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Tema 6 - A Sustentabilidade e o desenvolvimento local no contexto do saneamento - Roteiro de estudo

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CCDD – Centro de Criação e Desenvolvimento Dialógico 
 
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Disciplina Saneamento Ambiental e Sustentabilidade Local 
Tema A Sustentabilidade e o desenvolvimento local no 
contexto do saneamento 
Professor Augusto Lima da Silveira 
 
Conversa inicial 
Nesta aula, estudaremos as questões referentes ao desenvolvimento 
sustentável e de que forma elas podem influenciar inclusive nas ações de 
saneamento. 
Compreenderemos de que forma a força popular pode contribuir para as 
ações de desenvolvimento local e para a redução das grandes desigualdades 
verificadas atualmente. 
Por fim, verificaremos de que forma a cultura pode influenciar na 
sustentabilidade de uma região e como o sentimento de pertença de uma 
população favorece a sustentabilidade e a busca de soluções para problemas 
locais. 
(Vídeo 1 disponível no AVA.) 
 
 
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Contextualizando 
No ano de 2016, os prejuízos foram grandes para Cachoeirinha como 
comentamos na aula anterior. Muitos dos recursos que seriam utilizados em 
obras de melhoria e infraestrutura tiveram que ser redirecionados para suprir as 
necessidades emergenciais ocorridas com as enchentes. 
Além dos impactos gerados a partir do alagamento, a crise econômica 
de 2016 agravou ainda mais os problemas da população. A venda de veículos 
apresentou uma queda significativa no país e a principal consequência foi a 
diminuição da compra de peças automotivas. Nesse sentido, como vimos na 
segunda aula, a cidade tinha a sua economia baseada no desenvolvimento das 
atividades de uma multinacional da produção de peças automotivas e, com a 
queda nas vendas, as demissões foram inevitáveis. 
Os elevados índices de desemprego desestabilizaram a economia local 
e refletiram diretamente no agravamento das desigualdades, aumento de 20% 
na criminalidade comparando com o mesmo período em 2015, redução do 
consumo e aumento significativo nos inadimplentes, ou seja, no número de 
pessoas devedoras. 
A grande dependência econômica por apenas uma atividade fez com 
que a cidade não estivesse preparada para a instabilidade. Neste contexto, 
quais ações poderiam ser desenvolvidas para que Cachoeirinha pudesse voltar 
a crescer e se desenvolver adequadamente? 
(Vídeo 2 disponível no AVA.) 
 
 
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Tema 1: O contexto do desenvolvimento sustentável 
O ritmo alarmante no aumento de impactos ambientais tem impulsionado 
a busca por novos modelos de desenvolvimento que causem o menor dano 
possível ao meio ambiente. A partir das discussões a respeito da relação entre 
as atividades humanas e os impactos ambientais, foram realizadas 
conferências mundiais para tratar destas questões, conforme conteúdo 
trabalhado anteriormente. Neste contexto foi criado o conceito de 
Desenvolvimento Sustentável, pela Comissão Mundial sobre Meio Ambiente 
e Desenvolvimento no ano de 1987. O termo causou certa divergência inicial 
devido ao modo de produção da sociedade, pois, para o capitalismo, 
desenvolvimento e sustentabilidade eram duas visões completamente opostas. 
 Como resultado das discussões promovidas no âmbito da Comissão 
Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, presidida pela Norueguesa 
Gro Harlem Brundtland, ocorreu a elaboração do relatório “Nosso Futuro 
Comum” também conhecido como “Relatório Brundtland”. 
 Além de criticar o modelo de desenvolvimento econômico da época 
(vigente até os dias atuais), o relatório utilizou o conceito de desenvolvimento 
sustentável que forneceu as diretrizes para um novo pensamento sobre a 
forma de produção. Foi considerado desenvolvimento sustentável aquele que 
atende as necessidades das gerações atuais sem comprometer a capacidade 
das gerações futuras de atenderem as suas necessidades e aspirações. 
 A equipe responsável pela elaboração do Relatório Brundtland era 
composta por membros de diversos países. Destacamos a participação do 
Brasil através das contribuições de Paulo Nogueira Neto (professor da 
Universidade de São Paulo), um dos dois únicos representantes da América 
Latina na comissão. 
Motivados pelas discussões internacionais e pelos desastres ambientais, 
ativistas e pesquisadores passaram a cobrar dos governantes tomadas de 
atitudes claras rumo a nova forma de pensar e fazer o desenvolvimento. 
 
