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– A História do Constitucionalismo CONSTITUCIONALISMO: PRIMEIRAS NOÇÕES • Para BULOS, Constitucionalismo possui 2 sentidos: Sentido amplo: todo Estado possui uma Constituição (norma básica que confere poderes ao soberano) Sentido estrito: movimento Constitucionalista (técnica jurídica (tutela das liberdades); constituições escritas (assegurando os direitos e garantias); divisão de poder.) além de possuir os seguintes aspectos: Aspecto jurídico: propôs a regulamentação legal do exercício do poder por meio da adoção de Constituições escritas. Aspecto social: estimulou o povo a lutar contra a hegemonia do poder absoluto. Aspecto político: lutou contra a opressão e o arbítrio, em nome da defesa dos direitos e garantias fundamentais EVOLUÇÃO HISTÓRICA DO CONSTITUCIONALISMO: ETAPAS CONSTITUCIONALISMO PRIMITIVO Acepção ampla da palavra Constituição. “as entidades políticas sempre tiveram e têm uma Constituição” Para Karl Lowenstein: Hebreus - Marco histórico do movimento constitucionalista - Profetas: fiscalizavam e puniam os atos dos governantes que ultrapassavam os limites bíblicos. Constitucionalismo Antigo - Baixo Império Romano: o termo “Constituição” era utilizado para qualquer lei feita pelo imperador; - Técnica de limitação do poder; - Ausência de constituições escritas; - Supremacia do Parlamento, que não se submetia a qualquer outro poder. OBS: A ruína da República Romana iniciou quando os comandantes militares se tornaram muito poderosos, escapando ao controle efetivo dos órgãos políticos, culminando na coroação do imperador. - Na Grécia, com o surgimento das pólis gregas (Cidades-Estados), há a prática da democracia direta, havendo uma identidade entre governantes e governados, sendo os cargos públicos exercidos por cidadãos escolhidos por sorteio. É um regime constitucional. Constitucionalismo Medieval - Ideia de Constitucionalismo ligada à limitação do poder arbitrário; - Documento de garantia dos direitos fundamentais; - Magna Carta: marco no constitucionalismo medieval; - Importância dos pactos, forais e contratos de colonização. Constitucionalismo Moderno - O constitucionalismo só adquire consistência no final do século XVIII (declarações de direitos e garantias fundamentais); - Ideia de Constitucionalismo associada à necessidade de todo Estado possuir uma Constituição ESCRITA e rígida, com força para limitar e vincular os órgãos do poder político. Documentos importantes para o Constitucionalismo: 1- Petition of Rights (Inglaterra, 1628): reafirma os direitos da Magna Carta, reconhecendo novos direitos do povo. 2- Habeas Corpus Act (Inglaterra, 1679): instituiu o Habeas Corpus como uma ação judicial para melhora garantir a liberdade do indivíduo. 3- Declaração de Direitos do Bom Povo da Virginia: 1ª declaração de direitos em sentido moderno. 4- Declaração de Direitos do Homem e do Cidadão (França): 2ª declaração de direitos em sentido moderno. Dois documentos que mudaram a história do Constitucionalismo: 1- Constituição Norte Americana: ideia de federalismo, rígida separação dos Poderes e presidencialismo. 2- Constituição Francesa: Monarquia Constitucional com delimitação de poderes reais e separação dos poderes. Constitucionalismo Moderno e Pós-positivismo: - Discussões de questões de cunho ético; - Reconhecimento da dimensão normativa dos princípios Constitucionalismo Contemporâneo - Fase atual do Constitucionalismo; - Consagração das ideias pós positivistas; - Constitucionalismo principicialista (vários princípios na Constituição); - Totalitarismo constitucional (aspecto que poderia ser enquadrado numa lei comum, mas que foi alçado no texto da Constituição; - Ampliação do conteúdo das Constituições: desvalorização; - Documentos constitucionais amplos, analíticos e extensos Constitucionalismo Liberal - Para Pedro Lenza “podemos destacar, nesse primeiro momento, na concepção do constitucionalismo liberal, marcado pelo liberalismo clássico, os seguintes valores: individualismo, absenteísmo (não intervenção) estatal, valorização da propriedade privada e proteção do indivíduo. Essa perspectiva, para se ter um exemplo, influenciou profundamente as Constituições brasileiras de 1824 e 1891”. - O modelo de Estado Liberal, todavia, gerará concentração de renda e exclusão social, demonstrando a necessidade de ser Constitucionalismo Social - As