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Dificuldade de leitura e escrita ou dislexia


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Dificuldade de leitura e escrita ou dislexia?
Atividades lúdicas em psicopedagogia
A importância da família no processo de aprendizagem da criança
Psicopedagogia e inclusão escolar
Artigo cientifico
A Dislexia e a Dificuldade na Aprendizagem
Por
Nilza Sebastiana da Silva
- 
02/08/2016 
1290
0
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SILVA, Nilza Sebastiana da [1]
SILVA, Fabio José Antônio da [2]
SILVA, Nilza Sebastiana da; SILVA, Fábio José Antônio da. A dislexia e a dificuldade na aprendizagem. Revista Científica Multidisciplinar, Ano 1, Vol 5 , pp. 75-87  Julho 2016, ISSN: 2448-0959
RESUMO
A presente pesquisa bibliográfica tem por finalidade discutir a dislexia como um dos sérios problemas dentro do sistema de ensino-aprendizagem que interfere a capacidade de leitura, de entendimento das palavras, da escrita, a soletração, bem como a compreensão e interpretação de textos e de atividades que envolvem o raciocínio lógico. Justifica-se o presente estudo no sentido de divulgar as elucidações que estão presentes no segmento educacional, e, como objetivo central descrever a dislexia, sintomas, causas, diagnósticos e as possibilidades de intervenções pelos profissionais da educação. A escola como responsável pelo desenvolvimento das potencialidades educativas das crianças deve ter em seu quadro de docentes e equipe pedagógica, profissionais capacitados para que a dislexia e a dificuldade de aprendizagem sejam diagnosticado o mais cedo possível e serem encaminhados para um tratamento com profissionais especializados e tomar iniciativas que propiciem atividades pedagógicas que vá ao encontro do aluno disléxico. Todo processo e todo procedimento escolar é conduzir o aluno com dislexia a vencer as barreiras, onde o professor deverá ter uma postura de acolhimento, de paciência, tolerância, perseverança e programas educativos específicos de apoio e auxílio no desenvolvimento desta criança. O presente trabalho foi de cunho bibliográfico que contou com pesquisas em trabalhos acadêmicos e de autores com profundos conhecimentos sobre o tema proposto.
Palavras-chave: Dislexia. Dificuldade de Aprendizagem. Distúrbios. Leitura. Escrita.
1. INTRODUÇÃO
A escolha da temática fundamenta-se na percepção de que é muito pouco disseminado o estudo da dislexia na formação dos professores de um modo geral.
O presente trabalho propõe como objetivo central buscar informações e contribuições que estejam correlacionadas com as dificuldades de escrita e de leitura que apresentam no desenvolvimento pessoal e educacional de crianças tidas como portadoras de Dislexia.
Propõe-se também estudar conceitos, definições, características, principais sintomas, identificação dos componentes físicos e intelectuais, seu reconhecimento pela família e educadores, observar quais são as possíveis ações e estratégias de professores, seu papel como educador e facilitador do processo de aprendizagem e os meios de se trabalhar pedagogicamente com uma criança portadora de dislexia.
Parte-se do princípio que a discussão sobre o problema da dislexia é um dos entraves mais proeminentes no cotidiano da sala de aula, onde fica expresso o comprometimento da capacidade da criança em ler, entender as palavras manuscritas ou impressas, de escrever e de soletrar palavras, bem como a compreensão de textos e raciocínio lógico.
Em rápidas palavras, a dislexia é considerada como um distúrbio ou apresentação de dificuldades na aprendizagem e na linguagem, não sendo, entretanto, os diagnósticos relacionados a este fator, serem considerados e detectados como dislexia, pois outros fatores também podem estar influenciando o aprendizado da criança.
Como será visto no decorrer do presente trabalho a dislexia é um distúrbio de aprendizagem que afeta crianças, adolescentes e adultos em diferentes níveis educacionais, dificultando o processo de aquisição de leitura e escrita.
Entende-se que para que haja uma definição de estratégias e de intervenção por parte do professor, é de extrema importância à realização do diagnóstico e da avaliação da dislexia, sendo que a partir de dados específicos o educador dará um encaminhamento mais específico nas atividades apoiadas com ênfase na leitura e na escrita.
Para que haja um enfrentamento deste problema dentro do contexto escolar é necessário que a escola tenha ciência e consciência da sua responsabilidade na análise e na observação para com os alunos que apresentem dificuldades e/ou transtornos no quesito leitura e escrita, e, sendo que ao constatar casos de dislexia como a dificuldade elementar da linguagem, deve ser tratada ainda, por profissionais especializados como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e ao mesmo tempo, cabe a escola tomar iniciativas que denotem a construção de metodologias em prol do aluno com dislexia, colaborando com este aluno a superar barreiras através de estratégias eficazes em consonância com a contribuição coletiva da instituição escolar.
Para que haja um atendimento positivo, eficiente e apropriado que propicie o aluno sentir-se capaz, ajustado ao ambiente escolar, a participação da família é de extrema importância, uma vez que é ela, a família, que tem o contato maior com o indivíduo, tendo condições de fornecer relevantes informações para a preparação do processo tanto de caráter médico como do empreendimento pedagógico.
Tais medidas e prevenções, através de medidas preparatórias e uma postura de enfrentamento, permitira à escola acolher os alunos com dislexia, sem necessariamente modificar os seus projetos pedagógicos curriculares.
Pretende-se que com este estudo sobre as dificuldades de aprendizagem e a dislexia no seu contexto, contribuir para acadêmicos e profissionais que atuam na área da educação e que tem como responsabilidade em informar para a sociedade a importância desta síndrome no contexto cultural que ela produz direta e/ou indiretamente a todos os envolvidos no meio educacional.
O presente estudo foi o de cunho investigativo, na qual se buscou compreender um pouco mais sobre o transtorno da dislexia. Utilizou os recursos da pesquisa bibliográficas baseadas em referenciais teóricos como livros, artigos acadêmicos, trabalhos acadêmicos e Internet que possibilitaram um suporte na construção do proposto.
2. UMA BREVE PANORAMA SOBRE A DISLEXIA
São diversificados o modo de entendimento do que vem a ser dislexia, principalmente no meio escolar.
São registrados como resultado de uma precária alfabetização, da forma metodológica utilizada nas escolas que tratam da educação infantil, o despreparo dos profissionais da educação, aluno desatento, rotulação de “burro”, “preguiçoso” e outras variantes mais.
Figueira (2012) analisa que é comum ouvir, quando se trata do tema dislexia, correlacionada com a palavra doença. Atualmente é um termo equivocado, pois na realidade trata-se de uma dificuldade, um distúrbio de ordem congênita hereditária. Como há diferentes níveis de dislexia (leve, moderado e agudo), a duração do acompanhamento profissional não é precisa, podendo atingir até quatro em média.
Complementa Figueira (2012) que vale lembrar que tal acompanhamento não visa uma cura, pois não há cura. Trata-se de fornecer meios para que o disléxico possa caminhar com as próprias pernas.
Cândido (2013, p. 13) diz que a:
[…] dislexia é um transtorno de aprendizagem que se caracteriza por dificuldades em ler, interpretar e escrever. Sua causa tem sido pesquisada e várias teorias tentam explicar o porquê da dislexia. Há uma forte tendência que relaciona a origem à genética e a neurobiologia.
De acordo com Fonseca (2011) o conceito básico de dislexia expressa “dificuldade da fala ou da dicção”. Do ponto de vista comportamental, a dislexia distingue-se por dificuldades no reconhecimento correto de palavras e na capacidade de decodificá-las.
Fonseca (2011) ainda enfatiza que na grande maioria das definições, o critério da falta de habilidade no nível fonológico é constante, bem como a dificuldade no reconhecimento de vocábulos. E, em todos os estudos verificadospor Fonseca (2011), ocorreu exclusão de fatores socioeconômicos e do fator inteligência. Alguns chegam a afirmar que os disléxicos são na verdade, pessoas muito talentosas, com habilidades básicas comuns que se não forem suprimidas pela sociedade, resultarão em extraordinária criatividade.
Segundo Moura (2013):
Os disléxicos recebem informações em uma área diferente do cérebro, portanto o cérebro dos disléxicos é normal. Infelizmente essas informações em áreas diferentes resultam de falhas nas conexões cerebrais. O resultado é que devido a essas falhas no processo de leitura, eles têm dificuldades de aprender a ler, escrever, soletrar, pois é difícil assimilarem as palavras.
Moura (2013) explica ainda que detectar o distúrbio da dislexia não é uma tarefa fácil. Há alguns sinais e sintomas que podem indicar a presença da dislexia desde cedo, mas um diagnóstico preciso só é possível a partir do momento que a escrita e a leitura são apresentadas formalmente à criança. […] Como o distúrbio é comprovadamente genético, os especialistas afirmam que as crianças podem ser avaliadas a partir dos cinco anos de idade […]
Partindo-se de princípios em que a dislexia não é uma doença, que é uma dificuldade e provém de vínculos genéticos, é interessante observar-se outros aspectos que correlacionam a dislexia com relação à aprendizagem.
Neste contexto recorre-se a Figueira (2012) que identifica que dislexia não significa somente dificuldades com as palavras, mas significa uma disfunção linguística. Por isso, defende-se que a dislexia não é, simplesmente, uma dificuldade de aprender as letras, possui dificuldade em identificar e organizar símbolos, ou seja, como ele vai ler se aqueles símbolos não lhe dizem absolutamente nada?
Figueira (2012) ainda expõe que aos que se depara com um aluno disléxico, não se pode perder de vista que sua dificuldade não tem nenhuma relação com desmotivação, falta de esforço, vontade ou interesse, nem sequer possui relação com qualquer deficiência sensorial. O disléxico é uma mente que por vezes supera os ditos “normais”, sendo que necessitam de um tratamento diferenciado, pois suas mentes trabalham de forma diferenciada. Trabalhando de maneira correta, os disléxicos funcionam, também, perfeitamente.
Ainda, em se tratando, sobre a forma de tratar o aluno disléxico, infelizmente nem os pais e a grande maioria dos profissionais da área da educação não estão preparados para lidar com crianças tidas como disléxica. São muitas as causas que precisam ser corrigidas, no entanto são poucos os profissionais que conhecem e entendem os problemas e suas possíveis correções e soluções.
Moura (2012) explica que a maioria dos tratamentos enfatiza a assimilação de fonema, o desenvolvimento do vocabulário, a melhoria da compreensão e fluência da leitura. Ajudar o disléxico a melhorar sua leitura é muito trabalhoso e exige muita atenção, mas toda criança disléxica necessita de apoio e paciência, pois essas crianças sofrem de falta de autoconfiança e baixa autoestima, pois se sentem menos inteligentes que seus amigos.
Cita Moura (2012, p. 17):
Cabe ao orientador pedagógico antes de mais nada oferecer a estas crianças (pais e responsáveis e professores) a informação que a dislexia é uma dificuldade de aprendizagem e que se deve dar oportunidades para que o aluno aprenda usando estratégias fáceis e simples.
Fonseca (2011) corrobora com o sistema pedagógico citando que se a dificuldade não for detectada e equacionada adequadamente, o portador de dislexia, desencadeia um processo de conflituosidade que não se reflete apenas na escola, como também na família e no meio social. Deve-se, entretanto, criar estratégias a fim de fazer com que supere as dificuldades, adequando métodos e materiais, como parte de um processo de desenvolvimento linguístico que irá contribuir expressivamente para o crescimento de outros vários saberes.
Por fim, entende-se que necessário se faz caminharem juntos, professores, escola e pais/responsáveis na busca do atendimento da criança disléxica e, principalmente que a proposta pedagógica contemple atividades significativas, com contínua dinâmica e que a interação se faça uma constante entre as condições cognitivas do aluno e as intervenções pedagógicas do profissional da área da educação.
2.1 Identificação dos Componentes Físicos e Intelectuais
Os sinais da Dislexia podem surgir em maior ou menor amplitude dependendo de vários fatores como a idade, estimulação, etc. E podem também se agravar durante o processo de crescimento da criança. Alguns desses sinais segundo o autor são: histórico familiar; falta de atenção e memória; atraso na aquisição da fala e da linguagem; dificuldade de nomear objetos; imaturidade, timidez exagerada; alterações de humor; atraso ou falta de coordenação fina (desenhar, escrever, etc); dificuldade na alfabetização e na aprendizagem de matemática; dificuldade na passagem da escrita e da linguagem falada; incapacidade de aprender a lembrar de palavras visionadas; escrita em reflexo (como espelho); dificuldade em soletrar; falta de prazer na leitura; movimento errático dos olhos na leitura; confusão entre vogais ou substituição de consoante (MARSILI, 2010, p. 15).
Ao solicitar para uma criança portadora de dislexia para que faça um texto, pequeno que seja visivelmente se observa a dificuldade de sua organização de pensamento para realizar a atividade. Trocam-se muito as letras, a escrita na maioria das vezes é ilegível, por problemas decorrentes também da dificuldade da coordenação motora.
Selikowitz (2001, p. 50) apud Moura (2013, p. 15) citam que são muitos os sinais que identificam a dislexia. Crianças disléxicas têm dificuldades em identificar fonemas e reclamam que ler é muito difícil, tem dificuldades em soletrar, em ler em voz alta e memorizar palavras, elas também confundem palavras. Suas habilidades aritméticas são afetadas, ela parece confusa quando lhe pedem para fazer cálculos que se espera de uma criança de seu nível de escolaridade. A criança tem grande dificuldade para aprender o significado das operações aritméticas, como adição, subtração, multiplicação e divisão.
As manifestações mais habituais são a pronuncia arritmia, sincopada, silabada com entoação inadequada; palavras mal agrupadas com cortes e pontuação não respeitada; interpretação prejudicada ou impossibilitada; síntese e análise prejudicada ou impossibilitada; resumos ou relatos dificultados (FONSECA, 2011, p. 36).
2.2 Os Passos Para a Aprendizagem do Disléxico
Importante deixar registrado já no início deste tópico que o tratamento de uma criança com dislexia não têm cura total, entretanto, vai auxiliar o paciente em relação às suas limitações, oportunizando uma sensível progressão de sua melhoria no processo de aprendizado e ainda, auxilia na perspectiva dos problemas que podem levar a criança sobre a autoestima e sua socialização.
Cândido (2013, p. 17) cita que:
[…] uma criança com dislexia não é portadora de deficiência nem mental, física, auditiva, visual ou múltipla. O disléxico, também, não é uma criança de alto risco. Uma criança não é disléxica porque teve seu desenvolvimento comprometido em decorrência de fatores como gestação inadequada, alimentação imprópria ou nascimento prematuro. A dislexia tem um componente genético, exceto em caso de acidente cérebro vascular (AVC).
 