 
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Uma das primeiras ações realizadas no sentido de buscar a redução dos 
impactos ambientais e auxiliar no desenvolvimento sustentável foi o 
compromisso firmado para a redução dos gases de efeito estufa, através do 
Protocolo de Kyoto, principalmente o CO2 (dióxido de carbono) que é o 
principal gás a intensificar o aquecimento global resultante do efeito estufa. 
 Uma importante medida adotada na área de saneamento para a redução 
de impactos foi a implementação dos conceitos relacionados aos três erres, 
bastante conhecidos na área da sustentabilidade: 
 
 Reduzir: é a medida mais eficaz na redução da pressão sobre o 
ambiente, porém a sua aplicação subentende a superação do modelo 
capitalista em que devemos consumir sempre mais. Trata-se de um 
dos grandes desafios do homem moderno e para isso são 
fundamentais o debate e a discussão de ideias pela sociedade. 
 Reutilizar: este princípio entende que os materiais podem ser 
utilizados para outra finalidade, quando a sua finalidade original não 
mais se aplicar. A constituição do material permanece a mesma, 
ocorrendo apenas uma nova forma de utilização. 
 Reciclar: última alternativa dentro da cadeia da sustentabilidade, pois 
para a reciclagem o material deve ser reprocessado, ou seja, passar 
por um novo processo industrial para ser aquecido/resfriado retiradas 
suas impurezas gastando para isso mais energia, gerando mais 
resíduos. 
 
Para a viabilidade do desenvolvimento sustentável, medidas diferentes 
das atuais devem ser tomadas, principalmente no meio empresarial. A 
eficiência no sentido da sustentabilidade de uma instituição pode ser percebida 
através de alguns indicadores: 
 
 
 
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 Quando a empresa integra questões econômicas, ambientais e 
sociais ao meio corporativo. 
 Considera as consequências das ações e a partir destas define 
quais as melhores formas para aumentar a rentabilidade com o 
menor impacto. 
 Age com precaução, uma vez que as incertezas existem e a 
empresa deve estar preparada. 
 Envolve todas as pessoas da instituição no processo de 
sensibilização, quanto às questões ambientais. 
 
O desenvolvimento sustentável prevê o equilíbrio entre 3 fatores no 
planejamento institucional: os aspectos sociais, ambientais e econômicos, o 
chamado tripé da sustentabilidade. Estes três fatores devem ser considerados 
de forma conjunta, o que exige um rigoroso planejamento dos gestores para 
que o tripé possa permanecer equilibrado. 
 Para auxiliar nas ações de sustentabilidade, a tecnologia tem se 
aprimorado a cada dia no sentido de fornecer modelos alternativos de 
produção com impactos ambientais mínimos, assunto que você poderá melhor 
compreender ao assistir o vídeo a seguir. 
(Vídeo 3 disponível no AVA.) 
 
Tema 2: O papel do poder local no desenvolvimento 
A padronização e a tomada de decisões que generalizam podem afetar 
negativamente o desenvolvimento de uma determinada região. Para entender 
como isso ocorre, vamos melhor detalhar a questão do desenvolvimento local. 
 O ser humano, ao longo de sua história, buscou a sobrevivência de 
formas diversas. Na economia, as mudanças ocorreram de forma mais intensaa partir da Revolução Industrial. 
 
