Buscar

e-Book - Epistemologia da Geografia

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 3, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 6, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes
Você viu 9, do total de 28 páginas

Faça como milhares de estudantes: teste grátis o Passei Direto

Esse e outros conteúdos desbloqueados

16 milhões de materiais de várias disciplinas

Impressão de materiais

Agora você pode testar o

Passei Direto grátis

Você também pode ser Premium ajudando estudantes

Prévia do material em texto

EPISTEMOLOGIA
DA GEOGRAFIA
UNIVERSIDADE ESTADUAL DO MARANHÃO - UEMA
NÚCLEO DE TECNOLOGIAS PARA EDUCAÇÃO - UEMAnet
UNIVERSIDADE ABERTA DO BRASIL - UAB
CURSO DE LICENCIATURA EM GEOGRAFIA
Edição
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UEMAnet
Coordenadora do UEMAnet
Profª. Ilka Márcia Ribeiro de Souza Serra
Coordenadora Pedagógica de Design Educacional
Profª. Maria das Graças Neri Ferreira
Coordenadora Administrativa de Design Educacional
Cristiane Costa Peixoto
Professor Conteudista
Ailson Barbosa da Silva
Designer Educacional
Clecia Assunção Silva
Designer Pedagógica
Adriana Araujo Coelho
Revisora de Linguagem
Lucirene Ferreira Lopes
Editoração Digital
Tonho Lemos Martins
Governador do Estado do Maranhão
Flávio Dino de Castro e Costa
Reitor da UEMA
Prof. Gustavo Pereira da Costa
Vice-Reitor da UEMA
Prof. Walter Canales Sant’ana
Pró-Reitor de Administração
Prof. Gilson Martins Mendonça
Pró-Reitor de Extensão e Assuntos Estudantis
Prof. Paulo Henrique Aragão Catunda
Pró-Reitora de Graduação
Profª. Andréa de Araújo
Pró-Reitor de Pesquisa e Pós-graduação
Prof. Marcelo Cheche Galves
Pró-Reitor de Planejamento
Prof. Antonio Roberto Coelho Serra
Universidade Estadual do Maranhão - UEMA
Núcleo de Tecnologias para Educação - UEMAnet
Campus Universitário Paulo VI - São Luís - MA
Fone-fax: (98) 2106-8970
http://www.uema.br
http://www.uemanet.uema.br
Central de Atendimento
http://ava.uemanet.uema.br
Proibida a reprodução desta publicação, no todo ou em parte, sem 
a prévia autorização desta instituição.
Silva, Ailson Barbosa da.
	 Epistelogogia	da	geografia	[livro	eletrônico]		/	Ailson	
Barbosa da Silva. – São Luís: Uemanet, 2017.
 
 28 p.
 
