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RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL

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RESUMO DE DIREITO CONSTITUCIONAL 
NACIONALIDADE 
 A nacionalidade brasileira decorre da aplicação e utilização de dois 
critérios, um sanguíneo e um territorial. Nos casos relativos à naturalização deve-
se observar que esta decorre de um ato de voluntariedade e independe dos 
critérios há pouco mencionados. A distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados é necessária devido às distinções existentes entre essas duas 
condições, todas previstas constitucionalmente tendo em vista que somente 
a Constituição Federal poderá distinguir brasileiros natos de brasileiros 
naturalizados. 
 Nacionalidade é a condição de um cidadão que pertence a uma 
determinada nação com a qual se identifica. Nacionalidade é uma qualidade 
daquilo que é nacional, que é próprio da nação, da pátria. Já a cidadania refere-
se à uma ligação jurídica e política de um indivíduo a um Estado, sendo que essa 
ligação pressupõe alguns direitos e alguns deveres. Não se deve confundir a 
cidadania com a nacionalidade. 
 Será considerado cidadão, em um sentido estrito, a pessoa com qualidade 
para ser eleitora. Já em sentido amplo, será considerado cidadão a pessoa 
pertencente a uma sociedade e que possui um conjunto de direitos e deveres 
em relação ao Estado. 
 Entende-se a nação como sendo um Estado nacional composto por 
um povo que compartilha a mesma origem, história, língua e tradições. 
 Há no conceito de nacionalidade uma divisão das espécies de 
nacionalidade. A primeira espécie de nacionalidade origina-se com o nascimento 
e denomina-se nacionalidade primária. Já a segunda espécie de nacionalidade 
origina-se da própria vontade do indivíduo, após o nascimento deste e o 
atingimento de sua maioridade. 
 O Estado não pode arbitrariamente privar o indivíduo de sua 
nacionalidade nem do direito de mudar de nacionalidade (MENDES; BRANCO; 
2013). 
 Dessa forma, é de suma importância estabelecer um regramento que 
encampe os direitos e os deveres relacionados à nacionalidade. 
Nacionalidade primária 
 Assim como mencionado anteriormente, a nacionalidade primária tem 
origem com o nascimento, a partir do qual, aplicam-se critérios definidores da 
nacionalidade. Esses critérios podem ser sanguíneos ou territoriais. 
 A nacionalidade primária decorre do nascimento com vida e obedece aos 
critérios do jus soli e do jus sanguinis (MOTTA; 2007). 
 O critério sanguíneo (ius sanguinis) determina a nacionalidade de um 
indivíduo em decorrência da nacionalidade dos seus ascendentes, independente 
do seu local de nascimento. Assim sendo, para adquirir a nacionalidade 
basta ser filho de um nacional. Dito em outras palavras, a aquisição da 
nacionalidade decorre dos laços de consanguinidade, da hereditariedade. 
 Já o critério territorial (ius soli) determina a nacionalidade de um indivíduo 
em decorrência do local do seu nascimento, independentemente da 
nacionalidade de seus ascendentes. Dessa forma, a aquisição decorre do local 
do nascimento de indivíduo. 
2.1.1 Hipóteses de aquisição da nacionalidade primária 
 Em conformidade com as alíneas, a, b, c, do artigo 12 da Constituição 
Federal, constata-se a aplicação dos critérios sanguíneo e territorial. Dessa 
forma, o mencionado artigo aduz, in verbis: 
Art. 12. São brasileiros: 
I – Natos: 
1. Os Nascidos na República Federativa do Brasil, ainda que de pais 
estrangeiros, desde que estes não estejam a serviço de seu país; 
2. Os nascidos no estrangeiro, de pai brasileiro ou mãe brasileira, desde que 
qualquer deles esteja a serviço da República Federativa do Brasil; 
3. Os nascidos no estrangeiro de pai brasileiro ou de mãe brasileira, desde que 
sejam registrados em repartição brasileira competente ou venham a residir na 
República Federativa do Brasil e optem, em qualquer tempo, depois de atingida 
a maioridade, pela nacionalidade brasileira. 
 Dessa forma exposta a diretriz constitucional, depreende-se que a 
alínea a aplica o critério territorial de aquisição da nacionalidade primária, 
a alínea b aplica o critério sanguíneo de aquisição da nacionalidade 
primária. Já a alínea c aplica um critério potestativo de aquisição da 
nacionalidade primária, segundo o qual, a aquisição da nacionalidade 
primária dependerá somente da vontade do sujeito. 