 
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O mundo está inserido em um processo de constante mudança nas 
esferas social, econômica, cultural, tecnológica e ambiental e a velocidade com 
que elas ocorrem é cada vez maior. Uma das grandes transformações que 
ocorreram na constituição das civilizações foi a transição do mundo rural em 
urbano, conforme já discutimos 
Uma maior população demanda muito mais recursos para garantir as 
condições mínimas de sobrevivência, isso sem contar os problemas de saúde 
pública e de segurança resultantes das grandes aglomerações formadas. Em 
contraste a esta situação temos as pessoas que vivem no meio rural e nas 
pequenas cidades que sofrem pela falta de acesso às condições de 
prosperidade. 
Alguns fatores contribuem para que estas pequenas regiões enfrentem 
uma série de desafios em seu desenvolvimento econômico. O primeiro grande 
dilema é que a competitividade entre regiões exige que os pequenos 
municípios busquem alternativas para seu desenvolvimento e, por outro lado, 
temos a carência por apoios financeiros e técnicos para incentivar as 
produções locais e consequentemente favorecer o desenvolvimento da região. 
 As pequenas regiões estão inseridas em um sistema global capitalista 
em que sobrevivem aqueles que conseguem acumular maiores quantidades de 
recursos. Existe uma grande pressão para que todos entrem para o sistema 
econômico integrado mundialmente. Observamos a formação de grandes 
blocos econômicos e intenso comércio mundial com indústrias multinacionais, o 
que aumenta a exigência de competitividade entre países, regiões, empresas. 
 Muitos municípios estão em grande desigualdade em relação ao sistema 
mundialmente estabelecido, pois é comum que nestes locais nem as condições 
básicas de vida podem ser ofertadas a população e, neste contexto, torna-se 
difícil a competição frente à grandes potências regionais. 
 Para minimizar desigualdades a gestão da administração pública deve 
ser descentralizada e participativa, a fim de os problemas com características 
locais possam ser resolvidos na própria região, além de facilitar os processos. 
 
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Por este motivo, o Estado acaba delegando grande parte das decisões para o 
poder local, para que este possa melhor atender as necessidades básicas da 
população. 
 Para a redução das desigualdades, muitas vezes torna-se imprescindível 
a presença do terceiro setor como forma de representar a população em 
situação de vulnerabilidade. 
(Vídeo 4 disponível no AVA.) 
 
Dentre os principais desafios locais para gerar o desenvolvimento, 
podemos destacar: 
 
 Conhecer a realidade da forte competição à que os municípios estão 
inseridos para melhor definir o planejamento e as estratégias de 
desenvolvimento. 
 Identificar as potencialidades da região em todas as áreas para a 
determinação dos pontos fortes e as dificuldades. 
 Criação de serviços de apoio técnico para melhor desenvolver as 
potencialidades das regiões. 
 Construção de modelos decisórios locais participativos para que a 
população possa contribuir com as questões relacionadas ao seu 
município, o que favorece o sentimento de pertença e um 
consequente maior cuidado. 
 Promoção do associativismo rompendo com condições excludentes 
de convivência, mostrando às pessoas que a soma de forças torna o 
desafio da sobrevivência menos árduo do que quando se “luta 
sozinho”. 
 Modernização de instituições locais e incentivos para aprendizagem 
contínua. 
 
 
 
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A primeira tentativa de favorecer o desenvolvimento de pequenas 
regiões ocorreu em 1966, nos Estados Unidos, e foi trazida para o Brasil, a 
chamada Revolução Verde, a mesma revolução que discutimos em nossa 
primeira aula da disciplina. 
Enquanto os pequenos agricultores enfrentam situações de 
precariedades e de falta de apoio, como consequência da Revolução Verde, as 
grandes empresas agrícolas dominam grandes áreas e aumentam a cada dia a 
produção através da mecanização. A busca das políticas públicas deve ocorrer 
no sentido de reduzir essa grande desigualdade. 
 Neste sentido, a chamada municipalização, que é a devolução por parte 
do Estado do poder de decisão aos municípios, adquire fundamental 
importância. Neste caso, a autonomia favorece a busca de soluções 
adequadas para regiões com particularidades distintas. As decisões sobre 
questões sociais, econômicas e ambientais se aproximam mais das realidades 
individuais e favorecem o equilíbrio do tripé da sustentabilidade. 
 Um aspecto que auxilia o desenvolvimento local é a cultura e a 
identidade da população que vive nestes locais. 
 