		 1.	Geografia	 -	Estudos.	2.	Geografia	–	 trajetória	
histórica.	I.Título
CDU: 911
5
5
5
7
8
9
10
13
14
14
15
16
17
18
18
18
19
21
22
23
25
25
26
28
1 OS PRIMÓRDIOS DA GEOGRAFIA: da antiguidade ao pensamento alemão 
1.1	 As	bases	da	Geografia
1.2	 O	dilema	sobre	o	objeto	da	Geografia
1.3	 A	ciência	geográfica
1.4	 Origem	da	Geografia
1.5	 Sociedades	de	Geografia
1.6	 A	importância	do	pensamento	alemão	para	a	Geografia
 Referências
2 DO PENSAMENTO FRANCÊS AO MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA GEOGRAFIA
2.1	 Vidal	de	La	BLache	e	o	pensamento	geográfico	francês	
2.2 Determinismo e possibilismo: duas concepções
2.3	 Movimento	de	renovação	da	Geografia
 Referências
3 OS CONCEITOS-CHAVE DA DISCIPLINA E OS MÉTODOS DE PESQUISA 
 EM GEOGRAFIA
3.1	 Conceitos-chave	da	Geografia
3.2 Espaço
3.3 Região
3.4	 Território
3.5 Escala
3.6 Paisagem
3.7 Lugar
3.8	 O	conhecimento	científico	e	os	métodos	em	Geografia
3.9	 O	método	e	os	métodos	em	Geografia
 Referências
SUMÁRIO
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
4
APRESENTAÇÃO
Caro estudante,
Olá,	este	é	o	e-Book	da	disciplina	de	Epistemologia	da	Geografia.	Ele	foi	elaborado	especialmente	para	você	estudante	do	Curso	de	Geografia	EaD	da	Universidade	Estadual	do	Maranhão.Ao	 longo	 do	 e-Book	 você	 poderá	 conhecer	 a	 trajetória	 de	 desenvolvimento	 da	 Geografia,	compreendendo	as	influências	da	filosofia	sobre	a	disciplina	e	o	processo	de	institucionalização.	
Também	conhecerá	os	principais	pensadores	e	suas	contribuições,	as	transformações	recentes	da	Geografia,	
o	debate	sobre	o	objeto	da	disciplina,	as	correntes	do	pensamento	geográfico	e	os	métodos	de	pesquisas	em	
Geografia.	
O e-Book vai acompanhado de videoaulas e materiais complementares que você poderá utilizar para ampliar 
o conhecimento. 
Não esqueça de realizar as atividades no Ambiente Virtual de Aprendizagem e trocar ideias com seus colegas 
e	tutores,	são	exercícios	de	reflexão	teórica	muito	importantes	no	processo	de	estruturação	do	conhecimento.
Agora é com você.
Bons estudos!
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
5
1.1 As bases da Geografia
Nesta	Unidade	você	vai	conhecer	as	raízes	da	Geografia,	analisar	a	trajetória	histórica	da	disciplina	desde	os	
seus	primórdios,	também	conhecerá	as	influências	filosóficas	sobre	o	pensamento	geográfico	e	as	condições	
históricas	que	favoreceram	sua	organização.	
1.2 O dilema sobre o objeto da Geografia
Inicialmente,	convidamos	você	a	pensar	sobre	qual	o	objeto	da	Geografia,	qual	o	eixo	ou	 foco	central	de	
investigação dessa disciplina. 
Muitas	pessoas,	sobretudo	estudantes,	em	muitos	momentos	devem	parar	e	pensar:	o	que	estuda,	afinal,	a	
Geografia?	
Essa é uma pergunta que vem sendo realizada por diferentes indivíduos ao longo do tempo. Longe de querer 
responder	essa	questão	lhe	apresentaremos	algumas	pistas	trazidas	pela	literatura	geográfica.	
A	 Geografia	 é	 uma	 ciência	 de	 enorme	 importância	 na	 atualidade.	 Sendo	 estudada	 nos	 níveis	 básico	 e	
universitário,	 a	Geografia	 tem	um	papel	 fundamental	 de	estudar	 as	 relações	 sociais	 e	 a	 natureza.	Nesse	
sentido,	 a	Geografia	 colabora	para	a	 compreensão	do	mundo,	 desvendando	 seu	quadro	 social	 e	 natural.	
Logo,	a	disciplina	estuda	diferentes	fenômenos	–	humanos	e	naturais	–	buscando	explicar	suas	interações	e	
relações. 
Possuindo	um	caráter	científico	que	remonta	pouco	mais	de	cem	anos,	a	disciplina	tem	na	antiguidade	as	suas	
bases,	já	que	naquela	época	se	realizava	ações	que	a	literatura	considera	bases	da	Geografia.	Observe,	a	
seguir, a Figura 1:
OBJETIVOS
OS PRIMÓRDIOS DA GEOGRAFIA: 
da antiguidade ao pensamento alemão 1UNIDADE
Conhecer	as	bases	epistemológicas	da	Geografia;	
Compreender a importância do pensamento alemão para o desenvolvimento da disciplina. 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
6
Figura	1	–	O	planeta	Terra:	palco	dos	estudos	da	Geografia	
Fonte: http://worldconsciouspact.org/featured-2/a-war-that-should-be-lost/
Autores das mais diversas correntes e em diferentes épocas propuseram caminhos que nos ajudam a pensar 
a	Geografia	e	seus	objetivos.	Cabe	destacar	que	cada	uma	das	proposições	realizadas	se	relaciona	a	um	
contexto	histórico	de	seus	proponentes,	logo	devem	ser	compreendidos	e	assimilados	segundo	influências	de	
cada momento. 
Na	 literatura	geográfica	vamos	encontrar	proposições	que	apontam	para	o	objeto	da	Geografia	como:	 i)	o	
estudo	da	superfície	terrestre;	ii)	o	estudo	da	paisagem;	iii)	estudo	da	diferenciação	de	áreas;	iv)	estudo	do	
espaço;	v)	estudo	das	relações	homem	e	o	meio.	
Como se pode constatar existem proposições variadas que, somadas à tantas outras propostas, formam um 
enorme	cabedal	de	definições	a	respeito	do	objeto	da	Geografia.	
Não há uma proposição correta ou mais correta que a outra, mas proposições, segundo leituras de mundo e 
momentos	históricos	de	cada	um	dos	autores.	
Não	se	pretende	aqui	definir	um	objeto	ou	apontar	uma	definição	a	ser	aceita	e	assimilada	pela	disciplina,	
mas	apontar,	como	se	pode	perceber,	uma	ampla	variedade	de	definições	que	podem	ser	aceitas,	completa	
ou	parcialmente,	modificadas	ou	refutadas	por	cada	estudante	ou	profissional.
O	importante	é	perceber	que	não	existe	uma	definição	única,	ou	seja,	uma	unanimidade,	aceita	pelo	amplo	
leque	de	geógrafos	existentes	no	mundo.	Aliás,	no	campo	das	ciências	humanas	a	divergência	e	a	polêmica	
são atitudes importantes pois, colaboram para o processo de aprimoramento da ciência.
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
7
1.3 A ciência geográfica 
A	Geografia	é	uma	área	do	conhecimento	científico	amplamente	influenciada	pelo	positivismo	e	pela	filosofia.	É	
no	positivismo	que	a	disciplina	vai	encontrar	seus	referenciais	metodológicos	que	lhe	darão	um	caráter	científico.	
A	Geografia	é	umaciência	jovem	que	só	ganhou	uma	sistematização	científica	a	partir	do	século	XIX.	Para	
compreender	o	processo	de	organização	científica	da	disciplina	é	fundamental	percorrer	a	história	 indo	da	
antiguidade aos dias atuais. 
Vale	 destacar,	 a	 influência	 da	 filosofia	 no	 processo	 de	 estruturação	 da	Geografia.	 Por	muito	 tempo	 foi	 a	
filosofia,	a	partir	de	um	ramo	do	conhecimento	filosófico	conhecido	como	filosofia	natural,	que	desenvolveu	
o	conhecimento	que	hoje	recebe	rótulo	de	geográfico.	Logo,	a	filosofia	deu	importantes	contribuições	para	o	
desenvolvimento	do	campo	geográfico,	sobretudo	na	Antiguidade.	A	este	respeito,	ler	Cavalcanti	e	Viadana	
(2010)	que	discutem	o	papel	dos	filósofos	da	antiguidade	e	suas	contribuições	para	o	desenvolvimento	do	
conhecimento	geográfico.	Para	reforçar	as	informações	acessem	o	livro	de	Cavalcanti	e	Viadana,	2010	no	site		