 Uma observação que deve ser feita ressalta que a aplicação do critério 
sanguíneo é cumulada com a alguns outros requisitos, quais sejam, o efetivo 
exercício dos ascendentes de um serviço à República Federativa do Brasil na 
alínea b, e o registro na repartição brasileira competente ou a fixação de 
residência na República Federativa do Brasil na alínea c. Nesse último caso, 
enquanto o descendente não atingir a maioridade para optar pela nacionalidade 
brasileira, terá uma nacionalidade primária provisória. 
2.2 Nacionalidade secundária 
 A característica marcante dessa espécie de aquisição da nacionalidade 
brasileira é a voluntariedade do indivíduo para adquiri-la. A naturalização 
concretiza-se desde que satisfeitos todos os requisitos constitucionais e legais 
(Lei n.º 6.815/1980). 
 A aquisição secundária da nacionalidade decorre de uma convergência 
de vontades, assim, de um lado o indivíduo requer ao Estado, de outro lado o 
Estado defere ou indefere o requerimento (MOTTA; 2007). 
 A naturalização ocorre de forma expressa após o interessado requerê-la. 
A naturalização expressa subdivide-se em ordinária e naturalização expressa 
extraordinária. 
2.2.1 Naturalização expressa ordinária 
 Mister se faz destacar que um estrangeiro, ao aportar no Brasil, pode ser 
enquadrado em três situações diferentes: permanecer temporariamente e 
manter sua qualidade de estrangeiro, permanecer definitivamente e manter sua 
qualidade de estrangeiro ou permanecer definitivamente adquirindo a 
nacionalidade brasileira. A fundamentação construída nesse sub tópico levará 
em consideração a terceira situação apresentada. 
Art. 112. São brasileiros: 
II – Naturalizados: 
1. Os que, na forma da lei, adquiram a nacionalidade brasileira, exigidas aos 
originários dos países de língua portuguesa apenas residência por um ano 
ininterrupto e idoneidade moral; 
2. Os estrangeiros de qualquer nacionalidade residentes na República 
Federativa do Brasil há mais de quinze anos ininterruptos e sem condenação 
penal, desde que requeiram a nacionalidade brasileira. 
 Sendo assim, em comento às previsões constitucionais supra descritas, 
nota-se que a alínea a remete à aplicação dos requisitos legais, ressalvando a 
condição dos estrangeiros oriundos dos países de língua portuguesa, dos quais 
exige-se somente a fixação de residência por um período de um ano ininterrupto 
além da idoneidade moral. 
3 Tratamento diferenciado entre brasileiros natos e brasileiros 
naturalizados 
 A regra constitucional vigente é a de repudiar totalmente a diferenciação 
entre brasileiros natos e brasileiros naturalizados. Nesse sentido é a previsão 
inscrita no § 2º, do artigo 12, da Constituição Federal. Segue o conteúdo in 
verbis: 
Art. 12. São brasileiros: 
§ 2º. A lei não poderá estabelecer distinção entre brasileiros natos e 
naturalizados, salvo nos casos previstos nesta Constituição. 
 Em relação à diferenciação decorrente de alguns cargos, 
a Constituição determina em seu artigo 12, § 3º, os cargos que somente poderão 
ser ocupados por brasileiros natos, são eles: Presidente e Vice-Presidente da 
República; Presidente da Câmara dos Deputados; Presidente do Senado 
Federal; Ministro do Supremo Tribunal Federal; de carreira diplomática; de oficial 
das Forças Armadas e de Ministro de Estado e de Defesa. 
 Em relação à diferenciação decorrente de algumas funções, 
a Constituição determina em seuartigo 89, VII, o seguinte: a nomeação de seis 
brasileiros natos para comporem o Conselho da República. 
 Nessa esteira discriminatória, menciona-se o conteúdo do artigo 5º, 
inciso LI da Constituição Federal, segundo o qual, nenhum brasileiro será 
extraditado, salvo o naturalizado quando praticar crime comum antes de sua 
naturalização ou desde que reste comprovado o seu envolvimento com o tráfico 
ilícito de entorpecentes e drogas afins. 