Tema 3: A importância dos aspectos culturais na conservação 
O desenvolvimento local deve ser analisado de forma multidisciplinar 
para que um mesmo problema possa ser visto, a partir de visões distintas e 
que favoreçam a busca de soluções. Ao conceito de desenvolvimento devem 
ser incorporados os conceitos de cultura e identidade de um povo para que o 
sentimento de pertença favoreça o cuidado com o ambiente e a busca do 
desenvolvimento com as potencialidades locais. 
A concepção de cultura passou por modificações ao longo da história. 
Atualmente, a concepção predominante a considera como um patrimônio da 
população e que pode ser entendido como material, aquele que pode ser visto 
e tocado, como o artesanato; e como imaterial, que não pode ser visto e 
 
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tocado, como as danças e as religiões. 
A definição aceita atualmente para “cultura” e “patrimônio cultural” está 
estabelecida na Constituição Federal brasileira de 1988 em seu artigo 216. 
O Brasil, formado a partir da miscigenação de vários povos, traz consigo 
uma grande riqueza cultural que se manifesta de diversas formas. Alguns 
municípios já estão cientes que esta diversidade pode ser uma grande potência 
de desenvolvimento para pequenas regiões. O artesanato, a dança e o 
turismo são alguns exemplos de potencialidades destes locais e que, 
para sua ocorrência, subentendem o equilíbrio do tripé da 
sustentabilidade. 
A cultura possui um mecanismo adaptativo, pois responde ao meio de 
acordo com as mudanças de hábitos rapidamente e está em constante 
modificação. Ela passa também por um mecanismo cumulativo em que as 
mudanças trazidas de uma geração passam à geração seguinte, incorporando 
novos conceitos fazendo com que ela passe por transformações. 
Não existem certezas na área da conservação ambiental. Porém, é de 
conhecimento que as soluções construídas em conjunto possuem maiores 
chances de prosperar. Como já citado, a cultura faz com que as pessoas se 
sintam parte de um grupo, o que favorece a conservação e o cuidado com 
o meio ambiente. Surgem os sentimentos de coletividade que facilitam a 
busca de soluções para o bem comum e da resolução de problemas 
ambientais como a questão da falta de saneamento, por exemplo. 
O ponto chave é identificar as potencialidades da região e promovê-las. 
Além disso, existem alguns indicadores que demonstram à administração 
pública que o desenvolvimento local pode prosperar. São eles: 
 
 As tradições e costumes respeitados e integrados ao 
desenvolvimento. 
 Os rituais e cerimônias utilizados pelo projeto de desenvolvimento. 
 As expressões tradicionais encorajadas e contempladas. 
 
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 Uma visão de futuro discutida com toda a população e é 
participativa. 
 
A populaçãoé parte importante de todo o processo de desenvolvimento 
que só ocorre se todos estiverem realmente envolvidos no processo e com 
objetivos bem claros. 
(Vídeo 5 disponível no AVA.) 
 
Ações para a compreensão do nosso contexto de desenvolvimento atual 
são fundamentais para que a partir dele possamos propor mudanças a este 
modelo de desenvolvimento capitalista que polui os nossos rios, nosso solo e 
nosso ar. 
 
