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Diversidade Sociocultural no Contexto Escolar

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A DIVERSIDADE SOCIOCULTURAL NO CONTEXTO DE UMA 
INSTITUIÇÃO ESCOLAR MILITAR NO DISTRITO FEDERAL 
 
DASSOLER, Olmira Bernadete – UCB/DF 
 olmirabd@hotmail.com 
 
GALVÃO-SANTOS, Cibele – UCB/DF 
cibeleeficazmedi@hotmail.com 
 
 Eixo Temático: Diversidade e Inclusão 
Agência Financiadora: não teve financiamento 
 
Resumo 
 
Este estudo se caracterizou como uma pesquisa qualitativa de caráter exploratório. Traz como 
tema: a diversidade sociocultural no contexto de uma instituição escolar militar no Distrito 
Federal. O objetivo geral foi identificar como a diversidade sociocultural é trabalhada na 
prática de gestores e docentes do primeiro ano do ensino médio de uma instituição escolar 
militar, localizada no Distrito Federal. Especificamente pretendeu-se: conceituar o tema; 
identificar a concepção de diversidade sociocultural na visão de gestores e docentes do 
primeiro ano do ensino médio da instituição pesquisada; estabelecer a inter-relação entre a 
teoria e a prática por meio da análise dos dados pesquisados. Este artigo justifica-se, entre 
outros aspectos, por ser uma seara fértil e pouco estudada, ainda carente de observações. 
Além disso, nos dias atuais a educação está intimamente ligada aos estudos das desigualdades 
e da dimensão sociocultural. A amostra foi constituída de seis pessoas entre eles gestores, 
docentes de diferentes áreas de ensino, supervisores e coordenadores. Os entrevistados foram 
escolhidos de acordo com a sua disponibilidade em participar da pesquisa. Para a coleta dos 
dados foi utilizada a técnica da entrevista semi-estruturada a qual foi desenvolvida por meio 
de um roteiro de perguntas e com o auxílio do gravador analógico. Além dos fundamentos 
legais, a pesquisa baseou-se em Cassasus (2002), Delors (2001), Meier (2010) e Candau 
(2005). Dos resultados obtidos destaca-se: a necessidade de se aprofundar e clarificar, na 
instituição pesquisada, o conceito de diversidade sociocultural; a constatação da não 
realização de um trabalho específico a respeito do tema. 
 
 
Palavras-chave: Ensino Médio. Diversidade. Cultura. Sociocultural. 
Introdução 
Este trabalho foi elaborado para fins de avaliação da disciplina Processo Educacional e 
Dinâmica Curricular, no curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Educação da Universidade 
7006 
 
 
Católica de Brasília e tem como tema: A diversidade sociocultural no contexto de uma 
instituição escolar militar no Distrito Federal. 
A pesquisa foi elaborada de forma ampla, com o intuito de investigar como a 
instituição militar percebe o conceito de diversidade sociocultural e o aplica aos alunos do 
primeiro ano do ensino médio. 
O objetivo geral foi identificar como a diversidade sociocultural é trabalhada na 
prática de gestores e docentes do primeiro ano do ensino médio de uma instituição escolar 
militar localizada no Distrito Federal. 
Em âmbito específico: conceituar a diversidade sociocultural; identificar a concepção 
de diversidade sociocultural de gestores e docentes da instituição de ensino militar 
investigada; estabelecer a inter-relação entre a teoria e a prática pesquisada por meio da 
reflexão dos dados coletados em campo. 
A proposta desta pesquisa justifica-se por ser uma seara fértil e pouco estudada, ainda 
carente de observações. Além disso, nos dias atuais a educação está intimamente ligada ao 
estudo das desigualdades e da dimensão sociocultural. O tratamento dispensado à diversidade 
sociocultural nas práticas escolares é considerado um dos fatores que maior influência tem no 
sucesso dos estudantes e, por isso desequilíbrios neste aspecto também afetam negativamente 
o êxito de uma educação de equidade (CASASSUS, 2002). 
Outro fator importante para o estudo do tema diz respeito aos quatro pilares da 
educação, propostos por Jacques Delors; dentre eles, o aprender a conviver abrange o 
desenvolvimento da educação escolar voltado à diversidade da espécie humana, bem como de 
suas semelhanças. Para esse teórico o respeito aos diversos pontos de vista é fundamental para 
a formação do ser humano pleno (DELORS, 2001). 
A legislação brasileira para a educação determina a promoção da cidadania de forma 
ampla e, para isso, por meio de documentos oficiais, adota políticas de inclusão escolar, 
respeito às diversidades, pedagogias de combate ao racismo e igualdade. É o que expressam a 
Constituição Federal Brasileira de 1988 (Art. 205) e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação 
Nacional (Lei n.º 9.394/96, Art. 3°, inciso III), garantindo a todos os brasileiros, sem distinção 
de cor, sexo, credo, cultura, condição social, política e econômica, direitos iguais e o seu 
pleno desenvolvimento. Esse contexto traça os moldes da política educativa: 
7007 
 
