Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
08/08/2017 1 CONSTITUCIONALISMO Prof. Me. Ivonaldo da Silva Mesquita UNIDADE I – Constitucionalismo 1 CONSTITUCIONALISMO • Palavra recente revestida numa ideia remota (BULOS, 2012, p. 64 e ss; NOVELINO, 2011, p. 50 e ss ). • Compreensão: • Estado: povo – território – soberania – *finalidade Constitucionalismo Estado Direito Constitucional Constituição 1 CONSTITUCIONALISMO • Sentidos do termo (BULOS, 2015, p. 64): • Sentido amplo: “é o fenômeno relacionado ao fato de todo Estado possuir uma constituição em qualquer época da humanidade, independentemente do regime político adotado ou do perfil jurídico que se lhe pretende irrogar” – constitucionalismo material. • Sentido estrito: “é a técnica jurídica de tutela das liberdades, surgida nos fins do século XVIII, que possibilitou aos cidadãos exercerem, com base em constituições escritas, os seus direitos fundamentais, sem que o Estado lhes pudesse oprimir pelo uso da força” – constitucionalismo formal. 1 CONSTITUCIONALISMO • “a teoria ou ideologia que ergue o princípio do governo limitado indispensável à garantia dos direitos em dimensão estruturante da organização político-social de uma comunidade.” (CANOTILHO) • Para ele, o Constitucionalismo é uma teoria normativa da política, tal como a teoria da democracia ou a teoria do liberalismo. 1 CONSTITUCIONALISMO • André Ramos Tavares assinala que o termo Constitucionalismo pode ter as seguintes acepções: • limitação do poder arbitrário; • imposição de que haja Cartas Constitucionais escritas; • indicação dos propósitos mais latentes e atuais da função e posição das Constituições nas mais diversas sociedades e referência a uma evolução histórico Constitucional de um determinado Estado. 08/08/2017 2 1 CONSTITUCIONALISMO • Conceituação: • Da ótica sentido estrito (stricto sensu), o significado de constitucionalismo advém do movimento constitucionalista, que o alçou ao posto de técnica jurídica de tutela das liberdades públicas, significando: • “movimento jurídico, social, político e ideológico que concebeu ou aperfeiçoou a ideia de estruturação racional do Estado e de limitação do exercício de seu poder, concretizada pela elaboração de um documento escrito [constituição] destinado a representar sua lei fundamental e suprema.” (grifos nosso) 1 CONSTITUCIONALISMO • Origem do constitucionalismo formal: Estado moderno: Revolução Francesa – Estado liberal (1789) • Documentos históricos (origem do constitucionalismo formal): Constituição Americana de 1787(com 7 artigos) e a Constituição Francesa de 1791(Girondina de 1793 com 402 artigos), ambas escritas e rígidas. • Precedente: Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 • Inspiração: ideais de racionalidade do Iluminismo e Individualismo que são as marcas nucleares do Liberalismo (liberdade formal=laissez faire). 1 CONSTITUCIONALISMO • Por que foi/é um movimento jurídico, social, político e ideológico? 1 CONSTITUCIONALISMO • Jurídico → propôs a regulamentação legal ao exercício do poder por intermédio da adoção de constituições escritas, cuja superioridade implica a subordinação de todos os atos de governo aos seus dispositivos. • Social → estimulou o povo a lutar contra a hegemonia do poder absoluto, a fim de dividi- lo, organizá-lo e discipliná-lo. (BULOS, 2015, p. 65) 1 CONSTITUCIONALISMO • Político → bradou contra a opressão e o arbítrio, em nome da defesa dos direitos e garantias fundamentais. • Ideológico → exprimiu a ideologia liberalista, baseada na implantação de um governo das leis e não dos homens. Nesse particular aspecto de cunho liberal- burguês, a concepção de constitucionalismo não se restringe a limitar o poder e a garantir as liberdades públicas. Vai mais adiante, abrangendo os diversos quadrantes da vida econômica, política, cultural etc. (BULOS, 2015, p. 65) 1 CONSTITUCIONALISMO • Evolução: • Liberalismo (Estado Liberal/ liberdades negativas) → socialismo (Estado Social/ liberdades positivas) • Objetivo: limitar o poder despótico, mediante o estabelecimento de regimes constitucionais. • Relação de contrariedade: • Absolutismo x Constitucionalismo 08/08/2017 3 1 CONSTITUCIONALISMO • Característica essencial em todos os tempos: limitação, pelo Direito, da ingerência do Estado (Governo) na esfera privada (limitação do poder). • Ideias básicas (identidade atual): garantia dos direitos, separação de poderes e princípio do governo limitado, cuja raiz está nas ideias desenvolvidas por Kant e Montesquieu como forma de impedir o uso arbitrário do poder (NOVELINO, 2011, p. 51-52). 1 CONSTITUCIONALISMO • NICOLA MATTEUCCI: “a definição mais conhecida de constitucionalismo é a que o identifica com a divisão do poder ou, de acordo com a formulação jurídica, com a separação dos poderes. [...] precedente assaz respeitável, a Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789” (Dicionário de Política, v. 1, p. 248). • Artigo 16 da Declaração: “Toda a sociedade na qual não está assegurada a garantia dos direitos, nem determinada a separação dos Poderes, não tem constituição.” (grifou-se) 1 CONSTITUCIONALISMO • OBS.: A definição de Constitucionalismo e a própria teoria constitucional desenvolveram e se desenvolvem já no período contemporâneo, não obstante para que se possa entender tal fenômeno, o seu desenvolvimento bem como a conjuntura político-constitucional atual, faz-se necessário analisar as diversas experiências jurídicas ocorridas no passado, as quais podem ser consideradas como movimentos constitucionalistas, desde que guardadas as devidas proporções dos pontos de vista político, econômico, social e religioso. • Destaque a ser observado como ocorreu a evolução das declarações dos direitos fundamentais desde as manifestações religiosas do Estado teocrático Hebreu até a sua previsão nas Constituições contemporâneas. 1 CONSTITUCIONALISMO • Evolução ou Desenvolvimento Histórico: • 6 (seis) etapas (BULOS, 2015, p. 66): • PrimiƟvo → 30.000 a.C. até 3.000 a.C.; • AnƟgo → 3.000 a.C. até séc. V; • Medieval → séc. V até séc. XV; • Moderno → séc. XV até séc. XVIII; • Contemporâneo → séc. XVIII aos nossos dias; • Constitucionalismo do Futuro ou do porvir. 1 CONSTITUCIONALISMO • Desenvolvimento histórico: (Marcelo Novelino) a distinção é apenas destacar didaticamente as características marcantes de certos sistemas jurídicos em determinadas épocas. • Constitucionalismo Antigo (Antiguidade e Idade Média) • Constitucionalismo Moderno (Idade Moderna) • Constitucionalismo Contemporâneo (Pós-moderno) • Transconstitucionalismo • Constitucionalismo do Futuro ou do Porvir 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo Antigo (Antiguidade Primitiva, Clássica e Idade Média) → “conjunto de princípios escritos ou consuetudinários alicerçadores da existência de direitos estamentais perante o monarca e simultaneamente limitadores de seu poder” (CANOTILHO apud NOVELINO, 2011, p. 53). • Constituições consuetudinárias – Estado absolutista – Poder ilimitado • Destaque para 4 (quatro) experiências: • Estado Hebreu (Antiguidade primitiva); • Grécia e Roma (Antiguidade Clássica); • Inglaterra (Idade Média) 08/08/2017 4 1 CONSTITUCIONALISMO • Estado Hebreu (Antiguidade primitiva) • Estado absolutista com regime teocrático. • Limitação do poder pelos dogmas religiosos, cabendo aos profetas fiscalizar e punir os governantes que ultrapassavam o limites bíblicos. • Marco histórico do nascimento do constitucionalismo (Karl LOEWENSTEIN) 1 CONSTITUCIONALISMO • Características: • I) existência de leis não escritas ao lado dos costumes (opinio juris et necessitatis), principal fonte dos direitos; II) forte influência da religião, com a crença de que os líderes eram representantes dos deuses na terra; III) predomíniodos meios de constrangimento para assegurar o respeito aos padrões de conduta da comunidade (ordálias) e manter a coesão do grupo; e, IV) tendência de julgar os litígios de acordo com as soluções dadas a conflitos semelhantes (verdadeiros precedentes judiciários). 