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Resenha Uma carta da prisão

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UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ
Pós Graduação em Políticas e Gestão em Segurança Pública
Resenha Crítica do Caso de Harward intitulado “Uma Carta da Prisão”
Aluno: Carlos de Alencar Ramos
Trabalho da disciplina: Modelos e instituições de segurança pública
 Tutor: Professora Gisela Vasconcelos Esposel
Araras
2019
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Resenha: Uma carta da prisão 
O sistema penitenciário tem por finalidade o cumprimento da pena, com o objetivo da ressocialização dos indivíduos. Portanto, o que ocorre efetivamente com os presos brasileiros é o inverso, a prisão deixou de ser uma medida de ressocialização para ser um ambiente de torturas, tratamentos desumanos e desprezando os direitos básicos.
Iremos dar início ao nosso trabalho relembrando sobre o ano de 1992, que aconteceu o “Massacre do Carandiru”.
Um dia trágico onde foram mortos 111 detentos e 130 detentos foram feridos pela polícia, que precisou invadiu o local para evitar uma nova rebelião no pavilhão 9 da Casa de Detenção de São Paulo
Esse dia trágico foi marco da força policial em exagero, pois eles entraram para controlar a rebelião, mas acabou tornando um caso muito sério.
Nós sempre ouvimos nos noticiários que a violência está sempre marcando presença dentro do sistema penitenciário e, mesmo após a tragédia de 1992 ainda nos deparamos com notícias envolvendo os presídios.
Na verdade, a realidade dentro de um presídio chega até ser desumano, os presidiários ficam à mercê de violência massacres, torturas. O que se procura é que o regime carcerário seja de forma digna para que o presidiário pague pela sua pena do crime que cometeu, mas de forma humana, sem violência, pois violência gera ainda mais violência.
Ouvimos falar nos noticiários a superlotação das penitenciárias, a falta a serviços essenciais, como água e esgoto. Na realidade falta um estabelecimento adequado para que as pessoas cumpram suas penas de forma humana.
Neste caso que citamos a cima sobre o Carandiru, ele era considerado a Penitenciária do Estado, considerada uma prisão modelo para os detentos.
Sabemos que a violência está presente em todos os ambientes que nos encontramos, mas o que queremos também é chamar a atenção para os funcionários e responsáveis pelas penitenciárias, que agem de forma violenta, desumana com os detentos que estão lá. 
Independente do crime que cometeram, são considerados humanos por nós, embora muitos acham que os penitenciários tenham que passar por humilhações e violência.
Precisamos que nosso Estado, nação passa a ver com outros olhos os acontecimentos que ocorrem dentro de uma Penitenciária, e que se estabeleça acordos entre eles, para que o presídio seja visto como um local que o detento está cumprindo a lei, cumprindo a pena que cometeu, e não um local que gere ainda mais violência.
A insuficiência de recursos e investimentos no sistema carcerário não contribui para ressocialização dos presos, pois dentro das penitenciárias eles ficam revoltados com a vida que levam e quando retornam à vida social cometem crimes novamente. A população vivencia cada dia mais a violência nas ruas e, por não acreditarem na justiça, querem fazer a justiça com as próprias mãos.
O Sistema prisional ou sistema carcerário é um sistema que abrange o encarceramento dos condenados por crimes contra a sociedade, ou seja, os detentos que praticaram algum tipo de crime e que foram sujeitos a estar “pagando” por suas penas.
As primeiras instituições penais surgiram com a necessidade do próprio homem em controlar aquilo que lhe fugia à regra, e colocava em risco a paz e o convívio social. Marcado por quatro momentos históricos, o sistema prisional teve seu primeiro marco no suplício, registrado até o século XVIII, como um dos períodos mais sangrentos da história. Durante esse período, o direito penal era regido por penas cruéis e desumanas, que exerciam através dos suplícios dos corpos dos condenados a manifestação do poder da lei, e “a tortura do judiciário.