 
A política educativa corresponde ao conjunto de decisões do sistema político, [...] não 
nasce do nada, ela inscreve-se no quadro mais largo de uma filosofia de educação e é o 
resultado de múltiplas influências em interações, provenientes dos sistemas sociais que 
agem sobre o sistema educativo [...] (PACHECO, 2005, pp.61-62). 
Com base nessa visão interativa entre sociedade, ações políticas e formação do 
indivíduo cidadão, estudar esse tema possibilitou a compreensão do aprender a conviver com 
as diferenças, pois nenhum grupo social é melhor ou pior, apenas diferente (Gomes, 2010). 
Porém essas diferenças fazem parte da cultura social e interferem na formação da política 
educativa. 
Método 
 O caminho percorrido nesse trabalho fez uso da pesquisa qualitativa de caráter 
exploratório com a técnica de entrevista semi-estruturada para a obtenção dos dados coletados 
em campo. 
A abordagem qualitativa não possui um modelo único de pesquisa, e a pesquisa 
qualitativa de caráter exploratório estuda os objetos em seu campo natural e interpreta os 
fenômenos em termos do significado que o sujeito lhes dá (PEDRINI, 2007). O pesquisador, 
nesse contexto, pode ser comparado a um “bricoleur”, pois compreende a pesquisa como um 
processo interativo. 
O ambiente pesquisado foi uma instituição escolar militar, localizada no Distrito 
Federal. Em meio a esse ambiente o foco da pesquisa está direcionado para os gestores e 
docentes que trabalham com alunos do primeiro ano do ensino médio. 
A escolha dos profissionais citados justifica-se pela facilidade de acesso dos 
pesquisadores ao contexto pesquisado. Foram entrevistadas seis pessoas: o chefe da Seção 
Supervisão Escolar, o coordenador do primeiro ano do ensino médio, a coordenadora 
pedagógica e três professores das disciplinas de Filosofia, Matemática e Historia. 
A escolha dos docentes ocorreu de acordo com a conveniência e disposição dos 
mesmos em participar das entrevistas. Assim, a execução do trabalho de campo foi 
previamente autorizada pelo chefe da Seção Supervisão Escolar e agendada em consonância 
com a disponibilidade de todos os participantes. 
A entrevista semi-estruturada foi organizada por meio de um questionário com três 
questões abertas (MARCONI e LAKATOS, 2004), elaboradas de acordo com a função 
desempenhada por cada entrevistado os quais foram identificados pelas letras A, B, C, D, E, 
7008 
 
 
F, respectivamente. Posteriormente, os dados foram gravados e transcritos, em seguida, fez-se 
a inter-relação entre as informações obtidas em campo e a bibliografia pesquisada. 
O trabalho foi sistematicamente elaborado e seu desenvolvimento seguiu os critérios 
propostos em sala de aula. Além de uma excelente oportunidade de ação em campo, a 
metodologia utilizada proporcionou uma reflexão aprofundada sobre o tema. 
Resultados 
A família constitui o primeiro agrupamento que dá a identidade ao indivíduo. Portanto, 
é a educação familiar que garante as primeiras referências e valores sólidos na historia dos 
grupos e sociedade. Segundo Poupart (1999), a educação que conduz a criança e depois oadolescente à sua maturidade, começa no interior da família. 
Essa ideia ultrapassa o pensamento tradicional de que o ser humano é uma folha em 
branco a ser escrita pelo professor, ao contrário, a criança já entra no ambiente escolar 
constituída de valores e costumes que influenciarão a sua formação futura (PACHECO, 
2005). Essa preocupação pela bagagem cultural trazida pelos alunos é demonstrada na fala de 
um dos professores: 
 “...ou seja, de onde vem aquela pessoa e a cultura que ela adquiriu ao longo dos anos dela, 
então a gente pode fazer até unir a relação aí entre o social cultural que mescla com o 
sociocultural” (Entrevistado B). 
Apesar de a teoria evidenciar a importância do núcleo familiar como sendo o berço 
dos valores culturais do indivíduo, essa visão não foi percebida na fala dos entrevistados. 
Porém, alguns professores já mesclam a sua prática docente com apoio das matrizes culturais 
dos alunos: 
“a minha disciplina... ela é um pouco mais discursiva, então o que eu posso aplicar seria com 
alguns exemplos, trazendo algumas partilhas pessoais dos próprios alunos..., porque por ser 
abstrata, então nem sempre dá para fazer uma aplicação, uma prática..., a não ser através 
dos exemplos de alguns atos particulares de cada cultura.” (Entrevistado A) 
7009 
 