1 CONSTITUCIONALISMO • Grécia Antiga: experiência institucional extremamente variada e um teorizar idôneo e desenvolvido. Estado Político plenamente constitucional (Democracia constitucional). • A Cidade-Estado de Atenas, com sua “Constituição de Sólon”, é um exemplo clássico daquilo que representou o início da racionalização do poder. 1 CONSTITUCIONALISMO • Os gregos consideravam como constitucional as formas de governo nas quais “o poder não estivesse legibus solutus, mas fosse limitado pela lei” (MATTEUCCI apud NOVELINO, p. 54). • Atenas já se praticavam ideias e institutos que se conservam até hoje “como a divisão das funções estatais por órgãos diversos, a separação entre o poder secular e a religião, a existência de um sistema judicial e, sobretudo, a supremacia da lei, criada por um processo formal adequado e válida para todos.” (BARROSO, 2009) 1 CONSTITUCIONALISMO • Características → I) a inexistência de Constituições escritas; II) prevalência da supremacia do parlamento; III) a possibilidade de modificação das proclamações constitucionais por atos legislativos ordinários; e IV) a irresponsabilidade governamental dos detentores de poder. (NOVELINO, 2011). • Limitação do poder → participação direta das pessoas (cidadãos) nas decisões sobre assuntos de interesse comum (Democracia). Inocorria neste modelo decisões impostas de forma arbitrária sem a concordância dos cidadãos. • Filosofia de Aristóteles e Platão → o ser humano como centro da sociedade política, a valorização da legalidade com garantia dos governados, a separação de poderes e a utilização do bem comum para a definição das formas puras de governo. 1 CONSTITUCIONALISMO • Roma Antiga: o termo “constituição”- constitutio já era utilizado em Roma desde a época do imperador Adriano, mas com sentido bem diverso do moderno (designava normas feitas pelos imperadores romanos com valor de lei). 08/08/2017 5 1 CONSTITUCIONALISMO • A experiência ocorrida na República Romana (séculos V a II a.C), posterior à grega, pode ser considerada como similar a esta, porém com alguns aperfeiçoamentos. • Nesta Democracia, primava-se o direito da Liberdade como um objetivo estatal e não simplesmente como direito individual. • O arbítrio era limitado por meio de normas, emitidas pelos imperadores romanos, as quais possuíam força de lei e garantiam os direitos individuais das pessoas (constitutio). 1 CONSTITUCIONALISMO • A Democracia romana (regime político) → retrospecto da ocorrida na Grécia, com uma sequência diferente e diversas ampliações, fornecendo modelos conceituais como “principado” e “res publica” (forma de governo) (SALDANHA apud NOVELINO, 2011) • “as normas de regência estabeleciam formas de controle recíproco dos poderes dos órgãos políticos na elaboração das leis. ” (BARRETO, 2013) • Eficientes controles interórgãos, tal qual a participação do Senado na nomeação dos funcionários públicos e a avançada previsão de governo para tempos de crises, mediante a institucionalização da ditadura constitucional com determinados fins e por períodos limitados. (BERNARDES) 1 CONSTITUCIONALISMO • Alguns antecedentes formais das declarações de direitos foram sendo elaborados, como o veto do tribuno da plebe contra ações injustas dos patrícios em Roma, a Lei de Valério Publícola proibindo penas corporais contra cidadãos em certas situações até culminar com o Interdicto in Homine Libero Exhibendo, remoto antecedente do Habeas Corpus moderno, que o Direito Romano instituiu como proteção jurídica da liberdade. • Com Constitucionalismo romano encerra-se o período republicano e início do período imperial romano. 