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PIM VII

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Desenvolvimento sustentável. 
 
 
O Desenvolvimento Sustentável trata da harmonização dos seres humanos com a natureza, 
de forma que sejam realizados desenvolvimentos tecnológicos, econômicos e sociais que 
se adequem com a presença de medidas que conservem os recursos naturais, os quais são 
limitados e primordiais para sobrevivência do homem na Terra. É uma forma de avanço sem 
o comprometimento dos recursos da natureza, para que essa também esteja a serviço das 
gerações futuras. 
 
O maior desafio atual é o alcance do equilíbrio entre produção, serviço à população mundial 
e o respeito aos ciclos da vida que ocorrem na natureza. A partir do momento que a 
humanidade, em sua história, se torna sedentária - quando deixa seu estilo de vida nômade, 
mudando de ambientes em busca de alimentos e condições de clima adequados para sua 
sobrevivência -, o homem começa um ciclo de produção, consumo e troca. Essa troca se 
especializa e se transforma, com o decorrer do tempo, em moeda (o que simboliza a 
economia), assim como a produção, que é desenvolvida tecnologicamente de forma a gerar 
muitos produtos (principalmente no século XVIII, com a Revolução Industrial, que trouxe a 
possibilidade de produção em larga escala), os quais dependem de recursos naturais como 
sua matéria prima para serem feitos. Isso tudo possibilitou um crescimento populacional 
exponencial, consequência dessa fixação das comunidades humanas em certos lugares, e 
para se atender à demanda por produtos e serviços, às necessidades da população. 
 
A partir da segunda metade do século XX foram verificados os efeitos negativos que 
apareceram com o decorrer do tempo por conta do surgimento das fábricas, do aumento do 
consumo de petróleo, dos desmatamentos e etc; e se constatou que a proporção de 
utilização de recursos naturais estava muito mais rápida do que o recomendável, ao ponto 
de se prever que se continuássemos com as mesmas práticas a humanidade seria 
diretamente atingia ao ponto de caminhar para sua própria extinção. 
 
Um dos autores a tratar desse pensamento sustentável alinhado às práticas empresariais 
foi Elkington (1997), em sua Triple Botton Line, que sugere formas de se conciliar a 
preservação da natureza, com o crescimento econômico e a melhora da qualidade de vida 
para sociedade, levando em conta a economia e as práticas econômicas, através de 
técnicas de melhores qualidades para a utilização de poucos recursos naturais, o que 
reflete na responsabilidade social, a qual a empresa deve ter. 
 
Por esse motivo, a partir do final do século XX foram promovidos diversos fóruns mundiais 
(dentre eles o Rio-92 a Conferência sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, por exemplo), 
os quais possibilitaram a criação de leis ambientais, as quais tiveram impacto diretos na 
forma de obtenção de matérias primas e na produção das empresas. Atualmente é muito 
comum que empresas anunciem ao seus consumidores que são sustentáveis e que se 
preocupam com a preservação e manutenção do meio ambiente. Essa informação tem se 
tornado cada vez mais relevante para que as empresas se tornem chamativas no Mercado 
de Capitais e que se mantenham de acordo com as diretrizes legais criadas para se 
preservar a possibilidade de se continuar o desenvolvimento e se produzindo também no 
futuro, para próximas gerações. Apesar de haverem empresas que fazem a chamada 
greenwashing ou maquiagem verde, em que se diz haver uma preocupação sustentável 
apenas para ter uma boa imagem diante do seu público consumidor ao invés de realmente 
promover essa melhora para a sociedade. Esse é um ponto negativo que tem sido 
combatido com medidas cada vez mais incisivas que que as informações inerentes a 
empresa sejam o máximo explícitas possível. 
 
Em 2002 foi realizada após 10 anos da Rio-92 uma revisão mundial a respeito das metas 
sugeridas no evento, na chamada Rio+10, que ocorreu em Johanesburgo, África do Sul. 
Nesse encontro foi constatado que a questão ambiental teria de ser tratada com mais rigor 
e de forma global, pois todos os países do mundo têm seu nível de emissão de gases 
estufa e contribuem diretamente para o aquecimento global, além de que esse fato se 
reflete sobre as questões sociais. Em 2005 o Protocolo de Kyoto foi um acordo entre os 
países para tomarem medidas de melhorar o setores de transporte e energia, para que se 
estimule a utilização de fontes de energia renováveis e limpas. Esse acordo gerou 
resultados positivos, com a redução de 5,2% na emissão de gases estufa e em 2015 foi 
verificado que após o conjunto de medidas 2 ºC da temperatura mundial foram reduzidos. 
Mais tarde, em 2016, ocorreu o Acordo de Paris entre 169 países que se comprometeram a 
manter o aumento de temperatura global estável. Ou seja, as medidas de preservação são 
necessárias e tendem a regular e preservar os recursos naturais. 
 