4 Perda do direito de nacionalidade 
 A perda do direito de nacionalidade ocorrerá com a concretização de uma 
das hipóteses previstas no § 4º, do artigo 12 da Constituição Federal. Dessa 
forma, é o conteúdo in verbis, da referida previsão: 
§ 4º. Será declarada a perda da nacionalidade do brasileiro que: 
I – tiver cancelada sua naturalização, por sentença judicial, em virtude de 
atividade nociva ao interesse nacional; 
II – adquirir outra nacionalidade, salvo nos casos: 
1. De reconhecimento de nacionalidade originária pela lei estrangeira; 
2. De imposição de naturalização, pela norma estrangeira, ao brasileiro residente 
em Estado estrangeiro, como condição para permanência em seu território ou 
para o exercício de direitos civis. 
Dos Partidos Políticos 
 O artigo 17 da Constituição Federal de 5 de outubro de 1988 determina 
que é livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, 
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo e 
os direitos fundamentais da pessoa humana. Assegurou também ao partido 
político autonomia para definir sua estrutura interna, organização e 
funcionamento, bem como manteve a exigência do caráter nacional do partido 
político, instituída pelo Código Eleitoral, Decreto nº 7.586/1945. 
 Dentre outras coisas, a legislação permite que o próprio partido 
estabeleça regras para a realização de suas convenções, determine prazos 
superiores àqueles previstos na lei para que o filiado possa concorrer a eleições 
e ainda permite criar uma estrutura diferente da existente em outros partidos. 
 Art. 17. É livre a criação, fusão, incorporação e extinção de partidos políticos, 
resguardados a soberania nacional, o regime democrático, o pluripartidarismo, 
os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os seguintes 
preceitos: 
 I - caráter nacional; 
 II - proibição de recebimento de recursos financeiros de entidade ou 
governo estrangeiros ou de subordinação a estes; 
 III - prestação de contas à Justiça Eleitoral; 
 IV - funcionamento parlamentar de acordo com a lei. 
 § 1º É assegurada aos partidos políticos autonomia para definir sua estrutura 
interna e estabelecer regras sobre escolha, formação e duração de seus órgãos 
permanentes e provisórios e sobre sua organização e funcionamento e para 
adotar os critérios de escolha e o regime de suas coligações nas eleições 
majoritárias, vedada a sua celebração nas eleições proporcionais, sem 
obrigatoriedade de vinculação entre as candidaturas em âmbito nacional, 
estadual, distrital ou municipal, devendo seus estatutos estabelecer normas de 
disciplina e fidelidade partidária. 
 § 2º Os partidos políticos, após adquirirem personalidade jurídica, na forma da 
lei civil, registrarão seus estatutos no Tribunal Superior Eleitoral. 
 § 3º Somente terão direito a recursos do fundo partidário e acesso gratuito ao 
rádio e à televisão, na forma da lei, os partidos políticos que alternativamente: 
 I - obtiverem, nas eleições para a Câmara dos Deputados, no mínimo, 3% 
(três por cento) dos votos válidos, distribuídos em pelo menos um terço das 
unidades da Federação, com um mínimo de 2% (dois por cento) dos votos 
válidos em cada uma delas; ou 
 II - tiverem elegido pelo menos quinze Deputados Federais distribuídos em 
pelo menos um terço das unidades da Federação. 
 § 4º É vedada a utilização pelos partidos políticos de organização paramilitar. 
 § 5º Ao eleito por partido que não preencher os requisitos previstos no § 3º 
deste artigo é assegurado o mandato e facultada a filiação, sem perda do 
mandato, a outro partido que os tenha atingido, não sendo essa filiação 
considerada para fins de distribuição dos recursos do fundo partidário e de 
acesso gratuito ao tempo de rádio e de televisão. 
 A criação de um partido político depende do seu registro no Cartório de 
Registro Civil das Pessoas Jurídicas da Capital Federal, por intermédio do qual 
se adquire personalidade jurídica de direito privado e, após, o registro do seu 
estatuto no Tribunal Superior Eleitoral-TSE, conforme dicção do art. 17, §2º, da 
Constituição Federal-CF c/c arts. 7º e 8º da Lei 9.096/1995 (conhecida como Lei 
dos Partidos Políticos). 
