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PRO.FIS.003 - ESTIMULAÇÃO SENSÓRIO-MOTORA NO PERÍODO NEONATAL

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SISTEMA DE GESTÃO DA QUALIDADE 
 
 
Tipo do Documento: PROTOCOLO PRO.FIS.003 Página 1/6 
Título do Documento: Estimulação sensório-motora no período neonatal Emissão: 02/02/2017 
Revisão Nº: - 
 
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I. AUTORES 
• Elisete Mendes Carvalho 
• Kellen Yamille dos Santos Chaves 
• Margareth Gurgel de Castro Silva 
 
II. INTRODUÇÃO 
Os avanços nas práticas peri e neonatais, da reanimação na sala de parto ao uso de ventilação 
mecânica e surfactante, têm contribuído para o aumento da sobrevivência de recém-nascidos (RN) 
com idade gestacional e peso ao nascimento cada vez menores. O nascimento precoce priva os 
neonatos pré-termo das condições ideais existentes no útero materno, para o seu crescimento e 
desenvolvimento, estando sob o risco de desenvolver alterações em seu desenvolvimento 
neuropsicomotor. O mesmo se dá com neonatos a termo que necessitem igualmente passar longos 
períodos internados na Unidade de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), sob estímulos nocivos ao seu 
desenvolvimento global. Diante disto, a Fisioterapia, como integrante da equipe multidisciplinar 
responsável pelo RN, tem se especializado cada vez mais em minimizar as complicações sensório-
motoras decorrentes do período de internação na UTIN, atuando diretamente na motricidade global, 
objetivando eliminar reações posturais inadequadas e facilitando os movimentos normais, estado de 
organização, estimulação proprioceptiva e o aumento do limiar de sensibilidade tátil e cinestésica, 
através das técnicas descritas a seguir. 
 
III. INDICAÇÕES 
• RN internados nas unidades neonatais hemodinâmica e clinicamente estáveis, com mais de 
72h de vida, peso acima de 1.100g, em curva de ganho ponderal ascendente. 
 
IV. CONTRAINDICAÇÕES GERAIS 
• RNPT <72 horas de vida. 
• Instabilidade clínica e/ou hemodinâmica. 
• RN com plaquetopenia (<50.000) ou com hemorragias ativas. 
 
V. CONDUTAS 
1. Exercícios terapêuticos 
1.1 Dissociação do tronco 
 
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Título do Documento: Estimulação sensório-motora no período neonatal Emissão: 02/02/2017 
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• Indicação: promover o relaxamento do tronco, membros superiores (MMSS) e membros 
inferiores (MMII), promover relaxamento para o rolar e movimentar seus membros. 
• Posicionamentos: O fisioterapeuta deve posicionar o bebê em decúbito lateral (DL), com 
coluna cervical retificada e flexão de tronco e MMII. As mãos do terapeuta devem estar 
dispostas uma sobre o ombro e outra sobre o quadril do paciente. 
• Manobra: O exercício consiste em se realizar movimentos simultâneos alternados de 
cintura escapular e pélvica. 
1.2 Alcance alternado 
• Indicação: relaxamento do tronco, da cintura escapular e MMSS, estimulação de 
movimentação dos isolados dos MMSS e da sensibilidade tátil das mãos, preparando-o para 
o alcance. 
• Posicionamentos: o bebê deve ser posicionado em decúbito dorsal (DD), com cervical 
retificada e quadril fletido. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve envolver os braços e cotovelos da criança com as mãos e, 
suavemente, realizar movimentos alternados para frente e para trás (adução e abdução 
escapular), fazendo com que o bebê alcance, toque a sinta a sua face ou um brinquedo 
macio. 
1.3 Sentir a cabeça com as mãos 
• Indicação: relaxamento dos MMSS. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DD, cervical retificada e tronco e MM 
flexionados. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve segurar uma das mãos da criança, levando-a até o alto da 
cabeça, fazendo com que a palma da mão deslize suavemente sobre a face. As mãos do 
bebê devem ser movidas para frente, de forma que ele possa focá-las e, em seguida, 
esfregadas uma contra a outra. 
1.4 Chutes alternados 
• Indicação: promover o relaxamento do tronco e da pelve, preparando os MMII para os 
chutes alternados. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DD, cervical retificada e tronco flexionado. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve envolver as coxas e os joelhos do RN com as mãos, 
realizando movimentos de chutes alternados, como se o bebê estivesse “chutando o céu”. 
1.5 Rolando de lateral para ventral 
• Indicação: promover o relaxamento do tronco e da pelve, estimular a flexão cervical, do 
tronco e dos MMII, realizar movimentos dissociados dos membros e colocar as mãos em 
linha média. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DL, com cervical retificada. 
 