As Nações Unidas (ONU) criou um programa para o meio ambiente definindo-o como 
Economia Verde, que se trata na prática de uma economia que visa a melhora do bem-estar 
da humanidade e promoção do trabalho para a igualdade social, ao passo que investe em 
reduzir riscos ambientais, trabalhando para a baixa na emissão de carbono, para eficiência 
no uso de recursos e busca pela inclusão social. 
 
Um dos reflexos dessas ações no Brasil, foi a criação de leis que assegurem a proteção ao 
meio ambiente - artigo 225 da Constituição Federal (capítulo VI, do título VII) - e ao 
consumidor - Código de Defesa do Consumidor (CDC), Lei 8.078/90, que designa as 
relações de consumo que devem ser praticadas no país. A união dessas proteções são 
interpretadas consequentemente como a seguridade sobre a sustentabilidade. 
 
Existem princípios a serem levados em conta quando se trata de Desenvolvimento 
Sustentável e Direito Ambiental: Princípio de Ecologicamente Equilibrado; Princípio do 
Direito à Sadia Qualidade de Vida;Princípios do Usuário-pagador e do Poluidor-pagador; 
Princípio do Controle do Poder Público;Princípio da Prevenção; Princípio da Precaução; 
Princípios da Informação e da Participação e Princípio da Cooperação e Princípio da 
Cooperação entre os Povos. Todos tratam da necessidade de uma consciência 
governamental, empresarial e social para a convivência harmoniosa incluindo o crescente 
desenvolvimento. 
 
A legislação ambiental brasileira é a mais desenvolvida do Mundo, tendo em vista seus 
recursos naturais tão importantes para a população mundial, a saber, a Amazônia 
(considerada o Pulmão do Mundo), suas fontes de água doce, seu tamanho continental e 
suas práticas agrícolas que nutrem boa parte do mundo com suas commodities.Como 
destaque para as seguintes leis: Lei de Política Nacional do Meio Ambiente – Lei n. 6.938, 
de 31 de agosto de 1981; Lei de Crimes Ambientais – Lei n. 9.605, de 12 de fevereiro de 
1998; a Política Nacional de Resíduos Sólidos (PNRS) e altera a Lei 9.605/1998 – Lei 
12.305, de 02 de agosto de 2010; Lei de Gestão de Florestas Públicas – Lei 11.284,de 02 
de março de 2006 e Novo Código Florestal Brasileiro – Lei 12.651, de 25 de maio de 2012. 
 
Nesse sentido, é natural que se englobe não só Relações Internacionais e ações 
governamentais de cada país, em especial o Brasil, a essa lógica de Desenvolvimento 
Sustentável, mas também o setor privado, a indústria e as empresas são motivados a 
converterem suas práticas é de que todos os seus setores se adequem a essa tendência 
sustentável, tanto para a preservação do meio ambiente, quanto para o desenvolvimento 
econômico e social, com o objetivo final de se ter uma melhor qualidade de vida para a 
população de cada país e melhores a produção e formas de negociações visando a 
manutenção da natureza. 
 
Uma medida motivada por esse movimento crescente sustentável é a Responsabilidade 
Social Empresarial, que é explicada como “toda e qualquer ação que possa contribuir para a 
melhoria da qualidade de vida da sociedade” Ashley et al. (2002, p. 6). Sua principal 
característica é de que se trata de uma ação voluntária da empresa em contribuir com o 
desenvolvimento da comunidade e atender a suas demandas, principalmente sociais e 
ambientais. O que nos leva a entender que por ser uma ação tão benéfica, e que segue a 
tendência mundial pela melhora de vida da população, trata-se de algo que cada vez mais 
ganha atenção dos consumidores e também eleva a possibilidade de que essa empresa 
tenha muito mais tempo de atividade, por esses investimentos e em sua visão de 
longevidade. Um destaque para organizações que estão sob direção do setor privado e que 
têm Responsabilidade Social Empresarial é o Instituto Ethos, que foi criado em 1998 com o 
objetivo de direcionar e ajudar empresários a administrarem seus negócios com 
responsabilidade social visando a qualidade de vida de seus funcionários e comunidade. 
 
A implementação de medidas sustentáveis no meio empresarial originou uma política de 
Gestão ambiental, que é o sistema, segundo Tinoco e Kraemer (2011, p. 89), que une a 
estrutura organizacional, atividades de planejamento, à responsabilidades, práticas, 
procedimentos, processos e recursos para desenvolver, implementar, atingir, analisar de 
forma crítica e manter a política ambiental, ou seja, ações da empresa para diminuir seus 
impactos negativos ao meio ambiente. Isso na prática se expressa de formas muito 
positivas, pois ajudam na economia da empresa e na conscientização de seus funcionários, 
e consequentemente apoia a causa sustentável. Para além disso, segundo Dias (2017, 
p.109) aquece a competitividade das empresas no mercado, pressiona a população a 
repensar hábitos, além de regular o mercado em certa medida. Como ocorre com a ISO 
14000, que é uma excelente forma de reconhecer as empresas, públicas ou privadas, que 
seguem as normas da Gestão ambiental, pois informa quais são as formas de gestão 
reconhecidas pelo Sistema de Gestão Ambiental (SGA), que é definido pela ISO 
(International Organization for Standardization). 
 