Tema 4: A sustentabilidade de uma região 
É notável uma maior participação popular entre os processos decisórios 
em diversas regiões, resultante principalmente da municipalização e a da 
diminuição do poder do estado. A partir desta característica, há uma nova 
forma de se buscar a redução das desigualdades e promover a 
sustentabilidade das regiões que é através dos projetos socioambientais. 
Os projetos podem ser entendidos como as várias atividades executadas 
no sentido de desenvolver novos produtos ou resolver situações problemáticas, 
principalmente em regiões de vulnerabilidade. Neste sentido, os projetos 
buscam não apenas implantar estruturas físicas e serviços para a melhoria de 
determinadas situações, mas também promover uma transição nas 
concepções individuais de cada região. Para isso a participação popular é 
fundamental. 
Um dos aspectos a serem considerados na execução de projetos, que 
auxiliam a promover a sustentabilidade em uma região, é a acessibilidade e a 
simplicidade com que a temática é tratada. Este é um dos principais desafios 
 
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na elaboração e execução de projetos socioambientais, pois a sociedade local 
como um todo deve compreender os objetivos, a importância e quais as 
atribuições de cada um para que as metas possam ser alcançadas 
satisfatoriamente. 
Os projetos não devem ser desenvolvidos de forma isolada para que 
sejam efetivados e se tornem práticas diárias nos municípios de abrangência, 
para isso a articulação direta com as políticas públicas é fundamental. 
De acordo com Armani1 (2001 apud PENÃFIEL & RADOMSKY, 2013, 
p.196), é possível identificar seis vantagens principais através da utilização de 
projetos: 
 
1. Ações objetivas, bem definidas e gerenciadas de forma 
participativa têm maiores chances de eficácia. 
2. Essas ações mobilizam maior número de pessoas a participar e 
facilitam a transparência, ou seja, a eficiência. 
3. As ações por meio de projetos que conseguem resultados a 
baixos custos geram confiança por parte da sociedade, isto é, os 
projetos adquirem credibilidade. 
4. A reflexão coletiva sobre a experiência é essencial, o que 
possibilita que o conhecimento seja gerado coletivamente e que seja 
utilizado para outras experiências. 
5. Ações planejadas favorecem a participação dos envolvidos, 
sobretudo dos beneficiados; surge, assim, a possibilidade de inclusão 
daqueles que quase sempre são excluídos. 
6. As ações desenvolvidas no âmbito dos projetos têm 
consistência técnica, aumentando a chance de parcerias e 
envolvimento organizado das pessoas o que se traduz em impactos 
efetivos. 
 
Apesar de apresentar muitas vantagens, os projetos também possuem 
pontos negativos como a dificuldade de se trabalhar com temáticas complexas, 
as limitações operacionais e de recursos, por exemplo. Por este motivo, 
conhecer a realidade e definir objetivos claros são ferramentas importantes 
para possibilitar a solução de problemas locais. 
(Vídeo 6 disponível no AVA.) 
 
 
1 ARMANI, D. Como elaborar projetos: guia prático para elaboração e gestão de projetos 
sociais. Porto Alegre: Thomo Editorial, 2001. 
 
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Tema 5: A força popular e a influência nas políticas públicas 
voltadas ao saneamento 
O retrato brasileiro em relação à questão social nos mostra uma 
realidade de grande desigualdade e concentração de renda, o que permite a 
existência de diversas classes sociais com necessidades e culturas distintas. 
Neste contexto, é comum a existência de regiões em que as limitações 
econômicas dificultam a existência humana em condições mínimas de 
sobrevivência. Moradias improvisadas, esgoto a céu aberto e depósitos 
irregulares de lixo são situações que comprometem diretamente a qualidade de 
vida da população e que, mesmo assim, são verificadas em grande parte das 
regiões brasileiras. 
É nesta realidade interdisciplinar que as questões ambientais e 
especificamente o saneamento ambiental está situado. Discutir o saneamento 
envolve aspectos ambientais, sociais, econômicos, políticos, culturais. 
Através da análise da constituição das políticas públicas voltadas ao 
saneamento, podemos observar que a ação popular foi fundamental cobrando 
autoridades para que as necessidades da população fossem atendidas. Neste 
sentido, a discussão em sociedade destas questões contribui significativamente 
para que as legislações sejam modificadas de forma a prover melhores 
condições de vida e menores impactos ao ambiente, que se encontra 
extremamente degradado. 
 