“[...] funcionava nessa estranha economia em que o ritual que produz[ia] a verdade caminhava a par com o ritual que [impunha] a punição” (FOUCAULT, 2000, p.38). Assim, o corpo do condenado era considerado a peça chave em seu castigo, pois cabia ao culpado, em praça pública ter seu corpo apontado, vagado, revelado, martirizado para fazer “brilhar a verdade”, pois como apontado por Foucault (2000, p.39) “um suplício bem-sucedido justifica a justiça, na medida em que publica a verdade no próprio corpo do supliciado” 
Entretanto na segunda metade do século XVIII, o suplício se tornou intolerável, pois o povo, os magistrados e os parlamentares passaram a enxergá-lo como revoltante, pois estava gerando excesso de vingança. (MACHADO; SOUZA; SOUZA, 2013; FOUCAULT, 2000). Então, para que isso cessasse, criou-se a pena.
Os estabelecimentos prisionais, em especial os advindos da época do Código Criminal de 1830, deixaram uma péssima impressão deste instituto (vide Casa de Correção etc). 
A punição dos povos acaba passando por transformações constantes, e isso acaba nos passando a realidade política carcerária que estamos enfrentando. 
O sistema prisional Brasileiro passa por enormes dificuldades atualmente, ficando esse sistema abandonado de regras e de autoridade. 
Aqui iremos utilizar sobre reclusão, o conceito de recluso é usado como sinónimo de presidiário: a pessoa que se encontra a cumprir pena de prisão. Outros termos equivalentes são presos e prisioneiro.
Até meados do século XVIII, o Direito Penal foi marcado por penas cruéis e desumanas, não existindo a privação de liberdade como forma de pena.
Só existia a custódia, que é uma maneira de garantia que o acusado não iria fugir e também um meio para a produção de provas.
No século XVIII a pena privativa de liberdade passou a fazer parte do rol de punições do Direito Penal.
“Segundo o filósofo e historiador francês Michel Foucault (1926-1984), a mudança nas formas de punição acompanha transformações políticas do século XVIII, isto é, a queda do antigo regime e a ascensão da burguesia. A partir daí a punição deixa de ser um espetáculo público, por que isso passou a ser visto como um incentivo à violência, e adota-se a punição fechada, que segue regras rígidas. Portanto, ao invés de punir o corpo do condenado, pune-se a sua “alma”. Essa mudança, segundo o autor, é um modo de acabar com as punições imprevisíveis do soberano sobre o condenado, gerando proporcionalidade entre o crime e a punição”. (FOUCAULT, 1999. p. 28).
No final do século XVIII surgiram os primeiros projetos do que se tornariam as penitenciárias que conhecemos hoje. 
Outro inglês, Jeremy Bentham (1748-1832), defendia a punição proporcional. Para ele, “a disciplina dentro dos presídios deve ser severa, a alimentação grosseira e a vestimenta humilhante”, mas todo esse rigor serviria para mudar o caráter e os hábitos do delinquente. Em 1787, ele escreveu “Panóptico”, onde descrevia uma penitenciária modelo – com uma estrutura circular, uma torre no centro e as celas nas bordas – onde apenas um homem vigiaria todos os prisioneiros ao mesmo tempo, sem que estes o vissem. (FOUCAULT, 1999. p. 48).
Além das prisões, todas as estruturas hierárquicas como escolas, hospitais, fábricas e os quartéis seguiram esse padrão de organização.
No final do século XVIII e início do século XIX, surgem na Filadélfia os primeiros presídios que seguiam o sistema celular, ou sistema da Filadélfia. O preso ficava isolado em sua cela, em reclusão total, sem contato com o mundo externo e com os outros presos. 