1 CONSTITUCIONALISMO • Inglaterra (Idade Média): Apesar da existência de instituições sociais tais como o Feudalismo e as castas sociais, serem, aparentemente, contraditórias com a existência de um Constitucionalismo, no sentido de limitação de poder, na Idade Média, após alguns séculos de regimes absolutistas, surgiram normas garantidoras de direitos individuais bem como uma função judiciária bastante atuante e independente. 1 CONSTITUCIONALISMO • Podem ser destacados os seguintes escritos garantidores de direitos individuais: os pactos e os forais. • Os pactos: pressupunham um acordo de vontades entre governantes e governados . • Os forais: permitiam a participação dos governados na Administração Local. • Pactos importantes (reconhece a primazia das liberdades públicas contra o abuso do poder): Magna Charta Libertatum (1215) firmado com os súditos (Barões); a Petition of Rigths (1628) firmado com o Parlamento e o Rei Carlos I; outros documentos: Habeas corpus Act (1679) o Bill of Rights (declaração de direitos/1689) e o Act of Settlement (1701/ato de acordo). 1 CONSTITUCIONALISMO • Pacto mais importante → Magna Charta Libertatum, de 15 de junho de 1215, tornada definitiva em 1225, outorgada pelo Rei João, mais conhecido como João Sem Terra, na Inglaterra. • Marcou o ressurgimento do Constitucionalismo, reconhecendo diversos direitos limitadores do poder estatal, dentre eles citam-se o habeas corpus, a limitação ao direito de tributar, o direito de petição, a instituição do júri, o devido processo legal, o princípio do livre acesso à justiça, a liberdade de religião, a aplicação proporcional das penas, direito de propriedade, entre outras. 08/08/2017 6 1 CONSTITUCIONALISMO • Fato histórico importante: Revolução Gloriosa (1688) pretendia manter e reforçar direitos e privilégios (manter a supremacia do parlamento sem alterar o regime). • A Bill of Rights → documento importantíssimo, que decorreu da Revolução Inglesa (Glorious Revolution), que durou do ano de 1688 a 1689. Ela elenca uma declaração de direitos e afirma a supremacia do parlamento. 1 CONSTITUCIONALISMO 1 CONSTITUCIONALISMO • Ganhos para o constitucionalismo – Rule of Law (princípio da primazia da lei – todo poder político deve ser legalmente limitado), cuja subordinação do governo ao direito só foi possível graças à independência dos juízes em relação ao poder político e pelas particularidades do direito inglês de considerar ao lado das normas os precedentes judiciais e os princípios de direito contido no common law (um direito em que os juízes são os conservadores e depositários). • Valorizava-se sobremaneira o direito natural, sendo tolhida, pelos juízes, toda e qualquer forma arbitrária de cerceamento destes direitos. 1 CONSTITUCIONALISMO • Características (constitucionalismo da idade média): supremacia do Parlamento; a monarquia parlamentar; responsabilidade parlamentar do governo; necessidade de afirmar a igualdade dos cidadãos perante o Estado, excluindo todo o poder arbitrário; primado da função judiciária carência de um sistema formal de direito administrativo; existência de documentos garantidores de liberdades públicas (pactos) e florescimento da ideia de que a autoridade dos governantes se fundava num contrato com os súditos. 1 CONSTITUCIONALISMO • OBS.: A perda de poder do monarca ocorreu em razão da instauração de um governo misto, composto pelo monarca, pela Câmara dos Lordes e pela Câmara dos Comuns, no qual cada membro deste trio governava com preponderância de prerrogativas em determinada época. A Câmara dos Comuns, que representava o povo, adquiriu muita força e este modelo de divisão acabou por inspirar a teoria de Montesquieu. • O Constitucionalismo Inglês marca o início da cultura de elaboração de declarações de direitos, limitando o poder, dando garantias aos governados e preparando as condições para a implantaçãode um Estado de Direito. Até a próxima aula!!!! 08/08/2017 7 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo Moderno (Idade Moderna) 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo Moderno (Idade Moderna) ↔ Constitucionalismo Formal • Subdivide-se em 2 (dois) estágios: • Constitucionalismo Clássico ou Liberal • Constitucionalismo Social 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo Clássico ou Liberal • Fins do séc. XVIII → Estado liberal • Primeira Geração de DF’s (liberdades negativas): direitos civis e direitos políticos → liberdade. • A Constituição alcança a formalização e conteúdo teórico-científicos com a Constituição Americana de 1787 e a Francesa de 1791 (ambas escritas e rígidas). • Influenciadores: Locke, Montesquieu, Rousseau, inspiradores das revoluções francesa e norte- americana, bem como por Thomas Jefferson e pelos federalistas. 1 CONSTITUCIONALISMO • Duas grandes matrizes do Constitucionalismo clássico ou liberal: • Constitucionalismo norte-americano • Constitucionalismo francês 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo norte-americano 1 CONSTITUCIONALISMO • As treze colônias inglesas→ declarando sua independência, por meio da (i)Declaração de Direitos do Bom Povo da Virgínia (Virginia Bill of Rights), de 12 de junho de 1776 (primeira declaração de direitos fundamentais em sentido moderno); e da (ii) Constituição da Virgínia (Constitution of Virgínia), em 29 de junho de 1776. • Após, os Articles of Confederation and Perpetual Union, de 1777 → a união dos treze estados independentes, num Estado Federal, os Estados Unidos da América. Posteriormente, estes artigos foram substituídos pela CONSTITUIÇÃO NORTE-AMERICANA, aprovada pela Convenção da Filadélfia, em 17 de setembro de 1787. 08/08/2017 8 1 CONSTITUCIONALISMO • Inspiradores do Constitucionalismo norte- americano: J. Locke (individualismo e liberalismo) e do pensador político francês Charles de Secondat, o barão de Montesquieu (limitação do poder) e, sobretudo, por Thomas Jefferson e pelos federalistas (John Jay, Alexander Hamilton e James Madison) 1 CONSTITUCIONALISMO • Ideias de supremacia da Constituição e garantia jurisdicional: a Constituição se encontra, por uma questão de lógica, em um plano juridicamente superior aos do que dele participam (Legislativo, Executivo e Judiciário), determinando quem manda, como manda e até em que parte pode mandar, cuja garantia da sua supremacia é atribuída ao Poder Judiciário em razão de sua neutralidade (Judicial Review). 1 CONSTITUCIONALISMO • Características e principais inovações: criação da primeira Constituição escrita e rígida; ideia de supremacia da constituição; distinção entre poderes constituinte e constituídos; instituição do controle judicial de constitucionalidade (1803); forma federativa de Estado; sistema presidencialista (regime de governo); forma republicana de governo; regime político democrático; a rígida separação e o equilíbrio entre os poderes estatais (check and balances), o fortalecimento do Poder Judiciário; Bill of Rigths (Declaração de direitos da pessoa humana). 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo francês 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo francês → Revolução Francesa (1789): objetivo destruir o regime existente (ancien régime). 1 CONSTITUCIONALISMO 08/08/2017 9 1 CONSTITUCIONALISMO • Características da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão de 1789 (Jacques Robert): • a) intelectualismo → a afirmação de direitos imprescritíveis do homem e a restauração de um poder legítimo, baseado no consentimento popular, foi uma operação de ordem puramente intelectual que se desenrolaria no plano unicamente das ideias; é que, para os homens de 1789, a declaração de direitos era antes de tudo um documento filosófico e jurídico que devia anunciar a chegada de uma sociedade ideal; • b) mundialismo → os princípios enunciados no texto da Declaração pretendem um valor geral que ultrapassa os indivíduos do país, para alcançar valor universal; • c) individualismo → as liberdades dos indivíduos, não menciona a liberdade de associação nem a liberdade de reunião; preocupa-se com defender o indivíduo contra o Estado. 