https://static.scielo.org/scielobooks/p5mw5/pdf/godoy-9788579831270.pdf.
Por	muito	tempo	a	Geografia	foi	vista	como	uma	ciência	de	síntese.	Ou	seja,	como	uma	ciência	que	reuniria	o	
conhecimento	produzido	pelas	demais	áreas	científicas.	
Esse	caráter	amplo	da	Geografia	foi,	talvez,	um	problema	para	a	disciplina.	Pelo	desejo	de	estudar	e	beber	em	
diferentes	fontes	do	conhecimento,	a	Geografia	passou	a	ser	vista	como	uma	ciência	muito	ampla,	sem	objeto	
claramente	definido.	Logo,	se	criou	uma	polêmica,	para	não	chamar	de	crise,	da	Geografia.	
A	Geografia	abarca	diferentes	fenômenos	e	articula	variados	conhecimentos.	Logo,	vai	da	economia	à	geologia;	
das	cidades	ao	clima;	da	política	aos	fenômenos	naturais;	do	quadro	agrário	à	demografia;	da	cultura	ao	espaço.
Figura	2	–	O	espaço	geográfico:	o	natural	e	humano	como	foco	de	investigações	da	Geografia	
Fonte: http://escolakids.uol.com.br/o-que-e-espaco-geografico.htm 
O	perfil	 de	 ciência	 de	 síntese	da	Geografia	 lhe	 conferiu	 um	 tão	 amplo	 campo	de	 estudos	 que,	 hoje,	 são	
produzidos	 estudos	 geográficos	 sobre	 diferentes	 assuntos.	 Em	 verdade,	 como	 afirma	 o	 professor	Robert	
Moraes no livro Geografia: pequena história crítica “a ideia de ciência de síntese serviu para encobrir a 
vaguidade	e	indefinição	do	objeto”	da	Geografia	(1986,	p.42).
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
8
Essa tão ampla síntese do conhecimento reuniu numa única disciplina o conhecimento sobre a sociedade e 
sobre a natureza. Desta forma, a disciplina está subdividida em duas grandes áreas: física e humana. 
A	Geografia	 física	 corresponde	 à	 área	 do	 conhecimento	 focada	nos	 estudos	 naturais.	Nesse	 sentido	 são	
estudados	fenômenos	naturais	como	o	clima,	água,	relevo,	rochas	etc.	Por	sua	vez,	a	Geografia	humana	foca	
seus	estudos	nos	fenômenos	sociais,	logo	são	observados	fenômenos	como	economia,	política,	urbanização,	
quadro agrário etc. 
Estas	duas	grandes	áreas	estão	subdivididas	em	diversas	outras	áreas	da	Geografia,	vejamos	algumas	delas	
no Quadro 1. 
Quadro	1	–	A	Geografia	e	suas	subdivisões	
GEOGRAFIA FÍSICA GEOGRAFIA HUMANA
Geologia Estudo da estrutura da Terra Geografia	urbana	 Estudo das cidades
Biogeografia Estudo da distribuição das formas de vida Geografia	econômica	 Estudo	da	economia	e	sua	influência	sobre o espaço
Climatologia Estudo dos climas Geografia	agrária	 Estudo das relações/produção no campo
Hidrogeografia Estudo das águas Geografia	política Estudo das relações territoriais 
Fonte: Ailson Barbosa, 2017 
A	variedade	de	temas	e	assuntos	da	Geografia	lhe	dão	um	caráter	tão	amplo,	como	se	pode	perceber,	que	em	
muitos	casos	se	tem	produzido	verdadeiros	dilemas.	Muito	do	que	a	ciência	geográfica	tem	pensado,	também	
vem sendo pensado e estudado por outras áreas do conhecimento. Logo, as cidades vêm sendo estudadas 
pelos	urbanistas,	historiadores	e	arquitetos;	a	economia	sendo	estudada	pelos	economistas;	as	formas	de	
vida	pelos	biólogos	e	as	relações	territoriais	pelos	cientistas	políticos.	
1.4 Origem da Geografia
A	Geografia	é	campo	científico	relativamente	jovem,	pelo	menos	enquanto	ciência	sistematizada,	apesar	de	
sua prática remontar a antiguidade clássica com grande importância no pensamento grego.
Estrabão	 (64	a.C	 -	24	d.C)	é	considerado	o	pai	da	Geografia.	Para	ele,	a	Geografia	 teria	o	papel	de	nos	
familiarizar com os ocupantes da Terra e dos oceanos, com a vegetação e peculiaridades do planeta. Logo, 
interpretamos,	cabe	à	Geografia	revelar	esse	complexo	onde,	até	os	dias	de	hoje,	a	vida	se	faz	presente	de	
forma exclusiva. 
Após	Estrabão	diferentes	pensadores,	sobretudo	do	campo	da	filosofia,	deram	importantes	contribuições	para	
o	desenvolvimento	da	Geografia.	Até	o	século	XVIII	tudo	o	que	se	produzia,	e	se	denominava	como	Geografia,	
Convidamos	você	a	pensar	outras	áreas	de	estudo	da	Geografia	e	seus	respectivos	temas.	
Pesquise	 e	 participe	 do	 fórum,	 juntamente	 com	 seus	 colegas,	 ampliando	 o	 conhecimento	
sobre	a	ciência	geográfica.
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
9
estava	disperso	e	desorganizado.	Para	Moraes	(2009,	p.11)	“muito	do	que	hoje	se	entende	por	Geografia,	não	
era	apresentado	com	este	rótulo.	Este	quadro	vai	se	manter	inalterado	até	final	do	século	XVIII”.	
Assim,	 Moraes	 (2009)	 destaca	 que	 até	 o	 final	 de	 século	 XVIII	 não	 era	 possível	 pensar	 o	 conhecimento	
geográfico	como	algo	organizado	e	sistematizado.	Não	havia,	pois,	unidade	temática	no	campo	dos	estudos	
realizados até então. 
Nesse	sentido,	às	diferentes	elaborações	eram	dadas	o	nome	de	Geografia.	Logo,	relatos	de	viajantes,	textos	
literários,	 curiosidades	 sobre	 lugares	 exóticos,	 obras	 sintéticas	 sobre	 conhecimentos	 diversos	 etc.,	 eram	
denominados	 como	Geografia.	Muito	 dessa	 produção	 era	 realizada	 sem	qualquer	 rigor	 científico,	 aliás,	 a	
Geografia	não	era	considerada	ainda	uma	ciência,	assim	não	se	pode	desejar	qualquer	critério	nessa	relação.	
A	sistematização	do	conhecimento	científico	só	vai	se	realizar	a	partir	do	século	XIX,	quando	um	conjunto	de	
fatores	políticos	e	econômicos	vão	incentivar	a	organização	da	Geografia	enquanto	disciplina	científica,	em	
muito voltada para o atendimento de interesses políticos dos Estados nacionais. 
Dentre	os	fatores	que	vão	favorecer	a	sistematização	da	Geografia	no	século	XIX	podem	ser	destacados:	
 A necessidade de conhecer o planeta Terra - Era necessário dar uma unidade aos estudos da Terra e 
ampliar	o	conhecimento	a	respeito	do	planeta;	
 Necessidade de organização do conhecimento acumulado até então - Muito já havia produzido, até 
meados daquele século, contudo, muita coisa ainda estava dispersa e desorganizada. Era necessário 
evitar retrabalho. O pensamento da época caminhava no sentido de que era preciso não apenas conhecer 
novas terras, mas apropriar-se. Para Moraes (2009, p.12), o desenvolvimento do comércio colonial vai 
demandar dos Estados europeus a organização de informações sobre os recursos naturais presentes em 
terras	dominadas	pelos	países	europeus.	Cabe	destacar	que	essa	fase	da	história	já	experimentava	os	
tentáculos	do	capitalismo	com	início	de	sua	fase	imperialista;	
	 Desenvolvimento	das	técnicas	de	cartografia	-	Era	fundamental	representar	os	fenômenos	estudados	por	
meios	dos	mapas	-	a	linguagem	fundamental	da	Geografia.	Com	o	advento	do	capitalismo	e	o	avanço	
para construção de uma economia de escala global era necessário a produção de mapas e cartas mais 
precisas	que	favorecessem	uma	melhor	leitura	de	mundo;
	 Tais	fatores	são	fundamentalmente	aqueles	que	favoreceram	a	sistematização	da	Geografia	e	seu	avanço	
