aula do primeiro e segundo pavimento (Figuras 26 e 27) possuem praticamente a mesma estrutura: piso de madeira, barras moveis e fixas, espelhos e C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 28 muitas janelas. O que difere uma da outra é a sala do primeiro pavimento possui uma menor quantidade de janelas. Mas ambas são bastante ventiladas durante todos os períodos do dia, sendo dispensável o uso de ventiladores. Figura 26 – Foto da sala do primeiro pavimento da EDTAM Fonte: <http://www.tribunadonorte.com.br> Acesso em: 02.05.2015 Figura 27 – Foto da sala do segundo pavimento da EDTAM Fonte: <http://www.tribunadonorte.com.br> Acesso em: 02.05.2015 Mesmo sendo pequena, a edificação é bem arejada, pois possui um grande recuo na área posterior, ajudando a ventilar a sala infantil, e não possui construções que barrem o vento nas salas do segundo e terceiro pavimento. O tamanho das salas também é um ponto positivo observado. Porém, pontos negativos foram apontados: a quantidade de banheiros não é suficiente e não existem vestiários, a escola também não possui um espaço para eventos e apresentações de pequeno porte, sendo necessário improvisar uma das salas maiores para isso, também não conta com estacionamento próprio para os usuários. 2.2. Estudos indiretos 2.2.1 Centro de Movimento Deborah Colker – CMDC Localização/data: Rio de Janeiro/RJ, 1994. Fonte: <http://www.cmdc.art.br> C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 29 Figura 28 - Localização do CMDC Fonte: <http://www.maps.google.com.br> com modificação da autora. Acesso em: 13.04.2015. Localizado na Rua Benjamin Constant, na Glória, um dos bairros mais antigos do Rio de Janeiro, o Centro de Movimento Deborah Colker ocupa três casarões, um deles, a antiga residência do pintor Victor Meirelles. As casas foram completamente restauradas pela companhia, mantendo as fachadas típicas do período do segundo reinado. A construção data de 1893 e na porta da escola mantém-se uma placa como referência ao artista e alusão ao histórico do espaço. O CMDC oferece aulas de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado, hip hop, jazz funk, capoeira, aulas para bebês, circo, ioga, alongamento e profilaxia do movimento para todas as faixas etárias: de bebês a adultos. As instalações contam com sala de ensaio, mezanino e escritório da Cia de Dança Deborah Colker, hall de entrada (Figura 43), recepção, secretaria, lanchonete (Figura 44), copa, salas de aula (Figuras 45, 46, 47 e 48), sala de figurinos, loja, vestiários e banheiros. Todas as salas possuem piso flutuante de madeira revestido com linóleo, barras fixas nas paredes, espelhos, sistema de som, ventiladores e aparelhos de ar condicionados. Por funcionar em um reuso, as salas não possuem muitas aberturas, portanto, a ventilação e iluminação são proporcionadas através de recursos artificiais. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 30 Figura 29 – Foto do hall de entrada do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 25.04.2015. Figura 30 – Foto da lanchonete e loja do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 13.04.2015. Figura 31 – Foto da sala 01 do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 25.04.2015. Figura 32 – Foto da sala 02 do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 25.04.2015. Figura 33 – Foto da sala 03 do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 25.04.2015. Figura 34 – Foto da sala 04 do CMDC Fonte: <http://www.cmdc.art.br> Acesso em: 25.04.2015. 2.2.2 Houston Ballet Center for Dance - HBCD Localização/data: Houston, Texas, USA, 2010. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 31 Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston-ballet-center-for-dance- gensler> e < http://www.houstonballet.org> Figura 35 - Localização Houston Ballet Center for Dance Fonte: < http://www.houstonballet.org> Acesso em: 02.05.2015 O centro de dança é um lembrete visual do compromisso da Escola Houston para as artes do espetáculo e um outdoor vivo para dançar, pois o projeto do escritório de arquitetura Gensler mostra aulas e ensaios através de grandes janelas nos estúdios (Figura 29). A academia possui aproximadamente 10.700 m2 distribuídos em seis andares e é composta por nove estúdios de dança, um laboratório de dança e instalações administrativas e de apoio (Figuras 30 e 31). É também a maior instalação de ensino de dança nos Estados Unidos. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 32 Figura 36 – Foto das aberturas do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston- ballet-center-for-dance-gensler> Acesso em: 02.05.2015 Figura 37 – Corte esquemático do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston-ballet- center-for-dance-gensler> Acesso em: 02.05.2015 C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 33 Figura 38 - Planta baixa do pavimento térreo do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston-ballet-center-for-dance-gensler> Acesso em: 06.05.2015 O interior da edificação é espaçoso e arejado e possui estúdios com pé direto duplo (Figura 32), permitindo que os dançarinos desfrutem das belas vistas do entorno e também serem vistos por quem passa pelo prédio. A nova instalação da escola possui ainda uma grande variedade de espaços para bailarinos, estudantes, professores e administradores interagirem e socializarem (Figura 33). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 34 Figura 39 – Foto de uma das salas de aula práticas do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/housto n-ballet-center-for-dance-gensler> Acesso em: 02.05.2015 Figura 40 – Foto do espaço para socialização do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston-ballet- center-for-dance-gensler> Acesso em: 02.05.2015Um sistema de captação de luz do dia maximiza a utilização da iluminação natural e reduz o consumo de energia e a fachada oeste possui cortinas que fecham automaticamente de acordo com a incidência solar. A escola oferece educação em dança que atinge alunos da pré-escola até a idade adulta, incluindo um programa que promove dança terapia para as pessoas com doença de Parkinson. Além das aulas de balé, os alunos tem acesso a aulas de produção de performance e administração artística. As salas de aulas práticas possuem piso flutuante e acusticamente tratado de forma que minimiza a transferência de ruídos de uma sala para outra. Eles também dispõe de grandes aberturas que promovem uma boa iluminação natural durante o dia e equipamentos que permitem a gravação e a visualização de performances (Figura 34). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 35 Figura 41 – Foto de uma das salas de aulas práticas do HBCD Fonte: <http://www.archdaily.com/129307/houston-ballet-center-for-dance-gensler> Acesso em: 13.04.2015. O laboratório comporta duzentas pessoas e oferece aos usuários da escola um espaço único para desenvolver novas obras; o palco existente tem as mesmas dimensões do palco onde a escola de Houston realizou suas primeiras apresentações. 2.2.3 Escola Municipal de Dança de Oleiros - EMDO Localização/data: Oleiros, Espanha, 2010. Fonte: <http://architizer.com/projects/dance-school-in-oleiros-1> Figura 42 - Localização da Escola Municipal de dança de Oleiros Fonte: <http://www.maps.google.com.br> com modificação da autora. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 36 A Escola Municipal de Dança de Oleiros, Espanha é um edifício térreo, de planta livre, com forma volumétrica simples baseado em um programa de necessidade claro. É um edifício compacto, com funcionalidade nos ambientes e circulações para otimizar os espaços e aumentar a eficiência operacional da escola (Figura 36): os ambientes foram dispostos de forma que usuários e servidores tenham rotas internas independentes. Figura 43 - Planta baixa da EMDO Fonte: <http://architizer.com/projects/dance-school-in-oleiros-1> Acesso em: 13.04.2015. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 37 São dois grandes volumes (Figura 37) que se diferenciam em altura, material e forma e separam as principais áreas de funcionamento. O primeiro, de menor de altura, é o bloco público e de transição e abriga hall, área de espera (Figura 38), administração, salas de aula – para atividades musicais e aulas teóricas e de vídeo (Figura 39), vestiários e salas de dança menores (Figura 40). O bloco mais alto abriga os salões de dança maiores (Figura 41). O programa foi pensado de forma a fornecer em apenas um edifício, uma escola de dança com uma ampla oferta de atividades para satisfazer o seu público. Figura 44 – Foto da fachada da EMDO Fonte: <http://architizer.com/projects/dance-school-in-oleiros-1> Acesso em: 13.04.2015. Figura 45 – Foto do espaço para espera da EMDO Fonte: <http://architizer.com/projects/dance- school-in-oleiros-1> Acesso em: 13.04.2015. Figura 46 – Foto da sala de aulas teóricas da EMDO Fonte: <http://architizer.com/projects/dance-school-in- oleiros-1> Acesso em: 13.04.2015. Figura 47 – Foto do estúdio de dança menor da EMDO Fonte: <http://architizer.com/projects/dance- school-in-oleiros-1> Acesso em: 13.04.2015. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 38 Figura 48 – Foto do estúdio de dança maior da EMDO Fonte: < http://architizer.com/projects/dance-school-in-oleiros-1 > Acesso em: 13.04.2015. O prédio foi implantado de forma a tirar o máximo proveito dos recursos energéticos naturais. Neste sentido, a orientação do lote e a ausência de edifícios vizinhos se tornou uma grande vantagem para utilização dos recursos naturais. O edifício é voltado para o sul, que ajuda a usar eficientemente a luz solar. Além disso foram usados materiais com grande durabilidade e assim, reduzir os custos com manutenção. 2.3 Análises e conclusões dos estudos de referência Tanto os estudos diretos quanto os indiretos foram de grande utilidade e importância para o desenvolvimento do presente Trabalho de Final de Graduação. Os estudos diretos tinham como objetivo entender o funcionamento das escolas: os espaços essenciais para a pratica da dança e de apoio e as necessidades dos alunos e funcionários e o dimensionamento dos ambientes, pois não foi possível encontrar publicações técnicas (livros, artigos, etc.) dentro do tema deste TFG que auxiliassem nessas questões. Mesmo apresentando pontos negativos e deficiências, os pontos positivos foram considerados no desenvolvimento do trabalho. Os estudos indiretos possuíam um caráter mais formal, permitindo complementar e suprir as carências que foram detectadas nos estudos diretos. 2.4 Uma Escola de Dança para a Vila de Ponta Negra C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 39 A escola proposta neste trabalho tem como intuito se tornar referência no ensino da dança em nossa cidade. Além de formar dançarinos, irá colaborar com a promoção e divulgação de arte e cultura em Natal. Será um empreendimento particular mas com mensalidade acessível à comunidade do bairro. As aulas serão direcionadas às crianças a partir dos quatro anos até idosos, não tendo limite máximo de idade. E os usuários da escola serão professores, alunos, funcionários e os pais/responsáveis dos alunos. Quando a escola realizar espetáculo de encerramento do ano letivo, outras pessoas frequentarão o local. A escola oferecerá cursos de ballet clássico, dança contemporânea, jazz, sapateado, danças populares e danças folclóricas. E contará com três salas, duas maiores e uma menor. As turmas baby (crianças a partir dos 4 anos) funcionarão na sala menor, com no máximo 15 alunos e as demais nas maiores, com uma média de 15-20 alunos. Cada aula terá duração de 1h e 30min e haverá um intervalo de 1h entre o final de uma e o início da próxima, assim serão duas aulas por turno em cada sala. Desta forma, teremos 110 alunos por turno e 330 por dia, considerando as salas com lotação máxima. Como as turmas se dividem em seg/qua/sex ou ter/qui, estima-se que a escola tem capacidade para comportar 660 alunos. Em relação a quantidade de professores, serão 3 por turno, totalizando 9 profissionais. As aulas práticas serão complementadas com aulas teóricas, onde se estudará a história da dança com enfoque na modalidade praticada por cada turma. Serão exibidas filmagens de grandes espetáculos e filmes com o tema da dança. A biblioteca servirá de apoio para essas aulas e também para estudo e pesquisas para as provas teóricas. No final do ano letivo a escola promoverá um espetáculo envolvendo todas turmas, afim de apresentar o trabalho realizado naquele ano. Este espetáculo ocorrerá na área externa da escola, onde será proposta uma praça, assim, os moradores da Vila de Ponta Negra poderão ter contato com este tipo de atividade cultural sem sair do seu espaço de convívio. Fora isso, teremos comemoração de São João, Carnaval e Páscoa. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 40 Como as turmas são anuais as provas práticas e teóricas serão realizadas duas vezes ao ano afim de avaliar o conhecimento dos alunos. A média das notas dessas duas provas dirá se o aluno pode ou não subir de nível.C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 41 PARTE III CONDICIONANTES PROJETUAIS C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 42 3. CONDICIONANTES PROJETUAIS 3.1. Condicionantes físico-ambientais 3.1.1 O terreno e seu entorno O terro escolhido para a intervenção arquitetônica está localizado na Vila de Ponta Negra, no bairro de mesmo nome, na Região Administrativa Sul da cidade de Natal, Rio Grande do Norte (Figura 49). Se encontra no quarteirão delimitado pela Rua Vereador Manoel Coringa de Lemos, Rua Nossa Senhora dos Navegantes, Rua Antônio Mor e Rua da Floresta (Figura 50) e dentro de uma Área Especial de Interesse Social, chama de AEIS – Vila de Ponta Negra. Figura 49 - Mapa da divisão dos bairros de Natal com destaque para Ponta Negra Figura 50 – Planta do terreno escolhido O lote possui aproximadamente 5.040 m ² e, em relação a topografia, apresenta um desnível de 5m no sentindo da Rua Antônio Mor para a Rua vereador Manoel Coringa de Lemos (Figura 51 e Figura 52). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 43 Figura 51 - Planta topográfica do terreno escolhido Figura 52 - Cortes topográficos do terreno escolhido C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 44 O acesso pode ser feito pela Rua Nossa Senhora dos Navegantes, pela Rua Antônio Mor ou pela Rua da Floresta. Todas estas ruas são classificadas como vias locais de acordo com o Código de obras de Natal. Na rua Nossa Senhora dos Navegantes circula ônibus e existe um ponto de ônibus em frente ao terreno. Atualmente o terreno encontra-se desocupado, apresentando apenas entulhos, vegetação rasteira e algumas árvores (Figura 53 e 54). Seu entorno é constituído predominantemente de residências térreas, porem existem edificações de uso misto, comercial e institucional. Figura 53 - Foto de entulhos no terreno escolhido Figura 54 - Fotos da vegetação existente no terreno escolhido A escolha do terreno se deu pela sua área e por ser de fácil acesso, não estando muito afastado do perímetro da vila, as dimensões também influenciaram na decisão. 3.1.2 Análise bioclimática Não existem barreiras para ventilação ou iluminação natural no terreno, pois o entorno do mesmo é formado por residências térreas. Desta forma, será possível projetar ambientes que façam uso desses recursos disponíveis. Em nossa cidade a ventilação predominante é do sudeste, assim, as testadas mais ventiladas do terreno são as voltadas para a rua da Floresta e a rua Antônio Mor (Figura 55). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 45 Figura 55 - Estudo da ventilação no terreno A radiação solar é a condicionante ambiental que causa grande impacto em nossa cidade, pois devido à baixa latitude os raios solares incidem perpendicularmente, favorecendo a ocorrência de altas temperaturas, dessa forma foi realizado um estudo da incidência da mesma em cada testada do terreno escolhido (Figura 56). C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 46 Figura 56 - Estudo solar do terreno Os resultados desse estudo estão descritos no quadro 1, abaixo. Quadro 1 - Resultados do estudo de insolação TESTADAS INSOLAÇÃO A Incidência solar no período da tarde durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 13:00hs às 18:20hs e no Solstício de inverno, das 11:00hs às 17:40hs. Nos Equinócios a incidência é das 12:00hs às 18:00hs. B Incidência solar principalmente no turno da manhã, com alguns meses também no período da tarde. No Solstício de verão o sol é praticamente das 5:40hs às 9:00hs e no de inverno, das 6:20hs às 17:40hs. Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 13:00hs. C Incidência solar no período da manhã durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 5:40hs às 12:30hs e no de inverno, das 6:20hs às 11:00hs. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 47 Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 12:00hs. D Incidência solar principalmente no turno da manhã, com alguns meses também no período da tarde. No Solstício de inverno o sol é praticamente das 6:20hs às 17:40hs e nos equinócios, das 6:00hs às 13:30hs. No solstício de verão não ocorre incidência solar. E Incidência solar no período da manhã durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 5:40hs às 12:00hs e no de inverno, das 6:20hs às 11:00hs. Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 11:30hs. F Incidência solar principalmente no turno da manhã, com alguns meses também no período da tarde. No Solstício de verão o sol é basicamente das 5:40hs às 10:30hs e no de inverno, das 6:20hs às 14:00hs. Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 12:30hs. G Incidência solar no período da manhã durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 5:40hs às 12:30hs e no de inverno, das 6:20hs às 10:30hs. Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 11:30hs. H Incidência solar no período da tarde durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 11:00hs às 18:20hs e no Solstício de inverno, das 13:30hs às 17:40hs. Nos Equinócios a incidência é das 12:30hs às 18:00hs. I Incidência solar no período da manhã durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 5:40hs às 13:00hs e no de inverno, das 6:20hs às 09:30hs. Nos Equinócios a incidência é das 6:00hs às 11:30hs. J Incidência solar no período da tarde durante o ano todo. No Solstício de verão o sol é basicamente das 11:00hs às 18:20hs e no Solstício de inverno, das 13:30hs às 17:40hs. Nos Equinócios a incidência é das 12:00hs às 18:00hs. As fachadas voltadas para as direções Norte/Sul poderão ser protegidas com grandes beirais, já as voltadas para Leste/Oeste deverão utilizar brises ou cobogós. Através dessas proteções será possível aproveitar a iluminação natural disponível controlando a entrada de radiação solar nos ambientes e proporcionar conforto aos usuários dos mesmos. 