1 CONSTITUCIONALISMO • Ideias básicas: garantia dos direitos e a separação dos poderes, contido no art. 16 da Declaração Universal dos Direitos do Homem e do Cidadão (1789). • A Constituição francesa não se limitava a fixar as regras do jogo, como na experiência norte-americana, mas a um projeto político destinado a promover uma transformação política e social, condicionando futuras decisões coletivas em numerosas matérias (saúde, educação, relações trabalhistas), cuja violação aos direitos naturais inerentes ao homem, que na constituição norte-americana é apelada aos juízes, é substituída pela apelação ao povo mediante um direito de censura das leis ordinárias e variadas formas de reforma constitucional (fortalecimento do Poder Legislativo) 1 CONSTITUCIONALISMO • Características: manutenção da monarquia constitucional; a limitação dos poderes do rei; a consagração do princípio da separação dos poderes, mesmo que sem o rigor como foi adotado nos EUA; a distinção entre poder constituinte originário e derivado (de Emmanuel Josheph Sieyés – “O que é o Terceiro Estado?”) 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo Social 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo moderno social – 1º pós-guerra/ 1918): esta versão decorre do esgotamento fático da visão liberal, impotente diante das demandas sociais que então abalam o séc. XIX. 1 CONSTITUCIONALISMO • Modelo de Estado: Estado Social/ Estado do Bem-Estar Social ou Welfare State • O Estado abandona sua postura abstencionista para assumir um papel decisivo (intervencionista) nas fases de produção e distribuição de bens, passando a intervir nas ralações sociais, econômicas e laborais/Liberdades positivas. • Origem: Constituição do México de 1917 e na de Constituição Weimar de 1919 (República alemã). No entanto, emerge definitivamente como consequência geral das políticas definidas a partir das grandes guerras e das crises da década de 1930. 08/08/2017 10 1 CONSTITUCIONALISMO • Segunda geração dos DF’s: direitos sociais, econômicos e culturais, ligados ao primado da igualdade (igualdade material). • A busca da superação do antagonismo existente entre igualdade política e a desigualdade social faz surgir a noção de Estado Social (Estado prestador de serviços) . 1 CONSTITUCIONALISMO • Particularidade →Europa, tem-se início modelos divergentes (Década de 1930): • grande parte dos países da Europa ocidental (fiel à democracia clássica); • Alemanha nacional- socialista e Itália fascista (modelo autoritário – constituições autoritárias) 1 CONSTITUCIONALISMO 1 CONSTITUCIONALISMO • Constitucionalismo contemporâneo ou Neoconstitucionalismo (2º pós-guerra 1945): teoria particular avançada aplicável a um modelo específico de organização político- jurídica: o Estado Constitucional (Estado Democrático de Direito) 1 CONSTITUCIONALISMO • O Neoconstitucionalismo, fundado na filosofia neopositivista (pós-positivista) foi um movimento de transformação do Estado e do Direito, em especial da Constituição, que surge, na Europa, na segunda metade do século XX, tendo como um dos principais marcos o julgamento ocorrido na cidade de Nüremberg, Alemanha, no período compreendido entre 1945 e 1949. • Modelo de Estado: Estado Constitucional (Estado democrático de Direito) → núcleo central a dignidade da pessoa humana e a Constituição com força normativa. 