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• Manobra: o fisioterapeuta deve colocar as mãos do bebê em linha média, envolver suas 
coxas e joelhos, mantendo MMII fletidos (MI supralateral mais fletido que o infralateral). 
Então, rola-se a criança até que o joelho supralateral toque o leito, voltando à posição inicial 
de forma suave. O movimento é de balanço. 
1.6 Colocação plantar 
• Indicação: promover o relaxamento do tronco e da cintura pélvica, estimular a dorsoflexão, 
preparar os pés para sustentar o peso na posição ortostática e proporcionar estímulos 
proprioceptivos. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DL, com o dorso voltado para o 
fisioterapeuta e cervical retificada. As mãos do profissional devem ser colocadas uma sobre 
o MI supralateral e a outra sobre o tronco da criança. 
• Manobra: o fisioterapeuta realiza rotação externa do quadril e joelho supralateral, colocando 
a planta do pé à frente do quadril infralateral. Inicia, então, movimentos de tronco para frente 
e para trás, descarregando o peso na borda externa do pé. 
1.7 Rolando o quadril 
• Indicação: promover relaxamento do tronco e MMII, estimular a flexão da coluna cervical, 
tronco e MMII. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DD, com a cabeça em linha média. As 
mãos do fisioterapeuta devem estra envolvendo as laterais do quadril e das coxas da 
criança. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve elevar o quadril em flexão, realizando movimentos de 
rotação no sentido horário e anti-horário. Nas crianças muito pequenas, uma das mãos é 
utilizada para manter a cabeça em linha média, enquanto a outra envolve o quadril. 
1.8 Rolando com as mãos no joelho 
• Indicação: estimular e fortalecer a flexão da coluna cervical, do tronco e dos MMII, protrusão 
dos ombros (mãos em linha média), consciência corporal, posicionamento da cabeça em 
linha média, auxílio da focalização e seguimento visual. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DD, com cabeça em linha média. As mãos 
do fisioterapeuta devem estar dispostas ao redor da pelve e das coxas da criança, mantendo 
o quadril em flexão e tracionar as mãos do bebê sobre os joelhos, mantendo-as abertas. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve rolar suavemente o bebê para ambos os lados, estimulando-
o a seguir a face do profissional, parando sempre na linha média, para que a criança possa 
focalizá-lo. 
1.9 Mãos sob o quadril 
• Indicação: estimular e fortalecer a flexão da coluna cervical, do tronco e dos MMII, relaxar 
e alongar tronco superior. 
 
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• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em DD, com flexão do quadril e extensão do 
MMSS e as mãos espalmadas sob a coluna lombar ou o quadril. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve rolar suavemente a criança de um lado para o outro. 
1.10 Rolando de ventral para lateral 
• Indicação: fortalecer pescoço e tronco, dissociação dos movimentos dos MMIIe estimulação 
do aprendizado de movimentos de chutes alternados, rolar e engatinhar. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado em decúbito ventral (DV), transversalmente 
ao fisioterapeuta, com os MMSS elevados (flexão dos ombros e extensão dos cotovelos). 
• Manobra: O fisioterapeuta deve sustentar o ombro com uma das mãos e, com a outra, rolar 
a pelve do bebê para dorsal, elevando-a a aproximadamente 45°. Voltar à posição inicial e 
elevar o outro lado. 
1.11 Cócoras 
• Indicação: estimular e fortalecer a flexão da coluna cervical, do tronco e dos MMII, 
proporcionar estímulos proprioceptivos aos pés e encorajar o início do controle de cabeça 
e tronco. 
• Posicionamento: o bebê deve ser posicionado na vertical, com o dorso em contato com o 
tórax e abdômen do fisioterapeuta, que deve estra sentado e recostado a 45°. 
• Manobra: o fisioterapeuta deve segurar o bebê sob os artelhos e calcanhares, fletindo os 
MMII levemente abduzidos, em posição de cócoras, balançando suavente o tronco inferior 
e quadril de um lado para o outro. 
2. Estimulação tátil 
Indicações: ofertar estímulo tátil-cinestésico positivo ao bebê internado em UTIN (inclusive sob 
suporte ventilatório), contribuindo significativamente para o seu desenvolvimento à medida que 
promove sua integração com o meio, aumenta a sensação de segurança, melhora da função 
gastrointestinal e geniturinária e acelera o ganho de peso diário, diminuindo o tempo de internação 
hospitalar. 
Procedimentos: A estimulação tátil deve ser feita, preferencialmente, pelo toque das mãos do 
fisioterapeuta, através de manuseios firmes, suaves e lentos, de forma sistematizada, no sentido 
céfalocaudal no tronco, e proximal para distal nos membros, procurando continuidade dos toques entre 
si. Envolve mobilizações lentas dos membros em flexão e extensão e exploração manual pelo RN por 
diferentes partes do seu corpo. Podem ser utilizados materiais de texturas diferentes (algodão e gaze) 
no intuito de estimular diferentes tipos de receptores cutâneos. Pode ser aplicada com duração de 5 a 
15 minutos. 
3. Estimulação visual 
Indicação: ofertar estímulo visual ao bebê internado em UTIN, estável hemodinâmica e 
clinicamente, sem suporte ventilatório 
 