 A liberdade de sua criação está condicionada ao respeito à soberania 
nacional, ao regime democrático, ao pluripartidarismo e aos direitos 
fundamentais da pessoa humana e, ainda, ao impedimento do recebimento de 
recursos financeiros advindos de entidade ou governo estrangeiros, manterem 
com esta relação de subordinação ou de se utilizarem de organização 
paramilitar. Ademais, devem ter caráter nacional, prestar contas à Justiça 
Eleitoral e funcionarem parlamentarmente de acordo com a lei, de acordo com o 
art. 17, caput e seus incisos, e §4º, da Lex Fundamentalis c/c art. 2º da Lei dos 
Partidos Políticos. 
 Dessa forma, o partido político criado será dotado de autonomia para 
definição de sua estrutura interna, organização, funcionamento e para 
eleger os critérios de escolha e o regime de suas coligações eleitorais, nos 
termos do art. 17, §1º, da Constituição de 1988. 
 O caráter nacional restará comprovado com o apoiamento de eleitores 
correspondentes a, ao menos, meio por cento dos votos dados na última eleição 
geral para a Câmara dos Deputados, sem computar os votos em branco ou 
nulos, distribuídos por um terço, no mínimo, dos Estados, com um mínimo de um 
décimo por cento do eleitorado que haja votado nas urnas (art. 7º, §1º, Lei 
9.096/1995). O apoiamento é materializado em listas de assinaturas de eleitores, 
“levadas à conferência e certificação nos Cartórios Eleitorais respectivos, para 
posteriormente serem somadas no TRE” para verificação do número total. 
 Este Tribunal Superior pode determinar o cancelamento do registro civil e 
do estatuto após o trânsito em julgado de decisão em desfavor de partido político 
contra o qual reste provado o recebimento de recursos financeiros de 
procedência estrangeira; subordinação a entidade ou governo estrangeiro; e 
falta de prestação de contas à Justiça Eleitoral (art. 28, Lei 9.096/1995). 
 Recorrendo-se, novamente, às lições de Carlos Mário da Silva Velloso e 
Walber de Moura Agra, os partidos políticos: são organismos sociais 
estruturados com a finalidade de organizar as forças em torno de um 
ideário político para disputar o poder na sociedade. Difundem sua ideologia 
política para conseguir adeptos e tentam contribuir para o direcionamento 
das políticas públicas. 
Direitos Políticos 
 O estudo dos direitos políticos é importante porque esses direitos são 
vistos como garantias reconhecidas aos brasileiros para que possam participar 
da vida política do país. Nesse sentido, Gomes (2011) entende que direitos 
políticos ou cívicos equivalem às prerrogativas e aos deveres inerentes à 
cidadania e englobam o direito de participar direta ou indiretamente do governo, 
da organização e do funcionamento do Estado. 
 Conforme dispõe a Constituição Federal, os direitos políticos disciplinam 
as diversas formas de o cidadão se manifestar, dentre as quais é possível citar 
a soberania popular, que se concretiza pelo sufrágio universal, pelo voto direto 
e secreto e por outrosinstrumentos2. Em regra, tais direitos não são conferidos 
a todos aqueles que habitam o território nacional, mas apenas aos nacionais que 
preencham os requisitos determinados pelo próprio texto constitucional. 
Art. 14. A soberania popular será exercida pelo sufrágio universal e pelo voto 
direto e secreto, com valor igual para todos, e, nos termos da lei, mediante: 
· Ver art. 1º parágrafo único da CF. 
· Lei nº 9265, de 12.2.1996, que regulamenta o inciso LXXVII do art. 5º da 
Constituição, dispondo sobre a gratuidade dos atos necessários ao exercício da 
cidadania. 
I - plebiscito; 
· Lei nº 9709, de 18.11.1998, que regulamenta a execução do disposto nos 
incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal. 
II - referendo; 
· Lei nº 9709, de 18.11.1998, que regulamenta a execução do disposto nos 
incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal. 
III - iniciativa popular. 
· Ver arts. 27, § 4º, 29, XIII e 61, § 2º da CF. 
· Lei nº 9709, de 18.11.1998, que regulamenta a execução do disposto nos 
incisos I, II e III do art. 14 da Constituição Federal. 
§ 1º - O alistamento eleitoral e o voto são: 
I - obrigatórios para os maiores de dezoito anos; 
II - facultativos para: 
a) os analfabetos; 
b) os maiores de setenta anos; 
c) os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos. 
§ 2º - Não podem alistar-se como eleitores os estrangeiros e, durante o período 
do serviço militar obrigatório, os conscritos. 