 
Há também os que demonstram reconhecer e respeitar as especificidades culturais, 
porém sem um maior aprofundamento a respeito do que vem a ser diversidade sociocultural 
em sua totalidade: 
“é é... eu entendo como diversidade sociocultural o respeito à diversidade de culturas, né, o 
respeito que a gente deve ter às questões culturais do povo brasileiro” (Entrevistado C). 
Percebe-se, na fala do entrevistado, que seu conceito de diversidade limita-se ao 
reconhecimento das diferentes etnias que compõem a população brasileira, com suas 
características regionais. 
A entrada da criança na escola inicia o processo no qual ela entra em contato com a 
diversidade sociocultural de forma mais intensa. A sala de aula se constitui, então, no espaço 
de reflexão para se educar para a cidadania, sem exclusões, sem preconceitos étnicos, de 
orientação sexual, ideológica, religiosa e outros (MEIER, 2010). Esses aspectos se confirmam 
com a resposta de um dos gestores quando perguntado sobre o que entendia por diversidade 
sociocultural: 
“Bem, a diversidade sociocultural ela se manifesta aqui no colégio..., na composição do nosso 
corpo discente em que temos representantes de todos os extratos sociais desde o filho mais 
humilde do cabo até o filho do general, do político, do empresário..., e também se manifesta 
através das várias, dos vários representantes das várias regiões brasileiras. Nós temos aqui 
alunos de todas as regiões do Brasil com suas culturas regionais..., e até do exterior...” 
(Entrevistado F). 
 Nessa perspectiva, a educação contribui para assegurar a formação das diferentes 
expressões culturais e a vida intelectual dos estudantes. Os atores pesquisados reconhecem a 
diversidade sociocultural no ambiente escolar, embora nem todos os docentes consigam inter-
relacionar o tema ao conteúdo ministrado. Por isso, a importância de se esclarecer os termos 
diversidade, sociedade, cultura e diversidade sociocultural bem como aprofundar os seus 
significados. 
 Diversidade, segundo o dicionário Aurélio, provém do latim diversitati e expressa a 
dessemelhança, a diferença. Nesse sentido, Gomes preceitua diversidade como: 
7010 
 
 
[...] a construção histórica cultural e social das diferenças que “ultrapassa características 
biológicas porque vão sendo construídas pelos sujeitos sociais por meio de processos de 
adaptação do homem e da mulher ao meio social e no contexto das relações de poder” [...] 
(GOMES, 2008, p. 17). 
 Assim, a construção histórica e social das diferenças remete à significação da palavra 
sociedade, pois se refere a um conjunto de pessoas que vivem integradas e compartilham 
atividades comuns e interesses comuns. 
 O conceito de cultura é uma realidade de construção coletiva, abraçando um sistema 
de símbolos; é um conjunto de maneiras de pensar, sentir e de agir relativamente, 
formalizadas, aprendidas e partilhadas por uma pluralidade de pessoas (ROCHER, 1971, pp. 
198-199). 
A diversidade sociocultural engloba as diferenças, as ações do grupo, da comunidade 
que compartilham um mesmo ambiente e os valores e costumes propagados de geração em 
geração, pois faz parte dos processos de socialização e humanização do ser humano e se 
constitui num componente do desenvolvimento biológico e cultural da humanidade (GOMES, 
2008). 
 “a diversidade sociocultural compreende uma gama de conhecimentos, de questões culturais, 
étnicas, religiosas que são atribuídas na sociedade e mais precisamente na escola [...] 
principalmente nos aspectos de [...] culturais mesmo porque os alunos são oriundos de 
diversas regiões do Brasil, então aqui a gente consegue perceber essa diversidade assim com 
mais, mais ênfase” (Entrevistado A). 
Constata-se, novamente, na fala do entrevistado o conceito limitado de diversidade 
sociocultural como sendo o fato de terem em um mesmo ambiente pessoas oriundas de 
regiões distintas sem contemplar a amplitude que o tema envolve. 
O depoimento aponta para a ênfase que merece ser dada no aspecto da diversidade 
sociocultural. Segundo Gomes (2010), conviver com a diferença e com os diferentes é 
construir relações que se pautem no respeito e na igualdade social. No caso da instituição 
pesquisada, tanto gestores quanto docentes têm consciência da diversidade sociocultural e a 
mencionam como um fator importante, porém essa consciência é limitada pela falta de 
aprofundamento a respeito do tema. Percebe-se que permanece a dificuldade de ir mais além 
daquilo que prevê a legislação educacional e do que prescrevem os documentos internos da 
instituição. 
7011 
 