Para cada região é implementado um tipo de Gestão Ambiental personalizada à disposição 
de recursos naturais próximos à empresa que a praticam, por exemplo, áreas onde existam 
bacias hidrográficas, áreas costeiras, áreas protegidas urbanas - áreas metropolitanas. Em 
que existe um grande destaque às unidades de conservação (UC), que tem como objetivo a 
proteção, preservação e conservação dos recursos naturais de cada área e que age para 
garantir a liberdade da população local ter acesso aos recursos naturais de sua região 
(recreação, turismo ecológico, pesquisa científica, educação e interpretação ambiental e 
etc;). 
 
Para que uma empresa possa atuar de forma orientada no combate a degradação 
ambiental - ou seja, sem promover qualquer alteração das propriedades do meio ambiente 
que afetam a saúde, a segurança e o bem-estar da população - é importante investimento 
em estudos ambientais, além de se enquadrar legalmente nas normas exigidas pelo 
Governo Federal a respeito de medidas a serem tomadas. Muitos são os órgãos 
reguladores de empresas, em quesito de auditoria, fiscalização e direcionamento, 
destaques para o Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama). Para que a atividade de 
uma empresa continue ou se inicie é necessário que a mesma tenha uma Licença Prévia 
(LP) e uma licença ambiental, prevista pela Lei n. 6.803/80 “dispõe sobre as diretrizes 
básicas para o zoneamento industrial nas áreas críticas de poluição” (BRASIL, 1980) para 
atestar que o empreendimento possa ocorrer da forma que foi proposto por seus donos em 
uma determinada localidade. 
 
Desenvolvimento Sustentável na empresa BM&FBovespa 
 
A BM&FBovespa​, fundada desde 1890 e consolidada no formato atual pela união de duas 
empresas, Bovespa e BM&F (Bolsa de Mercadorias & Futuros), em 2008, carrega o título 
de terceira maior bolsa de valores do mundo,e é supervisionado pela Comissão de Valores 
Mobiliários (CVM). 
 
A responsabilidade social na BM&FBovespa está diretamente ligada a forma como a 
empresa classifica as empresas que estão ligadas a ela, o que facilita e estimula a 
competitividade dentro do Mercado de Capitais, tendo em vista o enfoque gradativo no 
quesito Desenvolvimento Sustentável. Ela se utilizado do Índice de Sustentabilidade 
Empresarial (ISE), criado em 1968, que juntamente com outros índices de mercado, são 
ferramentas e possibilita se filtrar empreendimentos que se adequam aos pré requisitos da 
gestão ambiental. A ISE se consiste da seguinte forma, segundo o site ​ISE 10 anos​: 
 
“​No caso do ISE, são selecionadas as ações que, além da liquidez 
mínima (necessária para que os fundos possam replicar a carteira teórica e 
oferecer aos seus clientes), são emitidas por empresas que se destacam das 
demais participantes após passar por um minucioso processo de seleção que 
avalia seu alinhamento estratégico com a sustentabilidade e práticas 
adotadas. Esta avaliação é feita por meio de um amplo questionário que 
avalia aproximadamente 70 indicadores distribuídos em sete dimensões: 
Geral, Natureza do Produto, Governança Corporativa, Econômico-Financeira, 
Social, Ambiental e Mudanças Climáticas.” 
 
Adotar esses parâmetros estimula a boa competitividade do mercado e impulsiona para que 
o mesmo se adeque às políticas de Desenvolvimento Sustentável. Pois ​tem sido cada vez 
mais comum que os consumidores sejam mais exigentes, solicitando produtos 
ecologicamente corretos, e dando mais atenção a empresas que tenham em sua base de 
valores o envolvimento das ações de responsabilidade social. 
 
 
Referência Bibliográfica 
 
ASHLEY, Patrícia Almeida et al. Ética e responsabilidade social nos negócios. São Paulo: 
Saraiva, 2002. 
 
ELKINGTON, John. Canibals with forks: the triple bottom line of 21st century business. 
Capstone Publishing, Oxford, 1997. 
 
Site ​ISE 10 anos​ < ​http://10anos.isebvmf.com.br/ise-bmfbovespa/​> 
 
TINOCO, João Eduardo Prudêncio; KRAEMER, Maria Elisabeth Pereira. Contabilidade 
ambiental e gestão ambiental. São Paulo:Atlas, 2011.

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