para	um	caráter	científico	após	o	século	XVIII;
	 Antes	disso,	porém,	tudo	o	que	havia	sido	acumulado	possuía	ampla	influência	da	filosofia.	Esta	ciência,	
que	antes	se	pautava	pela	fé,	avança	em	busca	de	explicações	sobre	o	real;
	 No	início	do	século	XIX,	o	planeta	já	estava,a	grosso	modo,	totalmente	conhecido.	As	relações	sociais	se	
ampliavam	em	função	do	desenvolvimento	do	capitalismo	e	a	sistematização	da	Geografia	surgia	como	
uma necessidade fundamental para compreensão do mundo.
1.5 Sociedades de Geografia 
É	importante	destacar	que	a	Geografia	realizada	até	o	século	XIX	era	realizada	de	forma	autônoma,	em	muitos	
casos	produzida	por	curiosos	e	profissionais	de	diversas	áreas	do	conhecimento.	Cabe	dizer	que	a	Geografia	
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
10
ainda	não	era	considerada	uma	ciência,	fato	que	só	vai	se	dar,	em	alguns	países,	a	partir	da	segundo	metade	
do	século	XIX.	
Até	então,	a	Geografia	era	mais	uma	prática	do	que	propriamente	uma	ciência.	Verdadeiros	curiosos	viajantes	
se aventuravam pelo mundo produzindo relatos descritivos a respeito das paisagens encontradas. Esses 
relatos,	como	apontado	anteriormente,	correspondem	ao	que	se	considerava,	até	então,	a	Geografia.
Essas	 sociedades	 eram	 instituições	 surgidas	 no	 início	 do	 século	 XIX.	 Segundo	 Moreira	 (2009),	 essas	
sociedades	podem	ter	sua	trajetória	divida	em	duas	fases	distintas:	entre	1820	e	1870,	estarão	marcadas	pela	
ação de viajantes naturalistas interessados em cartografar, parcelas do mundo ainda não conhecidas ou pouco 
conhecidas	pelos	europeus;	e	entre	1870	e	1920,	período	auge	do	imperialismo,	quando	elas	desempenham	
o papel de organização das informações até então produzidas.
Vale	dizer	 que,	 em	muitos	 casos,	 essas	 sociedades	eram	financiadas	por	 cotas	de	 seus	associados,	 por	
comerciantes interessados na ampliação de relações comerciais e até pelo Estado, a exemplo das sociedades 
de	Geografia	russas.	Por	meio	das	sociedades,	se	realizavam	eventos	onde	se	debatiam	o	conhecimento	
geográfico,	a	publicação	de	revistas	e	a	divulgação	de	pesquisas	realizadas	por	naturalistas.	
1.6 A importância do pensamento alemão para a Geografia 
A	história	do	pensamento	geográfico,	ao	longo	do	século	XIX,	possui	importantes	bases	na	Alemanha.	São	
alemães	os	denominados	“pais	da	Geografia	moderna”:	Humboldt	e	Ritter.	Contemporâneos,	produziram	uma	
importante	 sistematização	 da	Geografia,	 elaborando	 quadros	 teóricos	 de	 fundamental	 importância	 para	 o	
desenvolvimento e consolidação da disciplina. 
Figura	3	-	Alexander	Von	Humboldt:	alemão,	naturalista	e	um	dos	pais	da	Geografia	moderna	
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/humboldt-ritter-os-pais-geografia.htm 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
11
Alexander	Von	Humboldt	nasceu	em	1769,	era	geólogo	e	botânico,	logo	um	naturalista.	É	dele	a	tradição	
de	estudos	naturais	dentro	da	Geografia.	Ele	entendia	que	caberia	a	Geografia	sistematizar	o	conjunto	
de conhecimento relativos à Terra. Humboldt morreu em 1859 ocupando importantes cargos da vida 
universitária alemã. 
Figura	4	-	Karl	Ritter:	historiador,	filósofo	e	um	dos	pais	da	Geografia	moderna
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/humboldt-ritter-os-pais-geografia.htm
Karl	Ritter	nasceu	em	1779,	dez	anos	depois	de	Humboldt,	era	filósofo	e	historiador.	Ele	traz	para	a	Geografia	
o caráter social, ou humano, da disciplina. 
Ritter	e	Humboldt	deixam	importantes	contribuições	para	o	conhecimento	geográfico,	sobretudo	no	campo	da	
sistematização do conhecimento. Seus seguidores dão amplo conhecimento às suas produções, mas é na 
Rússia onde suas ideias ganham mais eco. 
Após	a	morte	deles,	já	no	século	XIX,	o	eixo	de	discussão	da	Geografia	permanecerá	na	Alemanha,	a	partir	
da	contribuição	de	um	importante	geógrafo:	Friedrich	Ratzel.
Ratzel	desenvolve	uma	importante	produção	geográfica,	publicada	no	último	quartel	do	século	XIX.	A	Geografia	
de Ratzel é essencialmente política. Suas ideias surgem num quadro de tensões na Prússia. Ele vivencia a 
unificação	 alemã	 e	 a	 constituição	 do	Estado	Alemão,	 e	 suas	 ideias	 se	 voltam	a	 legitimar	 as	 concepções	
políticas alemães da época. 
Cabe	destacar	que,	a	Alemanha	nem	sempre	se	constituiu	como	um	país	independente.	O	território	alemão	é	
resultado de um grande processo político empreendido por Bismark. O resultado foi a criação da Alemanha e 
sua consolidação como Estado independente. 
Para saber mais a respeito do quadro político prussiano e sobre a constituição do Estado 
alemão,	assista	ao	vídeo:	https://www.youtube.com/watch?v=9f2RE6gJVt0
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
12
A Alemanha demorou muito para romper com o feudalismo e permitir a penetração do capitalismo. O caráter 
tardio	da	unificação	alemã	não	lhe	conferiu	o	direito	de	participação	na	partilha	dos	territórios	coloniais,	lhe	
impedindo um amplo desenvolvimento. 
Contudo,	eis	que	aparece	Ratzel	e	sua	Geografia.	
Ratzel	é	o	criador	da	Geografia	política.	Sua	obra	se	voltou	a	legitimar	o	expansionismo	alemão	bismarkiano.	
Logo,	o	discurso	geográfico	produzido	por	Ratzel	elaborou	amplos	elogios	ao	imperialismo	e	reconheceu	a	
necessidade	de	conquista	de	novos	territórios	(ainda	que	submetendo	outros	povos)	como	meio	necessário	
para o desenvolvimento de qualquer nação.
Como	 resultado	 e	 contraponto	 à	 Geografia	 alemã,	 até	 então	 principal	 eixo	 do	 pensamento	 geográfico	
internacional, surge outro importante pensador: Vidal de La Blache. Francês, La Blache vai desenvolver uma 
Geografia	como	resposta	às	formulações	ratzelianas.	
O	pensamento	de	La	Blache	e	as	contribuições	francesas	para	o	desenvolvimento	do	pensamento	geográfico	
serão	apresentados	na	próxima	Unidade.	
 ATIVIDADE
Agora, como forma de exercitar o conhecimento responda as seguintes questões:
1) 	 Por	que	a	Geografia	é	considerada	uma	ciência	de	síntese?	
2) 	 Explique	as	divisões	da	Geografia,	seus	sub-ramos	e	áreas	de	estudos.
3) 	 Discorra	a	respeito	das	características	da	Geografia	até	o	século	XVIII	e	os	fatores	que	influenciaram	a	
sistematização	da	Geografia	a	partir	do	século	XIX.
4) Comente a respeito das contribuições de Humboldt, Ritter e Ratzel para o desenvolvimento do pensamento 
geográfico.
Resumo
Nesta	 Unidade,	 estudamos	 a	 respeito	 das	 bases	 da	 Geografia	 e	 a	 polêmica	 que	 envolve	 o	 seu	 objeto.	
Conhecemos a divisão da disciplina e a contribuição dada pelos alemães para o desenvolvimento do 
pensamento	geográfico	até	o	século	XIX,	além	do	papel	desempenhado	pelas	sociedades	de	Geografia.	
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
13
 