teorias do Estado Social surgem no séc XIX, defendendo a intervenção do Estado para evitar abusos e limitar poder econômico, proporcionando melhores condições de vida para o seu povo. A Constituição Mexicana (1917) - Implementou um Estado de Direito social; - Primeira Constituição histórica a incluir os direitos trabalhistas, juntamente com os direitos civis e políticos; - Esses direitos, na Europa, só foram garantidos após a 1ª Guerra (1918); - O Brasil somente teve os direitos sociais garantidos como direitos fundamentais com a CF de 1934. Constituição de Weimar (Alemanha, 1919) - Consagrar os Direitos Sociais de segunda dimensão; - Apresenta em seu texto todas as convenções criadas pela OIT (Organização Internacional do Trabalho); - Direitos Econômicos e Sociais NEOCONSTITUCIONALISMO - Para Bulos, é o mesmo que constitucionalismo contemporâneo TRA NSCO NSTITUCIO NA LISMO - “Fenômeno pelo qual diversas ordens jurídicas de um mesmo Estado, ou de Estados diferentes, se entrelaçam para resolver problemas constitucionais” (BULOS, 2015) - Novidade: modo como são travadas as formas de conversações entre os atores do cenário estatal. - Como resolver uma determinada questão que envolve mais de uma esfera constitucional? - O que fazer quando dois órgãos não hierárquicos enfrentam um problema com fundamento constitucional e que ultrapassa os interesses de um país? Strictu sensu (propriamente dito): opera entre ordens jurídicas distintas, que se interagem e somam esforços para a solução de casos complexos e difíceis (mas cada Estado continua com sua soberania) Latu sensu: ocorre entre ordens jurídicas de um mesmo ordenamento (p. ex.: no Brasil, diálogo entre União, Estados, Municípios e DF); presente das federações; não ocorre no nível internacional (envolvendo ordens jurídicas estrangeiras) Constitucionalismo do porvir (ou do futuro) - Aperfeiçoamento das ideias avaliadas ao longo do tempo; - É uma previsão de como serão as próximas Constituições; - As futuras Constituições serão baseadas em alguns valores fundamentais, como a solidariedade e a veracidade (ou seja, as próximas Constituições não deverão ter normas que nós já sabemos que não funciona) - Ponto de equilíbrio entre o C. moderno e os excessos do Constitucionalismo contemporâneo. CONSTITUCIONALISMO LATINO -AMERICANO • No geral, o constitucionalismo possui uma característica universalista. Entretanto, as constituições latino-americanas trouxeram algumas peculiaridades, para avançar em alguns pontos do Constitucionalismo europeu. • Existem diversos movimentos constitucionais com características específicas. • Não é um movimento homogêneo em toda a América Latina • Características do Constitucionalismo Latino-Americano: 1- Busca a proteção ambiental, popular e o pluralismo cultural e multiétnico; 2- Modelo garantista com foco na sustentabilidade socioambiental; 3- Reconhecimento jurídico, tutela e valorização da biodiversidade; 4- Modelo de “bem viver” proteção da vida em suas várias manifestações; 5- Biocentrismo. - Os principais marcos desse constitucionalismo: 1- Constituição do Equador 2- Constituição da Bolívia Pontos principais: efe Ciclos constitucionais na América do Sul 1- 1° Ciclo: “Constitucionalismo Multicultural” => caracterizado pela abertura à diversidade cultural e pelo reconhecimento de outras línguas,além da oficial. Ex= Constituição da Guatemala (1985); Constituição da Nicarágua (1987); Constituição Brasileira (1988). (Art 1°: pluralismo político, de ideias e culturas etc) 2- 2° Ciclo: “Constitucionalismo Pluricultural” => reconhece (e não apenas tutela) as tradições, costumes, autoridades e o direito indígena, com jurisdição autônoma. Ex: Constituição da Colômbia (1991); Constituição do México (1992); Constituição do Paraguai (1992); Constituição do Peru (1993; 3- 3º Ciclo: “Constitucionalismo Plurinacional” =>: Ideia de Estado Plurinacional, onde os povos indígenas são integrados, fazem parte da construção do Estado, integrando o poder constituinte originário. Ex: Constituição do Equador (2008): preâmbulo celebra a natureza (Pacha Mama) e seu texto reconhece idiomas indígenas como oficiais. Constituição da Bolívia (2009): reconhece as línguas dos povos indígenas campesinos originários como idiomas oficiais, e considera valores indígenas como princípios ético-morais da sociedade.
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