Sendo, portanto, uma criança disléxica não considerada como “doente grave”, mas o mais importante para o educador é entender, conhecer, diagnosticar e promover ações que levem o estímulo para o desenvolvimento escrito e oral do educando.
Brandão (2015, p. 12) diz que: “a aprendizagem é um processo mental ativo, tendo em vista, aquisições, por meio das quais a lembrança do conteúdo internalizado e o uso deste conhecimento fazem com que o sujeito possa dominá-lo e manipulá-lo, quando necessário”.
As crianças portadoras de dislexia normalmente apresentam um quadro onde está presente a dificuldade na aprendizagem, entretanto, em contrapartida, desenvolvem outras habilidades. Podemsolucionar simples problemas, e, em outras situações, apresentam dificuldades ao realizar tarefas de resoluções bastante óbvias.
Vygostsky (1992) apud Brandão (2015, p 16) diz que não é possível pensar na construção da escrita como um processo linear e constante. Durante a aquisição da linguagem oral, a criança também apresenta instabilidades: errando, tentando, manipulando e acertando. É preciso aceitar que todo processo de apropriação de novos conhecimentos requer reflexões e comparações em um percurso de idas e vindas, o qual, longe de estabilidades, nos leva a perguntas, indagações e perplexidades.
Entende-se que são necessárias uma estimulação e participação ativa e a criatividade de imaginação, para que se possa dar espaço para as crianças agirem por conta própria.
Em relação à adoção de alguns métodos, Moura (2013, p. 14) cita que a partir do diagnóstico (ou profissionais) que vai tratá-la. Entre os vários métodos adotados, a Associação Brasileira de Dislexia aconselha a terapia multissensorial, cumulativa e sistemática que trabalha todos os sentidos ao mesmo tempo (como o disléxico assimila facilmente tudo que é vivenciado concretamente, ele pode ser treinado para ler e ouvir, enquanto escreve, por exemplo), o tratamento normalmente é feito por fonoaudiólogos, psicopedagogos e psicólogos especializados no assunto.
Moura (2013) faz uma importante análise. Cita o autor que o orientador pedagógico deve auxiliar o professor a planejar regularmente atividades que propiciem liberdade de ação às crianças, promovendo um ambiente relacional, oferecendo-lhes condições de superar as dificuldades e principalmente conhecendo a importância das brincadeiras no desenvolvimento da criança.
Diz ainda Moura (2013) que cabe ao orientador pedagógico juntamente com a equipe, pesquisar, estudar, refletir e levar ao educando o processo do conhecimento, observando quais as habilidades e interesses dos alunos, sugerindo estratégias e recursos no que diz respeito às dificuldades que o aluno poderá apresentar em relação à dislexia.
Marsili (2010, p. 33) cita que compete à escola proporcionar aos pais de alunos e aos próprios alunos, métodos interessantes e eficientes, na concepção pedagógica, para atender os alunos especiais, os que apresentam dificuldades em leitura, escrita e ortografia. É obrigação da escola e, principalmente dos professores, oferecer recuperação de estudos para aqueles que têm baixo aproveitamento escolar.
Em relação à postura e algumas ações do professor frente à dislexia, Marsili (2010) em primeiro plano o professor necessita estar capacitado e ter conhecimento sobre a Dislexia, o que é e suas causas.
Outra forma de auxiliar este aluno é esclarecendo para ele que sua dificuldade na aprendizagem na leitura e escrita chama-se Dislexia, e que o professor só poderá ajudá-lo a superar este problema, caso ele próprio não desista no primeiro empecilho. Seguindo em frente, firme, com bravura e perseverança. O professor precisa ter calma com este aluno, pois ele será mais lento que os outros, precisando de mais tempo para ele fazer um este, copiar a matéria do quadro, resolver um problema. Por isso, é necessário usar diversas estratégias para com este aluno para que ele compreenda o conteúdo: usando materiais estimulantes e interessantes, como jogos, histórias, etc., procurando ensiná-lo de forma que ele entenda melhor o conteúdo proposto (MARSILI, 2010).
Marsili (2010, p. 35) aconselham que:
[…] as crianças precisam ser ensinadas a soletrar as palavras para estarem conscientes dos sons que ouvem. Treiná-las para repetir palavras para si mesmas, enquanto ouve a ordem dos sons. […] O ensino precisa ser multissensorial e o aluno deve estar ativamente envolvido na tarefa.
Várias são as formas de promover estratégias de ações para o pedagogo, para o professor e a para o apoio maciço da família.
Giroto (2001, p. 50) apud Moura (2013, p. 41) com a devida orientação, o aluno conseguirá ser bem sucedido em classe. O professor pode auxiliar com algumas estratégias para auxiliar o aluno disléxico, abaixo selecionado:
– A criança disléxica deve sentar-se perto do professor, de modo que a mesma possa encorajá-lo a solicitar ajuda;
– Cada ponto deve ser revisto várias vezes;
– Nunca comparar seu trabalho escrito com os colegas;
– Seus conhecimentos devem ser julgados mais pelas respostas orais do que pela escrita o que significa que deverá ser avaliado diariamente;
– Sempre que possível peça a criança para ela repetir várias vezes com suas próprias palavras, o que a professora pediu para ela fazer, pois isso ajuda na memorização;
– Ensinar a criança a “sentir” as letras através de diferentes texturas de materiais;
– Nunca forçar o aluno a aceitar a lição do dia;
– Evitar submeter o aluno a pressão do tempo ou competição com outras crianças;
– Estimular a escrever em linhas alternadas, pois ajudará ao professor a ler uma caligrafia imprecisa e frequentemente amontoada;
– Imitar e reproduzir sons e palavras;
– Não exigir grandes redações;
– Nunca o force a escrever no quadro-negro/
– Nunca peça que ele responda perguntas sem ter se oferecido para tal;
– Realizar aulas de revisão que permitam o tempo adequado para perguntas e respostas;
– Permita o uso de máquina de calcular durante as lições de matemática;
– Dê a ele a oportunidade de responder às questões dos testes oralmente, e de refazer o teste quando necessário, atribuindo nota extra para compensar as notas baixas;
– Avaliar sempre o conhecimento dos alunos com dislexia usando métodos alternativos, inclusive avaliações orais, trabalhos feitos em casa e apresentações individuais.
Um dos eventos que mais vão ao encontro da criança é trabalhar brincando. Por isso, Fonseca (1999) apud (Marsili (2010) cita que as atividades lúdicas são benéficas, pois conseguem o envolvimento do aluno e garantem que os elementos fonológicos necessários sejam inseridos no trabalho que vai ser desenvolvido com cada criança, como: invenção de rimas e palavras, atividades de reconhecimento e utilização de palavras que rimam, mistura e segmentação de sílabas, identificação de fonemas iniciais e ligação de símbolos a sons, jogos de discriminação de vogais, canções com rimas, entre outras atividades.
Citam ainda os mesmos autores acima que há também, abordagens de apoio que podem ser improvisadas na sala de aula pelo professor que são: a utilização do portfólio, soletração oral simultânea, software específico, desenvolvimento de competências de estudo, atividades de intensidade visual e jogos de palavras.
Portanto, não se esgota aqui as inúmeras ações pedagógicas para serem ministradas em sala de aula, acompanhadas pelos pais e responsáveis, mas é importante para o educador que tenha a consciência de que o estímulo, a criatividade, a perseverança, a dedicação, o cuidado e amor, podem proporcionar ao aluno disléxico situações para serem superadas permitindo assim o alcance de graus variados de conhecimentos.
Para que haja um enfrentamento deste problema dentro do contexto escolar é necessário que a escola tenha ciência e consciência da sua responsabilidade na análise e na observação para com os alunos que apresentem dificuldades e/ou transtornos no quesito leitura e escrita, e, sendo que ao constatar casos de dislexia como a dificuldade elementar da linguagem, deve ser tratada ainda, por profissionais especializados como médicos, fonoaudiólogos, psicólogos, psicopedagogos e ao mesmo tempo, cabe à escola tomar iniciativas que denotem a construção de metodologias em prol do aluno com dislexia, colaborando com este aluno a superar barreiras através de estratégias eficazes em consonância com a contribuição coletiva da instituição escolar.
3. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Conclui-se que a dislexia é tida como um distúrbio que provocam dificuldades na aprendizagem da leitura e escrita, produzidas em bases neurológicas, além de fatores genéticos ou adquiridos. Não se caracterizando como uma doença no meio científico.
É fator de estudos científicos que quanto mais cedo fordiagnosticada a Dislexia, maiores serão os resultados eficazes dos tratamentos e das estratégias de ações voltadas para este indivíduo. Mesmo com dificuldades de aprendizagem de escrita e de leitura, os disléxicos apresentam um grau de inteligência normal ou até mesmo acima da média.
Para que haja um trabalho pedagógico que se aproxime ao máximo da necessidade do aluno disléxico, é importante que o educador tenha os conhecimentos essenciais para os diagnósticos, para que os diferentes tipos de transtornos de aprendizagem possam ser trabalhados estrategicamente e que a construção do conhecimento também seja motivada precocemente, subsidiando progressos efusivos do educando e na relação de seus familiares.
Fica evidente que cabe ao educador e equipe pedagógica apresentar intervenções que criem situações desafiadoras provocando o interesse pela aprendizagem, esboçando também a oportunidade do desenvolvimento da autonomia do aluno, sua independência e estímulo para a busca de resolução de problema e que saiba lidar com as possibilidades de frustração.
O lúdico, a brincadeira, os jogos educativos podem ser um instrumento de valia para propiciar ao disléxico uma abordagem mais agradável na busca de superações, na melhora do rendimento escolar, o desenvolvimento da abstração, da criatividade e imaginação, destacando o fator de desenvolvimento da autoestima e do bom equilíbrio emocional e de sociabilidade.
Outro fator de registro é a necessidade da relação afetiva, do desvelo, do cuidado, da boa vontade do professor para que as práticas educativas resultem em efeitos positivos, tendo como ponto de apoio, o respeito e a aceitação da criança como um ser em construção, e, que por fatores inerentes à natureza da criança, necessita de uma atenção mais apurada pelo educador.
REFERÊNCIAS
BRANDÃO, Letícia Peixoto Morais. Dislexia: Características e Intervenções. Especialização em Educação Especial e Inclusiva. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro: RJ. 2015. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/R201671.pdf. Acessado em: 02/04/2016.
CÂNDIDO, Edilde da Conceição. Psicopedagogia para a dislexia nas séries iniciais do ensino fundamental. Especialização em Psicopedagogia. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro: RJ. 2013. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/T208833.pdf. Acesso em: 01/04/2016.
FIGUEIRA, Guilherme Luiz Mascarenhas. Um olhar psicopedagógico sobre a dislexia. Especialização em Psicopedagogia. Universidade Cândido Mendes. Niterói: RJ. 2012. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/N204682.pdf. Acesso em 02/04/2016.
FONSECA, Vitor da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem.  2a. ed. Porto Alegre: Artes M´dicas, 1999.
FONSECA, Rosamaria Maria Reboredo Martins da. O desenvolvimento da competência linguística na Dislexia. Especialização em Psicopedagogia Institucional. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro: RJ. 2011. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/G200735.pdf. Acesso em: 01/04/2016.
GIROTO, C.R.M. (Org.). Perspectivas atuais da fonoaudiologia na escola São Paulo: Plexus, 2001. Disponível em: https://books.google.com.br/books?hl=en&lr=&id=fxPKQ-VVGH8C&oi=fnd&pg=PA7&dq=info:3kwj7wE114wJ:scholar.google.com&ots=Kf19kKuS6A&sig=3eW1UzC3-nixYmr7H3zrntFlOxY&redir_esc=y#v=onepage&q&f=false. Acesso em: 01/04/2016.
MARSILI, Mira Allil. Dislexia no contexto da aprendizagem. Especialização em Controladoria e Finanças. Universidade Cândido Mendes. Rio de Janeiro: RJ. 2010. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/c205242.pdf. Acesso em: 01/04/2016.
MOURA, Suzana Paula Pedreira Tavares de. A dislexia e os desafios pedagógicos. Especialização em Orientação Educacional e Pedagógica. Universidade Cândido Mendes. Niterói: RJ. 2013. Disponível em: http://www.avm.edu.br/docpdf/monografias_publicadas/N205864.pdf. Acesso em: 01/04/2016.
[1] Graduada em Pedagogia pela UNOPAR – Universidade o Norte do Paraná. Aluna do Curso de Especialização (Lato Sensu) em Neuropedagogia Educacional pelo Instituto RHEMA – FATEC – Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí – Arapongas – Paraná. E-mail: autor@nucleodoconhecimento.com.br
[2] Professor Mestre em Educação do Instituto RHEMA – FATEC – Faculdade de Tecnologia do Vale do Ivaí – Arapongas – Paraná.E-mail: autor@nucleodoconhecimento.com.br
https://www.nucleodoconhecimento.com.br/educacao/dislexia-dificuldade-aprendizagem -----fonte msm facul q eu cuidado
artigo
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 2007
 