 Referências
CAVALCANTI,	 Agostinho	 Paula	 Brito;	 VIADANA,	 Adler	 Guilherme.	 Fundamentos	 históricos	 da	 geografia:	
contribuições	do	pensamento	filosófico	na	Grécia	antiga.	In:______.	História do pensamento geográfico e 
epistemologia em Geografia. GODOY, Paulo R. Teixeira de (Org.). São Paulo: Cultura Acadêmica, 2010.
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia:	pequena	história	crítica.	20.	ed.	São	Paulo:	UCITEC,	1986.	
MOREIRA, Ruy. O que é geografia. 2. ed. O autor: 2009. 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
14
OBJETIVOS
DO PENSAMENTO FRANCÊS AO 
MOVIMENTO DE RENOVAÇÃO DA 
GEOGRAFIA2UNIDADE
Refletir	a	respeito	das	contribuições	do	pensamento	francês	para	a	Geografia;	
Compreender	as	condições	que	levaram	ao	processo	de	renovação	da	Geografia	em	meados	do	
século	XX.		
2.1 Vidal de La BLache e o pensamento geográfico francês 
Durante	boa	parte	do	século	XIX	o	principal	eixo	de	debate	geográfico	estava	concentrado	na	Alemanha.	
Ratzel era o grande expoente desse pensamento. Contudo, a partir da segunda metade daquele século 
surge	 um	 novo	 formulador	 do	 pensamento	 geográfico,	 e	 que	 entraria	 para	 a	 história	 da	 Geografia	
como um dos mais importantes: Vidal de La BLache. Francês, La Blache desenvolve importantescontribuições para o pensamento geográfico se contrapondo a tudo aquilo que havia sido produzido 
pela obra ratzeliana. 
Para	compreender	o	processo	de	desenvolvimento	do	pensamento	geográfico	francês	é	fundamental	pensar	o	
contexto	histórico.	Não	daremos	conta	de	fazer	aqui,	mas	você	pode	pesquisar	para	compreender	as	relações	
que	se	estabeleceram	na	França	entre	os	séculos	XVIII	e	XIX.
Diferente da Alemanha, a França experimentou uma revolução burguesa. A burguesia elaborou um modelo de 
Estado que em muito atendia aos seus interesses. 
A Revolução Francesa - um verdadeiro movimento popular capitaneado pela burguesia - consolidou o 
desenvolvimento do capitalismo na França, eliminando todos os resquícios do período feudal.
Diante	de	muitas	transformações	sociais,	a	França	disputava,	na	segunda	parte	do	século	XIX,	a	hegemonia	
continental europeia. Era diretamente com a Prússia (atual Alemanha) que os franceses rivalizavam. Havia 
uma verdadeira disputa que envolvia interesses imperialistas. 
Nesse	contexto,	a	Geografia	francesa	se	desenvolve.	A	disciplina	passa	a	ser	trabalhada	em	todas	as	séries	
do ensino básico, havia, pois, um apoio direto do Estado francês para o desenvolvimento do pensamento 
geográfico.	
São	criados	cátedras	e	institutos	de	Geografia	com	o	papel	de	desenvolver	e	organizar	a	Geografia	francesa	
daquele período. Tal atitude se desenvolve num cenário de ampla disputa política, de guerra e do reconhecimento 
do	próprio	Estado	de	que	era	importante	e	fundamental	conhecer	a	Geografia,	sobretudo	das	colônias.
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
15
A França havia saído derrotada de uma guerra contra a Prússia - a guerra Franco-prussiana, em 1870. Um 
importante político francês reconheceu, naquele período, que a guerra havia sido vencida pelos instrutores 
prussianos,	ou	seja,	por	gente	preparada	e	conhecedora	da	Geografia.	
A	 guerra	 impõe	 à	 França	 a	 necessidade	 de	 construção	 de	 um	 discurso	 geográfico	 que	 deslegitimasse	 a	
Geografia	alemã	e	o	desenvolvimento	de	uma	Geografia	que	colaborasse	para	o	expansionismo	francês.	
O	 pensamento	 geográfico	 francês	 surge,	 portanto,	 para	 se	 contrapor	 aquele	 alemão,	 legitimador	 do	
imperialismo.	O	principal	articulador	dessa	empreitada	foi	La	BLache,	que	desenvolveu	sua	Geografia	no	final	
do	século	XIX	e	início	do	século	XX.	Fundador	da	escola	francesa	de	Geografia,	La	Blache	atrai	para	a	França	
o	eixo	de	discussão	geográfica	da	época.
Dentre	as	críticas	produzidas	por	La	Blache,	à	Geografia	ratzeliana,	estava	o	caráter	político	da	Geografia	
daquele.	 Para	 ele,	 a	 ciência	 necessitava	 de	 um	 discurso	 neutro,	 enquanto	 a	 Geografia	 de	 Ratzel	 era	
explicitamente	política,	justificando	posições	do	Estado	alemão.	
Outra	crítica	dizia	respeito	ao	fato	de	o	homem	aparecer	como	elemento	passivo	na	Geografia	de	Ratzel.	La	
BLache vai propor um discurso relativista nessa relação que vai ganhar o nome de possibilismo. 
Vale destacar que a França possui outros grandes nomes durante esse período, a exemplo de Elisée Reclus 
dentre	outros,	mas	é	com	La	Blache	que	a	Geografia	francesa	ganha	projeção.	
La	 Blache	 desenvolveu	 o	 que	 se	 reconhece	 como	 Geografia	 Humana	 e	 criou	 a	 corrente	 que	 se	 tornou	
majoritária	no	âmbito	da	Geografia:	Geografia	regional.	
2.2 Determinismo e possibilismo: duas concepções 
Na Unidade 1, estudamos as contribuições do pensamento alemão 
e francês, com base nas propostas de Ratzel e La Blache. Estes 
autores desenvolveram importantes contribuições para o campo da 
Geografia,	sobretudo	aquelas	que	a	literatura	geográfica	passou	a	
chamar de determinismo e possibilismo. 
A concepção determinista, desenvolvida por Ratzel, se baseia numa 
leitura	de	mundo	em	que	o	meio	seria	capaz	de	influenciar	a	fisiologia	
e a psicologia humana. Desta forma, o homem seria resultado das 
interrelações dele com a natureza. “A teoria ratzeliana via o ser humano 
a	partir	do	ponto	de	vista	biológico	(não	social)	e	que,	portanto,	não	
poderia ser visto fora das relações de causa e efeito que determinam 
as	condições	de	vida	no	meio	ambiente”.	(PENA,	2017,	p.1).
Para	 Moraes	 (1986,	 p.71),	 a	 Geografia	 proposta	 por	 Ratzel	 se	
configurava	 como	 “o	 estudo	 das	 influências,	 que	 as	 condições	
naturais	 exercem	 sobre	 a	 evolução	 das	 sociedades”.	 Logo,	 os	
grupos	 humanos	 seriam	 resultado	 da	 influência	 que	 a	 natureza	
exercia sobre o homem. 
Figura 1 - Ratzel: o criador da 
Geografia	política	
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/
friedrich-ratzel.htm 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
16
A	obra	ratzeliana	vai	justificar,	diretamente,	o	processo	de	dominação	dos	povos	europeus	sobre	outros	povos.	
A	ideia	de	superioridade	da	raça	produziu	fatos	históricos,	tais	como	o	nazismo.	Tais	movimentos	promoveram	
situações	em	que	determinados	povos	foram	dominados	e	tiveram	sua	cultura,	história	e	tradições	suprimidas	
em nome daquela dos europeus.
Ratzel	foi	o	criador	da	geopolítica,	ainda	que	nunca	tenha	utilizado-se	do	termo,	que	só	foi	cravado	por	seus	
seguidores. 
Uma	segunda	proposta,	antagônica	ao	determinismo,	foi	o	possibilismo.
Desenvolvida por Vidal de la Blache, considerado o fundador 
da	 escola	 de	 Geografia	 francesa,	 a	 concepção	 possibilista	 de	
Geografia	 rejeitava	 aquela	 concepção	 proposta	 pelos	 alemães	
de	 que	 a	 natureza	 seria	 capaz	 de	 influenciar	 o	 comportamento	
humano. Para La Blache “o homem também transformava o 
meio onde vivia, de forma que para as ações humanas, diversas 
possibilidades eram possíveis, uma vez que essas não obedeceriam 
a	uma	relação	entre	causa	e	efeito”.	(PENA,2017,p.1).
Nesse sentido, ao contrário do determinismo que compreendia a 
natureza	 influenciando	 o	 homem,	 o	 possibilismo	 acreditava	 nas	
possibilidades	de	influências	mútuas.	A	natureza	sobre	o	homem	
e homem sobre a natureza. 
La BLache teve um importante papel no desenvolvimento 
da	 chamada	 Geografia	 regional.	 Segundo	 sua	 proposta,	 era	
impossível,	ao	menos	naquelas	condições	históricas	em	que	vivia,	
construir leituras totalizantes do mundo. Logo, a saída seria pensar 
as porções regionais, buscando descrever suas características particulares. Assim, se desenvolve a chamada 
geografia	regional.
2.3 Movimento de renovação da Geografia
A	Geografia	é	uma	disciplina	marcada	por	muitas	polêmicas.	Ao	 longo	do	seu	processo	de	estruturação	a	
disciplina	passou	por	muitos	processos,	dentre	eles	aquele	que	buscou	renovar	a	forma	de	fazer	Geografia.
Até	 aqui	 vimos	 um	 pouco	 sobre	 a	 chamada	 Geografia	 tradicional.	 Essa	 fase	 da	 disciplina	 percorre	 dos	
primórdios	da	Geografia	até	meados	do	século	XX.	
A	Geografia	 tradicional	 foi	marcada	por	 um	método	particular:	 a	 descrição.	Dizemos,	 pois,	 que	o	método	
utilizado	ao	longo	dessa	fase	é	o	método	descritivo.	Contudo,	em	determinado	momento	da	história	a	Geografia	
crítica e seu método passaram a ser questionados. 
O mundo vivia momentos de muitas transformações (a urbanização crescente, aumento populacional, 
revolução	tecnológica,	avanço	do	capitalismo	etc.),	logo	era	fundamental	adaptar	a	Geografia	para	permitir	
fazer novas leituras de mundo para além da simples descrição. 
Figura 2 - Vidal de La Blache: o criador 
da	Geografia	regional
Fonte:	http://brasilescola.uol.com.br/geografia/