3.2. Condicionantes legais Para se ter um maior aproveitamento do terreno foi importante consultar a legislação vigente que incide sobre a área e a edificação em questão. Assim, a Lei Complementar n° 082, de 21 de julho de 2007 (Plano Diretor de Natal), a Lei Complementar n° 055, de 27 de janeiro de 2004 (Código de Obras e Edificações do C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 48 Município de Natal), o Código de Segurança e Prevenção contra incêndio do Rio Grande do Norte e da Instrução Técnica Nº 11/2011 do Corpo de Bombeiros do Estado de São Paulo (SÃO PAULO, Secretaria de Estado dos Negócios da Segurança Pública, 2001), adotada pelo Corpo de Bombeiros do Rio Grande do Norte a partir de 2014 e a Norma Técnica Brasileira de Acessibilidade (NBR-9050) foram de fundamental importância na elaboração do projeto. 3.2.1 – Plano Diretor de Natal O Plano Diretor é a lei que prevê o controle do impacto urbanístico e ambiental dos empreendimentos públicos e privados. De acordo com este instrumento, o terreno escolhido encontra-se em uma Área Especial de Interesse Social (AEIS – Vila de Ponta Negra) e possui coeficiente de aproveitamento igual a 1.2. O gabarito máximo permitido é de 7.5m, a taxa de ocupação é de 80% para edificações com até 2 pavimentos e a taxa de impermeabilizaçãomáxima do lote também é de 80%. Os recuos mínimos necessários são de 3m a testada frontal e 1.5 nas laterais e fundo, caso a edificação tenha até dois pavimentos, sendo térrea estes últimos não são obrigatórios. 3.2.2 – Código de Obras Código que regulamenta o licenciamento prévio de obras de construção, ampliação, reforma ou demolição por parte do Município. O título III trata especificamente das edificações e de acordo com o capítulo II (que trata de acessos, estacionamentos e calçadas) quando o lote tiver frente para mais de um logradouro, a entrada/saída deve ser feita na via de menor hierarquia. Como o lote escolhido é circundado por três vias, sendo todas locais, optou-se por criar o acesso principal de pedestres pela rua Nossa Senhora dos Navegantes, devido à proximidade à parada de ônibus existente, e o acesso ao estacionamento pela rua Antônio Mor. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 49 Segundo o anexo III, ainda do título III, os serviços de educação em geral (escolas de arte, dança, idiomas, etc.) são classificados como edificações que geram tráfego, assim é exigida uma vaga a cada 60m2 de área construída para vias locais. Essas vagas possuem dimensões mínimas de 2.40m por 4.50m. Em relação a insolação, iluminação e ventilação, temos no capítulo IV (do mesmo título já citado) que são necessárias aberturas de no mínimo 1/6 da área do ambiente no caso daqueles de uso prolongado e 1/8 naqueles de uso transitórios. 3.2.3 – Código de Segurança e Prevenção contra Incêndio e Pânico do Rio Grande do Norte Código que tem como objetivo estabelecer critérios básicos indispensáveis à segurança contra incêndio nas edificações de todo o RN, visando garantir os meios necessários ao combate a incêndio, evitar ou minimizar a propagação do fogo, facilitar as ações de socorro e assegurar a evacuação segura dos ocupantes das edificações. O empreendimento em estudo é classificado como ocupação de reunião pública e deve possuir os seguintes itens: hidrantes (prevenção fixa), extintores de incêndio (prevenção móvel), chuveiros automáticos (sprinkler) nas circulações e áreas comuns e nas dependências de risco “c”, iluminação de emergência, sinalização, escada convencional e instalação de hidrantes públicos. Nos cinemas, auditórios e demais locais onde as cadeiras estejam dispostas em fileiras e colunas, os assentos deverão obedecer aos seguintes requisitos: distância mínima de 90cm (noventa centímetros) de encosto a encosto, número máximo de 15 assentos por fila e de 20 assentos por coluna, distância mínima de 1,20 m entre séries de assentos e distância de no mínimo 1.20 da parede na lateral. A edificação também deverá possuir locais de espera com área obedecendo a proporção de 12m2/200 pessoas, acrescentando-se 2m2 a cada excedente de 100 pessoas. 