§ 3º - São condições de elegibilidade, na forma da lei: 
I - a nacionalidade brasileira; 
II - o pleno exercício dos direitos políticos; 
III - o alistamento eleitoral; 
IV - o domicílio eleitoral na circunscrição; 
V - a filiação partidária; 
 Além da Constituição Federal, normas infraconstitucionais também 
dispõem sobre direitos políticos e seus diversos campos de incidência e limites. 
Mas o núcleo dos direitos políticos pode ser concebido, sem dúvida, como 
o direito de votar e ser votado, aquele que pressupõe o direito-dever de 
alistamento eleitoral e está previsto expressamente no preceito 
constitucional3. 
 O direito de votar é inerente e obrigatório para algumas pessoas – os 
maiores de dezoito anos; facultativo para outras – os analfabetos, os maiores de 
70 anos e os maiores de 16 e menores de 18 anos; e, ainda, proibido para outras 
– os estrangeiros e os conscritos (desde que estejam cumprindo serviço militar 
obrigatório). 
 Para ter direito de ser votado, além de serem eleitores, os interessados 
devem obedecer a condições expressas na norma constitucional, tais como: 
nacionalidade brasileira, pleno exercício dos direitos políticos, alistamento 
eleitoral, domicílio eleitoral na circunscrição, filiação partidária e idade mínima4. 
 Os direitos políticos podem ser positivos, os quais correspondem ao 
direito de votar e ser votado e visam garantir a participação do povo no poder 
mediante o sufrágio ativo, no primeiro caso, ou passivo, no segundo. E podem 
ser também negativos, o que ocorre quando o cidadão fica privado do gozo 
desses direitos devido a uma perda definitiva ou temporária5. 
 No que se refere aos direitos políticos negativos, é importante ressaltar 
que não existe a possibilidade de cassação, mas apenas a de perda e a de 
suspensão. A perda dos direitos políticos está ligada à ideia de definitividade e 
é sempre permanente, enquanto a suspensão corresponde à interrupção 
temporária dos direitos em uso e é cessada quando terminam os efeitos do ato 
ou medida que a ensejou6. 
 Com base no rol previsto no artigo 15 da Constituição Federal, a 
doutrina considera que a única hipótese de perda dos direitos políticos é o 
cancelamento da naturalização por sentença judicial transitada em julgado. 
Mas ainda há o entendimento de que o cancelamento da naturalização pela 
aquisição de outra nacionalidade também constitui meio de perda dos citados 
direitos. 
 Já os casos de suspensão são diversos e, segundo dispõe a Carta Magna, 
envolvem: incapacidade civil absoluta, condenação criminal transitada em 
julgado7, recusa de cumprir obrigação a todos imposta ou prestação alternativa, 
e improbidade administrativa. 
 É evidente a importância dos direitos políticos, afinal, falar neles é falar 
em democracia, a qual prevê que o poder nasce do povo e pode ser exercido 
indiretamente por meio de representantes eleitos – democracia representativa – 
ou mesmo diretamente por meio de plebiscito, referendo e iniciativa popular – 
democracia direta. 
Remédios constitucionais 
 Os remédios constitucionais que é importante sabermos são eles: o 
Habeas Corpus, Habeas Data, o Mandado de Segurança, o Mandado de 
Injunção e por fim não menos importante a Ação Popular. 
O Habeas corpus, que apesar do nome latino, é originário da Inglaterra. 
 Esse remédio constitucional que pode ser utilizado em favor de qualquer 
um, sendo ele nacional ou estrangeiro, mas para que serve o Habeas corpus?, 
está pergunta é muito simples, resumidamente em poucas palavras podemos 
dizer que o habeas corpus seja um instrumento para garantir o seu direito 
de locomoção, ou seja, seu direito de ir e vir, evitando-se assim a prisão 
abusiva ou arbitrária, o abuso do poder. É importante ressaltar aqui, que esse 
direito fundamental que é a liberdade de locomoção, em casos de flagrante delito 
ou por ordem judicial, não cabe o habeas corpus. 
Outro remédio constitucional muito conhecido é o mandado de segurança, que 
é uma criação brasileira, criado pela constituição de 1934. 
Conforme o artigo 5º, inciso LXIX, diz: " conceder-se-á mandado de segurança 
para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou 
habeas data, quando o responsável pela ilegalidade ou abuso de poder for 
autoridade pública ou agente de pessoa jurídica no exercício de atribuições 
do poder público", ou seja, este remédio constitucional é contra a violação pelo 
poder público de direito, líquido e certo. O que pode-se entender por direito 
líquido e certo, de forma clara, é um direito onde não a dúvidas, por estar 
expresso em lei e não precisando ser discutido. 