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Procedimentos: Utilizar objetos ou figuras em cores contrastantes, olho no olho e pontos 
luminosos de baixa intensidade. Colocar a uma distância de 18 a 21 cm à frente da face do RN 
prematuro e evoluir para uma distância de 20 a 30 cm da face após amadurecimento das conexões 
nervosas. Após 37 semanas pode ser iniciado o deslocamento do objeto, variando progressivamente 
sua velocidade, movimento e direção. Dependendo da resposta do bebê à estimulação visual, deve-se 
classificá-la em “não reagente” (o RN não mostra interesse ao objeto, não olha), “pouco reagente” (olha 
o objeto, mas não fixa), “reagente” (olha e fixa o objeto, mas não acompanha o deslocamento) ou 
“intensamente reagente” (olha, fixa e acompanha o objeto em movimento). 
4. Estimulação auditiva 
 Indicação: ofertar estímulo auditivo suave, através da musicoterapia, a partir de 28ª semana de 
idade, exceto quando não indicada pela condição individual da criança. 
 Contraindicações: hiperresponsividade à música e perda auditiva. 
 Procedimento: a estimulação auditiva pode ser promovida através de cantigas de ninar 
cantadas pelo fisioterapeuta ou os próprios pais, fortalecendo o vínculo afetivo entre estes últimos e a 
criança. 
5. Estimulação vestibular 
Indicação: ofertar estímulo vestibular ao bebê internado em UTIN, mesmo aos submetidos a 
suporte ventilatório invasivo ou não invasivo por meio de adaptação dos recursos (uso de redes, bolas, 
por exemplo), desde que estejam estáveis clinicamente. 
Procedimentos: A estimulação vestibular pode ser promovida por meio do balanço do RN, em 
várias direções e planos. A intensidade do manuseio e sua frequência devem ser orientados pelas 
respostas comportamentais e fisiológicas do RN. Recursos como colchões d’água, cadeira de balanço, 
rede e o próprio colo dos pais, podem ser utilizados, fornecendo estímulos de forma mais contínua e, 
no caso desse último, reforçando o vínculo afetivo entre os pais e o RN. 
6. Estimulação proprioceptiva 
Indicação: ofertar estímulo proprioceptivo, através de alongamento muscular, ao bebê 
internado em UTIN, mesmo aos submetidos a suporte ventilatório invasivo ou não invasivo. 
Procedimentos: promover alongamento da região cervical, cintura escapular e pélvica, 
minimizando lesões iatrogênicas e favorecendo a organização da postura flexora e o equilíbrio das 
cadeias cinéticas. É necessário certificar-se que o bebê esteja seguro e relaxado. 
 
VI. CUIDADOS ESPECIAIS 
• Alteração do estado comportamental – choro, irritação. Realizar medidas de consolo e reavaliar 
as condições para a continuidade da terapia. 
• Sinais clínicos de intolerância ou alterações clínicas significativas- (palidez, cianose, apatia, 
bradicardia, hipossaturação) – interromper o procedimento, prover a reorganização do bebê, 
 
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oferecer oxigênio suplementar, caso necessário, e comunicar a equipe na vigência de não 
estabilização do quadro. 
 
VII. BIBLIOGRAFIA CONSULTADA 
1. ROSA, N.R.P.S. Estimulação sensório motora a neonatos pré-termos em Unidades de 
Cuidados Intensivos Neonatais- Revisão de literatura. Dissertação de mestrado em 
Enfermagem de reabilitação. Escola Superior de Saúde de Viseu, outubro, 2013. 
2. SARMENTO, G.J.V. Fisioterapia respiratória em Pediatria e Neonatologia. 2 ed. Barueri, 
SP: Manole, 2011. 
3. TAMEZ, R.N. Intervenções no cuidado neuropsicomotor do prematuro. 1ed. Rio de 
Janeiro, RJ: Guanabara Koogan, 2009.

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