08/08/2017 11 • Há uma rematerialização constitucional, advinda da incorporação de valores, opções políticas e diretrizes aos poderes públicos, bem como a ampliação do rol dos direitos fundamentaiscom o surgimento de novas geraçõesde direitos ligados a fraternidade: • 3ª Geração (direitos difusos) – direito ao desenvolvimento, direito à paz, meio ambiente, comunicação, patrimônio comum da humanidade e posteriormente à pluralidade (VASAK); • 4ª Geração – direito à democracia, a informação e ao pluralismo, biodireito (BONAVIDES); • 5ª Geração – direito à paz/ democracia participativa (BONAVIDES). • O Neoconstitucionalismo marca uma transição de um Estado Legislativo de Direito, influenciado pela doutrina inglesa de supremacia do Parlamento e da francesa com enfoque na lei, como expressão do povo, para um Estado Constitucional de Direito, influenciado pela supremacia da Constituição do modelo americano, tendo como referências europeias a Constituição da Itália (1947), da Alemanha (1949), de Portugal (1976) e da Espanha (1978) e na América do Sul, a Constituição Brasileira de 1988. • Características: mais constituição do que leis; mais princípios que regras; mais ponderação que subsunção; onipresença da Constituição em todas as áreas jurídicas e conflitos minimamente relevantes, em lugar de espaços isentos em favor da opção legislativa ou regulamentária; mais juízes do que legisladores; coexistência de uma constelação plural de valores, às vezes tendencialmente contraditórios, em lugar de uma homogeneidade ideológica em torno de um punhado de princípios; inovações hermenêuticas; mais concretização do que interpretação; densificação da força normativa do Estado; desenvolvimento da justiça distributiva; positivação e concretização de um catálogo de direitos fundamentais. • Obs.: • No Brasil, o movimento neoconstitucionalista chegou tardiamente, algumas décadas após o seu início na Europa, e teve como marco a promulgação da Constituição da República de 1988 → sofreu fortes influências do jurista português Gomes Canotilho e do jusfilósofo socialista espanhol Elias Diaz. • Transconstitucionalismo 1 CONSTITUCIONALISMO • Transconstitucionalismo → é o fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estado diferentes, se entrelaçam para resolver problemas constitucionais. • A origem mais remota está no conceito moderno de ordem mundial surgido em 1648 com o Tratado de Westfalia, que pôs fim à Guerra dos Trinta Anos. 08/08/2017 12 • Modalidades: • Transconstitucionalismo stricto sensu ou propriamente dito*; • Transconstitucionalismo lato sensu. • Transconstitucionalismo stricto sensu ou propriamente dito: opera entre ordens jurídicas de Estado diferentes. • Orgiem: fins do século XX, quando o Direito Constitucional doméstico de alguns países começou a ultrapassar as fronteiras locais, adentrando as ordens jurídicas de outros Estados, p. ex., Comunidade Europeia (Tratado de Maastricht, de 1992); Mercosul (Tratado de Assunção, de 1992). • Transconstitucionalismo lato sensu: ocorre entre duas ordens jurídicas de um mesmo ordenamento/Estado. • Transconstitucionalismo jurídico, verificado nas Federações. Há um diálogo entre os entes federativos para trocarem ideias, experiências, conhecimentos etc., próprio das federações (CF, art. 1º). • Constitucionalismo do futuro ou do porvir • Constitucionalismo do futuro ou do porvir: (argentino José Roberto Dromi) – equilíbrio entre as concepções dominantes do constitucionalismo moderno e os excessos praticados no constitucionalismo contemporâneo, sendo as constituições influenciadas pela verdade, solidariedade, o consenso, a continuidade, a participação, a integração e a universalização. • verdade: as futuras constituições não deverão consagrar promessas impossíveis; • consenso: elas serão fruto de um consenso democrático e mais próxima de uma nova ideia de igualdade; • solidariedade: entre os povos no tratamento digno ao ser humano e na justiça social; • continuidade: da Constituição, sem modificações que destruam sua identidade ou causem ruptura lógica do sistema; 08/08/2017 13 • participação: a democracia participativa impõe uma ativa e responsável participação do povo na vida política do Estado, afastando a indiferença social; • integração: entre os povos dos diversos Estados é uma realidade, mas cabe às constituições futuras propiciar mecanismos de integração supranacional; • universalização: dos direitos humanos como decorrência da dignidade da pessoa humana. Até a próxima aula!!!!
Compartilhar