 É importante dizer que o mandando de segurança não se confunde 
com o habeas corpus ou habeas data, pois o último trata-se do direito de 
ter acesso a suas informações e o direito do sigilo das informações 
pessoais, e o habeas corpus de garantir o direito de locomoção. 
 Mandado de segurança é um tema muito complexo e difícil de se 
entender, através de um exemplo pode facilitar a compreensão, vamos supor 
hipoteticamente, que num concurso público qualquer, tenham dez vagas para os 
melhores classificados. Sendo assim estamos diante de um direito líquido e 
certo, expressamente na lei onde não à dúvidas que os dez primeiros colocados 
deverão ocupar o cargo, só que por um equívoco ou de forma arbitraria eles 
colocam no lugar do décimo colocado que legalmente deveria entrar no tal 
concurso, uma pessoa que tenha se classificado em vigésimo lugar, cabe ao 
candidato que ficou em décimo lugar impetrar o mandado de segurança para 
garantir o seu direito liquido e certo. 
 O habeas data, é um remédio constitucional que garante ao cidadão 
o direito ao acesso às suas informações pessoais e retificação de dados, 
sendo este o principal objetivo do habeas data. O artigo 5º em seu inciso XII, 
prevê a inviolabilidade do sigilo de dados, comunicações telefônicas, ou seja, se 
o indivíduo tiver seus dados expostos, por exemplo quanto que ele movimento 
na sua conta, conter informações pessoais na internet, cabe ao indivíduo que 
teve o seu direito violado impetrar o remédio constitucional ou garantia 
constitucional. A inviolabilidade de comunicação telefônica, será permitida 
apenas, por ordem judicial,nas hipóteses que a lei estabelecer para nós, por 
exemplo no caso de ser instrumento de investigação criminal e entre outros 
casos. 
 Ação popular, outro remédio constitucional importante e simples, não 
tendo muita dificuldade para compreensão, em poucas palavras, essa garantia 
constitucional faz do cidadão um fiscal do bem comum. 
 Um exemplo claro, para esclarecer é no caso de alguns atos lesivos ao 
patrimônio público, ou seja, parques públicos, lugares artísticos, lugares 
históricos, quando percebermos que algo está lesando o patrimônio público, 
devemos impetrar a ação popular para resolvermos este problema o mais rápido 
possível e preservar o patrimônio público que pertence a todos nós. 
Por fim, mas não menos importante temos o mandado de injunção. De fácil 
compreensão por não ser muito complexo, quanto aos primeiros remédios 
constitucionais mencionados acima. 
 O mandado de injunção, é um remédio constitucional importantíssimo, 
este nós devemos ter um conhecimento lato sensu - sentido amplo. Através 
desse instrumento nós temos como recorrer, caso não tivermos como gozar de 
um direito fundamental, por falta de uma norma regulamentadora, ou seja, 
quando à lei for omissa. 
 O artigo 37, inciso VII da Constituição Federal de 1988, garante o direito 
de greve, mas nos termos da lei, acontece que não tem essa lei para 
regulamentar o direito de greve. Inclusive, nós tivemos um caso em que foram 
enviados três mandados de injunção, chegando ao Supremo Tribunal Federal, 
por falta dessa norma regulamentadora onde prejudicaria o agente público por 
não poder entrar em greve pela lei ser omissa. 
 A decisão chegou ao Supremo Tribunal Federal, que decidiram que em 
quanto não tiver esta lei para regulamentar o direito de greve do agente público, 
eles irão utilizar a lei que regulamenta o direito de greve no setor privado 
provisória mente no que couber, até que façam uma lei que regulamente a parte 
do setor público. Sendo assim, podemos concluir que quando a lei for omissa e 
o cidadão não poder gozar de um direito fundamental, cabe ao cidadão impetrar 
o mandado de injunção. 
 
 
 
 
REFERÊNCIAS 
https://www.direitonet.com.br/artigos/exibir/9475/Remedios-constitucionais 
http://www.tse.jus.br/o-tse/escola-judiciaria-eleitoral/publicacoes/revistas-da-
eje/artigos/revista-eletronica-eje-n.-2-ano-4/a-importancia-dos-direitos-politicos

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