3.2.4 – Instrução Técnica Nº 11/2011 (IT-11) – Saídas de Emergência C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 50 Estabelece os requisitos mínimos necessários para o dimensionamento das saídas de emergência para que a população possa abandonar a edificação, em caso de incêndio ou pânico, completamente protegida, e permitir o acesso de guarnições de bombeiros para o combate ao fogo ou retirada de pessoas. As saídas de emergência são dimensionadas em função da população da edificação. Largura das saídas deve ser dimensionada em função do número de pessoas que por elas deva transitar, observados os seguintes critérios: A. os acessos são dimensionados em função dos pavimentos que sirvam à população; B. as escadas, rampas e descargas são dimensionadas em função do pavimento de maior população, o qual determina as larguras mínimas para os lanços correspondentes aos demais pavimentos, considerando-se o sentido da saída. As larguras mínimas das saídas de emergência, em qualquer caso, devem ser de 1,2 m, para as ocupações em geral e as portas das rotas de saídas e aquelas das salas com capacidade acima de 100 pessoas, em comunicação com os acessos e descargas, devem abrir no sentido do trânsito de saída. Para a edificação em questão, a distância máxima a ser percorrida até a saída de emergência é de 65m, considerando que o prédio terá chuveiros automáticos e detecção automática de fumaça. A largura mínima necessário para a saída de emergência é de aproximadamente 1.80 metros, segundo o cálculo descrito na imagem abaixo. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 51 Figura 57 - Calculo de largura mínima necessária para saídas de emergência FONTE: Instrução Técnica Nº 11/2011 (IT-11) 3.2.5 – NBR 9050 – Acessibilidade a edificações, mobiliários, espaços e equipamentos urbanos Norma que estabelece critérios e parâmetros técnicos a serem observados em projetos, construções e adaptações de edificações, instalação de mobiliário e equipamentos urbanos às condições de acessibilidade, visando proporcionar à maior quantidade possível de pessoas (independentemente de idade, estatura ou limitação de mobilidade/percepção) a utilização de maneira autônoma e segura dos mesmos. Seguir os critérios de acessibilidade presentes nesta Norma garantirá o direito de uso igualitário da edificação proposta, o que é importante já que a mesma é de uso público e coletivo. Sendo assim, os pisos deverão ser regulares, estáveis e antiderrapantes sob qualquer circunstância, de forma a não provocar trepidação em dispositivos com rodas (cadeiras de rodas ou carrinhos de bebê). O piso tátil (Figura 58) de alerta deve ser utilizado para sinalizar situações que envolvem risco de segurança e possuir cor diferente ou contrastante com a do piso comum. Já o piso tátil direcional (Figura 59) deve ser utilizado quando da ausência ou descontinuidade de linha-guia identificável, como guia de caminhamento em ambientes internos ou externos, ou quando houver caminhos preferenciais de circulação. C e n t r o d e M o v i m e n t o V i l a D a n ç a | 52 Figura 58 - piso tátil de alerta Fonte: NBR 9050 (2004) Figura 59 - piso tátil direcional Fonte: NBR 9050 (2004) Para rampas com inclinação igual a 5% o desnível máximo de cada segmento é de 1.50m, no intervalo de 5 a 6.25%, 1m e no intervalo de 6.25 a 8.33%, 80cm. A largura livre mínima adequada para rampas em rotas acessíveis é de 1.50m, sendo 1.20m a largura mínima permitida. No início e fim da rampa devem existir patamares com comprimento recomendável de 1.50m, sendo 1.20 o mínimo admitido. As escadas devem estar associadas às rampas ou elevadores/plataformas elevatórias. As dimensões dos pisos e espelhos devem ser constantes em toda a escada, sendo o piso maior que 28 e menor que 32cm; o espelho maior que 16 e menor que 18cm e piso mais 2x o espelho maior que 63 e menor que 65cm. A largura mínima da escada é a mesma que a recomendável para rampas: 1.50m, sendo 1.20m o mínimo aceito. Devem existir um patamar a cada 3.20m de desnível de 1.20m de largura no mínimo e sempre que houver mudança de direção. As circulações devem ser dimensionadas de acordo com o número de pessoas, proporcionando uma faixa livre de barreiras ou obstáculos. Para corredores de uso comum e com até 4m de extensão aconselha-se largura de 90cm, 1.20m para os de uso comum extensão superior a 10m, 1.50m para corredores de uso público e maior que 1.50m para grandes fluxos de pessoas. Calçadas, passeios e vias exclusivas de pedestres devem possuir faixa livre com largura mínima recomendável é de 1.50m, sendo 1.20m o mínimo admissível. As portas, inclusive de elevadores, devem ter um vão livre de 80cm
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