No Brasil, até o ano de 1830, não existia um Código Penal próprio, submetendo-se às Ordenações Filipinas, que, em seu livro V, elencava crimes e penas que seriam aplicadas no Brasil. Pena de morte, degredo para as galés e outros lugares, penas corporais (como açoite, mutilação, queimaduras), confisco de bens e multa e ainda penas como humilhação pública do réu eram exemplos depenas aplicadas na colônia. 
Em 1824, com a nova Constituição, o Brasil começa a reformar seu sistema punitivo: banem-se as penas de açoite, tortura e outras penas cruéis; determina-se que as cadeias devem ser “seguras, limpas e bem arejadas havendo diversas casas para a separação dos réus, conforme a circunstâncias, e natureza dos seus crimes”. (FOUCAULT, 1999. p. 39). A abolição das penas cruéis não foi plena, já que os escravos ainda estavam sujeitos a elas.
Em 1830, com o Código Criminal do Império, a pena de prisão é introduzida no Brasil em duas formas: a prisão simples e a prisão com trabalho (que podia ser perpétua). O Código não estabelece nenhum sistema penitenciário específico, ficando a cargo dos governos provinciais escolher o tipo de prisão e seus regulamentos.
Em 1828, a Lei Imperial determina que uma comissão visite prisões civis, militares e eclesiásticas para informar do seu estado e melhoramentos necessários. Esse trabalho resultou em relatórios de suma importância para a questão prisional do país, mostrando a realidade lastimável desses estabelecimentos. (FOUCAULT, 1999. p. 36).
Em 1890, o novo Código Penal aboliu as penas de morte, penas perpétuas, açoite e as galés e previa quatro tipos de prisão: celular; reclusão em “fortalezas, praças de guerra ou estabelecimentos militares”, destinada aos crimes políticos; prisão com trabalho que era “cumprida em penitenciárias agrícolas, para esse fim destinadas, ou em presídios militares; e disciplinar, cumprida em estabelecimentos especiais para menores de 21 anos. Uma inovação desse Código foi estabelecer limite de 30 anos para as penas.
Em 1905 foi aprovada uma nova lei para a substituição da antiga penitenciária. O novo estabelecimento teria 1.200 vagas, oficinas de trabalho, tamanho de celas adequado, com boa ventilação e iluminação. O prédio foi entregue em 1920, mesmo ser estar completamente concluído.
A pessoas que fazem algo que é contra as leis brasileiras passam pelo Sistema Penitenciário Brasileiro, sendo assim visto como um ex-presidiário. 
Ex-presidiário tem muitas dificuldades em voltar a conviver na sociedade, geralmente não conseguem inserção no mercado, são tachados por marginais, independentemente do crime que cometeu.
Isso é a realidade que os ex-presidiários são vistos aqui no Brasil.
Existe o preconceito, a dificuldade de arranjar trabalho, a necessidade de se readaptar, e o medo de cair de novo em erro.
Esse medo, através de pesquisas comprovaram que cerca de 42% dos ex-presidiários voltam a praticar crimes e acabam parando na prisão mais uma vez. 
O que queremos frisar aqui é que o sistema penitenciário pune, mas não capacita para que o detento se reeduque e se capacite.
O sistema prisional de hoje é um trauma para a sociedade, especialmente nos países em desenvolvimento, nos quais os índices de criminalidade cresceram de forma exponencial nas últimas duas décadas. 
O trauma da sociedade é realmente grande quanto a tudo isso, especialmente para aqueles que perderam pessoas queridas em atos de violência. 
É necessário que as leis existentes sejam cumpridas e penas sejam aplicadas para combater os criminosos. Mas mais importante que a aplicação da lei são os investimentos em educação e em condições de vida dignas para combater realmente a criminalidade. 
A sociedade, com o apoio do Estado, precisa fazer um grande esforço para romper essas barreiras, que mais atrasam do que defendem os cidadãos. 
O Código penal brasileiro não adotou o sistema progressivo, que se caracteriza por um período de isolamento seguido por uma fase de trabalho com outros condenados, mas sim um sistema progressivo, como está registrado na Lei de Execução Penal art. 112 “as penas privativas de liberdade deverão ser executadas em forma progressiva, segundo o mérito do condenado”.