 
ANA PAULA DA SILVA PETRONILO 
 
 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar. 
 
Orientador: Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLIA/DF 2007 
II 
 
PETRONILO, Ana Paula da Silva 
 
 
 
 
Dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita. Brasília, 2007. 
 
54 p. 
 
 
 
Monografia (Especialização) – Universidade de Brasília. Centro de Ensino a Distância, 2007. 
 
 
 
1. Leitura 2. Escrita 3. Dislexia 4. Professor 5. Metodologia. 
 
 
 
 
III 
 
ANA PAULA DA SILVA PETRONILO 
 
 
 
DIFICULDADE DE APRENDIZAGEM NA LEITURA E NA ESCRITA 
 
 
Trabalho apresentado ao Curso de Especialização em Esporte Escolar do Centro de Educação à Distância da Universidade de Brasília em parceria com o Programa de Capacitação Continuada em Esporte Escolar do Ministério do Esporte para obtenção do título de Especialista em Esporte Escolar pela Comissão formada pelos professores: 
 
 
 
Presidente: Profª. Júlia Aparecida Devidé Nogueira Universidade de Brasília - DF 
 
Membro: Professor Mestre Rogéria Gonçalves Mende Universidade de Brasília - DF 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
BRASÍLA (DF), 20 de AGOSTO de 2007. 
IV 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
Agradeço em primeiro lugar a Deus, pelo dom da vida que ele me deu. Aos meus pais, aos meus professores e amigos que sempre me incentivaram para que eu realizasse o meu sonho e, portanto, que eu pudesse concretizar mais uma etapa no processo de Especialização. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
V 
 
 
 
 
 
 
 
 
AGRADECIMENTOS 
 
 
 
 
 
 Agradeço aos professores e principalmente à minha família pela paciência, dedicação e ajuda na produção do conhecimento, tão importante pra todos. Agradeço de modo especial a professora Júlia Aparecida Devidé Nogueira, pelo incentivo constante, paciência e pela orientação. Ao Ministério do Esporte pela oportunidade de participar de um curso de especialização à distância. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
VI 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
“Ler não é caminhar e nem voar sobre as palavras. Ler é reescrever o que estamos lendo, é perceber a conexão entre o texto e o contexto e como vincula com o meu contexto”. Paulo Freire 
 
 
VII 
 
RESUMO 
 
 
 
 
A presente pesquisa, de caráter qualitativo, tem como objetivo investigar como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da escrita dos alunos. Para tanto foi feito um estudo de caso, utilizando-se o método, dedutivo. O processo de coleta de dados valeu-se do questionário, instrumento formulado com questões abertas e fechadas. Os resultados indicam que os professores conhecem o processo de aquisição da leitura e da escrita, e utilizam a metodologia adaptada à realidade dos alunos. Conclui-se que a leitura e a escrita são processos progressivos que merece uma ação contínua do especialista e do professor, para que, futuramente, integre a criança ao processo de formação do conhecimento. 
 
Palavras chaves: Leitura, Escrita, Dislexia, Professor, Metodologia.VIII 
 
LISTA DE TABELAS 
 
 
Tabela 1 – Definição de dislexia pelos professores .......................................... 36 Tabela 2 – Características apontadas pelos professores a respeito do aluno disléxico ........................................................................................... 36 Tabela 3 – Tipos de curso de capacitação, apontados pelos professores ........ 37 Tabela 4 – Fatores que influenciam a aprendizagem da leitura e da escrita...... 38 Tabela 5 – Fatores essenciais para o desenvolvimento da capacidade de aprende ............................................................................................ 40 Tabela 6 – Como os pais são envolvidos no trabalho educativo...................... ..40 Tabela 7 – Tipos tratamento para as dificuldades na leitura e na escrita. De acordo com os professores .............................................................. 41 Tabela 8 – Visão dos professores sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita ............................................................................................... 42 Tabela 9 – Procedimentos para orientar os alunos com dislexia ....................... 44 Tabela 10 – Método eficaz para os alunos com dificuldades de aprendizagem... 45 Tabela 11 – Modelos convencionais do ensino que estão mudando................... 46 
 
 
 
 
 
 
 
 
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SUMÁRIO 
 
LISTA DE TABELAS............................................................................................................... 9 
 
1. INTRODUÇÃO..............................................................................................................11 
 
1.1 JUSTIFICATIVA............................................................................................................13 
 
1.2 OBJETIVOS..................................................................................................................13 
 
1.2.1 OBJETIVO GERAL:.....................................................................................................13 
 
1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS:.....................................................................................14 
 
2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO.................................................................................15 
 
2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA..........................15 
 
2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: CARACTERÍSTICAS...................................................................................................21 
 
2.3 O PAPEL DO PROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA...................................................25 
 
2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA.......................................................................................................................29 
 
2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL..............................31 
 
3. METODOLOGIA...........................................................................................................33 
 
3.1 MÉTODOS ....................................................................................................................33 
 
3.2 LOCAL E SUJEITOS DA PESQUISA.......................................................................34 
 
3.3 Materiais ........................................................................................................................34 
 
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.................................................................................36 
 
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS........................................................................................48 
 
6. REFERÊNCIAS............................................................................................................50 
 
ANEXO....................................................................................................................................52 
 
 
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1. INTRODUÇÃO 
 
 
Com base, na pesquisa realizada a dislexia é uma disfunção neurológica que afeta muitas crianças e é apresentada em várias formas e intensidades de dificuldades nas diferentes formas de linguagem. São incluídos nessa disfunção os problemas de leitura, de aquisição e capacidade de escrever e de soletrar. Entretanto, o termo dislexia tem gerado muita confusão e polêmica, ou seja, professores e pais não conseguem identificar um quadro de dislexia, sabem que a criança não consegue aprender a ler com a mesma facilidade com que lêem seus colegas, mais não sabem ao certo o que é dislexia, por isso surgiu o interesse de pesquisar sobre o assunto: “dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita”. As crianças não nascem com dificuldades escolares, mas elas aparecem ao longo do processo de aprendizagem, e a dificuldade na leitura e na escrita tem sido reconhecida como um dos fatores que interferem no aprendizado e na auto-estima do aluno. Assim, a postura adotada pelos professores em sala de aula pode ter um papel determinante na superação desta dificuldade. O professor deve transmitir à criança confiança e compreensão e evitar transmitir aflição e agonia diante das dificuldades que o aluno apresenta. É importante que eles transmitam à criança que entendem a razão das suas dificuldades de aprendizagem e busquem métodos adequados para orientar o conteúdo e facilitar a compreensão e o aprendizado. A dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita é uma dificuldade que algumas crianças apresentam pode ser superada ao longo do processo educacional com a ajuda de um professor bem qualificado e interessado em trabalhar com a criança com dificuldade. É importante notar que os indivíduos com essa dificuldade possuem outras habilidades e facilidades para aprender, permitindo a compensação e a superação das dificuldades iniciais. Isso indica que estes indivíduos não são “burros” como muitos os rotulam, e que podem alcançar o sucesso em sua vida social e profissional desde que recebam a atenção e orientações necessárias. Como a dificuldade na leitura e na escrita é um problema freqüente nas escolas é necessário que o professor tenha conhecimento sobre o assunto, auxiliando seus alunos no processo de aprendizado. O professor deve reconhecer 
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que esse problema é uma dificuldade transitória e que a sala de aula é o local onde o aluno deve trabalhar para superá-la. Nessa perspectiva, pergunta-se: como os professores lidam com os alunos que apresentam dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita? O modo como o professor utiliza as metodologias de ensino pode interferir no aprendizado e na futura formação dos seus alunos. Desse modo, ao se analisar as metodologias empregadas pelos professores, pode-se ter um indicador do nível de conhecimento sobre o processo de aquisição da leitura e da escrita e das dificuldades geradas pela dislexia. Muitas dessas dificuldades poderiam e deveriam ser resolvidas ou trabalhadas dentro da situação escolar. Porém, para que isto ocorra de forma adequada é necessário que os processos de aquisição da leitura e da escrita das crianças sejam compreendidos de forma adequada, para que se possa distinguir as dificuldades que fazem parte da aprendizagem de modo geral, daquelas que podem se configurar como dificuldades na leitura e na escrita (dislexia). Ao identificar uma possível dificuldade de aprendizagem, o professor precisa compreender a evolução do processo da criança, abrindo espaços para que ela possa aplicar suas hipóteses e avançar em seu conhecimento, contribuindo para uma aprendizagem mais efetiva da leitura e da escrita. Não basta simplesmente, identificar e encaminhar tais crianças para alguma forma de tratamento, como se isso fosse um problema externo à escola. Os pais também devem participar do processo de aprendizagem da leitura e de escrita das crianças, oferecendo apoio e condições de aprendizagem, especialmente para aquelas que apresentam alguma dificuldade,gerando assim uma interação entre escola e família. A realização do trabalho adequado com a criança pode levar ao alcance das habilidades necessárias à leitura e escrita e superação da dislexia. A sociedade espera que a escola seja uma parceira inclusiva para que, juntos, consigam disseminar informações sobre a dislexia e superar as dificuldades daqueles que a apresentam. Algumas das ações que devem ser tomadas são: promover cursos de capacitação para professores possibilitando a criação de formas alternativas para que as crianças diferentes possam se desenvolver. Espera se, 
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ainda, que a avaliação diagnóstica, que permite saber se as crianças possuem realmente dislexia, possa ser feita por uma equipe técnica multidisciplinar. 
 