vidal-la-blache.htm
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
17
Nesse	 sentido	 tem	 início	 o	 chamado	movimento	 de	 renovação	 da	Geografia.	Esse	movimento	 teve	 duas	
importantes correntes: a pragmática e a crítica. 
A	Geografia	pragmática	teve	duas	importantes	vertentes:	a	quantitativa	e	a	sistêmica.	O	fato	é	que	os	seguidores	
dessa	vertente	 incluíramna	prática	geográfica	o	uso	dos	computadores,	satélites	e	métodos	matemáticos,	
como	suporte	para	pesquisa	geográfica.	Para	eles,	tudo	poderia	ser	traduzido	em	números,	gráficos	e	índices.	
Os	 geógrafos	 adeptos	 da	 vertente	 sistêmica	 também	 elaboraram	 uma	 série	 de	modelos,	 a	 exemplo	 dos	
modelos de Christaller. 
Diferentes	autores	apontam	para	o	fato	de	a	Geografia	sistêmica	ter	atendido	aos	interesses	estatais	e	ter	sido	
uma arma poderosa para o Estado e para burguesia. 
Por	sua	vez,	os	geógrafos	da	corrente	crítica	adotaram	uma	posição	diferente.	Eles	passaram	a	enxergar	
a	 Geografia	 como	 um	 instrumento	 de	 denúncia	 das	 desigualdades,	 sobretudo	 aquelas	 decorrentes	 do	
capitalismo.	Para	esses	geógrafos	a	Geografia	deveria	ser	instrumento	político	de	transformação	da	realidade.	
Logo,	pensam	a	prática	geográfica	como	uma	prática,	sobretudo,	militante!	
A	Geografia	crítica	nasce	nos	anos	1970	e	ganha	força	em	diferentes	partes	do	mundo.	Ainda	hoje,	a	Geografia	
brasileira	é	amplamente	influenciada	por	essa	perspectiva.	
Resumo
Na	Unidade	2,	estudamos	a	contribuição	do	pensamento	francês	para	o	desenvolvimento	da	Geografia.	Também	
estudamos	as	diferentes	perspectivas	da	Geografia:	possibilismo	e	determinismo.	E,	por	fim,	conhecemos	o	
processo de renovação da disciplina e suas vertentes.
 Referências
MORAES, Antonio Carlos Robert. Geografia:	pequena	história	crítica.	20.	ed.	São	Paulo:	UCITEC,	1986.	
MOREIRA, Ruy. O que é Geografia? 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2009.
PENA, Rodolfo F. Alves. “Friedrich Ratzel”; Brasil Escola. Disponível em: <http://brasilescola.uol.com.br/
geografia/friedrich-ratzel.htm>. Acesso em: 24 set. 2017.
Pesquise sobre determinismo e possibilismo geográfico. Debata com seus colegas 
as características dessas correntes de pensamento geográfico. Assista ao vídeo: 
https://www.youtube.com/watch?v=DDwV8svqvhQ
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
18
OBJETIVOS
OS CONCEITOS-CHAVE DA DISCIPLINA 
E OS MÉTODOS DE PESQUISA EM 
GEOGRAFIA3UNIDADE
Refletir	a	respeito	dos	conceitos-chave	da	Geografia;		
Compreender	os	métodos	utilizados	na	pesquisa	Geográfica.	
3.1 Conceitos-chave da Geografia
Ao	longo	do	curso	muito	será	falado	dos	conceitos-chave	da	Geografia	ou	mesmo	faremos	referência	a	eles.	
Talvez, até aqui, já tenhamos tratados de alguns, nesse momento se pretende discorrer sobre os mesmos 
ainda que não se tenha a pretensão de esgotar o debate. 
Assim,	os	conceitos-chave	da	Geografia	são:	espaço,	região,	território,	escala,	paisagem	e	lugar.	
3.2 Espaço 
Espaço	é	um	conceito	importantíssimo	da	ciência	geográfica	e	de	fundamental	importância	para	a	disciplina,	
já	que	a	Geografia	estuda	o	espaço.	
Contudo, nessas linhas iniciais cabem algumas considerações. Quando falamos de espaço, na perspectiva 
geográfica,	estamos	tratando	do	espaço	geográfico.	
No senso comum a palavra espaço pode remeter a diferentes interpretações: área, espaço sideral, espaço 
econômico,	topológico	etc.	(CORRÊA,	2000).	Porém,	o	espaço	de	que	trata	a	Geografia	é	o	espaço	geográfico.
Para Corrêa (2000, p.15): 
A	expressão	espaço	geográfico	 ou	 simplesmente	 espaço,	 por	 outro	
lado, aparece como vaga, ora estando associada a uma porção 
específica	da	superfície	da	Terra	identificada	seja	pela	natureza,	seja	
por um modo particular como o homem ali imprimiu as suas marcas, 
seja como referência à simples localização. Adicionalmente a palavra 
espaço tem o seu uso associado indiscriminadamente a diferentes 
escalas, global, continental, regional, da cidade, do bairro, da rua, da 
casa	e	de	um	cômodo	no	seu	interior.
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
19
Na	 perspectiva	 física,	 o	 espaço	 geográfico	 é	 formado	 pela	 interação	 da	 atmosfera-litosfera-hidrosfera.	 O	
homem,	por	sua	vez,	atua	transformando-o,	modificando,	interferindo	em	sua	organização.	
Figura	1	-	Espaço	geográfico:	uma	intervenção	humana	na	natureza 
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/geografia/espaco-geografico.htm 
O	fato	é	que	não	há	um	consenso	dentre	os	geógrafos	quanto	ao	conceito	de	espaço,	sobretudo	porque	as	
tentativas	de	explicação	estão	 influenciadas	pelas	correntes	do	pensamento	geográfico,	distintas	entre	si.	
Contudo, há indicativos que podem colaborar para sua compreensão. 
Para	Hatshorne,	o	espaço	geográfico	é	apenas	uma	construção	intelectual,	não	existindo	de	fato	na	sociedade.	
Seria,	 pois,	 uma	 concepção	 da	 forma	 como	 nós	 enxergamos	 a	 realidade	 no	 sentido	 de	 apreender	 como	
acontece a espacialização da sociedade e tudo o que por ela foi construído.
Já,	para	Milton	Santos,	o	espaço	geográfico	é	um	conjunto	de	sistemas	de	objetos	e	ações,	isto	é,	os	itens	e	
elementos	artificiais	e	as	ações	humanas	que	manejam	tais	instrumentos	no	sentido	de	construir	e	transformar	
o meio, seja ele natural ou social.
Para	os	geógrafos	humanistas,	porém,	o	conceito	de	espaço	geográfico	estaria	atrelado	à	questão	subjetiva,	
cultural e individual. Nesse sentido, o espaço é o local de morada dos seres humanos e, mais do que isso, é 
o meio de vivência onde as pessoas imprimem suas marcas cotidianamente, proporcionando novas leituras à 
medida	que	a	compreensão	do	mundo	se	modifica.
Em	suma	podemos	compreender	o	espaço	geográfico	como	palco	das	ações	humanas,	resultado	da	interferência	
do homem sobre a natureza, constituído pelo conjunto de objetos e relações estabelecidas entre si. 
3.3 Região 
De forma cotidiana nos deparamos frequentemente com o termo região. Fala-se, pois, da região do comércio, 
da região rica, da região violenta etc. 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
20
Mas,	afinal,	o	que	é	região?	E	o	que	é	região	do	ponto	de	vista	da	Geografia?	
O termo região está associado a uma porção espacial marcada pela homogeneidade interna e sua distinção em 
relação	ao	externo.	Ou	seja,	corresponde	a	uma	porção	espacial	que	possui	identidade	própria,	características	
que	a	definem	como	diferenciada	em	relação	ao	conjunto.
Segundo Gomes (2000, p.50), “Regione nos tempos do Império Romano era a denominação utilizada para 
designar área que, ainda que dispusessem de uma administração local, estava submetidas às regras gerais e 
hegemônicas	das	magistraturas	sediadas	em	Roma”.	O	mesmo	autor	destaca	o	fato	de	o	conceito	de	região	
estar presente no senso comum, tal como em outras áreas do conhecimento como na matemática, geologia, 
biologia etc.
Na	Geografia,	o	conceito	de	região	é	fundamental	e	fundante	da	disciplina.	A	Geografia	moderna	hipervalorizou	
este	conceito	criando,	inclusive,	uma	importante	perspectiva	de	análise	espacial:	a	Geografia	regional.	
A	utilidade	do	conceito	de	região	se	realiza	em	diferentes	escalas:	no	senso	comum	ou	no	campo	científico,	
como já apontado. 
O	conceito	de	região	é	muito	útil	para	os	estudos	da	Geografia,	mas	também	para	o	planejamento.	Nesse	
sentido	se	 fala	de	planejamento	 regional.	Ao	 longo	da	história	do	Brasil,	por	exemplo,	 já	se	experimentou	
diferentes	regionalizações	do	território	brasileiro.	Ou	seja,	diferentes	formas	de	agrupar	porções	territoriais,	
buscando a identidade interna de cada uma dessas porções. A regionalização mais recente do Brasil data de 
1970,	quando	foram	definidas	cinco	regiões:	norte,	nordeste,	sul,	sudeste	e	centro-oeste.	
Figura 2 – Regionalização brasileira 
Fonte: http://alunosonline.uol.com.br/geografia/regionalizacao-brasil.html 
Para	delimitação	dessa	regionalização	levou-se	em	conta	características	como	questões	naturais,	históricas	
e	econômicas,	ainda	que	existam	incongruências	no	resultado.	Vale	destacar	que	outras	regionalizações	já	
foram	feitas	no	Brasil	ao	longo	de	sua	história.	Vale	pesquisar	e	dividir	com	seus	colegas!	
C
urso
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
21
3.4 Território 
O	conceito	de	território	é	outro	conceito-chave	da	disciplina.	Tão	importante	quanto	os	demais,	esse	conceito	
está diretamente associado à noção de poder e dominação do espaço. 
Quando	falamos	de	território	estamos	tratando	de	uma	porção	do	espaço	marcado	e	delimitado	por	relações	
de	poder.	Nesse	sentido,	podemos	pensar	variados	exemplos	de	 territórios,	 tais	como	o	 território	nacional	