 
O que se deduz dos dados 
Discutir as diferenças é considerar o ser humano inserido num contexto social em que 
a diversidade precisa ser entendida em uma perspectiva relacional. Desse modo, as 
características culturais que distinguem um indivíduo ou um grupo de outro, dependem do 
lugar por ele ocupado na sociedade e da relação que mantêm entre si. 
Tendo presente esse contexto buscou-se na escola pesquisada a inter-relação entre a 
teoria e a prática com a diversidade sociocultural. 
“Bom, o colégio militar particularmente aqui no primeiro ano do ensino médio implementa 
diversas ações que visam amenizar as diversidades culturais. Primeiramente, trabalhamos 
com a constituição das turmas de aula heterogênea, misturamos alunos de diversas regiões do 
país equilibrando também a quantidade de meninos e meninas dentro da sala de aula, e 
inserindo nesse ambiente alunos de todas as raças, credos e classes econômicas.” 
(Entrevistado F). 
Percebe-se na fala do entrevistado a ambiguidade entre as teorias estudadas e as ações 
praticadas na instituição. Enquanto na teoria as diferenças enriquecem o ambiente e são 
campos férteis para desenvolver um bom trabalho de formação do sujeito consciente e capaz, 
a escola pesquisada busca “amenizar” as diferenças, distribuindo igualmente meninos e 
meninas para equilibrar o contexto da sala de aula. Por outro lado, é possível identificar um 
trabalho em relação à diversidade sociocultural na distribuição de alunos de diversas regiões 
do país para compor turmas heterogêneas. 
Constatou-se que não existe um trabalho específico destinado à diversidade 
sociocultural na instituição pesquisada. O tema é explorado pelos professores em ações 
fragmentadas partindo dos próprios conteúdos das disciplinas da área de humanas, ou seja, 
Filosofia, Sociologia e Historia, porém sem uma clareza evidente sobre o que seja realmente a 
diversidade sociocultural: 
“Nós temos um plano de complementação curricular bastanteextenso e intenso [...] ele se 
materializa através de visitas e palestras sobre a África negra e também através de datas 
comemorativas sobre o índio, dia nacional da consciência negra, dia internacional da mulher 
[...] é assim que nós preenchemos no contexto escolar a diversidade sociocultural” 
(Entrevistado E). 
7012 
 
 
Apesar de o entrevistado mencionar a existência de uma complementação curricular 
que trabalha a diversidade sociocultural de forma intensa, percebe-se que isso já faz parte do 
currículo básico de qualquer instituição, conforme prevê a legislação já mencionada. 
Outro ponto relevante é a questão desse trabalho ser menor nas áreas exatas, como 
expressa a seguinte fala: 
“Nas aulas de matemática é um pouco mais complicado a gente conseguir trabalhar porque 
há um conteúdo fixo, há aquilo que a gente tenta demonstrar em sala de aula e..., a gente deve 
cobrar sempre aquilo ”(Entrevistado B). 
Tendo em vista a citação acima, observa-se que o entrevistado manifesta dificuldade 
em expandir o conteúdo da disciplina além do que é proposto não interligando a diversidade 
sociocultural à sua prática cotidiana. 
Conclusão 
A escola é o espaço onde as culturas se cruzam, se entrelaçam. Porém, nem sempre 
essa relação entre as culturas é harmoniosa, sendo atravessada muitas vezes por tensões e 
conflitos. Isso se agrava mais quando as culturas social, acadêmica e institucional têm caráter 
padronizador, evidenciando uma visão mono cultural da educação. 
Muitos estudantes sentem dificuldades em se encaixar nesse esquema escolar severo, 
que simplesmente ignora a realidade de vulnerabilidade social de alguns alunos ou 
desconsidera sua origem e cultura, e o quanto sua experiência poderia contribuir para o 
enriquecimento do currículo. Daí muitos alunos não encontrarem na escola um sentido para 
suas vidas (FERREIRA, 2006). 
De acordo com Moreira e Candau (2005), a escola sempre apresentou problemas em 
lidar com a pluralidade e a diferença, tendendo, em geral, a emudecê-las e neutralizá-las 
através da homogeneização e da padronização: 
“Os “outros”, os “diferentes” – os de origem popular, os afrodescentes, os pertencentes aos 
povos originários, os rappers, os funkeiros etc -, mesmo quando fracassam e são excluídos, ao 
penetrarem no universo escolar desestabilizam sua lógica e instalam outra realidade 
sociocultural” (MOREIRA; CANDAU, 2005, pp. 42-43). 
7013 
 
