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DESAPROPRIAÇÃO-PRESSUPOSTOS-THIAGO

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DESAPROPRIAÇÃO
 EVOLUÇÃO HISTÓRICA 
Desapropriação é um assunto pautado em torno de um dos requisitos mais importantes da vida social, a propriedade individual. Esta por sua vez, foi expressamente tratada na constituição de 1824, como o gozo em toda a sua plenitude.
Nessa época foi trabalhado, também, as hipóteses da desapropriação, deixando bem claro que, o uso e emprego da propriedade do cidadão será previamente indenizado do valor dela.
Os casos específicos de cabimentos foram pautados por uma lei ordinária (422/1826) que versa sobre as hipóteses de necessidade pública e utilidade pública e foi mantida em todas as demais constituições.
Já a terceira forma de cabimento foi inserida na constituição de 1947, a desapropriação por interesse social, que teve por fundamento a função social da propriedade e foi regulamentada pela lei 4132/62. Nesse contexto, ainda teve uma emenda constitucional que instituiu uma nova modalidade na desapropriação pelo interesse social, a reforma agrária. 
A constituição vigente (de 1988) abordou de forma coerente às cartas magnas antecessoras e ainda ampliou as modalidades e as hipóteses de desapropriações. A primeira adição foi na forma de indenização, expressamente no art. 182, § 4º inciso III, em que o pagamento da indenização também pode ser feito em títulos da dívida pública e segunda, discorreu sobre a desapropriação sem indenização, que incidirá sobre terras onde se cultivem plantas psicotrópicas legalmente proibidas (art. 243), disciplinada pela Lei 8.257/91.
Dessa forma, segundo Di Pietro (2018, P.235), ‘’Desapropriação é o procedimento administrativo pelo qual o Poder Público ou seus delegados, mediante prévia declaração de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social, impõe ao proprietário a perda de um bem, substituindo-o por justa indenização’’.
E ainda, conforme José dos Santos Carvalho Filho (2018, P.950) ‘’Desapropriação é o procedimento de direito público pelo qual o Poder Público transfere para si a propriedade de terceiro, por razões de utilidade pública ou de interesse social, normalmente mediante o pagamento de indenização’’.
 Pressupostos 
A constituição brasileira indica três pressupostos para desapropriar algum imóvel, conforme o artigo 5º, inciso XXIV, da CF: A lei estabelecerá o procedimento para desapropriação por necessidade ou utilidade pública, ou por interesse social, mediante justa e prévia indenização em dinheiro, ressalvados os casos previstos nesta Constituição;
Segundo Di Pietro (2018, p.254)
Há que se observar, contudo, que a definição de quais sejam os casos de necessidade pública, utilidade pública ou interesse social não fica a critério da Administração Pública, uma vez que as hipóteses vêm taxativamente indicadas em lei; não basta, no ato expropriatório, mencionar genericamente um dos três fundamentos; é necessário indicar o dispositivo legal em que se enquadra a hipótese concreta.
2.1) Utilidade Pública é quando há um interesse maior da Administração, para ter comodidade e utilidade em prol da sociedade.
 Não há caráter de urgência, entretanto será feita a desapropriação conforme a oportunidade e a conveniência.
Para ser declarado a utilidade pública é necessário observar os dispositivos do decreto-lei 3365/41, art. 50. 
Exemplos:
 	i) a criação e melhoramento de centros de população, seu abastecimento regular de meios de subsistência;
iv) a exploração ou a conservação dos serviços públicos;
v) o funcionamento dos meios de transporte coletivo.
2.2) Necessidade Pública é quando passa ser uma necessidade urgente da utilização de determinada propriedade pela administração pública. Ou seja, não pode ser adiada, pois o bem imóvel precisa ser transferido para o Estado.
José dos Santos carvalho compreende que a necessidade pública está dentro da utilidade pública ‘’ embora o texto constitucional se refira a ambas as
Expressões, o certo é que a noção de necessidade pública já está inserida na de utilidade pública’’, isso porque a necessidade pública não veio disciplinada no novo código civil, somente a utilidade pública. Assim, da mesma forma, o decreto lei 3365/41 fundiu as duas hipóteses no mesmo art. 50, como: 
a) a segurança nacional;
b) a defesa do Estado;
c) o socorro público em caso de calamidade;
d) a salubridade pública.
Por exemplo, imóvel localizado em área de risco e que após chuvas torrenciais é objeto de deslizamentos, que poderão colocar em risco a vida das pessoas do local e do entorno.
2.3) Utilidade Social diz respeito a distribuição justamente das terras, visando um melhor aproveitamento da terra, utilização ou produtividade em prol da sociedade. 
Está disciplinada no art. 2º da lei 4132/62 e fala também sobre a sua aplicação. São exemplos delas: 
i) o aproveitamento de todo bem improdutivo ou explorado sem correspondência com as necessidades de habitação, trabalho e consumo dos centros de população a que deve ou possa suprir por seu destino econômico;
ii) o estabelecimento e a manutenção de colônias ou cooperativas de povoamento e trabalho agrícola; a manutenção de posseiros em terrenos urbanos onde, com a tolerância expressa ou tácita do proprietário, tenham construído sua habilitação, formando núcleos residenciais de mais de 10 (dez) famílias;
iii) a construção de casa populares;
2.3.1) Ainda, tratando de interesse social, existe mais três modalidades, das quais estão expressas em locais diferentes da legislação:
1º) A primeira fala sobre desapropriação por desapropriação-sanção ou desapropriação urbanística sancionatória, prevista no art. 182 da CF/88: ‘’A política de desenvolvimento urbano, executada pelo Poder Público municipal, conforme diretrizes gerais fixadas em lei, tem por objetivo ordenar o pleno desenvolvimento das funções sociais da cidade e garantir o bem- estar de seus habitantes. ’’.
2º) O segundo exemplo prevê a desapropriação com interesse social para fins de reforma agrária elencado no art. 184 da CF/88: 
Compete à União desapropriar por interesse social, para fins de reforma agrária, o imóvel rural que não esteja cumprindo sua função social, mediante prévia e justa indenização em títulos da dívida agrária, com cláusula de preservação do valor real, resgatáveis no prazo de até vinte anos, a partir do segundo ano de sua emissão, e cuja utilização será definida em lei.
Esta modalidade busca punir àquele que não cumpre a função social de sua propriedade, que diferente da desapropriação urbanística sancionatória, esta é de competência exclusiva da União Federal e está disciplinada na lei 8629/1993.
3º) E por fim, a desapropriação da propriedade nociva elencada no art. 243, da CF:
As glebas de qualquer região do País onde forem localizadas culturas ilegais de plantas psicotrópicas serão imediatamente expropriadas e especificamente destinadas ao assentamento de colonos, para o cultivo de produtos alimentícios e medicamentosos, sem qualquer indenização ao proprietário e sem prejuízo de outras sanções previstas em lei.

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