1.1 JUSTIFICATIVA 
 
A falta de informação sobre as dificuldades da leitura e da escrita nas escolas agrava a falta de preparo dos professores para que estes possam trabalhar adequadamente com os alunos que apresentam essa dificuldade. Esta pesquisa tem como objetivo investigar como os professores lidam com as dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita dos alunos. O interesse pelo tema surgiu da constatação de que muitos alunos fracassaram na escola principalmente na alfabetização, porque não conseguiam identificar letras e sons e, escreviam conforme pronunciavam e ouviam. Por causa disso, acredita-se que esses problemas ocorreram por causa da dificuldade de aprendizagem dos alunos. Este estudo apresenta cinco capítulos. O primeiro capítulo descreve o processo de aquisição da leitura e da escrita; o segundo caracteriza as dificuldades das crianças na leitura e na escrita; o terceiro explicita o papel da família no desenvolvimento da aprendizagem da criança; o quarto capítulo identifica o papel do professor diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita; o quinto capítulo enfoca sobre Projeto Segundo Tempo – sesc Taguatinga Sul e o último capítulo apresenta a metodologia e a análise dos dados da pesquisa empírica. 
 
1.2 OBJETIVOS 
 
1.2.1 OBJETIVO GERAL: Investigar como os professores lidam com as dificuldades da leitura e da escrita dos alunos. 
 
 
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1.2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS: 
 
i. Descrever o processo de aquisição da leitura e da escrita; ii. Caracterizar as dificuldades na leitura e na escrita relatadas pelos professores sobre as crianças no Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul; iii. Identificar o papel do professor no Projeto Segundo Tempo – SESC TaguatingaSul diante da dificuldade do aluno na leitura e na escrita. iv. Estimular o Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor atender o disléxico; v. Incentivar os pais de alunos com dificuldade na leitura e na escrita do Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga-Sul para melhor atendê-los. 
 
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2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICO 
 
2.1 O PROCESSO DE AQUISIÇÃO DA LEITURA E DA ESCRITA 
 
A aprendizagem da leitura e da escrita não ocorre da mesma forma para todos as crianças e, dependendo da maneira como o processo de ensino é orientado, pode ocasionar dificuldades na aprendizagem de modo geral. A criança começa a desenvolver a escrita antes mesmo de ingressar na escola, por meio da visão de mundo que ela presencia. Todavia a criança, ao ingressar na escola, se depara com a escrita, percebendo-a como se fosse uma atividade nova. Como o objetivo mais importante da alfabetização é ensinar a escrever, as crianças com dificuldades de aprendizagem da leitura e da escrita requerem uma atenção especial. Um dos grandes problemas que ocorre na escola é que ela ensina a escrever sem ensinar o que é escrever podendo portanto, gerar dificuldades de aprendizagem. Ao observar a literatura existente pode-se observar que os professores de alfabetização ou de português sabem muito pouco sobre a natureza da escrita: como funciona e como deve ser usada em diferentes situações. Segundo Cagliari (1997): “Alguns métodos de alfabetização ensinam a escrever pela escrita cursiva, chegando mesmo a proibir a escrita de fôrma. A razão que alegam freqüentemente é que a criança que aprende a escrever com letra de fôrma terá de aprender depois a escrever com letra cursiva, e isso significa o dobro do trabalho, sendo inconveniente porque pode levar a criança a confundir esses dois modos de escrever”. Há, portanto, o entendimento de que a escrita de fôrma seja mais fácil de aprender e reproduzir que a forma cursiva, talvez porque a letra de forma apareça com mais freqüência em cartazes, livros e outros. Já a letra cursiva, é mais de uso particular e individual. Como as crianças não conseguem segurar o lápis e controlálo com facilidade, traçar a letra de forma parece ser mais fácil. O ideal é que a criança comece a escrever com a letra de fôrma maiúscula e depois aprenda a letra cursiva (Cagliari,1997). Assim, se os professores explicarem as diferenças dessas letras e os usos que fazemos dessas formas, elas não 
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confundirão as duas escritas, evitando assim algumas das dificuldades que elas encontram na alfabetização. A escrita é um desafio para a criança na alfabetização. Mesmo sabendo que devem aprender a escrever, é muito importante que aprendam o que é a escrita, as maneiras possíveis de escrever, a arbitrariedade dos símbolos, a convencionalidade que permite a decifração, as relações variáveis entre letras e sons que permitem a leitura. Enfim, é preciso saber o processo de aquisição da leitura e da escrita. Por isso, ninguém escreve ou lê sem motivo, sem motivação. Segundo Cagliari (1997): “A escrita seja ela qual for, tem por objetivo primeiro a leitura. A leitura é uma interpretação da escrita que consiste em traduzir os símbolos escritos em fala. Alguns tipos de escrita se preocupam com a expressão oral e outros simplesmente com a transmissão de significados específicos, que devem ser decifrados por quem é habilitado.” Com isso nota-se que qualquer desenho ou fotografia pode ser decifrado, comentado lingüisticamente, sem que seja necessariamente um sistema de escrita, sem que ocorra uma leitura propriamente dita. Portanto, o ato de ler é condicionado pela escrita, ou seja, para aprender a ler e a escrever, o aluno precisa construir um conhecimento de natureza conceitual. Ele precisa compreender não só o que a escrita representa, mas também de que forma ela representa graficamente a linguagem. As crianças vivem em contato com vários tipos de escrita no seu dia-a-dia. Então cabe ao professor, juntamente com os alunos, refletir sobre as possibilidades da escrita, e observar que marcas muito individuais restringem a possibilidade de leitura e que, para facilitar a comunicação entre todas as pessoas de uma sociedade, é que se estabeleceu um código, se convencionou um desenho para as letras. Nem todos os alunos escrevem da esquerda para a direita e de cima para baixo. Assim, o professor tem que estar atento a todo o processo de escrita dos seus alunos. Quando o aluno ingressa na escola, num primeiro momento, já tenta escrever fazendo rabiscos, em geral pequenos, e misturando linhas retas e curvas, mas, nem sempre, faz a interpretação. Por meio do rabisco tenta escrever algo que pensa. Muitas vezes, o professor não interpreta o que a criança quis escrever. Cabe 
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ao professor perguntar ao aluno o que quer dizer o seu escrito e anotar as respostas, para poder acompanhar o seu desenvolvimento. A criança já possui uma idéia do que seja a escrita, ou seja, ela sabe que se escreve com determinados sinais, mesmo que não saiba que estes sinais possuem uma ordem de colocação e significação. É importante que a criança experimente como escrever as letras. Muitas superam esta etapa antes mesmo de entrar na escola; outras só vivem esta experiência no âmbito escolar. Alguns professores preocupam-se em introduzir propostas de trabalho que consideram necessárias para o conhecimento das letras e da escrita. Eles criam atividades que podem ser iniciadas com a montagem de um quadro de famílias silábicas que irá ser completado no decorrer do trabalho; ou deixar a criança aprenderduas grafias e descobrir a existência de semelhanças entre elas; ou trabalhar com rótulos de produtos; ou desenvolver um vocabulário de grafias que inclui, por exemplo, seu nome e outras palavras isoladas. Depois que a criança passar por esse processo ela já será capaz de conhecer as letras e algumas palavras. É importante que o professor ensine todas as letras do alfabeto, ou seja, o professor deve ensinar o sistema alfabético de escrita (a correspondência fonográfica) e algumas convenções ortográficas do Português – o que garantiria ao aluno a possibilidade de ler e escrever por si mesmo. Após os primeiros contatos com a escrita é ideal que se incentivem os alunos a escrever textos espontaneamente, pois essa é uma boa maneira de valorizar suas atividades, ou seja, o aluno é capaz de produzir textos e de grafá-los de próprio punho. Ao ler um texto que foi criado pelo aluno, o professor tem que ler de forma correta, mesmo que haja erros, para que não ocorra constrangimento. O ideal é que o professor motive a criança a corrigir os seus próprios erros, ou seja, incentive a autocorreção e autocrítica. Se o professor não é claro e cientificamente correto no tratamento das relações entre letra e som, poderá trazer conflito para as crianças e até mesmo criar empecilhos ao desenvolvimento da aprendizagem. Também é necessário que o professor faça um levantamento das dificuldades apresentadas pelos alunos, utilizando as diversas metodologias disponíveis tais como: textos livres, contagem de histórias ou outras atividades que 