A meta dessa progressividade seria adaptar o condenado ao convívio social, ao passo que fosse diminuindo o rigor da pena. Desta forma, ao aplicar a pena de restrição de liberdade, o Estado se encarregaria de prestar ao apenado assistência material e à saúde, além de possibilitar o exercício do trabalho, o convívio social com a família e a assistência religiosa. Todo este conjunto de medidas, teria em vista, alcançar a ressocialização.
Os primeiros sistemas penitenciários surgiram nos Estados Unidos. Paralelamente ao surgimento de tais estabelecimentos é que se originou o instituto da pena privativa de liberdade.
Três são os sistemas prisionais criados: o Sistema Pensilvânico ou Celular, o Sistema Auburniano, e o Sistema Progressivo. Cada sistema possui características e objetivos diversos, sendo que foram evoluindo, acompanhando as constantes mudanças sociais e jurídicas. Após constantes evoluções, chegou-se no Sistema Progressivo, que é o utilizado atualmente.
A imputação e aplicação da pena decorre do ius puniendi do Estado, ou seja, do direito deste ente de aplicar uma sanção ao indivíduo que pratica ato típico, ilícito e culpável.
Verifica-se que desde a antiguidade até, basicamente, o século XVIII, as penas tinham um característica extremamente aflitiva, uma vez que o corpo do agente é que pagava pelo mal por ele praticado. O período iluminista, que teve início no século XVIII, foi um marco inicial para uma mudança de mentalidade no que dizia respeito à cominação das penas. 
Saliente-se que tal sistema reduzia muito os gastos com vigilância, pois os presos eram obrigados a ficar em silêncio e confinados. Todavia, não demorou muito para perceber que esse sistema era extremamente negativo e desumano e se mostrava ineficaz. 
Para que a pena não seja a violência de um ou de muitos contra o cidadão particular, deverá ser essencialmente pública, rápida, necessária, a mínima dentre as possíveis, nas dadas circunstâncias ocorridas, proporcional ao delito e ditada pela lei.
No Brasil, de acordo com o art.32 do Código Penal brasileiro, as penas podem ser classificadas em: Privativas de liberdade, restritivas de direitos e multa. As penas privativas de liberdade se dividem em: prisão simples (Lei de Contravenções Penais), reclusão e detenção (Código Penal). As penas restritivas de direitos são: Prestação pecuniária, perda de bens e valores, prestação de serviços à comunidade ou a entidades públicas, interdição temporária de direitos e limitação de fim de semana. A pena de multa possui natureza pecuniária e o seu cálculo é feito com base no sistema de dias-multa.
A prevenção se revelaria pela capacidade da pena aplicada ao agente, de intimidar aqueles que tem inclinação para a prática de crimes a não cometê-los; além de infundir na consciência das pessoas a necessidade de respeitar determinados bens jurídicos e certos valores sociais.
Já a Criminologia radical, variante do paradigma da reação social tem uma outra visão a respeito da pena e dos seus objetivos.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
FOUCAULT, Michel. VIGIAR E PUNIR: Nascimento da prisão. 20. ed. Petrópolis: Editora Vozes Ltda, 1999. 262 p. 
A Evolução Histórica do Sistema Prisional. Número 61. Universo. Dez 2016/Jan. 2017. Disponível em http://pre.univesp.br/sistema-prisional#.WJevRFUrLIU. Acesso em 20 de outubro de 2019. 
MACHADO, Ana Elise Bernal; SOUZA, Ana Paula dos Reis; SOUZA, Mariani Cristia de. Sistema Penitenciário Brasileiro - origem, atualidade e exemplos funcionais. Revista do Curso de Direito da Faculdade de Humanidades e Direto, São Paulo, v. 10, n. 10, p.202-212, 2013.
 
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