 
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Contextualizando – resposta 
 Após o período de estudos, responda ao desafio apresentado 
inicialmente: quais ações poderiam ser desenvolvidas para que Cachoeirinha 
pudesse voltar a crescer e se desenvolver adequadamente? 
 
a) Você iria aumentar os incentivos à instalação de indústrias na região, 
para que a economia pudesse voltar a se desenvolver adequadamente. Iria 
propor ações como reduzir os impostos para as grandes multinacionais, além 
de firmar acordos de cooperação com os grandes empreendimentos. 
b) Buscaria mais recursos junto ao governo federal para que pudesse 
aplicar em infraestruturas que proporcionassem o crescimento da região 
através do aumento da capacidade produtiva local. Utilizaria como justificativa 
os alagamentos recentes e os prejuízos causados. 
c) Buscaria a elaboração de projetos que envolvessem toda a população 
para, primeiramente, identificar os pontos fracos e as oportunidades de 
crescimento local. Utilizaria as potencialidades para gerar novas formas de 
emprego e proporcionar o fortalecimento de áreas como o turismo, por 
exemplo. Buscaria o conhecimento da cultura local e proporia ações de 
incentivo. 
 
Feedback 
a) Esta não é uma boa escolha, uma vez que existem inúmeros exemplos 
de regiões que apresentam um parque industrial desenvolvido, mas que não 
conseguiram resolver as desigualdades. Nem sempre a industrialização se 
traduz em desenvolvimento e retomada de crescimento. 
b) Caso tenha a liberação dos recursos, as medidas de ampliação de 
infraestrutura trariam frutos somente a longo prazo. Portanto, não seria uma 
boa alternativa, visto que a situação carece de medidas urgentes por parte da 
gestão. 
 
 
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c) Esta é uma ótima opção, pois a participação popular contribui muito para 
o fortalecimento e efetivação de medidas de desenvolvimento local. Utilizar-se 
do turismo e da cultura local para a geração de renda pode trazer 
desenvolvimento e melhoria das condições de vida para os moradores, além de 
proporcionar um sentimento de pertença nas pessoas, que contribui ainda mais 
para que todos busquem alcançar os objetivos para a prosperidade da região. 
 
 
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Finalizando 
Vivemos atualmente uma realidade em que os recursos naturais são 
retirados em um ritmo muito maior do que a natureza é capaz de se 
reconstituir. Neste contexto, surge a definição do chamado Desenvolvimento 
Sustentável, que buscaaliar o progresso à redução dos impactos ambientais. 
Nesta aula, verificamos que as ações para reduzir os problemas 
ambientais em processos produtivos estão relacionadas a mudanças na forma 
de se produzir, considerando os aspectos da redução, reutilização e 
reciclagem. 
Outro aspecto abordado em aula está relacionado ao desenvolvimento 
local, um grande desafio principalmente à gestão de pequenos municípios. O 
processo de municipalização e tomada de decisões de forma descentralizada 
contribuem significativamente para a redução das desigualdades. Os aspectos 
culturais também contribuem fortemente para este desenvolvimento, além de 
estimular o sentimento de pertença e auxiliar na conservação dos recursos e 
na sustentabilidade local. 
Os projetos socioambientais podem contribuir para o desenvolvimento 
sustentável e conheceu as características básicas destes projetos. Ao final, 
verificamos que a luta popular por melhorias em ações de saneamento e de 
redução dos impactos ambientais contribuíram para a melhoria significativa da 
legislação e consequentemente das condições de vida. 
(Vídeo 7 disponível no AVA.) 
 
 
 
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Referências 
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ULTRAMARI, C.; DUARTE, F. Desenvolvimento local e regional. Curitiba: 
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