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considerem necessárias. Com essas atividades ele poderá descobrir os elementos que apontam as reais dificuldades e facilidades dos alunos no aprendizado da leitura (MARUNY, 2000). Cagliari (1997) define a leitura como: “a extensão da escola na vida das pessoas. A maioria do que se deve aprender na vida terá de ser conseguido através da leitura fora da escola. A leitura é uma herança maior do que qualquer diploma.” Muitos alunos têm problemas em relação à leitura porque não aprenderam durante sua escolarização a interpretar o que lêem e o que está escrito, e carregam essa dificuldade para o resto da vida. Alguns professores, ao invés de enfrentarem a dificuldade junto com o aluno, livram-se desta responsabilidade passando o aluno para a série seguinte podendo assim agravar a dificuldade apresentada. A escola deveria incentivar e ensinar os alunos a ler e a entender não só as palavras, mas os textos específicos de cada matéria, pois a leitura não pode ficar restrita à literatura e ao noticiário. Por isso o objetivo da escrita é a leitura, pois quem escreve, escreve para ser lido. “A leitura é uma decifração e uma decodificação. O leitor deverá em primeiro lugar decifrar a escrita, depois entender a linguagem encontrada, em seguida decodificar todas as implicações que o texto tem e, finalmente, refletir sobre isso e formar o próprio conhecimento e opinião a respeito do que leu. A leitura sem decifração não funciona adequadamente, assim como sem a decodificação e demais componentes referentes à interpretação, se torna estéril e sem grande interesse. A leitura é uma atividade lingüística com significante. É falso dizer que se pode ler só pelo significado ou só pelo significante, porque só um ou outro jamais constituem uma realidade lingüística”.(CAGLIARI, 1997). Cabe ao aluno decifrar e decodificar ao ler, grifando as partes mais importantes e as dúvidas, para que entenda o que leu, sem que fique prejudicado em sua leitura, pois a leitura é uma das formas mais abstratas de estudo. Ela implica captar e interpretar significativamente símbolos verbais impressos. De acordo com Zacharias (2004): “O sistema de escrita funciona segundo um princípio alfabético: a quantidade de letras de uma palavra corresponde, a grosso modo, ao número de sons que compõem a palavra. Entender o princípio alfabético não é o mesmo que conhecer os sons das letras. Uma criança pode saber 
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que o símbolo escrito “E” corresponde ao som [e], que o símbolo “L” corresponde o som [l], mas, mesmo assim, ela pode não ter compreendido o mecanismo que permite formar uma palavra escrita.” Quando a criança começa a ler, a primeira coisa é a identificação dos símbolos impressos, letras, palavras e o relacionamento desses símbolos com os sons que eles apresentam. Ao ter contado com as palavras, a criança começa a separar visualmente cada letrinha que forma aquela palavra e associa ao seu respectivo som, formando, então, um significado. Morais (1997) explica de forma bastante clara esta associação: “Este processo inicial da leitura, que envolve a discriminação visual dos símbolos impressos e a associação entre palavra impressa e som, é chamado de decodificação e é essencial para que a criança aprenda a ler. Mas, para ler, não basta apenas realizar a decodificação dos símbolos impressos, é necessário que exista, também, a compreensão e a análise crítica do material lido. (...) Sem a compreensão, a leitura deixa de ter interesse e de ser uma atividade motivadora, pois nada tem a dizer ao “leitor”. Na verdade, só se pode considerar realmente que uma criança lê quando existe a compreensão. Quando a criança decodifica e não compreende, não se pode afirmar que ela está lendo.” A criança tem que entender o que lê para ter uma compreensão daquela palavra que leu. Em relação à escrita ocorre o oposto, a criança tem que relacionar o som, o significado e a palavra impressa. Pode-se dizer que a diferença principal entre a leitura e escrita é que na leitura parte da informação visual, ou seja, da decodificação das letras que compõem as palavras, na escrita, reflete a palavra falada. Segundo Pinheiro (1994): “A direção do processo de leitura é, pois, da letra ao som e a do processo de escrita é do som para letra. Para a decodificação impõese o domínio de regras de correspondência grafema-fonema e, para a codificação, o conhecimento de regras de correspondência fonema-grafema. As regras de decodificação para a leitura e as de codificação para a escrita são diferentes em natureza e número, o que dá origem à outra diferença básica entre a leitura e a escrita”. 
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A aprendizagem da escrita não é uma tarefa simples para a criança. Por necessitar de um processo de difícil construção a leitura e escrita são as primeiras significações que a criança necessita para conhecer e dar significado a coisa e objetos. Por meio da leitura e da escrita ela se insere no mundo em que vive passando a conhecê-lo melhor. Ao ingressar na escola, a criança já quer aprender a ler e a escrever. No entanto, muitas vezes os pais e os professores não se dão conta de que a leitura e a escrita são habilidades que exigem da criança a atenção a aspectos da linguagem que ela dava importância até este momento em que começa a aprender a ler. Curiosamente, toda criança se depara com alguma dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita (NUNES, 2003). Ao iniciar este processo da leitura e da escrita é de extrema importância que o professor ensine à criança a ler no seu próprio dialeto. Isso é essencial para formar bons leitores e assim, desenvolver a habilidade como falante. Essa habilidade como falante é decisiva para uma boa leitura e indispensável para uma leitura mais rápida sem comprometimento da compreensão. De acordo com Cagliari (1997): “para facilitar a leitura, a sociedade achou por bem decidir em favor de um modo ortográfico de escrever as palavras independentes dos modos de falar dos dialetos, mas que pudesse ser lido por todos os falantes, cada qual ao modo de seu dialeto”. O primeiro contato das crianças com a leitura ocorre por meio da leitura auditiva, ou seja, onde alguém lê em voz alta e outras pessoas acompanham a leitura, de forma silenciosa. A criança acompanha ouvindo e certamente, fazendo associações com a representação de mundo que ela já possui. A leitura tem vários processos e um deles é treinar o aluno a fazer uma leitura expressiva, para facilitar a própria compreensão do texto. Na leitura em voz alta, o aluno tem quedecifrar o que está escrito e depois reproduzir oralmente o que foi decifrado, porque há muitas dificuldades em decifrar a escrita. Ao insistir para que o aluno leia, o professor irá fazer com que suas dificuldades sejam externadas, ou seja, o aluno irá começar a soletrar, ler silabicamente. As crianças precisam de tempo para decifrar a escrita e cada criança tem um ritmo próprio que precisa ser respeitado, por isso, deve ler em ritmo acentual, sem pressa. A falta de controle sobre o pensamento ao longo da leitura 
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faz com que o aluno acabe de ler e não consiga se lembrar. O ato de aprender a ler é uma tarefa muito difícil e delicada. Os professores exigem muito mais do aluno com relação à escrita do que com relação à leitura, ou seja, a escola não sabe como o aluno faz quando lê. A leitura e a escrita exigem das crianças novas habilidades, que não faziam parte de sua vida quotidiana até aquele momento e apresenta novos desafios à criança com relação ao conhecimento da linguagem. Por isso, aprender a ler é uma tarefa difícil para todas as crianças e não apenas para aquelas que têm dificuldades na leitura e na escrita. Nem todas crianças dispõem das mesmas idéias e experiências prévias em relação à linguagem escrita. Tais idéias nascem da reflexão sobre a experiência. Em muitos lares não se lêem jornais, livros ou revistas; não se escreve; não se lêem contos a todas as crianças. De qualquer forma, a cultura escrita requer maior informação do que a que habitualmente é oferecida em casa. Isso, normalmente, cabe à escola oferecer. A linguagem escrita usada na escola deve ser funcional, para oferecer prazer; para ser lembrada; para se aprendida; para fornecer informações. O aluno deve ser capaz, por meio da leitura e da escrita, de se comunicar e se expressar de forma adequada. 
 