(marcado	pelo	domínio	do	Estado	brasileiro),	o	 território	do	estado	do	Maranhão	 (submetido	às	 regras	do	
governo	estadual),	o	território	municipal,	o	território	do	tráfico,	o	quintal	de	sua	casa	etc.
Figura	3	-	O	território	do	estado	do	Maranhão
Fonte: http://www.ma10.com.br/2017/06/03/populacao-de-92-municipios-opina-em-melhorias-para-o-estado/ 
O	 fato	é	que	na	concepção	de	 território	sempre	estará	 relacionada	a	condição	de	poder	sobre	o	espaço.	
Alguém	ou	alguns	sempre	deterão	o	domínio	daquela	porção	espacial	tornando-o	um	território!	Nesse	sentido,	
Souza	(2000,	p.78)	define	o	território	como	“espaço	definido	e	delimitado	por	e	a	partir	das	relações	de	poder”.	
Para Souza (2000, p.81), 
territórios	 são	 construídos	 (e	 desconstruídos)	 nas	 mais	 diversas	
escalas, das mais acanhadas (p.ex., uma rua), à internacional (p. ex., 
a	área	formada	pelo	conjunto	dos	territórios	dos	países-membros	da	
Organização	 do	Tratado	 do	Atlântico	Norte	 –	OTAN);	 territórios	 são	
construídos e desconstruídos dentro de escalas temporais as mais 
diferentes: séculos, décadas, anos, meses ou dias.
No	campo	da	Geografia	tradicionalmente	 tem	sido	a	geografia	política	aquela	que	se	apropriou	do	debate	
sobre	o	território,	sobretudo	em	função	do	conceito	de	território	nacional.	Contudo,	vale	destacar,	o	conceito	
de	território	é	fundamental	para	analisar	outras	escalas	e	tem	sido	amplamente	utilizado	para	fazê-lo.	
Assim,	tem	se	falado,	no	campo	das	pesquisas	geográficas,	com	frequência	dos	variados	tipos	de	territórios,	
tais	como	o	território	do	tráfico,	da	prostituição,	do	comércio	informal	etc.	Vale	destacar	que	alguns	territórios	
se	constituem	em	territórios	temporários,	ou	seja,	eles	existem	em	determinados	momentos	do	dia,	da	semana	
ou	do	ano,	mas	desaparecem	posteriormente.	Diferentemente	de	alguns	territórios	(tidos	como	permanentes)	
que	ultrapassam	escalas	de	tempos	maiores,	mas	que	também	estão	passíveis	de	serem	modificados.	
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
22
Enquanto escrevo este e-Book assisto um levante separatista na Espanha que propõe criar o Estado 
independente da Catalunha. Caso se concretize, ainda que os movimentos políticos internacionais apontem 
para	sua	não	concretização,	o	mapa	político	internacional	será	modificado	com	a	redução	do	território	espanhol	
e a criação de um novo Estado Nacional no seio da Europa. 
 ATIVIDADE
1)	Desafio	você,	caro	estudante,	a	pensar	os	territórios	existentes	em	seu	município	e	a	dialogar	com	seus	
colegas sobre sua extensão, caraterísticas e temporalidades.
3.5 Escala
O	conceito	de	escala	é	mais	um	conceito	de	suma	 importância	para	a	Geografia.	Ela	nos	permite	pensar	
diferentes níveis de realidade, realizando um exercício de compreensão do mundo a partir de distintas 
perspectivas.	 Nesse	 sentido,	 é	 possível	 pensar	 distintas	 escalas	 geográficas,	 tais	 como	 a	 escala	 global,	
nacional, regional ou local. Assim, podemos pensar questões como:
	 O	aquecimento	global	afeta	o	conjunto	do	planeta	Terra	–	escala	global;	
Figura 4 - Escala global ou internacional
Fonte: https://dinamicaglobal.wordpress.com/2011/12/15/agora-com-24-satelites-sistema-de-navegacao-russo-pode-competir-
com-o-gps-em-escala-global/ 
	 O	Brasil	é	um	país	muito	conhecido	pelo	samba	e	pelo	futebol	–	escala	nacional;
	 O	nordeste	brasileiro	possui	belas	praias	–	escala	regional;	
 O meu bairro se localiza na parte central de Timon – escala local .
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
23
A	outra	perspectiva	da	escala	é	a	numérica	ou	gráfica.
Ou seja, se constitui num recurso para a produção e leitura de mapas. Desta forma, é possível falar de escalas 
cartográficas	que	representam	a	relação	entre	a	realidade	e	a	representação	cartográfica	no	mapa.	Logo,	fala-
se, a partir dos mapas, de escalas de 1:1000, 1:1.000.000 etc., para dar conta da proporção entre o real e o 
representado, permitindo também medir distâncias. 
Todo	mapa	deve	conter,	obrigatoriamente,	uma	escala.	Pesquise	e	identifique	sua	escala!	
3.6 Paisagem 
O conceito de paisagem tem sido muito ressaltado 
no	campo	dos	estudos	geográficos.	Nos	princípios	
da	Geografia	os	estudos	geográficos	se	voltavam	a	
descrever o conteúdo da paisagem. Esse conceito-
chave permanece muito valorizado na pesquisa 
geográfica,	sendo	suporte	para	compreensão	das	
transformações. 
Paisagem corresponde a um conceito que se 
volta a revelar o conteúdo do visível. Ou seja, a 
paisagem corresponde ao conjunto de elementos 
perceptíveis ao olho. Podemos falar, pois, de duas 
dimensões da paisagem: natural e cultural. 
A paisagem natural corresponde aquela que formada por um conjunto de elementos naturais pouco ou nada 
modificados	ao	longo	do	tempo.	Assim,	podemos	pensar	porções	do	espaço	terrestre	pouco	transformadas	ao	
longo	do	tempo:	uma	floresta,	um	rio,	uma	cachoeira	etc.	
Figura 5 - Escala numérica 
Escala numérica
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/
geografia/escalas.htm 
Figura	6		-	Escala	gráfica
Escala	gráfica
Fonte: http://brasilescola.uol.com.br/
geografia/escalas.htm
Figura 7 - Paisagem natural
Fonte: http://www.visaogeografica.com/siteantigo/images/deserto.jpg
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
24
A	paisagem	cultura	–	ou	paisagem	antrópica	–	é	formada	pelo	conjunto	de	elementos	presentes	no	espaço	
resultado da ação humana. 
Elas constroem-se a partir da utilização e transformação dos elementos 
da natureza pelas atividades realizadas pelo homem. Portanto, todas 
as	edificações	artificialmente	construídas,	bem	como	as	intervenções	
não naturais sobre o espaço constituem paisagens culturais, como o 
espaço de uma cidade ou um campo de produção agrícola. (PENA, 
2017).	 Disponível	 em:	 <http://m.brasilescola.uol.com.br/geografia/
paisagem-cultural-paisagem-natural.htm
Figura 8 - Paisagem cultural: resultado da intervenção humana sobre o espaço
Fonte:	http://www.visaogeografica.com/siteantigo/images/rio.gif
Para Pena (2017): 
Ao contrário do que muitos imaginam, a paisagem é uma categoria 
extremamente dinâmica. Ela, além de se portar como uma expressão das 
práticas humanas ou das ações da natureza, é capaz de narrar, através 
de	suas	manifestações	aparentes	ou	ocultas,	a	história	daquele	espaço.	
É	 comum	 encontrarmos,	 nas	 manifestações	 de	 mundo,	 elementos	
referentes ao passado, recente ou remoto. Portanto, a principal 
característica da paisagem é, sem dúvida, o fato de ela agregar, em si, 
a	sobreposição	e	confluência	das	ações	do	presente	e	do	passado,	que	
muitas vezes convivem lado a lado. Disponível em: <http://m.brasilescola.
uol.com.br/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm
Assim, cabe destacar que a paisagem se altera ao longo do tempo e se torna testemunha dos processos 
naturais	e	sociais	realizados	ao	longo	da	história.	Sendo	visível	aos	olhos,	e	em	alguns	casos,	aos	demais	
sentidos, a paisagem deve ser apreendida como parte da dinâmica espacial. 
A	paisagem	é,	dessa	forma,	uma	importante	categoria	que	deve	ser	percebida	e	observada	no	cotidiano	a	fim	
de compreender os processos que se realizam diante de nossos olhos ao longo do tempo. 
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 em
 G
eo
gr
afi
a
25
3.7 Lugar 
O	termo	lugar	tem	diferentes	definições,	mas	no	campo	da	Geografia	se	refere	à	uma	espacialidade	marcada	
por	referências	afetivas,	históricas	e	emocionais.	
Não	 há	 uma	definição	 consensual	 dentre	 os	 geógrafos	 quanto	 ao	 conceito,	mas	 ele	 vem	 sendo	 utilizado	
amplamente	pelos	geógrafos	ligados	à	corrente	fenomenológica	e	cultural.	
Segundo Holzer (1999), sobretudo pelas contribuições de autores como Yi-Fu Tuan e Anne Butiimer, a ideia 
de	lugar	passou	a	associar-se	à	corrente	filosófica	da	fenomenologia	que,	basicamente,	trata	os	fatos	como	
únicos, partindo da compreensão do ser sobre a realidade e não da realidade em si, esta tida como inatingível. 
Por	isso,	o	lugar	ganhou	a	ideia	de	significação	e,	mais	do	que	isso,	de	afeto	e	percepção.
Logo, quando falamos de lugar nos referimos às porções espaciais que podem ser o bairro, a rua, uma 
comunidade, uma aldeia indígena etc. Contudo, para que se constitua num lugar é preciso que os indivíduos 
mantenham	com	essa	porção	do	espaço	relações	de	sentimento,	história	ou	afetividade.	Logo,	o	espaço	se	
constituirá no lugar! 
Figura	9	-	Indígenas	da	Amazônia:	íntima		relação	com	seu	lugar
Fonte: https://www.tripadvisor.com.br/LocationPhotoDirectLink-g303235-d2513270-i122878153-
Amazon_Eco_Adventures_Day_Tours-Manaus_Amazon_River_State_of_Amazonas.html 
3.8 O conhecimento científico e os métodos em Geografia 