 
Portanto, acreditamos que o grande desafio da escola, nos dias atuais, é que esta esteja 
aberta para a diversidade, a diferença, e para o cruzamento de culturas. Esse desafio exige que 
se desenvolva um novo olhar, uma nova postura e uma capacidade de identificar e respeitar as 
diferentes culturas que perpassam o ambiente escolar, pois mais do que um ponto de 
transmissão de cultura, a escola deve ser entendida como o espaço onde as várias culturas 
possam dialogar e trocar ideias e experiências. 
Em consonância com esse pensamento, Ferreira (2006) esclarece que no campo de 
ação da escola e do processo de escolarização, “a diversidade humana representa as diferenças 
nos estilos, ritmos, necessidades, interesses, histórias de vida e motivações de cada aluno (a). 
Diferenças essas que devem ser (re) conhecidas, compreendidas e valorizadas pelos docentes 
como um recurso importante para ensinar a todo (a)s os estudantes na classe.” 
Portanto, de acordo com a autora, educar na diversidade significa ensinar em um 
contexto educacional em que as diferenças individuais e de grupos são detectadas e utilizadas 
para enriquecer e flexibilizar o conteúdo curricular previsto no processo ensino-
aprendizagem. Assim, ao “realizar a flexibilização e o enriquecimento do currículo, com a 
ativa participação dos seus (suas) estudantes, o docente oferece oportunidades variadas para o 
desenvolvimento acadêmico, pessoal e social de cada aluno(a).” 
Com relação ao objetivo geral, concluiu-se que tanto gestores quanto os docentes da 
instituição percebem a diversidade sociocultural existente no âmbito escolar, porém essa 
percepção está diretamente relacionada ao regionalismo. 
Quanto aos objetivos específicos constatou-se que o conceito de diversidade 
sociocultural é amplo; os profissionais entrevistados têm uma percepção pouco aprofundada 
do que seja a diversidade sociocultural; existe dificuldade em relacionar a teoria à pratica; e 
não há um trabalho especificamente voltado para o assunto além do que preveem as propostas 
curriculares nacionais. 
Assim, em meio ao contexto pesquisado, percebeu-se que, embora haja uma noção 
superficial a respeito do tema, este é trabalhado pela instituição. Porém, sugere-se um olhar 
mais atento à prática educativa inter-relacionada à diversidade sociocultural, seja por meio de 
grupos de pesquisa ou outras atividades afins. 
Contudo, ressaltam Moreira e Candau (2005, p.52) que reinventar a cultura escolar 
não é tarefa fácil, tampouco rápida. O processo exige vontade política e persistência na 
7014 
 
 
“construção de uma sociedade e uma educação verdadeiramente democráticas, construídas na 
articulação entre igualdade e diferença, na perspectiva do multiculturalismo emancipatório”. 
Não se pretende esgotar o assunto, pois ele possui um espectro enorme para ser 
aprofundado no interior dos ambientes escolares na perspectiva de se conhecer melhor o 
indivíduo que adentra as instituições de ensino, imbuído por diferenças que constituem uma 
riqueza para a prática educativa dos docentes. 
REFERÊNCIAS 
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(Estudo da realidade em algumas escolas baianas). Disponível em: 
<http://www.lurdes.prosaeverso.net/visualizar.php?idt=893899>. Acesso em: 25 abr. 2010. 
 
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promulgado em 5 de outubro de 1988, com as alterações adotadas pelas Emendas 
Constitucionais nº 1/92 a 57/2008, pelo Decreto nº 186/2008 e pelas Emendas Constitucionais 
de Revisão nº 1 a 6/94. – Brasília: Senado Federal Subsecretaria de Edições Técnicas, 2009. 
 
________. Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional – Lei nº 9.394/96 de 20.12.96. 
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