2.2 DIFICULDADES DA CRIANÇA NA LEITURA E NA ESCRITA: CARACTERÍSTICAS 
 
De acordo com os teóricos estudados, dentre eles Calafange (2004) e Martins (2003): “o termo dislexia é aplicável a uma situação na qual a criança é incapaz de ler com a mesma facilidade com a qual lêem seus iguais, apesar de possuir uma inteligência normal, saúde e órgãos sensoriais intactos, liberdade emocional, motivação e incentivos normais, bem como instrução adequada.” A criança com dificuldade de aprendizagem na leitura e na escrita tem menos habilidade que as outras crianças para usar o significado e a gramática de um texto. 
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Nunes (1992) mostra que as crianças disléxicas são as que têm dificuldade na aprendizagem da leitura e da escrita e essas dificuldades são maiores do que se esperaria a partir do seu nível intelectual. Essas crianças, embora com as mesmas condições que as outras crianças para aprender a ler, recebendo motivação adequada, apoios satisfatórios dos pais e capacidades intelectuais normais ou até mesmo acima do normal, avançam na alfabetização de forma mais lenta do que seus colegas da mesma idade e da mesma condição intelectual. As crianças que possuem dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita aprendem conforme os outros alunos, mas com lentidão, portanto, todas as crianças aprendem a ler e escrever basicamente da mesma forma, mas alguns vencem as dificuldades dessa aprendizagem com maior facilidade do que outras. “Para a criança, independente de ser disléxica ou não, a aprendizagem é muito importante, pois com a repetição combinada em números suficientes de vezes, ela aprenderá a pensar no objeto ao ver a palavra impressa (leitura). Tempos depois, o objeto, um retrato do objeto, a palavra às palavras, reagindo aos estímulos simultâneos, a criança chegará a pensar no objeto ao ver a palavra” (NUNES, 1992). A renovação da prática pedagógica, nos últimos anos refere-se, exatamente às tentativas de tornar a leitura e a escrita mais significativa na escola. Observa-se que a leitura e a escrita são duas habilidades complexas e imprescindíveis para a aquisição das demais habilidades escolares e para o conhecimento. Segundo Martins (2003), “a dislexia é uma dificuldade específica de leitura. É um transtorno inesperado que professores e pais observam no desempenho leitor da criança. Os sintomas da dislexia podem ser observados no ato de ler, de escrever ou de soletrar”. A característica mais marcante da criança que possui dificuldade de aprendizagem é a acumulação e persistência de seus erros ao ler e escrever. Os problemas mais comuns, de acordo com Condermarin (1986), são os seguintes: ¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com diferenças sutis de grafia: a-o; c-o; e-c; f-t; h-n; v-u; etc. ¾ Confusão entre letras, sílabas ou palavras com grafia similar, mas com diferente orientação no espaço: b-d; b-p; b-q; d-p; n-u; w-m; a-e. 
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¾ Confusão entre letras que possuem um ponto de articulação comum e cujos sons são acusticamente próximos: d-t; j-x; c-g; m-b-p;v-f. ¾ Inversões parciais ou totais de sílabas ou palavras: me-em; sol-los; som-mos; sallas; pal-pla. ¾ Substituição de palavras por outras de estrutura mais ou menos similar ou criação de palavras, porém com diferentes significados: soltou/salvou; era/ficava. ¾ Contaminações de sons. ¾ Adições ou omissões de sons, sílabas ou palavras: famoso substituído por fama; casa por casaco. ¾ Repetições de sílabas, palavras ou frases. ¾ Pular uma linha, retroceder para linha anterior e perder a linha ao ler. ¾ Excessivas fixações do olho na linha. ¾ Soletração defeituosa: reconhecer letras isoladamente, porém sem poder organizar a palavra como um todo, ou então ler a palavra sílaba por sílaba, ou ainda ler o texto “palavra por palavra”. ¾ Problemas de compreensão. ¾ Leitura e escrita em espelho em casos excepcionais. ¾ Ilegibilidade. ¾ Ao escrever, a criança ocupa toda a largura da página. ¾ Escreve palavras com todas as letras iguais, exemplo: BATATA/AAA. ¾ Palavras diferentes são escritas da mesma maneira, exemplo: SUCO/UO. ¾ Os nomes próprios são escritos pela metade, exemplo: ANA- AA. 
 
