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Tipos de Cardioplegia

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Camilla Renata Ribeiro Alves
TIPOS DE CARDIOPLEGIA
Trabalho elaborado e apresentado como requisito parcial para a aprovação na disciplina de Perfusão Extracorpórea do curso de bacharel em Biomedicina pelo Centro Universitário Luterano de Palmas (CEULP/ULBRA). 
Professor: Luís Fernando Albarelo. 
PALMAS – TO
2019
 O que é cardioplegia?
Solução química contendo concentrações hiperpotássicas, parando o coração, interrompendo as atividades eletromecânica, sem desgaste de energia armazenada no miocárdio.
Estas soluções classificam-se em normotérmicas ou quentes e hipotérmicas ou frias. Podem ainda ser sanguíneas ou cristalóides (quando não é misturada ao sangue), e são infundidas no coração através das artérias coronárias. 
Portanto, a cardioplegia é uma solução que promove a parada dos batimentos cardíacos durante a cirurgia cardíaca. Tal solução tem a função de proteção do miocárdio e é rica em potássio e oxigênio.
Principais requisitos:
Produzir parada eletromecânica imediata;
Reduzir o metabolismo cardíaco;
Proteger a membrana celular;
Distribuir os componentes químicos o suficiente para produzir o seu efeito desejado;
Ter o seu efeito prolongado pelo tempo que durar o clampeamento aórtico. 
Cardioplegia cristalóide
- Utiliza-se a solução cardioplégica St. Thomas. Para indução são 2ml:100ml, e para manutenção 1ml:100ml.
- A dose cardioplégica para indução é de 20 a 30ml/kg, e para manutenção é de 10 a 20ml/kg. Deve-se repetir a solução cardioplégica a cada 15 – 20 minutos.
Composição St. Thomas
	Componentes
	Concentração (mEq/l)
	Cloreto de sódio
	110,0
	Cloreto de potássio
	16,0
	Cloreto de magnésio
	32,0
	Cloreto de cálcio
	2,4
	Bicarbonato de sódio
	10,0
* Solução final: pH 7,8 e osmolaridade 320 mosm/kg H²O
Função dos componentes
Potássio e Magnésio: induz a parada diastólica.
A hiperpotassemia extracelular causa uma assistolia prolongada pela despolarização das membranas celulares que sem mantém enquanto a concentração de potássio extra permanecer elevada.
O magnésio modula o desenvolvimento da tensão do miocárdio, competindo com o cálcio bloqueando a ação da enzima de ATP, reduzindo a contratilidade do miocárdio.
Cálcio: responsável pela parada sistólica.
Sódio: mantém a solução hipertônica evitando o edema miocárdico.
Bicarbonato de sódio: ajusta o pH aos níveis aceitos pela hipotermia.
Cardioplegia sanguínea
- Utiliza-se o perfusato, a uma temperatura de hipotermia ou normotermia. 
- A dose cardioplégica de indução é feita de 2 a 3 minutos, e a de manutenção de 1 a 2 minutos.
Tipos de indução
Normotérmica – contínua ou intermitente.
A indução normotérmica contínua consiste na infusão contínua do sangue hiperpotássico, mantendo a parada e preservando o metabolismo aeróbico. Existe uma desvantagem que é a hemodiluição a cada dose repetida.
A indução intermitente pode causar falta de visiabilidade do cirurgião no campo, devido ao excesso de doses cardioplégicas. 
Hipotérmica – temperatura de 4 a 7˚C. 
Obs.: Prolonga o período de isquemia, e oferece uma melhor preservação devido à queda de consumo de oxigênio pelo resfriamento do miocárdio.
Vias de infusão
Anterógrada: pela raiz da aorta e óstios coronarianos.
Retrógrada: seio coronariano do átrio direito percorrendo a circulação coronariano no sentido reverso, sendo recolhida na raiz da aorta. É usada em pacientes em RM e portadores de lesões nas artérias coronárias.
Mista: tratamento de valva mitral quando há distorção da aorta, usa-se em pacientes com regurgitação aórtico e com riscos de lesões coronarianas em troca de valva aórtica. 
Composição das soluções
Solução de indução
	Componentes
	Concentrações
	Soro Glicosado à 5%
	350ml
	Bicarbonato de Sódio
	60ml
	Cloreto de Potássio
	15ml
	ACD
	30ml
	Aspartato de Sódio
	13,5ml
	Glutamato de Sódio
	13,5ml
	Componentes
	Concentrações
	Soro Glicosado à 5
	350ml
	Bicarbonato de Sódio
	60ml
	Cloreto de Potássio
	5ml
	ACD
	30ml
	Aspartato de Sódio
	13,5ml
	Glutamato de Sódio
	13,5ml
Obs.: ACD é usado para reduzir o teor de cálcio do sangue.
Aminoácidos como Aspartato e Glutamato melhoram a eficiência metabólica do miocárdio. 
Monitorização pressórica
- Catéter na aorta ou de dupla via de saída na cardioplegia.
- Pressão: 80 a 100mmHg na raiz da aorta. Acima de 150mmHg pode resultar em alterações da vasculatura miocárdica.
- No seio coronariano acima de 50mmHg pode desencadear hemorragia perivascular e edema.
Cardioplegia infantil (cristalóide sanguínea)
- Utiliza-se a solução de St.Thomas ou KCl.
- Hipotérmica (4 a 7˚C).
- Infusão em baixas pressões.
- A dose cardioplégica de indução é de 20 a 30ml/kg, e a de manutenção de 10 a 20ml/kg.
- A solução com St.Thomas para indução é de 2ml:100ml, e a de manutenção é de 1ml:100ml.
Via de administração
A via de administração habitualmente usada para as crianças é a via anterógrada, mediante a introdução de um catéter ou pequena cânula, na raiz da aorta, para a infusão da solução. 
A administração pela via retrógrada é possível pela introdução de uma cânula especial com balonete, no orifício do seio coronário.
Essa via apenas é usada em neonatos como complemento à via retrógada (via combinada), na operação de Janete, para manter a proteção do miocárdio enquanto se realiza o reimplante das artérias coronárias.

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