Quando	falamos	de	conhecimento	científico	estamos	tratando	de	um	tema	fundamental	no	campo	das	ciências	
e	que	tem	requerido	muitos	esforços	e	reflexões	por	amplas	parcelas	de	pensadores.	
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
26
Com	o	desenvolvimento	da	teoria	do	conhecimento	a	ciência	buscou	estruturar	a	atitude	científica	em	busca	
da objetividade e das leis gerais. Logo, a ciência passou a se constituir como resultado de observações e 
experimentos	elaborados	segundo	regras	científicas.
Tal	atitude	influenciou	diversas	áreas	do	conhecimento,	inclusive	a	Geografia.	Nesse	sentido,	o	desenvolvimento	
do	pensamento	geográfico	esteve	diretamente	relacionado	ao	paradigma	unificador	da	perspectiva	social	e	
natural na ciência: o positivismo.
O	positivismo	influenciou	diretamente	os	geógrafos	físicos,	mas	sem	deixar	de	fazê-lo,	também,	sobre	aqueles	
que trabalham com a perspectiva humana. 
3.9 O método e os métodos em Geografia 
No	campo	científico	muito	se	fala	do	método.	Para	muitos	autores,	a	ciência	se	caracteriza	pela	existência	de	
regras	gerais	(teorias),	pela	existência	de	um	objeto	e	pelo	método	(ARAÚJO,	2003).	
A	Geografia	tem	buscado	elaborar	teorias	geográficas,	possui	um	objeto	(o	espaço)	e	tem,	ao	longo	de	sua	
trajetória,	buscado	o	seu	método	de	análise.	
Durante	muito	tempo	a	Geografia	permaneceu	utilizando-se	do	método	descritivo,	ou	seja,	buscando	a	simples	
descrição da paisagem sem buscar estabelecer relações de causas e efeitos. O fato é que em determinado 
momento	da	história	–	como	já	visto	na	Unidade	2	–	a	Geografia	foi	provocada	a	repensar	seu	método,	fato	
que a colocou em xeque absorvendo novas formas de interpretação da realidade. 
O método corresponde a um conjunto de princípios sistematizados que leva o pesquisador a um determinado 
resultado. Diferentes explicativas buscam traduzir o conceito de método, vejamos algumas delas.Observe: 
 Para Batista (2013, p.20), “o método é um instrumento organizado que procura atingir resultados estando 
diretamente	 ligado	a	 teoria	que	o	 fundamenta.	É	ainda	um	conjunto	de	procedimentos	baseados	em	
regras	gerais,	que	visam	atingir	um	objetivo	determinado”;	
	 Segundo	Moreira	(2009,	p.29),	“O	método	veste	a	roupa	que	lhe	dá	a	teoria”,	ou	seja,	para	cada	teoria	se	
tem	um	método	específico	que	leva	a	um	específico	resultado.	
Outro conceito
	 Na	história	da	ciência,	o	primeiro	a	suscitar	a	problemática	do	método	foi	Galileu.	Para	Batista	(2013,	
p.20), o método de Galileu pode ser denominado de indução experimental “chegando-se a uma lei geral 
por	intermédio	da	observação	de	certo	número	de	casos	particulares”;Para	Lakatos	(2008),	os	principais	
passos	do	método	de	Galileu	foram	a	observação,	análise	do	fenômeno,	indução	de	algumas	hipóteses,	
verificação,	generalização	e	confirmação	das	hipóteses,	obtendo-se	leis	gerais;	
	 Lakatos	(1991,	p.51)	afirma	que:	“com	o	passar	do	tempo	muitas	modificações	foram	sendo	feitas	nos	
métodos	existentes”	tendo	como	consequência	o	surgimento	de	outros	métodos.	
O	fato	é	que	no	campo	da	Geografia	alguns	métodos	são	utilizados,	a	saber:	indutivo,	dedutivo,	hipotético-
dedutivo,	positivismo,	estruturalismo,	funcionalismo,	materialismo	histórico-dialético	e	fenomenologia.	
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
27
O	método	indutivo	se	constrói	a	partir	de	um	processo	mental	que	parte	de	dados	particulares	para	determinar	
uma verdade geral. Se diz, pois, que parte do particular para o geral. Para Lakatos (2008, p.63), um exemplo 
pode ser dado por meio da seguinte proposição: “todos os cães que foram observados tinham um coração. 
Logo,	todos	os	cães	têm	coração”.	
O método dedutivo parte do geral para explicar o particular. O exemplo dado por Lakatos (2008, p.63) é o 
seguinte: “Todos os mamíferos têm um coração. Ora, todo cão é um mamífero. Logo, todos os cães têm um 
coração”.	
O método hipotético-dedutivo parte da premissa de que as teorias devem ser testadas por meio da observação 
e experimentação. Como etapas deste método, Araújo (2003) defende: a criação de uma nova teoria na forma 
de proposição passível de teste. Daí, considera-se o processo de falseamento por meio de tentativas de 
refutação. 
O método positivista ou positivismo está diretamente relacionado às ideias de Augusto Comte. Se constitui 
num	método	que	se	preocupa	com	a	expressão	lógica	dos	discursos	científicos.	Logo,	busca	a	explicação	dos	
fenômenos	por	meio	de	suas	relações.	São	derivações	desse	método,	os	métodos	funcionalista	e	estruturalista.	
O funcionalismo é um método muito utilizado pelas ciências humanas. Busca conhecer as relações estabelecidas 
entre as partes de um conjunto. Para Batista (2003, p.23), 
o objetivo desse método é a explicação do social no sentido de 
corpo sistemático de explicações a serem tratados empiricamente. 
O	 funcionalismo	 representa	 os	 fenômenos	 do	 modo	 como	 eles	 se	
dão, dinamicamente, procurando ressaltar as conexões necessárias 
que digam respeito ao padrão de interação estrutural-funcional das 
unidades investigadas. 
O estruturalismo se constitui num método que compreende que a sociedade é formada por partes 
componentes interdependentes. Assim, busca estudar a função de cada parte dessa estrutura complexa. Para 
os	estruturalistas,	a	sociedade	é	“um	grupo	de	indivíduos	reunidos	numa	trama	de	ações	e	reações	sociais”.	
O método estrutural assume o empirismo, ou seja, o contato e observação do objeto, como metodologia de 
investigação. 
A fenomenologia se orienta pelos sentidos e não pela realidade. Não busca saber sob quais condições uma 
realidade	é	construída,	pergunta	apenas	qual	é	o	significado	daquilo	que	julgamos,	afirmamos,	sonhamos,	
vivemos. A Fenomenologia não se orienta para fatos externos ou internos, e, sim para a realidade da consciência, 
para os objetos enquanto intencionados pela consciência, isto é, para as essências ideais. Dessa forma, a 
fenomenologia tem uma tradição subjetiva e questiona a enorme valorização do objeto do método positivista. 
Por	fim,	o	método	histórico	e	dialético:
Fundamenta-se na dialética proposta por Hegel, na qual as contradições 
se transcendem dando origem a novas contradições que passam a 
requerer	solução.	É	um	método	de	interpretação	dinâmica	e	totalizante	
da realidade. Considera que os fatos não podem ser considerados 
fora	de	um	contexto	 social,político,	 econômico	etc.	Empregado	em	
pesquisa qualitativa (SILVA, 2001, p.25).
C
ur
so
 d
e 
Li
ce
nc
ia
tu
ra
 e
m
 G
eo
gr
afi
a
28
Resumo
Na	Unidade	3,		você	conheceu	os	conceitos-chave	da	Geografia	e	sua	aplicabilidade	nos	estudos	geográficos.	
Conheceu	também,	um	pouco	sobre	os	métodos	de	pesquisa,	utilizados	nas	pesquisas	geográficas.	
Agora é ampliar o conhecimento lendo os materiais de apoio e pesquisando sobre cada um dos conteúdos! 
 Referências
ARAÚJO,	Inês	Lacerda.	Introdução à Filosofia da Ciência.3. ed. Curitiba: Ed. UFPR. 2003.
BATISTA, Rosana de Oliveira Santos. As afinidades seletivas do pensamento reclusiano: na trilha da 
confluência	das	 ideias	de	Rousseau	 ,	2013.	 (Tese	de	Doutorado	2013	no	Núcleo	de	Pós	 -Graduação	em	
Geografia	na	Universidade	Federal	de	Sergipe).	
CORRÊA,	 Roberto	 Lobato.	 Espaço:	 um	 conceito-chave	 da	 geografia.	 In:______.	Geografia: conceitos e 
temas	.CASTRO,Iná	Elias	de	G298;		GOMES,Paulo	Cesar	da	Costa;CORRÊA,	Roberto	Lobato	(Orgs.). 2. ed. 
–		Bertrand:	Rio	de	Janeiro,	2000.
GOMES, Geografia: conceitos e temas	.CASTRO,	Iná	Elias	de	G298		Castro;	GOMES,	Paulo	Cesar	da	Costa;	
CORRÊA,	Roberto	Lobato	(Orgs.).	2.	ed.	Bertrand:	Rio	de	Janeiro,	2000.
HOLZER,	W.	O	lugar	na	Geografia	Humanista.	Revista Território.	Rio	de	Janeiro.	Ano	IV,	n°	7.	p.67-78,	1999.	
LAKATOS, E.M., M., M. de A. Fundamentos de metodologia científica. 3.ed. S. P.: Atlas, 1991. 
 LAKATOS, Eva Maria. Metodologia Científica. 5. ed. SP: ATLAS, 2008.
MOREIRA, Ruy. O que é geografia? 2. ed. Editora Brasiliense, 2009. 
PENA,	 Rodolfo	 F.	Alves.	 “Paisagem	 Cultural	 e	 Paisagem	 Natural”;	Brasil Escola. Disponível em: <http://
brasilescola.uol.com.br/geografia/paisagem-cultural-paisagem-natural.htm>.	Acesso	em:	26	nov.		2017.	
SILVA,	Edna	Lúcia;MENEZES,Estera	Muszkat.		Metodologia da pesquisa e elaboração de dissertação. 3. 
ed.	rev.	atual.	–	Florianópolis:	Laboratório	de	Ensino	a	Distância	da	UFSC,	2001.
SOUZA,	Marcelo	José	Lopes.	O	território:	sobre	espaço,	poder,	autonomia	e	desenvolvimento.	In:_______.	
Geografia: conceitos e temas.	CASTRO,Iná	Elias	 de	G298;	GOMES,	Paulo	Cesar	 da	Costa	 ;	CORRÊA,	
Roberto Lobato Corrêa.	2.	ed.	Bertrand:	Rio	de	Janeiro,	2000.
	Noções Básicas de Sociologia e Antropologia
	_GoBack
	_GoBack

Continue navegando