Existem também outras perturbações da aprendizagem, as mais comuns são (Condermarin,1986): ¾ Alterações na memória: algumas crianças apresentam dificuldades para lembrança imediata de fatos passados, não conseguem lembrar palavras ou sons que escutam, têm dificuldade em memorizar visualmente objetos, palavras ou letras. ¾ Alterações na memória de séries e seqüências: tais como os dias da semana, os meses do ano, o alfabeto e as horas. 
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¾ Orientações direita-esquerda: as crianças são incapazes de orientar-se com propriedade no espaço e aprender a noção de direita e esquerda. Não conseguem situar a direita e a esquerda em seu próprio corpo ou quando olham outra pessoa. ¾ Linguagem escrita: quando a criança não consegue ler com facilidade, tampouco consegue utilizar com propriedade os símbolos gráficos da expressão escrita. Quando escreve, revela sinais de confusões, inversões, adições, omissões e substituições. ¾ Dificuldades em matemática: não consegue entender a formulação do problema. Sendo assim, difícil ler, invertem números ou então sua seqüência. 
 
Segundo Davis (2004), há habilidades que todos os disléxicos compartilham: ¾ São capazes de utilizar seu dom mental para alterar ou criar percepções (a habilidade primária); ¾ São altamente conscientes do meio ambiente; ¾ São mais curiosos que a média; ¾ Pensam principalmente intuitivos e capazes de muitos insights; ¾ Pensam e percebem de forma multimendisional (utilizando todos os sentidos); ¾ Podem vivenciar o pensamento como realidade; ¾ São capazes de criar imagens muito vívidas. 
 
Se tais habilidades não forem minadas pelos pais e professores, rotulando a criança como incapaz de desenvolvê-las, elas poderão ter uma inteligência acima do normal e criatividade extraordinária, e não se tornarão incapazes para o aprendizado. Assim, tem-se que todas as crianças devem receber orientações idênticas, para que não haja discriminação em sala de aula. O que pode ocorrer é que as crianças com dificudades podem nescessitar de um pouco mais de tempo e atenção. 
 
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2.3 O PAPEL DOPROFESSOR DIANTE DA DIFICULDADE DA CRIANÇA NA APRENDIZAGEM DA LEITURA E DA ESCRITA 
 
As crianças não aprendem facilmente por si mesmas. Aprendem reflexivamente porque alguma pessoa as coloca em situação de refletir. Conseqüentemente, o educador é o ator principal ativo da aprendizagem de seus alunos (MARUNY, 2000), ou seja, o educador auxilia os educandos com e sem dificuldade na leitura e na escrita, trabalhar a partir do pensamento de cada uma, considerando, com clareza, o que cada um pode aprender em cada caso, ou seja, realizar atividades que trabalhem tanto com os que já sabem ler e escrever, bem como os outros. E também, comunicar à escola o problema encontrado e os sinais observados, para que todos possam trabalhar para o melhor desenvolvimento da criança. O objetivo do professor não deve ser que todos aprendam igualmente; isso é muito difícil de alcançar. O objetivo deve ser que todos possam trabalhar reflexivamente e construir o pensamento coletivamente, sem que ninguém seja marginalizado ou deixado de lado. Lamentavelmente, muitos professores desconhecem as causas das dificuldades de aprendizagem da criança e as rotulam como fracassadas e preguiçosas. Para que não ocorra esse descaso, o professor deve observar a bagagem que cada aluno traz consigo. Porém, não é só uma questão de diferenças nas experiências vividas, mas também nas capacidades e na maturidade das crianças, na linguagem oral, nos valores culturais em relação à cultura escrita e à cultura escolar, nas atitudes para com os adultos e para com a aprendizagem das normas, na motivação, nos estilos de aprendizagem, na adaptação emocional e social. As crianças chegam às escolas com diferentes experiências no uso da linguagem escrita, e algumas têm escassa experiência com a linguagem oral. Os professores devem auxiliar as crianças com dificuldades de aprendizagens nas tarefas da escola, fazendo a divisão dos trabalhos longos em pequenas partes, para ajudá-las a rever os conteúdos de ensino; usar enigmas para que elas descrevam o objeto; tomar cuidado como o material escrito: letras claras, uso de desenhos, diagramas e menos uso de palavras escritas. O uso do dicionário 
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deve ser ensinado e, quando possível, ilustrado; bem como o uso de material colorido e grande para o aprendizado da letra. Enfim, o professor e a família devem estar informados, familiarizados e sensibilizados para apoiar e ajudar a criança durante o processo de aprendizagem. Toda atividade deve dar chance à iniciativa do aluno. É importante que o educando sinta que pode sugerir o que vai escrever ou ler e como vai fazê-lo. Todavia, nem tudo pode ser sugerido. O educador deve marcar os limites da tarefa, mas é preferível que a tarefa tenha um certo nível de abertura, de flexibilidade, que permita uma resposta personalizada. Segundo Maruny (2000): “Ler também serve para controlar e lembrar do que escrevemos. Quando perguntamos à criança o que é que ela queria escrever, pedimos-lhe que leia seu escrito. A própria criança pode precisar ler o que já escreveu para avançar, tal como nós adultos fazemos ao repassar nossos textos enquanto escrevemos. Esta atividade traz informação decisiva para a criança.” Ler para aprender é fundamental para qualquer componente curricular da escola. Por meio dessa capacidade, a leitura envolve a atividade de ler para compreender, determinando que o aluno aprenda a concentrar-se na seleção de informações relevantes no texto, utilizando táticas de aprendizagem. As crianças com dificuldades de aprendizagem precisam de mais horas de ensino. O ideal é que o professor planeje as aulas para que os métodos de ensino sejam adequados, em razão dos obstáculos encontrados pelas crianças em sua aprendizagem. É essencial que o professor saiba diagnosticar e avaliar as falhas de escrita cometidas por seus alunos, aproveitando-as como etapas de saber já atingido e ainda a atingir. Ele só deve propor ao aluno tarefas compatíveis com a etapa de conhecimento atingido. O método da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança. Por isso o professor deve ter capacidade de identificar o melhor método para a criança optando por modificação metodológica dentro da sala de aula, dando chance para que o aluno escolha o que vai ler ou escrever, mas colocando limites na tarefa. Desta maneira, estará motivando e estimulando o aluno, para que cresça em seu aprendizado. De acordo com Maruny (2000), dar uma oportunidade para que as crianças pensem significa partir de suas idéias, reconhecer sua lógica mostrar-lhes suas 
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limitações, trazer-lhes informações novas que as ajudem a pensar mais e melhor. Com isso, a idéia que os professores têm sobre como as crianças aprendem é muito importante. Não se trata de as encher de informações soltas, mas trabalhá-los, com empenho, reconstrução pessoal, debate, discussão e interação. O ideal é que o professor trabalhe com atividades lúdicas e que consiga fazer com que os alunos pensem. Os professores precisam entender a lógica do pensamento infantil e, a partir disso, compreender a criança. “Aprender é ampliar as fronteiras do pensamento. Ensinar não é apenas transmitir informações a um ouvinte. É ajudá-lo a transformar suas idéias. Para isso, é preciso conhecê-lo, escutá-lo atentamente, compreender seu ponto de vista e escolher a ajuda certa de que necessita para avançar: nem mais, nem menos. MARUNY (2000)”. O docente desempenha um papel importante na identificação das dificuldades de aprendizado. Aquela criança que não adquire conhecimentos num ritmo semelhante ao dos colegas deve ser acompanhada de perto. Após alguns meses de trabalho dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem, o aluno merece um cuidado especial e deverá ser encaminhado à orientação pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. Quando o professor detectar que o aluno tem dificuldade de leitura e escrita deve buscar orientar os pais, para que juntos procurem soluções para resolver tais problemas, bem como encaminhar o aluno para profissionais capacitados na área da dislexia. A partir do momento em que é identificado o problema de rendimento escolar ou sintomas isolados, que podem ser percebidos na escola ou mesmo em casa, deve-se procurar ajuda especializada. O diagnóstico da dislexia deve ser realizado por uma equipe multidisciplinar formada por psicólogo, fonoaudiólogo e psicopedagogo clínico, que devem iniciar uma minuciosa investigação, juntamente com os pais e professores. Sugestões para auxiliar a criança com dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita, segundo Domingues e Marchesan (2004) são: ¾ Divida trabalhos longos em pequenas partes; ¾ Conteúdos de ensino devem ser revistos sempre; ¾ Use enigmas para descrever objetos; 
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¾ Seu conhecimento só deve ser avaliado por respostas orais; ¾ Cuidado com o material escrito: cabeçalho, letra claras, uso de desenhos e diagramas e menos uso de palavras escritas; ¾ Uso da letra script ou bastão em cores diferentes o que melhor auxilia a velocidade ou memorização da forma ortográfica da palavra; ¾ Solicitar que repita, sempre que possível, à ordem ou conteúdo com suas próprias palavras; isso ajuda na memorização; ¾ Regras escritas devem ser dadas com muita fixação e separadamente; ¾ Nunca expô-lo a leitura em voz alta diante de outros; ¾ Use material colorido e grande para o aprendizado das letras; ¾ O uso do dicionário deve ser bem ensinado. Quando possível, ilustrado. 
 
É importante que o professor conheça cada um de seus alunos e esteja atento às dificuldades de cada um, para que essas não se transformem num problema. Deve escutar, muito atentamente, seus alunos; deve estar atento a seus gestos, às suas atitudes, a seu comportamento, à suas mensagens mentais: idéias, conhecimentos, hipóteses, procedimentos e que metodologia e tática utilizam para aprender, para escrever, para ler e quais devem aprender para avançar; precisa modificar e adaptar suas propostas de trabalho; ajudar no que for necessário; dar o “empurrão” adequado. Isso requerum treinamento específico para a tarefa de aceitar a contribuição do aluno; organizar a sala de aula; trabalhar em equipe; planejar atividades e dicas de como estudar para provas. Especialmente os professores, ao lidar com crianças com dificuldades, adquirem algo novo. Por um lado, maior tranqüilidade: entendem o que acontece na mente da criança frente à escrita e estão certos de que a criança está dando tudo de si. E, além disso, está claro o que se deve trabalhar com cada aluno: o que ele é capaz de fazer e também qual será o próximo passo em sua aprendizagem. Uma criança que não preste atenção ao som da palavra deverá concentrar-se na palavra e comprovar que o que está escrito tem a ver com o som da palavra. É questão de tempo. Uma criança que atribui vogais a cada sílaba deve perceber que há mais sons do que as vogais: que as palavras se escrevem com mais letras. É questão de trabalhar isso e dar-lhe tempo. (MARUNY, 2000). 
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O professor, frente a estes desafios, deverá ser bem preparado por meio de capacitações, como também ser incentivado a pesquisar para que, na prática, possa encarar as possíveis situações-problema, com a competência necessária para reconhecer as prováveis dificuldades de aprendizagem desenvolvidas dentro ou fora da escola. Para que possa ajudar tanto os alunos, em suas necessidades escolares, quanto os seus familiares, é preciso garantir-lhes o direito à informação e ao apoio, indispensáveis ao bom desenvolvimento das relações humanas, assim como a orientação e o encaminhamento aos locais com atendimento especializado, quando necessário. Assim, é muito importante que todos os educadores saibam o que é dificuldade na leitura e na escrita e saibam reconhecer seus sinais. Com a devida orientação, o aluno conseguirá ser bem sucedido em classe. Se, na fase escolar, a criança apresentar sintomas de dislexia, será necessário diagnóstico e acompanhamento adequados, para que ela possa prosseguir seus estudos junto com os demais colegas e não tenha prejuízos emocionais e de aprendizado. 
 
2.4 O PAPEL DA FAMÍLIA NO DESENVOLVIMENTO DA APRENDIZAGEM DA CRIANÇA 
 
A Constituição Federal, no seu artigo 205 (1998), e a Lei de diretrizes e bases (LDB, 1996), no seu artigo 2, afirmam que: “A educação é dever da família e do Estado. A família é convocada, pelo poder público, a participar do processo de formação escolar: no primeiro momento, matriculando, obrigatoriamente, seu filho, em idade escolar, no Ensino Fundamental. No segundo momento, zelando pela freqüência à escola e num terceiro momento se articulando com a escola de modo a assegurar meios para a recuperação dos alunos de menor rendimento e zelando, com os docentes, pela aprendizagem dos alunos.” Assim, tanto o professor e a escola, quanto à família e a sociedade envolvem aspectos sócio-culturais importantes para o processo de aprendizado de uma criança. Quando uma criança apresenta alguma dificuldade de aprendizagem da leitura e da escrita, nem sempre os professores, os pais e/ou a família possuem informações suficientes para entender e enfrentar adequadamente o processo. 
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Assim, os pais cobram das escolas respostas e resultados, e a escola, por sua vez, acusa os pais de negligência. Com este tipo de atitude e sem a preparação adequada, a escola passa a ser um lugar de acúmulo de frustrações para os alunos. Segundo Morais (1997:183), as crianças que provêm de ambientes letrados têm mais facilidade em aprender a ler e a escrever do que crianças provenientes de ambientes não-letrados. A criança que convive em ambiente onde não existem revistas, jornais nem livros, e que não tem modelos de leitura não tem o interesse e a motivação despertados. Possivelmente estes são alguns dos fatores que fazem surgir dificuldade de aprendizagem da leitura e escrita. Assim, a família possui papel fundamental no desenvolvimento da capacidade de aprender e cabe a ela articularse com a escola e seus docentes, ambos zelando de forma permanente, pela qualidade de ensino. Os pais devem evitar transmitir à criança a angústia e ansiedade que eles próprios sentem, diante dessas dificuldades. O importante é que eles transmitam segurança à criança e que compreendam a razão das suas dificuldades de aprendizagem na leitura e na escrita. Os pais também devem evitar comparar a criança com os irmãos ou colegas da sala ou colocá-la perante situações nas quais sabem que a criança não tem sucesso, evitando que ela fique desmotivada. A família deve observar a criança ao ler e ao escrever. Recomenda-se que os pais leiam as gramáticas escolares, observando como são classificados os fonemas quanto ao modo e ponto de articulação, para que compreendam melhor quando observarem os comportamentos da criança. Filhos de pais analfabetos têm pouco contato com a escrita e a leitura, portanto, podem necessitar de livros e material escrito bem impressos e com forma adequada para manuseio. É necessário que a família ajude a criança na sua educação ou reeducação lingüística e faça com que a criança articule cada fonema, vogal e consoante. É preciso observar como a criança pronuncia os fonemas e, em seguida, pedir a ela que olhe o movimento de seus lábios, quando articulam fonemas em algumas palavras do cotidiano. Deve-se pedir, também, que repita as palavras, pois a repetição acaba por levá-lo, assim, à consciência dos fonemas. 
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A família deve auxiliar a criança em casa, lendo para ela jornais, revistas e livros que lhe despertem interesse. O uso e apoio, de régua ou marcador ajudam-na seguir a leitura. Gravar os componentes curriculares para que ela possa escutá-los quantas vezes for necessário; grifar com caneta colorida os itens principais para serem lembrados mais facilmente; criar perguntas para verificar sua interpretação; determinar um tempo para a criança fazer a lição; montar um calendário semanal com todas as atividades de forma que cada atividade receba uma cor, onde os horários de lazer devem ser pintados de uma só cor permitindo que a criança tenha uma referência concreta para dinamizar as atividades de aprendizagem são atitudes que facilitam o processo de aprendizagem. Para que a criança aumente sua auto-estima, a família deve fazer elogios, encorajar e falar bem de suas qualidades e pontos fortes. Quando tentar fazer algo que considera difícil, encorajá-la a não desistir; não depreciar seus acertos; tranqüilizar e ressaltar sua esperteza e sua inteligência. É necessário envolvê-la para que possa desenvolver suas habilidades. A família tem o papel de zelar, a exemplo dos docentes, pela aprendizagem. Isto significa acompanhar, de perto, a elaboração da proposta pedagógica da escola, não abrindo mão de prover meios, para a recuperação dos alunos de menor rendimento ou em atraso escolar, garantindo meios de acesso aos níveis mais elevados de ensino, segundo a capacidade de cada um. 
 
2.5 PROJETO SEGUNDO TEMPO – SESC TAGUATINGA SUL 
 
O Projeto Segundo Tempo é um programa do Ministério do Esporte, em parceria com o Ministério da Educação e Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à fome, destinado a democratizar o acesso ao esporte como direito de cada um. O Projeto Segundo Tempo – SESC Taguatinga Sul – Administração Regional do Distrito Federal também ciente das suas responsabilidades sociais para com a comunidade e reconhecendo os esforços do Governo Federal, por meio do Ministério dos Esportes, oportuniza o acesso de crianças matriculadas na Rede Oficial de Ensino e cursando o Ensino Fundamental, em comunidades de exclusão e 
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de risco social, à prática de diferentes modalidades desportivas (natação, tênis, futebol), de lazer e acompanhamento pedagógico, atendimento médico e odontológico. No Projeto Segundo Tempo trabalha-se com criança de 9 a 13 anos matriculadas no Ensino Fundamental e oriunda de estabelecimentos oficiais de ensino das cidades de Samambaia e Recanto das Emas, as quais usufruem da infra-estrutura de lazer, educação e esporte da Unidade do SESC- Taguatinga Sul, por 03 (três) vezes na semana,

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